Espanha Islâmica

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A expansão Árabe iniciada após a morte de Maomé, atingiu a península ibérica no século VIII em processos longos e complicados que se iniciaram com as primeiras incursões militares árabes a região entre os anos de 642 e 669 que partiram do Egito sem uma estratégia do califado central.

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E no momento em que a sede do califado transferiu-se de Medina para Damasco onde os Omiadas reconheceram a importância de dominar o mediterrâneo, e em 670 um exército Árabe chefiado por Uqba Ibn Nafi fundou a cidade de Al-Cairouan que passou a servir de base para operações militares mais distante.

E no ano de 711 o general liberto e governador da faixa ocidental do Magrebe Tarik Ibn Ziyad venceu o visigodo Rodrigo rei da Espanha. E a frente de seu exército com auxilio de berberes convertidos, ele atravessou o estreito e desembarcou em Jabal-i-Tariq e no ano de 712 uma nova leva de Árabes chegaram à região no momento em que grande parte da Espanha Central já tinha sido ocupada, e seguiram as suas conquistas através de Medina, Sidônia, Sevilha e Mérida e estabeleceram uma nova capital em Córdoba às margens do rio Guadalguivir e, ao prosseguirem em direção norte eles cruzaram a cidade de Tours na França em 732 onde foram derrotados, com isto a expansão do islã entre os Berberes não garantiu o apoio, a segurança e a estabilidade por eles desejadas em virtude das constantes mudanças promovidas pelo califado central e em razão dos interesses das diversas tribos e pela mistura de etnia e cultura dos povos.

Onde os árabes formavam a aristocracia, os Berberes que eram considerados como sendo uma classe inferior, os Mossárabes que eram os habitantes da península e mantinham o credo cristão, os Mualadíes quer eram filhos de mães escravas habitantes da península e que se converteram ao Islã e, também os Judeus e os escravos que reivindicavam igualdade de condições e direitos junto aos Árabes.

E em decorrência dos fatos entre os anos de 739 e 740 a insatisfação generalizou-se e transformou-se em uma revolta aberta sob a bandeira do Islã carijitas que lutaram contra o governo Omíada do oriente, com isto foi elevado ao poder à dinastia Abássida em 750 que constituiu uma civilização muito superior em Al-Andalus.

E durante a revolução abássida em Damasco o príncipe Abdul Rahaman foi auxiliado pelos Árabes fieis aos Omíadas e conseguiu escapar para Espanha onde derrotou o governador Abássida de Andaluzia e tomou Córdoba e assumiu o titulo de emir e declarou-se independente do califado central ao estabelecer o seu próprio emirado em nome dos Omíadas

E reconheceu a soberania religiosa do califa com o objetivo de fortalecer o reino peninsular, de consolidar as rotas comerciais do mediterrâneo e garantir uma relação com Bizâncio oriente o qual asseguraria o suprimento de ouro, e cujo território tinha uma grande mistura de povos cristãos, judeus e muçulmanos de varias etnias, principalmente de Árabes e Berberes que marcaram profundamente a cultura espanhola com um legado de arte, arquitetura, língua e tradições que transformou Córdoba em um centro de referencia da época, e com o correr do tempo a hegemonia política de Al-Andalus controlava o triangulo formado pela Argélia, Sijilmasa e Atlântico e a Espanha ocidental e nesta época o império germano-romano estabeleceu relações diplomáticas com o califado e pequenos fortes cristãos do norte da península que acabaram reconhecendo e aceitando a superioridade do califado que tinha as bases do poder assentadas na capacidade econômica proveniente de um comércio importante, uma industria desenvolvida e um conhecimento agrícola revolucionário e uma economia baseada em uma moeda de ouro que se tornou a principal moeda da época, tudo isto fez com que o califado de Córdoba se tornasse a principal economia urbana e comercial que floresceu na Europa.

Depois do desaparecimento do império romano Abd al Rahman III que era apaixonado tanto pela religião como pela ciências seculares.

E ao se mostrar determinado a amostrar ao mundo que sua corte em Córdoba igualava-se em grandeza à dos califas de Bagdá, ele importou diversos livros, recrutou alguns sábios, poetas, filósofos, historiadores e músicos de Bagdá para Andaluzia.

E um primeiros sábios a chegar foi Abbas Ibn Firmas para ensinar musica que um ramo da matemática e para atualizar a corte de Abd al Rahman III e, com o correr do tempo começou a investigar a mecânica do vôo ao construir um par de asas armadas numa estrutura de madeira para sua primeira tentativa de voar, e mais tarde construiu um planetário que simulava fenômenos meteorológicos, como os raios e trovoes.

E anos depois os matemáticos de Córdoba começaram a dar suas contribuições pessoais, quando o matemático e astrônomo de Andaluzia Maslamah al Majriti ao escrever inúmeros trabalhos sobre matemática e astronomia, e ao estudar e elaborar a tradução dos trabalhos de Ptolomeu e ampliar e corrigir as tabelas astronômicas de Al Khawarizmi, e também ao compilar as tabelas de conversão que relacionavam as datas dos calendários Persa com as datas da Hégira para que os eventos do passado Persa fossem datados com precisão, e ele foi precedido por outros cientistas competentes como Ibn Abi Ubaydah de Valência, Al Zargali notável matemático e astrônomo que viveu em Córdoba e que combinou o seu conhecimento teórico com a habilidade técnica para construção de instrumentos para uso astronômico e de um relógio d’água e construiu de forma eficiente nas famosas tabelas Toledanas e de livro de tabelas, e um outro sábio muito importante foi Al Bitruji que desenvolveu uma teoria sobre o movimento estrelar baseado no pensamento de Aristóteles em seu livro de forma.

Os cientistas da Espanha muçulmana também contribuíram de forma exuberante para a medicina com excelentes clínicos na Andaluzia quando estudaram os trabalhos dos médicos gregos traduzidos pela famosa Casa da Sabedoria em Bagdá e entre eles temos Ibn Shuhayd com sua obra sobe o uso de drogas, Abu al Qasim al Zahrawi que foi um dos mais famosos cirurgião da idade média que escreveu o livro Tasrif que traduzido para o latim se tornou o texto medico obrigatório nas universidades européias, Ibn Zuhr conhecido como Avenzoar era um clinico habilidoso que descreveu pela primeira vez os obsessos pericárdicas e Ibn Al Khatib médico historiador, poeta e estadista que escreveu um importante livro sobre a teoria do contágio e nesta época a Espanha muçulmana também trouxe grandes contribuições para a ética médica e higiênica através dos mais eminentes teólogos e juristas que ente eles podemos citar Ibn Hazm.

E na botânica Ibn al Baylar foi um dos mais famosos botânico andaluz que escrever o livro Drogas Simples Alimentos que era um compêndio das plantas medicinas nativas da Espanha e do norte da África, e no principio por mera curiosidade sobre o mundo e seus habitantes, os sábios da Espanha muçulmana começaram com os trabalhos de Bagdá e depois prosseguiram por suas próprias contas um estudo em parte por questões de ordem econômica e política da geografia básica da Andaluzia principalmente através de Ahmad Ibn Muhammad al Razi, e outros geógrafos que aqui podemos citar como o caso de Al Bakri que era um importante ministro na corte de Sevilha que publicou um trabalho voltado para a geografia da península arábica, Al Idrisi que estudou em Córdoba, e que depois de viajar muito se estabeleceu em Sicília onde escreveu o livro de Roger no qual descreveu a geografia sistemática do mundo, e nesta época inúmeros sábios na Andaluzia se devotaram ao estudo da história e das ciências lingüísticas que era a principal das ciências sociais cultivada pelos Árabes.

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E o espírito mis original foi Ibn Khaldun que foi o primeiro historiador a desenvolver e explicar as leis gerais que regem a ascensão e declínio das civilizações e em seus prolegômenos, uma introdução à enorme Historia Universal na qual ele abordou a história como uma ciência, e desafiou a lógica de muitos relatos históricos até então aceitos.

E uma outra grande área da atividade intelectual na Andaluzia foi a filosofia, onde foi feita uma tentativa de lidar com os problemas intelectuais surgidos com a introdução da filosofia grega no contexto islâmico e um dos primeiros a lidar com a questão foi Ibn Hazm que foi descrito como um dos gigantes da história intelectual do Islã e entre os muitos filósofos podemos citar Ibn Bajjah, Ibn Tufayl, Ibn Rushd que alcançou a mais notável reputação, pois sendo um aristotélico apaixonado, e a sua obra sobre o desenvolvimento da filosofia ocidental quando traduzida para o latim, teve um efeito duradouro. E quando se fala em arte islâmica temos que nos render à criatividade de uma arte e de uma arquitetura característica de uma civilização que dominou grande parte do mundo durante muito tempo, e que não se limita a uma única etnia e sim a diversas sob o signo da autentica identidade supranacional com grande diversidade culturais que tomaram formas locais e regionais e no primórdios do Islã surgiu de imediato uma arte rica e variada com base na tradição clássica das artes bizantinas, persas e nos povos orientais subjugados e que deram como resultado uma arte tipicamente muçulmana e entre as artes decorativas hispano-muçulmanas merecem destaques os arcos, os entalheis, o uso do bronze os objetos de madeiras, a cerâmica vidrada, as pias para abluções, os tecidos de seda bordados e os livros ricamente encadernados,

E quanto a arquitetura militar cabe citar as fortificações das cidades com muralhas que apresentavam guaritas em espaços regulares e quanto a arquitetura residencial destacavam-se os palácios e alcazares.

E durante o período de 756 a 929, oito emires se sucederam numa época brilhante sobre o ponto de vista cultural, ainda que obscurecida por diversos levantes, até que Abdul Rahman III decidiu fundar um califado ao se declarar como emir Al-Muminin, e se outorgando além do poder temporal, o espiritual sobre a comunidade muçulmana, este califa como o seu sucessor Al-Hakam II, que durante o seu governo soube de forma brilhante formar a integração étnico-cultural ente os Berberes, Árabes, Hispânicos e Judeus ao apaziguar a população a pactuarem com os cristãos e mandou construir e ampliar numerosos edifícios ao se cerca do que havia de mais erudito na época e para isto temos como exemplo a construção da mesquita de Córdoba, cuja obra teve continuidade com o seu sucessor Al-Hakam II, no entanto nem todos os sucessores destes brilhantes califas seguiram as suas políticas tão aceitada, com isto surgiram os primeiros focos de resistências, a após alguns anos de guerras civil, o califado foi finalmente abolido.

