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Capital de Veneto e mundialmente famosa, a cidade de Veneza surge das águas, como um milagre.
Destino clássico para nostálgicos e românticos, estende-se por um arquipélago de 118 ilhas no mar por bancos de areia denominados lidi.
A cidade diminui um pouco todos os anos (23 centímetros na última década de acordo com especialistas), o que dá um certo encanto pela possibilidade de que irá desaparecer por completo um dia.
A fantástica piazza São Marcos contrasta-se com a cidade labiríntica, replete de ruas com casas gastas pela corrosão incontrolável da água. A piazza, com passagem para o Grand Canal, e emoldurada por belos terraços e construções e cafés.
Criada no final do século XX, quando o canal que a cruzava afundou e foi remodelado no século XV, época em que a torre do relógio foi erigida com suas famosas figuras em bronze: um círculo zodíaco e um leão alado, símbolos de Veneza; também a Campanile, retaliação do desaparecimento de 1902 e a biblioteca que foi construída na mesma época.
A piazza fica de frente para a imponente basílica construída entre 1603 e 1703, símbolo perfeito da arte grega, medieval, bizantina e toscana. A fachada possui cinco varandas decoradas em mármore, mosaicos e esculturas.
Dentro, com formato de cruz grega, são incríveis os mosaicos recompostos do século XII e XIII. Os enfeites do altar são de ouro, com pedras preciosas e adornos que ofuscam o visitante com sua beleza deslumbrante.
Próximo a basílica fica o castelo Ducal, antiga residência de duques, um dos principais exemplos do estilo gótico. Sua fachada está apoiada em duas colunas com esculturas que representam Adão e Eva e o Julgamento de Salomão.
Entrando pela Porta de la Carta, o visitante encontra obras de Tintoreto, Veronés e Bellini.
A ponte dos Suspiros, que liga o palácio Ducal com a prisão veneziana, é carregada de lendas que os criminosos sussurraram quando cruzaram a ponte e viram as ultimas luzas da cidade antes de seu confinamento.
Do cais dos Escravos, há um dos mais típicos cartões postais da cidade com as pontes Vin, Della Pietá e Straw, e com a igreja do Mercy, como atração principal.
O grande Canal, via principal da cidade, é rodeado de dezenas de palácios góticos, renascentistas e barrocos e residências de antigas famílias de patriarcas.
Cruzam pontes como a Rialto, a mais conhecida da cidade e a que leva até o bairro financeiro, e a da Accademia, que leva até a galeria de Arte e a Santa Maria de Salute, uma linda igreja com pilares de madeira.
Nesse caminho, podemos parar para admirar lugares como o palácio Vernier de Leoni, com seu magnífico acervo de arte contemporânea de Gunghenheim, o palácio Córner e o magnífico Cá dOro, com a galeria de Franchetti, e Cá Pesado, sede do museu de Arte Moderna.
Fonte: www.sprachcaffe-italien.com
Veneza
A cidade de Veneza é famosa e única pela sua estrutura que se extende sobre mais ou menos 120 ilhas, separadas por numerosos canais e coligadas entre elas por mais de 400 pontes. Assim, a viabilidade urbana é possível quase na totalidade por meio da água (mostoscafos, vaporetos, gôndolas, barcos).
No centro histórico, muito pobre de população (menos de 70 000 residentes), prevalem apenas as atividades artesanais terciárias: funções administrativas e atividades coligadas com a poderosa indústria do turismo.
Também as atividades artesanais ( indústria do vidro, de objetos para lembranças, etc. ) são na maioria ligados ao fluxo turístico ( mais ou menos 3 milhões de pessoas por ano).
Importantes são também, as atividades culturais como a Bienal da Arte da qual se une o Festival Internacional de Música Contemporânea aquele de prosa, a Mostra do Cinema, o Prêmio de Literatura Campiello, o período musical do Grande Teatro La Fenice que retomou à sua atividade em novembro de 2004, restaurado e reformado depois de um terrível incêndio que a destruiu em 1996.
A região lagunar tinha já sido ocupada antes das migrações provenientes da península (569-637) devido aos ataques dos longobardos na pianura padana.
Enserida no exarcado de Ravenna, que a administrou por meio dos patriarcas de Aquiléia, tornou-se autonôma instituindo o dogado (o primo Doge foi Paoluccio Anafesto, 692).
Depois da queda de Ravenna (751) e a tentativa de ser anexada por parte de Carlos Magno (810), constitui-se o núcleo dos cidadãos ( Venetia), que iniciou a própria expansão mercantil no Mar Adriático concorrendo dos dálmatas e dos muçulmanos. Sob a guia do Doge Orseolo II (991-1008), impôs o seu domínio e instaurando boa amizade com os impérios germânico e bizantino, a cidade assumiu uma posição de prestígio político e ecônomico que a permitiu superar as lutas entre papado e império e o avanço normando no baixo adriático (XI-XII).
Sob Pietro Polani (1130-48) foi instituída a Assembléia dos Dez Sábios, com tarefas executivas limitando assim, o poder do Doge; se dava início ao município Veneciarum, sustentado pelas poderosas famílias mercantis.
A conquista de Zara e a fundação do Império latino do oriente (a quarta cruzada, 1204), permitiram as primeiras posses venezianas no mar Mediterrâneo e trazendo assim discórdia com a República Genovesa.
A cidade segurou firme os próprios domínios marítimos e comerciais graças à estabilidade institucional garantida pela hereditariedade da assembléia legislativa e pela criação de novos órgãos (Assembléia dos Dez , 1310) os deputados estavam prontos a reprimir cada oposição oligárquica mercantil que dominava a cidade.
Veneza foi duramente golpeada pela pestilência em 1348, sofreu uma grave crise demográfica e política que se arrastou até a vitoriosa guerra de Chioggia (1378-81) contra a liga formada pela Hungria, por Florença e por Gênova.
A recuperação significou o início da expansão dos territórios vizinhos da península: conquistados o interno das terras vênetas (1402-20), Brescia (1426) e Bérgamo (1428), a expansão mais além foi blocada pelos milaneses, mas a cidade teve reconhecidas as novas posses com a paz de Lodi ( 1454).
O território da república se extendia desde Bérgamo até a Istria e englobava Ravenna, algumas zonas da Romagna e da Puglia. A aliança entre o papado, França ( que havia ocupado o ducado de Milão), Espanha e Império (liga de Cambrai, 1508) trouxe a derrota (batalha de Agndello, 1509) para a República, obrigando-a a renunciar às posses da Romagna e da Puglia (pace di Bologna, 1530).
A decadência dos tráficos mediterrâneos logo após a descoberta da América, a entrada otomana no mediterrâneo, marcaram definitivamente o fim da potência comercial: perdida Chipre (1569), Candia e Famagosta (1645-69), Morea (paz de Passarowitz, 1718) por vantagem dos turcos, Veneza decaiu até que foi ocupada (1796) pelas tropas de Napolão, que a cedeu ao Império austríaco (tratado de Campoformio, 1797).
Foi de novo retomada pelos franceses (paz de Presburgo, 1805) e englobada no Reino Itálico, tornou aos asburgos depois do Congresso de Viena (1815) reduzida a centro econômico e cultural de segundo plano.
A hostilidade demonstrada ao governo imperial se manifestou abertamente na insurreição de 1848 quando expulsos os austríacos e proclamada a República de San Marco (23 de março de 1848, sob o governo de Daniele Manin), resistiu a um longo assédio até o 11 de agosto de 1849. Em 1866 ( 3° Guerra da Independência) foi anexada ao Reino da Itália.
A história de Veneza se entrelaça com àquela de sua arte, testemunhada pelos importantes e inumeráveis monumentos que caracterizam os seus sestieri, isto é, os bairros que dividem a cidade.
Os dois núcleos principais são o complexo arquitetônico de Piazza San Marco- que compreende a Basílica (XI), o Campanário (IX-1477), Torre do Relógio (1499), Procuratie Vecchie (1514), Procuratie Nuove (1582-1640), Palazzo Ducale (1340-XV), Bibioteca Marciana (XVI)- as zonas burguesas e comerciais de Rialto caracterizada pela omônima ponte de 1591 a zona da feira e as orlas del vin e del carbon.
Os monumentos e as igrejas da cidade serãm divididos em sentido cronológico:
da fase medieval correspondem as igrejas de S. Giovanni e Paolo (1246-1430), de S. Pietro e Paolo (sec. XIII), de S. Maria Gloriosa dei Frari (1336-1492), de S. Maria del Carmine (sec. XIV), de S. Stefano (sec. XIV-XV), e também a magníifica estrutura do Arsenale (1104-sec. XV).
