Construção de Brasília

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A determinação desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek (1956-1960) produziu fatos eloqüentes no terreno da urbanização e do urbanismo.

A passagem do poder político e da iniciativa econômica para as mãos da burguesia industrial reforçou a cultura urbana.

Enquanto a taxa de crescimento da população brasileira foi, na década de 1950, de 3,16%, o crescimento urbano brasileiro atingiu a cifra de 7,38%.

Esta hegemonia da cidade sobre o campo refletiu-se no conjunto da rede urbana brasileira. A distribuição espacial e funcional deste crescimento produziu um quadro urbano no qual São Paulo emergiu como a metrópole nacional.

O “Plano de Metas”, concebido por Kubitschek e sua equipe para ser cumprido em quatro anos, continha uma “meta síntese” de grande impacto: a Construção de Brasília, a nova capital.

Um grande concurso nacional que contou com todos os nomes relevantes da arquitetura e do urbanismo brasileiro premiou a proposta do arquiteto e urbanista Lucio Costa.

Esquematicamente, o projeto foi concebido sob os princípios urbanísticos elaborados pelos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (Ciams), especialmente aqueles formalizados durante o Congresso de 1933 e documentado na Carta de Atenas, publicada em 1942, que prevê um estrito zoneamento funcional, baseado nas funções morar, trabalhar, recrear e circular.

O projeto, segundo Lucio Costa, “nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”. Procurou-se em seguida uma adaptação à topografia local, ao escoamento das águas, à melhor orientação. Houve uma clara preocupação de aplicar ao urbanismo os princípios considerados mais avançados da técnica rodoviária. Foram eliminados os cruzamentos através de retornos em desnível.

Conferiu-se ao eixo norte-sul a função circulatória-tronco, com pistas centrais de alta velocidade. Pistas laterais foram previstas para a distribuição do tráfego local, que conduz diretamente ao setor residencial. O eixo transversal leste-oeste, denominado “monumental”, recebeu o centro cívico e administrativo, o setor cultural, o centro comercial e de diversões, o setor administrativo municipal. Destacam-se no conjunto os edifícios autônomos destinados aos poderes fundamentais – legislativo, executivo e judiciário – que formam a triangular Praça dos Três Poderes. A partir do edifício do Congresso Nacional, que ocupa o setor oeste da praça, rumo à interseção dos eixos, desenvolve-se a monumental Esplanada dos Ministérios.

A solução encontrada para o setor residencial foi a criação das superquadras. São quadrados com 250 metros de comprimento, dispostas em ambos os lados da faixa rodoviária e emolduradas por uma larga cinta vegetal.

No interior destas superquadras os blocos de residências podem dispor-se de maneira variada, obedecendo a dois princípios: gabarito máximo uniforme (6 pavimentos) e “pilotis” e estrita separação do tráfego de veículos do trânsito de pedestres.

Do ponto de vista das relações espaciais, o zoneamento estrito de Brasília corresponde a três escalas: a gregária, a residencial e a monumental.

A primeira corresponde aos setores de diversões e comércio; a segunda, ao setor residencial; e a terceira, ao conjunto constituído pela Praça dos Três Poderes e pela Esplanada dos Ministérios.

O arquiteto Oscar Niemeyer foi responsável pelos projetos de todos os edifícios públicos da capital. Existe uma perfeita e intensa relação entre o Plano Piloto concebido por Lucio Costa e os projetos de arquitetura de Oscar Niemeyer. Ambos criaram uma cidade integralmente projetada, considerada como um “objeto” global e único.

Regina Maria Prosperi Meyer

Fonte: www.tecsi.fea.usp.br

Construção de Brasília

Considerada um marco na história do Brasil, tão importante quanto a Independência (1822) ou a Proclamação da República (1889).

Brasília é muito mais do que aparenta à primeira vista.

O traçado de um avião levou o cosmonauta russo Yuri Gagarin a declarar em 1961, quando apresentado à capital: “Tenho a impressão de que estou desembarcando em um planeta diferente, não na Terra”. Gagarin foi o primeiro homem a viajar para o espaço.

A inauguração data de 21 de abril de 1960, pelo então presidente Juscelino Kubitschek. Foi erguida no meio do cerrado, em três anos, a partir de uma concepção modernista de urbanismo e arquitetura, graças a Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

Muitos a consideram uma cidade estranha. Nada disso. Brasília talvez seja o único núcleo urbano no mundo sem cara de cidade, sobretudo por não ter centro, esquinas, calçadas nem cruzamentos. Parece a capital de um país sem história, pois não há ruas ou avenidas com nomes de personalidades ou datas importantes.

Os logradouros foram apelidados com letras e números, divididos entre as asas Norte e Sul. Há setores para tudo.

Brasília foi concebida para promover o desenvolvimento do interior do país. Carrega o legado de equilibrar as diferenças de um Brasil dividido entre o litoral – populoso, urbanizado e industrializado – e o interior, despovoado, pobre e sem infraestrutura. Fracassou na tentativa de ser síntese do país, já que as desigualdades sociais são cada vez maiores.

A ideia da capital é antiga: de 1823.

Nessa época, o patriarca da Independência, José Bonifácio, sugeriu o nome de Brasília para a nova capital do país. A primeira Constituição republicana, de 1891, previa a mudança para uma região do Planalto Central.

Kubitschek decidiu ser o criador dessa cidade e foi beneficiado pelo ambiente otimista que imperava nos anos 50.