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E com o reinicio das lutas separatistas e as rebeliões surgiram às divisões e decomposições na Andaluzia quando as grandes famílias Árabes, Berberes e Muwaladis e Cristãos hispânicos que abraçaram o islã quiseram usufruir as benesses do estado, então surgiram por todas as partes os reis de taifas ao se elevarem à categoria de donos e senhores dos principais lugares do território andaluz

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Com isto Dom Afonso VI liderando um exército cristão retomou a cidade de Toledo e dando inicio a reconquista espanhola, e isto fez surgir o ressentimento étnico religioso quando mercenários muçulmanos e cristãos como a figura de El Cid que estavam dispostos a lutar contra seus próprios correligionários que mantivessem determinadas posições de poder.

Enquanto isto no Magrebe ocidental surgia um movimento político e religioso numa tribo Berbere do sul que eram os Lamtuna que fundaram a dinastia dos Almorávidas com o objetivo de estabelecer uma comunidade política com os ensinamentos islâmicos do teólogo Abdallah Ibn Yasin, ao aderiram ao islã ortodoxo, e os seus seguidores ficaram conhecidos como Al-Murabitum (o povo dos monastérios e na historiografia ocidental como os Almorávidas) e em pouco tempo empreenderam uma serie de campanha e formaram um império que compreendia parte do norte da África e da Andaluzia e no ano de 1055 sob a chefia de Ibn Tashfim os Almorávidas penetraram na península e conquistaram Sijilmasa e Awdaghust que eram importantes centros comerciais de ouro trans-sahariano quando venceram as tropas de Dom Afonso VI em Sagrajas e fundaram a cidade de Marrakesh que passou a ser a capital do reino Almorávidas.

Ao darem prosseguimento de suas campanhas os Almorávidas acabaram com os reis de Taifas e passaram a governar a Andaluzia onde acabaram encontrando uma certa oposição por parte da população que se revoltou com o rigor e rigidez por eles praticada.

E com a morte de Abdallah Ibn Yasin, um de seus seguidores de nome Abu Bakr tomou para si o manto da liderança e continuou as conquistas do noroeste da África, e no ano de 1087 Yusuf Ibn Tashfin tornou-se o líder do ramo norte dos Almorávidas e conquistou a cidade de Ceuta ao longo do estreito de Gibraltar.

Enquanto isto Dom Afonso VI retomava a cidade muçulmana de Toledo, com isto o governante muçulmano de Sevilha ao se sentir ameaçado pediu ajuda, com isto Ibn Tasfin cruzou o estreito e derrotou Dom Afonso VI e retornou a Marrocos e em novo avanço ele submeteu seus aliados muçulmanos e anexou toda a Espanha muçulmana ao seu vasto império que ia do rio Senegal até o rio Ebro, com isto a Andaluzia se transformou numa simples província de Marrocos, no entanto essa unificação política não durou muito tempo em virtude das dificuldades econômicas, inquietação social e das desavenças entre as comunidades judaica e cristã que geraram uma série de revoltas, enquanto isto surgia um novo movimento religioso em Magrebe que era os Almoadas para ameaçar a supremacia dos Almorávidas.

Esta nova dinastia que surgiu numa tribo Berbere procedente do Atlas era liderada pelo guerreiro Ibn Tumart que se organizou para derrotar seus predecessores, e apesar de terem tidos grandes construtores e cercados dos melhores literatos e cientistas da época, eles acabaram por sucumbir ao relaxamento dos costumes e quando parecia que tudo estava perdido devido ao avanço de Castela.

Foi que surgiu em Jaén a dinastia Nasari fundada por Al-Ahmar Ibn Nasr, o célebre Abenamar do romanceiro que deu novos alentos aos muçulmanos, com sede em Granada seu reino compreendia as regiões granadina, almeriense e malaguenha e parte da Murcia e cercado de grande instabilidade em virtude de estarem ao norte os reis católicos e ao sul os sultões Marinidas de Marrocos e que apesar de tudo a cidade de Granada se constituiu como uma grande metrópole em seu tempo onde acolhia muçulmanos de todas as partes do mundo.

E em meados do século XIII, tudo o que restava da Espanha muçulmana era o reino de Granada na costa sul da península ibérica, pois os cristãos tinham reconquistado Córdoba em 1236, Sevilha em 1248 e em breve todo a península ibérica se tornou cristã e o ponto decisivo se deu no final do século XV quando do casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castela e Leon que unificaram a Espanha e fortaleceram os exércitos cristãos.

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E por conta disto em 1492 os cristãos finalmente derrotaram os muçulmanos quando o rei Bobadilha Abu Abd Allah capitulou perante aos reis católicos ao entregar a cidade de Granada e partir desta data se deu o inicio das perseguições e aculturação sem trégua dos mouriscos que permaneceram sob o domínio cristão até acontecerem às expulsões maciças a partir de 1610 quando deixaram para traz setecentos anos de ocupação da península ibérica com seus legados indeléveis na cultura espanhola que pode ser vista hoje na arquitetura, língua e nas tradições da Espanha.

Fonte: www.geocities.com

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Islam – Anos de Ouro

No século VII, a península arábica era habitada por povos que levavam uma vida nômade, divididos por tribos, incapazes de constituir uma federação mais ampla e estável. Sua religião era politeísta, com algumas crenças semíticas.

Adoravam pedras e eram profundamente supersticiosos, com a prática de jogos de advinhação e oráculos. Ao sul da península, no Iêmen, havia formas de sociedades mais desenvolvidas. Importante porto, por ali passava todo o comércio vindo do Oriente, que ganhava o interior da península através de caravanas de cameleiros que iam até à Síria.

Persas e etíopes disputavam a posse de pontos essenciais. Os sassânidas tinham o monopólio comercial do Oceano Índico e tentavam impedir a concorrência de Bizâncio, que pelo Egito tentava infiltrar-se na região.

Em decorrência, Meca tornara-se um centro comercial importantíssimo, rota de passagem entre o Iêmen e a Síria e o atual Iraque. Portanto, os árabes não viviam confinados, como podemos imaginar, mas nas fronteiras das duas grandes civilizações existentes então. E sua religião absorvia essa realidade, posto que sua fé refletia um pouco de todas as crenças populares do Oriente.

É nesse ambiente que nasce Mohammad, o homem que pregou a religião única, revelada aos árabes para completar as revelações anteriores. Membro de uma tribo tradicional em Meca, os coraixitas, órfão desde muito cedo, foi criado por seu avô, primeiro, e depois por seu tio, Abu Talib.

Homem de hábitos simples, dado à contemplação, era conhecido no seu meio por sua honradez no trato com os negócios e por sua simplicidade. Aos 25 anos casa-se com Khadija, uma viúva mais velha do que ele, uma rica empresária que administrava seus próprios negócios.

Aos 40 anos recebe a primeira mensagem e, a partir daí, durante os 23 anos seguintes, o conjunto dessas mensagens foi sendo ordenado e sistematizado em um livro, o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.

Em linhas gerais, o Islam é uma religião simples, isenta de dogmas e fundamenta-se em 5 pilares básicos: crença em Deus, nos Seus anjos, nos livros e nos mensageiros, no dia do juízo final, e na predestinação. São pilares da fé: o testemunho, a oração 5 vezes ao dia, o pagamento do zakat, o jejum no mês do Ramadã e a peregrinação, pelo uma vez na vida.

As fontes do Islam são basicamente três: o Alcorão, a sunnah do profeta e as biografias escritas.

Mensagens simples, num estilo candente e direto, de fácil compreensão por parte das pessoas, de imediato surgem as adesões em massa, o que vem abalar o poder da classe dominante em Meca, à época em mãos dos coraixitas.

O Alcorão promove uma verdadeira revolução na vida social e política árabe. Ele realçava a igualdade das pessoas dentro da comunidade muçulmana. Os mercadores das cidades e os nômades do desertos estavam unidos sob a mesma liderança. As mulheres passaram a usufruir de uma condição até então desconhecida.

Em 622, após anos de perseguições, embargos, humilhação e sofrimento, Mohammad busca refúgio em Iatrib, chamada de A Cidade (Madina) do Profeta. É a Hégira, que dá início à era muçulmana.

Em Medina, já não é mais apenas a pregação de uma fé. Mohammad organiza uma comunidade dentro dos princípios islâmicos revelados por Deus, e cuja lei o muçulmano não dissocia da fé, posto que sua origem é divina.

Ao morrer, em 632, Mohammad tinha fundado uma religião consciente de sua especificidade, esboçara um regime social externo e superior à organização social e unificara a Arábia, coisa até então inconcebível.

Toda a Arábia havia se tornado muçulmana e os árabes já não mais estavam divididos entre a lealdade ao Islam ou às tribos, porque todos eram muçulmanos e o Islam havia absorvido a todos por igual.

No entanto, as discórdias internas coraixitas foram muito mais perigosas. Durante a existência do Profeta, os coraixitas haviam sido os mais ferrenhos opositores ao Islam e à família do Profeta, os descendentes de Hashim.

Quando ‘Ali, primo e marido da filha de Mohammad, portanto, um hashimita, foi escolhido como califa, encontrou forte oposição por parte de Muawiya, filho de Abu Sufyan, descendente do clã dos omíadas.

Foram cinco anos de guerra civil entre hashimitas e omíadas, culminando com o assassinato de ‘Ali. Muawiya tornou-se califa e estabeleceu a dinastia omíada, que governou o mundo muçulmano por 90 anos, de 661 a 750.

Husain, neto do Profeta, foi assassinado pelos Omíadas, em Kerbala, no Iraque. As dissenções entre omíadas e hashimitas dividiram o mundo islâmico e se estenderam até os dias atuais. Aqueles que defendem o direito dos descendentes de ‘Ali ao califado, ficaram conhecidos como xiítas (Shia – Partido de ‘Ali) e, do ponto de vista espiritual, constituem-se numa fação separada dos sunitas, aqueles que seguem as sunas (ditos e atos) do Profeta.