Ao período do renascimento temos as igrejas de S. Maria dei Miracoli (1489), de S. Salvador (sec. XV), de S. Sebastiano (sec. XVI), do Redentore (1577-92), de S. Giorgio Maggiore (1565-83) enquanto o grande templo realizado pelo pagamento de um voto é a Igreja de S. Maria della Salute (1631-81) um exemplo do barocco veneziano.
Notaveis são os edifícios da conhecida Scuole (sede das antigas associações de beneficência e socorro dos pobres) como aquelas de S. Giovanni Evangelista (1481-98), de S. Rocco (1517-49) e de S. Giorgio degli Schiavoni (sec. XVI).
A presença hebréia em Veneza possui uma história plurisecular representada pelo belíssimo Ghetto com as Sinagogas da Scuola Spagnola e Scuola Levantina (sec. XVII).
Ao longo do Canal Grande (a artéria principal da cidade) se admiram alguns dos palácios mais famosos: Ca Vendramin-Calergi (1500-9), a Ca dOro (1420-34), Ca da Mosto (sec. XIII), Ca Pesaro (1628-1710), Ca Foscari (sec. XV), Ca Rezzonico (1649-sec. XVIII), os palácios Loredan (sec. XII-XIII), Contarini-Fasan (1475), Giustinian (sec. XV), , Mocenigo (sec. XVI), Grimani (1556), Grassi (1749), com a omônima sede de exposições, Palazzo Dario (1487).
Muitos dos palácios históricos hospedam importantes museus: na Praça São Marcos o complexo do Museo Correr hospeda uma rica Pinacoteca e o Museu Arqueológico; Ca Rezzonico é o museu do período de 1700 veneziano; a Ca DOro hospeda a prestigiosa coleção Franchetti; Ca Pesaro é o Museu de Arte Moderna. As Galerias da Accademia, a Pinacoteca da Fondazione Querini e a inigualável Coleção Peggy Guggenheim de arte contemporânea completam este sintético panorama.
Duas simples sugestões para entender a cidade: percorrer todo o Canal Grande na ida e na volta do vaporretto e ver Veneza do alto do Campanário de S. Marcos ou ainda melhor o Campanário de S. Giorgio.
Fonte: www.initalytoday.com
Veneza
Simplesmente única, a cidade de Veneza é um arquipélago formado por 118 ilhas, entrecortadas por 170 canais.
Por milhares de anos a cidade foi o mais importante mercado marítimo da história.
Hoje, toda essa importância comercial deu espaço ao turismo, que muitas vezes é superior ao que a cidade suporta, mas a bela da Itália não perde seu charme.
A cidade símbolo do romantismo continua a mesma desde a idade média.
Suas ruelas, canais e palácios atraem multidões.
Veneza é toda cortada por pequenos canais, e através deles se pode chegar à qualquer ponto da cidade.
O maior de todos, que divide Veneza ao meio, é o Grande Canal. Apenas duas pontes cruzam o Grande Canal, a Ponte Degli Scalzi, e a famosa Ponte di Rialto.
As duas grandes festas de Veneza são no Carnaval, quando as ruas da cidade são tomadas por centenas de mascaradas e luxuosas fantasias, e durante a belíssima Procissão da Cidade, sempre no primeiro domingo de setembro.
Nesta festa há regatas, competições aquáticas e a famosa Procissão do Grande Canal, com o desfile de centenas de gôndolas e embarcações ornamentadas e tripulantes vestindo as roupas históricas de Veneza antiga.
Às margens do Grande Canal há uma infinidade de palacetes dos séculos 17 e 18 que contam com detalhes toda a história de luxos e extravagâncias desta cidade.
Um dos mais interessantes é o Palacio Ca’Rezzonico, com interior ricamente adornado. Outro ponto luxuoso de Veneza é o Lido, a praia dos ricos e famosos, à pouca distância do centro.
Vale a pena ir até lá para conhecer a arquitetura clássica de seus prédios e hotéis, e que serviram de locação para o clássico do cinema Morte em Veneza.
As hastes verticais, encontradas em quase todos locais, são usadas como atracadouros das gôndolas e outras embarcações, os únicos meios de transporte permitidos na cidade, para quem não quiser percorrer a pé o labirinto de ruazinhas e becos da cidade.
O passeio de gôndola pelos canais de Veneza já é uma obrigação para quem visitar a cidade, mas é importante acertar primeiro com o gondoleiro um desconto, já que o custo do passeio de uma hora pode às vezes ser extorsivo.
Depois pegue o táxi aquático, geralmente uma lancha, e vá até Murano, uma ilha próxima de Veneza. A viagem leva apenas 15 minutos.
Lá você poderá conhecer a técnica secular de fabricar Vidro Soprado, ver os artesãos trabalhando e dando vida às formas mais belas de cristais coloridos, de todas as cores e tamanhos, e quem sabe, até fazer um curso de italiano onde se pode aprender as técnicas de fabricação dessas belas obras de arte.
Fonte: www.portaldointercambio.com.br
Veneza
O simples e guia prático para visitar Veneza
A cidade mais romântica no mundo! É impossível não a visitá-lo quase uma vez na vida!
Para descobrir Veneza
Quando
A melhor época para visitar Veneza é certamente a partir de abril a outubro, mas em agosto quando o clima é muito quente e úmido.
No Outono Veneza não é assim tão lotados e você pode apreciar a vida real dos habitantes, tendo tanto a possibilidade de visitar tudo e considerando que a maior parte dos hotéis estão em aberto. No inverno, o clima é frio e, muitas vezes, há os “conhecimentos Alta”, aquando da linha de água cresce e é mais difícil de andar, no centro da estrada.
O mais importante e famosa é a tradição veneziana Carnevale, quando quase todo mundo se esconde. Neste período é quase impossível encontrar livre quartos nos hotéis a menos que tenham reservado muito tempo antes.
Veneza é uma cidade única, e é tão bonito também porque não existe possibilidade de satisfazer qualquer carro!
Como
A melhor maneira de saber que ele está indo em pé , com um bom mapa, e descobrir o mil lugares fantásticos que fazer Veneza tão especial! Sugerimos que você compra um g uide com um mapa, porque não é assim tão simples de entender a rua especial numeração. Desta forma você tem a oportunidade de evitar o típico turista áreas e descobrir a fé viva Veneziano forma. Veneza ajuda você a sua sinais amarelos, muitas vezes, situado na esquina do edifício, que indicam as grandes manchas.
Naturalmente, muitas vezes você vai ter a público barcos : lembre-se de comprar o bilhete antes da viagem, você vai encontrá-los para o jornal da loja, tabacarias, porque eles não vendido no barcos.
As mais importantes linhas de barco líquido do público são os seguintes: 1 (vaporetti), que passa através de S. Marco, Lido e Tronchetto; 2 (fast barco) de Lido a estação ferroviária e volta; o 34 (só no Verão) que comanda como a linha 1, a 5, que circumnavigates da cidade e fica a ilha Murano.
Passando por barcos público é uma boa forma de ter um passeio de todo Veneza, e saborear esta atmosfera mágica. Os bilhetes não são baratos, por isso sugerimos que você compra um “passar três dias”, um bilhete especial, com quem pode ter o público barcos todas as vezes que quiser, no prazo de três dias.
Se você quiser, você também pode tomar um táxi aquático. A mais romântica maneira de descobrir Veneza é certamente a ter um tour pela gôndola . Pergunte ao gondoliers para o passeio que você quer, existe também a possibilidade de ter um cantor em sua gôndola, e têm um único sightseeing da cidade de Veneza!
Fonte: www.touristplace.info
Veneza
História das Comunidades
O encanto de Veneza
De uma espantosa beleza, Veneza é uma cidade única, verdadeiro museu a céu aberto. Foi nessa cidade, construída sobre ilhas, que, durante o renascimento, floresceu uma comunidade judaica cosmopolita, das mais importantes da Europa. Apesar de entre Veneza e os judeus as relações sempre terem sido marcadas por relativa tolerância, foi lá que surgiu o primeiro gueto.
A história de Veneza, no nordeste da Itália, tem início com a decadência do Império Romano do Ocidente, quando, ao procurar abrigo das hordas bárbaras que invadiam a Península Itálica, os habitantes das redondezas se refugiaram nas ilhas da lagoa veneziana, banhada pelas águas do mar Adriático.
Segundo a tradição, Veneza foi fundada em 421 desta Era, permanecendo, por séculos, sob tutela do Império Bizantino. No século IX, a cidade se livra dessa tutela, tornando-se um estado autônomo, dirigida por um “Doge” e por uma oligarquia.
Até a Era Napoleônica, a “Sereníssima República de Veneza” manter-se-ia independente.