O esboço urbanístico de Brasília, chamado de Plano Piloto, capta cenário e pontos inusitados: as curvas de Niemeyer, a natureza artificial do lago Paranoá e as arborizadas superquadras residenciais, com seus blocos de seis andares, pilotis abertos e entrada única para os carros. O sobrenatural e o simbólico estão na cidade desde sua fundação. Tanto que ficou conhecida como a capital do misticismo da Nova Era.

Na Brasília de hoje convivem a desigualdade crônica, o contraste, o paradoxo. Inchada na periferia, a capital abriga 2,6 milhões de habitantes, distribuídos entre o Plano Piloto e as chamadas cidades-satélites.

O cinquentenário foi comemorado em meio à maior crise política e urbana de sua curta história, com o governador eleito cassado por corrupção.

A cidade ostenta a maior desigualdade de renda do país, ao mesmo tempo que é considerada a terceira mais rica, exibindo um PIB de R$ 99,5 bilhões, o que representa 3,76% de todo o Produto Interno Bruto brasileiro.

Turismo

O diferencial de Brasília, em relação a outras cidades, é sua arquitetura, de curvas sinuosas e ares modernistas.

Conheça alguns lugares da capital federal:

Eixo Monumental: o gramado retangular é formado por duas amplas pistas, assemelhando- se ao National Mall, em Washington DC (EUA). É o corpo principal do avião.
Congresso Nacional:
é bicameral. A calota à esquerda é o Senado e a da direita é a Câmara. Entre ambas, há duas torres de escritórios. Os edifícios em torno são interligados por um túnel.
Palácio do Planalto:
um dos primeiros edifícios construídos na capital. Foi projetado no estilo modernista. É onde o Presidente da República despacha.
Praça dos Três Poderes:
espaço aberto entre os edifícios dos três poderes da República.
Catedral de Brasília:
uma das mais belas obras do arquiteto Oscar Niemeyer, com dezesseis pilares de concreto unidos por uma base circular e vitrais. O interior é todo revestido em mármore e há três anjos suspensos por cabos de aço.
Lago Paranoá:
construído artificialmente. Possui uma grande marina e é frequentado por praticantes de wakeboard, windsurf e pesca profissional.

Fonte: www.fenae.org.br

Construção de Brasília

Consequencias da construção de Brasilia

Com a construção de Brasília na década de 1950, estes obstáculos começaram a ser vencidos.

A construção da nova capital nacional, por si só, provocou um forte impacto demográfico, criando no interior do país um grande adensamento populacional, devido ao volumoso fluxo de imigrantes para a região.

Além disso, foram construídas novas rodovias, que cortavam o Cerrado, ligando a nova capital brasileira às principais cidades do país, provocando um aceleramento no processo de ocupação durante a década de 1960 (Guimarães e Leme, 2002).

Entretanto, o processo de ocupação do Cerrado Brasileiro, até então, estava basicamente relacionado à criação extensiva de gado – majoritariamente bovinos de corte – e às oportunidades de empregos relacionados à construção e à transferência da capital nacional para Brasília. Até o final da década de 1960, os solos extremamente pobres em nutrientes e com elevada acidez fizeram com que a Região do Cerrado fosse considerada imprópria para a agricultura.

Além disso, os primeiros governos militares brasileiros estavam totalmente focados na expansão industrial do país, reservando um papel secundário para a agricultura dentro do projeto de desenvolvimento nacional.

No início da década de 1970, avanços nas tecnologias de plantio – principalmente de correção do solo – e as características topográficas do Cerrado, que facilitavam imensamente a mecanização agrícola, começaram a atrair a atenção dos governantes brasileiros para a região. Para o Estado, o Cerrado abria apossibilidade de se implantar uma agricultura moderna, altamente competitiva e voltada para produção de commodities agrícolas. O avanço da agricultura no Cerrado não representou uma mudança de foco na política desenvolvimentista dos governos do Regime Militar. Na verdade, com a expansão da agricultura, esperava-se, também, uma expansão ainda maior do setor industrial vinculado à produção de máquinas e insumos agrícolas (Salim, 1986; França, 1984).

Dentro desse contexto é que começaram a ser implantados os primeiros projetos de colonização agrícola do Cerrado Brasileiro.

Três grandes projetos foram implantados na região no decorrer da década de 1970: o Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP), o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO) e o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER).

Fonte: online.unisc.br

Construção de Brasília

Brasília é uma cidade totalmente construída com idéias modernistas. O valor do seu plano urbanístico e de seus monumentos faz com que Brasília seja um marco mundial da arquitetura e urbanismo modernos. Assim, a Capital do Brasil foi o primeiro núcleo urbano, construído no século XX, considerado digno de ser incluído na lista de bens de valor universal, recebendo o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987, pela UNESCO.

O reconhecimento de seu valor patrimonial fundamentou-se no plano urbanístico de Lúcio Costa, concebido em quatro escalas estruturais: a Monumental – compreendida em todo o Eixo Monumental e que abriga a alma político-administrativa do País -; a Gregária – representada por todos os setores de convergência da população -; a Residencial – composta pelas Superquadras Sul e Norte – e a Bucólica – que permeia as outras três, por se destinar aos gramados, praças, áreas de lazer, orla do lago Paranoá e aos jardins tropicais de Burle Marx. Da interação dessas quatro escalas nasceu uma cidade que “sendo monumental, é também cômoda, eficiente, acolhedora e íntima. É ao mesmo tempo, derramada e concisa, bucólica e urbana, lírica e funcional…” (Lúcio Costa).