Após a morte de Mohammad, seguem-se as primeiras conquistas, iniciadas com a tomada da Síria (633-636), depois Iraque (637), Egito (639-642), Irã (651), no século VIII a ocupação da Africa do Norte e Turquia, e daí, cruzando o Mediterrâneo, para a Espanha e Sicília, atingindo a Gália. Em 712, o Islam tocava as fronteiras da China e ocupava o que hoje corresponde ao Paquistão ocidental.

Em direção ao Ocidente, eles alcançaram o auge de sua expansão em 732, exatamente 100 anos após a morte do Profeta, quando foram derrotados em Tours, na região central da França, a um passo de cruzar o canal da Mancha e alcançar Dover, na Inglaterra.

A expansão árabe, partindo de um emaranhado de tribos nômades hostis, de um deserto remoto, para transformar-se no maior império do mundo, é um dos eventos mais impressionantes e dramáticos da história mundial.

De início, essas conquistas não apresentaram efeitos perturbadores sobre as populações conquistadas. Não havia perseguição religiosa por parte dos muçulmanos. Só se exigia que os não-muçulmanos admitissem a supremacia política do Islam, materializada no pagamento de um imposto especial, na proibição de qualquer proselitismo junto a muçulmanos e no caráter puramente árabe do exército.

Na verdade, essas reservas pouco afetavam o cotidiano dos povos vencidos. O que é fato é que a vida intelectual floresceu, tanto em Córdoba e Granada como em Damasco e Bagdá. Após 200 anos de iniciada a expansão islâmica, surgem as primeiras divergências e o domínio do Islam começa a se fragmentar em uma série de governos independentes, cada um deles com uma feição própria, e a supremacia titular do califado passa a ser recusada.

Nos cinco séculos seguintes as regiões centrais da Ásia começam a sofrer as invasões nômades e o mundo islâmico vai perdendo a unidade política e o brilho militar que haviam caracterizado os primeiros séculos do Islam.

A Ásia Ocidental é ocupada pelos turcos seljúcidas, que passam a controlar o califado, partilhando com os fatimidas do Egito, o poder dominante da comunidade muçulmana. Tão importante quanto a chegada dos turcos, foi o aparecimento dos mongóis na última grande invasão nômade do mundo civilizado.

Em 1492, Granada rendeu-se ao exército de Fernando e Isabela, da Espanha, marcando o fim do domínio islâmico na Europa ocidental. Em 1500, já não mais havia esperança de unidade política no mundo islâmico.

Eram dois os principais centros islâmicos: o Egito e o império otomano. Duas grandes culturas dividiam os muçulmanos: a cultura árabe, com o predomínio do Egito, e a cultura persa, que se tinha difundido entre os grandes impérios continentais criados pelos povos turcos.

Apesar disso, o Alcorão, as tradições e a lei, foram os instrumentos aglutinadores para transformar as divergências em uma força social, o que, em última análise, significava o domínio do árabe.

Quando falamos em estado islâmico, estamos nos referindo ao período da história islâmica em que os princípios e as instruções do Islam foram totalmente aplicados em seu verdadeiro sentido. Esse período começa em 622 DC, quando o profeta Mohammad estabeleceu o primeiro estado islâmico na cidade de Medina.

Depois de sua morte, os quatro primeiros Califas que se seguiram, conhecidos como os califas probos (Abu Bakr, Omar, Osman e Ali), aplicaram em sua totalidade todos aqueles princípios islâmicos.

O período que se seguiu e que se estende até os dias atuais, podemos dizer que o sistema islâmico autêntico se modificou, transformando-se em monarquias, sem a participação popular na escolha de seus governantes. São sistemas hereditários, semelhantes aos tempos pré-islâmicos, baseados no sistema tribal. O Islam não reconhece esses governos e sequer pode ser responsabilizado por eles.

A seguir, para que se tenha uma melhor compreensão dos acontecimentos desse período, apresentamos uma cronologia que melhor poderá orientar no estudo do Islam.

Cronologia

Século VII (600 – 699 d.C)

622: Hégira. O Profeta migra para Medina, iniciando-se a contagem do calendário muçulmano.
623: Expedição a Nakhla.
624: Batalha de Badr.
625: Batalha de Uhud. Segunda expedição a Badr. Expedição a Beni an Nazir.
626: Expedição a Beni Mustaliq.
627: Batalha de Trench. Expulsão dos judeus de Banu Quraiza.
628: Pacto de Hudaibiya. Mohammad envia cartas a vários chefes de estado.
629: O Profeta realiza a peregrinação a Meca. Expedição a Muta (romanos).
630: Conquista de Meca. Batalhas de Hunayn, Auras e Taif.
631: Expedição a Tabuk. Ano de missões diplomáticas.
632: Peregrinação da despedida em Meca.
632: Morte do Profeta. Eleição de Abu Bakr como Califa. Expedições à Síria. Diversas batalhas.
633: Campanhas em Bahrain, Oman, Iêmen e Hadramut. Incursões ao Iraque. Diversas batalhas.
634: Batalhas de Basra, Damasco e Ajnadin. Morte de Abu Bakr e ‘Omar torna-se califa.
635: Conquista de Damasco e diversas batalhas.
636: Conquista de Madain.
637: Conquista da Síria. Batalha de Yarmuk. Queda de Jerusalém.
638: Conquista de Jazirah.
639: Conquista do Khuizistan. Avanço em direção ao Egito.
640: Tomada de Cesaréia, na Síria. Conquista de Shustar e Jande Sabur, na Pérsia. Batalha de Babylon, no Egito.
641: Batalha de Nahawand. Conquista de Alexandria.
642: Batalha de Rayy na Pérsia. Conquista do Egito. Fundação de Al Fustat.
643: Conquista do Azerbaijão e do Tabaristão, (Rússia).
644: Conquista de Fars, Kerman, Sistan, Mekran e Kharan.Morte de Omar e Osman torna-se califa.
645: Campanhas em Fats.
646: Campanhas na Ásia Menor.
647: Campanhas no norte da África. Conquista da ilha de Chipre.
648: Campanhas contra os bizantinos.
651: Batalha naval de Masts contra os bizantinos.
652: Descontentamentos e hostilidades contra o governo de Osman.
656: Morte de Osman. Ali, genro do Profeta, se torna califa. Batalha do Camelo.
657: Ali muda a capital para Kufa. Batalha de Siffin e o processo de arbitragem em Daumaut ul Jandal.
658: Batalha de Nahrawan.
659: Conquista do Egito por Muawiya.

660: Ali retoma Hijaz e o Iêmen de Muawiya. Muawiya se proclama Califa de Damasco.
661: Morte de Ali. Assume Hassan, que renuncia. Muawiya se torna o único califa. Período omíada
662: Revolta dos carijitas.
666: Ataque à Sicília..
670: Avanço no norte da África. Conquista de Cabul..
672: Captura da ilha de Rodes. Campanhas em Corassã.
674: Bucara se torna um estado vassalo.
677: Ocupação de Samarcanda e Tirmiz. Cerco a Constantinopla.
680: Morte de Muawiya. Assume Yazid. Tragédia de Kerbala e morte do Califa Husein.
682: No norte da África, Uqba ibn Nafe marcha para o Atlântico, sofre uma emboscada
e é morto em Biskra. Os muçulmanos recuam e se retiram de Burqa.
683: Morte de Yazid e assume Muawiya II.
684: Abdullah ibn Zubair se declara Califa de Meca. Marwan I se torna Califa de Damasco.
685: Morte de Marwan I. Abdul Malik torna-se Califa de Damasco. Batalha de Ain ul Wada.
686: Mukhtar se declara Califa de Kufa.
687: Batalha de Kufa entre as forças de Mukhtar e Abdullah ibn Zubair. Mukhtar é morto.
691: Batalha de Deir ul Jaliq. Kufa se rende a Abdul Malik.
692: Queda de Meca. Morte de Abdullah ibn Zubair. Abdul Malik se torna o único califa.
695: Revolta carijita em Jazira e Ahwaz. Campanhas no norte da África. Os muçulmanos ocupam Kish.

Século VIII (700 – 799d.C)

700: Campanhas contra os bérberes no norte da África.
701: Al Hajjaj vence a rebelião liderada por Ashasat no Iraque e batalha de Deir ul Jamira.
705: Morte de Abdul Malik. Assume al-Walid I como califa.
711: Conquista da Espanha. Sind e Transoxiana.
712: Avanço dos muçulmanos na Espanha, Sind e Transoxiana.
713: Conquista de Multan.
715: Morte de Walid I. Assume Suleiman.
716: Invasão de Constantinopla.
717: Morte de Suleiman. Assume Omar ibn Abdul Aziz.
720: Morte de Omar ibn Abdul Aziz. Assume Yazid II.
724: Morte de Yazid II. Assume Hisham.
725: Os muçulmanos ocupam Nimes, na França.
732: Batalha de Tours, na França.
737: Os muçulmanos sofrem uma derrota em Avignon, na França.
740: Rebelião xiíta sob a liderança de Zaid ibn Ali. Revolta bérbere na África do Norte. Batalha dos Nobres.
741: Batalha de Bagdoura na África do Norte.
742: O governo muçulmano é restabelecido em Cairouan.
743: Morte de Hisham. Assume Walid II. Revolta xiíta em Corassã, com Yahya ibn Zaid.
744: Walid II é deposto. Assume Yazid III, que morre. Assume Ibrahim, que é deposto.Batalha de Ain alJurr. Assume Marwan II.
745: Os carijitas ocupam Kufa e Mosul.
746: Batalha de Rupar Thutha, Kufa e Mosul são ocupadas por Marwan II.
747: Revolta de Abu Muslim em Corassã.
748: Batalha de Rayy.
749: Batalhas de Isfahan e Nihawand. Tomada de Kufa pelos abássidas. As Saffah é o califa abássida em Kufa.
750: Batalha de Zab. Queda de Damasco. Fim do período omíada. Início do período abássida.
751: Conquista de Wasit pelos abássidas. O ministro Abu Salama é assassinado.
754: Morte de As Saffah. Mansur assume o califado.
755: Revolta de Abdullah b Ali. Abu Muslim é assassinado. Revolta em Corassã.
756: Abdul Rahman funda um estado omíada na Espanha.
762: Revolta xiíta, sob a liderança de Muhammad (Nafs uz Zakia) e Ibrahim.
763: Fundação de Bagdá. Derrota dos abássidas na Espanha.
767: É estabelecido um estado carijita por Ibn Madrar, em Sijilmasa. Revolta em Corassã.
772: Batalha de Janbi na África do Norte. Surge um estado rustamida no Marrocos.
775: Morte do califa abássida Mansur. Assume Mahdi como califa.
777: Batalha de Saragoza na Espanha.
785: Morte do califa Mahdi. Assume Hadi.
786: Morte do califa Hadi. Assume Harun ar Rashid.
788: Surge um estado idrísida no Magrebe. Morte de Abdul Rahman da Espanha e assume Hisham.
792: Invasão do sul da França.
796: Morte de Hisham na Espanha. Assume al Hakam.
799: A revolta dos khazars é reprimida.

