História
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A História oficial do Brasil começou na Bahia; a História registra que o descobridor, Pedro Álvares Cabral, aportou nas costas da região onde hoje se encontra Porto Seguro, no litoral Sul da Bahia.
É possível que a nau mensageira enviada por Cabral para dar conta ao rei D. Manuel I das novas terras descobertas (a princípio, pensava-se que uma ilha haia sido descoberta, que foi batizada de Ilha de Santa Cruz) tenha percorrido a costa da Bahia a partir de Porto Seguro para o norte, antes de se lançar à travessia do Atlântico em direção a Portugal.
Os primeiros registros oficiais da região de Salvador, no entanto, foram feitos pela expedição de 1501; Américo Vespúcio, que participava da expedição, foi o primeiro a falar da baía a que chamaram “de Todos os Santos”, por ter sido encontrada em 1 de novembro, dia de Todos os Santos.
O nome “Bahia” iria estender-se ao território que se constituiu com as terras das capitanias hereditárias doadas a Francisco Pereira Coutinho, Pero de Campos Tourinho, Jorge de Figueiredo Correia, D. Antônio de Ataíde e D. Álvaro da Costa.
Colônia
A partir da ocupação de Salvador e arredores, nos dois primeiros governos-gerais, existiram distinções muito nítidas entre Salvador (e a região margeando a baía, chamada recôncavo) e o interior mais distante.
Apesar das excelências do ancoradouro descoberto em 1501, os portugueses abandonaram-no nas duas primeiras décadas de existência da colônia, dando margem a que franceses ali negociassem com os indígenas. Em face desse abandono, explica-se a surpresa de Pero Lopes de Sousa, cuja viagem é de 1530, ao encontrar na Bahia o lendário Caramuru, que desde 1510 ou 1511, quando naufragara, vivia entre os selvagens.
As capitanias da costa central do Brasil não ofereciam perspectivas de retorno, e por isso foram destinadas aos menos ricos dos donatários; as capitanias que mais atraíram a atenção foram as do extremo norte (próximas à Foz do Amazonas) e do extremo sul (próximas à foz do rio da Prata) e pelo mesmo motivo: os rios davam fácil acesso ao interior do Brasil, onde, supunha-se, poderiam ser encontradas ricas minas de ouro e platina, tal qual ocorreu na costa ocidental da América.
Também por isso, as capitanias não prosperaram; os donatários tinham poucos recursos humanos, materiais e financeiros, e dependiam da ajuda da Coroa; a Coroa, por não ver perspectivas de retorno imediato, pouco auxílio mandou aos capitães.
Para substituir o fracassado regime de capitanias, deliberou D. João III instalar um governo-geral, com sede na Bahia, que, embora situada a distâncias desiguais dos extremos da costa ocupada pelos portugueses, oferecia boas condições para daí se dar “favor e ajuda às outras capitanias e se ministrar justiça, prover às cousas da real fazenda e ao bem das partes”. Para cumprir essa política, foi nomeado Tomé de Sousa, que, de acordo com o regimento de 17 de dezembro de 1548, deveria edificar “uma fortaleza e povoação grande e forte num lugar conveniente”.
Após violentas guerras contra os índios de Jaguaripe e Paraguaçu (1558 e 1559), concluiu-se a posse de Matuim e Passé. Não foi somente com boiadas e currais que se completou a incorporação dos sertões à Bahia, mas também com as guerras contra os índios amoipiras, acroás e paiaias.
A religião também teve papel importante; Roma mandou a Salvador o primeiro bispo das Américas, o bispo Sardinha; ademais as missões religiosas dos padres da Companhia de Jesus e dos frades de São Francisco e do Monte Carmelo muito contribuíram para as atividades civilizadoras, produtivas e constantes. Outro estímulo para o povoamento consistiu no descobrimento de ouro na serra de Jacobina.
No século XVIII, a Bahia contava 77.000 habitantes. Acompanhando, por um aspecto, a conquista do território, e correspondendo, por outro, à orientação de Portugal, ficaram caracterizadas quatro zonas de produção: (1) o Recôncavo, para a cana-de-açúcar; (2) Jaguaripe e Camamu, para a farinha de mandioca; (3) tabuleiros ou areais, para fumo e mandioca; (4) o sertão, para o gado. A principal característica da economia, não apenas da Bahia mas de todo o Brasil colonial, foi estar voltada para o mercado externo, com as terras da Bahia colocadas como fornecedoras de matérias-primas e artigos da lavoura tropical, que interessavam à Europa.
Implantada sob os condicionamentos da economia mercantil, a economia de exportação teve como base o trabalho escravo. Desenvolveu-se, porém, de forma variada e complexa, com um elenco mais extenso e mais expressivo de artigos e produtos, como pau-brasil, açúcar, algodão, fumo, ouro, madeiras, couro cru, cachaça e farinha.
Ocupação Holandesa
Graves acontecimentos interromperam a maré de prosperidade reinante na Bahia em começos do século XVII.
Não somente como decorrência da união das coroas de Portugal e Espanha (a Espanha proibiu o Brasil de ter relações comerciais com a Holanda), mas também graças à cobiça despertada pela riqueza do açúcar, resolvera a Holanda, em 1623, assaltar a Bahia.
Em maio de 1624 chegava a Salvador a esquadra comandada por Jacob Willekens, tendo sob suas ordens 26 navios e 500 bocas de fogo; os invasores ocuparam facilmente a cidade, nela permanecendo por um ano, até serem rechaçados pela armada luso-espanhola, comandada por D. Fradique de Toledo Osório.
Inconformados com a perda da metrópole, a ela retornaram os holandeses em 1638, quando já fortemente estabelecidos em Pernambuco, tomado em 1630 (ver História de Pernambuco). Dessa feita, o ataque foi comandado por Maurício de Nassau, que, havendo iniciado o assédio em 16 de abril, retirou-se, batido, em 29 de maio.
Comandou a defesa o conde de Bagnuolo. Vê-se que a presença holandesa na Bahia foi mais curta e deixou menos traços do que em Pernambuco.
Passada a tormenta dessas invasões, que comprometeram gravemente a produção local, a Bahia retomou o progresso anterior.
Luta pela Independência
Em fins do século XVIII atuavam em Salvador 164 comerciantes exportadores e importadores. Todo o comércio destinava-se à Europa, à África e ao Rio Grande do Sul e portos do Prata. Entretanto, na estrutura política, social e econômica que então se definira, ocorreram vários conflitos entre os nascidos e residentes na capitania e as autoridades que exerciam o governo em nome do rei de Portugal.
Nos casos do chamado motim do Maneta (outubro de 1711) e do levante do Terço Velho (maio de 1728), os insurretos deixaram de localizar na condição de colônia a causa principal das dificuldades e problemas da Bahia; já por ocasião da sedição intentada em 1798, denominada conjuração baiana ou dos alfaiates, aparece a condição de colônia como a causa maior do monopólio de comércio, do preço fixo para o açúcar, fumo, algodão e sola, da cobrança extorsiva dos impostos, do soldo ínfimo dos militares, e já se exigia um regime político capaz de garantir a igualdade de direitos para todos, sem distinção de cor ou origem social.
Mesmo após a mudança da sede do império colonial português para o Rio de Janeiro, em 1763, Salvador continuou a destacar-se como centro político de influência, onde grupos de patriotas, militares e civis acabariam por dar início à luta para separar o Brasil da metrópole.
Esses grupos estiveram envolvidos na rebelião de 1817 em Pernambuco, e em fevereiro de 1821 promoveram a adesão da Bahia ao movimento constitucionalista, que aboliu a monarquia absoluta em Portugal. Contudo, como os liberais-constitucionalistas de Lisboa adotassem orientação nitidamente contrária aos interesses do Brasil, por último concordando com a ocupação militar de Salvador pelos soldados e marinheiros portugueses (fevereiro de 1822), a luta pela independência evoluiu na Bahia para uma guerra lenta e dolorosa.
O conflito começou com o “25 de junho” em Cachoeira, em 1822 e acumulou episódios heróicos, dentre os quais sobressai o combate de Pirajá, em 8 de novembro de 1822. Chega-se ao ano de 1823 com repetidos e novos combates na baía de Todos os Santos e nas cercanias de Salvador. Superada rapidamente a divergência entre o militar francês Pedro Labatut e os militares brasileiros no comando do Exército, o coronel José Joaquim de Lima e Silva, visconde de Majé, ordenou em 3 de junho a ampla ofensiva que terminou forçando a retirada das tropas portuguesas.
Em 2 de julho de 1823, a Bahia festejava a vitória brasileira; até hoje o 2 de julho é feriado na Bahia, comemorado com tanta reverência quanto o 7 de setembro. Ao iniciar-se a luta na província, a baiana Maria Quitéria formou uma companhia feminina, que combateu durante toda a guerra.
O Império
Após a separação, o apoio da Bahia à exigência nacional de união de todas as províncias em um único país não impediu que ocorressem no estado os movimentos federalistas de 1832 e 1833, ligados ao nome do capitão Bernardo Miguel Guanais Mineiro, e o de 1837, mais conhecido como Sabinada, do nome de seu chefe, o médico e jornalista Sabino Vieira.
Em sua feição militar, a Sabinada sustentou-se quatro meses, estendendo-se ao sertão (Feira de Santana e Vila da Barra), com alguns combates de grande violência. São ainda aspectos da instabilidade das estruturas sócio-políticas, nessa época, os diversos levantes de escravos (o mais sério foi o dos negros muçulmanos, a Revolta dos Malês, em 1835), a circulação de moedas falsas, e as lutas de família, das quais são exemplos as que ensangüentaram o São Francisco, entre as famílias Guerreiro e Militão.
Em 1843, foram descobertas as regiões diamantíferas da serra do Açuruá. Sucessivos planos repetiram a exigência de meios de comunicação eficientes para o Recôncavo e o sertão. Inaugurada precariamente em 1819, a navegação a vapor desdobrou suas linhas para as cidades fluviais (Santo Amaro, Cachoeira, Nazaré) e as marítimas da costa sul (Camamu, Ilhéus).
Em 1853, o governo assinou o primeiro contrato para a construção da estrada de ferro Bahia-São Francisco, que formou, com a Alagoinhas-Itabaiana, a Central, a Santo Amaro-Bom Jardim e a Nazaré-Santo Antônio, a rede ferroviária da Bahia no século XIX. Existindo, igualmente, preocupação com a melhoria da lavoura de cana e a produção de açúcar, alguns plantadores introduziram novas qualidades de cana e alguns engenhos adotaram máquinas a vapor. Serve de exemplo o grande engenho que Francisco Gonçalves Martins fez montar em 1859.
Já em 1841, fundara-se na Bahia uma companhia para introdução de fábricas úteis. Com a abolição do tráfico de escravos e a subseqüente decadência do comércio com a África, muitos comerciantes associaram seus capitais à fundação de bancos, caixas de crédito e companhias de seguro.
Acompanhando esse crescimento das atividades econômicas, as administrações procuraram de um modo geral ampliar as oportunidades de escolaridade e sistematizar o ensino e a educação. Não obstante, as crises do preço do açúcar no mercado externo, a concorrência que os diamantes da África do Sul passaram a fazer nas Lavras, as dificuldades para a adaptação do trabalho livre numa economia havia séculos baseada no trabalho escravo, as péssimas condições de saúde e de higiene nos centros de maior concentração urbana e as deficiências de recursos financeiros conduziram a província à vexatória situação que se delineou na grande crise de 1873.
Os preços do açúcar não compensavam a matéria-prima consumida; paralisavam-se as transações comerciais. Era evidente a decadência econômica e financeira. Entretanto, foi em relativa tranqüilidade política que a Bahia participou do movimento abolicionista (1888) e da proclamação da república (1889).
República
Na Bahia, a república foi proclamada pelo coronel Frederico Cristiano Buys, em 16 de novembro de 1889.
Governava a província o conselheiro José Luís de Almeida Couto, sendo seu comandante de armas o velho marechal alagoano e futuro Presidente Hermes Ernesto da Fonseca, cujas convicções monarquistas eram conhecidas. Logo às primeiras notícias provenientes da corte, na manhã do dia 15, diversos políticos monarquistas, liberais e conservadores, adotaram a idéia de erguer a resistência armada ao novo regime.
Adiantando-se às iniciativas, o coronel Buys, oficial de grande prestígio, convocou para o forte de São Pedro o chefe republicano Virgílio Clímaco Damásio, e, com ele e outros, proclamou a república, às seis horas da tarde de 16. Quando assim procediam, aderiu o marechal Hermes, comunicando à oficialidade e à tropa sua decisão, já que o imperador e a princesa Isabel haviam abandonado o país, viajando para a Europa.
Por telegrama, o conselheiro Rui Barbosa, ministro da Fazenda do governo provisório, comunicara a indicação de Manuel Vitorino Pereira para o posto de governador do estado, em detrimento do republicano Virgílio Damásio; Vitorino era professor da faculdade de medicina e político liberal de tendência federalista, e seria outro baiano que mais tarde assumiria ainda que brevemente, a Presidência da República. Opinava o coronel Buys pela nomeação de Damásio, o mais antigo e coerente chefe republicano.
Inconformados com essa ascensão dos antigos liberais, alguns remanescentes do Partido Conservador participaram dos episódios que conduziram à renúncia o governador Manuel Vitorino (abril de 1890) e à indicação do marechal Hermes da Fonseca para governar a Bahia.
Seguiram-se a elaboração da primeira constituição do estado, a escolha, depois, em eleição indireta, de José Gonçalves da Silva, sua deposição no decurso da crise política de novembro de 1891, e a nomeação do contra-almirante Leal Ferreira. É uma fase confusa, apesar de ser possível acompanhar a lenta assimilação dos políticos monárquicos ao novo regime, alguns deles passando até a ocupar postos na administração do estado. O primeiro governador eleito pelo sufrágio direto foi o médico Joaquim Manuel Rodrigues Lima (1892-1896).
Na administração de seu sucessor, o conselheiro Luís Viana (1896-1900), ocorreu o episódio sangrento de Canudos, conflito de graves proporções, que revelou ao Brasil do litoral a dolorosa situação de pobreza e atraso cultural do sertão.
Do final do século XIX ao início do XX, a economia de exportação ganhara novo avanço. Expandindo-se sempre, a lavoura do cacau passou a representar 20% do orçamento do estado, além de crescer no movimento geral das exportações do país como produtora de divisas. Isso permitiu uma série de iniciativas de industrialização. Em 1904 estavam registradas 141 fábricas e manufaturas, das quais 12 de fiação e tecelagem, três de calçados, 12 de charutos, quatro de cerveja, duas de chocolate e cinco fundições de ferro. Com os recursos obtidos, as administrações de Severino Vieira (1900-1904) e José Marcelino de Sousa (1904-1908) melhoraram a navegação fluvial e marítima, as estradas de ferro e de rodagem.
João Ferreira de Araújo Pinho (1908-1911) procurou seguir a mesma orientação, mas não chegou a concluir seu período de governo, vendo-se compelido a renunciar ao mandato, em clima de incompreensão e mesquinha luta política. Havendo a maioria da câmara estadual, sob o comando de José Joaquim Seabra, então ministro da Viação no quatriênio presidencial de Hermes da Fonseca, recusado seu substituto legal (Aurélio Viana), sucederam-se dois atos de desafio ao poder federal: a ocupação do prédio da câmara estadual e o decreto que transferia para Jequié a capital do estado. O governo federal respondeu com a ação militar, que culminou com o bombardeio de Salvador, a 10 de janeiro de 1912.
Dessa data até 1916 o governo foi exercido por Seabra, que urbanizou a cidade de Salvador, mantendo o mesmo estilo de divergência política de seu antecessor, sempre pessoal e de confrontos entre grupos oligárquicos. A administração seguinte, de Antônio Muniz de Aragão (1916-1920) foi marcada pela revolta sertaneja. Democrata, duramente combatido pelos anti-seabristas, ainda assim Muniz de Aragão pôde dar seguimento ao programa administrativo inaugurado no governo de seu antecessor.
Seabra tentou eleger-se para um segundo período no governo, em 1920, encontrando forte oposição de políticos ligados a Rui Barbosa. É quando irrompe o que se chamou na época “guerra do sertão contra a capital”, uma revolta simulada em telegramas e manchetes de jornal, mas que demonstrou o enorme poder de alguns coronéis latifundiários, homens que chegaram a comandar centenas de jagunços fortemente armados. Em fevereiro de 1920, o governo de Epitácio Pessoa decretou a intervenção no estado, efetivada pelo general Cardoso de Aguiar.
Na época, o grande comércio exportador-importador da Bahia, ligado à lavoura da cana-de-açúcar, do café, do fumo e do cacau, contava apenas com empresas estrangeiras e algumas nacionais mais ou menos subsidiadas. No curso da primeira guerra mundial, o café e o fumo sofreram as restrições motivadas pela interrupção do comércio com a Alemanha. As empresas alemãs ou de capitais associados a alemães deram lugar a outras de capitais ingleses e americanos. Isso, contudo, não alterou o mecanismo vigente desde os fins do século XIX: a lavoura produzindo em regime de consignação, com as safras previamente vendidas aos exportadores.
Dessa forma, a crise mundial de 1929 atingiu a Bahia de forma incisiva. A exportação do cacau desceu de 70.000 toneladas para 63.000; a do fumo, de 26.500 para 26.200; e a do café, de 25.000 para 19.000. No pequeno parque industrial, destacavam-se tão somente nove fábricas têxteis que totalizavam cerca de 700 teares e 1.600 operários. Fazia paralelo com a indústria têxtil e açucareira, representada por 16 usinas. Grandes áreas de terras se encontravam ocupadas com a criação de gado bovino, caprino e ovino. Uma regular produção de peles era exportada para os Estados Unidos.
Revolução de 1930 e modernização da Bahia
Nas eleições de 1930, a Bahia deu o candidato a vice-presidente da república na chapa oficial, o ex-governador Vital Soares, mas já em 1929 se conspirava no estado, durante a campanha da Aliança Liberal. Em passagem por Salvador, em abril de 1929, Juarez Távora deixara instruções sobre o movimento que rebentou em outubro do ano seguinte. É inconteste que a Bahia opôs resistência à revolução de 1930, daí ter havido uma espécie de ocupação militar nos dois primeiros anos da década.
A partir da interventoria do tenente, depois capitão, Juracy Magalhães (1931-1935), modificou-se a situação, de modo que sua eleição constitucional realmente correspondeu a um novo quadro político. Juraci Magalhães deu apoio e incentivo às lavouras do cacau e do fumo, à indústria e à pecuária, definindo algumas das perspectivas de planejamento que voltariam ampliadas nas décadas de 1950 e 1960. No entanto, em 10 de novembro de 1937 Getúlio Vargas implantou o Estado Novo. Rejeitando o golpe, Juraci Magalhães preferiu renunciar ao governo no mesmo dia e retornar ao quartel.
Finda a segunda guerra mundial e voltando o Brasil às instituições políticas constitucionais, o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN), coligados, elegeram como governador o liberal Otávio Mangabeira, ex-ministro do Exterior do governo Washington Luís.
Mangabeira retomou a Bahia de onde a tinham deixado antes do Estado Novo e instaurou um programa de reformas. No entanto, a modernização só começa realmente a partir da década de 1950, quando o governo estadual impulsiona o planejamento econômico, e seus marcos foram a refinaria Landulfo Alves, a usina hidrelétrica de Paulo Afonso e a rodovia Rio-Bahia. De várias campanhas saíram aumentos dos royalties da Petrobrás e incentivos fiscais para a indústria.
Industrialização
Na década de 1960 o crescimento econômico baiano se acelerou com a criação do centro industrial de Aratu (cimento, metalúrgicas) e com a promoção da agricultura na bacia do São Francisco, que na década seguinte passou a ser fomentada pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
Um dos grandes responsáveis pela modernização da Bahia foi o polêmico Antônio Carlos Magalhães, que ocupou importantes cargos políticos no Estado e no país; Magalhães utilizou sua força política para direcionar investimentos para a Bahia.
O desenvolvimento industrial da Bahia ganhou enorme impulso com o pólo petroquímico de Camaçari, inaugurado em 1978. Na mesma época, o turismo também começava a ganhar força como fonte de riqueza. Na década de 1990, a lavoura cacaueira do sul baiano, outro esteio econômico do estado, foi prejudicada pela crise provocada pela disseminação da vassoura-de-bruxa, praga que provocou queda substancial na produção e muito desemprego. Em 1997 deu-se a privatização da Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba).
Fonte: www.viagemdeferias.com
Bahia
História da Bahia
A descoberta
Em Porto Seguro, a 22 de abril de 1500, o português Pedro Álvares Cabral, Almirante valoroso da esquadra lusa, daria o toque inicial da nossa história. Da história do Brasil, descoberto na Bahia propositadamente ou por acaso, ao gosto dos estudiosos, mas que foi português, na qualidade de colônia por mais de três séculos.
E a Bahia, capital da colônia, durante dois séculos e meio sediou a Governadoria Geral. Fundada a cidade de Salvador, em 1549 pelo 1º Governador Geral – Tomé de Souza vários aspectos da vida econômica foram sendo implantados em todo o seu território, mediante mão-de-obra escrava e indígena. Louve-se para tanto a ação dos Bandeirantes e as Entradas que deram condições práticas de extensão e colonização ao imenso território baiano, com área de 506.026 Km².
D. João III, escolheu a capitania da Baía de Todos os Santos, para instalar a sede do governo-geral, ” conhecidas já as grandes possibilidades da Bahia, a fertilidade da terra, os seus bons ares, maravilhosas águas e abundância de mantimentos”.
Por Alvará de 7 de janeiro de 1549, determinou o monarca: “mandar fazer uma fortaleza e povoação grande e forte na Baía de Todos os Santos por ser isso o mais conveniente lugar que há nas ditas terras do Brasil para dali se dar favor e ajuda nas outras povoações e se ministrar justiça e prover nas cousas que cumprem a meu serviço e aos negócios de minha fazenda e a bem das partes…”
Primeiro Governador Geral – A 1º de fevereiro de 1549, partiu de Lisboa grande frota de três naus Salvador, Conceição e Ajuda duas caravelas Rainha e Leoa e o bergantim São Roque, transportando cerca de 1.000 pessoas, inclusive três das figuras mais importantes da nossa colonização: Tomé de Souza, o 1º Governador-Geral, o padre Manoel da Nóbrega, superior dos Jesuítas e Garcia d’Avila, que foi feitor e almoxarife da Cidade.
Chegando ao seu destino, Tomé de Souza, depois de entrar em entendimentos com Diogo Álvares Correia – “Caramuru”, Paulo Dias Adôrmo e outros moradores para o alojamento provisório de toda a gente, desembarcou no dia 31 de março.
A cidade do Salvador
A cidade, nos primeiros meses de fundada, tinha de comprimento 140 braças portuguesas (equivalentes a 308 metros), por 106 braças (233 metros) de largura, tendo como limites, ao norte, a parte da Praça Municipal, ao sul, o local correspondente ao segundo pilar do edifício da antiga Secretaria de Agricultura (porta de Santa Luzia).
A sucessão
DUARTE DA COSTA foi o sucessor de Tomé de Souza no governo-geral, tendo chegado a Salvador em 31 de julho de 1553. A sua administração sofreu as conseqüências das intrigas, queixas e desmandos de uma sociedade nascente, sujeita a forma de vida de uma região inculta.
No governo de Duarte da Costa tomou impulso a catequese, sobressaindo a figura de Nóbrega, alma enérgica e forte, que pugnava por um ideal elevado e que, afrontando perigos e ódios, oferece severa resistência aos abusos e aos crimes da inculta sociedade local.
Duarte da Costa promoveu a construção do Colégio, de onde sairiam os grandes vultos da Colônia, erguida em terreno próprio, no mesmo local onde estão hoje a Faculdade de Medicina e a Catedral da Sé. Desde 1549 tinham os Jesuitas construído casa e ermida no monte Calvário, no local hoje denominado Carmo onde, sob as vistas do irmão Vicente Rodrigues e de Simão Gonçalves, se educavam moços órfãos vindos de Lisboa e bom número de meninos, filhos dos índios e mestiços da terra, transferindo-se em 1551, para o Terreiro de Jesus.
Em 1556 organizaram os Jesuitas um “curso de letras”, graduando a sua primeira turma de bacharéis, cada um recebendo o título de “Mestre em Artes”, em 1575.
Um lutuoso acontecimento encheu de consternação a Colônia no ano de 1556. A nau “Nossa Senhora da Ajuda” naufraga nas costas sergipanas, perecendo nas mãos dos selvagens caetés, que eram canibais, D. Pero Fernandes Sardinha, o primeiro bispo do Brasil e seus companheiros de viagem.
Antes mesmo da chegada do seu sucessor, Duarte da Costa deixa a Bahia em 1557, sendo substituído por Mem de Sá, homem notabilizado por avultados serviços de guerra e administração, diplomado em jurisprudência, que veio “precedido de lisonjeira fama adquirida no Desembargo do Paço e no Conselho del-Rei”. Trazia como principal objetivo da sua administração a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, o que conseguiu, embora tenha gasto boa parte do seu longo governo (1557-1572), fecundo e de acertadas obras.
MEM DE SÁ era amigo dos Jesuítas e, com isso, deu muito lucro a Colônia, pois no seu governo se verificou acentuado progresso da catequese.
Nesse período, a cidade foi renovada, sendo reformados e ampliados a Casa da Câmara e o Palácio do Governador, construídas as primeiras enfermarias da Casa de Misericórdia, erguido o corpo de alvenaria da Sé Catedral e edificada, às custas do governador, a Igreja do Mosteiro de Jesus (atual Catedral Basílica). Construiu em Pirajá um engenho público, para moer cana dos lavradores pobres. A cidade cresceu com a atitude austera do governante, “os negócios públicos se moralizaram e os costumes refreados por uma fiscalização intensa e constante moderaram a licenciosidade que tanto escandalizara os jesuítas e indignara o bispo”.
De Mem de Sá e de Nóbrega se diz: “na ação e zelos foram os verdadeiros fundadores do Brasil.” A administração de Mem de Sá terminou com a sua morte na Bahia, sepultado no templo dos jesuítas, podendo-se ainda hoje encontrar a sua lápide na Catedral Brasílica numa sepultura rasa.
Duas Capitais
A coroa portuguesa tomou, em 1573, a decisão de dar ao Brasil dois governos; o do Norte, com sede em Salvador, foi confiado a Luís de Brito, e o do Sul, sediado no Rio de Janeiro, a Antônio Salema. Esta medida, visando à conquista do Norte e à organização definitiva do Sul, traduz a vacilante política do Reino na administração da sua extensa Colônia; em 1578, foi novamente unificada a administração sob um só governo, confiado a Diogo Lourenço da Veiga, reconduzida a sede para Salvador.
Piratas Ingleses e Franceses
Em 21 de abril de 1587, a cidade do Salvador foi bombardeada por piratas ingleses, sob o comando de Lestes e Withrington, cujo desembarque não se realizou graças a um temporal que desarvorou as naus.
Em 1612, a cidade era novamente ameaçada pelos corsários franceses de De La Touche, celebrizando-se na defesa o capitão Baltazar de Araújo e Sousa, o Bângala que, à frente dos homens que dispunha, foi oferecer-lhes combate com o seu navio, livrando a cidade do assalto.
Invasões Holandesas – Uma esquadra flamenga comandada pelo almirante Leynssen na ante-véspera do Natal do ano de 1599, irrompeu no porto transformou a baía de Todos os Santos em grande campo de batalha, pondo à prova as defesas fundadas nos princípios estratégicos dos mestres portugueses que repeliram e impediram o desembarque do agressor.
“Durante 55 dias, em que a cidade viveu em sobressalto, os holandeses afundaram e queimaram os navios lusos no porto e pilharam o recôncavo, assaltando engenhos, destruindo alambiques e incendiando casas.”