Para compor o plano urbanístico, Oscar Niemeyer projetou monumentos marcantes, considerados o melhor da expressão arquitetônica moderna brasileira. O grande diferencial desses monumentos e de outros espaços de Brasília é a integração da arte à arquitetura. Com isso, vários artistas de renome participaram da construção da capital, transformando-a em palco de experimentação das artes.

Brasília está repleta de atrativos turísticos. Um bom exemplo do turismo arquitetônico é a Praça dos Três Poderes, onde abriga, do lado sul, o Supremo Tribunal Federal, sede do Poder Judiciário; ao centro o Congresso Nacional, sede do Poder Legislativo; e do lado norte, o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo.

Mas não é somente com a arquitetura que o turista vai se encantar. O turismo rural também está presente na região. Maior área verde do país, a Capital, Brasília destaca-se pela infinidade de amplos parques e áreas de proteção ambiental. O Distrito Federal é pleno de atrações como cachoeiras, grutas e lagoas. Uma rede de hotéis-fazenda e chácaras de lazer fornece a infra-estrutura necessária para o turista de todas as idades que busca repouso, aventuras, esportes radicais e emoção. Não faltam ainda as cidades históricas que preservam a história da Região.

Aqui temos alguns exemplos:

Parque da Cidade Sarah Kubitschek: É a maior área de lazer de Brasília com três círculos de 4, 6 e 10km para pratica de caminhadas, cooper e passeios. Possui restaurantes, anfiteatro, kartódramo, parques infantis, ciclovia, bosques com churrasqueiras e centro hípico.
Parque Nacional de Brasília (Água Mineral):
Unidade de conservação ambiental federal com 30 mil hectares. Possui centro de visitantes, trilhas ecológicas e parques aquáticos, com duas piscinas de água mineral corrente.
Parque Olhos D’Água:
Possui trilhas, parque infantil e equipamentos de ginástica. A vegetação é nativa do cerrado, possui exemplares de fauna e uma das atrações é a Lagoa do Sapo.
Parque de Águas Claras:
O parque mantém parte da mata ciliar do córrego homônimo e áreas adjacentes cobertas por vegetação campestre, além de maciços arbóreos de frutíferas, eucaliptos e plantas exóticas. O parque oferece aos visitantes sombra de uma mata, água das nascentes, espaços para corrida, ciclismo, caminhada, patinação, atividades nos circuitos inteligentes, skate, patins e basquete.
Jardim Botânico:
São 4.518 hectares dos quais 526 estão abertos à visitação pública. Possui trilhas que permitem ao visitante conhecer os vários tipos de cerrado. Vale a pena visitar o jardim de cheiros e o horto de plantas medicinais. Há uma escola de educação ambiental e viveiros de orquídeas do Cerrado.
Estação Ecológica de Águas Emendadas (DF):
É a mais importante reserva natural da região de Brasília. Suas nascentes alimentam os cursos d’água que formam a Bacia Amazônica e a Bacia do Prata. Suas margens servem de abrigo para os animais silvestres.
Jardim Zoológico:
Alguns dos animais mais exuberantes da fauna brasileira habitam o Cerrado e podem ser vistos no Zoológicoparte da Área de Proteção Ambiental (APA) .
Chapada Imperial (DF):
Faz do Cafuringa e é a maior reserva ambiental particular do Distrito Federal – Uma das zonas núcleo de Reserva do Parque Municipal Itiquira (Formosa/GO) Biosfera Goyazágua mineral e infra-estrutura turística, importante área de preservação do Cerrado a 34 Km da cidade de Formosa. Possui várias nascentes de com campingparaíso energético na região dos , restaurantes, chalés e área para piquenique. Lindas Serras dos Topázios (Cristalina/GO) – Considerada um cristaisJorge/GO)
Uma das regiões mais
: Esta localizado numa fazenda particular e cobra-se ingresso. Chapada dos Veadeiros (Cidade de Alto Paraíso e São elevadas do Planalto Centrale sua área é de 60 mil hectares de , com até 1.676 metros acima do nível do mar. O Parque Nacional é administrado pelo IBAMA campos e trilhas que levam a cachoeiras gigantescascompleta infra-estrutura de , pedras vulcânicas, canyons e rios. No município de Alto Paraíso além de atendimento ao turistaCavalcante (Chapada dos , funcionam seitas espirituais que promovem encontros de estudo e meditação aliados a roteiros ecológicos. Veadeiroslagoas naturais da região / GO)
Uma das melhores alternativas para quem curte ecoturismo:
Lagoa Bonita (Planaltina/DF)
Uma das mais bonitas norte do Distrito Federalquartzo, formado de um Poço Azul (Brazlândia/ DF):
Localiza-se em propriedade particular e é resultado da ruptura de uma rocha de grande poço de águas límpidas e azuladas – Localiza-se a 35 Km , com: cascatas, corredeiras e uma caverna inundada pela água. Cachoeira da Saia Velha (DF) de Brasíliade Brasília. Chega-se , com boa infra-estrutura turística, possui clubes, Restaurantes e piscina da água natural. Salto do Tororó (DF) – Distante 35 km a ele por várias trilhas ricas em rochas de quartzito.

Todo esse diferencial urbanístico, arquitetônico e artístico e natural faz com que Brasília seja uma cidade muito especial, diferente de qualquer outra já vista no mundo.

Fonte: ecoviagem.uol.com.br

Construção de Brasília

Brasília foi erguida no meio do cerrado, em menos de quatro anos, a partir de uma concepção modernista de urbanismo e arquitetura. A cidade foi o ápice do projeto desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961), conhecido pelo lema “Cinquenta anos em cinco”.