Século IX – 800 – 899d.C

800: Os aglábidas estabelecem-se na África do Norte.
803: Queda dos barmakidas. Execução de Jafar Barmki.
805: Campanhas contra os bizantinos.Tomada das ilhas de Rodes e Chipre.
809: Morte de Harun ur Raschid. Assume Amin.
814: Guerra civil entre Amin e Ma’mun. Amin morre e Ma’mun se torna califa.
815: Revolta xiíta, sob a liderança de Ibn Tuba Tabs.
816: Revolta xiíta em Meca, sufocada por Harsama. Na Espanha, os omíadas tomam a ilha de Córsega.
817: Harsama é assassinado.
818: Os omíadas da Espanha tomam as ilhas de Izira, Maiorca e Sardenha.
819: Ma’mun chega a Bagdá.
820: Tahir estabelece um governo tahirida, em Corassã.
822: Morte de Al Hakam na Espanha. Assume Abdul Rahman. II.
823: Morte de Tahir em Corassã. Assume Talha, que é deposto. Assume Abdullah ibn Tahir.
827: Ma’mun declara o credo mutazillah como religião de estado.
833: Morte de Ma’mun. Assume Mu’tasim.
836: Mu’tasim transfere a capital para Samarra.
837: Revolta dos Jats.
838: Revolta de Babek no Azerbaijão é reprimida.
839: Revolta de Maziar no Tabaristão. Muçulmanos ocupam o sul da Itália. Tomada da cidade de Messina, na Sicília.
842: Morte de Mu’tasim. Assume Wasiq.
843: Revoltas dos árabes.
847: Morte de Wasiq. Assume Mutawakkil.
850: Mutawakkil restabelece a ortodoxia.
849: Morte do governante tahirida, Abdullah ibn Tahir. Assume Tahir II.
852: Morte de Abdur Rahman II da Espanha. Assume Muhammad I.
856: Umar ibn Abdul Aziz funda o governo habarida em Sind.
858: Mutawakkil funda a cidade de Jafariya.
860: Ahmad funda o governo samânida na Transoxiana.
861: O califa abássida Mutawakkil é assassinado. Assume Muntasir.
862: Muntasir morre envenenado. Assume Mutasin.
864: Hasan ibn Zaid estabelece um estado no Tabaristão.
866: Mutasim é deposto e foge de Samarra. Assume Mutaaz.
867: Yaqub ibn Layth estabelece o governo seférida em Sistan.
868: Ahmad ibn Tulun estabelece o governo tulunida no Egito.
869: Mutaaz, o califa abássida, é forçado a abdicar. Assume Muhtadi.
870: Revolta turca contra Muhtadi, que morre, assumindo Mutamid.
873: Termina o governo tahirida.
874: Revolta zanj no sul do Iraque. Morte do governante samânida Ahmad. Assume Nasr.
877: Morte de Yaqubb Layth do Sistan. Assume Amr ibn Layth.
885: Morre Ahmad ibn Tulun no Egito e assume Khumarawayiah.
866: Morre Muhammad I, o governante omíada da Espanha. Assume Munzir. Morte de Abdullah ibn Omar, o governante habarida do Sind.
888: Morte de Munzir, o governante omíada da Espanha. Assume Abbullah.
891: É estabelecido o estado qarmatiano no Bahrein.
892: Morte de Nasr, o governante samânida. Assume Ismail.
894: Os rustamidas se submetem à Espanha.
896: Morte do governante tulunida Khumarawayiah. Assume Abul Asakir Jaish.
897: Abul Asakir Jaish é assassinado. Assume Abu Musa Harun.
898: Os qarmatianos saqueiam Basra.

Século X – 900 – 999 d.C

902: Morte do califa abássida Muktafi. Morte do governante seférida Amr.
903: O governante qarmatiano Abu Said é assassinado. Assume Abu Tahir.
905: Abdullah ibn Hamdan funda a dinastia hamdanida, em Mosul e Jazira. Fim dos tulinidas no Egito.
907: Morte do califa abássida Muktafi. Assume Muqtadir.
908: Fim do governo seférida, anexação de seus territórios aos samânidas.
909: Obaid Alla al Mahdi funda o governo fatimida na África do Norte. Fim da dinastia aglábida.
912: Morte do omíada Amir Abdullah, da Espanha. Assume Abdur Rahman III.
913: O samânida Ahmad II é assassinado. Assume Nasr II.
928: Mardawij ibn Ziyar funda o governo ziyarida no Tabaristão.
929: Os qarmatianos saqueiam Meca e levam a Pedra Negra da Caaba. Na Espanha, Abdur Rahman III é o califa.
931: O califa abássida Muqtadir retorna ao governo. Morte do qarmatiano Abu Tahir.
Assume Abu Mansur.
932: Morte do califa abássida Muqtadir. Assume Al Qahir.
934: Deposição de Al Qahir. Assume Ar Radi. Morte do califa omíada Ubaidullah.Assume Al Qaim.
935: O ziyarida Mardawij é assassinado. Assume Washimgir. Morte de Abdullah b Hamdan. Assume Nasir ud Daula.
936: Através de um golpe, Ibn Raiq se torna Amir ul Umara.
938: Um outro golpe em Bagdá, liderado por Bajkam, tira-lhe o poder.
940: Morte do califa abássida Ar Radi. Assume Muttaqi.
941: Bajkam é assassinado e o poder é tomado por Kurtakin.
942: Ibn Raiq retoma o poder.
943: Al Baeidi toma o poder. O califa abássida Muttaqi é forçado a buscar refúgio entre os hamdanidas. Sail ud Daula toma o poder em Bagdá e o califa retorna. Tuzun toma o poder e Said ud Daula se refugia em Mosul. Morte do governante samânida Nasr II.Assume Nuh
944: Muttaqi é deposto. Assume Mustakafi.
945: Morte de Tuzun. Shirzad se torna Amir ul Umra. Os buaihidas tomam o poder.
Deposição do califa abássida Mustakafi.
946: Morte do califa fatimída Al Qaim. Assume Mansur. Morte de Mohammad ibn Tghj. Assume Abul’ Qasim Ungur.
951: A Pedra Negra volta para a Caaba em Meca.
954: Morte do samânida Nuh. Assume Abdul Malik.
961: Morte do samânida Abdul Malik.Assume Manauf. Alp-tagin funda a dinastia dos ghaznavidas. Morte do califa omíada Abdul Rahman III, da Espanha. Assume Al Hakam. Morte do governante Ungur. Assume Abul Hasan Ali.
965: Morte do governante qarmatiano Abu Mansur. Assume Hasan Azam, que é assassinado. O poder é tomado por Malik Kafur.
967: Morte do Sultão Muiz ud Daula. Assume Bakhtiar. Morte do governante hamdanida Sail ud Daula.
968: Os bizantinos ocupam Alepo. Morte de Malik Kafur. Assume Abul Fawaris.
969: Os fatimidas ocupam o Egito.
972: Buluggin ibn Ziri funda o governo dos ziridas na Argélia.
973: Distúrbios entre xiitas e sunitas em Bagdá. O general turco Subuktgin toma o poder em Bagdá.
974: O califa abássida Al Muttih abdica. Assume At Taii.
975: Morte do general turco Subuktgin. Morte do califa fatimida Al Muizz.
976: O sultão Izz ud Daula retoma o poder com a ajuda do primo Azud ud Daula. Morte do samânida Mansur. Assume Nuhr II. Morre o califa omíada Hakam. Assume Hisham II.
978: Morte do Sultão Izz ud Daula, e o poder é tomado por Azud ud Daula. Os hamdanidas derrotam os buaihidas.
979: Bubkutgin se torna Emir de Ghazni.
981: Fim do governo qarmatiano no Bahrein.
982: Morte do sultão buaihida Adud ud Daula. Assume Sharaf ul Daula.
984: Morte do governante zirida Buluggin. Assume Mansur.
986: Samsara ud Daula é deposto por Sharaf ud Daula.
989: Morte do sultão Sharaf ud Daula,. Assume Baha ud Daula.
991: Deposição do Califa abássida At Taii. Assume Al Qadir.
996: Morte de Mansur. Assume Nasir ud Daula Badis.
997: Morte do governante samânida Nuh II. Assume Mansur II.
998: Morte de Mansur II. Assume Abdul Malik II. Mahmud se torna Emir de Ghazni.
999: Fim do domínio samânida.