Diante de tão graves acontecimentos, sentindo a necessidade urgente de fortificar a cidade, o governador Francisco Nunes Marinho mandou edificar os fortes do morro de São Paulo, de Santa Maria e de São Diogo e concluiu a construção da fortaleza de Santo Antônio, sendo os três últimos no Porto da Barra.
A 14 de abril de 1624 foram os holandeses avistados à altura da foz do São Francisco; a 9 de maio, pelas 9 horas da manhã, transpondo a barra, faziam calar com os seus canhões o forte da Ponta do Padrão, em cujas proximidades desembarcaram 1.250 homens, enquanto o grosso da esquadra rumava para o porto da cidade.
O remanescente do exército espanhol desertou inteiramente desmoralizado. A cidade caiu sem reagir, sendo saqueada pela tropa que se regalou com a fartura de alfaias, jóias e mercadorias, além da prata amoedada “em tão grande quantidade que os soldados não se davam ao trabalho de contar moedas, repartindo-as sob medida, na base de uma copa de seus chapéus para cada um.”
Preso o governador, que não acompanhara o bispo na retirada, trataram os invasores de fortificar a cidade, onde se estabeleceram, sediando o seu governo na Casa da Câmara; as igrejas foram depredadas e transformadas em depósitos, celeiros, adegas ou paióis e a Sé foi destinada ao culto anglicano, os altares quebrados e as imagens destruídas.
A Reação – Em 22 de março de 1625, chega, sob o comando de D. Fradique de Toledo Osório, uma esquadra de 52 navios de guerra, além de urcas, patachos e outros barcos, com um exército de 12.563 homens. Bloqueada a esquadra holandesa, desembarcaram as tropas restauradoras e apertaram o cerco. A 30 de abril, foi assinada a capitulação dos holandeses no Convento do Carmo, sendo a cidade inteiramente reocupada no dia seguinte.
Em 25 de abril de 1640 os holandeses voltaram a ameaçar a Bahia. Era de pânico a situação da cidade diante do desastre sofrido pela esquadra comandada pelo Conde da Torre, composta de 86 naus, que tendo partido para atacar os holandeses em Pernambuco, foi totalmente desbaratada, salvando-se apenas um bergatim em que retornou o comandante derrotado.
Logo a seguir, aporta a esquadra Lichtbardt, que trazendo ordens expressas de Nassau para levar tudo a ferro e fogo, em represália pelos danos causados pelas tropas de Luis Barbalho nas regiões ocupadas pelos holandeses, em 25 de abril de 1640 atacou a cidade e incendiou e destruiu 27 engenhos além de povoações e casas particulares no recôncavo.
Novo assalto sofreu a cidade em 1647 por uma armada de 2.500 homens, sob o comando de Sigismundo Van Sckoppe, que desembarcou em fevereiro na ilha de Itaparica, fronteira a Cidade de Salvador, onde resistiu às guerrilhas e às expedições mandadas da cidade, só se retirando em dezembro de 1647, à aproximação da frota de reforço mandada de Lisboa.
Nova invasão foi tentada pelos holandeses comandadas por Paul Wan Carrden, a 20 de junho de 1654. Tendo investido contra o arraial do Rio Vermelho e sendo repelidos, bombardearam a cidade intensamente durante quarenta dias, quando propuseram retirar-se mediante resgate, ao que respondeu o governador Diogo Botelho, desafiando-osa virem “buscar na praça mais rica do mundo, pelas armas, o almejado tributo.”
É quando findam as tréguas entre Espanha e Holanda e logo chegam notícias à Bahia de uma grande esquadra flamenga 26 naus , que se aprestava para vir atacar a Colônia “tendo como comandante Jacob Willekens e Pieter Heyn, sob a chefia militar de João Wan Dorth, conhecedor da costa e da cidade do Salvador, onde estivera preso.”
O governo Diogo de Mendonça Furtado, que andava em luta com o bispo D. Marcos Teixeira, acelerou as obras de defesa da cidade: “fortes e trincheiras, esperas e redutos foram de pronto armados com guarnições dobradas para reforço do potencial defensivo; pregões transmitiam à população resoluções da Câmara e do Governador, proibindo a retirada dos seus haveres e assegurando plena garantia a tudo e a todos.”
Salvador perdera o aspecto silencioso, transformada num movimentado centro de atividades guerreiras. Nada menos de 3.000 homens se concentravam nos campos próximos do centro urbano e novos contingentes chegavam constantemente dos engenhos do recôncavo e das aldeias indígenas. Estes preparativos foram perturbados pela atuação do bispo que, aproveitando-se do descontentamento provocado pela expectativa de um ataque que não chegava, aconselhou aos chefes militares do recôncavo a retornarem ao seu labor, o que realmente ocorreu.
Fala-se da facilitação das invasões holandesas na Bahia, pelos portugueses de origem judáica. Vale salientar que os holandeses viviam de pilhagem e pirataria, mas em Pernambuco, há uma certa reverência ao Conde Maurício de Nassau que comandou por muitos anos a ocupação do território pernambucano, deixando marcas indeléveis da cultura holandesa, principalmente em Recife e Olinda.
Na Bahia, os holandeses foram definitivamente rechaçados, graças a importância da capital do governo geral. E os sinais que ficaram fazem lembrar apenas pilhagens, morte e destruição.
Vida Artística
A vida intelectual da cidade era marcada com a presença de representantes da melhor literatura portuguesa, entre os quais se salienta o maior poeta do século no Brasil. Gregório de Matos e Guerra, o Boca do Inferno, que fustigava com as suas sátiras os costumes da época, sem respeitar os clérigos e as autoridades da Colônia, o que lhe valeu a prisão e o desterro para Angola, conseguindo voltar para o Brasil; impedido, porém de voltar para a Bahia, viveu no Recife, onde morreu em 1669.
Comemorativo da passagem da família real, mais tarde transferido para a atual Praça da Aclamação, fronteira ao Palácio do mesmo nome; fundou-se o primeiro jornal “Idade de Ouro” – em 1811; organizou-se uma biblioteca pública; o Teatro São João, iniciando em 1806, pelo Conde da Ponte, foi inaugurado a 13 de maio de 1812 pelo Conde dos Arcos, embora não de todo terminadas as obras, subindo à cena o melodrama “A escocesa”, ficando a capital dotada da melhor casa de espetáculos do país, na época.
Revolução dos Alfaiates ou Conjuração Baiana
Cipriano Barata, foi o homem mais importante da conjura que ocorreu pelos mesmos ideais da revolução francesa, em plena revolução industrial, no ano de 1798. A conspiração baiana passou a história com o nome de Conjuração dos Alfaiates, dada a participação de Manoel Faustino e João de Deus Nascimento, alfaiates, que foram martirizados por enforcamento, em novembro de 1799. Lucas Dantas de Amorim Torres era soldado.
Havia fugido para Itabaianinha tendo sido preso antes de alcançar aquela cidade. Foi preso e sentenciado à forca, tendo sido enforcado nos moldes da época; segundo o Frei Carmelita que foi seu confessor, foram suas ultimas palavras: “No céu encontrou a misericórdia que, por desvalido, não acharia aqui entre os homens”. Cipriano Barata era cirurgião e gostava de falar em francês, repetindo frases de Voltaire e comungava idéias de Calvino e Rousseau. Teve seus bens confiscados pela coroa. Na prisão, cortou-se com um estilete, mas acabou perdoado, pois negou seu envolvimento com a revolução. Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga, soldado, foi condenado, mas morreu de ataque do coração.
A Revolução dos Alfaiates decorreu em conseqüência dos descontentamentos da população baiana para com o monopólio português e contra os privilégios comerciais concedidos à Inglaterra. Houve saques a açougues e armazéns sob a liderança de membros da associação secreta Cavaleiros da Luz, localizada no bairro da Barra, formada por elementos de diversas camadas sociais, inclusive escravos, predominando pessoas da classe média que discutiam textos e idéias da Revolução Francesa. Em 12 de agosto de 1798 a associação fez farta distribuição de panfletos na capital baiana conclamando o povo à luta e reivindicando igualdade, um dos slogans da revolução francesa (égalité, fraternité et liberté).
A Revolução dos Alfaiates ocorreu 6 anos após a Inconfidência Mineira e teve papel preponderante nas lutas dos brasileiros visando a independência do Brasil. A História do Brasil dá conotação maior à Inconfidência Mineira, mas a Revolução dos Alfaiates tem igual valor, se convenientemente avaliadas as circunstâncias em que foram martirizados tantos brasileiros, enquanto em Minas, apenas Tiradentes foi enforcado e esquartejado. A História Pátria precisa resgatar os heróis da Bahia, para respeito dos próprios historiadores.
D. João VI Na Bahia – A corte portuguesa chegou a Salvador, a 22 de janeiro de 1808, fugindo á invasão dos exércitos de Napoleão Bonaparte.
O Príncipe Regente permaneceu trinta e quatro dias na Bahia, a receber calorosas demonstrações de carinho e apreço, incluindo-se insistente convite da Câmara e do povo para fixar em Salvador a sede do governo.
Durante a sua estada na Bahia D. João VI assinou a carta de 28 de janeiro de 1808 que declarava abertos os portos do Brasil às nações amigas, resolução inspirada por José da Silva Lisboa, secretário da Mesa de Inspeção e futuro Visconde de Cairu.
O Conde dos Arcos – D. Marcos de Noronha e Brito, 8º Conde dos Arcos (1810-1818), fez uma boa administração; criou a Junta do Comércio, atual Associação Comercial, para a qual edificou um palácio, ainda hoje, uma das principais peças arquitetônicas da cidade; construiu, ainda o Passeio Público, onde ergueu um obelisco em mármore português
Independência do Brasil na Bahia – Mesmo após o Grito do Ypiranga, em São Paulo, quando o príncipe regente, D. Pedro de Alcântara eternizou a frase “independência ou morte”, a 7 de setembro de 1822, a Bahia continuou sob domínio da corôa portuguesa, mesmo contra a vontade dos baianos que iniciaram o movimento libertário em Santo Amaro, e em Cachoeira, começando a guerra entre o Recôncavo, liderado pela cidade de Cachoeira e Salvador, dominada pelos portugueses. Cachoeira era a cidade mais importante, depois de Salvador e até hoje conserva o seu parque arquitetônico, resultante da grande produção de açúcar e fumo que a tornou tão prospera.
Era a capital econômica e o ponto de transbordo entre Salvador e toda a província. Além de Santo Amaro e Cachoeira, participaram da resistência as vilas de Maragogipe, São Francisco do Conde, Jaguaripe e Pedra Branca. Entre as figuras de proa desta luta pontificam o Padre José Marcelino de Carvalho, o advogado Antonio Pereira Rebouças, o major José Joaquim d’Almeida e Arnizau, o coronel José Garcia Pacheco de Moura Pimentel, o tambor-mor da tropa – Manoel Soledade.
O Imperador D. Pedro I mandara para a Bahia o general Pedro Labatut, comandando uma esquadra para, juntamente com as forças locais, sediadas em Cachoeira, capital dos brasileiros rebelados contra a corôa portuguesa, combater as forças de Madeira de Melo, que dominavam a cidade do Salvador. Divergências entre os cachoeiranos e Labatut terminaram em sua prisão, assumindo o comando das forças brasileiras, o coronel José Joaquim de Lima e Silva. Em 1849, totalmente reabilitado, já no posto de Marechal de Campo, Labatut voltou a integrar-se à galeria de heróis da nossa independência. As forças pro independência foram engrossando, recebendo apoio de várias vilas interioranas, a exemplo de Inhambupe, Abrantes, Itapicuru, Valença, Água Fria, jacobina, Maraú, Rio de Contas, Camamu, Santarem e Cairu que se juntaram à 1ª Junta Interina, Conciliatória e de Defesa, constituida em Cachoeira, tendo como presidente Francisco Elesbão Pires de Carvalho, representante de Santo Amaro, e secretário, Francisco Gomes Brandão Montezuma, de Cachoeira.
A 2 de julho de 1823, o Exército Libertador entra triunfalmente em Salvador, consolidando a nossa independência. As principais batalhas travadas entre os baianos e portugueses foram as de Pirajá, Cabrito, Cachoeira, Santo Amaro, Itaparica e Funil.
A invasão do Convento da Lapa com a morte da abadessa soror Joana Angélica que tentou impedir a entrada dos soldados portugueses foi um dos fatos mais contundentes que marcaram os conflitos entre nativos e dominadores na Bahia. Registre-se a grande ajuda dos índios à causa da independência. Sem falar que o casamento da índia Catarina Paraguaçu com Diogo Álvares Correia – o caramuru, deu início a miscigenação de raças no Brasil.
Um monumento de 25,86 m. de autoria do escultor italiano Carlo Nicole, encomendado pelo governador Manoel Vitorino Pereira, além das representações do índio e da índia (Catarina), entre outras inscrições, contém em latim: “Sic illa ad arcam reversa est” – Assim ela voltou para a arca – Consta ainda a data provável da fundação de Salvador, 6 de agosto de 1549 e 2 de julho de 1823, data da independência da província da Bahia. “Aos heróis da Independência, a Pátria agradece”. Este monumento é um dos mais belos acervos históricos do Brasil e encontra-se no centro da Praça Dois de Julho, popularmente referida como Campo Grande; significa um marco de grandeza, na síntese dos ideais de independência dos baianos.
A Sabinada Luta pela proclamação da república – A Sabinada ocorreu na Bahia durante a Regência, assim designada tendo em vista o nome de seu chefe Sabino Vieira. Originou-se de crise econômica da província, expressando o protesto das camadas populares de Salvador contra a carestia de vida e o rígido centralismo monárquico, inspirada na Guerra dos Farrapos.
A 7 de novembro de 1837, com a sublevação do Forte de São Pedro, os rebeldes expulsaram o presidente da Província, Francisco de Sousa Paraíso, proclamaram a República Bahiense e designaram João Carneiro da Silva Rego para presidi-la. Pugnaram por um regime republicano autônomo com relação ao Governo central até a maioridade do príncipe herdeiro que viria a ser Dom Pedro II.
A rebelião, circunscrita a Salvador, teve a oposição armada dos senhores de engenho do Recôncavo Baiano, que fizeram de Cachoeira a capital provisória da província. Com o reforço das tropas legalistas, sob o comando do Marechal-de-Campo Alexandre Gomes de Argolo Ferrão e do Brigadeiro João Crisóstomo Calado, os “sabinos” – receberam rigoroso cerco, com centenas de baixas. A 13 de março de 1838, as forças legalistas iniciaram o ataque final, concluído dia 15 com a capitulação do último reduto dos rebeldes, que contabilizaram mais de mil mortos e cerca de dois mil feridos. Seus líderes foram condenados à morte ou às galés perpétuas, sentenças estas, comutadas para degredo em território nacional.
A província da Bahia e seus presidentes – O Brasil-lmpério (1824/1889 criou 20 províncias, sendo 4 no Sul, 3 do Norte, 3 no Leste, 2 no Centro Oeste e 8 no Nordeste. Estas províncias duraram até 1889, transformadas em Estados, quando o Brasil recebeu a denominação de República dos Estados Unidos do Brasil, hoje República Federativa do Brasil. As províncias eram governadas por um mandatário que tinha o cargo de PRESIDENTE.
Presidentes da Província: A província da Bahia teve 52 presidentes, a saber:
1824/1825 – Francisco Vicente Viana
1825/1827 – João Severiano Maciel da Costa ( Marquês de Queluz )
1827/1830 – Nuno Eugênio de Lóssio Seilbitz (Visconde de Camamu)
1830/1831 – Luis Paulo de Araújo Bastos
1831/1832 – Honorato José de Barros Paim
1832/1834 – Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos
1834/1836 – Francisco de Souza Martins
1836/1837 – Francisco de Souza Paraíso
1837/1838 – Antônio Pereira Barreto Pedroso
1838/1840 – Tomás Xavier Garcia de Almeida
1840/1841 – Paulo José de Melo Azevedo e Brito
1841/1844 – Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos
1844/1846 – Francisco José de S. Soares d’Andréia
1846/1847 – Antônio Inácio de Azevedo
1847/1848 – João José de Moura Magalhães
1848/1850 – Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos
1850/1851 – João Duarte Lisboa Serra
1851/1852 – Francisco Gonçalves Martins
1852/1855 – João Maurício Vanderlei
1855/1856 – Álvaro Tibério de Moncorvo Lima
1856/1858 – João Lins Cansansão de Sinimbu
1858/1859 – Francisco Xavier Pais Barreto
1859/1860 – Herculano Ferreira Pena
1860/1861 – Antônio da Costa Pinto
1861/1862 – Joaquim Antão Fernandes Leão
1862/1864 – Antônio Coelho de Sá e Albuquerque
1864 (02/03 a 30/11) – Antônio Joaquim da Silva Gomes
1864/1865 – Luís Antônio Barbosa de Almeida
1865/1866 – Manuel Pinto de Sousa Dantas
1866/1867 – Ambrósio Leitão da Cunha
1867/1868 – José Bonifácio Nascentes de Azambuja
1868/1871 – Barão de São Lourenço
1871/1872 – João Antônio de Araújo Freitas Henrique
1872/1873 – Joaquim Pires Machado Portela
1873/1874 – Antônio Cândido da Cruz Machado
1874/1875 – Venâncio José de Oliveira Lisboa
1875/1877 – Luis Antônio da Silva Nunes
1877/1878 – Henrique Pereira de Lucena
1878/1879 – Barão Homem de Melo
1879/1881 – Antônio de Araújo Aragão Bulcão
1881/1882 – João Lustosa Sá Cunha Paranaguá
1882/1884 – Pedro Luis Pereira de Sousa
1884 (14/04 a 09/09) – João Rodrigues Chaves
1884 (10/09 a 31/12) – Espiridião Elói de Barros Pimentel
1885 (01/01 a 25/10) – José Luis de Almeida Couto
1885/1886 – Teodoro Machado Freire Pereira da Silva
1886/1888 – João Capistrano Bandeira de Melo
1888/1889 – Manuel de Nascimento Machado Portela
1889 ( 09/03 a 13/06) – Antônio Luis Afonso de Carvalho
1889 (14/06 a 14/11) – José Luis de Almeida Couto
A faixa litorânea do território referente ao atual estado da Bahia constituiu o porto de chegada dos primeiros portugueses ao Brasil. Salvador é a mais antiga cidade brasileira, tendo ocorrido sua instalação no ano de 1549. Os movimentos de desbravamento do interior baiano iniciaram-se já a partir do século XVI, comandados por Belchior Dias Moréia (exploração do Vale do Itapicuru, partindo do Sergipe), Francisco Espinhosa (exploração do Vale do Jequitinhonha) e Vasco Rodrigues Caldas (exploração do Vale do Paraguaçu). Os primeiros movimentos povoadores do nordeste brasileiro partiram inicialmente do território baiano, de acordo com a expansão da atividade de criação de gado então vigente. A maior concentração populacional de então estendia-se ao longo do São Francisco, por razões do próprio tipo de criação que vigorava.
No ciclo do açúcar, a Bahia esteve entre os principais produtores de cana, matéria-prima que até hoje figura entre um dos principais objetos de exploração comercial agrícola. Em 1798 houve um movimento de exigência de mais poder à Bahia, tendo por conseqüência a Conjuração Baiana, pregando a formação de uma república independente no território. Com o término do ciclo do açúcar, houve crise no setor açucareiro, ao lado de um desenvolvimento da cultura do cacau e do surgimento de uma nova classe em ascensão, que posteriormente predominou no cenário político dos chamados “coronéis”.
A Bahia também foi palco de um dos grandes conflitos brasileiros: a Guerra de Canudos, em que os residentes da aldeia de Canudos, liderados pelo messiânico Antônio Conselheiro, foram enfim exterminados pelo poder militar republicano, após quatro campanhas militares.
Dados gerais da Bahia
Área: 566.978 quilômetros quadrados
População: 12.014.000
Capital: Salvador
Localização: Região Nordeste
Principais Municípios: Salvador, Feira de Santana, Ilhéus, Vitória da Conquista, Itabuna, Jequié, Alagoinhas, Juazeiro
Acidente Geográfico: Pico das Almas (1836 m)
Principais Rios: São Francisco, Paraguaçu, Itapicuru, Rio de Contas, Pardo e Jequitinhonha.
Principais Rodovias: BR-116, BR-101, BR-242, BR-135, BR-407.
Atividades Econômicas: agricultura (abacaxi, algodão, banana, arroz, café, cacau, cana-de-açúcar, coco-da-baía, fumo, feijão, laranja, mandioca, milho, sisal, soja, tomate), pecuária (bovinos, suínos), avicultura, indústrias (produtos químicos e petroquímicos), exploração do petróleo, minérios (calcário, chumbo, cobre, cromo, gás natural, manganês, ouro, prata, petróleo, talco, zinco, sal-gema). O Estado está numa fase de grande industrialização, gerando desenvolvimento à toda Região Nordeste.
Geografia
Estado localizado na Região Nordeste do Brasil, a Bahia possui fronteiras interestaduais com o Espírito Santo e Minas Gerais (ao sul), Tocantins e Goiás (ao oeste), Pernambuco, Sergipe e Piauí (ao norte). Cidade mais populosa e capital do estado, Salvador é também o maior centro industrial nordestino (setores como o das indústrias química, alimentar e metalúrgica são os mais importantes), além de ter sua economia incrementada através do grande desenvolvimento do setor turístico: seu litoral está entre os mais visitados do país, tanto por brasileiro como por turistas estrangeiros. Apesar destas características econômicas, grandes contrastes sociais vigoram no estado baiano: a riqueza dos turistas e membros da classe social abastada e a miséria da população local desfavorecida andam juntas pelas ruas de Salvador.
Outros setores econômicos merecem destaque: o cacau é um dos principais produtos agrícolas, seguido da cana-de-açúcar. A atividade extrativa da castanha de caju também é importante.
O estado apresenta uma regular estrutura rodoviária: a BR-4, por exemplo, estabelece conexão rodoviária estendida a partir da Bahia até o Rio de Janeiro. No entanto, a pavimentação de estradas marca de maneira mais proeminente apenas as rodovias federais.
O principal rio que serve o estado é o São Francisco, utilizado para fins de navegação, irrigação de algumas regiões e ainda utilizado como recurso hidroelétrico, através da usina de Paulo Afonso. Outros rios servem a região baiana: Itapecuru, Jequitinhonha, Paraguaçu, Paramirim, Salitre e Rio de Contas.
A maior altitude do relevo do estado situa-se no Pico das Almas, chegando a 1850 metros, localizado numa vasta região de planaltos tubulares.
A predominância conjunta de mestiços e negros no estado deveu-se ao fator histórico do intenso tráfico de escravos realizado no período colonial.
A partir deste aspecto, um grande fluxo migratório não espontâneo proveniente da África dirigiu-se à Bahia. Nesta época, tratando-se de uma região de grande importância na economia colonial, grande quantidade de mão-de-obra escrava era requisitada. Como conseqüência, na Bahia atual percebe-se uma grande mestiçagem cultural e étnica: muitos aspectos das religiões africanas foram cultivados e sincretizados em relação à religião oficial do colonizador, que não aceitava a religião dos escravos.
Desta forma, muitos santos católicos têm correspondência a entidades espirituais cultivadas pela religiosidade africana.
Fonte: www.achetudoeregiao.com.br
Bahia
Descobrimento
Descobrimento e formação do Estado da Bahia Segundo os mais diversos autores de História do Brasil, o descobrimento de nosso país foi mais um acontecimento, certamente planejado, da expansão marítima realizada por países europeus de grande poder como Portugal e Espanha além dos Países Baixos e da França. Segundo Tavares (1987) em março de 1500 partiu de Portugal a esquadra comandada pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral, em direção a Índia e, que desviando de sua rota, ao entardecer do dia 22 de abril atingiu um ponto do litoral sul do atual Estado da Bahia, hoje chamado Bahia de Cabrália.
Segundo o mesmo autor, o efetivo descobrimento das terras baianas, mais especificamente da Bahia de Todos os Santos, que marca o descobrimento do estado, deu-se no dia 1º de novembro de 1501, sendo responsável pelo evento, a esquadra pilotada por Américo Vespúcci que partiu de Lisboa em 10 de maio de 1501.
A maior prova da veracidade desta data é o trecho da carta de Vespúcci à Pedro Soderini, a respeito da viagem de 1503, onde se refere à viagem de 1501: “…porque tínhamos um regimento d’El-Rei ordenado que, se qualquer dos navios se extraviasse da frota ou do seu capitão, fosse ter à terra descoberta (na viagem passada), a um ponto que pusemos o nome de Baía de Todos os Santos…” Desde então, a Bahia passou a constar nos mapas das terras do Brasil, mais especificamente, de sua costa leste.
Também passou a ser seguidamente visitada por armadas portuguesas que iam para a Índia, servindo de local para renovação de água potável e conserto de embarcações, entre outros. Esta esquadra foi também responsável pela constatação da existência de pau-brasil em grande quantidade, produto já conhecido pelos europeus cujo corante extraído já era usado nas manufaturas têxteis da Itália, França e Flandres.
A exploração desta matéria-prima tornou-se a principal atração das novas terras, atraindo não só os comerciantes portugueses, mas também de outros povos europeus, principalmente os franceses que mantinham largo contrabando das toras de pau-brasil para a Europa.
Expedições na Bahia
Várias outras expedições sucederam-se às já citadas trazendo, aos poucos, os portugueses interessados nas novas terras. Segundo Tavares (1987) a partir da primeira metade do século XVI o território hoje chamado Estado da Bahia foi conquistado, colonizado e povoado lentamente em por expedições chamadas entradas que partiam de Salvador, porto Seguro e Ilhéus em direção ao interior do estado.
As entradas eram em tudo semelhantes às bandeiras de São Paulo mas, foram menos valorizadas que estas. Saíam do litoral e chegaram ao norte/nordeste, hoje Minas Gerais, Piauí e Maranhão, subindo os rios São Francisco, Paraguaçu, Grande, Verde e das Contas. Chegaram também ao sul/sudeste navegando o Jequitinhonha, Pardo, Doce e Mucuri.
Tanto no século XVI como no XVII tais expedições foram de grande importância para o inicial reconhecimento da geografia, riqueza mineral, hídrica, florística e faunística do estado, ainda que seu objetivo principal fosse a ocupação e o reconhecimento puro das terras. Também forneceram preciosa documentação em defesa dos limites da Bahia com os estados vizinhos.
Holandeses Dentre os europeus que contribuíram e influenciaram a formação do estado da Bahia, destacam-se os holandeses, Em 1624, durante o governo de D.Diogo de Mendonça Furtado, foi invadida pelos holandeses, vencendo a resistência dos cidadãos que abandonaram a cidade. Em 1º de maio de 1625, após diversas batalhas e estando os holandeses isolados e cercados, a chegada da ajuda dos espanhóis determinou a saída dos holandeses da Bahia.
Os holandeses tentaram em outras ocasiões retomar a cidade do Salvador sem sucesso, o que tornou a Bahia uma referencia na resistência da colônia aos invasores holandeses que obtiveram sucesso em Recife.
Capitanias Hereditárias
As Capitanias Hereditárias
O momento da descoberta da Bahia e do Brasil era, para Portugal, de imensa prosperidade no comércio estabelecido com o Oriente, principalmente com a Índia. Este fator aliado ao pouco conhecimento sobre as riquezas naturais do Brasil promoveu o total descaso da coroa portuguesa em relação à terra americana. No entanto, na quarta década do século XVI, Portugal perdeu posições no comércio com a África e nos portos índicos entrando em séria crise financeira.
Ao mesmo tempo os espanhóis encontraram fontes de metais e pedras preciosas nas terras americanas e outros europeus demonstraram grande interesse pelo Brasil, principalmente os Franceses que eram cada vez mais numerosos nas terras entre Pernambuco e Espírito Santo.