Mas a ideia da cidade é antiga. José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi o primeiro a sugerir o nome Brasília para a nova capital do país, em 1823. A primeira constituição republicana, de 1891, previa a mudança da capital do Rio de Janeiro para uma região no Planalto Central. Para isso, foi criada a Comissão Exploradora do Planalto Central (1892-1893), liderada pelo astrônomo belga Luiz Cruls – amigo do imperador d. Pedro 2º, então no exílio -, que explorou a região.

Anos depois, em 1954, o governo de Café Filho (1954-1955) nomeou a Comissão de Localização da Nova Capital Federal (1954), comandada pelo marechal José Pessoa, para dar continuidade aos trabalhos. O território que abrigaria a futura capital do país era conhecido como Quadrilátero Cruls, em homenagem a Luiz Cruls. Tinha dimensões de 160 por 90 quilômetros quadrados e situava-se a mil quilômetros de São Paulo e Rio de Janeiro.

A proposta do governo, com a transferência da capital para o cerrado goiano, era explorar as riquezas da região central do país.

Polêmica

O Distrito Federal foi o primeiro passo no sentido de equilibrar as diferenças de um país dividido entre o litoral – populoso, urbanizado e industrializado – e o interior – despovoado, pobre e sem infraestrutura. Junto com a capital surgiram estradas como a Belém-Brasília, importante ligação com a região Norte do país.

Juscelino Kubitschek, o JK, foi alvo de muitas críticas na época, principalmente por parte de políticos do Rio de Janeiro, que temiam perder influência e poder com a transferência da capital, pois a cidade era capital federal desde a implantação da República, em 1889, e foi capital da colônia desde 1763.

Para JK, entretanto, a mudança era também estratégica. O ambiente político da segunda metade dos anos 50 era permeado pela tensão da Guerra Fria (1945-1989). De um lado, havia o receio de os militares darem um golpe – e, de outro, o de estourar uma revolução comunista como a ocorrida em Cuba, em 1959. No ano anterior à eleição de JK, Getúlio Vargas se suicidara no Palácio do Catete (sede do governo, no Rio de Janeiro).

JK esperava cumprir o mandato estando longe das agitações populares e do clima de instabilidade no Rio de Janeiro. O isolamento do poder em Brasília, para alguns especialistas, acabaria contribuindo para formar uma classe política que, distante da pressão popular, estaria mais sujeita à corrupção.

Juscelino defendia a proposta desde 1946, quando era deputado constituinte. E a cidade apareceu como meta de número 31 (a meta-síntese) no Plano de Metas de seu governo.

Foi no primeiro comício como candidato da coligação PSD-PTB, cinco dias após deixar o governo do Estado de Minas Gerais para concorrer à Presidência, que JK fez a promessa de construir Brasília. Era 4 de abril de 1955, no município de Jataí, sertão goiano.

Após o discurso, um eleitor perguntou se o candidato mudaria a capital, conforme previsto na Constituição.

JK respondeu: “Cumprirei na íntegra a Constituição. Durante o meu quinquênio, farei a mudança da sede do governo e construirei a nova capital”.

Niemeyer

Juscelino Kubitschek foi eleito em 3 de outubro 1955, com 33,82% dos votos. Para cumprir a promessa de campanha, escolheu o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar as principais edificações da cidade. Niemeyer já era conhecido internacionalmente, e alguns dos projetos arquitetônicos que fez para Brasília tornaram-se símbolos do país, como o Congresso, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Catedral.

O segredo da arquitetura de Niemeyer é a sofisticação da obra aliada a um elemento intuitivo, que permite que ela seja apreciada por qualquer pessoa. São soluções criativas que parecem simples – como o desenho dos “pratos” invertidos do Congresso -, mas que são ricas de detalhes.

Para escolher o Projeto Piloto foi realizado um concurso entre 12 e 16 de março de 1957. Foram apresentados 26 projetos. O júri escolheu a planta cujo formato parecia o de um avião, do urbanista e arquiteto Lucio Costa.

Com o projeto em mãos, foi criada uma empresa, a Novacap, e empregado um contingente de 60 mil trabalhadores para a construção. Os operários, a maioria formada por nordestinos, acabaram se fixando na cidade. Eles trabalhavam dia e noite para erguer, no nada, a capital futurista num prazo recorde de 43 meses.

Cofres públicos

Não se sabe exatamente quanto foi gasto na construção de Brasília. A maior parte das verbas não foi contabilizada em registros bancários ou comprovantes fiscais. O governo também não fez, à época, uma estimativa oficial.

O ex-ministro da Fazenda de Café Filho, Eugênio Gudin, adversário político de JK, estimou os custos em US$ 1,5 bilhão. Em valores atualizados, o orçamento seria de US$ 83 bilhões, seis vezes mais do que o previsto para as Olimpíadas do Rio, a serem realizadas em 2016. Para captar recursos, o governo emitiu mais dinheiro e foram feitos empréstimos no exterior. Isso deixou uma conta salgada para o país, na forma de inflação alta e dívida externa.

A despeito disso, Brasília progrediu. A cidade tinha 140 mil habitantes em 1960 e em 2010 são estimados 2,6 milhões de brasilienses vivendo na capital.

Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu, em média, 4,8% entre 1961 e 2000, o Distrito Federal teve aumento de 57,8% no mesmo período.