Já no século X, a cidade tornava-se uma potência marítima e comercial. Estrategicamente localizada à beira do Mar Adriático, vizinha ao Império Bizantino, possuía uma das maiores frotas navais da Europa – o que lhe permite o controle de inúmeras rotas comerciais entre Ocidente e Oriente.
A partir de 1204, quando a 4ª.Cruzada toma Constantinopla, a “Sereníssima” torna-se o poder dominante na região, ponto de intercâmbio cultural e comercial entre Ásia e Europa. E, em meados de 1500, a cidade atingia seu apogeu.
Os primeiros judeus
A documentação historiográfica sobre os judeus de Veneza é escassa e grande parte das informações se baseiam na tradição oral. Sabe-se que havia judeus na região de Veneto nos primeiros séculos da EC, e, segundo a tradição, havia judeus em Veneza durante toda a Baixa Idade Média.
Na época, o porto de Veneza era escala obrigatória para quem ia ao Oriente e, como se sabe, muitos viajantes eram judeus. Há historiadores que acreditam que a ilha Spinalonga, conhecida como “Giudecca”, tenha recebido este nome porque, nos primeiros séculos após o ano 1000, lá residia um núcleo judaico.
Esta suposição baseia-se, entre outros, no fato de que, em mapa de 1346, a ilha aparece como “Giudaica”, além de lá terem existido duas sinagogas, destruídas no século XVI.
Durante a Idade Média, a lagoa não teve presença judaica significativa. Até o século XIV, os judeus eram obrigados a viver e trabalhar em “Terra Ferma”, na cidade de Mestre, e uma série de decretos restringia o número de dias que podiam permanecer na cidade.
Mas, se não tinham permissão para viver na lagoa, o mesmo não ocorria nos domínios da “Sereníssima” em terra firme, onde os judeus adquiriram importância numérica e econômica.
Ondas migratórias judaicas
No decorrer da história, os domínios da “Sereníssima” serviram de abrigo para sucessivas levas de judeus, vindos de toda a Europa. Pois, ao longo dos tempos, a atitude em relação a eles sempre foi de relativa tolerância, ditada principalmente por interesses comerciais.
Durante a Idade Média, em conseqüência da hostilidade acumulada através dos séculos e da histeria das massas cristãs durante as Cruzadas e a Peste Negra (1348-49), os judeus foram perseguidos e expulsos da maioria dos países da Europa Ocidental.
Os primeiros a chegar à região foram os judeus “italianos” vindos do centro sul da Península Itálica, principalmente de Roma. No século XIV, quando intensas perseguições e massacres se abateram sobre eles, acusando-os de serem os causadores da Peste Negra, levas de judeus asquenazitas cruzaram os Alpes e se estabelecem no norte da Itália, muitos na região do Vêneto.
Originários de países de língua alemã, esses judeus, chamados pelos venezianos de “Tedeschi” – trouxeram consigo seu idioma, suas tradições e grande experiência no comércio, como prestamistas.
Quando, no século XIV, a política de expulsões atinge a França, a região recebe judeus também dessa origem.
O ano de 1385 foi de particular importância para a história da Veneza judaica, pois a cidade – em guerra e precisando de capital – autorizou banqueiros judeus asquenazitas a residir nas ilhas da lagoa, concedendo-lhes a primeira Condotta, a dizer, um “código de conduta”.
No ano seguinte, o Senado veneziano autoriza a instalação de um cemitério judaico em uma área pré-determinada, no Lido.
Em Veneza, as Condotte, assim como contratos similares em outros países, regiam o relacionamento entre judeus e o Estado. Este os autorizava a emprestar dinheiro a uma taxa pré-fixada, garantindo-lhes proteção e liberdade de culto e ter uma sinagoga em cada cidade.
Em contrapartida, os judeus eram obrigados a colocar um mínimo de capital em circulação e pagar altos impostos. Veneza também lhes impôs o uso de um distintivo, no vestuário. Inicialmente um círculo amarelo e, posteriormente, um chapéu em cor amarela ou vermelha – o “chapéu de judeu”.
Como a Condotta não tinha caráter definitivo, requerendo renovação periódica, foi precária a presença judaica na cidade, durante o século XV.
Após sua expulsão da Espanha, em 1492, foi a vez dos judeus ibéricos se estabelecerem nos domínios da “Sereníssima”. Entre eles, o famoso sábio espanhol Don Isaac Abravanel, que faleceu na cidade, em 1509.
Os judeus viam em Veneza – à época, o mercado financeiro mais lucrativo do mundo – a oportunidade de participar, ainda que de forma restrita, nessa euforia de prosperidade.
Comunidades judaicas se formaram em Mestre e outras cidades em “terra firme”, entre as quais Pádua, Treviso, Bassano, Conegliano. Gradativamente os judeus se haviam tornado um núcleo considerável, em número e em importância.
Cada novo grupo a se instalar mantinha os hábitos, cerimônias e rituais de suas comunidades de origem. Isto marcaria, de forma acentuada, o futuro desenvolvimento da vida comunitária, no gueto.
Criação do gueto: uma solução veneziana
Os anos de 1508 e 1509 foram difíceis para a “Sereníssima”, pois a derrota da República veneziana frente à Liga de Cambrai provocara a fuga para a lagoa dos habitantes da “terra firme”. Entre estes, centenas de judeus.
Os banqueiros de Mestre foram calorosamente acolhidos, pois Veneza precisava do aporte de seu capital. Mas, a derrota deixou marcas no ânimo dos habitantes. Frades franciscanos incitavam as massas, afirmando que a derrota era o “merecido castigo” para a cidade por seus pecados, dos quais o mais grave fora permitir aos judeus viverem livremente.
O populacho passou a pedir a sua expulsão, mas o Senado não estava disposto a perder aquele patrimônio, tão importante para sua economia.
Em 1516, os senadores venezianos encontram a solução: não os expulsariam, mas os confinariam a uma área específica da cidade. Dessa maneira, continuavam a se beneficiar economicamente dos judeus enquanto conseguiam reduzir, ao mínimo, os contatos destes com o restante da população.
Desde o início da Diáspora, os judeus sempre preferiram residir em bairros separados, chegando até a exigi-lo. Mas o decreto veneziano transformara uma “opção preferencial” em obrigação legal e patente desqualificação social.
Porém, por pior que fosse a “solução veneziana”, foi o que impediu que se aceitassem propostas subseqüentes para os expulsar. Segundo um historiador italiano, Roberto Bonfil, “o gueto era uma espécie de meio-termo entre o sonho dos judeus de serem aceitos incondicionalmente e o pesadelo de sua expulsão”.
O local demarcado pelo Senado foi o Ghetto Nuovo, uma pequena ilha parcialmente habitada, onde, até 1390, existia uma fundição.
Muitos filólogos acreditam que a palavra “ghetto” derive de “gettare”, que no veneziano do século XIV significava “fundir metal”.
Estima-se que 700 judeus tenham sido confinados na ilha, área insalubre que mais parecia uma fortaleza, com seus altos muros e acesso restrito a duas pontes levadiças.
Por determinação do Senado, os portões deviam ser trancados à meia-noite, por quatro guardas cristãos – pagos, por força da lei, pelos próprios judeus – e eram reabertos pela manhã. Durante a noite, apenas os médicos podiam deixar o gueto e nenhum cristão lá podia entrar.
Foram impostas severas regras sobre o uso do “chapéu de judeu”. Como lhes era proibida a compra de imóveis, ficaram à mercê da ganância dos proprietários, que impõem um aumento de 33% sobre o valor dos aluguéis.
O Senado definiu também o status legal da “Nazione Tedesca”, como passou a ser chamado esse grupo composto de ashquenazim, em sua maioria originários de países de língua alemã, mas que incluía italianos e franceses.
Eram obrigados a pagar alto tributo anual aos cofres da República, além dos impostos costumeiros. Cabia à comunidade administrar casas de penhora e empréstimos, dentro do próprio gueto.
Além disso, somente lhes era permitido atuar no comércio de roupas usadas ou praticar a medicina. Para alguns, foi dada a permissão de trabalhar em gráficas, na produção dos livros judaicos. Daniel Bomberg, cristão dedicado à impressão de textos hebraicos, foi o primeiro a imprimir o Talmud Bavli e o Talmud Ierushalmi, respectivamente o Babilônico e o de Jerusalém, em Veneza, entre 1520 e 1523.
Em 1529, treze anos após a criação do gueto, é inaugurada a primeira sinagoga, a Scuola Grande Tedesca, de rito asquenazita. Três anos mais tarde, acredita-se que um grupo de judeus da Provença, querendo seguir seu próprio rito litúrgico, se tenha separado dos asquenazitas alemães, fundando outra sinagoga, a Scuola Canton, a poucos metros da Tedesca.