Segundo alguns autores como Alencar (1981) o Brasil passou a ser primeiro, um novo ponto para o comércio com Portugal caracterizando-se como produtor de matéria-prima para venda e comprador de matéria manufaturada, suprindo o espaço perdido no comércio do Oriente.
Além disso, havia a necessidade de efetiva ocupação e posse das terras que afastaria os Franceses da potencialmente lucrativa colônia. Segundo o autor em 1530 uma nova expedição foi enviada para o Brasil para, principalmente, lançar fundamentos da ocupação efetiva da terra e estabelecer núcleos de povoamento. Por volta de 1534 as terras do Brasil começam a ser ocupadas, permitindo posse efetiva, domínio e controle da terra e da exploração dos recursos naturais do Brasil contra as investidas, principalmente dos Franceses, repetindo a experiência de outras colônias portuguesas, D. João III, rei de Portugal, passou a assinar as primeiras cartas de doação das Capitanias Hereditárias.
Tais cartas eram documentos legais de doação de terras e títulos de capitão e governador a cada beneficiado. Uma Carta de Doação concedia ao donatário uma propriedade de 10 léguas de terra na costa, isenta de tributos exceto o dízimo. sobre o restante dos 50 a 100 léguas em direção ao interior do continente, possuía apenas a posse.
O donatário era privilegiado na montagem de engenhos, com a venda de 24 índios por ano para Portugal, garantia de redízima de vendas pertencentes à Coroa, vintena do pau-brasil e dízima do quinto real sobre metais. Um Foral definia como sendo do donatário a propriedade dos produtos do solo e a defesa da terra. Para a Coroa ficavam os produtos do subsolo, mata e mar.
O donatário tinha o dever de conceder sesmaria a quem solicitasse e o direito de comercializar armas e mantimentos para o uso das capitanias apenas, é claro, com a metrópole. A preocupação com a ocupação das terras, no entanto, demonstrava apenas que Portugal preocupava-se com a garantia da posterior utilização comercial e da exploração dos recursos. Mas nunca chegou a caracterizar uma preocupação com a formação de uma nova nação, tal qual aconteceu na América do Norte, mais especificamente com as terras Inglesas que originaram os Estados Unidos da América. No território que hoje é o estado da Bahia foram formadas entre os anos de 1534 e 1566 cinco capitanias hereditárias mantidas até a segunda metade do século XVIII.
São elas: Bahia – doada em 5 de abril de 1534 a Francisco Pereira Coutinho; Porto Seguro – doada em 27 de maio de 1534 a Pero do Campo Tourinho; Ilhéus – doada em 26 de julho de 1534 a Jorge de Figueiredo Corrêa; Paraguaçu ou Recôncavo – doada em 29 de março de 1566 a Álvaro da Costa; Ilhas de Itaparica e Tamarandiva – doada em 15 de março de 1558 a D. Antonio de Athayde. BAHIA A Capitania de Francisco Pereira Coutinho Era formada por 50 léguas de terra entre a margem direita do Rio São Francisco e a Ponta do Padrão, hoje Forte e Farol da Barra. Pereira Coutinho estabeleceu-se em sua capitania em 1536 na região da Enseada da Barra, onde construiu a Vila do Pereira, hoje Santo Antonio da Barra, instalando parentes, amigos e colonos que trouxe com ele. Produziu algodão e cana construindo dois engenhos de açúcar.
Teve sérios problemas com os índios e com seus empregados abandonando por algum tempo suas terras. Com a morte do donatário após um naufrágio quando se tornou prisioneiro dos tupinambás, a capitania foi revertida para a Coroa e, em 1548, transformada em sede do governo-geral das terras do Brasil.
PORTO SEGURO
A Capitania de Pêro do Campo Tourinho Formada por 60 léguas de terra, limitava-se pela margem direita do Rio Jequitinhonha e margem esquerda do Rio Doce. Junto aos filhos que trouxe consigo de Portugal, fundou oito vilas sendo Porto seguro a Principal. Explorou e comercializou o pau-brasil para a Europa por meio de Portugal, único país com o qual as capitanias podiam comercializar.
Após sua morte, tendo a capitania passado por vários herdeiros, foi confiscada pela Coroa e incorporada à da Bahia, sendo o Marquês de Gouveia o seu último donatário. ILHÉUS A Capitania de Jorge de Figueiredo Corrêa Data de 26 de junho de 1534 a doação desta capitania, sendo conhecido o Foral de 1º de abril de 1535. Contando 50 léguas, a capitania tem como limites a Ponta do Padrão e a margem esquerda do Rio Jequitinhonha.
Segundo Bahiatursa Apostilas, o Morro de são Paulo foi a primeira vila fundada na chegada do donatário às terras doadas sendo só depois fundada a Vila de São Jorge dos Ilhéus. Jorge de Figueiredo Corrêa produziu açúcar já no início da ocupação de suas terras e chegou a construir nove engenhos de açúcar no século XVI. Foi incorporada à capitania da Bahia em 1754, depois de passar à propriedade dos Rezende e Castro.
ITAPARICA E TAMARANDIVA
A Capitania do Primeiro Conde de Castanheira Deixando em 1558 a condição de sesmaria de Dona Violante da Câmara, mãe do Conde de Castanheira, para capitania, deixaram também as ilhas de pertencerem à Capitania da Bahia nesta mesma data. Por volta de 1560, segundo Osório (1979) foi fundado o povoado de Vera Cruz, com o início da Construção da Igreja de Vera Cruz, uma das mais antigas do país. A capitania pertenceu a diversos herdeiros de Dona Violante sendo, em 6 de abril de 1763, incorporada à capitania da Bahia.
PARAGUAÇU OU RECÔNCAVO
A Capitania de Álvaro da Costa A sesmaria do Paraguaçu foi transformada em capitania através da carta de doação datada de 1566, compondo-se das terras que vão da Barra do Rio Peroassú, hoje Paraguaçu, até a Barra do Rio Jaguaripe. Segundo Brandão (1998), a capitania foi produtora, inicialmente, de açúcar e, posteriormente, de fumo e pertencia a D. José da Costa quando foi comprada pela Coroa e incorporada à Capitania da Bahia.
Os Negros
A Chegada dos Primeiros Negros
Trazido como imigrante forçado e, mais do que isto, como escravo, o negro africano e os seus descendentes contribuíram com todos aqueles ingredientes que dinamizaram o trabalho durante quase quatro séculos de escravidão. Em todas as áreas da Bahia e do Brasil eles construíram a nossa economia em desenvolvimento, mas, por outro lado, foram sumariamente excluídos da divisão dessa riqueza.
Esta história começa com a chegada das primeiras levas de escravos vindos da África. Isto se dá por volta de 1549, quando o primeiro contingente é desembarcado em São Vicente. D. João III concedeu autorização a fim de que cada colono importasse até 120 africanos para as suas propriedades. Muitos desses colonos, no entanto, protestaram contra o limite estabelecido pelo rei, pois desejavam importar um número bem superior. Por outro lado, alguns historiadores acham que bem antes dessa data já haviam entrado negros no Brasil. Afirmam mesmo que na nau Bretoa, para aqui enviada em 1511 por Fernando de Noronha, já se encontravam negros no seu bordo.
A consolidação da economia colonial intensificou o tráfico de africanos para o Brasil, especialmente para o Nordeste, onde um tipo de agroindústria se concentrou e floresceu com o cultivo da cana-de-açúcar.
Em 1586, na Colônia, as estimativas davam uma população de cerca de 57.000 habitantes e deste total 25.000 eram brancos, 18.000 índios e 14.000 negros.
Em 1798, segundo o cálculo de Santa Apolônia, para uma população de 3.250.000 habitantes, havia um total de 1.582.000 escravos, dos quais 221.000 pardos e 1.361.000 negros, sem contarmos os negros libertos, que ascendiam a 406.000.
Prosseguindo a chegada de africanos, aumentava o seu peso demográfico no total da população brasileira.
Para o biênio 1817-1818, as estimativas de Veloso de Oliveira davam, para um total de 3.817.000 habitantes, a cifra de 1.930.000 escravos, dos quais 202.000 pardos e 1.361.000 negros. Havia, também, uma população de negros e pardos livres que chegava a 585.000.
No século XVIII, o qual, segundo o historiador Pandiá Calógeras, foi o de maior importação de africanos, a média teria chegado a 55.000 , entrados anualmente. Essa massa populacional negro-africana, embora concentrando-se especialmente na região nordestina, principalmente na bahia, se espraiará, em maior ou menor quantidade, por todo o território nacional.
Embora não tenhamos possibilidades de estabelecer o número exato de africanos importados pelo tráfico, podemos fazer várias estimativas. Elas variam muito e há sempre uma tendência de se diminuir esse número, em parte por falta de estatísticas e também porque muitos historiadores procuram branquear a nossa população.
Essas discussões sobre o número de africanos entrados no Brasil se reacenderam quando se procurou quantificar essa população escrava, e posteriormente a afro-brasileira, para com isto estabelecer-se o padrão do que se poderia chamar de homem brasileiro.
A apuração da nossa realidade étnica excluiria o branco como representativo do nosso homem. Daí se procurar subestimar o negro no passado e a sua significação atual.
A sua procedência
A questão da procedência dos africanos para o Brasil tornou-se bastante complexa, principalmente no tocante aos povos e etnias que forneceram os maiores contingentes de escravos.
A complexidade decorre da mentalidade colonialista dos portugueses que, não considerando o negro um ser humano, pouca importância davam a assinalar de maneira precisa, nos seus registros e documentos, as diversas culturas, línguas e grupos étnicos dos africanos capturados.
Ao contrário, estendiam a povos radicalmente distintos um mesmo nome, ou generalizações completamente sem fundamento. Atualmente a antropologia tem revisto muito do que se escreveu sobre as origens culturais da massa escrava, no começo deste século, restando ainda muitos pontos a esclarecer.
A tradição historiográfica reúne, a grosso modo, os negros em dois grandes grupos étnicos: os bantos (ou bantus), da África equatorial e tropical, da região do golfo da Guiné, Congo e Angola, planaltos da África oriental e costa sul-oriental; e os sudaneses, predominantes na África ocidental, Sudão egípcio e na costa setentrional do golfo da Guiné. Não há nenhuma prova definitiva da predominância de um desses grupos na composição dos negros vindos para o Brasil, embora se afirme normalmente que a maioria era de bantos. Entretanto, as tradições culturais de alguns grupos sudaneses, como os iorubas da Nigéria, são amplamente predominantes nas heranças africanas da cultura brasileira.
Nina Rodrigues percebeu pela primeira vez a predominância sudanesa na Bahia, no que foi confirmado por Artur Ramos. Este destacou no grande grupo a predominância dos iorubas, também chamados nagôs (embora esse nome seja normalmente estendido a outras etnias) da Nigéria, dos gegés (ewes) do Daomé, dos minas da costa norte-guineana, além dos tapas, bornus e galinhas; identificou a presença importante dos hauçás do noroeste da Nigéria, de influência muçulmana, a qual marcou também os fulas (mais claros, de origem berbere-etiópica) e os malês (ou mandingas, de tradição guerreira, considerados altivos e perigosos pelos lusos, que lhes atribuíam feitiçarias). Entre os sudaneses originários da costa da Guiné, amplamente predominantes como vimos, a presença comum da língua pertencente ao grupo lingüístico ioruba talvez explique a predominância dos elementos dessa cultura em nosso candomblé e nas influências negras de nossa linguagem.
Havia sudaneses em outros pontos do Brasil, mas talvez houvesse uma predominância banto no centro-sul e no norte. Artur Ramos indica como pontos iniciais de entrada das várias nações bantos os mercados de escravos de Pernambuco (extensivos a Alagoas), Rio de Janeiro (servindo a Minas e São Paulo) e Maranhão. Entre os povos desse grupo, os mais importantes no Brasil foram os cabindas do Congo, os banguelas de Angola, junto com muxcongos e rebolos, e os negros de Moçambique que Spix e Martius chamaram de macuas e angicos. A intensificação do tráfico de escravos para o Brasil no século XVIII, em função da mineração, multiplicou a presença de grupos originários da Costa da Mina e de Angola; no século XIX, até 1850, entrou também um número considerável de bantos da costa de Moçambique.
Do ponto de vista cultural, a influência dominante da cultura ioruba explica-se também pela sua predominância já na própria África, na região do golfo da Guiné, estendendo-se segundo Édison Carneiro até o interior do Sudão. Sua civilização mais adiantada surpreendeu os primeiros europeus, pelos trabalhos em bronze que faziam no reino do Benim. “A religião, a organização política e os costumes sociais de Ioruba davam o modelo a uma vasta zona.
Os negros de Ioruba eram principalmente agricultores, mas os seus tecelões, os seus ferreiros, os seus artistas em cobre, ouro e madeira já gozavam de merecida reputação de excelência. Não havia abundância de animais de caça, mas a pesca, nos rios, nos lagos e no mar, rendia muito. Criavam-se animais de subsistência – cabras, carneiros, porcos, patos, galinhas e pombos. O cavalo era conhecido havia muitos séculos, devido ao contato com os árabes; o fundador do reino de Ioruba representava-se, nos mitos, montado num corcel.” Vários dos deuses africanos cultuados no Brasil são procedentes de algumas de suas brilhantes cidades, como Oió. Os nomes de alguns de seus reinos, como Ala Kêtu e ljexá, continuam como designativos de ritos de candomblé.
Quanto aos bantos de Angola, tinham uma agricultura mais primitiva, praticada pelas mulheres, enquanto os homens criavam gado. Diferentemente dos iorubas e outros sudaneses, que usavam tecidos de pano, os negros das margens do Zambeze e das elevações de Benguela vestiam-se de cascas de árvores (como o fariam no quilombo de Palmares); mais para o sudoeste, porém, usavam vestimentas de couro, possuindo hábitos de caçadores e armas de ferro.
Os Índios
Somos unânimes em admitir que até pouco tempo o chamado “descobrimento do Brasil” era algo pacificamente aceito por amplos setores da sociedade brasileira e que apenas de uns anos para cá começou a ser debatido e questionado. Como se explica que até há alguns anos essa visão oficial de Portugal tenha sido aceita? Podemos dizer que vários fatores interferiram nesse processo:
1. Falta de vozes proféticas
O Brasil não teve vozes tão vigorosas como a do dominicano espanhol Bartolomé de Las Casas, que viveu em Santo Domingo e no México, no século XVI, ou do jesuíta peruano Antonio Ruiz de Montoya, que denunciou os massacres e a escravização dos Guarani praticada pelos paulistas no século XVII.
Tivemos sim, um padre Antônio Vieira (1608-1697), mas que foi mal resgatado pela história do Brasil, sendo hoje lembrado mais como literato. Outros jesuítas se posicionaram contra a escravização indígena e contra o modelo colonial, como Miguel Garcia e Gonçalo Leite, mas foram, por isso mesmo, obrigados a retornar a Portugal, pois eram pessoas com “excesso de escrúpulos” (Leite, Hist. Da Comp. De Jesus no Brasil, 2:227-30). Hoje são totalmente esquecidos.
Os jesuítas conhecidos e consagrados pela história oficial são os que defenderam o projeto colonial português, como Anchieta, Nóbrega, Cardim e Simão de Vasconcelos.
2. A ausência de uma elite colonial nativista e letrada
Esse foi um outro elemento que dificultou o surgimento de uma visão crítica.
Esta carência deveu-se à não instalação de cursos superiores no Brasil e ao controle das publicações aqui permitidas na época colonial.
Tanto o rei de Portugal quanto a pequena elite portuguesa que aqui vivia não tinham interesse em estimular a cultura no Brasil.
O Brasil só foi conhecer cursos superiores no final da época colonial, quando a família real se mudou para o Rio de Janeiro, em 1808. Quem desejasse estudar naquela época tinha que ir para Coimbra.
A expulsão dos jesuítas e de outras congregações religiosas, em meados do século XVIII, só veio agravar a situação cultural da colônia.
Uma elite brasileira mais independente surgiu apenas no final do século XVIII, com estudantes que tiveram contato na França com ideais da revolução francesa ou norte-americana, como os intelectuais de Ouro Preto, da Inconfidência Mineira, ou os irmãos Andrada, que exerceram importante papel na luta pela independência.
Dentro desse quadro de atraso cultural, não se pode esquecer a nefasta atuação do Santo Ofício, isto é, da Inquisição, que censurava e controlava toda publicação em Portugal e nas colônias. Um livro para ser impresso precisava passar por três a quatro censores, como foi o caso de O etíope resgatado, de 1758 (Vozes, 1992), de autoria do padre baiano Manoel Ribeiro da Rocha, sobre a libertação dos escravos.
Livros e jornais eram terminantemente proibidos de serem impressos no Brasil. O máximo que se tolerava era a publicação de manuais de oração ou estatutos de confrarias.
3. O surgimento de uma elite colonial inferiorizada
Nesse contexto não é de se admirar que tenha surgido no Brasil colonial uma elite envergonhada, complexada, que introjetava a visão colonial da superioridade portuguesa e assumia a condição inferior de colonizado. Era o mazombo, assim pejorativamente chamado.
Importantes figuras da época desprezavam a cultura local, como Gregório de Matos, talvez o maior representante da literatura brasileira no século XVII. Poeta satírico, escarnecia dos nativos, sobretudo da nascente cultura mestiça, tão marcada pelo elemento indígena.
A pressão social durou muito tempo, como notou o inglês John Luccock, ao descrever a vida social do Rio de Janeiro, no início do século XIX: “Nas peças que representavam, ridicularizavam-se as manias, vícios, dialetos e outras peculiaridades da colônia, o que corrigiu os gostos do público” (Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil. Itatiaia/Edusp, 1975[1821]: 163).
Apesar desse tempo estar longe, herdamos muita coisa desse passado, como se vê em algumas expressões brasileiras, que denotam inferioridade: canário da terra (de penas amarelo-escuras), em contraposição ao canário do reino (delicado e de penas de um amarelo bem claro) ou a banana da terra (banana nativa, rústica e que só serve para fritar).
Ainda hoje essa visão preconceituosa contra o nativo perdura, como o adjetivo tupiniquim, que vai significar o degenerado, o inferior, como a expressão “democracia tupinikim”. O mesmo se pode dizer do vocábulo botocudo, infelizmente usado há pouco até por nosso presidente da República, ou os vocábulos caipira, bugre (índio), com forte conotação pejorativa.
Além desse etnocentrismo português, fomos influenciados também pelos povos de cultura tupi, que foi o substrato da elite mestiça, que nos legaram essa tendência de abertura ao novo, ao estrangeiro, desvalorizando o que é da terra.
Frente ao outro, os povos Tupi tiveram duas posturas: a de admiração e endeusamento para com o diferente distante (que poderia ser aliado); e de discriminação e preconceito para com o diferente próximo (que poderia ser inimigo).
O diferente distante foi acolhido como deus nos primeiros anos da conquista. Os portugueses receberam o nome de karaíba, que significava “coisa santa”, gente com grandes poderes (cf. Anchieta, [1584], Cartas, escritos… 1933:332); e os franceses foram chamados de maíra ou maïr, um dos maiores demiurgos da mitologia tupi (id. ib.).
Ao passo que o diferente próximo era inimigo e devia ser combatido. Daí os nomes de Tobajara (inimigo) ou Tapuia (atrasado).
4. Uma historiografia brasileira eurocêntrica
Quando o Brasil começou o processo de emancipação cultural, durante o império, seus grandes historiadores, como Varnhagen, tinham uma formação européia, com uma visão muito preconceituosa contra os povos indígenas.
Não sem razão escreveu: “Para fazermos melhor idéia da mudança ocasionada pelo influxo do cristianismo e da civilização, procuramos dar uma notícia mais especificada da situação em que foram encontradas as gentes que habitavam o Brasil: isto é, uma idéia de seu estado, não podemos dizer de civilização, mas de barbárie e de atraso. De tais povos na infância não há história: há etnografia” (Hist. Geral Brasil, S. Paulo, [1854]1956, 1:30. Grifo nosso).
Isto marcou toda a historiografia brasileira, que até há pouco afirmava que os povos indígenas não eram o objeto da História e sim da Etnografia. Como conseqüência, nossa história começava na Europa, especificamente em Portugal, e não no Brasil. Os povos indígenas surgiam de relance no século XVI, desaparecendo em seguida.
As novas gerações brasileiras, marcadas por regimes autoritários, como o de Vargas, e mais recentemente o dos militares, passaram a cultuar anti-heróis, como os bandeirantes paulistas, o Duque de Caxias e tantos outros.
5. O nativismo romântico
No campo da literatura, se o nativismo do século XIX veio reafirmar nossas raízes nativas, tentando quebrar as amarras culturais com a metrópole, trouxe consigo muitas ambigüidades que reforçavam ainda os padrões europeus.
Surge o índio genérico, como o fizeram o poeta Gonçalves Dias, o romancista José de Alencar ou o músico Carlos Gomes. Seus personagens, embora vestidos de pena, tinham a cabeça do conquistador, sendo os grandes aliados dos portugueses. O bom índio era o “indígena colaborador”, aquele que participou da conquista do Brasil e o que mais se aproximava dos padrões ditos “civilizados”.
Assim o Brasil-colônia viveu cerca de 400 anos voltado para a Europa e de costas para suas origens. As revoltas nativistas e a grande presença indígena em várias regiões fizeram com que aos poucos os brasileiros começassem a sentir que algo se passava. Sem resolver muitos problemas de identidade, por muito tempo vivemos uma espécie de esquizofrenia cultural, sentindo que éramos mestiços, mas mantendo um discurso e uma referência estrangeira.
Somente agora, no final do século, por conta do movimento negro e indígena, o povo brasileiro está conseguindo quebrar os laços ideológicos que por tanto tempo nos impuseram essa visão do império português.
Grupos Étnicos Formadores
A população baiana surgiu da mistura de três grupos humanos: o índio que já habitava o território milhares de anos antes da chegada dos Portugueses, o africano que foi trazido contra vontade da África e os Portugueses que vieram para colonizar e explorar as novas terras.
Estes grupos não se mantiveram física ou culturalmente separados e após um curto espaço de tempo, a sociedade em formação já possuía tipos caracteristicamente brasileiros resultantes da mistura dos grupos iniciais. O mulato (negro e branco), o cafuzo (negro e índio) e o caboclo (branco e índio) e o resultado de sua mistura, tornaram-se cada vez mais numerosos numa população dominada pelos preconceituosos brancos Portugueses que detinham o poder financeiro e político da colônia.
Cada grupo contribuiu de uma maneira para a modelagem da sociedade em formação dando-lhe características próprias em aspectos físicos e culturais.
Índios
Segundo Ribeiro (1997), ao chegar à Bahia, o primeiro grupo indígena com o qual os europeus tiveram contato foi o tupiniquim, da família tupinambá, tronco tupi-guarani que já habitava, quase totalmente o litoral de todo o território baiano. Segundo Soares apud Celene Fonseca, o litoral baiano foi denominado pelos Tapuias desalojados pelos Tupinambás. Estes chegaram a costa por volta de 100-1200 d.C., ou seja, 300 a 500 anos antes dos Portugueses.
Alencar et all afirma que pesquisas permitem dizer que desde 8000 a.C. grupos humanos habitam a região que é hoje o Brasil, vindos da Ásia ou Europa. No entanto, pouco se conhece sobre a vida dos habitantes anteriores à chegada dos Europeus, por isso toda a história do Brasil foi criada pelos colonizadores e tem uma visão eurocêntrica da vida. Mesmo a denominação ÍNDIO dada aos povos que habitavam as terras do Brasil é equivocado e decorre da errada idéia dos espanhóis que, anteriormente, pensavam ter chegado à Índia, ao chegar à América Central.
Além do litoral, também outros grupos indígenas foram logo conhecidos pelos europeus. aimorés e patachós habitavam as terras próximas ao Espírito Santo e Minas Gerais. Entre o Rio Prado e o Rio de Contas estavam os camacãs, nagoiós, gongoiós e crancaiós. Os famosos maracás ocupavam o vale do Rio Paraguaçu e Serra Sincorá. O Nordeste do estado era ocupado pelos cariris. No Rio São Francisco encontravam-se os anaiós e caiapós. Por fim, chicriabás e acroás habitavam a fronteira da Bahia com Goiás.
Dentre as mais diversas contribuições dos povos indígenas para a formação do novo povo brasileiro está o habito de tomar banho todos os dias, o uso da mandioca na culinária, a diversificação das bebidas destiladas, o uso de utensílios de barro e a prática da queimada (coivara) hoje prejudicial à conservação do solo quando praticada em extensas faixas de terra.
Os índios foram de fundamental importância para o reconhecimento das terras e das riquezas do Brasil fazendo todo tipo de trabalhos para os portugueses como mostrar fontes de madeira ou de metais preciosos até carregar toda espécie de produtos até os navios. Além disso, foram fundamentais na construção e manutenção da cidade do Salvador sempre com a intermediação de Caramuru, europeu com o qual tinham grande aproximação. Com a crescente escravização dos índios em nome da Coroa e da propagação do cristianismo, os grupos antes simpáticos aos europeus, passaram a se impor ao trabalho tornando difícil o controle e uso dos povos nativos, também chamados negros pelos europeus.
Negros
A chegada dos primeiros negros à Bahia deu-se próximo aos anos de 1549 e 1550, substituindo o trabalho forçado de índios escravizados, inicialmente nos engenhos e plantações e posteriormente até nas casas grandes, baseando toda a economia do estado. Na verdade, não foi por falta de mão-de-obra que a escravização alcançou as colônias portuguesas, mas por exigência do capitalismo comercial europeu que via no negro cara e lucrativa mercadoria.
As colônias como o Brasil eram obrigadas a comprar escravos das metrópoles européias que ganhavam muito dinheiro com o tráfico de escravos negros vindos de toda a África. Para a Bahia foram vendidos africanos das diversas áreas e nações desde o atual Senegal à atual Angola, na costa ocidental, à costa oriental da atual Moçambique à atual Etiópia, passando pelos povos do Congo, Niger e Benin. Pela língua foram identificadas as nações yoruba, ewês, fulás, tapas, ardas, calabares e aussás que falavam árabe e talvez fossem religiosos do Corão.
Segundo Luis Viana Filho apud Tavares existiu uma sucessão no de povos ou nações trazidos para a Bahia o que permitiu a organização dos seguintes ciclos: I-Ciclo da Guiné (XVI); II-Ciclo de Angola (XVII); III-Ciclo da Costa da Mina (XVII); IV-Última fase – da ilegalidade (XIX).Oficialmente o último desembarque de escravos africanos para a Bahia ocorreu em 1852, na Pontilha, Ilha de Itaparica.
As incontáveis importantes contribuições dos negros para a formação do povo brasileiro e dos seus costumes estão fortemente presentes no dia-a-dia da população ao longo destes 500 anos.
A religiosidade africana misturada à religião católica formou, no estado da Bahia, a mais brasileira das formas de reverenciar deuses e santos. O famoso sincretismo religioso é uma das características do estado que teve sua origem nas senzalas quando em vez de aceitar as determinações católicas para a fé, os negros as adaptaram às suas próprias crenças.
A culinária baiana é quase que totalmente dominada pelos temperos africanos, ainda que tenham os europeus portugueses rejeitado por algum tempo o sabor forte dos condimentos. Os pratos típicos do estado apresentam sempre ingredientes como azeite de dendê, camarão seco, amendoim e outros. As danças e músicas, a forma de comemorar, de vestir e outras mais especificamente baianas tem grande influencia dos rituais religiosos e lutas negras lentamente assimiladas pela população em geral desde o momento em que foram trazidos para o Brasil.
Assim como os índios, os negros resistiram e lutaram muito contra a escravidão à qual eram submetidos no Brasil. A mais notável e organizada forma de luta foi, sem dúvida a formação dos Quilombos, que se constituíam em pequenas e organizadas cidades auto-suficientes na maioria dos aspectos, fundadas pelos negros que conseguiam fugir das senzalas, dos engenhos e plantações em todo o estado. Exemplos importantes são os quilombos do Rio Vermelho conhecido no início do século XVII , Cabula de 1807 e Buraco do Tatu formado em 1744, os três na área ocupada hoje por Salvador atacados diversas vezes.