A combinação de empregos públicos e altos salários faz de Brasília a cidade com o maior PIB per capita do país, R$ 40.696, quase três vezes maior que a média nacional – e superior a São Paulo (R$ 22.667) e Rio de Janeiro (R$ 19.245), de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Juscelino conseguiu cumprir o mandato, mas os presidentes que o sucederam – Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964) – não tiveram a mesma sorte.

Em 1964, um golpe militar mergulhou o país numa ditadura que duraria mais de vinte anos.

Eleito senador pelo Estado de Goiás, em 1962, JK teve os direitos políticos cassados dois anos depois. Morreu em 1976, num acidente de carro na via Dutra.

Deixou como legado uma utopia modernista concretizada no meio do sertão. Brasília ainda seria palco do fim da ditadura militar (1985), do impeachment de Collor (1992), da eleição de um operário (Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003) para a presidência da República e de muitos escândalos de corrupção.

Resumo

Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960. A transferência da capital do país do Rio de Janeiro para Brasília levou desenvolvimento para o interior do território e concentrou o poder político longe dos centros urbanos da época. Brasília foi erguida no meio do cerrado, em menos de quatro anos, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Para ele, foi uma decisão estratégica fugir da instabilidade política do Rio de Janeiro, onde estaria sujeito a golpes.

O projeto urbanista foi de autoria de Lucio Costa – e as edificações modernistas, do arquiteto Oscar Niemeyer. A ideia de construir Brasília é antiga. José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi o primeiro a sugerir o nome para a nova capital do país, em 1823. A primeira constituição republicana, de 1891, previa a mudança da capital. Não se sabe exatamente quanto foi gasto na construção de Brasília. Estima-se o valor em US$ 1,5 bilhão que, corrigido, corresponderia a US$ 83 bilhões, seis vezes mais do que o previsto para as Olimpíadas do Rio de 2016. Os gastos geraram inflação e dívida externa.

José Renato Salatiel

Bibliografia

Brasília Kubitschek de Oliveira (Record): livro do jornalista Ronaldo Costa Couto sobre a polêmica em torno da construção de Brasília.
# 21 de Abril de 1960 – Brasília – A Nova Capital (Lazuli): livro da historiadora Nadir Domingues Mendonça que fala dos impactos da transferência da capital para o Planalto.
JK (2006): minissérie exibida pela TV Globo sobre a vida de Juscelino Kubitschek.

Fonte: vestibular.uol.com.br

Construção de Brasília

A origem de Brasília

A história da construção de Brasília começou muito antes de Juscelino Kubitschek. Em 1957, o padre Renato Zigiotti chegou ao Brasil anunciando que Dom Bosco havia sonhado com o surgimento de uma nova terra prometida entre os paralelos 15° e 20° no Brasil, segundo consta do Diário de Brasília, registrado por um funcionário da Novacap.

Na noite de 30 de agosto de 1883, Dom Bosco sonhou que fazia uma viagem pela América do Sul, acompanhado de um anjo. Os dois enxergavam dentro da terra um mar subterrâneo de metais preciosos e de petróleo. A certa altura, entre os graus 15° e 20°, “aí havia uma enseada bastante extensa e larga, que partia de um ponto onde se formava um lago.

Nesse momento, disse uma voz repetidamente: — Quando se vierem a escavar as minas escondidas em meio a estes montes, aparecerá aqui a terra prometida, onde correrá leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”.

Em 1922, no ano do Centenário da Independência do Brasil, o deputado Americano do Brasil apresenta um projeto à Câmara incluindo entre as comemorações a serem celebradas o lançamento da Pedra Fundamental da futura capital, no Planalto Central. O então presidente da República, Epitácio Pessoa, baixa o Decreto no 4.494, de 18 de janeiro de 1922, determinando o assentamento da Pedra Fundamental e designa para a realização dessa missão o engenheiro Balduino Ernesto de Almeida. No dia 7 de setembro de 1922, com uma caravana composta de 40 pessoas, é assentada a Pedra Fundamental no Morro do Centenário, na Serra da Independência, situada a nove quilômetros da cidade de Planaltina. Somente em 1955, durante um comício na cidade goiana de Jataí, o então candidato à Presidência, Juscelino Kubitschek, foi questionado por um eleitor se respeitaria a Constituição, ao interiorizar a capital federal, ao que JK afirmou que iria transferi-la. Eleito presidente, Juscelino estabeleceu a construção de Brasília como metassíntese de seu Plano de Metas.

O sonho de Dom Bosco encontrou respaldo na audácia e na coragem de Juscelino Kubitschek, aliando-se à genialidade de Oscar Niemeyer, ao traço de Lúcio Costa e à determinação e arrojo de Israel Pinheiro, principais colaboradores dessa iniciativa que mudou a vida do País.

Localização de Brasília

Idealizada e erguida em aproximadamente mil dias, a obra é considerada uma das mais rápidas da história moderna. Além da arquitetura, um dos destaques é o aproveitamento das características do lugar, assim como dos recursos disponíveis, para modificar o clima, tornando-o mais fresco e agradável, e a obtenção dos recursos energéticos, hídricos, alimentares e sanitários. O urbanismo permite que as pessoas encontrem tudo o que se precisa perto de casa, e a lógica usada para distribuir, ordenar e tornar mais eficiente um conceito de centro de cidade não existe em nenhum outro País.

Localizada no Distrito Federal, a cidade fundada pelo então presidente da República Juscelino Kubitschek exibe monumentos modernos que chamam atenção de qualquer turista. Pelo desenho original de Lúcio Costa, Brasília é, sobretudo, peculiar. Não tem esquinas, mas tem itens próprios, como o comércio local das superquadras residenciais, as famosas “tesourinhas” e ipês floridos, que colorem a cidade durante o inverno – época seca do ano.