Século XI – 1000 -1099 d.C

1001: Mahmud de Ghazni derrota os shahis indus.
1004: Mahmud toma Bhatiya.
1005: Mahmud toma Multan e Ghur.
1008: Mahmud derrota a Confederação de Rajput.
1010: Hisham II da Espanha abdica. Assume Mohammad.
1011: Na Espanha, Mohammad é deposto por Sulaiman.
1012: Na Espanha, o poder é tomado por Bani Hamud. Morte de Baha ud Daula. Assume o Sultão ud Daula.
1016: Morte do governante zirida Nasir ud Daula Badis. Assume Al Muizz.
1018: Na Espanha, o poder é tomado por Abdul Rahman IV.
1019: Conquista do Punjab por Mahmud Ghazna.
1020: O buaihida ud Daula é deposto por Musharaf ud Daula, morte do califa fatimidaAl Hakim, assume Al Zahir.
1024: Na Espanha, Abdul Rahman IV é assassinado. Assume Mustafi.
1025: Morte do buaihida Mushgraf ud Daula. Assume Jalal ud Daula.
1029: Na Espanha, morte de Mustaft. Assume Hisham III.
1030: Morte de Mahmud Ghazni.
1031: Hisham III é deposto na Espanha, fim dos omíadas. Morte do califa abássida Al Qadir. Assume Al Qaim.
1036: Morte do califa fatimida Al Zahir. Assume Mustansir. Tughril Beg é coroado rei dos seljúcidas.
1040: Batalha de Dandanqan, os seljúcidas derrotam os ghaznavidas. Deposição de Mas´ud, o sultão ghaznavida. Assume Mohammad. Os almorávidas chegam ao poder na África do Norte.
1041: O sultão ghaznavida Mohammad é deposto por Maudud.
1044: Morte do buaihida Jalal ud Daula. Assume Abu Kalijar.
1046: Basasiri toma o poder em Bagdá.
1047: Os ziridas na África do Norte recusam fidelidade aos fatimidas e transferem essa fidelidade aos abássidas.
1048: Morte do buaihida Abu Kalijar. Assume Malik ur Rahim.
1050: Yusuf ibn Tashfin chega ao poder no Magrebe.
1055: Tughril Beg derruba os buaihidas.
1057: Basasiri retoma o poder em Bagdá, depõe Al Qaim e promete fidelidade ao califa fatimida.
1059: Tughril Beg retoma o poder em Bagdá e al Qaim reassume como califa.
1060: Ibrahim se torna sultão de Ghazna. Yusuf ibn Tashfin funda a cidade de Marrakesh. Os ziridas abandonam a capital e estabelecem uma nova capital em Bougie.
1062: Morte do governante zirida Al Muizz. Assume Tamin.
1063: Morte do sultão seljúcida Tughril Beg. Assume Alp Arsalan.
1071: Batalha de Manzikert, o imperador bizantino é feito refém pelos seljúcidas.
1073: Morte de Alp Arsalan. Assume Malik Shah.
1077: Morte do califa abássida Al Qaim. Assume Al Muqtadi.
1082: Os almorávidas conquistam a Argélia.

1086: Batalha de Zallakha. Os almorávidas derrotam os cristãos na Espanha. Morte do Sultão Suleiman, ascensão de Kilij Arsalan.
1091: Os normandos conquistam a Sicília. Fim do domínio muçulmano.
1092: Morte do sultão seljúcida Malik Shah. Assume Mahmud.
1094: Morte de Mahmud. Assume Barkiaruk. Morte do califa abássida Al Muqtadi. Assume Mustahzir.
1095: A primeira Cruzada.
1099: Os cruzados tomam Jerusalém.

Século XII – 1100 – 1199d.C

1101: Morte do califa fatimida Al Mustaali. Assume Al Aamir.
1105: Morte do sultão seljúcida Barkiaruk. Assume Muhammad.
1106: Morte do almorávida Yusuf b Tashfin.
1107: Morte do sultão seljúcida Kilij Arsalan. Assume Malik Shah.
1108: Morte do governante zirida Tamin. Assume Yahya.
1116: Morte do sultão sejúcida Malik Shah. Assume Rukn ud Din Masud.
1118: Morte do sultão seljúcida Muhammad. Assume Mahmud II. Morte do califa abássida Mustahzir. Assume Mustarshid. Na Espanha, os cristãos tomam Saragoza.
1121: Morte do califa fatimida Al Aamir. Assume Al Hafiz.
1126: Nasce em Córdoba, Ibn Rushd – Averróes
1127: Imad ud Din Zangi estabelece o governo zangi em Mosul.
1128: Morte de Khawarzam Shah Qutb ud Din Muhammad. Assume Atsiz.
1130: Morte do sultão seljúcida Mahmud II. Assume Tughril Beg II.
1134: O califa abássida Mustarshid é assassinado. Assume Al Rashid. Morte do sultão seljúcida Tughril Beg II. Assume Masud.
1135: Deposição do califa abássida Al Rashid. Assume Al Muktafi.
1144: Imad ud Din Zangi toma Edessa dos cristãos. Segunda Cruzada.
1146: Morte de Imad ud Din Zangi. Assume Nur ud Din Zangi.
1147: No Magrebe, os almorávidas são derrotados pelos almoadas, sob a liderança de Abul Mumin.
1148: Fim do domínio zirida na África do Norte. Os ghuridas põem um fim à dominação ghaznavida na Índia.
1149: Morte do califa fatimida Al Hafiz. Assume Al Zafar.
1152: Morte do sultão seljúcida Masud. Assume Malik Shah II. Termina o governo hamadida na África do Norte.
1153: Morte do sultão seljúcida Malik Shah II. Assume Muhammad II.
1154: Morte do califa fatimida Al Zafar. Assume Al Faiz.
1156: Morte do sultão seljúcida romano Rukn ud Din Masid. Assume Arsalan II.
1159: Morte do sultão seljúcida Muhammad II. Assume Sulaiman.
1160: Morte do califa abássida Al Mukta. Assume Al Mustanjid. Morte do califa fatimida Al Faiz. Assume Al Azzid.
1161: Morte do seljúcida Sulaiman. Assume Arsalan Shah.
1163: Morte do governante almoada Abul Mumin. Assume Abu Yaqub Yusuf.
1170: Morte do califa abássida Mustanjid. Assume Al Mustazii.
1171: Morte do califa fatimida Al Azzid. Fim dos fatimidas. Saladino funda a dinastia dos aiúbidas no Egito.
1172: Morte do khawarzam Shah Arsalan. Assume Sultan Shah.
1173: O khawarzam Shah Sultan Shah é deposto por Tukush Shah.
1174: Saladino anexa a Síria.
1175: Os ghuridas derrotam os turcos e ocupam Ghazni.
1176: Morte do sultão seljúcida Arsalan Shah. Assume Tughril Beg III.
1179: Morte do califa abássida Al Mustazaii. Assume Al Nasir. Shahab ud Din Ghuri captura Peshawar.
1185: Morte do governante almoada Abu Yaqub Yusuf. Assume Abu Yusuf Yaqub.
1186: Os ghuridas derrotam os ghaznavida no Punjab.
1187: Saladino toma Jerusalém dos cristãos. Terceira Cruzada.
1191: Batalha de Tarain entre os rajputanos e os ghuridas.
1193: Morte de Saladino. Assume Al Aziz. Segunda batalha de Tarain.
1194: Os muçulmanos ocupam Delhi. Fim do domínio seljúcida.
1199: Morte do khawarzam Tukush Shah. Assume Ala ud Din. Morte do almoada Abu Yusuf Yaqub. Assume Mohammad Nasir. Conquista do norte da Índia e Bengala pelos ghuridas.

Século XIII (1200 – 1299d.C)