Ambas, ainda hoje, podem ser admiradas. (ver artigo nesta edição, “O brilho das sinagogas”).
Judeus do Levante e do Poente
O estabelecimento dos judeus levantinos em Veneza se deu em condições diferentes das enfrentadas pelos que os antecederam. A República encontrava-se economicamente enfraquecida: o comércio com o Levante declinara e a guerra contra os turcos esvaziara seus cofres. Os judeus levantinos pareciam ser a salvação.
Ao admiti-los, Veneza visava assegurar sua presença no comércio internacional, já que, sob domínio otomano, os judeus se haviam tornado poderosos comerciantes e financistas.
Num primeiro momento, a Sereníssima concede aos levantinos apenas a permissão de residir no gueto por curtos períodos de tempo. No entanto, cada vez mais, Veneza dependia de sua presença. Por fim, em 1541, querendo fomentar ainda mais o comércio, o Senado lhes concedeu uma área adjacente ao gueto, conhecida como “Ghetto Vecchio”.
As imposições eram um tanto diferentes das que regiam a vida dos judeus asquenazitas; sua estadia no gueto tinha que ser breve.
Os levantinos trouxeram consigo costumes e tradições. Contrastando com os modestos hábitos da “Nazione Tedesca”, esses comerciantes, acostumados à vida no Oriente, viviam em grande conforto.
Duas belas sinagogas de rito sefaradita são erguidas no gueto: Scuola Levantina e Scuola Grande Spagnola, para os de origem ponentina. Apesar de não se ter a data exata da construção, diz uma tradição oral que a Scuola Levantina foi erguida em 1538, três anos antes do ingresso oficial dos judeus dessa origem no Ghetto Vecchio.
Entre os levantinos havia muitos de origem sefaradi. Alguns descendiam de famílias que, após sua expulsão da Península Ibérica, em 1492 e 1497, se haviam estabelecido na Grécia e Turquia. Outros eram conversos, de várias partes da Europa, e o gueto de Veneza representava a oportunidade de voltar ao judaísmo.
Para as autoridades venezianas, estes representavam um problema político, pois a Igreja os tinha como hereges. Apesar de católica, Veneza sempre prezou sua autonomia política, resistindo, por muito tempo, às pressões da Igreja para adotar atitudes severas contra os hereges e judeus que lá viviam.
Mas, em 1547, acaba cedendo à insistência papal. Instala-se a Inquisição em Veneza, ainda que, aos olhos de Roma fosse uma Inquisição “morna”, sem pulso, principalmente no tocante aos judaizantes.
A de conduta da Sereníssima face aos conversos sempre foi marcada por moderação e pragmatismo. Ignorava o passado dos que queriam viver no gueto como judeus, principalmente porque, entre os recém-chegados, contavam-se os elementos mais ricos e talentosos da época.
Mesmo assim, os judeus não podiam confiar apenas na moderação das autoridades.
Um dos mais famosos mercadores levantinos do século XVI, Daniel Rodrigo, empenhou-se durante anos em modificar o status da “Nação Levantina”. Cônscio da necessidade de incluir, de forma explícita, os conversos na Condotta, valeu-se de um subterfúgio legal para contornar o problema.
Em petição de 1583, requer direito de residência também para os “judeus do Poente”, eufemismo para definir os conversos. Seu pedido foi indeferido; mas, seis anos mais tarde, seu estratagema daria certo.
Em 1589, Rodrigo consegue obter do Senado uma Condotta em separado para a Nação Levantina e, nesta, a Sereníssima estende aos “judeus ponentinos” os mesmos direitos de residência concedidos aos levantinos.
Aquele mesmo ano marca a consolidação definitiva da estrutura do gueto. Veneza passa a ter duas comunidades judaicas legalmente reconhecidas, que conviviam lado a lado: a Nação Alemã, que incluía todos os judeus asquenazim, italianos e franceses; e a Nação Levantina, incluindo os judeus orientais, sefaraditas e conversos.
Nada mudaria nos próximos 200 anos, exceto o fato de, em 1633, ser incorporada ao gueto a área do “Ghetto Nuovíssimo”, composta por 20 edifícios destinados à residência de mercadores levantinos e ponentinos. A peste de 1630 abalara a economia veneziana e o Senado visava dar novo ímpeto à economia, tentando atrair para seus domínios as riquezas dos judeus de origem sefaradi.
Idade de Ouro dos judeus de Veneza
O século XVII foi a Idade de Ouro dos judeus venezianos. Estima-se que em 1630, antes da peste que dizimaria a população da cidade, vivessem no gueto 5 mil pessoas. A comunidade conhecia seu apogeu. Muito próspera, era importante vetor na vida econômica local, sendo que a maior parte do comércio internacional era controlado pela Nação Levantina.
Culturalmente, também, a comunidade estava em seu auge. No gueto havia teatro, academia de música, salões literários. E lá viviam médicos famosos e respeitados nas cortes de toda a Europa.
Grandes personalidades marcaram a vida judaica, no período. Entre estas, o rabino Leon da Modena, autor eclético entre cujas obras destacam-se a famosa Historia de’Riti Hebraici, e um tratado contra o jogo, escrito aos 13 anos de idade.
Outra foi o Rabino Simone Luzzato, chefe da comunidade de Veneza por 50 anos, autor do trabalho “Discurso sobre a situação dos Judeus”, que examinava sua condição sócio-política em ambiente não-judaico.
Outra importante presença no gueto foi a da poetisa Sara Coppio Sullam. A Sereníssima foi, também, centro de difusão de conhecimentos para inúmeros judeus sefaraditas que, posteriormente, implantariam novas comunidades em Londres e em Amsterdã.
A economia veneziana entrou em declínio no séc. XVII. De um lado, as guerras contra os turcos tinham esvaziado os cofres públicos; de outro, as recentes descobertas territoriais tinham mudado o principal eixo do comércio internacional do Mediterrâneo para o Atlântico, transformando Veneza – de forma irreversível – num centro comercial e financeiro periférico.
Muito necessitada de recursos, a República exigia da comunidade judaica tributos cada vez mais elevados, enfraquecendo sua situação econômica. Esta se deterioraria ainda mais no século seguinte, provocando um êxodo do gueto em direção a centros mais prósperos, como Amsterdã. Em 1737, a comunidade declarava sua falência. Dos 4.800 judeus que viviam em Veneza em 1655, apenas 1.700 restavam em 1766.
O fim do gueto
Em 1797, as tropas de Napoleão, imbuídas dos ideais da Revolução Francesa, conquistam a República. Abrem-se os portões do gueto, pondo fim a mais de 250 anos de segregação. Todas as leis específicas aos judeus são revogadas.
Após a derrota de Napoleão no ano de 1815, Veneza se torna parte do Império Habsburgo, que, apesar de cancelar determinações aprovadas durante o domínio francês, aprova uma lei que permitia aos judeus a aquisição de imóveis e o exercício de profissões liberais, assim como prestar o serviço militar e freqüentar as escolas públicas.
O gueto jamais foi restabelecido, apesar de muitos judeus preferirem continuar entre as muralhas. Após a unificação do país, em 1866, conseguiram igualdade civil. Um dos venezianos judeus mais famosos foi Luigio Luzzati, membro do parlamento italiano durante 50 anos.
Em 1910, foi eleito primeiro-ministro, sendo o primeiro judeu a exercer esse cargo.
A tensão crescente levou inúmeros membros da comunidade a deixar Veneza, após a 1ª Guerra Mundial. Durante os primeiros anos do governo de Benito Mussolini, não lhes foram impostas quaisquer restrições.
A situação se modificou, no entanto, em 1930, quando o ditador italiano se aproxima de Hitler. Em 1933, eram 1841 os judeus de Veneza, tendo esse número caído para 1200, em 1938, quando o governo fascista promulga as leis raciais. Estas tiveram enorme impacto sobre os judeus da Itália.
Em julho de 1943, quase no final da II guerra Mundial, cai o governo fascista, aliado da Alemanha nazista. Mussolini é preso e o novo governo negocia a capitulação da Itália. Dois meses depois, as tropas alemãs desembarcam no norte da Itália.
Ainda naquele setembro, Giuseppe Jona, presidente da comunidade judaica de Veneza, suicida-se após receber a exigência nazista de entregar uma lista com os nomes de todos os seus correligionários.
Sua auto-imolação salva centenas deles, que ganham tempo para escapar. Duas semanas mais tarde, a guarda fascista reúne um contingente de judeus em Veneza, de onde são posteriormente deportados para a Alemanha.