Também no interior do estado formaram-se diversos quilombos como os de Muritiba e Maragogipe descobertos em 1713, os de Nazaré e Santo Amaro encontrados em 1801 e muitos outros os quais podem ser melhor conhecidos através do trabalho de Pedreira (1973). Embora mais conhecidos, os quilombos não foram a única forma de resistência dos negros africanos no Brasil e, mais especificamente na Bahia. Os registros históricos falam de várias manifestações principalmente no século XIX como a revolta dos Aussás em 1807, dos escravos em Itapuã e outras armações em 1813, insurreição da Vila de São Mateus em 1822, todas severamente reprimidas, mas que demonstraram a insatisfação e a revolta dos negros escravos que lutavam contra a situação de injustiça em que viviam.
Europeus
O Português foram, sem dúvida, o europeu que mais contribuiu para a formação do povo baiano. Segundo Carlos Ott apud Tavares a origem dos portugueses habitantes da Bahia no século XVI é, em ordem crescente de quantidade: Entre-Douro-e-Moinho, Trás-os-Montes, Beira, Estremadura, Alentejo, Algarve, Ilhas, na maioria homens do campo e de artes manuais.
Além dos Portugueses, os Franceses, os Holandeses e por fim Ingleses influenciaram de alguma forma a população em formação, já que todos mantiveram estreito contato com o povo brasileiro que nascia da miscigenação entre os chamados três grupos humanos: branco, índio e negro. Estes últimos, diferentes dos Portugueses passavam pela Bahia em viagem comerciais, principalmente de contrabando de escravos e matérias-primas como o pau-brasil.
Dentre os mais conhecidos Portugueses que contribuíram para o desbravamento e exploração das terras baianas está Diogo Álvares, o Caramuru. Segundo alguns autores, Diogo Álvares saiu do Norte de Portugal e foi náufrago de uma embarcação francesa para a qual trabalhava, nas proximidades do Largo da Mariquita, Rio Vermelho, por volta de 1509 ou 1511. Recebeu este nome, diz a lenda, por ter saído entre as pedras, coberto de limo na frente de um grupo de índios que notou semelhanças entre o Português e o peixe. Diz ainda a lenda que, graças a um tiro dado para o alto, Caramuru escapou de ser devorado pelos Tupinambás e conquistou seu respeito e aceitação.
Caramuru foi o primeiro europeu a conviver com os índios aprendendo sua língua e seus hábitos, por isso, foi importante ponte entre os índios e os colonizadores servindo mesmo como intérprete e pacificador. Convenceu os índios a ajudar na construção das vilas como a Ponta do Pedrão (hoje Forte e Farol da Barra) onde viveu e uniu-se a algumas índias incluindo a Catarina Paraguaçu, com quem se casou e teve filhos legítimos e onde se instalaram outros europeus como o próprio Tomé de Souza, antes da construção de Salvador. A construção da Cidade de Salvador foi viabilizada pela ajuda dos mesmos índios que conseguiram material para a construção, carregaram-no até o local escolhido e edificaram a cidade.
Por defender interesses dos índios ou próprios contra a exploração dos colonizadores ou, como afirmam alguns autores por sua ligação com os Franceses, Caramuru desentendeu-se seriamente com os representantes de Portugal e morreu em 1557 sem ter sido reconhecido pelo governo português como fundamental elemento para a colonização do Brasil.
Dos Portugueses os baianos, como todos os brasileiros, herdaram a forma de sociedade patriarcal. O Português criou, segundo Tavares (1987) a Bahia agrária, mercantil e escravocrata voltada para as necessidades do capitalismo comercial que dominava o mundo dito civilizado. As cidades herdaram a arquitetura da moda em Portugal dando ares europeus à cidade de Salvador. Também a música, a religião Católica, a estrutura familiar com base no casamento, a prática da monocultura e outras características mais.
Religiosidade
Assim como em outros aspectos, a religiosidade encontra-se na Bahia caracterizada por uma variedade de religiões, seitas, igrejas, templos, terreiros, crenças separadas ou totalmente misturadas. Na Bahia é cena comum uma filha-de-santo rezando ao Senhor do Bonfim(Oxalá) ou um católico oferecendo caruru aos Ibejes (São Cosme e Damião). É o sincretismo religioso tão presente nas festas dos santos católicos, sinais de um tempo em que negros disfarçavam o culto a seus deuses.
Segundo Verger(1992), é difícil precisar o momento em que o sincretismo se estabeleceu no país ou mesmo na Bahia. É certo que os santos católicos e os deuses africanos se aproximaram cada vez mais devido a características físicas ou comportamentais. No entanto, as razoes para tal mistura de símbolos parecem ter sido diversas e benéficas ora aos brancos católicos, ora aos negros animistas.
Ainda escravos, os negros baianos eram proibidos de cultuar seus deuses, no entanto, podiam realizar manifestações culturais como o canto e a dança africanas. Para os senhores, tais manifestações não passavam de diversão e nostalgia. Para a igreja católica, exposição de primitivismo inofensivo. Para o estado algo que mantinha separada as nações e controladas as revoltas, já que as reuniões eram de grupos de origem diferentes. No entanto, para os negros, era a manifestação livre de sua religiosidade e de culto aos seus deuses.
Logo que a igreja católica entendeu o sentido das reuniões festivas e passou a ameaçar sua realização, os negros começaram a justificar seus atos como forma africana de cultuar os santos católicos e trataram de atribuir a cada deus africano um correspondente europeu. Aos olhos da igreja, os africanos se convertiam, mas, na verdade, os negros utilizavam os santos católicos para disfarçar deuses africanos aos quais realmente rendiam cultos. Com o passar do tempo, os benefícios dessa mistura superaram os interesses cristãos e o sincretismo passou a ser aceito e até incentivado pelos senhores de escravos.
Ao contrario do esperado, os hábitos religiosos africanos aos poucos modificaram o próprio catolicismo, influenciando a forma de culto e misturando nomes e características de santos e deuses, o que é tolerado, até certo ponto, pela igreja católica baiana. Os negros continuam a cultuar seus deuses, havendo para muitos praticantes a diferença entre deuses e santos.
Na Bahia é comum ir ao terreiro e à igreja. Brancos, negros, mulatos, pobres ou ricos, acreditam nos princípios católicos e do candomblé, ao mesmo tempo. O sincretismo há muito estabelecido mantem-se e são comuns em festas católicas as manifestações das religiões africanas.
Para a maioria dos baianos, não há festa do Senhor do Bonfim sem missa solene e banho de pipoca nas escadarias da igreja. Por sua vez, os barracões de candomblé possuem sempre um altar com imagens de santos católicos.
Não só com o catolicismo o candomblé se combinou e absorveu conceitos.
Houve, mais recentemente, segundo Carneiro(1977) a mistura do candomblé com o espiritismo que resultou nas chamadas “sessões de caboclo” comuns aos terreiros de todo o Nordeste inclusive Bahia.
No entanto, a Bahia de todas as crenças já foi muito diferente! A Bahia encontrada pelos portugueses não era católica, protestante, espírita ou animista. Era sim marcada pela crença em um mixto de lendas criadas pelos índios, donos das terras, baseadas nas entidades naturais que explicavam a vida, a morte, a doença, a cura, as desgraças, as alegrias … Não haviam deuses e deusas nas crenças dos povos indígenas e, as vezes, fatores importantes como o surgimento do sol, da terra, das estrelas ou da água não tinham resposta.
O próprio Tupã ou Tupana parece ter sido criado por influencia dos jesuítas que o comparavam ao Deus católico. Segundo Ott(1995), alguns grupos indígenas não possuíam culto religioso nenhum, a sua espiritualidade podia ser observada apenas por suas lendas e histórias que respondiam as grandes questões filosóficas ou existenciais que perturbam todo ser humano seja qual for sua origem, língua ou crença.
Desrespeitando o credo indígena, a Bahia como todo o Brasil foi colonizada não só pelo estado português, mas pela igreja católica. Assim, o Brasil nasceu católico para os europeus e foi o catolicismo que imperou na Bahia por muitos anos. Com a chegada dos escravos africanos as religiões negras passaram a competir pelos fiéis mestiços.
Com o tempo varias religiões e seitas chegaram ao Brasil, principalmente junto com os diversos imigrantes que desembarcaram aqui. Atualmente a Bahia possui grupos das mais diversas religiões e fieis que conseguem conviver com mais de uma delas. Bom exemplo são as Damas da Boa Morte, filhas e mães-de-santo que cultuam Nossa Senhora da Boa Morte, santa católica.
Catolicismo
O catolicismo chegou ao Brasil junto com os jesuítas e foi a religião oficial do país por muito tempo. A religião católica e o reino português se confundiam e dividiam a ocupação das terras brasileiras. O rei dominava depois que os jesuítas controlavam os nativos, em troca, a religião dos jesuítas conquistava o novo mundo. Foram os jesuítas que instalaram na Bahia e em todo o resto do país o catolicismo, aprovado pelo rei português, que sufocou o credo indígena.
Desde a chegada de Manuel da Nóbrega em 1549, os jesuítas realizaram no Brasil a contra-reforma que pretendia recuperar os fiéis perdidos para o protestantismo na Europa, conquistando primeiro as almas dos indígenas e depois dos negros e mestiços. Ainda em 1515 foi criado na Bahia o Primeiro Bispado do Brasil.
Na Bahia, os jesuítas criaram uma estrutura de dominação religiosa, econômica e educacional. Segundo Verger(1981) as famílias eram fieis praticantes da religião, ofertando consideráveis doações à igreja, que logo acumulou fortunas em bens e propriedades. As mais importantes famílias baianas tinham um filho padre que lhe conferia respeito e status.
Os filhos das melhores famílias freqüentavam as escolas dos jesuítas e eram muito bem vistos por isso. Com o tempo, apenas os ricos podiam manter seus filhos estudando em escolas dirigidas pelos jesuítas que aplicavam a educação escolar mais valorizada pela sociedade baiana e brasileira.
Segundo Mattoso (1992), o catolicismo oficial instalado no Brasil era o das obrigações e castigos, baseado numa pesada rotina de purgação dos pecados adquiridos no nascimento. Ao lado desse catolicismo oficial havia uma religiosidade voltada para a devoção influenciada por outras crenças, principalmente as religiões africanas que estimulam a dança, os rituais e as procissões das festas católicas. Esta última se diferenciava por seu caráter leigo, familiar e socializador além da importância que atribuía aos santos o que era muito favorecido pela falta de padres e pela distancia da hierarquia.
Nos séculos XVII e XVIII o cotidiano dos baianos estava impregnado do catolicismo. Em quase todas as casas haviam oratórios nos quais as famílias faziam orações, no mínimo, três vezes por dia. Todas as festas, inclusive as civis, tinham traços religiosos como o tilintar de sinos e as missas festivas ficavam repletas de fieis praticantes. No Natal e no Dia de Reis entre outras festas populares de caráter religioso eram realizados em casas e nas ruas como, por exemplo, os bailes pastoris, bumba-meu-boi e a chegança.
Eram muito freqüentes as irmandades, confrarias e ordens terceiras formadas apenas por leigos e que pouco se preocupavam com os sacramentos. As primeiras congregavam fieis em torno da devoção de um santo escolhido, geralmente de um mesmo grupo, cor ou classe social. A Irmandade da MIsericórdia, de brancos da elite, foi fundada em 1550 na Bahia. A irmandade do Senhor Redentor da Bahia, fundada em 1752 era composta apenas por negros jejes, grupo étnico encontrado na Bahia. Algumas eram mais que entidades religiosas como a Irmandade da Boa Morte, formada por mulheres negras que tramavam e facilitavam a fuga de escravos durante as reuniões.
Essas tradições foram reprimidas com o tempo, principalmente pelo fato de que pouco consideravam os preceitos católicos baseados nos sacramentos e por não precisarem de autoridades religiosas como padres para realizarem suas atividades e recrutarem cada vez mais adeptos e devotos dos santos. Algumas delas ainda existem, mas por volta do século XIX já eram consideradas ultrapassadas.
A hierarquia passou a recriminar e desvalorizar essas manifestações leigas autônomas que foram logo substituídas por grupos ligados diretamente ao clero como as diversas pastorais que levaram de volta para dentro da igreja e para debaixo do seu jugo o povo católico, afastando-o da superstição que impregnava o catolicismo do início do século XIX.
Protestantismo
O protestantismo era uma religião cristã de brancos dominante na Europa e na América do Norte, que proclamava uma salvação cristã diferente da católica que foi bem conhecida pelos baianos ainda na época da colônia.
As igrejas protestantes se estabeleceram definitivamente no Brasil a partir da segunda metade do século XIX, primeiro no Sul do Brasil, depois nas outras regiões. Na Bahia, só no fim do mesmo século o protestantismo conseguiu se fixar fundando no estado a primeira Igreja Batista Nacional, desenvolvendo-se verdadeiramente no século XX.
A mensagem protestante era dirigida aos católicos livres, geralmente moradores do campo onde a ausência de sacerdotes tornava vulnerável a crença na religião católica e seus dogmas.
Segundo alguns autores o protestantismo atraia muitos católicos por permitir uma ligação direta com Deus através de orações sem a intermediação exercida no catolicismo pelo clero. Além disso valorizava o caminho para a felicidade eterna enquanto a igreja católica pregava uma vida de sofrimentos e privações que,mesmo assim, podia determinar a vida eterna no inferno.
No entanto, na Bahia onde as crenças se misturam e agradam o povo, o protestantismo foi muito radical. A conversão da nova fé sempre exigiu o abandono de crenças e praticas antigas como aquelas ligadas aos rituais do candomblé, largamente praticados pelos católicos baianos.
Enquanto o catolicismo foi sempre tolerante a pratica dos cultos africanos, permitindo que fieis participassem de sus rituais e recebessem os sacramentos ao mesmo tempo. Além disso, o protestantismo exigia dos fiéis um comportamento radicalmente diferente do habitual que afasta o indivíduo do convívio social baseado nas festas e reuniões populares que sempre caracterizou o povo baiano.
Islã Africano
Segundo Mattoso(1992), os primeiros africanos islamizados chegaram à Bahia provavelmente no fim do século XVIII e início do século XIX. Eram negros haussas e iorubas oriundos da África Ocidental mais influenciada pela cultura islâmica e chamados mulsumis ou malês.
Segundo Baptiste(1971), a maioria dos males vieram de tribos africanas de indivíduos puros ou mestiços com hamitas, portanto, islamizados e não mulçumanos de origem. Desta forma não foi introduzida na Bahia um puro islamismo de Maomé, mas uma misstura desse ao animismo das crenças africanas.
O islamismo nunca foi predominante entre os africanos na Bahia, no entanto, seus adeptos se distinguiam dos demais por diversos fatores. Por exemplo, o culto male inflluenciado pelo maometismo nunca se confundiu com outros cultos negros nem se deixou influenciar pelo catollicismo. Os males davam grande importância à educação, à leitura e à escrita e os caracteres árabes eram ensinados pois era necessária a leitura do Alcorão para a religiosidade.
O Alcorão era vendido no Rio de Janeiro e mesmo assim muitos adeptos o tinham e liam em casa ou em reuniões. Vários comportamentos dos islâmicos eram respeitados pelos adeptos baianos como a circunsisao dos meninos aos dez anos de idade e o jejum do Ramadã.
Os males se diferenciavam também pelo seu comportamento diurno e sem excessos, totalmente diferente dos outros grupos negros e sua liderança, sempre envolvida nas revoltas contra a escravidão, era letrada e se destacava entre os indivíduos da população pobre baiana, negra ou não. Por fim, a cor da roupa e os objetos simbólicos como amuletos mágicos identificavam os males com sua religião e separavam-os os ooutros grupos de negros.
Segundo Baptiste(1971), o culto male baiano possuía uma autoridade central chamada Limano e varias secundárias chamadas Alufás. Estes eram autoridades responsáveis pelas cerimônias das sextas-feiras e dias santos, cerimônias chamadas Sara, correspondente a missa dos católicos.
Havia também cerimônia de casamento e culto aos mortos, o qual é estranho aos mulçumanos que não cultuam a morte. Segundo o mesmo autor e oooutros estudiosos das religiões baianas, não se sabe muito sobre as crenças e os dogmas da relligiao mulçumana na Bahia.
Os males eram considerados mestres da magia negra e temiam os djins, espécies de diabos, embora não acreditassem no inferno e no diabo em si. Cultuavam Maomé e adoravam Alá, seu Deus. Cultuavam os mortos e realizavam sacrifícios, rezavam cinco vezes ao dia.
A religião muçulmana desapaeceu quase completamente em toda a Bahia. Segundo Baptiste(1971) em 1937, a União de Seitas Afro-brasileiras da Bahia tinha ainda um candomblé de uma nação muçulmana. Noentanto, apenas traços dessa religião erm mantidos como algumas palavras, expressões e orações inteiras usadas nos rituais como eram usadas nos momentos de oração dos Males.
Autores como Ramos(1979) concordam em algumas razoes para o fim do islamismo negro na Baha. Os males constituíam minoria dentre os negros de outras religiões; não desejavam e evitavam a convivência com outros escravos por não serem maometanos; flavam na língua do país de origem usando termos árabes e evitando o português. Para os outrosgrupos negros, os mlaometanos não eram irmãos nem companheiros e suas crenças foram aos poucos substituídas ou incorporadas (em pequena parte) pelos culltos gêge-nagô que predominavam no estado da Bahia.
Candomblé
Em todo o Nordeste, principalmente na Bahia, a influencia dos iorubas prevaleceu sobre todos os outros grupos, inclusive os daomeanos que chegaram a Bahia trazendo cada um sua religião própria. Com o passar do tempo esses diferentes grupos misturara-se física, social e religiosamente. No entanto, já no século XVIII, quando os cultos africanos começam a se organizar, os nagôs ou iorubas já eram maioria. Segundo Carneiro (1977) a relação que os cultos nagôs criavam com a terra de origem e com o catolicismo foram motivos primordiais para que se tornasse padrão para todas as religiões dos povos negros de toda a Bahia.
O candomblé é uma religião baiana, mas que reuniu em sua formação várias religiões negras de origem africana e crenças indígenas brasileiras. Para Siqueira (1994) é “uma continuidade cultural africana, reelaborada na Bahia enquanto movimento da busca e reencontro de uma grande maioria de pessoas negras como um espaço de identidade e uma forma de enfrentamento da sociedade global. Mas também o local do culto aos Orixás e de revivência de mitos que falam da criação dôo mundo, do homem e suas relações entre si e com o mundo”.
Como culto religioso organizado, o candomblé tem como provável marco de inicio na Bahia a fundação do Candomblé do Engenho Novo, por volta de 1830, na cidade do Salvador. Na década de 80, o CEAO (Centro de Estudos Afro Orientais) afirmou a existência de 1350 terreiros de candomblé registrados na Federação Baiana de Cultos Afro Brasileiros, segundo Siqueira (1994).
No candomblé a existência humana se desenvolve simultaneamente no plano do aiê, mundo visível em que vivemos e no plano do orum, mundo do além. Segundo Mattoso(1992), o primeiro é o universo físico e o segundo é um espaço sobrenatural povoado por deuses e diferente do céu católico pois inclui tudo o que existe no plano físico, inclusive a terra e o céu. Para Santos(1986), o ase é a forca vital que impulsiona as práticas religiosas realizadas no aiê, ligando-o ao orum.
Segundo alguns autores o objetivo religioso do candomblé é permitir a presença dos Orixás, os deuses nagôs, entre os humanos. Os Orixás são identificados com elementos da natureza como água, vento, raio, trovão, e encarnam em pessoas escolhidas por eles a fim de conviver com os seus descendentes e ser reverenciados por eles. São exemplos Iemanjá, rainha das águas doces e salgadas, Xangô, senhor dos raios e trovoes, Iansã, senhora dos ventos e tempestades e Oxumaré que representa o arco-íris.
Outros Orixás representam doenças como Omolu, proteção como Oxossi e Ogum, sentimentos como a vaidade representada por Oxum. A divindade da Criação é Oxalá e Exu, criado dos Orixás é o mensageiro entre os homens e os deuses. (Magalhães, 1974). Os vôdúns jejes são essencialmente os mesmos que os Orixás nagôs, mas são menos conhecidos por seus nomes verdadeiros por serem menos populares.
Segundo Carneiro (1978), candomblé é o nome dado aos locais onde os adeptos realizam seus rituais religiosos. No entanto, esse nome já designou qualquer festa de origem africana negra.
O candomblé é um misto de casa e local de festas e cultos, feito de barro e madeira, chão de barro batido e, às vezes, de cimento. Segundo Carneiro (1978), as paredes do candomblé não chegam ao teto e a casa geralmente possui grandes corredores de onde partem quartos diversos e numerosos, pouco ventilados e mal iluminados. O barracão é o local destinado às festas localizado nos fundos da casa (independente) ou faz parte dela. Em geral é retangular, com duas ou três portas e algumas janelas.
Acima da porta principal há um chifre de boi, um arco ou uma quartilha de barro votiva em homenagem a divindade protetora da casa. Dentro do barracão diversos enfeites decoram o lugar e homenageiam os Orixás.
As casas maiores possuem ao redor do barracão vária casas pequenas chamadas assentos e destinadas aos Orixás. Uma é sempre de Exu e tem a porta trancada a cadeado, as outras são dedicadas aos Orixás protetores da casa. Alguns Orixás como Oxalá e Iemanjá não podem Ter assentos fora de casa. Nos terreiros, geralmente, há duas árvores sagradas amarradas com panos brancos, sendo uma a gameleira, sede do deus Iroko e a outra uma gameleira branca do orixá Apaoká.
A construção de um terreiro de candomblé é sempre precedida de um ritual onde o chefe da casa deposita nos alicerces da construção água dos axés, bichos de pena, moedas correntes, jornais do dia, água benta e flores.
O candomblé é moradia de diversos fiéis desamparados. O chefe da casa, geralmente, não mora nela. Recebe visitas diariamente das filhas e filhos-de-santo e dos fiéis que oferecem sacrifícios e comidas aos seus orixás de devoção. Na Bahia, os candomblés são formados, em maioria, por descendentes de africanos, principalmente de mulheres.
Durante a realização dos cultos existem lugares específicos para todos os participantes. No fundo, há cadeiras e sofás para visitantes; ao lado, num cercado de madeira, o lugar dos atabaques; no lado oposto, um altar católico; no resto dos espaços junto as paredes, bandos para os diversos assistentes que se dividem por sexo e categoria.
Segundo Carneiro (1978), numa cerimônia de candomblé são repetidos rituais há anos da mesma forma ou com pequenas modificações. Começa com a realização de sacrifícios de animais como galos, pombos e bodes em meio a cantos e danças sagradas.
Desses animais se retira o sangue que lava as pedras dos orixás consideradas sagradas. Logo depois é feito um despacho para Exu pedindo permissão para a realização dos rituais que irão se seguir. São oferecidas comidas e bebidas como azeite, farofa, água ou cachaça que devem ser lentamente jogados na porta do barracão, no lado de fora, pois Exu é considerado o homem da rua.
Em seguida as filhas-de-santo cantam e dançam para todos os orixás, havendo três cantigas para cada um deles. Tudo ocorre sob o comando da mãe ou pai-de-santo, autoridade religiosa máxima do terreiro, que pode, após essas homenagens, encerrar a cerimônia.
No entanto, é mais comum que ocorram ainda as manifestações dos orixás através do corpo das suas filhas chamadas cavalos por serem usadas pelos orixás para a comunicação com os mortais. É o chamado “baixar o santo”. Ao ser homenageado com suas músicas, um orixá manifesta-se no corpo de uma ou mais filhas-de-santo predestinadas a servir de cavalo especificamente a ele. Ocorrem as manifestações de tantos orixás quantas músicas a elas sejam entoadas.
Então, a mãe-de-santo ordena que sejam retirados do barracão e vestidos com roupas especiais e acessórios de cada orixá para voltarem ao barracão. Por exemplo, a filha de Xangô volta vestida de vermelho e brando, carregando nas mãos um machado em forma de T. Cada orixá dança sua música reverenciando a mãe da casa, abençoando as pessoas que a ele se dirigirem e curando moléstias se assim desejarem. Após a participação de todos os orixás, a mãe-de-santo costuma encerrar a cerimônia que dura horas.
A orquestra do candomblé é simples e composta de atabaque (ilu), agogô e cabaça. Os atabaques são considerados especiais para a invocação dos deuses. Alguns candomblés usam também o adjá.
A iniciação das filhas-de-santo na Bahia segue os rituais da África como a reclusão no terreiro por um período de 17 dias, em média, abstinência de relações sexuais, rigorosa dieta, banhos rituais e epilação da cabeça. A cerimonia de iniciação chamada “dia de dar o nome”, marca o momento em que a filha está pronta para dedicar-se e receber seu orixá em cerimônias.
Para diversos autores, o candomblé é muito mais que manifestação religiosa negra e vai além do encontro místico entre mortais e deuses. Para Siqueira (1994), o candomblé é cultura negra de identidade que promove a requalificação social de seus adeptos num espaço mítico e ritual, o terreiro. Atualmente é movimento sócio-cultural-religioso que expressa a cultura negra de forma total.
Na verdade, hoje, além de sede para cerimônias religiosas, nos terreiros realiza-se uma série de serviços sociais destinados às comunidades nas quais estão inseridos e fazem parte. São importantes exemplos as escolas e creches que incentivam a criação e a reprodução da arte e da cultura afro-baianas como as dos terreiros Ilê Axé Opô Afonjá e Ilê Axé Opô Aganju.
A Educação
Durante mais de dois séculos, a educação jesuítica foi a única responsável pelo ensino brasileiro e teve grande importância para o sucesso da colonização, convertendo e convencendo índios e negros a obedecerem ao Deus católico representado na terra pelo Rei de Portugal.
Os jesuítas chegaram à Bahia em 1549 junto com Tomé de Souza e se dedicaram ao catecismo e à prática do magistério. De Salvador, onde primeiro se estabeleceram, espalharam-se por várias regiões do estado da Bahia e de todo o país.
Ainda no início da colonização, para viabilizar a catequese dos índios, os jesuítas criaram escolas de ler e escrever para que os índios pudessem entender e absorver a cultura e a religião portuguesas. Precisavam antes ser compreendidos para serem depois seguidos. No entanto, não eram apenas os índios os objetivos dos jesuítas. Segundo Piletti (1996), os jesuítas responsabilizaram-se pela educação de todos: índios, negros escravos, colonos e filhos dos senhores de engenhos usando, em cada caso, artifícios particulares para atrair e manter as pessoas em catequese constante, mascarada nas lições escolares.
Além das aulas de ler e escrever, eram oferecidos, na época da colônia três cursos: o de Letras, o de Filosofia e Ciências e o de Teologia e Ciências Sagradas considerado superior e destinado à formação de sacerdotes. Concluídos esses cursos, aquele que desejasse continuar os estudos teria que fazê-lo na Europa, o que poucos podiam fazer.
Segundo Vilhena (1969), na Bahia, não só em Salvador, mas em todas as vilas da capitania e seus distritos ministravam-se sete classes de instrução. Na primeira classe estudava-se gramática portuguesa, na segunda língua latina, sintaxe e sílaba na terceira, na quarta retórica, na quinta matemática, filosofia na sexta e na sétima teologia moral. Além disso, filosofia era ensinada nos conventos como o do Carmo e o São Francisco.
Segundo Romanelli (1996) o ensino ministrado pelos jesuítas era alheio às necessidades da colônia e pouco interessava ou servia a sociedade agrária e comercial da época. Preocupava-se com a aprendizagem da cultura geral e básica européia sem valorizar as diferenças da colônia.