Brasília nasceu com a vocação de manter uma ligação umbilical com o Estado. Hoje, 53,6% do Produto Interno Bruto do Distrito Federal, composto de Brasília e suas 30 Regiões Administrativas (RAs), provêm da administração pública, segundo dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). Os números levantados pela Codeplan mostram um crescimento na participação da atividade imobiliária e aluguel no PIB brasiliense de 5,4% em 2006 para 6,4%; em 2007, de 18,5% em apenas um ano.

Patrimônio cultural da humanidade

Em 1972, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) criou a Convenção do Patrimônio Mundial, cujo objetivo era incentivar a preservação de bens culturais e naturais considerados significativos para a humanidade, permitindo, assim, que as gerações futuras tivessem acesso ao legado recebido ainda no passado.

A denominação previa ainda que os sítios do Patrimônio Mundial pertencem a todos os povos do mundo, independentemente do território em que estejam localizados.

Dentro desse contexto, a nova e moderna Brasília, possuidora da maior área tombada do mundo, 112,25km2, foi inscrita pela Unesco na lista de bens do Patrimônio Mundial em 7 de dezembro de 1987 como o único bem contemporâneo (construído no século XX) a merecer essa distinção.

O Patrimônio Cultural de Brasília é composto de monumentos, edifícios ou sítios que tenham valor histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico.

Qualidade de vida

Brasília possui o melhor índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Isso significa dizer que detém o maior índice de qualidade de vida do País. O IDH foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de mensurar o grau de qualidade de vida desfrutado pelos habitantes de uma cidade ou de um País.

Essa avaliação leva em conta diversos fatores que vão desde a renda até a educação e infraestrutura, passando pela longevidade da população.

A pontuação obedece a uma escala que vai de zero a um, sendo tão mais saudável quanto mais próxima de um. O índice na Região Administrativa de Brasília chega perto dos melhores do mundo, com a marca de 0,844, ficando acima da média nacional, que é de 0,766.

A capital do País também se destaca no cenário nacional nas áreas de ensino público, renda per capita, infraestrutura e também nos indicadores sociais básicos, evidenciando estreita vinculação entre a qualidade de vida da população e a qualidade dos serviços públicos prestados.Quem nasce no Distrito Federal tem chances de viver mais do que pessoas nascidas em outros estados. A pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que a expectativa de vida do brasiliense aumentou nos últimos dez anos e, hoje, é a maior do País.

Atualmente, as crianças que nascem na capital da República devem viver, em média, 75,6 anos – enquanto a média nacional é de 72,8 anos. O crescimento se explica, principalmente, pela redução dos níveis de mortalidade infantil local (11,1 para cada mil nascidos vivos) e pela melhoria da qualidade de vida do brasiliense.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2008, o Distrito Federal é a única unidade da Federação em que mais da metade da população passou, pelo menos, dez anos da vida estudando. Mais de um milhão de pessoas (51,35% da população acima de dez anos de idade) dedica pelo menos uma década às salas de aula — entre elas, 304 mil (14,24%) estudaram por mais de 15 anos.

Vale também destacar que 99,3% das residências no Distrito Federal dispõem de energia elétrica; 98,3% são beneficiadas com coleta de lixo; 94,5% têm água encanada; e 88% estão conectadas à rede de esgotos.

Fonte: www.seplan.df.gov.br

Construção de Brasília

O sonho de transferência da capital do Brasil para o interior é acalentado pelo menos desde sua independência, em 1822. Do ponto de vista simbólico, a mudança significa a passagem de um país colonial para uma nação independente, pronta para integrar outras regiões desfavorecidas pelo regime precedente e deslanchar um novo processo de desenvolvimento. Com a proclamação da república, esse desejo é reafirmado legalmente na forma de artigo da Constituição de 1891, na qual se prevê a criação do Distrito Federal no Estado de Goiás, no Planalto Central. Em 1892, uma comissão, chefiada pelo astrônomo belga Luis Cruls (1848 – 1908), inicia estudo para demarcação desse território. Mas somente em 1953 a idéia é retomada pelo presidente Getúlio Vargas (1882 – 1954), que nomeia uma Comissão de Localização da Nova Capital Federal para escolher em definitivo o local para a construção de Brasília. No entanto, cabe ao presidente Juscelino Kubitschek (1902 – 1976) realizar o projeto, a partir de 1956, no tempo recorde de menos de cinco anos.

Juscelino Kubitschek encontra o terreno preparado para a realização do amplo empreendimento, mas, sem seu empenho pessoal em cumprir essa promessa de campanha, a cidade não teria surgido como num passe de mágica.

Obviamente, tal perseverança visa também a fins políticos: até hoje os cinco anos do governo são lembrados como um período de prosperidade e de grandes realizações, cuja síntese é representada por Brasília.

Apesar da forte oposição dentro e fora do governo, em setembro de 1956 é aprovado pelo Congresso o projeto de lei para a construção da nova cidade e o presidente convida pessoalmente o arquiteto Oscar Niemeyer (1907) para planejar os prédios governamentais e dirigir o Departamento de Arquitetura da Companhia Urbanizadora da Nova Capital – Novacap.

Ainda em setembro, por sugestão de Niemeyer, abre-se um concurso nacional para elaboração do plano piloto. O anteprojeto do arquiteto e urbanista Lucio Costa (1902 – 1998) é declarado vencedor, por unanimidade, em março de 1957. Apesar das celeumas sobre o resultado, no conjunto a crítica especializada concorda com a escolha, reconhecendo a superioridade da proposta.