Os mais idosos foram arrancados do leito, no Asilo “Casa Israelitica di Riposa”. O Rabino-Chefe da cidade, Rabi Adolfo Ottolenghi, também foi deportado e morre nos campos de extermínio nazistas.
No total, 289 judeus foram deportados, dos quais apenas 7 retornam. Após a libertação, em 1945, restavam apenas 1.050 deles na outrora florescente comunidade.
Hoje, Veneza tem uma população judaica de cerca de 500 pessoas, das quais apenas 30 vivem no antigo bairro, o Ghetto Nuovo. A comunidade é oficialmente ortodoxa e se percebe um reviver na vida cultural dos judeus da cidade.
Realizam-se anualmente seminários, que atraem grande público, fazendo renascer o passado junto ao presente. Veneza é a única cidade italiana onde se pode ver um gueto intacto, que, imutável desde a sua criação, atravessa impavidamente o tempo.
Bibliografia:
Roberta Curiel e Bernard Dov Cooperman, The Gueto of Venice, Photographs by Graziano Arici,Tauris Parke Books.
Alan M. Tigay, The Jewish Traveler, Hadassah Magazine.
Shaul Bassi , artigo , “The Venetian Ghetto and Modern Jewish Identity” publicado em 2002 na revista “Judaism: A Quarterly Journal of Jewish Life and Thought”, 2002.
Fonte: www.morasha.com.br
Veneza
História de Veneza em Itália
Veneza foi fundada em 452 d. C. por habitantes de Aquileia, Pádua e de outras cidades do Norte da Itália que aqui se refugiaram das tribos germânicas que invadiram a Itália no século V. Aqui estabeleceram o seu governo, liderado por 12 tribunos representantes das ilhas.
Apesar de fazerem parte do Império Romano Oriental tinham uma certa autonomia. Em 697 foi organizada a República, chefiada por um doge. Problemas internos dividiram a República e só foram sanados com a união que se formou para combater os invasores.
Os Sarracenos foram expulsos em 836 e os Húngaros em 900. Em 991 Veneza assinou um acordo com os muçulmanos, iniciando um proveitoso comércio com a Ásia que fez de Veneza o maior centro comercial com o Oriente e, consequentemente, um dos maiores e mais ricos da época.
História da cidade de Veneza
A República beneficiou também com a partilha do Império Bizantino em 1204, tornando-se a força política dominante da Europa de então. No final do século XIII a República transformara-se numa oligarquia, e nos séculos XIII e XIV envolveu-se em guerras com Génova, o seu principal rival a nível comercial.
A sua supremacia foi afirmada no conflito de 1378-1381. Estas guerras, contudo, impediram-na de conquistar territórios vizinhos. De qualquer modo, no final do século XV a cidade-estado era a mais forte potência marítima do mundo.
As invasões turcas, iniciadas em meados do século XV, foram um dos fatores decisivos para que entrasse em declínio. Veneza via-se confrontada com ataques externos e de outros estados italianos, e com a perda de poder económico na sequência da descoberta da via marítima para as Índias através do cabo da Boa Esperança (pelo navegador português Vasco da Gama entre 1497-1498).
Em 1508, o Sacro Império Romano-Germânico, o Papa e a Espanha conjugaram esforços contra Veneza na Liga de Cambrai, e dividiram o território entre si. Veneza retomou os seus domínios italianos através de negociações.
No entanto, nunca mais conseguiu retomar a sua pujança política, embora continuasse a ser um ponto de referência no panorama internacional.
Nos últimos anos do século XVIII (1797), a República foi conquistada pelos franceses, liderados por Napoleão Bonaparte, que a entregou à Áustria.
Esta dominação continuou até 1805 quando a Áustria foi obrigada a entregar Veneza ao reino de Itália, controlado pelos franceses. Contudo, em 1814 a cidade voltou a integrar os domínios austríacos.
Em 1815 Veneza uniu-se à Lombardia, para formar o efémero reino Lombardo-Veneziano.
Os venezianos, sob o comando do estadista Daniele Manin, revoltaram-se contra o domínio dos austríacos, em 1848, fundando uma nova República. Em 1849 a Áustria restaurou o seu poder. Mais tarde, em 1866, depois da Guerra das Sete Semanas, Veneza passou a integrar o renovado reino de Itália.
A cidade de Veneza em Itália: turismo à Veneza
Veneza, a Rainha do Adriático, é uma cidade e um porto do Nordeste da Itália, situada na região do Veneto. Possui uma população de 265 500 habitantes (2004).
A cidade está assente em 120 ilhas e é servida por 177 canais na lagoa entre as bocas dos rios Pó e Piave, no extremo norte do mar Adriático. As ilhas sobre as quais foi construída a cidade de Veneza têm cerca de 400 pontes e a sua principal via de comunicação é o Grande Canal, com aproximadamente três quilómetros.
A Veneza dos nossos dias confronta-se com vários problemas: perda da população para outras áreas geográficas, perigo de inundações, agravado pela poluição da água e do ar, e a sua avançada idade.
Após as devastadoras cheias de 1966, a comunidade internacional conjugou esforços, através da UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas), para preservar a cidade de Veneza, reconhecida como uma das mais belas cidades do Mundo, que inequivocamente constitui um valioso património da Humanidade.
Os monumentos de Veneza
Atualmente o turismo representa a base da sua economia, outrora dominada pelo comércio. Veneza oferece aos seus visitantes, para além da beleza da sua arquitetura e dos seus canais, um vasto conjunto de atividades culturais que incluem festivais de cinema e o Carnaval de Veneza, uma celebração que remonta ao período medieval; a visita às obras dos “três tês” de Veneza, os pintores Tintoretto, Ticiano e Tiepolo; e produtos artesanais de renome internacional como as máscaras de Carnaval inspiradas nas tragicomédias, bem como os famosos vidros provenientes da ilha de Murano.
Os principais pontos de interesse turístico desta cidade são os seus palácios, igrejas, museus, e canais; edifícios representativos da arte veneziana patente nas construções e nos elementos decorativos, nomeadamente pictóricos e escultóricos, que vão desde o estilo bizantino ao renascentista.
Na parte central da cidade, a mais visitada, está a Praça de S. Marcos. A este desta Praça situam-se os dois principais edifícios: a catedral bizantina de S. Marcos e o Palácio Ducal, também conhecido pelo nome de Palácio dos Doges.
A catedral, iniciada no século IX (828), foi reconstruída após o incêndio de 976 e novamente entre 1047 e 1071. O início da construção do palácio data igualmente do século IX (814), mas foi destruído quatro vezes pelo fogo, conduzindo a quatro reconstruções, que acabaram por engrandecer esta construção gótico-renascentista.
O lado norte da Praça é ocupado pela Procuratoria Vecchia (1469), e o lado sul pela Procuratoria Nuova (1548), dois exemplares da arquitetura da época renascentista, que, durante a República de Veneza, serviram de residência a nove procuradores ou magistrados, entre os quais normalmente era escolhido o doge (governante) de Veneza.
Ao longo destes palácios corre o Atrio ou Fabrica Nuova (1810), arcadas que abrigam os mais elegantes cafés da cidade. Junto do Palácio dos Doges encontram-se duas colunas erigidas em 1180, uma com o leão alado de S. Marcos e outra representando S. Teodoro num crocodilo.
Outro edifício simbólico é o campanille de S. Marcos, de 91 metros, construído entre 874 e 1150, e reconstruído depois do colapso em 1902. Nas costas do Palácio dos Doges está situada a Ponte dos Suspiros, um lugar de lendas e histórias de amor, o local por onde passavam os prisioneiros de e para o julgamento.
A ponte mais famosa do grande canal é a do Rialto, erigida em 1588. Ao longo deste canal, que representa a principal artéria de Veneza, estão dispostos os edifícios pertencentes às grandes famílias da cidade. A norte, perto do lago, encontra-se a igreja quatrocentista de S. João em Bragora, uma construção gótica utilizada antigamente como igreja funerária dos doges.
Nas suas imediações está a estátua equestre do general Bartolomeo Colleoni, da autoria do artista florentino Andrea del Verrocchio, e junto desta o arsenal. As ilhas estendem-se para este na direção do Lido, um reef fora da lagoa conhecido por ser uma estância de férias.
Grandes museus como O Ca’d’Oro, instalado num palácio gótico no grande canal, e igrejas históricas espalham-se por toda a cidade. A Libreria Vecchia e a Universidade de Veneza, de 1868, são outros dos muitos motivos de interesse desta cidade.