Com o tempo, a catequese que levava a educação jesuítica aos índios e negros perdeu importância para a educação dos filhos da elite, educação essa que excluía o povo e que perdurou como modelo durante muitos anos no país. Logo a educação dos jesuítas passou a dar status e a formar os representantes políticos da colônia. Como somente os filhos dos abastados tinham acesso a essa educação, somente a eles cabiam status e poder.
Ao serem expulsos do país em 1759, os jesuítas mantinham escolas de ler e escrever, de ensino secundário e missões na Bahia e em outros estados do Brasil. Foi o Marquês de Pombal que, considerando o trabalho dos jesuítas com os índios como de oposição a Portugal, suprimiu as escolas jesuíticas em toda a colônia.
Para instalar a educação voltada aos interesses da Coroa e não da igreja, foram criadas as chamadas aulas régias de Latim, Grego e Retórica, as quais Segundo Piletti (1996), nem de longe chegaram a substituir o eficiente sistema de ensino organizado pela Companhia de Jesus.
Segundo Romanelli (1996), seguiu-se a partir de então, mais de 10 anos de desmantelo na educação em todo o país, que caracterizaram o início da ação do Estado como promotor e responsável pela educação dos brasileiros. Vale comentar que estudos continuaram a ser ministrados nos seminários em paralelo às desordenadas e ineficientes aulas régias.
A atuação dos jesuítas na Bahia não de diferenciou do restante do país e sua expulsão acarretou para a educação no estado o mesmo atraso que para o Brasil.
As intervenções do poder público da província baiana sobre a educação datam do século XIX, muito tempo depois da expulsão dos jesuítas, significando um longo tempo de desordem e falhas na educação dos baianos. É somente com o Ato Adicional de 1834 (emenda à Constituição de 1824) que as Assembléias Legislativas Provinciais começam a legislar sobre as questões do ensino elementar e médio.
Segundo Tavares (1987), inicialmente foi criado na Bahia o Liceu Provincial no antigo Convento da Palma em 1837, com o intuito de substituir as aulas régias e a Escola Normal para formar professores do ensino elementar, que só começou a funcionar em 1842 numa casa da antiga Rua do Colégio.
No Liceu matricularam-se 323 alunos nas disciplinas: Filosofia Racional e Moral; Aritmética; Geometria e Trigonometria; Geografia e História; Comércio; Gramática Filosófica da Língua Portuguesa; Eloqüência e Poesia; Análise e Crítica dos Clássicos; Desenho; Música; Gramática Latina; Gramática Grega; Gramática Francesa e Gramática Inglesa. A de junho de 1841 estabeleceu exames para o ingresso nos cursos de Grego, Gramática Filosófica, Belas Leras, Filosofia, Retórica, Geografia que concediam diploma de Bacharel em Letras.
A Escola Normal da Bahia tinha duas cadeiras: Cadeira de Ensino Mútuo e Cadeira de Leitura, Caligrafia e Gramática Filosófica da Língua Portuguesa e aulas eram ministradas em dois turnos, um para homens e outro para mulheres.
O currículo da escola de meninos compreendia instrução moral e religiosa, as artes de ler, escrever e contar bem como os elementos de pesos e medidas nacionais. Ao currículo das meninas acrescentava-se costura, bordado e outros conhecimentos que auxiliasse a economia doméstica.
Em 1842 foi criado na Bahia o Conselho de Instrução Pública que tinha as mais diversas atribuições em relação à educação em todo o estado. No Conselho foi criado o cargo de Diretor-geral dos Estudos, cargo que se tornou importante e foi ocupado por representantes responsáveis por grandes modificações para melhoria do sistema de ensino nascente na Bahia.
Um exemplo foi Casemiro de Sena Madureira que em 1851 reivindicava a formação de escolas industriais, a profissionalização do Magistério e a inclusão da Pedagogia no currículo normal. Em 1854, Sena Madureira idealizou o Jardim da Infância como uma cadeira para meninos de 4 a 8 anos regida sempre por uma professora que, para o diretor-geral, tinha ao contrário dos homens, candura e amor suficientes para o trabalho.
A reforma de 1881 criou duas escolas normais em Salvador, em regime de externato: a Escola Normal de Homens e a Escola Normal de Senhoras. Nelas a Pedagogia já era disciplina e compreendia a História da Pedagogia, Organização Escolar, Educação Moral, Física e Intelectual e Legislação do Ensino.
A reforma criou um currículo do ensino elementar no qual entrava, pela primeira vez, elementos de ciências naturais. Também se referia ao ensino particular afirmando que qualquer cidadão brasileiro ou estrangeiro poderia abrir escola ou outro estabelecimento de ensino primário e secundário, e exercer o magistério. Por fim, a reforma criou o Conselho Superior.
Da reforma de 1881 (Reforma Paranaguá) até as proximidades da República, pouco se acrescentou de importante com relação a inovações pedagógicas na formação dos professores. Foram muito frequentes, no entanto, as medidas para melhorias físicas dos estabelecimentos de ensino no estado, como a fundação de bibliotecas, museus pedagógicos, livrarias e periódicos nas escolas normais. Segundo Telles (1989), com a Proclamação da República em 1889, as instituições oficiais de ensino sofreram alterações e as leis que regiam o ensino na antiga Província foram reformadas pelo Governo Provisório no Estado da Bahia.
Em 1890 foi apresentado um Regulamento que significava a primeira lei da instrução pública da Bahia após a Proclamação da República, elaborada pelo baiano Satyro Dias. A lei organizou o Conselho Superior de Ensino idealizado ainda na Monarquia e extinguiu as escolas normais, criando em seu lugar o Instituto Normal da Bahia para servir de modelo às instituições semelhantes a serem criadas nos outros municípios do estado. Sua finalidade era a formação de professores em turmas mistas, em regime de externato, num curso de quatro anos de duração. No Instituto, a Pedagogia compunha-se de História da Pedagogia, Metodologia de Ensino e Prática de Ensino. No começo do século XX duas escolas normais de mesma linha organizacional foram instaladas no interior do estado, nas cidades de Barra e Caeteté, mas foram extintas em 1903.
Algumas importantes instituições de ensino foram inauguradas ainda no século XIX como a Faculdade de Direito em 1891, O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia em 1894, a Escola Politécnica e o Conservatório de Música em 1897.
Nas duas primeiras décadas do século XX algumas mudanças foram registradas pela história. Por exemplo, o curso normal variou entre 3 e 4 anos de duração, o Instituto Normal passou a ser chamado Escola Normal outra vez e os diplomados do curso receberam o título de Professor Primário.
Em 1918 o ensino público foi dividido em Ensino Primário ministrado em escolas isoladas ou em grupos escolares, e Ensino Secundário ministrado no Ginásio da Bahia. Cabia ao Governador a direção superior do ensino, auxiliado por secretários, conselheiros, diretores entre outros, mas manteve-se o Conselho Superior de Ensino.
A reforma de 1925 é também chamada Reforma Góes Calmom por ser ele o Governador do Estado da Bahia quando as idéias de Anísio Teixeira orientaram tão grande mudança na organização da educação estadual. Segundo Telles (1989), nenhuma lei anterior sobre o ensino superou a nº 1846 de 14-08-1925, que dispõe com detalhes sobre os princípios da gratuidade e obrigatoriedade do ensino. A lei deixa claro que o ensino no Estado da Bahia “tem por objetivo a educação física, intelectual e moral do indivíduo de modo a formar homens aptos para a vida em sociedade e cidadãos úteis à comunhão nacional.”
Abrangendo o ensino geral, a reforma previu o ensino infantil, primário elementar e superior, o complementar, normal, o secundário, o profissional e o especial, organizando a sucessão escolar até a formação completa do indivíduo.
No curso normal houve grande mudança no currículo, que destinava 3 anos de preparo científico e 1 de preparo profissional para o magistério. Para tanto, escolas de aplicação foram criadas junto aos estabelecimentos permitindo conhecimento prático ao futuro professor. Essa organização tornou o curso de formação do professor completo, já que se preocupava tanto com a formação profissional como intelectual do indivíduo, ou seja, proporcionava a educação integral dos alunos.
A reforma de Anísio Teixeira inovou também a administração e a fiscalização das instituições criando a Diretoria Geral da Instrução e reformando o Conselho Superior de Ensino. Em relação à fiscalização criou cargos e formas de acompanhamento das instituições e dos profissionais de ensino que melhoraram em muito a qualidade dos seus serviços.
Até então, na maioria dos casos, a qualidade do serviço desses profissionais era considerada ruim pela própria sociedade baiana que contava muitas vezes, com profissionais nada qualificados para o magistério. Na verdade esse quadro se repetiu em todo país após a expulsão dos jesuítas, que deixaram vazias as vagas de professor.
Segundo Telles (1989), sobre a administração específica das unidades escolares a lei dispunha sobre ano letivo e regime de aulas, matrícula e exame, diploma, prêmios e deveres do aluno do curso normal. Dispunha também sobre a administração das escolas de aplicação, a escola normal superior, cursos de férias, escolas normais das cidades do interior, ensino secundário e profissional de artes e ofícios.
Esta última oferecia cursos de mecânica e eletrotécnica, artes gráficas, artes decorativas, atividades domésticas, atividades rurais, atividades comerciais e outras.
A criação dos cursos de artes e ofícios demonstrou a preocupação de Anísio Teixeira com a formação profissional do jovem, com a qual as leis anteriores não se ocuparam. Para os idealizadores da reforma a educação integral, física e moral do indivíduo era tão importante quanto à formação profissional.
Antes da reforma e como resíduo da educação jesuítica, a educação preocupava-se com a formação intelectual do indivíduo, apoiado no conhecimento europeu. Depois da reforma a educação na Bahia passa a ter características próprias, uma educação baseada nas necessidades da sociedade baiana e formadora de indivíduos engajados às exigências de um estado em crescimento comercial e industrial.
A lei 1846/25 instituiu também uma Escola de Belas Artes oficial e cursos para crianças ditas anormais, mostrando a inédita preocupação do Estado com a educação de todos os grupos da sociedade baiana, embora fosse genuinamente voltada para a habilitação profissional do jovem. As idéias de Anísio Teixeira, concretizadas na reforma de 1925 marcaram profundamente a história da educação baiana e modelaram o sistema de ensino e suas instituições.
Em 1998 foi entregue a sociedade os Parâmetros Curriculares Nacionais que segundo o então Ministro da Educação e do Desporto “tem intenção de ampliar e aprofundar um debate educacional que envolva escolas, pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação positiva no sistema educativo brasileiro… foram elaborados procurando, de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e, de outro, considerar a necessidade de construir referencias nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras.
Com isso, pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens Ter acesso ao conjunto de conhecimento socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania.”
Foram produzidos diversos documentos disponibilizados em séries de livros por disciplina, distribuídos às escolas de todo o país e aos professores de cada disciplina, quando remetidos em quantidade suficiente para o número de professores. Esses documentos foram elaborados em versão preliminar e posteriormente analisados e modificados por um grupo seleto de educadores, especialistas em educação, instituições governamentais e não-governamentais, que resultou na atual versão que deverá ser revista periodicamente, a partir de acompanhamento e avaliação de sua implantação. Vale ressaltar que tais revisões periódicas ainda não aconteceram, dois anos depois.
É fato que durante esses 500 anos de história, pouco tem sido feito para a aplicação eficiente de tantas idéias, leis e documentos tão bem elaborados pelas autoridades do nosso país e estado. A desvalorização dos profissionais da educação, principalmente dos professores, a falta de recursos, o mau uso ou mesmo desuso dos recursos disponíveis, a super valorização da aprovação em detrimento da qualidade do conhecimento adquirido são apenas alguns dos muitos fatores que impedem a instauração da qualidade superior no ensino público do Estado da Bahia. Antes de grandiosos projetos e monumentais obras, é necessária uma forte e consciente avaliação do ensino púbico, cujas conclusões sejam simples, aplicáveis e eficientes, e valorize sim, a qualidade do ensino público e não as quantidades em números estatísticos que ele possa oferecer.
Em relação a estrutura física e humana da educação pública na Bahia, são apresentados alguns dados retirados de SEI Educação 1999. Em 99 a Bahia contava com 41.798 estabelecimentos de ensino entre públicos federais, estaduais e municipais, além dos particulares sendo 13.526 destinados à Educação Infantil e Classes de Alfabetização, 27.173 ao Ensino Fundamental e 1.102 ao Ensino Médio.
Havia mais de 4.593.225 alunos matriculados nesses estabelecimentos dentre os quais 385.944 na Educação Infantil e Classes de Alfabetização, 3.702.727 no Ensino Fundamental e 504.554 no Ensino Médio. Contava com 173.463 docentes dos quais 25.550 destinavam-se à Educação Infantil e Classes de Alfabetização, 125.871 ao Ensino Fundamental e 22.042 ao Ensino Médio. O estado contava e ainda conta com apenas quatro Universidades Estaduais que abrigavam, em 1999, mais de 16.000 estudantes universitários, a UNEB, a UEFS, a UESC e a UESB. Em 99 foram matriculados 9.717 alunos nos cursos de suplência em todo o estado, curso que visa acelerar os estudos daqueles estudantes que não se enquadram nos moldes do ensino regular como, por exemplo, idade avançada.
Vale lembrar que o índice de reprovação e abandono da escola é muito grande no estado da Bahia principalmente por causa das péssimas condições financeiras em que vivem esses alunos. Uma grande quantidade desses estudantes deixa a escola para trabalhar completando a renda familiar que ainda assim é insuficiente para manutenção digna da vida. Os avançados programas de matrícula usados no estado nada podem contra a dura realidade em que vivem esses alunos e suas famílias, por isso os números apresentados pelo estado em suas pesquisas não retratam a realidade fielmente, pois não podem controlar os motivos pelos quais os estudantes fracassam na escola ou desistem dela.
A Política
Durante quase 50 anos, as terras do Brasil permaneceram administradas à distância, não havendo no país um cargo específico para o controle político das terras brasileiras .
Em 1549 foi finalmente criado o Governo-Geral com a chegada de Tomé de Souza e a construção de Salvador, a sede do Governo. Contrariando a opinião de alguns autores, Tavares (1987) afirma que o Governo-Geral não foi criado para substituir as Capitanias, mas para conservá-las. Portanto, não havia substituição, mas sim a criação de um centro político, administrativo, militar, judiciário e fiscal.
Segundo regimentos próprios o Governo-Geral deveria promover a segurança militar no litoral, administrar a cidade de Salvador, cobrar dízimas e redízima devidas ao rei em todas as Capitanias, fiscalizar os deveres dos donatários e dos colonos para com o rei, julgar os delitos civis e penais. Segundo Alencar (1981) o Governo-Geral deveria combater tribos rebeladas aliando-se a outras e promovendo adversidades entre elas, realizar entradas em busca de riquezas minerais, desenvolver a construção naval e estimular a catequese.
Para o Governo-Geral foram criados os cargos de Governador-Geral, Ouvidor-Geral, Provedor-Mor da Fazenda e Capitão-Mor da Costa. Também foi instituída a Casa da Câmara composta de membros indiretamente eleitos ou nomeados. Em 1646 passou a denominar-se Senado da Câmara.
A organização política do Brasil se deu, inicialmente, em três sucessivos Governos-Gerais, que foram:
Primeiro Governo
Em 7 de janeiro de 1549 foi nomeado o fidalgo Tomé de Souza para exercer por três anos a função de Governador-Geral do Brasil com os títulos de Governador das Capitanias e terras da Bahia e Governador das Capitanias e terras do Brasil. Com ele vieram em torno de 1000 pessoas entre colonos e funcionários subalternos da Coroa e religiosos da Companhia de Jesus chefiados pelo Padre Manuel da Nóbrega. Inicialmente, Tomé de Souza e sua gente ocuparam a Vila do Pereira mas,logo foi construída a cidade do Salvador, primeira ação do Governador-Geral, para onde a população foi deslocada. Ainda durante o primeiro Governo-Geral foi criado o bispado de Salvador, o primeiro do Brasil que teve como titular o bispo D. Pero Fernandes Sardinha.
Em 1551 foi introduzido no Brasil o gado trazido de Cabo Verde e a pecuária aliou-se à cultura da cana e do algodão nas sesmarias concedidas por Tomé de Souza.
Segundo Governo
Duarte da Costa, segundo Governador-Geral, chegou ao Brasil em 13 de junho de 1553, trazendo mais alguns jesuítas como Jose de Anchieta. Este governo caracterizou-se pela desarmonia existente entre membros do governo, jesuítas e colonos. No entanto, foi no segundo Governo de Duarte da Costa que se efetuou a conquista do Recôncavo cujas terras férteis de massapé impulsionaram ainda mais a produção de cana-de-açúcar.
Seu filho Álvares da Costa destacou-se na guerra contra os índios que não aceitavam o domínio europeu, sendo formada neste governo uma tropa regular e paga usada nas batalhas de extermínio.
Terceiro Governo
No ano de 1557, Men de Sá veio para o Brasil e iniciou o terceiro Governo-Geral.
Sua administração durou quinze anos, contra sua vontade, pois solicitou sua volta para Lisboa, sempre adiada pelo rei de Portugal. Apoiou jesuítas na catequese de índios, mas ao mesmo tempo, promoveu o extermínio dos mesmos índios em guerras financiadas pelo seu Governo. Criou igrejas e concluiu a construção da Santa Casa de Misericórdia, mas suas ações não se limitaram a capitania da Bahia. Men de Sá foi responsável pela expulsão dos franceses que se encontravam desde 1555 na Bahia de Guanabara.
Trouxe para o Brasil 336 escravos africanos e moças órfãs para casarem-se com os colonos, agradando muito a igreja que condenava as ligações entre os europeus e as índias.
Com a morte de Men de Sá, foi Governador o Ouvidor-geral e Provedor-Mor, Fernão da Silva.
Quarto Governo
O quarto Governador-Geral, Luís Vasconcelos, faleceu antes de chegar à Bahia. Após esse fato, o rei bipartiu a administração das terras do Brasil e nomeou dois governadores. D. Luiz de Brito e Almeida, Governo-Geral de Bahia, Ilhéus, Pernambuco e terras mais ao norte; e D. Antonio de Salema, Governo-Geral de Porto Seguro, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Vicente e terras mais ao Sul. Nesta nova situação houve a nomeação de muitos para ocuparem os cargos do Governo, agora em dobro.
Em 12 de abril de 1577 Lourenço da Veiga foi nomeado Governador-Geral e as terras e a administração foram unidas outra vez. Esta medida reduziu os gastos e o número de funcionários em muito aumentados por causa da divisão.
Até a invasão dos holandeses foram os seguintes os Governadores-Gerais:
Diogo Lourenço da Veiga, D. Manuel Teles de Menezes que governou até 1587, D. Francisco de Sousa, Diogo Botelho que governou de 1602 a 1608, Diogo de Menezes quando se dividiu outra vez o Brasil em Norte e Sul, Gaspar de Souza e Luís de Sousa.
Em 1624, durante o Governo de D. Diogo de Mendonça Furtado, Salvador foi invadida pelos holandeses, vencendo a resistência dos moradores que fugiram da cidade, mas voltaram diversas vezes para atacar e cada vez mais enfraquecer os holandeses.
Em 1625, após um ano de dominação holandesa da cidade e transcorridas diversas batalhas, encontraram-se os holandeses isolados, sem comida e cansados. A chegada da ajuda dos espanhóis determinou definitivamente a rendição e saída dos holandeses da Bahia. Houve posteriores tentativas de tomar de assalto a cidade de Salvador, mas todas sem sucesso.
No século XVIII a estrutura político-administrativa voltada para os interesses da colônia e orientada pelo pacto colonial conflitava com os interesses da população da capitania da Bahia. Por tais motivos houve diversos conflitos entre colonos e a colônia que, no quadro nacional da história, não receberam devida valorização, mas que tiveram grande importância para a organização dos colonos em direção à Independência.
Alguns conflitos não apontavam a condição de colônia como promotora da difícil situação em que se encontravam os colonos do Brasil, outros apontavam a independência como única maneira de resolver a situação. Desta forma, alguns importantes movimentos foram precursores da independência da Bahia e do Brasil.
Em 1711, o Motim do Maneta, o Motim de Dezembro e o Levante do Terço Velho apresentavam uma insatisfação da população para com a situação de domínio e pobreza em que se encontrava a cidade de Salvador e a capitania de modo geral.
O primeiro e mais importante protestava contra os valores dos artigos importados e contra os altos impostos que eram obrigados a pagar para manter a segurança da colônia e as regalias da metrópole. No entanto, ainda não se cogitava na Bahia as idéias de separação entre Brasil e Portugal.
De 1794 a 1798 ocorreu o movimento denominado Conjuração dos Alfaiates, Inconfidência Baiana, Sedição dos Mulatos entre outros nomes. O movimento caracterizou uma das mais importantes manifestações anticoloniais do estado e do país no século XVIII. Influenciados pelas idéias iluministas, os baianos queriam a República na qual todos seriam iguais perante a lei, não importando a cor, e o poder originasse do povo. No estado em que mulatos e negros predominavam em número, apenas os europeus possuíam o poder de decisão e ocupavam os altos cargos. Em contrapartida, eram os mulatos e pobres os mais cobrados pela coroa que exigia cada vez mais e maiores impostos.
Este movimento caracterizou-se por 11 boletins chamados sediciosos, manuscritos e colocados em pontos centrais da cidade em 12 de agosto de 1798. Os revolucionários reivindicavam a igualdade de direitos sem distinção de cor e equivalência entre colônia e metrópole, exigindo que o porto de Salvador fosse aberto para que o Brasil pudesse comercializar livremente com todos os países do mundo e não apenas com a metrópole.
Denúncias contra os sediciosos levaram a prisão e morte de diversos baianos em várias ações de repressão.
A abertura dos portos do Brasil e da Bahia se deu em 28 de janeiro de 1808, através do chamado Decreto de Abertura dos Portos do Brasil e permitiu livre comércio dos baianos com todos os povos do mundo. Isso aconteceu quando o Príncipe D. João já estava refugiado no Brasil, fugindo dos franceses que tomaram Lisboa. Segundo diversos autores como Alencar (1981) a atitude do rei nada tinha a ver com as exigências dos brasileiros, mas sim com as exigências da Inglaterra que desejava explorar o crescente mercado das colônias portuguesas.
Portugal devia à Inglaterra a proteção que recebeu durante a fuga para o Brasil. A presença da família real no Brasil proporcionou à Bahia outros benefícios como a criação da Escola Médico-Cirúrgica, posterior Faculdade de Medicina da Bahia, a criação da Companhia de Seguros Comércio Marítimo e a resolução favorável à existência de indústrias na colônia.
O movimento chamado Pronunciamento de 10 de fevereiro de 1821 marcou a adesão da Bahia ao movimento liberal-constitucionalista instalado na Europa e que determinou a Revolução Constitucional de 1820 no Porto e em Lisboa. Na Bahia, ele foi liderado de dentro da prisão do Aljube, pelos prisioneiros políticos da Revolução de 1817, que foi pouco expressiva na Bahia, mas importante em Recife. O movimento evidenciava o desejo dos baianos em participar da formação da Constituição que regiria os destinos de Portugal e suas colônias e que poderia permitir a instituição de direitos para a Capitania e deveres para a metrópole.
Na Câmara Municipal de Salvador, por determinação do governador Conde de Palma pressionado pelos baianos, foi constituída a Junta Provisória de Governo da Província da Bahia, composta de representantes das principais camadas da sociedade: igreja, comércio, exército e agricultura.
Embora liberal, o movimento pela Constituição ainda adotava compromisso de subordinação a Portugal, o que desagradava muito os revolucionários de 1821 que clamavam a independência. Isso ficou claro quando a junta jurou obediência à Coroa e à igreja católica como também à constituição que a Corte elaborasse.
Deputados baianos foram escolhidos para participarem, na Corte, da elaboração da Constituição para o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, por eleição indireta no dia 3 de setembro de 1821. Ao chegarem a Portugal os deputados baianos encontraram a discussão para a futura Constituição em pleno andamento colocando-os em divergência imediata com os portugueses. Os representantes brasileiros (baianos, pernambucanos e paulistas) reivindicavam autonomia para o Brasil enquanto os portugueses desejavam retrocesso de concessões como a abolição do livre comércio.
Vários movimentos e manifestações a favor da Independência da Bahia e do Brasil ocorreram em Salvador e no Recôncavo, tendo sido sempre reprimidos pelos Portugueses que ainda tinham o poder militar na Bahia. As Câmaras das cidades do Recôncavo proclamavam a formação de um centro do Poder Executivo no Brasil exercido por D. Pedro, já aclamado no Rio de Janeiro como Defensor Perpétuo e Constitucional do Brasil. Mas a força militar impedia as sessões da Câmara e reprimia com prisões as manifestações do povo.
Aos poucos os conflitos tornaram evidente a aproximação da independência não só do estado mas de todo o Brasil. Alguns fatos importantes antecederam a independência como a Batalha do Pirajá travada na área de Cabrito-Campinas-Pirajá foi a maior demonstração de resistência militar pela independência no estado da Bahia. Foram oito horas de luta armada entre os soldados baianos e os portugueses que resultou na morte de vários soldados brasileiros e lusitanos.
Vários episódios de batalhas e conflitos antecederam o episódio conhecido pelo nome de Libertação da Bahia. Ilhados na cidade do Salvador, os portugueses sofriam com a falta de gêneros básicos para a sobrevivência como comida e água. Todo o entorno da cidade já estava ocupado pelos soldados baianos que impediam os portugueses de saírem da cidade ou de entrar nela qualquer pessoa ou suprimento. No dia 1º de julho, cansados, com fome e sede, os portugueses começaram a abandonar a cidade. Embarcaram em navios mercantes ou de guerra soldados, oficiais e mesmo as famílias portuguesas, na maioria comerciantes que permaneceram na cidade.
Enfim, no dia 2 de julho de 1823 entrou na cidade o exército brasileiro, marcando a Independência da Bahia. Neste dia consolidou-se a separação política entre Brasil e Portugal, deixando de haver um ponto de apoio para os portugueses vindos da Europa para lutar pela Monarquia portuguesa. A partir de então, um período Monárquico Constitucional Unitário instalou-se também na Bahia.
Em 2 de julho o príncipe D.Pedro tornou-se Imperador da Bahia, mas na verdade, já era Imperador do Brasil desde 12 de outubro de 1822 e já havia uma Assembléia Constituinte no Rio de Janeiro. Como no episódio da Carta Constitucional Portuguesa, a Bahia estava atrasada, desta vez no processo de independência do país.
As províncias ainda não estavam sob um só governo executivo, mas com a Independência da Bahia, a independência e a consolidação do Império do Brasil tornou-se viável. No entanto também nesse período alguns conflitos e manifestações importantes ocorreram na Bahia.
Ordens do Imperador D.Pedro, como a transferência do Sargento-Mor Silva Castro, importante oficial na luta pela Independência da Bahia, para o Rio de Janeiro, evidenciavam uma tendência do império em centralizar as decisões e as ações no Rio de Janeiro. Algumas províncias como Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará desligaram-se do poder executivo central estabelecido no Rio de Janeiro, era a Confederação do Equador que pretendia liberar as províncias das ordens do Rio. A Bahia se dividia entre obedecer irrestritamente o Imperador ou desligar-se como outros estados do Nordeste do país.
O levante do Terceiro Batalhão (Periquitos), batalhão do qual fez parte Maria Quitéria nas lutas pela independência, evidenciava o descontentamento dos baianos em relação à administração do Imperador D.Pedro I e chegou a beirar uma guerra civil entre adeptos e contrários à Monarquia. Já haviam então rumores sobre a República.
Para manter a submissão da Bahia à sua autoridade, D.Pedro I visitou rapidamente a província e, com discursos e audiências, tentou manter os ânimos frios e controlados, dando a falsa impressão de preocupação com os interesses baianos. No entanto, sua política tendenciosa que beneficiava Portugal e a Inglaterra com o mercado e o dinheiro brasileiros, só causava desconfiança e temor na população baiana.