Nota-se no projeto a simplicidade do desenho e da concepção. Como observa o próprio Lucio Costa, o desenho da cidade “nasceu de um gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”.

Também procura-se adaptar o traçado à topografia local, arqueando um dos eixos “a fim de contê-lo no triângulo equilátero que define a área urbanizada”.

A idéia de “tomada de posse” remonta, paradoxalmente e de forma consciente por Costa, à lógica de ocupação da tradição colonial; no entanto seu significado simbólico adapta-se ao espírito e às condições que presidem à fundação de Brasília: capital artificial plantada no Planalto Central para servir como ponto de partida para uma nova colonização.

A cidade de Costa é organizada em torno desses dois eixos perpendiculares, um é consagrado ao poder público e ao setor administrativo enquanto o outro abarca a vida particular, com concentração de atividades mistas na interseção dos dois elementos. A circulação rápida e fácil é garantida por um sistema de rodovias, permitindo evitar os cruzamentos e separar as diversas modalidades de tráfego (nota-se que o meio de transporte favorecido é o automóvel). Como observa crítico Mário Pedrosa (1900 – 1981) “sua articulação espacial é límpida, condensada e rítmica (…) sem tropeços, até as capilares, e vai e vem de extremidade em extremidade, como num bom sistema de vasos sanguíneos”.

É na parceria entre Costa e Niemeyer que o ideal estético da cidade encontra sua expressão maior. O eixo monumental, ponto focal da cidade, exige de cada edifício público um caráter singular, sem prejuízo da unidade do todo. Niemeyer atinge seu objetivo mediante a combinação de formas puras e geométricas trabalhadas de modos diversos, como é o caso do jogo das cúpulas invertidas do palácio do Congresso, ou as colunas com extremidades em vértice que se repetem nos palácios do Planalto, do Supremo e da Alvorada (transformando-se em símbolo de Brasília).

O conjunto desse eixo, cuja localização é definida por Costa, sintetiza a idéia guia dos dois arquitetos em relação a Brasília: atingir a monumentalidade exigida por uma capital federal pela leveza e simplicidade, e pela harmonia e clareza das articulações entre as partes e o todo. Tanto os edifícios quanto o plano piloto compartilham um caráter aéreo, como se tudo estivesse suavemente pousado no solo (o desenho do último já foi comparado a um avião ou pássaro pousado no Planalto Central).

São esses alguns dos elementos que fazem de Brasília, inaugurada em 21 de abril de 1960, uma experiência única no âmbito da arquitetura moderna mundial, a despeito das modificações infligidas à cidade e do crescimento populacional muito acima das expectativas e a conseqüente construção das cidades-satélite, muitas delas convivendo com os mesmos problemas das periferias pobres das metrópoles brasileiras.

Fonte: www.itaucultural.org.br

Construção de Brasília

A construção de Brasília

Em 19 de setembro de 1956, o Congresso Nacional aprovou e JK sancionou a Lei n° 2.874 que “fixava os limites do futuro Distrito Federal e autorizava o governo a instituir a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), cuja presidência foi entregue ao deputado federal Israel Pinheiro”. ( Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro, CPDOC- Fundação Getúlio Vargas). Bernardo Sayão e Ernesto Silva foram nomeados diretores desta companhia, que seria responsável pela construção de Brasília.

Essa mesma lei, mediante emenda do deputado Francisco Pereira da Silva, do PSD do Amazonas, resgatou o nome Brasília, sugestão apresentada em 1823 por José Bonifácio de Andrada e Silva. JK gostou do nome, pois o considerou adequado ao sentido integracionista da nova capital .

No dia dois de outubro, JK foi pela primeira vez às terras onde se fundaria Brasília. Na região só havia árvores do cerrado e nenhum tipo de infra-estrutura. “O Presidente posava de visionário. Descreveu uma cidade encantada. Aqui um lago, lá um palácio transparente, além os 3 Podêres da República. O vidente Juscelino não viu o sorriso irônico do pequeno auditório que testemunhou êsse quadro” (Revista O Cruzeiro de 07 de maio de 1960) . Poucos eram os que acreditavam que a nova capital pudesse realmente ser erguida em local distante, de difícil acesso e em tão curto espaço de tempo, pois a inauguração deveria ocorrer em 21 de abril de 1960.

A primeira medida adotada por JK foi instituir um concurso para criar os planos arquitetônicos e urbanísticos de Brasília. Lucio Costa foi o vencedor, com um Plano Piloto de linhas simples e meticulosamente dispostas que deveriam ser acolhedoras e capazes de proporcionar conforto aos futuros moradores. O seu plano era conformado a partir do sinal da cruz e segundo Lucio Costa, “a idéia nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”

Oscar Niemeyer, por sua vez, ficou responsável por imprimir a modernidade necessária à futura capital, e, em fevereiro de 1957, passou a chefiar o Departamento de Urbanismo e Arquitetura. Equipes especializadas, em coordenação com Lucio Costa, formularam planos complementares para a cidade nas áreas administrativa, educacional, de saúde, assistência social e abastecimento . Afinal, era preciso criar uma infra-estrutura que permitisse aos funcionários do governo habitar a cidade, com moradias, hospitais, escolas, e tudo o mais que uma cidade deveria ter.