Carnaval de Veneza em Itália
Hoje celebrado em várias partes do Mundo, o Carnaval ou Entrudo teve a sua origem na Europa, segundo uns nas festas em honra de Baco ou Saturno da Roma antiga, embora outros se inclinem mais para reconhecer a sua raiz nos rituais celtas pagãos que foram posteriormente regulamentados pela Igreja Católica.
Do latim levare (retirar) e carne, o Carnaval marcava o fim dos prazeres carnais e era celebrado com grande liberdade de costumes, em que se podia comer e beber sem limite, nos três dias anteriores à Quaresma, período de abstinência em que só era permitido comer peixe.
O Carnaval de Veneza pode ser considerado o mais importante e famoso de toda a Europa.
Carnaval
A sua origem, nos termos em que hoje é conhecido, remonta, segundo se pensa, ao ano de 1162, quando a então designada Repubblica Della Serenissima obteve uma importante vitória na guerra contra Ulrico, o patriarca de Aquileia, que invadiu a cidade enquanto esta estava ocupada a lutar com o Ducado de Pádua e Ferrara.
Após a derrota, Ulrico teve de pagar à cidade um touro e doze porcos, que passaram, a partir de então, a fazer parte da tradição da festa da Sexta-feira Gorda, em que o mesmo número de animais era morto na Praça de S. Marcos, numa grande festa que incluía banquetes, danças, espectáculos de acrobacias, truques de magia e marionetas, entre outros.
A especificidade do Carnaval de Veneza nascia assim oficialmente das celebrações desta vitória e, como era hábito na Idade Média, mágicos, charlatães, acrobatas e saltimbancos juntavam-se ao povo, aos mercadores e à nobreza.
Veneza, na época ainda uma pequena mas muito poderosa república, tinha uma acentuada característica multicultural, fruto da sua importância como centro mercantil e ponto obrigatório da passagem, tanto no atual território da Itália como nas rotas da China e do Próximo Oriente.
Esta festa continuou por muitos séculos até que no século XVII foi enriquecida em termos de música, cultura e vestuário rico e exótico. As belíssimas máscaras estiveram, durante centenas de anos, associadas à tradição e à fantasia do Carnaval e muitas delas tornaram-se famosas fazendo mesmo parte da “Commedia dell’Arte”, um tipo de teatro cómico surgido na segunda metade do século XVI, que se contrapunha ao teatro clássico rígido e formal e que imortalizou personagens como o Arlequim, a Columbina, a Pulcinella, o Doutor ou o Pantalone.
Em Veneza o Carnaval começava oficialmente com o Liston delle Maschere, o caminho das máscaras, que era o passeio dado pelos habitantes que, elegantemente vestidos e usando as suas máscaras, expunham as suas riquezas em sedas e jóias. Primeiro pelo Campo de Santo Stefano e mais tarde pela Praça de S. Marcos, por este último local ser mais espaçoso, para trás e para a frente, desfilavam repetidamente até acabarem no restaurante ou no teatro.
A “Bauta”, de cor branca, é considerada a máscara tradicional de Veneza, a qual permitia ao seu utente comer e beber sem a retirar, sendo usada também durante todo o ano para proteger a identidade e permitir os encontros românticos.
A “Moretta”, máscara exclusivamente feminina, foi uma das mais famosas, apesar de ser segura, através de um botão, pelos dentes da frente, o que impunha às mulheres um silêncio forçado muito do apreço dos homens.
As touradas ao estilo de Pamplona, introduzidas em Veneza no século XVII, foram muito populares até ao início do século XIX. Tinham lugar desde o primeiro dia até ao último domingo de Carnaval, excepto à sexta-feira, cada dia numa parte diferente da cidade, começando logo após o almoço.
Outra prática interessante era o patinar no gelo dos canais de Veneza, o que demonstra bem o tipo de condições atmosféricas desses tempos. Os espectáculos de marionetas agradavam imenso à população e eram uma forma de vender bálsamos milagrosos e o elixir da longa vida.
O Carnaval era uma excelente oportunidade para conhecer novos amores e uma das formas de fazer a corte às mulheres; era a prática de atirar ovos perfumados, cheios de água de rosas, às casas das eleitas, mas também aos espectadores, às damas da sua preferência e aos maridos destas.
“Mattaccino” era o nome dado às máscaras dos jovens atiradores de ovos, ficando a ser um dos personagens típicos do Carnaval de Veneza. Estes ovos perfumados, que existiam em grande variedade, chegaram a ser grande moda e eram vendidos nas ruas pelos mercadores.
Existem hoje em Veneza cerca de dois mil fabricantes de máscaras, verdadeiras obras de arte feitas de couro, papel mâché, alumínio ou seda.
Requintadas, como a maschera noble, ou absurdas, como o taracco da Commedia Dell’Arte, são absolutamente imprescindíveis ao ambiente de ilusão feérica vivido no grande palco de personagens irreais em que Veneza se transforma durante o Carnaval.
O entusiasmo e a folia continuam no Carnaval de hoje, grande atração turística que chama à cidade um sem-número de estrangeiros que nem a inflação dos preços dos hotéis consegue desencorajar.
Nas ruas, os trajes e as máscaras continuam exuberantes e magníficos e o auge da festa é atingido no fogo-de-artifício de terça-feira à noite, após o qual os ânimos desmaiam no rescaldo dos despojos do festim que ainda mantém o seu carácter sensual e pagão de celebração da Primavera.
A gondola de Veneza em Itália
Verdadeiro ex-líbris de Veneza, a gôndola sofreu um longo processo de evolução ao longo dos séculos, tanto na sua estrutura como nos seus acabamentos, acompanhando o desenvolvimento e as transformações da própria cidade.
É mencionada pela primeira vez em 1094, num decreto do doge Vitale Falier como gondulam, nome, de origem incerta, que tanto pode ter resultado do termo latino para pequeno barco cymbula, como do diminutivo de concha, cuncula, como ainda das designações gregas para embarcações, como kundy ou kuntòhelas.
No entanto, foi entre os fins do século XV e os princípios do século XVI que surgiram as primeiras representações visuais da gôndola pela mão de artistas como Gentile Bellini, Vittore Carpaccio ou Giovanni Mansueti.
Neste período, a gôndola não se distinguia muito de outras embarcações a remos de estilo veneziano, mas, em meados do século XVI, a sua função é quase exclusivamente destinada ao transporte privado de pessoas de um certo nível social.
O lugar destinado ao gondoleiro é muito reduzido e instável e os passageiros acomodam-se em dois simples bancos de madeira encostados ao “trasto” da popa.
Gondola
Os ferros reduzem-se ainda a duas lâminas muito subtis, mas algumas gôndolas apresentam já o felze, uma cobertura que lhes dá uma aparência de carruagem, ao mesmo tempo que protege o seu interior do mau tempo e dos olhares indiscretos.
A sua característica cor negra resulta do alcatrão utilizado para uma melhor impermeabilização. Na segunda parte do século XVI, dá-se a primeira transformação significativa da gôndola: mais longa e mais estreita, os ferros da proa e da popa assumem um aspecto particular que confere uma linha nova ao perfil do barco e os pregos que seguram os ferros ao casco tomam a forma de lâminas, numa clara intenção estética.
No século XVII, o casco alonga-se, levantando a popa, e os ferros tornam-se verdadeiros pontos de referência, no ferro da proa a lâmina superior torna-se arredondada e de dimensão mais evidente.
A gôndola do século XIX está na transição entre a do século anterior e a atual, que é assimétrica e foi adaptada às necessidades práticas de navegação. Atingindo a gôndola nesta altura os onze metros de comprimento, a respectiva popa sobe em relação ao nível da água para um maior controlo e visibilidade do gondoleiro.
A proa sobe também ligeiramente, começando a dar ao barco uma bela forma de lua crescente que só aparece como definitiva no século XX.
O resultado é a diminuição da superfície do casco imersa na água, o que lhe confere maior margem de manobra, imprescindível nos estreitos canais da cidade, permitindo facilmente à gôndola girar sobre si mesma.
O fato de a gôndola se tornar progressivamente assimétrica a partir desta fase é uma das evoluções mais importantes, deslocando-lhe o centro de gravidade para o lado direito, o que lhe facilita a capacidade de navegabilidade e, ao mesmo tempo, compensa o peso do gondoleiro.
No século XX, a proa levanta-se ainda mais, reduzindo a parte do casco submersa na água, o que permite ao barco vencer com mais facilidade a ondulação causada pelas correntes e pelas restantes embarcações, muitas delas motorizadas.
A assimetria atinge um ângulo de inclinação oito vezes superior ao do século anterior, cerca de 24 centímetros, enquanto que a cobertura desaparece completamente. A gôndola atingiu, ao longo da sua evolução, um compromisso interessante entre os objetivos estéticos e de navegabilidade que a tornam uma embarcação única em todo o Mundo.