Nos anos seguintes de 1829, 1830 e 1831 sucederam-se diversos conflitos entre brasileiros e portugueses, principalmente na cidade de Salvador e nas vilas de Cachoeira e Santo Amaro. Havia, então, um sentimento anti-lusitano que estimulava que estimulava conflitos dentre os quais aquele conhecido como Mata-Maroto, que resultou na substituição do Presidente da Província da Bahia e do Governador das Armas, todos portugueses e sua substituição por representantes brasileiros, baianos.
Estes conflitos passaram com algum tempo, a criticar diretamente ao regime Monárquico Constitucional Unitário instalado no Brasil e passaram a sugerir o federalismo que permitiria autonomia às províncias, antes que D.Pedro I tentasse reunificar Portugal e Brasil num novo Reino Unido, como desconfiavam alguns baianos.
A Revolução Federalista de 1832 e 1835 definiu-se com a deposição de D.Pedro em 7 de abril de 1831. No entanto, apenas em 1832 foi proclamada a Federação da Província da Bahia e formado um Governo Provisório o qual não se subjugava mais às ordens do Rio de Janeiro e pretendia reformular leis contrárias ao federalismo na Bahia após a formação de uma Assembléia Constituinte Legislativa Provincial. Tais transformações, no entanto, não tinham o aval do governo da província baiana que reprimiu o movimento com armas e prendeu os federalistas mais importantes, enfraquecendo o movimento.
No entanto, o movimento federalista não findou na Bahia. Ao contrário, deu vazão à revolução conhecida como Sabinada, de grande importância para a história da Bahia e do Brasil. Era um movimento federalista que pedia revisão da Constituição de 1824 e a descentralização política sem desligar-se do poder executivo central no Rio de Janeiro. A Sabinada já apresentava inclinação ainda pouco definida para a República.O levante de 7 de novembro marca o começo do aspecto militar da Sabinada, já que a revolução teve início muito antes com a publicação das idéias revolucionárias. O levante do Forte de São Pedro de 7 de novembro de 1837 iniciou uma série de conflitos que culminaram com a formação de um governo baiano desligado do Governo Central do Rio de Janeiro. No entanto, o movimento baiano não estimulou a adesão de outras províncias e ainda desagradou aos grandes proprietários do Recôncavo que investiram contra os chamados sabinos.
Sem apoio a Sabinada limitou-se ao estado livre e independente da Bahia até a maioridade de D.Pedro II, que corria sérios riscos de perder o trono.
Segundo Tavares (1987) o movimento tornou-se contra a submissão administrativa e política da Bahia ao Rio de Janeiro, a centralização. No entanto, não se opunha a Monarquia Constitucional nem ao Príncipe D.Pedro II. Era contra o trabalho escravo, mas não obteve conquistas neste campo.
Teve seu fim com a retomada do controle de Salvador pelo exército do Imperador, controle esse que perdurou até depois da maioridade de D.Pedro II, evitando maiores conflitos tão comuns na província. A Sabinada foi a última revolução armada da Bahia até o movimento republicano no qual ressurgem ideais federalistas.
Segundo alguns autores, o federalismo de Rui Barbosa foi o que mais caracterizou e animou a política na Bahia, na última década do Império. Neste fim de século, um dos maiores problemas do Brasil era encontrar um regime que garantisse a unidade do país. Embora D.Pedro tentasse manter o Império a todo custo, seus esforços e dos monarquistas só popularizavam as idéias republicanas e a proclamação da República torna-se cada vez mais próxima.
Organizaram-se no estado três partidos políticos, dois antigos o Conservador e o Liberal e um novato e pouco representativo, o Republicano que embora defendesse as idéias republicanas, tinham pouca representação no estado e pouco decidiam sobre os rumos da República a ser proclamada.
Apenas na noite de 15 de novembro de 1888, Salvador conheceu os acontecimentos, que na manhã do mesmo dia, levaram a Proclamação da República no Rio de Janeiro. A notícia foi recebida através de um telegrama de Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda do Governo Provisório. Além de informar sobre as novas da capital do país, o telegrama nomeava Manuel Victorino Pereira o Governador do Estado da Bahia.
Houve em Salvador demonstrações desaprovação e reprovação por parte dos representantes políticos e militares da Bahia. Os nomes importantes da cidade se dividiram entre os que aderiam a República e os que juravam obediência à Coroa e ao Rei, como faziam há anos.
Ironicamente, era do Comandante das Armas Marechal Hermes Ernesto da Fonseca, irmão mais velho do Marechal Deodoro da Fonseca, chefe militar do movimento republicano no Rio de Janeiro, a liderança do movimento monarquista em Salvador. Hermes da Fonseca, junto ao ex-presidente da Província da Bahia, decidiu continuar acatando as ordens do Imperador e desacatar as ordens do Governo Provisório, que já havia indicado um Governador para o recém proclamado Estado da Bahia.
Líderes militares como Christiano Buys do grupo dos republicanos, tentavam adesão suficiente da população e dos representantes políticos para a Proclamação da República na Bahia, promovendo diversos pequenos conflitos na cidade do Salvador. O Governador nomeado Manuel Victorino recusou-se a se envolver nesses conflitos e, mesmo sem sua presença, mas já com o apoio do Marechal Hermes Ernesto da Fonseca o Coronel Buys proclamou a República na Bahia somente no dia seguinte a proclamação no Rio de Janeiro. Ocorreu as seis horas da arde do dia 16 de novembro de 1888, no Forte de São Pedro.
Mas o estado permaneceu sem governador até o dia 18 de novembro quando, às 13 horas Virgílio Damásio foi empossado Governador do estado da Bahia. Damásio, que teve papel atuante no processo da proclamação, permaneceu no cargo até o dia 23 de novembro quando, em obediência ao Governo Provisório, passou o cargo ao médico e político Manuel Victorino. Por ter sido sempre liberal, Victorino surpreendeu a todos quando se uniu a políticos do Partido Conservador, propondo mudanças no sistema de saúde e educação, desagradando os liberais e os republicanos. Esses últimos promoveram o movimento que levou a renúncia de Victorino no dia 23 de abril de 1890.
Ao contrário do que imaginaram os republicanos, a renúncia resultou na posse do Marechal Manuel Hermes Ernesto da Fonseca como governador e na ascensão do grupo conservador do qual participavam Luiz Vianna, José Marcelino de Souza, José Gonçalves Dias e Satyro de Oliveira Dias.
Isso demonstrou que os liberais e os conservadores, grandes fazendeiros do Recôncavo e do Sertão, realmente detinham o poder, enquanto os novatos republicanos eram pouco representativos. Os liberais e os conservadores elegeram a maioria dos representantes da Assembléia Constituinte e o primeiro governador republicano do Estado da Bahia, José Gonçalves da Silva.
Em novembro de 1891, devido às manifestações de insatisfação de alguns setores da sociedade baiana, o Marechal Deodoro da Fonseca dissolveu o Poder Legislativo demonstrando autoritarismo que foi renegado e combatido na Bahia, principalmente por representantes militares, sempre envolvidos nos movimentos revolucionários e contra o governo do estado.
Após diversas mudanças no governo do estado, finalmente o Partido Republicano da Bahia conseguiu consolidar-se e eleger, em 1892, por voto direto, o Governador Joaquim Manuel Rodrigues que comandou o Estado até 1896, quando o Conselheiro Luiz Vianna tornou-se Governador.
Foi no mandato de Luiz Vianna que ocorreu o episódio conhecido na história do Brasil como Guerra de Canudos. O povoado de Canudos surgiu sob a liderança religiosa do beato Antonio Conselheiro, Antonio Vicente Mendes Maciel, um homem exótico,de cabelos e barba sempre grandes e vestindo uma longa bata azul.
A cidade abrigava uma grande quantidade de fiéis, ex-escravos, índios e todo tipo de excluídos que encontravam apoio e acolhida em meio às difíceis condições do sertão nordestino. O lugarejo foi formado na Região da Serra do Cambaio e do Vale do Rio Vasa-Barris.
A comunidade se fundamentava em ideais puramente religiosos, mas acabou representando ameaça à Monarquia por rejeitar ordens legais como o casamento civil e o registro em cartório dos recém-nascidos. Além disso, a comunidade cresceu muito rapidamente e não podia ser controlada pelas autoridades republicanas, pois o povo de Belo Monte só obedecia as ordens do beato Conselheiro, espécie de porta-voz de Deus na terra. Conhecendo os perigos de não seguir o regime, Belo Monte sempre esteve preparada para possíveis ameaças de invasão já que possuía um grande arsenal de rústicas armas de fogo.
Várias tentativas de acabar com a suposta conspiração monarquista instalada em Canudos realizadas pelas forcas armadas brasileiras falharam, mas exterminaram aos poucos os 25 mil habitantes do povoado. Em 5 de outubro de 1897. uma quinta expedição conseguiu exterminar os moradores do povoado que ainda resistiam heroicamente. Em 22 de setembro de 1897 morreu Antonio Conselheiro.
Segundo Antonio Olavo (site) a guerra de Canudos foi um massacre sem precedentes no Brasil de milhares de pessoas que nada tinham de subversivas e apenas defendiam sua fé e seus princípios. Durou um ano e mobilizou mais de 10 mil soldados de 17 estados brasileiros culminando com a destruição irracional da cidade.
De 1896 a 1912 diversos fatos acompanharam as mudanças de governadores da Bahia. Foi no mandato de Severino Vieira, sucessor de Luiz Vianna, que o Partido Republicano da Bahia se dividiu e originou o Partido Republicano Dissidente no mandato seguinte, o de José Marcelino de Souza. Os dissidentes apoiavam J.J. Seabra para a sucessão no governo do estado, sendo chamados de seabristas.
Na primeira década do século XX as dissidências em questões políticas eram evidenciadas nos diversos grupos que surgiram, cujos nomes mostravam a preferência para a sucessão no governo do estado. Eram os vianistas, severinistas, seabristas cujas divergências levaram ao grave episódio do bombardeio de Salvador no dia 10 de janeiro de 1912, no mandato de João Ferreira de Araújo Pinho. Segundo Tavares (1987), forcado a renunciar, o governador Araújo Pinho transmitiu o governo a seu substituto legal, Aurélio Vianna, que foi recusado pela maioria da Câmara Estadual.
Em represália, o prédio da Câmara foi fechado e a capital do estado transferida para Jequié. Houve briga judicial que favoreceu os vereadores, no entanto, a decisão legal de liberar a Câmara não foi aceita pelo Governo do estado. A reação militar foi imediata e no dia 10 de janeiro, os Fortes de São Pedro e do Barbalho canhonearam o centro da cidade por 4 horas causando grandes estragos às construções do local.
O bombardeio causou não só muitas confusões e estragos para a população, mas também, muitas confusões políticas em todo o estado e até para o Presidente, Marechal Hermes da Fonseca. Na Bahia resultou na eleição para Governador do Estado vencida por J.J. Seabra, dezesseis dias depois do bombardeio.
A Economia
A economia da Bahia colonial foi, desde o início, voltada para o mercado externo, respondendo às exigências da metrópole e do comércio europeu. Segundo Tavares (1987) entre outros autores, era uma economia de exportação, mercantil, agrária e escravista.
Desta maneira o país produziu e consumiu somente o que interessava ao comércio externo, mais especificamente o de Portugal, funcionando como produtor de matéria-prima e consumidor de produtos manufaturados e escravos.
À colônia não cabia a produção industrial ou literária, podia apenas comprar da metrópole o que era proibida de produzir. Segundo Alencar (1981) fábricas, imprensa e circulação de livros sempre sofreram sérias restrições. A colônia não podia manufaturar ou industrializar e só podia comercializar com a metrópole e nunca concorrer com ela. Segundo Junior (1994) a economia brasileira era complementar a portuguesa devendo suprir as necessidades desta última. Foi o Brasil uma colônia de exploração por mais de três séculos.
A base da economia na Bahia colonial foi, sem dúvida, o trabalho escravo que sustentou todos os ciclos econômicos até o século XIX, enriquecendo cada vez mais os senhores brancos. Além de ser mão-de-obra sem custo, o escravo era importante mercadoria humana e dava grandes lucros aos traficantes portugueses, que venderam nos séculos XVI, XVII e XVIII dois milhões de escravos negros no Brasil, segundo Alencar (1981).
A escravidão também permitia a existência de trabalho livre e assalariado dos que desempenhavam funções de vigilância dos escravos ou que exigiam conhecimento técnico. Permitiu rápido enriquecimento dos portugueses moradores do Brasil e para comerciantes de vários países europeus como França e Itália.
O porto de Salvador, único para a exportação de produtos baianos teve grande importância e intenso movimento durante o desenvolvimento da economia no estado voltada para a exportação para a Europa, África e outras capitanias.
Dividida em ciclos, a economia da Bahia e de toda a colônia caracterizou-se como extrativista, inicialmente. Já nas primeiras expedições exploradoras das terras brasileiras nos anos de 1501 e 1503, os portugueses detectaram na mata atlântica do litoral baiano a ocorrência, em abundância, do chamado pau-brasil. O pau-brasil é uma madeira de interior cor de brasa (daí o nome Brasil) da qual se extraía um corante muito usado na indústria têxtil européia e de valor comercial para a construção civil e naval.
Desde a descoberta do pau-brasil na colônia, o rei de Portugal estabeleceu monopólio da metrópole sobre sua exploração, cobrando impostos sobre os lucros obtidos com a comercialização do produto.
Os portugueses transportavam pau-brasil para a Europa e lucravam muito com esse comércio, mas eram os índios que cortavam as árvores, rachavam as toras e transportavam o pau-brasil até as feitorias criadas no litoral para armazenar o produto.
Além disso, eram também os índios que carregavam o navio e trocavam seu trabalho e o produto por facas, espelhos, tecidos e outros objetos de irrisório valor comercial para os Portugueses. Assim se estabeleceu na Bahia e em todo o Brasil a troca direta de produto por produto chamada escambo.
Os franceses também fizeram escambo com os índios e exploraram largamente o pau-brasil do litoral da Bahia, desde a região de Rio Real até a Baía de Todos os Santos.
Ainda no século XVI, a produção do açúcar foi escolhida para iniciar a exploração permanente do Brasil. O açúcar era muito raro e procurado na Europa e Portugal já o produzia em suas ilhas no atlântico quando decidiu implantar a cultura da cana no Brasil. As terras baianas do tipo massapé mostraram-se perfeita para o cultivo da cana-de-açúcar e o clima do Nordeste beneficiava seu desenvolvimento.
A grande quantidade de mão-de-obra necessária para a derrubada da mata, preparação do solo, plantio e colheita da cana e processamento do açúcar veio da África como escravos negros.Os escravos eram responsáveis por todo tipo de trabalho nas fazendas chamadas engenhos. Plantavam e colhiam cana, processavam o açúcar nos engenhos, trabalhavam na casa grande e em outros serviços.
A cana era plantada em grandes latifúndios como monocultura e processada nos engenhos das fazendas. Em 1585 a Bahia já possuía 35 engenhos de açúcar, no fim do século XVIII já eram 260 espalhados pelo Recôncavo. Em 1834 havia na Bahia 603 engenhos de açúcar e em 1875 já eram 892, a vapor, hidráulico ou de tração animal.
No final do século XIX, o açúcar, embora apresentando sinais de declínio, ainda cumpria importante papel na economia da Bahia a ponto de serem construídos engenhos centrais que permitiam maior eficiência e controle da produção no estado.
O açúcar produzido no Brasil era vendido aos holandeses que por sua vez o distribuíam para toda a Europa, sendo a Bahia um dos principais produtores do gênero para exportação. Quando os holandeses foram expulsos do Brasil, deixaram de comercializar o açúcar brasileiro.
Financiaram a produção do açúcar nas Antilhas que passaram a concorrer com o Brasil pelo mercado europeu. Graças à larga experiência holandesa na distribuição do produto , o açúcar antilhano logo dominou o mercado europeu e promoveu a decadência da economia açucareira na Bahia e no Brasil.
Ao lado do açúcar, o algodão e o fumo desempenharam importante papel para a economia das mais importantes regiões baianas.
Desde o século XVI a Bahia produziu e exportou algodão em menor quantidade que o açúcar, já que o comércio, externo para o qual toda a colônia devia servir, interessa-se menos pelo algodão, no momento. A produção do algodão teve seu auge no século XIX, período em que a Inglaterra passou a comprar a matéria-prima do Brasil. No entanto.
Após reatar relações comerciais com suas ex-colônias americanas produtoras de algodão, a Inglaterra ao deixar de comercializar com a Bahia, promove um enfraquecimento na produção do algodão que volta a atender apenas o mercado português e o mercado interno.
Em relação ao fumo, a Bahia manteve de estável a crescente a produção que não era direcionada ao mercado europeu, mas sim ao africano. As regiões chamadas tabuleiros (Cruz das Almas e Cachoeira, por exemplo) produziram e ainda produzem fumo que, à partir de do século XVIII melhorou muito em qualidade na tentativa de atingir o mercado europeu.
Segundo Tavares (1987) diversos outros produtos foram produzidos e exportados pela Bahia nos séculos XVI,XVII e XVIII como couros, aguardente, mel, diversos grãos e produtos da mandioca.
Ainda no século XVIII, também ouro e pedras preciosas foram extraídas das terras baianas, mais precisamente de Jacobina, Rio de Contas, Araçuaí e Tucambira. No entanto, Portugal preferiu concentrar a produção de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais, a ponto de fechar minas de ouro da Bahia, mesmo havendo no século XVIII cerca de 2000 mineradores no estado.
O gado introduzido no Brasil ainda em 1551 por Tomé de Souza passou, no século XVI, a concorrer com as plantações de cana pela terra do litoral. Durante muito tempo, a criação de gado ateneu às necessidades das populações locais, era a criação para consumo próprio. Com o crescimento dos rebanhos a extensão de terra do litoral baiano tornou-se pequena; ou se plantava cana ou se criava gado. O açúcar ainda era muito lucrativo e os interesses do mercado externo se sobrepunham em importância.
A criação de gado chegou a ser proibida no litoral e banida para o sertão de todo o Nordeste. Dessa forma, a pecuária migrou em direção ao interior do estado da Bahia adaptando-se ao clima semi-árido e abrindo os caminhos dos sertões. A pecuária teve grande importância para a exploração do interior do estado, através das marchas das boiadas ligou regiões distantes e promoveu a fundação de cidades importantes como Feira de Santana. Segundo Alencar (1981) foi assim a colonização do sertão, promovida pelos vaqueiros que viajavam cada vez mais em direção ao centro do estado e do país.
Cidades como Vitória da Conquista, Xique-Xique, Juazeiro, Feira de Santana, Barreiras e Alagoinhas foram importantes pontos de pecuária do estado e grandes beneficiadores do couro que também era artigo de exportação do estado.
No século XIX a economia baiana ainda tentava responder às exigências do mercado internacional produzindo e exportando produtos primários. No entanto, diversificou um pouco seus produtos sendo ainda o açúcar o mais importante para a exportação, seguido do fumo, diamantes, café, couros, aguardente, cacau e algodão.
Sem dúvida, o comércio tornou-se no século XIX a principal atividade econômica da Bahia, principalmente de sua capital Salvador. Os grandes comerciantes baianos eram exportadores muito importantes para a economia de todo o país, mas a cidade abrigava outros tipos de comércio. Havia desde bancos até vendedores ambulantes, passando pelos lojistas dos mais diversos artigos e produtos que a sociedade baiana exigia.
Até a abertura dos portos eram os luso-brasileiros que dominavam o comércio , após a abertura dos portos os comerciantes estrangeiros passaram a dominar o comércio baiano, permanecendo na mão dos luso-brasileiros o papel de intermediário, lojista ou traficante de escravos negros. Os ingleses se destacaram em setores como a exportação e a importação de produtos nos portos baianos e brasileiros de modo geral, nos grandes comércios, nas casas bancárias e nas indústrias.
Instalou-se em 13 de novembro de 1840 a Associação Comercial da Bahia, segundo Mattos (1961). Segundo Mattoso (1992), na tentativa de forjar seu próprio sistema bancário, os grandes comerciantes da Bahia criaram em 1817 o Banco da Bahia, que operava como filial do primeiro Banco do Brasil e em 1834 foi fundada a Caixa Econômica do Estado da Bahia. O New London and Brasilian Bank Limited foi o mais importante banco estrangeiro desse período, segundo Tavares (1987). Após esse período houve grande queda de exportação dos produtos baianos o que tornou o comércio apático e estagnado por algum tempo.
No início do século, em 1808 foi cancelada a proibição da atividade industrial na colônia e na Bahia já havia a permissão para a construção de uma fábrica de recipientes de vidro. A partir de então a industrialização na colônia inicia lento processo de implantação e desenvolvimento.
A industrialização na Bahia iniciou-se efetivamente em 1841 com a instalação de fábricas de tecidos grosseiros de algodão que chegaram ao número de sete fábricas passados 32 anos. Os ingleses se tornaram peças importantes e até fundamentais neste processo já que monopolizavam a experiência e o conhecimento em relação às máquinas utilizadas. Na Bahia da mão-de-obra escrava foram os estrangeiros os donos ou técnicos das industrias nascentes, sobrando para os brasileiros apenas o trabalho “pesado”.
Foram se estabelecendo lentamente na Bahia no século XIX, mais especialmente na Segunda metade do século indústrias, estradas de ferro, companhias de navegação , seguros e outros. Em setembro de 1887 foi fundada uma fábrica de chapéus com cerca de 250 operários. Em 1865 foi fundada uma farmácia e drogaria. Em 22 de fevereiro de 877 iniciou-se a industrialização do sal na Bahia.
Em 1879 a construção da Estrada de Ferro Bahia e Minas começou a permitir melhor escoamento da pequena produção das indústrias nascentes no estado . Em 1899 existiam 1248 quilômetros em tráfego, 30 anos depois eram 2669 – Bahia ao São Francisco; Central; santo Amaro; Nazaré; Bahia-Minas; Centro-Oeste e Ilhéus-Conquista.
Havia também a preocupação com a construção de estradas de rodagem iniciadas no começo do século X. Houve também a ampliação do transporte por via marítima que alcançava cidades do Recôncavo como Nazaré São Félix e Itaparica, portos do litoral atlântico e Alagoas e Sergipe. Em relação ao transporte urbano, em 1897 trafegou o primeiro bonde elétrico pelas ruas de Salvador. Os dois planos inclinados junto com o Elevador Lacerda , inaugurado em 08 de dezembro de 1872 já ligavam a cidade baixa e a alta diminuindo o percurso e o tempo de deslocamento. Logo outros serviços começaram a ser desenvolvidos no estado e em 2 de maio de 1884 instalou-se o serviço de telefone em Salvador.
Segundo Garcez (1975), a Bahia viveu um período de relativa prosperidade do fim do século XVIII até o primeiro quartel do século XIX, graças ao estímulo trazido pelas guerras de independência das colônias inglesas na América que deixavam livre o mercado com a Europa. Também a revolução industrial permitia melhorias na exportação de algodão e as guerras napoleônicas que desarticularam a produção das colônias francesas e inglesas, aumentavam a demanda externa de produtos brasileiros tradicionais na exportação. Em 1900 e 1901 o açúcar europeu de beterraba já representava 68% da safra mundial.
No entanto, a partir das lutas pela independência , o Brasil começa a sofrer restrições do mercado internacional o que reduziu muito as exportações de açúcar, algodão e fumo. Já no fim do século XIX, a febre da industrialização sem planejamento, mergulhou o país inteiro em uma das maiores crises da história que promoveu numerosas falências. A própria libertação dos escravos em 1888 provocou grande declínio na economia baiana, ainda baseada no trabalho escravo e no tráfico.
A Bahia viveu então um período de estagnação na indústria e no comércio , principalmente em função da crise da sua principal riqueza, o açúcar. Esse fator ocasionou queda dos preços e afetou a balança comercial baiana. A exportação do fumo, ligada ao tráfico, foi afetada pelo fim oficial da escravidão no Brasil e pela concorrência da América do Norte que reatou as ligações comerciais com a Europa.
O cacau e o café surgiram então como alternativas que poderiam substituir o açúcar o algodão e o fumo na economia exportadora baiana. Diferente dos estados do sudeste, os solos e o clima da Bahia não favoreceram a produção do café. No entanto, o cacau encontrou no sul da Bahia solo e clima adequados para o seu desenvolvimento e produção, demonstrando ser um eficiente substituto do açúcar.
Segundo Garcez (1979), o cacau foi introduzido na região em meados do século XVIII, importado do Pará. De 1890 a 1930 o cacau se fixa como importante produto de exportação e monta-se toda uma estrutura de produção e comercialização do cacau e seus derivados. A partir de 1926 além do Porto de Salvador, o Porto de Ilhéus passou a exportar o cacau baiano.
A crise da economia mundial de 1929 afetou a exportação de todos os produtos voltados ao mercado externo, inclusive o cacau. Outros problemas, como pragas, aliados à crise promoveram a criação do Instituto do Cacau em 8 de junho de 1931.
No século XIX e XX alguns produtos andaram lado a lado com o cacau na exportação como cana, mandioca, feijão, milho, fumo e diversas frutas e verduras. Merece destaque a cultura do algodão, mamona e sisal já que é a Bahia um dos maiores produtores regionais. A pecuária ainda é uma das mais importantes atividades econômicas do sertão baiano e em parte do Recôncavo. A Bahia é um dos principais estados produtores de leite do Nordeste do Brasil.
Segundo CEPLAB (1978), na última década do século XIX, a economia baiana registrou um surto de empreendimentos industriais que marcou o nascimento da indústria fabril no Estado, independente da economia açucareira.
No entanto, as décadas seguintes apresentaram, sob todos os aspectos, sintomas de estagnação econômica. Até os anos 50 do século XX a economia estadual não permitia a evolução em direção à industrialização.
A grande mudança se deu a partir de 1949 com a implantação da PETROBRÁS que iniciou a exploração dos campos de petróleo do Recôncavo e a instalação da Refinaria Landulfo Alves (Mataripe). Posteriormente a criação da SUDENE e incentivos fiscais promoveram fortalecimento da industrialização de toda a região Nordeste.
Tudo isso junto provocou grandes repercussões na economia baiana e importantes melhorias como a mudança na estrutura do parque industrial, na composição do valor de transformação industrial, na formação da renda interna total e industrial e no próprio espaço econômico.
O CIA (Centro Industrial de Aratu) e distritos industriais como e de Subaé, Ilhéus, Jequié entre outros iniciaram a industrialização do Recôncavo e de parte do interior do estado. A implantação da indústria petroquímica na Bahia, concentrada na Região Metropolitana de Salvador, supriu as necessidade4s de material da indústria química baiana em franco desenvolvimento. A chamada indústria de transformação é ainda de grande importância para a economia baiana e seu desempenho esteve em 1998 superior ao da indústria de transformação nacional.
Segundo Análise & Dados, até o início dos anos 60, o comércio baiano concentrou-se na exportação. Foram produtos como açúcar, algodão, farinha e por último o cacau que reinaram na produção do estado, nada preocupado com o mercado interno. Com a industrialização o comércio tornou-se mais dinâmico. No entanto, um estado de apatia permanece instalado na economia baiana e o número de vendas, exportações e empregos nunca voltou a ser como nos períodos de ouro da exportação.
A partir de 1967 o turismo na Bahia ainda pouco representativo, passou a ser explorado de forma planejada. Foram criados órgãos especializados em turismo como a BAHIATURSA, a CONBAHIA e a EMTUR, e projetos de valorização dos recursos naturais e do Patrimônio Histórico passaram a ser implantados lentamente. Hoje a indústria do turismo é uma das maiores geradoras de divisas do estado, focalizando cidades litorâneas como Salvador, Ilhéus e Porto Seguro entre outras.