Al Uqab na Espanha, fim dos almorávidas. Os almoádas são derrotados pelos cristãos em Al-Uqba. O sultão An Nasir foge para o Marrocos onde morre. Assume seu filho Yusuf, que tira o título de Al Mustansir.
1214: An Nasir morre na África do Norte. Assume Al Mustansir. Abdul Haq ocupa a região nordeste do Marrocos.
1216: Os almoádas são derrotados pelos marinidas na batalha de Nakur.
1217: Os marinidas são derrotados na batalha do rio Sibu. Abdul Haq é assassinado e os marinidas saem do Marrocos.
1218: Morre o aiúbida Al Adil. Assume Al Kamil. Os marinidas, chefiados por Oman, retornam ao Marrocos e ocupam Fez.
1220: Morte de Shah Ala ud Din. Assume Jalal ud Din Mangbarni.
1222: Morte do governante zangi, Nasir ud Din Mahmud, e o poder é tomado por Badr ud Din Lulu.
1223: Morte do almoáda Muntasir. Assume Abdul Wahid. Morte de Yusuf Al Mustansir. Assume Abdul Wahid no Marrocos. Na Espanha, um irmão de Yusuf declara sua independência e assume o título de Al Adil, que derrotado por Abu Muhammad foge para o Marrocos e derrota Abdul Walid.
1224: Morte do governante almoáda Abdul Wahid. Assume Abdullah Adil.
1225: Morte do califa abássida An Nasir. Assume Al Mustansir.
1227: Morre o almoáda Abdullah Adil. Assume Mustasim. Al Adil é assassinado, o filho Yahia assume como Al Mustasim.
1229: Morte de Al Mustasim, assume Idris. O aiúbida Al Kamil restitui Jerusalém aos cristãos. Abu Muhammad morre na Espanha e é sucedido por Al Mamun. Al Mamun invade o Marrocos com a ajuda dos cristãos. Yahia é derrotado e o poder é tomado por
Al Mamun. Ele recusa a liderança de Ibn Tumarat.
1230: Fim do domínio dos Khawarzam Shah .
1232: Morte de Idris. Assume Abdul Wahid II. Al Mamun é assassinado. Assume seu filho Ar-Rashid.
1234: Morte do governante aiúbida Al Kamil. Assume Al Adil.
1236: Morte do Sultão Iltutmish, de Delhi. Assume Rukn ud Din Feroz Shah.
1237: Razia Sultana assume o governo de Delhi.
1240: Morte de Ar-Rashid. Assume seu filho Abu Said.
1241: Morte de Razia Sultana. Assume Bahram Shah.
1242: Morte de Bahram Shah. Assume Ala ud Din Masud Shah como sultão de Delhi Sultan. Morte do almoáda Abdul Wahid. Assume Hasan. Morte do califa abássida Mustansir. Assume Mustasim.
1243: Morte do governante almoáda Abdul Walid II.
1244: Os almoádas derrotam os marinidas na batalha de Abu Bayash. Os marinidas fogem do Marrocos.
1245: Os muçulmanos reconquistam Jerusalém.
1246: Morte do sultão de Delhi, Ala ud Din Masud Shah, assume Nasir ud Din Mahmud Shah.
1248: Morte do governante almoáda Abul Hasan. Assume Omar Murtaza. Abu Said ataca Tlemsen, mas sofre uma emboscada e morre. Assume seu filho Murtada.
1250: Os marinidas retornam ao Marrocos e ocupam a maior parte do território.
1258: Os mongóis saqueiam Bagdá. Morte do califa abássida Mustasim. Fim dos abássidas. Hulagu estabelece o governo mongol no Irã e Iraque, com a capital em Maragah. Berek Khan, o líder muçulmano do Horda de Ouro, protesta contra o tratamento do califa abássida e retira seu contingente de Bagdá.
1259: Abu Abdullah, o governante hafsida, se proclama califa e assume com o nome de Al Mustamir.
1260: Batalha de Ayn Jalut na Síria. Os mongóis são derrotados pelos mamelucos do Egito e a auréola de invencibilidade dos mongóis é quebrada. Baybars torna-se sultão mameluco.
1262: Morte de Bahauddin Zikriya, em Multan, criador da ordem sufi no subcontinente Indo-Paquistão.
1265: Morte de Hulagu. Morte de Fariduddin Ganj Shakkar, o santo do subcontinente Indo-Paquistão.
1266: Morte de Berek Khan, o primeiro governante do Horda de Ouro a se converter ao Islam. Oitava Cruzada. Os cruzados invadem a Tunísia. Derrota dos cruzados.
1267: Malik ul Salih estabelece o primeiro estado muçulmano na Indonésia. Murtada pede ajuda aos cristãos e os espanhóis invadem o Marrocos. Os marinidas expulsam os espanhóis do Marrocos. Murtada é assassinado. Assume Abu Dabbas.
1269: Abu Dabbas é deposto pelos marinidas. Fim do domínio almoáda. Fim do governo almoáda no Marrocos. Os marinidas chegam ao poder no Marrocos, sob a liderança de Abu Yaqub.
1270: Morte de Mansa Wali, o fundador do governo muçulmano no Mali.
1272: Morte de Mohammad I, fundador do estado de Granada. Yaghmurason invade o Marrocos mas é derrotado
1273: Morte de Jalaluddin Rumi.
1274:Morte de Nasiruddin Tusi. Nona Cruzada chefiada por Eduardo I da Inglaterra. A cruzada é um fiasco.
1277: Morte de Baybars I.
1280: Batalha de Hims.
1283: Morte de Yaghmurasan. Assume seu filho Osman.
1285: Os tunisinos se dividem em Tunis e Bougie.
1286: Morte de Ghiasuddin Balban. Morte de Abu Yusuf Yaqub. Bughra Khan declara sua independência em Bengala e toma o nome de Nasiruddin.
1290: Fim da dinastia escrava e Jalaluddin Khilji chega ao poder. Osman entra numa série de campanhas e quase todo o Magrebe central é conquistado pelos zayanidas.
1296: Alauddin Ghazan se converte ao Islam.
1299: Os mongóis invadem a Síria. Os marinidas sitiam Tlemsen, a capital dos zayanidas

A Conquista Árabe do Egito, em 642 d.C

A história dos patriarcas de Alexandria-Relatos de Al-Baladhuri

E naqueles dias, Heráclio teve um sonho no qual era dito a ele: “Em verdade, chegará a você uma nação de circuncisados e eles o vencerão e tomarão posse de suas terras”. Heráclio pensou que se tratasse dos judeus e, por conseguinte, deu ordens para que judeus e samaritanos fossem batizados em todas as suas províncias.

Mas, alguns dias depois, apareceu um homem árabe, dos distritos do sul, isto é, de Meca, ou vizinhanças, cujo nome era Mohammad; e ele havia reconduzido os adoradores de ídolos para o conhecimento de um Deus único, e mandou que eles declarassem que Mohammad era seu apóstolo; e sua nação era circuncisada, e rezava na direção sul, voltando-se para um lugar que eles chamavam de Ca’aba. E eles se apossaram de Damasco e Síria, cruzaram o Jordão e o represaram.

E o Senhor abandonou o exército dos romanos como uma punição por terem corrompido a fé e por causa dos anátemas proferidos contra eles pelos antigos padres, por conta do concílio de Calcedônia.

Quando Heráclio viu isso, reuniu todas as suas tropas, do Egito até às fronteiras de Aswan. E continuou a pagar aos muçulmanos, por três anos, as taxas que eles tinham pedido; e eles costumavam chamar a taxa de bakt, isto quer dizer que era uma importância obrigatória por cabeça. E assim continuou até que Heráclio tivesse pago aos muçulmanos a maior parte de seu dinheiro e muitas pessoas tivessem morrido devido aos problemas que eles tinham suportado.

Assim, quando dez anos tinham-se passado do governo de Heráclio junto com o Colchian, que buscava pelo patriarca Benjamin, enquanto fugia dele de lugar em lugar, escondendo-se em igrejas fortificadas, o príncipe dos muçulmanos enviou um exército ao Egito, sob o comando de um de seus mais fiéis companheiros de nome ‘Amr ibn Al-Asi, no ano diocleciano de 357.

E este exército do Islam chegou ao Egito com grande força, no 12º dia de Baunah, que é o 6º do mês de junho, de acordo com os meses dos romanos.

O comandante ‘Amr destruiu o forte e incendiou os barcos e derrotou os romanos e tomou posse de parte do país. Ele tinha chegado pelo deserto, e os seus cavaleiros tomaram a estrada através das montanhas até chegarem a uma fortaleza construída em pedras, entre o Alto Egito e o Delta, chamada Babilon. Assim, eles armaram suas tendas lá até que estivessem preparados para lutar contra os romanos e guerreá-los; em seguida eles deram nome ao lugar, digo, à fortaleza, de Bablun Al-Fustat, em sua língua, e é o seu nome até hoje.

Depois de três batalhas contra os romanos, o muçulmanos os derrotaram. Assim, quando o líderes da cidade viram essas coisas, foram até ‘Amr e receberam um certificado de segurança de que a cidade não seria saqueada.

Essa espécie de acordo que Mohammad, o líder dos árabes, os ensinou, eles chamavam de Lei, e ele diz, com relação a ela: “Quanto à província do Egito e qualquer cidade que concorde com que seus habitantes paguem o imposto sobre a terra a vocês e se submetam à sua autoridade, façam um acordo com eles e não os maltratem.

Mas saqueiem e façam prisioneiros todos que não consintam com isso e resistam a vocês.” Por esta razão, os muçulmanos mantiveram suas mãos fora da província e de seus habitantes, mas destruíram a nação dos romanos e seu general de nome Marianus. E os romanos que escaparam, fugiram para Alexandria e fecharam seus portões para os árabes e se fortificaram dentro da cidade.

E, no ano diocleciano de 360, no mês de dezembro, três anos depois de ‘Amr ter tomado posse de Memphis, os muçulmanos tomaram a cidade de Alexandria, destruíram seus muros e queimaram muitas igrejas.

E queimaram a igreja de São Marcos; e este foi o lugar para o qual o patriarca Pedro, o Mártir, foi antes de seu martírio e abençoou São Marcos, e delegando a ele seu rebanho, como ele o tinha recebido. Assim, eles queimaram esse lugar e os monastérios em volta …

Quando ‘Amr ocupou completamente a cidade de Alexandria e estabeleceu ali sua administração, aquele infiel, o governador de Alexandria, temia que, sendo ele prefeito e patriarca da cidade no tempo dos romanos, ‘Amr o mataria; portanto, ele bebeu veneno de um anel e morreu no local. Mas Sanutius fez saber a ‘Amr as circunstâncias daquele padre militante, o patriarca Benjamin, e como ele havia fugido dos romanos por causa do temor a eles.

Então ‘Amr, filho de Al-Asi, escreveu uma carta para as províncias do Egito, na qual ele disse: “Existe proteção e segurança para o lugar onde Benjamin, o patriarca dos cristãos coptas esteja e a paz de Deus; portanto, deixe-o seguro e livre daqui para a frente e que administre os assuntos de sua igreja e o governo de sua nação”.

Assim, quando Benjamin ouviu isso, voltou para Alexandria com grande alegria, vestido com a coroa da paciência e o grave conflito que tinha acontecido com os ortodoxos por causa de sua perseguição aos heréticos, depois de ter estado ausente durante trinta anos, dez dos quais foram anos de Heráclio, o considerado romano, com os três anos antes dos muçulmanos conquistarem Alexandria.

Quando Benjamin apareceu, o povo e toda a cidade rejubilaram-se e fizeram com que sua chegada fosse conhecida até Sanutius, aquele que tinha ajustado com o comandante ‘Amr que o patriarca retornaria e que receberia um salvo-conduto de ‘Amr para ele.

Em seguida, Sanutius foi ao comandante e anunciou que o patriarca tinha chegado e ‘Amr deu ordens para que Benjamin fosse trazido a sua presença com honra, veneraçãoe amor. E ‘Amr, quando viu o patriarca, recebeu-o com respeito e disse a seus companheiros e amigos íntimos: ” Na verdade, em todas as terras que ocupamos até agora, jamais vi um homem de Deus como este.” Porque o padre Benjamin era de semblante bonito, de excelente oratória, discursava com tranquilidade e dignidade.

Então, ‘Amr voltou-se para ele e lhe disse: “Assuma o governo de todas as suas igrejas e de seu povo e dirija seus negócios. E se for de sua vontade, reze por mim,porque estou indo para o Oriente e para Pentápolis, a fim de ocupar aquelas terras, da mesma forma como fiz com o Egito e retornarei a salvo e rapidamente, farei por você tudo o que me pedir.”

Então o santo Benjamin rezou por ‘Amr e pronunciou um discurso eloquente que fez com que ‘Amr e os presentes ficassem maravilhados e que contém palavras de exortação e de muito benefício para aqueles que o ouvem; e ele revelou certos assuntos a ‘Amr e saiu de sua presença honrado e reverenciado. E tudo o que aquele padre abençoado disse ao comandante ‘Amr, filho de Al-Asi, era verdade e nenhuma letra deixou de ser cumprida.