Fonte: www.voyagesphotosmanu.com
Veneza
A história de Veneza como um estado autônomo começou na Idade Média, após o colapso do Império Romano Ocidental, perdurando por mais de 1.100 anos até a Era Napoleônica.
Veneza estava inicialmente na fronteira com o Império Bizantino, funcionando como um centro de comércio e embarque de produtos através daslagunas e rios, sendo, então, um importante ponto de distribuição de mercadorias provenientes da Ásia. Após o ano 1000, Veneza intensificou sua força naval, consolidando seu papel de intermediária entre a Ásia e a Europa.
Com a queda de Constantinopla em 1204, Veneza tornou-se a força dominante na região. O sistema republicano de governo levou-a à supremacia na Itália. No início do século XV, Veneza obteve inúmeras conquistas de terra, apesar de seus interesses não concentrarem-se nesse aspecto.
A história da região de Veneza é mais Mediterrânea do que propriamente italiana. Ligada ao desenvolvimento dos Balcãs, ao vale do Danúbio e também aos mundos Islâmico e Romano, à Igreja Católica, às repúblicas marítimas do Mar Tirreno e às forças da Europa Oriental.
O surgimento de modernas monarquias transformou a política internacional, determinando a substituição dos Estados medievais. Embora tenha sofrido fortes pressões do Império Otomano, ao leste, e da Espanha (posteriormente do Império Habsburgo), a oeste, Veneza conseguiu, diplomaticamente, sobreviver, adaptando o comércio às novas condições criadas pela abertura das rotas marítimas e pelo desenvolvimento da indústria manufatureira, assegurando, assim, a prosperidade.
Setores – Geografia
O Vêneto faz fronteira com a Friuli-Venezia Giulia a leste, a Lombardia a oeste, o Trentino e o sul do Tirol a noroeste, a Emilia Romagna ao sul e a Austria ao Norte. Cerca de 4,5 milhões de pessoas vivem atualmente na Região, ocupando grande parte das planícies. A região é delimitada pelo Lago de Garda, pelo Rio Mincio, pelo Rio Pó, pela Livenza-Tagliamento e por uma porção oriental dos Alpes, os Dolomiti.
O Vêneto é constituído por sete Províncias: Belluno, Padova, Rovigo, Treviso, Veneza, Verona e Vicenza, perfazendo uma área de pouco mais de 18.000 km².
Um terço do território é coberto por montanhas e o restante é essencialmente plano, com inúmeros rios que desembocam no Mar Adriático, além de algumas elevações como os montes Berici e Euganei. A privilegiada hidrografia da região conta com vários rios importantes: Pó, Adige, Brenta, Bacchiglione, Piave e Guà, além do belo Lago de Garda.
AS MONTANHAS
O terço de território coberto de montanhas é dividido entre os chamados pré-alpes (Prealpi) e os alpes. A porção denominada Prealpi é formada principalmente por montanhas e áreas cobertas por florestas (Baldo, Lessini, Pasubio, Asiago, Feltre e Belluno), com altitudes que variam de 1.000 a 2.300 metros.
Os Alpes, por sua vez, iniciam-se em Piave (Cadore) e estendem-se ao norte até Carnic. A paisagem é dominada pelos belíssimos picos Dolomiti, que ultrapassam 3.000 metros de altitude.
AS PLANÍCIES
As planícies estendem-se dos Alpes até o Mar Adriático, incluindo a Laguna de Veneza e o delta do Pó. A extensa planície é interrompida somente pelos Montes Berici e pelas Colinas Euganei, Asolo e Montebello.
Fonte: paulon.com.br
Veneza
Itália Veneza a cidade sobre água
Veneza, nascida das ilhas selvagens de uma laguna, cresceria como a República de Veneza, uma potência marítima no Adriático e Mediterrâneo. Basílicas, palácios, estaleiros, praças e pinturas contam, hoje, a sua gloriosa história imperial.
Menos poderosa do que outrora, mas mais bela e sensual do que nunca, esta Velha Dama da Laguna não esconde o romance que vive com as águas que a envolvem.
Cidade romântica por natureza, oferece aos visitantes um ambiente único repleto de charme, glamour e muito amore.
A chegada a Veneza, seja de carro, comboio ou avião, é uma grande confusão, para não dizer uma desilusão. Mas depois de ultrapassada a balbúrdia ferroviária, dá-se de caras com o Grande Canal: aquela imagem de Veneza das gôndolas, pontes, máscaras e palácios com a porta de entrada a dar para a água, usada e abusada pelos Media, afinal é real! E, com este quadro, não só se recupera o ânimo perdido no desembarque, como também se acha a cidade ainda mais bonita do que nas fotografias dos livros, guias e postais, namorados em casa, antes da viagem.
O Grande Canal, conhecido pelos locais como o Canalazzo, insinua-se, com a forma de um S invertido, ao longo de 4 km de extensão. Desde a fundação do império veneziano, após a queda de Constantinopla, em 1204, serviu de via principal da cidade, sendo sulcado pelas grandes galés e navios comerciais, que subiam majestosamente até ao Rialto, para trocarem mercadorias.
Hoje, longe dos tempos de supremacia marítima no Adriático e Mediterrâneo, e de importante elo de ligação entre o Oriente e o Ocidente, Veneza vê o seu canal a transbordar de lanchas de madeira, vaporettos, gôndolas e motoscafos.
O tráfego, aparentemente descontrolado, sem a existência de semáforos, faz-se com segurança e todos parecem chegar aos seus destinos; apesar disso não tranquilizar muito os seus visitantes.
Por volta do ano 570 populações vindas do norte da Itália, numa apressada fuga dos Lombardos, optam por sentam arraiais nas ilhas da laguna de Veneza. 200 anos depois esta comunidade elege o primeiro dodge, encontrando-se a cidade sob influência bizantina. No século IX inicia-se a construção da Basílica de São Marcos, destinada a acolher os restos mortais do santo, patrono da cidade.
A partir de então começa a expansão da cidade como potente força comercial em toda aquela zona do Mediterrâneo. Nos séculos seguintes a cidade que ganha o nome de A Sereníssima tem participação ativa nas Cruzadas, ao mesmo tempo que dá todo o seu apoio ao Império Bizantino, afirmando-se como uma força a ter em conta no continente europeu.
De tudo isto, obviamente, retira grandes benefícios comerciais! No século XIII, movendo todas as suas influências, as autoridades venezianas conseguem alterar o rumo da quarta Cruzada ao conseguirem deslocá-la para Constantinopla.
Em resultado tomam o poder sobre a esta cidade colocando lá um imperador italiano, ao mesmo tempo que Veneza aproveita a ocasião para desenvolver a sua base comercial na ilha de Creta.
Mas, em 1261, com a ajuda dos genoveses, os bizantinos derrubam o imperador, constituindo esta situação um primeiro volte face na situação privilegiada de Veneza. Constantinopla cai, em 1453, e com ela o Império Bizantino.
A força dominante na região passa a ser o Império Turco-Otomano. Com a descoberta do caminho marítimo para Índia, por Vasco da Gama, Veneza perde influência no trafego comercial do Mediterrâneo.
Em meados do século XVI a cidade sofre horrores com a peste, que lhe leva grande parte dos habitantes. No século seguinte começa a perder a sua força e importância entrando em claro declínio, com a corrupção interna e a concorrência de outros países.
Durante as expedições de Napoleão, é anexada por este, o qual, posteriormente, a oferece à Áustria, sendo novamente reintegrada na Itália em 1866.
Com o chegar do século XX Veneza industrializa-se ao mesmo tempo que ganha reputação como destino turístico, descobrindo uma vocação até então desconhecida.
Basílica de São Marco
Praça São Marco
Edificada no século XI, apresenta no andar superior, a varanda com os célebres quatro cavalos do Santo (as cópias, pois os verdadeiros estão no Museu Marciano, para que não sejam destruídos pela corrosão), oferece uma vista soberba sob a praça. No interior, não deixe de apreciar a Pala dOro, o Tesouro e as cúpulas da Ascensão e de Pentecostes.
Aberta diariamente das 10 às 17h e das 13 às 17h ao domingo e feriados.
Santa Maria Gloriosa dei Frari
Campo dei Frari
Na zona oriental do bairro de San Polo ergue-se este templo gótico, construído em 1338. Com o seu campanário de 80 m de altura, guarda religiosamente algumas das maiores obras-primas do mundo, como a Assunção da Virgem e a Madonna di CaPesaro, de Ticiano, o Coro dos Frades e o Túmulo de Canova. Aberta das 9 às 18h de segunda-feira a sábado e das 15 às 18h ao domingo e feriados.