Por fim, nos anos 90, grandes transformações na economia brasileira promoveram oscilações na economia do estado da Bahia que se mantém hoje dividida entre turismo, as indústrias de transformação e automobilísticas.
Manifestações Folclóricas
Foi em 1842 que apareceu, pela primeira vez, em forma impressa, a palavra folclore. Foi William John Thoms, sob pseudônimo de Ambrose Merton quem sugeriu em artigo publicado na revista Atheneum que o termo folclore substituísse o que se chamava na Inglaterra de Antiguidade Popular ou Literatura Popular.
Desde então, a palavra folclore recebeu diferentes significados que têm sido modificados e melhorados. Alguns especialistas dizem ser a palavra folclore, um dos termos mais utilizados no mundo. No entanto, considera-se folclore como a expressão da maneira de pensar, sentir e agir de um povo.
A Bahia é, sem dúvida, um dos estados que mais valoriza as manifestações públicas do folclore. São festas religiosas ou não, procissões, jogos, danças e representações que exteriorizam as crenças e os costumes de um povo alegre e muito místico. A grande maioria dessas manifestações são religiosas ou tiveram origem em práticas de fé católica ou africana. Mas, existem também aquelas que apresentam os costumes dos escravos, a resistência contra a escravidão, a cultura indígena e muito mais.
As manifestações folclóricas funcionam como berço da arte e cultura baiana, pois permitem a criação e recriação das suas formas de representação. Em contrapartida, a cultura produzida a cada dia alimenta, enriquece e renova as antigas tradições, tornando-as cada vez mais atrativas.
Não se pode pensar somente em Salvador quando se fala em manifestações folclóricas baianas pois em todo o estado pode-se encontrar, ao longo do ano, particulares formas de manifestação da alma do povo baiano. Se Salvador tem o Carnaval e a Festa do Bomfim, Cachoeira tem as Damas da Boa Morte, Santo Amaro tem o Maculelê, Armação tem a Puxada de Rede, Uauá tem o Reisado, São Félix tem o Samba-de-Roda…
Sem dúvida, a Bahia é o grande berço brasileiro da cultura popular e o seguro recanto das tradicionais manifestações folclóricas que caracterizam e contam a história deste país.
Ternos e Ranchos – Os Reisados
São manifestações religiosas que louvam e homenageiam o nascimento de Jesus, acontecendo do Dia de Reis, 6 de janeiro. É formado por “pastores” e “pastoras” que caminham pelas ruas cantando e dançando com o destino simbólico a Belém. O Terno é tido como uma manifestação mais séria e conta com a participação de representantes de classes favorecidas como estudantes. Seus integrantes desfilam vestidos de indumentárias prateadas e brancas com detalhes azuis ou vermelhos. Nos Ternos a música é acompanhada por instrumentos de sopro com ritmos de pandeiros e castanholas.
O Rancho é integrado por pessoa modestas e simples, por isso tende a ser mais liberal e alegre.
Seus integrantes vestem-se como os dos Ternos, mas adicionam-se à música violas e violões.
Os chamados donos dos Ternos ou Ranchos são os seus organizadores, pessoas de reconhecido respeito e consideração na comunidade. São eles que escolhem os participantes do evento, planejam o desfile, dirigem os ensaios, providenciam o figurino, arrecada fundos para a realização da festa e tudo o mais.
Os Ternos e Ranchos são comuns na capital Salvador, mas no interior do estado tudo é chamado Reisado e mantém todas as características dos Ternos e Ranchos da capital. O Reisado é realizado em 45 municípios baianos como manifestação oficial, principalmente na zona rural, como em Alagoinhas, Canavieiras, Nazaré, Rio Real, Jequié e Santo Amaro.
Bailes Pastoris
Como os Reisados, os Bailes Pastoris,também chamados Presépios, exaltam o nascimento de Jesus, mas diferente daqueles, constituem-se de dramatizações de episódios religiosos como a Anunciação, o Nascimento de Jesus e a Visita dos Pastores. São realizados na frente dos presépios das igrejas na Noite de Natal enquanto se espera a Missa da Meia-Noite. Seus integrantes vestem-se de pastores, cantam e louvam o nascimento de Cristo como faziam os pastores da Idade Média.
Os Bailes Pastoris são tradicionais em Salvador onde há um grupo de jovens do bairro da Lapinha que se apresenta todos os dias 25 de dezembro na Praça da Sé. No interior do estado destacam-se cidades como Sapeaçu , Gentio do Ouro, São Félix, São Francisco do Conde e outros municípios que preservam uma manifestação religiosa tão antiga.
Puxada-de-Mastro
É uma manifestação religiosa característica das cidades do sul e Extremo-Sul do estado da Bahia.
A Puxada-de-Mastro consiste na retirada de um grande e pesado tronco de uma mata o qual é conduzido (puxado) até um pedestal onde é fixado. Na maioria dos casos, o tronco é grande o suficiente para exigir que dezenas de homens juntem suas forcas para locomovê-lo. O esforço é parte do sacrifício que se faz ao santo homenageado.
O mastro hasteia o estandarte do santo homenageado na ocasião e antecede a realização de missas solenes encerrando as novenas de orações. Em Olivença nas proximidades de Ilhéus, o mastro sustenta o estandarte de São Sebastião que é fixado na frente da Igreja de Nossa Senhora da Escada, no mês de janeiro. Em Porto Seguro a homenagem é para São Brás.
Queima do Judas
Esta é uma manifestação folclórica muito comum em cidades do Recôncavo e do Semi-Árido baianos como Cachoeira e Feira de Santana, embora aconteça em todo o estado como em Salvador, Lauro de Freitas, Dias D’Ávila. É realizada no Sábado de Aleluia desde o período da colonização, trazido pelos portugueses da Europa onde já era repetida.
Consiste na queima de bonecos de palha ou pano que representam o traidor de Jesus Cristo, seu discípulo Judas. Isto é feito em praça pública ou nas ruas da cidade e assistido por grupos de pessoas que festejam o castigo do traidor com risos e brincadeiras.
Hoje, em cidades do interior da Bahia acontecem disputas entre grupos que confeccionam o boneco. São adicionados fogos de artifício aos bonecos que proporcionam belos espetáculos pirotécnicos e a eles são atribuídos nomes e culpas de personalidades mal vistas , principalmente políticas, que tornam o evento um momento de desabafo da população humilde e explorada do estado.
Antes da queima do Judas lê-se um testamento que fala sobre as pessoas presentes e que participam do evento e sobre a própria personalidade que o boneco representa.
Após a queima do Judas pode haver escolha do melhor boneco, de acordo com a qualidade do testamento e do espetáculo de fogos de artifício.
Samba de Roda
Segundo Vianna (1981), o Samba de Roda começou, provavelmente nos tempos da colonização, quando os negros, na sua primeira pausa para descanço, dançaram à moda da sua terra. O ritmo contagiante do samba marcado por palmas e passos excitantes fez com que, aos poucos, o samba saísse da senzala e fosse para as ruas e até para a casa dos brancos. Hoje, o Samba de Roda é freqüente nos mais diversos festejos baianos como o carnaval, por exemplo.
A dança do samba de roda em si é considerada simples, mas é preciso muito “molejo” para realizar com os pés ou passos marcados com as mãos. Existem passos específicos da roda que representam diversas atividades do cotidiano, como, por exemplo, o corta jaca paço no qual o sambista representa com os pés o ato de cortar uma jaca, retirar o “visgo” e recolher o caroço. Cada ação é representada por um conjunto específico de movimentos, sempre marcados pelas palmas dos outros sambistas. Outros exemplos são o miudinho, amarrado, barra-vento e sapateado.
A dança acontece quando ao som de samba forma-se uma roda com um sambista ao centro que apresenta sua ginga, dançando por algum tempo. Logo, ele desafia um componente da roda com um sinal como a umbigada ou um simples aperto de mão, que toma o seu lugar no meio da roda.
Tudo transcorre ao som de marimbas, violas, pandeiros, ganzás, atabaques, berimbaus e outros instrumentos de percussão. Mas, o samba não deixa de acontecer por falta de instrumentos, pois o improviso é muito freqüente e até mais original. Na falta de instrumentos, facas arranham a borda de pratos, colheres são batidas como castanholas, pentes e papeeis são soprados e tampas de panelas são batidas com as pontas dos dedos, enquanto o tirador lança frases simples que são cantadas repetidamente.
O Samba de Roda é uma tradição em cidades como Cachoeira, Candeias, Santo Amaro, Muritiba e outras.
Presente de Iemanjá
Manifestação repetida todo dia 2 de fevereiro não em só em Salvador, mas em várias cidades baianas que têm contato direto com o mar ou com rios como Nazaré, Valença, Maragogipe, Itaparica e Vera Cruz.
O Presente de Iemanjá é uma manifestação religiosa que homenageia a deusa das águas para o candomblé, Iemanjá, no catolicismo, Nossa Senhora da Conceição. Na festa os fiéis oferecem presentes à deusa como espelhos, perfumes, jóias e flores para o alto mar em balaios enfeitados que são levados por embarcações de pescadores. O momento da saída para o mar é de festa , rezas, fogos de artifícios, palmas e manifestações dos “santos” apresentadas pelos fiéis.
Diz a crença popular que, se no dia seguinte seu presente não estiver na praia, sua oferenda foi aceita e seus pedidos serão atendidos.
Em Salvador, a manifestação tornou-se mais conhecida e adquiriu características próprias. Além dos fiéis, das rezas e manifestações,existem hoje turistas e foliões que se juntam aos milhares na Enseada do Rio Vermelho para observar as homenagens e dançar ao som dos trios elétricos. A Oferenda de Iemanjá tornou-se uma das principais festas populares da cidade do Salvador atraindo turistas e renda aos mercados formal e informal envolvidos no evento.
Puxada de Rede
Mantida em poucas praias do litoral baiano, a Puxada de Rede é uma importante manifestação folclórica do estado com traços da cultura negra africana. Ela permite a integração entre os pescadores e a preservação de traços africanos na cultura do povo que vive do mar, já que toda a atividade da pesca realizada é acompanhada de danças, mímicas, poesias e cantos dos pescadores africanos trazidos para o Brasil.
A Puxada de Rede acontece entre outubro e abril, época em que os peixes procuram as águas quentes e rasas do litoral nordestino. Nessa época a pesca é realizada na beira da praia com uma gigantesca rede de arrasto e não em alto amor, como de costume. A armação e a puxada da rede são comuns em praias como Armação, Chega Nego e Carimbamba.
A grande rede usada leva ate mil metros de corda e cinco meses de trabalho para ficar pronta. Para manipulá-la são necessários 63 homens, 1 chefe , 1 mestre de terra , 1 mestre de mar, 20 catadores, 20 homens do mar e 20 homens da terra. A rede aberta liga barcos em círculo na água e homens na terra que, assim que encontram peixe puxam a rede à praia.
Cantos simples são repetidos como aqueles cantados pelos antepassados negros e alguns até se referem à terra de origem como Aruanda. A última canção entoada é sempre o canto de saudação à rainha do mar em agradecimento pelo sucesso da puxada.
Maculelê
Todo dia 2 de fevereiro é dia de Maculelê em Santo Amaro da Purificação, Recôncavo baiano. Segundo Maria Muti (1978), o Maculelê é uma mistura de dança e luta de origem negra e escrava eu tem em Santo Amaro o seu reduto e em mestre Popó o único mestre conhecido.
Vários estudiosos contestam a sua origem achando alguns que se trata de uma dança indígena, outros de luta negra.
Mestre Popó, mais antigo lutador de Maculelê reconhecido popularmente, diz que o Maculelê chegou da costa da África junto aos escravos, até os engenhos de Santo Amaro. Era uma mistura de luta e dança, defesa e ataque misturados aos cantos negros que disfarçavam a luta. Uma forma de treinar a luta sem despertar a desconfiança dos feitores, que só enxergavam a dança.
Para o Maculelê são usados três tambores (atabaques), agogô e ganzá que produzem o ritmo negro da dança. Um par de grimas é usado por cada lutador e u único pelo chefe, todos feitos de madeira polida. Cada integrante usa uma gurita na cabeça (touca de ponta), lenço no pescoço, camisa comum ao estilo africano, calca igual e pés descalços. Usam o rosto muito pintado de negro com a boca exageradamente vermelha e cabelos brancos de farinha de trigo.
A dança é composta de leves volteios e um levantar de pés sincronizados às batidas das grimas (a autora escreve diversas vezes esgrimas). Entre as músicas que acompanham poucas são aquelas usadas nas senzalas que eram cantadas em línguas africanas. Muitas foram criadas em Santo Amaro pelos filhos e seguidores de mestre Popó. Cada uma delas tem um significado e um objetivo Há música para sair às ruas, para a chegada ao local da apresentação, para saudação a Princesa Isabel pela libertação dos escravos, para Virgem Santa, par recolher doações chamada Ritual do Vaqueiro e aquela que tornou-se a que mais caracteriza o Maculelê: “sou eu, sou eu, sou eu Maculelê, sou eu…”
Mundialmente conhecido, o Maculelê de facão é rejeitado pelo grupo tradicional de Santo Amaro e foi criado por um dos filhos do mestre Popó, que também rejeita a adulteração da luta e justifica dizendo que se os negros possuíssem facões para lutar o Maculelê na senzala, não haveria escravidão. Teriam conquistado a liberdade à lâmina.
Marujada
Esta manifestação folclórica negra comum a várias cidades baianas como Paratinga e Jacobina data de mais de duzentos anos e embeleza as festas de santos católicos como São Benedito, protetor dos negros.
Segundo uma lenda de Jacobina, a marujada foi introduzida na região por duas famílias negras escravas descendentes de reis africanos, chamadas Caranguejo e Capim unidas a outra chamada Labatut. A exibição ligada a santidades católicas foi uma forma de mostrar cantos e danças negras discriminadas pela população e uma maneira de participar da vida social da cidade.
Durante a Marujada os indivíduos daquelas famílias pareciam importantes oficiais da marinha admirados por toda a comunidade, sendo na verdade simples trabalhadores braçais. Esse sentimento é ainda hoje motivador da realização da marujada nas cidades baianas onde a festa é uma tradição.
Hoje, como há anos atrás, o cargo de mestre, o mais importante da marujada é vitalício e só pode ser exercido por membros das famílias Caranguejo ou Labatut. Outros cargos como contramestre, general e capitão são distribuídos pelos interessados de toda a cidade.
Todo o grupo desfila em uniforme branco e azul, a farda que padroniza os componentes da Marujada. Os marujos e os calafates vestem-se com o mesmo uniforme, mas o mestre, o contramestre, o capitão e o general, cargos de destaque, usam outro uniforme e acessórios que diferenciam cada um deles e conferem destaque durante o desfile da Marujada.
O desfile é acompanhado de várias canções simples que se referem ao mar, a batalhas, a cidades portuguesas e ao santo homenageado. Ao final do desfile uma apresentação teatral encerra a comemoração e um último canto dá adeus ao dia festivo.
Findo o festejo, cada marujo volta a sua vida normal e ao anonimato, já que são integrantes das classes menos favorecida das cidades. Voltam para preparar a Marujada do ano seguinte, ainda mais atraente.
Boa Morte
A Irmandade da Boa Morte, formada por 22 mulheres negras devotas de Nossa Senhora da Boa Morte e dos orixás do candomblé, preserva em Cachoeira uma das mais antigas e solenes tradições do estado da Bahia. São mais de 200 anos de confraria, uma organização de leigos totalmente ligada a igreja católica, mas sem influencia direta de autoridades religiosas como padres.
Segundo as irmãs da Boa Morte, a confraria surgiu nas senzalas dos engenhos da Barroquinha, bairro antigo de Salvador. No início, eram três ou quatro mulheres negras escravas que se reuniam escondidas nos porões das senzalas ou cantos das casas grandes para discutir meios para libertar ou alforriar escravos. Por terem mais liberdade de locomoção, era mais fácil para as mulheres realizarem reuniões, o que pode explicar o fato de a irmandade ser constituída somente de mulheres.
A devoção a Nossa Senhora da Boa Morte nasceu com a confraria e residiu na igreja da Barroquinha até que a irmandade se transferiu, no início do século XX para a cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano. A crença católica retrata o desejo de libertação que a morte proporciona e que era esperada em vida pela libertação dos escravos.
A Boa Morte é uma manifestação folclórica que expressa claramente o sincretismo religioso tão presente na Bahia. As irmãs são devotas de a Nossa Senhora da Boa Morte e ao mesmo tempo fazem parte do candomblé como filhas e mães -de -santo. É necessário que se conheça e pratique o candomblé e o catolicismo para participar da confraria, mais que isso, é preciso que se saiba separar os dois.
A irmandade é uma sociedade fechada com hierarquia e cerimônias reservadas somente às irmãs. No entanto, há celebrações públicas como as procissões em agosto, mês da Assunção de Maria. É exemplo aquela em que as irmãs vestem sua tradicional beca, um traje de luxo composto de saia rodada plissada, pano de costa de veludo preto forrado de cetim vermelho ou roxo, jóias, adereços de ouro e chinelas brancas de couro.
Lavagem do Bonfim
A devoção ao Nosso Senhor do Bonfim teve seu início em 1745, quando foi esculpida a imagem semelhante àquela encontrada em Portugal e colocada no altar da Igreja de Nossa Senhora da Penha, em Itapagipe.
Em 1754, graças aos esforços da Irmandade devotado santo, foi inaugurada a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim no sítio chamado Monte Serrat que recebeu no dia 24 de junho do mesmo ano a imagem do Senhor do Bonfim.
A devoção ao santo fez milhares de fiéis e romeiros se dirigirem ao Bonfim durante todo o ano e em 1804 foi instituída a esta católica ao senhor do Bonfim realizada em janeiro, com ápice no 2º domingo depois do dia de Reis. Os rituais católicos duravam 10 dias, começando com novenas e encerrando com a realização de missas solenes e campais.
Anos depois, integrantes do candomblé, mães e filhas-de-santo, relacionando Oxalá, pai dos orixás, a Senhor do Bonfim, começaram a realizar uma das manifestações religiosas mais famosas da Bahia, a lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim. Desde então, na segunda-feira seguinte ao domingo do Bonfim, as baianas vestidas a caráter saem da Igreja de Nossa senhora da Conceição da Praia e caminham 8 km até a sagrada colina, onde está a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, sempre acompanhadas de uma multidão de fiéis que inclui autoridades políticas e personalidades famosas. Carregando nos ombros potes ornamentados cheios de água de flores, ao chegarem a colina sagrada, as baianas lavam e enxugam com panos rendados as escadarias e o adro daquela que elas dizem ser a casa de Oxalá, entoando cânticos e rezas em línguas africanas.
São comuns os banhos de pipoca e as manifestações de “santos” em plena escadaria da igreja, sem intervenção alguma das autoridades católicas que respeitam e convivem com os rituais do candomblé.
Durante muitos anos a festa pagã foi acompanhada por trios elétricos, muita bebida e comida, no entanto, em 1998 os trios elétricos foram proibidos por descaracterizar a religiosidade da festa.
Bumba-Meu-Boi
O Bumba-meu-boi é uma das mais ricas manifestações folclóricas de dança dramática do Norte e Nordeste do Brasil. É chamado boi-bumbá na Amazônia, boi-surubim e boi-de-mão em Santa Catarina, mas mantém em todos os casos as mesmas características. Faz parte do ciclo natalino de festas religiosas e representa a morte e ressurreição de um animal como aconteceu com Cristo.
A dança e a coreografia consistem na sucessão de vários fatos relativos ao boi, contendo sempre um personagem que celebra a vida do animal. No meio da apresentação o boi é ferido e morto por um vaqueiro, mas ressuscita no fim. O fato é de grande alegria e regozijo dos participantes e expectadores e inicia uma festa com muito forró.
A principal personagem da festa é o boi feito de uma armação de madeira coberta de couro, veludo vermelho, azul ou preto bordado com vidrilhos, miçangas e linha dourada. Se o boi é pobre é coberto por chita ou outro tecido estampado. As outras personagens se vestem como vaqueiros e o povo sertanejo, com arminho, colete de veludo colorido e chapéu de couro.
O Bumba-meu-boi é muito comum nas cidades do sertão e do semi-árido baianos e acontece em cidades como Salvador onde existe um grupo que revive todos os anos os folguedos da festa. Outras cidades do Interior do estado como Amargosa, Canavieiras, Itambé e Cravolândia realizam a festa.
Festas Juninas
Festa de São João, São Pedro e Santo Antonio são as mais alegres e populares manifestações folclóricas do Nordeste do Brasil. Embora sejam realizadas em vários estados do país, é na região Nordeste que apresenta traços marcantes da cultura, do comportamento e a forma de pensar da população.
Além dos rituais religiosos em homenagem aos santos do mês de junho, acontece entre os dias 13 e 29 manifestações da cultura popular nordestina influenciadas pelo catolicismo, candomblé ou por particularidades regionais, carregadas de simbologia.
A fogueira acessa no dia 23 e os balões coloridos hoje condenados pelos inúmeros incêndios que já causaram têm explicação religiosa e católica. A fogueira relembra aquela acesa por Santa Maria na ocasião do nascimento de João Batista, filho de sua prima Isabel, pra avisar aos amigos sobre o acontecido.
Os balões eram usados pelos católicos como mensageiros de pedidos aos santos no céu. A estas estruturas incandescentes eram presos os pedidos de cada um que eram levados ao céu nas noites de festa.
A comilança, no entanto, era um costume pagão de festejo e preparação para as grandes colheitas. No Nordeste, a influencia dos negros e índios na cozinha é evidenciada pelo uso das sementes, do coco, do milho, da mandioca, da cachaça muito comuns a culinária desses grupos humanos. Milho e amendoim cozidos, batatas, bolos, canjicas, pamonhas e pipocas são pratos indispensáveis a esta festa que tem pouca influencia européias.
A cachaça, o licor, as danças, o forró e a quadrilha são genuinamente sertanejos. São as marcas da cultura nordestina impressas na festa assim como o são o linguajar, o figurino, a simpatia e a cordialidade dos participantes da festa.
As festas juninas são comuns a todas as cidades da Bahia, desde Salvador com seu famoso Arraiá da Capitá até cidades com tradição nesses festejos como Santo Antonio de Jesus que oferece atrações como o trezenário de seu padroeiro Santo Antonio, até o Semaforró, uma semana de puro foro nas proximidades do dia 24 de junho. São famosos os festejos de Amargosa, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Serrinha, Juazeiro e muitas outras cidades do interior do estado.
Capoeira
Segundo alguns autores a capoeira teve origem africana e chegou ao Brasil no século XVI, junto com os escravos negros. Segundo Oliveira (1989), alguns mestres de capoeira acreditam que foi uma criação africana no Brasil, mas a maioria afirma que veio da África onde recebia o nome de “jogo da zebra” e era praticada com violência. Fazia parte de um ritual de luta entre homens para conquistar meninas adolescentes.
Na senzala os negros disfarçavam a luta em dança, acrescentando a ela instrumentos musicais e movimentos cadenciados. Desta forma praticavam a luta sem levantar suspeitas podendo praticá-la depois contra os feitores e capitães-do-mato em fugas.
O próprio nome capoeira surgiu do ato de essas lutas acontecerem em clarões da mata chamados capoeira, durante as fugas dos escravos.
Segundo relatos de antigos praticantes esta capoeira, luta dos tempos da escravidão é a capoeira angola, considerada a mais tradicional. Durante muito tempo a capoeira angola reinou como único estilo da luta, mas nos anos 30, o conhecido Mestre Bimba criou a capoeira regional a partir da capoeira angola. Segundo Oliveira (1989), há ainda a capoeira estilizada que surgiu a partir da regional, o que evidencia uma mudança constante na luta.
A capoeira angola e a regional apresentam algumas diferenças. A capoeira angola é de “ginga”, mais abaixada, com jogo rasteiro, maior uso da esquiva e jogo de pernas, a maioria dos golpes é dado com os pés. A capoeira regional usa mais as mãos, o jogo é mais alto, luta-se com o corpo mais erguido e há golpes de braços, mãos e cabeça.
Além disso, na capoeira regional existe uma espécie de graduação do indivíduo com sucessão de faixas que indica o grau de experiência e habilidade do capoeirista, algo semelhante às lutas marciais e diretamente influenciada por elas.
A capoeira angola valoriza os rituais e preceitos tradicionais da luta, prepara para a defesa, desenvolve a malícia, a calma e a rapidez do impulso. A capoeira regional é mais agressiva, valoriza o ataque e, por preocupar-se com a adequação da luta ao esporte, pouco valoriza os preceitos e extinguiu alguns rituais.
No começo do século passado a capoeira era praticada nos locais abertos em bairros afastados do centro, nas praças em ocasiões de festas populares e nos subúrbios de Salvador, além de cidades do interior como santo Amaro, Cachoeira e Nazaré.
Durante muito tempo permaneceu recriminada e o capoeira, pessoa que joga capoeira, foi discriminado e temido como marginal. Com o passar do tempo a capoeira passou a ser aceita principalmente por causa da adesão de pessoas de classes favorecidas e por mulheres,no entanto o preconceito ainda existe. Mestres da luta como Pastinha e Bimba começaram a mostrar, aos poucos, que a capoeira é uma manifestação folclórica e artística, composta de belos e maliciosos movimentos, mas sem violência alguma.
A capoeira como mixto de luta e dança é sempre acompanhada por uma bateria, conjunto de instrumentos que produzem um som variado e peculiar formado por um berimbau gunga, um berimbau berro-boi, um berimbau viola, um ou dois pandeiros, um atabaque, um agogô, um reco-reco, e três caxixis,acompanhados de tradicionais ladainhas repetidas pelos lutadores.
Ao som dos instrumentos e das cantigas os capoeiras repetem tradicionais passos da luta como ginga, rasteira, negativa, rabo-de-arraia, tesoura, meia-lua e suas variações ou criam novos passos. A roupa usada no jogo nunca foi padronizada, mas predomina o branco nos dias especiais de apresentação acompanhado de sapato de bico fino e brinco de ouro na orelha.
Hoje, o capoeira veste calca pantalona de algodão e camiseta com ou sem sapato.
A capoeira é comum em todas as cidades do estado e , seja a tradicional angolana ou a regional, aprendida nas ruas ou nas academias, é sempre um espetáculo aos olhos, ouvidos e ao coração de quem é capaz de sentir a magia dessa filosofia de vida.
O desenvolvimento do turismo na Bahia
O turismo na Bahia como atividade de interesse estratégico para a economia baiana, começou a se desenvolver na capital ainda no meado do século XX. Tudo indica que o primeiro documento utilizado por um órgão do governo do Estado para o setor do turismo, foi um estudo feito por uma empresa de propaganda no ano de 1955 e doado para a Prefeitura Municipal do Salvador, intitulada de Plano de Turismo da Bahia, cujo o objetivo era chamar a atenção do setor público para o potencial da cidade. Em 1958, o turismo é incorporado no Programa do Estado da Bahia, através do Programa de Recuperação Econômico da Bahia e em 1959 o turismo passa a fazer parte do Programa de Desenvolvimento da Bahia ( PLANDEB) , relativo ao período de 1960/63.
Observa-se que até o meado da década de 1950, o Estado tinha uma economia agrícola, cujo principal produto era a exportação do cacau. A partir da década de 60, começa o processo de industrialização , através da implantação da Refinaria Landulfo Alves, em Mataripe e do Centro Industrial de Aratu (CIA). Nos anos 70 do século XX, consolidou-se o processo de industrialização com a construção do Pólo Petroquímico de Camaçari (COPEC).
Bem, o que tem haver o processo de industrialização da Bahia com a implantação e desenvolvimento do turismo no Estado? Tem tudo haver, pois essa industrialização levou a urbanização e a expansão do setor terciário, destacando-se o turismo. A ampliação e a modernização da infra-estrutura hoteleira em Salvador e a descoberta de novas cidades como pólos turísticos, vai acontecer também na década de 70, motivada inicialmente pela nova classe social que surgia com a indústria e que representava um potencial muito grande para o consumo dos produtos turísticos da Bahia.