A Conquista de Alexandria

A história dos patriarcas de Alexandria-Relatos de Al-Baladhuri

‘Amr manteve seu caminho até chegar em Alexandria, cujos habitantes ele imaginava que fossem resistir, mas os coptas que lá residiam preferiam a paz.

Al-Mukaukis comunicou-se com ‘Amr e pediu paz e uma trégua por algum tempo; mas ‘Amr recusou. Al-Mukaukis, então, ordenou que as mulheres ficassem diante dos muros, com os rostos voltados em direção à cidade e que os homens permanecessem armados, com suas faces voltadas para os muçulmanos, esperando, assim, que eles se amedrontassem. ‘Amr enviou uma palavra, dizendo “Estamos vendo o que vocês fizeram.

Não foi por uma questão de número que conquistamos aqueles que conquistamos. Encontramos o seu rei Heráclio e sucedeu a ele o que tinha que suceder” Ouvindo isto, al-Mukaukis disse para seus seguidores, “Essas pessoas estão dizendo a verdade.

Eles perseguiram nosso rei em seu reino até Constantinopla. É melhor, portanto, que nos submetamos.” Seus seguidores, contudo, falaram rispidamente com ele e insistiram que continuassem lutando.

Os muçulmanos lutaram ferozmente contra eles por três meses. Afinal, ‘Amr conquistou a cidade pela espada e saqueou tudo que tinha nela, poupando seus habitantes, que não foram mortos ou tornados cativos.

Ele os reduziu à posição de dhimis, como o povo de Alyunah. ‘Amr comunicou a notícia da vitória a ‘Omar através de Muawiah ibn-Hudaij al-Kindi (mais tarde, as-Sakuni) e mandou por ele o quinto.

Os gregos escreveram a Constantino, filho de Heráclio, que era o rei naquela época, dizendo-lhe quão poucos os muçulmanos eram e como tinham conseguido rebaixar a condição dos gregos e como eles tinham que pagar impostos.

Constantino mandou um de seus homens, chamado Manuwil, com 300 navios repletos de soldados. Manuwil entrou em Alexandria e matou toda os sentinelas que estavam nela, com exceção de uns poucos, que, por meio de sutilezas, conseguiram escapar.

Isto aconteceu no ano 25. Ouvindo as notícias, ‘Amr partiu à frente de 15.000 homens e encontrou os soldados gregos semeando a discórida nas cidades egípcias próximas a Alexandria. Os muçulmanos os encontraram e por uma hora foram submetidos a uma saraivada de flechas, mas estavam protegidos por seus escudos.

Eles, então, avançaram intrepidamente e a batalha se intensificou com grande violência, até que os politeístas debandassem em carreira em direção a Alexandria, sem que nada os pudesse deter. Aqui, eles se fortificaram. ‘Amr promoveu um assalto violento e destruiu os muros da cidade.

Ele pressionou a luta tão duramente até que conseguisse entrar na cidade, matando os padres e tomando as crianças como cativas. Alguns de seus habitantes gregos deixaram para se juntar aos gregos em algum lugar; e o inimigo de Allah, Manuwill, foi morto. ‘Amr e os muçulmanos destruíram os muros de Alexandria no cumprimento a uma promessa que ‘Amr tinha feito no caso de submeter a cidade …

‘Amr ibn-al-Asi conquistou Alexandria e alguns muçulmanos fizeram dela sua morada, como guardas da cavalaria.

A História da Anzaluzia

Em meados do século VIII, os mulçumanos tinham completado sua ocupação e o príncipe Abdul Rahman, fugindo dos abássidas que tinham ocupado Damasco, foi buscar refúgio entre os bérberes.

Contando com o apoio de uma das tribos muçulmanas da península, ele conseguiu derrotar, em 755, o governador abássida da Andaluzia e se proclamou Emir de Córdoba, independente de Damasco. Na primeira terça parte do século X, um sucessor seu, Abul Rahman III, ampliou o emirado Al-Andalus e tornou-se o primeiro Califa espanhol.

Espanha Islâmica
Califado omíada na Espanha, séculos IX e X (*)

A proclamação do califado tinha um duplo objetivo. Internamente, os omíadas queriam fortalecer o reino peninsular, e externamente, queriam consolidar as rotas comerciais do Mediterrâneo, garantir uma relação com Bizâncio oriental e assegurar o suprimento de ouro.

Melilla foi ocupada em 925 e, em meados desse mesmo século, os omíadas controlavam o triângulo formado pela Argélia, Siyimasa e Atlântico. O poder andaluzo do califado também se estendeu até a Europa ocidental e, em 950, o império germano-romano estava trocando embaixadores com o califado de Córdoba.

Alguns anos antes, Hugo de Arles tinha pedido ao poderoso califado espanhol um salvo-conduto para seus navios mercantes navegaram o Mediterrâneo. Os pequenos fortes cristãos do norte da península acabaram reconhecendo a superioridade do califado.

As bases da hegemonia andaluza estavam assentadas na extraordinária capacidade econômica proveniente de um comércio importante, uma indústria desenvolvida e um conhecimento agrícola revolucionário para a época.

A sua economia estava baseada na moeda e a emissão de dinheiro desempenhou um papel fundamental para o esplendor financeiro. A moeda de ouro de Córdoba tornou-se a moeda principal do período.

Assim, o califado de Córdoba foi a primeira economia urbana e comercial que floresceu na Europa, depois do desaparecimento do império romano. A capital, e a mais importante cidade do califado, Córdoba, tinha uma população de 100.000 habitantes.

A fragmentação do califado aconteceu no final da primeira década do século XI e decorreu do enorme esforço de guerra empregado pelos últimos governantes e da asfixia das pressões fiscais. O califado dividiu-se em 39 taifas (reinos insignificantes), um nome que foi incorporado pelo vocabulário espanhol como sinônimo de ruína, em razão da fragmentação política da península.

Esta divisão aconteceu duas vezes mais, o que faclitiou novas invasões e o consequente enfraquecimento da região. Em meados do século XIII, a Espanha islâmica estava reduzida à dinastia nasarida, em Granada, que resistiu aos constantes ataques dos cristãos até 1492, quando, então, capitulou.

A Andaluzia foi uma civilização que irradiou uma personalidade própria, tanto para o ocidente quanto para o oriente. Situada na terra dos encontros, dos cruzamentos culturais e de fecunda miscigenação, al-Andalus acabou sendo esquecida, depois de todo seu esplendor, tanto pela Europa como pelo universo muçulmano, como uma lenda que não tivesse pertencido a nenhum dos dois mundos. A seguir, as etapas principais de seus oito séculos de existência.

Espanha Islâmica
Emirado e Califado de Córdoba

Espanha Islâmica
Reinos de Taifa

Espanha Islâmica
Almorávidas e almoádas

Espanha Islâmica
Reino nasari de Granada

1. O Emirado e o Califado omíada

Al-Andalus, terra dos vândalos, em árabe, assim é conhecida a região da península ibérica ocupada pelos muçulmanos, a partir do século VIII até ao final do século XV, e que chegou a compreender grande parte do território espanhol.

A extensão do estado islâmico na região conhecida por al-Andalus, sofreu alterações no decorrer do tempo, pois, à medida em que se modificavam as fronteiras, tanto hispano-muçulmanos como castelano-aragoneses avançavam conquistando território.

O processo de expansão do Islam, em seus primórdios, tomou a direção do ocidente: Magrebe, Espanha e parte da Itália e França. Durante o século VIII, vindos do norte da África, uma série de grupos e famílias nobres árabes oriundas do oriente, e de grupos bérberes procedentes do Magrebe, pouco a pouco foram se assentando em terras andaluzas.

Este processo, no entanto, não siginificou a ruptura com a cultura então reinante, pelo contrário, ambas se imbricaram, dando um resultado muito peculiar e deslumbrante, e que diferenciou, de forma bem característica, o Islam ocidental do oriental. A fusão entre os árabo-bérberes e os hispanogodos deu-se sem grandes traumas e com naturalidade.

Durante a segunda metade do século VIII, começaram as dissenções no império muçulmano. O fim da dinastia omíada em Damasco, e a ascensão dos abássidas em Bagdá, mudaria o rumo dos acontecimentos.

A revolução abássida de 750, destruiu o poder omíada em quase todo o mundo muçulmano. Durante a revolução, Abdul Rahman, neto de um ex-califa omíada, conseguiu escapar de Damasco para a Espanha, estabelecendo lá seu próprio califado em nome dos omíadas.

Esta dinastia manteve o controle da Espanha por 300 anos, até que os bérberes almorávidas, vindos do norte da África, tomassem o poder no século XI. Esta casa omíada independente se intitulava Emirado, ao invés de califado, uma vez que seus governantes não acreditavam que pudesse haver mais de um califa.

Esta foi a primeira instância regional de separação do califado abássida em Bagdá. Os abássidas fizeram inúmeras tentativas para retomar o controle da Espanha mas não conseguiram. A Espanha permaneceu sob o governo de dinastias locais até a completa rendição aos reis católicos, no final do século XV.

O governo omíada na Espanha também sofreu disputas internas pelas populações locais. O território era uma mistura de cristãos, judeus e muçulmanos de várias etnias, principalmente árabes e bérberes, e cada uma desafiando, até certo ponto, os governantes.

Apesar das lutas internas, os omíadas marcaram profundamente a cultura espanhola – um legado de arte, arquitetura, língua e tradições que permanecem até hoje. Abdul Rahman transformou Córdoba em um centro de referência, a ponto de ela se tornar uma das mais importantes cidades da Europa e do mundo islâmico da época.

A Grande Mesquita foi construída por ele em 785 e é um dos exemplos mais impressionantes do legado islâmico na Espanha.

Espanha Islâmica 

De 756 a 929, oito emires se sucederam, numa época brilhante do ponto de vista cultural – ainda que obscurecida por diversos levantes -, até que Abdul Rahman III decidiu fundar um califado, declarando-se o Emir al-Muminin (príncipe dos crentes), e se outorgando, além do poder temporal, o espiritual, sobre a ummah (comunidade muçulmana).