Santa Maria della Salute
Campo della Salute
Construída no extremo sul do Grande Canal em ação de graças pelo final da peste. Baptizada com o nome de Salute, que significa saúde e salvação, representa uma das referências arquitetônicas da cidade. O seu interior, relativamente sóbrio, consiste num vasto espaço octogonal sob a cúpula e seis capelas radiantes a partir do ambulatório. As melhores pinturas encontram-se na sacristia.
Aberta diariamente das 9 às 12h e das 15 às 17h20.
Basílica Santi Giovanni e Paolo
Campo Santi Giovanni e Paolo
Construída no final do século XIII e início do século XIV pelos dominicanos, impõe-se pelas enormes dimensões. O povo conhece-a por San Zanipolo, aquela que contém as belas capelas del Rosario e di San Domenico e o túmulo dos Doges, que governaram Veneza.
Aberta das 7h20 às 12h20 e das 15 às 19h de segunda-feira a sábado e das 15 às 18h ao domingo.
Palácio Ducal
Piazzeta San Marco
A construção do palácio dos Doges iniciou-se no século IX, vindo a ser reconstruído cinco séculos mais tarde. O corpo principal em mármore cor-de-rosa de Verona assente sobre um rendilhado de arcadas de pedra e um pórtico suportado por colunas, faz a ligeireza deste palácio gótico.
Vastas pinturas alegóricas e históricas embelezam as paredes e os tetos dos esplêndidos salões e câmaras, acessíveis pela magnífica Scala dOro e concebidos para impressionar os embaixadores e dignatários estrangeiros.
Ligeiramente macabras são as prisões do rés-do-chão e do primeiro andar, de onde Casanova conseguiu escapar. Aberto diariamente de Abril a Outubro das 9 às 19h e de Novembro a Março das 9 às 17h.
Ca Rezzonico
Fondamenta Rezzonico 3136
Iniciado em 1667, só seria acabado em 1712. Desde 1934 contém o museu de Veneza do século XVIII, com salas decoradas com frescos, pinturas e peças da época provenientes doutros palácios e museus.
CaPesaro
Grande Canal, Santa Croce 2076
Faustoso palácio do barroco concebido por Baldassare Loghena e construído por Leonardo Pesaro, procurador de San Marco, onde estão instalados o Museu Oriental e a Galleria dArte Moderna, com trabalhos de Bonnard, Matisse, Miró, Klee, Klimt e Kandinsky, e de muitos artistas italianos dos séculos XIX e XX.
Aberto de terça-feira a domingo das 9 às 14h.
Cad’Oro
Grande Canal (entrada pela Calle Cad’Oro)
Em 1420, Marino Contarini, procurador de São Marco, mandaria construir a Casa de Ouro, um edifício puramente gótico coberto de folha de ouro, azul-ultramar e vermelhão. O tempo apagaria a riqueza da sua fachada e o edifício sofreria muitas modificações efetuadas pelos proprietários que se seguiram. O barão Franchetti, mecenas da arte, salvou o prédio e devolveu-lhe a sua glória, para mais tarde o doar ao Estado. Desde 1984 contém a coleção Franchetti.
Galleria dellAccademia
Campo della Carità
A Accademia di Belle Arti, fundada em 1750, pelo pintor Giovani Battista Piazzetta foi a base deste grande museu de Itália. Em 1807, Napoleão transferiu-o para as atuais instalações, em Dorsoduro, nele instalando as obras das igrejas e mosteiros por ele pilhados. Hoje, as enormes e belas telas de Bellini, Giorgione, Tintoretto, Ticiano, Carpaccio, Veneziano, Véronèse, entre outros pintores da região do Véneto, fazem a riqueza da sua coleção.
Aberta diariamente das 9 às 19h: segunda-feira e domingo das 9 às 14h.
Fundação Peggy Guggengeim
Palazzo Venier dei Leoni, San Gregorio 701
Contando com 200 pinturas e esculturas de Max Ernst, Picasso, Gris, Braque, Magritte, Delvaux, Dalí, Chagall, Picasso, Jackson Pollock, Bacon, Mondrian, etc., este pequeno museu representa quase todo o movimento artístico contemporâneo, sendo um dos mais visitados em Veneza.
Aberta das 11 às 18h, excepto à terça-feira.
Scuola Grande di San Rocco
Campo San Rocco
A Scuola Grande di San Rocco (São Roque), padroeiro das doenças contagiosas, foi iniciada em 1515, por Bartolomeo Bon e acabada 34 anos depois por Scarpagnino. A Tintoretto foi pedido que decorasse as paredes e o teto da rica Scuola, que exibe na Sala dellAlbergo a impressionante obra A Crucificação.
Praça de São Marco
É hoje inundada por milhares de pessoas que ali vão para ver a sua Basílica, subir ao Campanário, visitar o Museu Correr ou, simplesmente, sentar-se numa das esplanadas dos cafés das arcadas dos edifícios da Procuratie, a ouvir as suas orquestras.
Localizada na zona mais baixa da cidade e aberta às águas da laguna pelo vestíbulo da Piazzetta, é um dos primeiros pontos a sofrer com a acqua alta (maré cheia). Completamente inundada, resolve o problema com a colocação de passadeiras sob estacas, o que não impede, no entanto, alguns turistas de a percorrerem com a água pelos joelhos e sapatos na mão.
Ponte dos Suspiros
Do cimo da Ponte della Paglia, na zona de San Zaccaria, consegue-se ver a Ponte dos Suspiros. Segundo a lenda, esta ponte, construída em 1600, para ligar o Palácio Ducale às novas prisões, foi assim baptizada pelas lamentações dos prisioneiros que a atravessam a caminho do tribunal dos inquisidores, o que destroi qualquer dedução mais romântica do seu nome. O acesso ao público faz-se pelo Itinerari Segreti do Palácio Ducale.
Arsenale
A palavra arsenal deriva do árabe darsinaa, casa da indústria. Este estaleiro, fundado no século XII e ampliado do século XIV ao XVI, foi o centro naval do Império Veneziano.
Era como uma cidade dentro da cidade, com oficinas, armazéns, fábricas, fundições e docas, onde trabalhavam cerca de 16.000 arsenalotti na construção, equipamento e reparação das grandes galeras venezianas.
Encerrado dentro de muralhas ameiadas, o local está hoje sob administração militar e quase todo vedado ao público.
A ponte junto ao arco da porta de entrada permite vistas parciais dos estaleiros, mas o vaporetto n.º 52 leva-o numa viagem através do centro do Arsenale Vecchio.
Ilhas
Longe da euforia turística de Veneza, espalham-se as outras ilhas da laguna, atuais refúgios de rústica beleza e tranquilidade. Giudecca situa-se mesmo em frente à Piazzetta de San Marco e tem sido alvo das objetivas de milhares de visitantes pela imagem da colossal Igreja do Redentore, de Palladio.
Murano, célebre pelo seu vidro (em 1291, a indústria vidraceira viu-se forçada a sair de Veneza por causa do risco de incêndio e do fumo desagradável dos seus fornos), pode ser alcançada em poucos minutos.
Mais a norte, na ilha de Burano, a brancura das rendas contrasta com o colorido das pitorescas casas de pescadores à beira do canal. Um pouco mais longe, fica a enigmática, maravilhosa e quase deserta ilha de Torcello, berço da Catedral Santa Maria Assunta, um dos edifícios veneziano-bizantino mais antigos de todo o Adriático.
O Lido, uma delgada faixa de areia com 12 km de extensão, forma uma barreira natural entre Veneza e o mar, sendo a única ilha da cidade com estradas e uma famosa estância de banhos e de desportos náuticos.
Restaurantes e cafés
A oferta de restaurantes é variada e o tipo de cozinha servida é invariavelmente italiana, baseando-se em especialidades feitas com os produtos mais frescos da estação, carne e queijo do continente e uma grande variedade de peixe e marisco.
Os bares e cafés também servem refeições rápidas, mas são mais frequentados para o café matinal, uma cerveja à hora do almoço ou um aperitivo ou digestivo, antes ou depois do jantar.
Em Veneza, sê veneziano. Para se deslocar de um lado para o outro, além de poder andar a pé, é, definitivamente, necessário apanhar um barco.
Numa lancha-táxi, chega-se mais depressa ao endereço pretendido, mas com o porta-moedas bem mais aliviado De gôndola, nem no dia seguinte. O melhor é mesmo embarcar no vaporetto, uma espécie de autocarro aquático.
Fonte: www.destinosdeviagem.com
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