Na área de educação, foi elaborado um sistema escolar público aprovado pelo Ministério da Educação e Cultura que previa a realização, em Brasília, de uma educação integral às crianças e adolescentes. Além disso, esse plano procurava também distribuir de forma equitativa as escolas ao longo do Plano Piloto, para que as crianças percorressem o menor trajeto possível para chegar até a instituição de ensino. Já o planejamento hospitalar da cidade, elaborado e desenvolvido pelos Drs. Ernesto Silva e Henrique Bandeira de Mello, tinha por objetivo proporcionar a todos uma assistência de alto padrão, procurando atender os habitantes no próprio bairro em que residiam. Para isso, seriam criados um hospital base, hospitais distritais, hospitais rurais e unidades satélites, destinadas a atender às populações mais afastadas da cidade.

JK costumava ir ao Planalto pelo menos duas vezes por semana, para verificar o andamento dos trabalhos e assim descreveu sua experiência: “O espetáculo era deslumbrante. Guindastes bracejavam, transportando material dos caminhões para os canteiros de obras. Polias giravam, fazendo andar as esteiras rolantes que levavam o cimento para as fôrmas de madeira. Homens corriam. Buzinas roncavam. O próprio chão estremecia, rasgado pelas Estacas Franki. Os edifícios iam surgindo da terra, perfurada em todas as direções. Cada obra ostentava uma tabuleta com os dizeres: ‘Iniciada no dia tal. Será concluída no dia tal.’ Além das tabuletas, havia a minha fiscalização pessoal. Conversava com os operários, lembrando-lhes a necessidade de que a cidade ficasse pronta no prazo prefixado”. (KUBITSCHEK de Oliveira, Juscelino. Por que construí Brasília. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1975, p. 81).

A maior parte dos trabalhadores empregados na construção da cidade era oriunda das regiões Norte e Nordeste do país, os chamados “candangos”. Eles traziam consigo o sonho de uma vida melhor e muita disposição para trabalhar. A oportunidade de trabalho na construção da nova capital era vista por muitos como a única chance de conquistar condições dignas para si e suas famílias. Brasília era o sonho a ser construído do barro do cerrado

No curso dos trabalhos da construção de Brasília, Carlos Lacerda, político opositor ao governo JK, membro da União Democrática Nacional (UDN), encabeçou um pedido de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades na contratação das obras. No entanto, ele não conseguiu êxito, as obras continuaram e após 3 anos e 5 meses, na data simbólica de 21 de abril, em 1960, JK inaugurou solenemente a nova capital.

De novembro de 1956, quando se iniciaram as obras, até a inauguração, em 21 de abril de 1960 foram concluídas as seguintes construções: Catetinho, Congresso Nacional, Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal, onze edifícios ministeriais, Palácio da Alvorada, Imprensa Nacional, três mil moradias, hospital público com quinhentos leitos, hotel de turismo com cento e oitenta apartamentos, aeroporto provisório, escolas, clube náutico, concha acústica, Ermida Dom Bosco, Igreja Nossa Senhora de Fátima, barragem do rio Paranoá, estação ferroviária e eixo rodoviário.

Fonte: www.museuvirtualbrasil.com.br

Construção de Brasília

Fotos da Construção de Brasília

Construção de Brasília
Vista aérea da Esplanada dos Ministérios. Ao fundo, a Plataforma Rodoviária e o edifício do Hospital de Base.

Construção de Brasília
“Marco Zero” no ano de 1957. Em primeiro plano , o local da Plataforma Rodoviária. Em segundo plano, o local onde surgirão os Ministérios e o Congresso.

Construção de Brasília
O mesmo local da foto anterior (agora visto do solo) em 1959-1960. Em primeiro plano, as obras da Plataforma Rodoviária. Ao fundo, a Catedral e os Ministérios

Construção de Brasília
O Congresso Nacional. À direita, o Supremo Tribunal Federal.

Construção de Brasília
A Esplanada dos Ministérios. Em primeiro plano, parte do Senado.

Construção de Brasília
Congresso Nacional

Construção de Brasília
Edifícios populares (chamados de “edifícios JK”), nas SQS 413 (blocos no centro da foto) e 412.

Construção de Brasília
As SQS 106, 107, 108 e 308 (esta última, ainda em construção). A quadra distante, ao fundo e à esquerda, é a SQS 114.

Construção de Brasília
A SQS 108 em construção. Em primeiro plano, a Igrejinha. Ao fundo, blocos da SQS 208.

Construção de Brasília
Vista aérea da SQS 108 (a mesma quadra da foto anterior), já pronta e vista pelo lado oposto. Ao fundo, a SQS 308 em construção

Construção de Brasília
O Congresso e a Esplanada dos Ministérios.

Construção de Brasília
Asa Sul. Em 1º plano, à direita, as quadras 508 e 308 Sul. A quadra pronta, somente com casas (em 2º plano, à esquerda) é a 707 Sul.
Obs: vista deste ângulo, a Brasília de 1960 parecia bem menos vazia do que de fato estava.

Construção de Brasília
A Catedral, os Ministérios e o Congresso.

Construção de Brasília
As primeiras superquadras da Asa Sul.
Em primeiro plano, à direita, a SQS 105.

Construção de Brasília
Quadras 400 Sul.
Obs: a avenida L-2 Sul era então somente uma rua estreita

Construção de Brasília
A Avenida Central do Núcleo Bandeirante
Obs: na época, o Núcleo Bandeirante era chamado de “Cidade Livre”.

Construção de Brasília
Uma visão artística de como seria a futura Catedral

Construção de Brasília
Maquete do Setor Bancário e Comercial.

Fonte: www.geocities.com

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