Este califa, e seu sucessor, al-Hakam II, soube favorecer a integração étnico-cultural entre os bérberes, árabes, hispânicos e judeus. Ambos apaziguaram a população, pactuaram com os cristãos, construíram e ampliaram numerosos edifícios, alguns tão notáveis como a Mesquita de Córdoba – e se cercaram do que havia de mais erudito na época. Mantiveram contatos comerciais com Bagdá, França, Túnis, Marrocos, Bizâncio, Itália e até a Alemanha.

2. Reinos de taifas* e dinastias norte-africanas

No entanto, nem todos os sucessores destes brilhantes califas seguiram essa política tão acertada, uma vez que acabaram perdendo o poder. Em 1031, após 21 anos de guerra civil, o califado foi, finalmente, abolido.

As lutas separatistas e as rebeliões surgiram de novo com grande força e a divisão e decomposição impuseram-se na Andaluzia. Todas as grandes famílias árabes, bérberes e muwaladis, cristãos hispânicos que abraçaram o Islam durante a dominação muçulmana, queriam, de uma forma ou de outra, usufruir das benesses do estado, ou pelo menos, de suas cidades.

Surgiram então, por toda parte, os reis de taifas, que se elevaram à categoria de donos e senhores dos principais lugares do território andaluz.

Este desmembramento representou o começo do fim da Andaluzia e, enquanto se enfraquecia cada vez mais, o inimigo cristão crescia, organizando-se para combater os muçulmanos. A primeira grande vitória sobre o Islam peninsular foi protagonizada por Alfonso VI, quando, em 1085, tomou a importante cidade de Toledo.

A unidade étnico-religiosa alcançada até aquele momento, também se ressentiu, surgindo os mercenários muçulmanos e cristãos (como El Cid), dispostos a lutar contra seus próprios correligionários, desde que mantivessem determinadas posições de poder.

No entanto, nesta época surgiram figuras importantes no campo do saber e da arquitetura, com as construções suntuosas de palácios, almunias (hortos) e mesquitas.

Enquanto isso, ao final do século XI, no Magrebe ocidental, atual Marrocos, surgia um novo movimento político e religioso no seio de uma tribo bérbere do sul, os lamtuna, que fundaram a dinastia dos almorávidas.

Em pouco tempo, a austeridade e pureza religiosa deles convenceu grande parte da população desencantada e, com o seu apoio, empreenderam uma série de campanhas. Conseguiram formar um império que compreenderia parte do norte da África e da Andaluzia, que havia pedido ajuda a eles para freiar o avanço cristão.

Chefiados por Ibn Tashfim, os almorávidas penetraram na península, infligindo uma grande derrota às tropas de Alfonso VI, em Sagrajas. De imediato, conseguiram acabar com os reis de taifas e governar a Andaluzia, mas encontraram uma certa oposição por parte da população, que se revoltou com o rigor e rigidez deles. Apesar de tudo, a nova situação deu um incremento ao bem-estar social e econômico.

Os cristãos iam conseguindo, enquanto isso, importantes avanços. Alfonso I, de Aragão, conquistou Saragossa, em 1118. Ao mesmo tempo, os almorávidas viam ameaçada a sua própria supremacia por um novo movimento religioso surgido no Magrebe: os almoadas.

Esta nova dinastia surgiu numa tribo bérbere, procedente do Atlas, que, liderada pelo guerreiro Ibn Tumart, logo se organizou para derrotar seus predecessores, usandos argumentos semelhantes de pureza e revitalização religiosa.

Foram grandes construtores e também se cercaram dos melhores literatos e cientistas da época. No entanto, da mesma forma que os almorávidas, acabaram por sucumbir ao relaxamento dos costumes, que quase sempre caracterizou Al-Andalus.

3. A Dinastia Nasari

Quando parecia que tudo estava perdido e o avanço de Castela era inexorável, surgiu em Jaén uma nova dinastia, a nasri (nasari), fundada por Al-Ahmar ibn Nasr, o célebre Abenamar do romanceiro, que havia de dar um novo alento aos muçulmanos.

Com sede em Granada, seu reino compreendia as regiões granadina, almeriense e malaguenha, e parte da murciana. Cercados ao norte pelos reis cristãos, e ao sul pelos sultões marinidas do Marrocos, os nasaris estabeleceram um reino cercado de instabilidades.

Apesar de tudo, Granada foi uma grande metrópole em seu tempo, que acolhia muçulmanos de todas as partes do mundo e onde se construíram palácios suntuosos – a Alhambra – mesquitas e banhos públicos.

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Casa de Banhos

Em meados do século XIII, tudo o que restava da Espanha islâmica era o reino de Granada, na costa sul da península ibérica. Os cristãos tinham reconquistado Córdoba, em 1236, e Sevilha, em 1248, e, em breve toda a península seria cristã de novo.

O ponto decisivo chegou ao final do século XV, com o casamento de Fernando de Aragão e Isabela de Castela e Leon, que unificou a Espanha e fortaleceu os exércitos cristãos. Em 1492, os cristãos finalmente derrotaram os muçulmanos.

O rei Bobadilha, Abu Abd Allah, capitulou ante os reis católicos, entregando-lhes Granada. Se bem que as condições da rendição tenham sido generosas por parte dos vencedores, não demoraram muito a ser esquecidas, começando uma perseguição e aculturação sem tréguas dos mouriscos que permaneceram sob o domínio cristão, até que aconteceram as expulsões maciças a partir de 1610.

Os 700 anos de ocupação da península ibérica pelos muçulmanos deixaram marcas indeléveis na cultura espanhola, que absorveu muito das primeiras influências islâmicas e que podem ser vistas hoje na arquitetura, língua e tradições da Espanha.

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Alhambra, exemplo da arquitetura mourisca

4. Cronologia Básica de Al-Andalus

711: Tarik, oficial do governador do norte da África, Musa ben Nusayr, sai de Tânger chefiando um exército de 9.000 homens e desembarca em Gibraltar. A ocupação da península se completa em 5 anos.

718: Possível data da batalha de Covadonga, que assinala o começo da resistência astúria.

720: As muralhas e a ponte romana, de Córdoba, são reconstruídas e é fundado o primeiro cemitério muçulmano.

756: Abdul Rahman I, o último omíada de Damasco, chega à península e ocupa Córdoba. Estabelece uma dinastia que governará a Andaluzia até 1031.

784: Começa a construção da Mesquita de Córdoba.

822: O sucessor de Al-Hakam I, Abdul Rahman II, traz um período de prosperidade Andaluzia. Aumenta a Mesquita de Córdoba e são construídas outras em Jaén e Sevilha.

831: Fundação de Murcia.

844: Incursão dos normandos a Lisboa, Sevilha,Cádiz e Sidônia. 851: Levante mossárabe em Córdoba.

879: O muladi Umar ben Hafzun se rebela contra o emirado omíada.

929: Abdul Rahman III se proclama Príncipe dos crentes e torna-se independente de Bagdá.Começa o califado de Córdoba.

936: Início da construção da cidade de Madinat al-Zahra. 955: Fundação de Almería.

961: Al-Hakam II, sucessor de Abdul Rahman III cria uma biblioteca de mais de 400 mil volumes.

997: Campanha contra Santiago de Compostela, a cargo de Almanzor.

1031: Com a queda da dinastia omíada, começam a surgir reinos independentes de taifas em toda Andaluzia.

1042: Começam as obras do Alcázar de Sevilla.

1062: Fundação de Marraquesh. Fundación de Marrakech.

1064: Construção da Alcazaba, al-qasbah, recinto fortificado, deMálaga. 1081: Desterro de El Cid.

1085: Alfonso VI toma Toledo. O rei de Sevilha, al-Mutamid, pede ajuda aos almorávidas e junto a eles derrota os cristãos em Sagrajas.

1163: Sevilha, capital de al-Andalus.

1184: Começa a construção da Giralda de Sevilla.

1195: As tropas almoadas de Yaqub vencem ao exército cristão de Alfonso VIII, de Castela, em Alarcos.

1198: Morre Ibn Rushd, mais conhecido como Averróes.

1212: Os exércitos aliados de Castela, Aragão e Navarra vencem aos almoadas na batalha de Navas de Tolosa.

1231: Al-Ahmar ibn Nasr, fundador da dinastía nazarí, é nomeado governador de Arjona, sua cidade natal, e pouco depois estenderá seu poder a Jaén e Guadiz. 1236: Córdoba rende-se a Fernando III, de Castela. Alguns anos mais tarde, cairiam Jaén e Arjona (1246), Sevilha (1248) e outras cidades de Andaluzia.

1237: Começa a construção de Alhambra, sob a orientação de al-Ahmar. 1314: Começam as obras do Generalife.

1482: Inicia-se a guerra de Granada. Bobadilha arrebata o trono a seu pai. 1487: Após uma luta renhida, Málaga se rende às forças cristãs.

1489: Baeza e Almería rendem-se pacificamente aos reis católicos.

1491: Bobadilha, último rei nasari, capitula ante os reis católicos e negocia a entrega de Granada em 25 de novembro.

1492: No dia 2 de janeiro, os reis católicos entram em Granada, o último reduto muçulmano na Europa.

*Taifa : cada um dos reinos em que se dividiu a Andaluzia, depois da dissolução do califado.

Referência Bibliográficas

Sawirus ibn al-Muqaffa, History of the Patriarchs of the Coptic Church of Alexandria, trans. Basil Evetts, (Paris: Firmin-Didot, 1904), pt. I, ch. 1, from Patrologia Orientalis, Vol. I, pp. 489-497, reprinted in Deno John Geanakoplos, Byzantium: Church, Society, and Civilization Seen Through Contemporary Eyes, (Chicago: University of Chicago Press, 1984), pp. 336-338;

Philip Hitti, trans., The Origins of the Islamic State, (New York: Columbia University Press, 1916), Vol. I, pp. 346-349, reprinted in Deno John Geanakoplos, Byzantium: Church, Society, and Civilization Seen Through Contemporary Eyes, (Chicago:University of Chicago Press, 1984), pp. 338-339.

Fonte: islam.com.br

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