Efetivamente, a Bahia deu seus primeiros passos no sentido de execução e desenvolvimento do turismo, a partir do Plano de Turismo do Recôncavo ( PTR), que foi concluído no ano de 1970. Esse plano teve como novidade a análise setorial, ou seja, desenvolveu-se uma política especifica para uma determinada região e sua área de atuação abrangeu 38 municípios, outra novidade foi o fato deste plano ter sido o primeiro voltado exclusivamente para o setor .
Como já foi dito anteriormente, no final da década de 70, o turismo se consolidou no interior da Bahia nas áreas litorâneas, precisamente em Porto Seguro, depois Ilhéus, Valença e foi se expandindo pela costa baiana. Todavia, Porto Seguro consolidou-se como o principal destino turístico do Estado. Outro fator que contribuiu para a interiorização do turismo no Estado foi a construção da BR-101 e a criação da Bahiatursa, que inicialmente tinha a função de fiscalizar hotéis e afins . Ainda na mesma década , surgiu o Litoral Norte, que na sua 1ª etapa abrangia a área compreendida de Lauro de Freitas até Itacemirim.
Em 1974, foi desenvolvido o Projeto Baía de Todos os Santos , a pedido da Coordenação do Fomento ao Turismo , com o objetivo de identificar as potencialidades turísticas da Baía de Todos os Santos e do litoral do Recôncavo, definindo as áreas prioritárias para o desenvolvimento do setor. Para o biênio de 1973/74, através do Plano Diretor da Orla Marítima, foi realizado o inventário e levantamento das necessidades básicas do receptivo, da faixa litorânea que se estende de Salvador à Mata de São João. Dentro da Política de Desenvolvimento Urbano e Regional do Estado da Bahia ( PDUR), para o período de 1979/83, foi criado o Programa das Cidades Turísticas ( PCT), cujo objetivo era aproveitar as potencialidades existentes nas diversas regiões do Estado, estimulando o turismo regional de fim-de-semana e criando pontos de apoio ao longo dos eixos de acesso a Salvador e tais localidades.
Através de diversas Secretárias e Órgãos do Estado, a partir da década de 90 a Bahia vem priorizando o PRODETUR ( Plano de Desenvolvimento Turístico), pois esse programa não tem apenas um caráter de ordem turística. Ele abrange diversos setores, desde infra-estrutura básica, projetos de qualificação de mão-de-obra até a implantação de complexos turísticos. O PRODETUR/Ba, é uma parceria entre os Governos Estadual e Federal, coordenada pela Bahiatursa, objetivando o melhor aproveitamento de suas potencialidades naturais, culturais, históricos e redefinindo o espaço territorial baiano através do desenvolvimento turístico.
Carnaval
A festa mais alegre e colorida da Bahia, o carnaval, é também hoje importante vetor econômico que envolve e beneficia a economia formal e informal ao mesmo tempo.
Para o turismo, o carnaval cria grandes oportunidades como a ocupação dos hotéis, serviços de transporte, alimentação e outros. Seu resultado tem um forte fator de repique e pode ser explorado o ano inteiro, graças aos mega shows e carnavais fora da época no interior do estado.
Salvador recebe no carnaval milhares de turistas que movimentam, junto ao folião baiano, milhões de reais todos os anos.
Histórico
Segundo Loiola e Miguez (1996), o carnaval teve origem no Entrudo, jogos e brincadeiras realizadas nos quatro dias anteriores a quaresma e que chegaram ao Brasil junto com os portugueses. No Brasil, o entrudo consistia numa guerra de limões, água, ovos ou farinha, uma brincadeira onde os menos favorecidos se divertiam e promoviam, algumas vezes, atos violentos e confusões.
Mas havia também os grupos negros que levavam às ruas as danças e musicas africanos ou inspiradas na África. Essa festa era considerada desordeira e perigosa pela elite, pela imprensa e pela polícia que combatiam e tentavam acabar com o entrudo, por ser uma festa popular e de grande participação dos negros.
Em oposição ao entrudo, existiam na cidade do Salvador e nas principais cidades do estado, os bailes particulares realizados nos clubes ou nas mansões onde a elite baiana dançava ao som de polcas e óperas, ostentando riqueza nas roupas e jóias que usavam. Os pobres e os negros não podiam entrar nesses bailes onde a alta sociedade baiana se protegia da agressividade dos entrudos e imitava o estilo do carnaval europeu.
Essas duas situações criaram e mantiveram por muito tempo o carnaval dividido por classe e raça. Os pobres e negros eram mantidos na periferia da cidade enquanto os ricos se divertiam nos mais atrativos pontos e festas da cidade.
Nos últimos vinte anos do século XIX o carnaval começa a substituir o entrudo, dando aos festejos de rua características européias e elitizadas. Foi organizada uma campanha promovida por setores da sociedade como polícia e imprensa, para a mistura dos dois estilos de folia que resultou em uma festa particular. O novo carnaval era mais organizado que os entrudos, quase tão luxuosos como os bailes e mais coletivo que os dois. Na verdade houve uma elitização do carnaval de rua.
Essa mudança foi marcada pela ocorrência de desfiles carnavalescos promovidos e patrocinados pela burguesia comercial local. Esses desfiles transformaram o povo em mero espectador de carros alegóricos e luxuosas fantasias que tomavam, aos poucos, o lugar das brincadeiras do entrudo.
São desse período três famosos grupos carnavalescos da alta sociedade baiana: Fantoches da Euterpe (1883), Cruz Vermelha (1884) e Inocentes em Progresso (1900). Estes blocos e outros que começaram a surgir, brigavam pela preferência dos populares apresentando roupas e carros cada vez mais luxuosos em desfiles organizados até em temas específicos. Esses desfiles resistiram até o inicio dos anos 60 perdendo, aos poucos, lugar para o carnaval participativo da Bahia.
Com o tempo, o carnaval de rua das elites foi substituído pelos grupos de foliões organizados e afoxés que forçaram a elite a voltar para os bailes de clubes e mansões. Então, as ruas voltaram a ser ocupadas pelos grupos pobres e mestiços como na época dos entrudos. A volta dos grupos negros ao carnaval e seu crescimento em participação , antes suprimidos pelos grupos carnavalescos, caracterizou a fase chamada de africanização do carnaval. Dessa forma, os negros nagôs organizaram o primeiro afoxé do carnaval baiano, o Embaixada Africana, seguidos dos Pândegos da África. Os grupos negros desfilavam mostrando as roupas, músicas e costumes africanos.
Esses grupos foram duramente criticados e perseguidos pela elite por meio da imprensa e da polícia que chegou a proibir qualquer manifestação da cultura negra acompanhada de tambores. Mas os afoxés persistiram em sobreviver às proibições e restrições, tornando-se símbolos da resistência negra contra o preconceito social e racial em Salvador.
Além dos afoxés também ocupavam as ruas as batucadas, espécies de orquestras ambulantes, que puxavam ou comandavam blocos e cordões de foliões organizados, os antecessores dos blocos de trio elétrico.
O carnaval de 1950 apresentou a mais importante inovação da festa baiana, que modificou completamente sua estrutura, dando-lhe as características tão particulares que lhe levaram ao sucesso.
Em 1950, Dodô e Osmar, criaram o precursor do trio elétrico, um carro cheio de auto falantes ligados a instrumentos elétricos, chamado fobica, que tocava frevo pernambucano e movimentava os observadores. Eram chamados de “dupla elétrica”, mas um ano depois a adesão de Aragão formou o “trio elétrico” – Dodô, Osmar e Aragão, nome que é dado hoje ao caminhão que carrega a banda a tocar pelas ruas da cidade.
O trio elétrico provocou uma revolução na festa de rua criando uma nova forma de brincar o carnaval: pular atrás do trio, dançando com movimentos livres e simples e ao mesmo tempo caminhando pelas ruas por onde o trio elétrico fosse passando.
A partir de então, começou a ter fim o carnaval divido racial e socialmente, que separava ricos de pobres, negros de brancos, centro da periferia da cidade. O trio elétrico promoveu a conquista da rua, tornando-a comum a todos, um espaço igualitário onde não cabe a segmentação socio-racial. No entanto, o trio elétrico diminuiu a participação dos afoxés, superando-os em preferência junto ao folião. Durante algum tempo, trios e afoxés nem mesmo se encontravam e pouco se respeitavam nas ruas.
Segundo Loiola e Miguez (1996), é com o trio elétrico que o carnaval ganha características comerciais que marcaram a realização da festa, desde então. Por exemplo, o trio elétrico tornou-se um excelente veículo de propaganda e atraiu patrocinadores desde o ano de 1952.
Nos anos 70, o renascimento do Afoxé Filhos de Gandhi, fundado em 1949, marcou a volta dos blocos negros como importantes pecas na festa heterogênea do carnaval de rua em Salvador. Logo os blocos afros tornaram-se, junto com os trios elétricos, importantes símbolos do carnaval baiano, conhecidos e admirados pelo mundo inteiro.
A partir da metade dos anos 80, com o surgimento dos blocos de trio, o carnaval baiano adquire contornos de sua configuração atual, Torna-se uma grande fonte de emprego e renda para a população e passa a ser visto como um grande negócio pelas instituições públicas e privadas que se desenvolveram à sua volta.
Os blocos privatizaram o trio elétrico com suas cordas de isolamento e abadás diferenciados. A manutenção da estrutura de um bloco de trio custa caro, encarecendo o custo na participação desses blocos. Por isso, somente aqueles que podem pagar caro, podem participar do carnaval de bloco. Isso promoveu a elitização do carnaval de rua outra vez, onde ricos brincam protegidos em blocos com cordas e seguranças e pobres e negros chamados pipocas que pulam atrás de trios independentes.
O trio de blocos, no entanto, promoveu importantes mudanças benéficas para o carnaval de Salvador. Foi o bloco de trio que criou o axé music, estilo que popularizou a música negra baiana modificada em arranjos “eletrizados”. O axé music teve grande aceitação não só na Bahia, mas em todo o país e expôs de maneira mais eficiente o carnaval baiano em redes de radio e televisão de todo o Brasil.
Segundo Miguez (1998) os blocos afros e de trio passaram a se organizar como empresas e a explorar o comércio fonográfico, da moda, da propaganda e etc. Com o passar do tempo, a entrada do artista baiano no mercado cultural nacional deixa de depender de sua ida para os estados do Sudeste. O produto cultural baiano atrai o mercado e o próprio estado passa a ser produto atraindo muitos investimentos em relação a produção cultural. Os artistas baianos passaram a fazer parte do mercado cultural nacional e internacional, a exemplo de Daniela Mercuri e o Olodum.
A passagem do carnaval folia para o carnaval negócio gerou a chamada indústria ou economia do carnaval, que produz bens e serviços simbólicos. Vende-se a alegria, a festa, a satisfação pessoal, a paixão, os romances, a beleza, a amizade e todo tipo de produtos lúdicos através de pacotes turísticos para as cidades de Salvador e outras com carnaval fora de época, como Feira de Santana.
Mas, também produz bens e serviços não tão lúdicos, mas necessários e bastante rentáveis.
Vendem-se roupas, bebidas, comidas, vagas em hotéis, transportes e muito mais. E os foliões compram tudo, compram das grandes empresas e dos vendedores ambulantes, geram renda para o comércio organizado e gigantesco chamado formal e para o não pequeno mercado informal.
Hoje, o carnaval baiano reúne mais de um milhão de pessoas nos horários de pico em 10 km de circuito oficial, que exige uma infra-estrutura cada vez mais eficiente. São centenas de shows, mais de 70 trios, banheiros públicos, postos médicos, postos policiais, restaurantes e hotéis a disposição dos foliões, turistas ou não, que gastam mais de 6 milhões de dólares na festa.
Enfim, é uma rede de serviços que geram uma imensa quantidade de empregos e divisas para o estado. É uma enorme fonte de lucros e negócios sempre bem sucedidos, que beneficia principalmente as empresas ligadas ao turismo no estado da Bahia.
Fonte: www.visiteabahia.com.br
Bahia
História da Bahia
Bahia quer dizer fascínio e magnetismo. Um lugar paradisíaco, tropical, dos mais belos ao Sul do Equador, que oferece um sem número de opções de passeios de todos os tipos, tornando sempre irresistível ficar um pouco mais de tempo na Terra da Felicidade, como é conhecida.
Nesses cenários deslumbrantes floresceu, desde os idos de 1500 – quando a esquadra do almirante português Pedro Álvares Cabral aportou no Sul da Bahia -, uma riquíssima cultura, mesclando vivências do branco europeu com a pureza selvagem do amarelo indígena e, logo em seguida, com o negro trazido da África. Hoje, essa terra de gente morena é um pólo de efervescência cultural que se destaca no cenário brasileiro e é reconhecido a nível internacional. Na música, na dança, na literatura, no cinema, nas artes plásticas, no folclore e no rico e variadíssimo artesanato.
Na música o marco principal do seu destaque, e exemplo dessa riqueza cultural, está no samba, que nasceu na Bahia, daí sendo difundido por todo o Brasil.
O toque da percussão evoluiu ao longo do tempo, chegando à bossa-nova de João Gilberto; à Tropicália de Caetano Veloso e Gilberto Gil, Maria Betânia e Gal Costa; ao ritmo quente do grupo afro Olodum, que já gravou com Paul Simon e Michael Jackson; à batida original da Timbalada, que gravou com o grupo de rock Sepultura, projetando a musicalidade baiana muito além de suas fronteiras, assim como o Araketu, o Ilê Ayê… Sem esquecer dos Trios Elétricos que têm o poder de lançar, a cada ano, novos talentos, danças e ritmos.
Na dança, a Bahia mostrou ao mundo a lambada, mas ganham espaço também, a cada dia, seus corpos de balé clássico, moderno e folclórico, que se apresentam em todos os continentes.
Na literatura, os exemplos mais consagrados vão de Afrânio Peixoto e Castro Alves aos contemporâneos, Dias Gomes, João Ubaldo Ribeiro e Jorge Amado que, com obras traduzidas em várias línguas, transportaram a cultura e o povo baiano para outras nações.
No cinema, revelou-se o talento de Glauber Rocha, criador do Cinema Novo, árduo defensor e executor do cinema político. Foi um Cineasta diversas vezes premiado no Brasil, Europa e Estados Unidos.
Nas artes plásticas, mostra sua força através das esculturas de Mário Cravo e Tati Moreno, das gravuras de Calasans Neto e da pintura de Carlos Bastos, entre tantos outros, incluindo os primitivos.Há também os baianos “de coração”, como Pierre Verger, Hansen Bahia e Carybé.
No seu artesanato, oferece souvenirs de baixo custo e alta criatividade, em cerâmica, pedras ornamentais, palha, couro, bordados, prata, madeira e instrumentos musicais típicos.
Em seus museus e palácios, de excelência arquitetônica, peças de grande valor contam como era a vida nos tempos de colônia e do império. Suas centenas de igrejas católicas, em arquitetura colonial barroca e rococó dos séculos 16, 17 e 18, abrigam relíquias em imagens sacras seculares e livros raros e centenários.
A cultura africana enriquece ainda mais o exotismo e a magia que a Bahia exibe com orgulho ao mundo. Ela transpira através da música bem ritmada, da culinária picante, da religião – o Candomblé -, da dança sinuosa e sensual, das roupas e turbantes multicoloridos, e do jeito alegre e irreverente do povo, com sua hospitalidade sem igual. Dezenas de manifestações folclóricas, de origem também nas culturas européia e indígena, compõem um mosaico que encanta e magnetiza o turista de todas as partes.
A culinária baiana – mescla harmônica das tradições portuguesa, africana e indígena – é inigualável. Na Bahia, o lanche pode ser um acarajé ou um abará (elaborados com feijão fradinho), seguido de um bolinho de tapioca ou uma cocada. Como prato principal, um vatapá, um caruru, uma moqueca de peixe ou de frutos-do-mar, com azeite de dendê e pimenta (opcional). Para variar, as especialidades de cada região, como as carnes de sol ou de fumeiro, o bode assado, o surubim defumado, a maniçoba ou o efó. De sobremesa, deliciosas cocadas, quindins e as lusitanas ambrosia ou baba-de-moça, à base de ovos.
Pontos Turísticos:
Ao Norte, está a Costa dos Coqueiros, onde estão destinos como a Praia do Forte, um refúgio ecológico, e Costa do Sauípe, o maior Complexo Turístico da América Latina. A Praia do Forte está a 50km e Sauípe a 70km do Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador. Ficam à margem da Linha Verde, com seus quase 200 quilômetros de praias e coqueirais. Em Praia do Forte estão as ruínas do Castelo Garcia d’Ávila e a sede nacional do Projeto Tamar, de preservação das tartarugas marinhas.
Na Baía de Todos os Santos estão Salvador e Itaparica. A capital, principal destino turístico baiano, possui a maior variedade de atrações, com destaque para as manifestações da cultura afrobaiana, a arquitetura colonial e o apelo das praias voltadas para o Oceano Atlântico ou para o interior da baía. Já Itaparica, maior ilha da baía, abriga o Club Mediterranée.
Ao Sul, na seqüência, a partir de Salvador, estão de braços abertos aos visitantes: a Costa do Dendê, cujo destaque é o Morro de São Paulo, paraíso tropical descoberto pelos hippies e hoje, cercado por uma aura de sofisticação.
Possui 40km de praias, algumas ainda desertas e atrações históricas, como a Fortaleza de Morro de São Paulo; a Costa do Cacau, é lá onde fica Ilhéus e Comandatuba.
Cenário dos romances de Jorge Amado, Ilhéus reúne dezenas de quilômetros de praias, reservas de Mata Atlântica e a Estância Hidromineral de Olivença. A ilha de Comandatuba abriga um dos maiores resorts da América do Sul, o Transamérica, que possui aeroporto com capacidade para aviões de grande porte; a Costa do Descobrimento, onde chegou a esquadra de Cabral, descobridora do Brasil, guardando essa história e muitas belezas naturais em reservas de Mata Atlântica e praias de sonho.
Ela reúne produtos que estão sempre na moda: Porto Seguro está entre os principais destinos exclusivamente turísticos do Brasil; é o maior pólo de turismo de lazer do Nordeste. As badaladas vilas de Trancoso e Arraial d’Ajuda agora têm todo o seu charme mais ao alcance dos visitantes, com a construção de vias pavimentadas de acesso; e a Costa das Baleias, onde as vastas extensões de praia de Alcobaça ou Caravelas valem uma temporada.
O grande programa, entretanto, é mergulhar no Parque Nacional Marinho de Abrolhos, onde fica o parcel de Paredes, formação de corais com 50km².
Corais exóticos, peixes multicoloridos, aves marinhas e enormes baleias Jubarte são atrações imperdíveis. Prado, mais ao sul, tem praias recortadas por falésias.
Percorrendo toda a extensão que compreende a Baía de Todos os Santos até a Costa do Dendê, o mais novo produto turístico, Caminhos das Águas, compreende atrativos como turismo náutico, contemplativo, histórico-cultural, gastronômico, pesca esportiva e mergulho. Com uma infra-estrutura em franco crescimento, este produto é o justo caminho para o fortalecimento da conservação ambiental e desenvolvimento econômico das regiões compreendidas no circuito.”
Na direção Oeste, temos o mais diferenciado destino turístico baiano, que é Lençóis, porta de entrada da Chapada Diamantina, uma região própria para o turismo ecológico e de aventura, junto com os municípios de Andaraí e Mucugê.
A cidade é dotada de boa infra-estrutura hoteleira e serve de base para a exploração do belíssimo território da Chapada, formado por morros e montanhas, rios, corredeiras, cavernas, cachoeiras, flores exóticas e velhas cidades do tempo dos garimpos.
Fonte: www.sampa.art.br
Bahia
História
A história da Bahia se confunde com a própria história do país. Em Porto Seguro, no Extremo Sul da Bahia, no ano de 1500, o Brasil foi descoberto com a chegada dos portugueses e a celebração da primeira missa, em Coroa Vermelha, por frei Henrique Soares de Coimbra.
Nesses cinco séculos de muitas histórias, a Bahia foi palco de invasões, como a Holandesa, das guerras pela Independência, e de conflitos e revoltas, como a Sabinada e a dos Malês.
No século XVI, a Bahia foi movida pela economia do pau-brasil e da cana-de-açúcar, seguida pelo ciclo do ouro e do diamante.
A fase áurea da cana-de-açúcar, inclusive, proporcionou o surgimento da nobreza colonial, provocando um aumento populacional e também financeiro, principalmente na capital, o que pode ser comprovado pelas construções das principais igrejas da cidade, como a de São Francisco, a igreja de ouro, a venerável Ordem Terceira de São Francisco, com fachada em barroco espanhol, e a Catedral Basílica, onde está o túmulo de Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil, e a cela onde morreu o padre Antônio Vieira.
Belezas Naturais
A Bahia é também palco de cenários de rara beleza, onde a natureza reina absoluta e agracia os visitantes com todo o seu encanto; um verdadeiro toque dos deuses no Nordeste brasileiro. De norte a sul e de leste a oeste, a paisagem transforma a Bahia em um lugar especial.
Praias
Trata-se do tipo de turismo que oferece a presença conjunta de água, sol e calor. A combinação desses elementos constitui-se no principal fator de atratividade, ocasionada especialmente por temperaturas quentes ou amenas, propícias à balneabilidade. Apesar das datas oficiais, na verdade o verão é uma estação que começa bem antes de dezembro na Bahia. Nesta terra, o sol reina na maior parte do tempo e o clima é aprazível o ano inteiro.
Praias Barra do Rio Sauípe
O local é uma área de encontro entre as águas mornas do mar e as águas tranqüilas do rio, por isso é o mais procurado da região. É excelente para a prática de esportes náuticos, como caiaque e jet-ski. A infra-estrutura local inclui barracas de praia e um camping.
Massarandupió (naturismo)
Aproveitando seu isolamento, esta praia deserta, em 1999, tornou-se a primeira da categoria nudismo, na região. A paisagem inclui um mar de pequenas ondas, cercado de coqueiros e dunas exuberantes. Tanta tranqüilidade faz do local um dos pontos prediletos das tartarugas marinhas para a desova. A infra-estrutura ainda é mínima, com algumas barracas perto do povoado e uma bela área para camping, situada ao redor de uma lagoa, atrás das dunas.
Subaúma
Seus belos arrecifes, durante as baixas da maré, formam deliciosas piscinas naturais, que atraem visitantes do mundo inteiro. Com uma boa infra-estrutura, a praia oferece pousadas e barracas bem equipadas, que disponibilizam caiaques para aluguel. O local também é sede do Projeto Tamar, uma importante iniciativa para preservação das tartarugas marinhas. Cercada de lagoas e dunas exuberantes, Subaúma, de fato, é uma das grandes jóias da Costa dos Coqueiros.
Praia de Barra de Subaúma
O local é completamente urbanizado, com barracas de praia, restaurantes e pousadas. Os banhos de mar e de rio são favoráveis nesse trecho, que também é um excelente pesqueiro de robalo, pescada, canapum, vermelho e bagre. Os mergulhadores também se esbaldam com a grande ocorrência de lagosta em seus arrecifes.
Praia do Porto de Sauípe
As ondas fortes tornam o banho perigoso para quem não conhece a geografia do lugar. Por toda a faixa costeira há uma grande concentração de bares, restaurantes e pousadas. A presença de mulheres, que trançam artesanato em palha de piaçava, é uma marca registrada do local.
Praia de Baixio (Esplanada)
A entrada é margeada por uma lagoa, que encanta pela quantidade de pássaros, principalmente garças, que a freqüentam. É uma vila graciosa e bem cuidada por seus moradores. Baixio, praia excelente para pesca e banho, fica a 8 Km da cidade, contando com razoável infra-estrutura.
Praia de Mangue Seco
Marcada por suas dunas gigantes, que fizeram bastante sucesso na novela Tieta, Mangue Seco é um daqueles lugares onde a natureza exagerou no capricho. Sua história começou em 1548, quando alguns padres se salvaram de um naufrágio, e deram ao lugar, o primeiro nome de Vila de Santa Cruz da Bela Vista. De lá pra cá, as construções do período se tornaram ruínas históricas, e suas belezas naturais, a transformaram num dos mais concorridos destinos da belíssima Costa dos Coqueiros.
Em seus quase 30 km de extensão, as areias finas contornam um mar de características singulares. Durante a vazante apresenta águas tranqüilas, o que a torna muito boa para banho. O mesmo não acontece na maré cheia, quando ondas fortes quebram em toda a sua extensão, fazendo a alegria dos surfistas. O emocionante passeio de bugre é um dos seus mais badalados atrativos, já que, com ele, o visitante pode contornar as belas e famosas dunas, além de conhecer os encantos das praias vizinhas.
A região é cortada por inúmeros rios, que permitem não só banhos refrescantes, mas também a pesca de várias espécies de peixes. No Rio Fundo, mais especificamente, os visitantes, com sorte, poderão avistar o ameaçado peixe-boi, num fenômeno somente visto no Rio Amazonas. Seu acesso é dos mais difíceis, fazendo com que o clima pitoresco e rústico de Mangue Seco continue a fascinar aqueles que a conhecem.
Praias de Alcobaça
Praia do Coqueiro
Com boa formação e ondas grandes, a praia é indicada para um bom surf. Durante boa parte do ano fica quase que deserta, sendo perfeita também para acampamentos e viagens a casal. No verão, com o aumento no fluxo de visitantes, a sua única barraca organiza animadas festas, tornando-se o point do local.
Praia do Farol
Fica localizada dentro da área urbana da cidade, contando com um grande número casas para veraneio e barracas de praia especializadas na culinária local. Com um mar bastante tranqüilo, a praia é indicada para vários esportes náuticos.
Praia Neloris
A partir do município de Caravelas, com a ajuda de um barco ou veículo bem tracionado, chegasse a este belo local. A vegetação do mangue mistura-se às plantações de coco da região, dando um clima bem pitoresco a esta praia deserta e ótima para o banho.
Praia da Barra do Itanhém ou Barra de Alcobaça
Praia Urbana, com faixa de areia larga e clara, que se estende por três quilômetros até o encontro do rio com o mar. Neste exato local, o rio forma uma enseada calma e protegida, procurada principalmente por banhistas que preferem águas bem tranqüilas. Ainda inexplorada comercialmente, não conta com infra-estrutura, oferecendo apenas uma barraca de praia.
Praia de Alcobaça
Praia urbana da localidade, não apresenta grandes opções de lazer. Sua paisagem inclui muitos barcos de pesca ancorados, um vasto coqueiral e uma faixa plana de areia acinzentada, situada ás margens de um mar bem tranqüilo.
Praia do Centro
Com um mar propício para banho em todos os períodos da maré, a Praia do Centro, uma das mais movimentadas de Alcobaça, possui uma larga faixa de areia, ideal para caminhadas. Na parte sul, distante cerca de 1 km, encontra-se a barra do Rio Itanhém que, ao lado da praia marítima, é outro bom local para a prática de esportes náuticos, como caiaque, jet-ski, windsurf e slalom. A infra-estrutura turística é boa, oferecendo camping, bares, além de diversas barracas.
Praias de Belmonte
Praia da Barra
Bastante completa, esta praia cercada de mata nativa e coqueiros inclui, em seu roteiro, pesca de molinete, prática de surf e uma agradável visita às suas barracas de praia.
Praia de Belmonte
Considerada a mais movimentada da localidade, esta praia é palco de uma grande folia durante o verão, recebendo alguns trios-elétricos em sua orla. Com ondas um pouco revoltas, é bastante procurada pelos amantes do surf. No seu limite norte está a foz do Rio Jequitinhonha e, ao sul, um vasto tapete de areias desertas.
Praia de Mugiguiçaba
Dona de uma grande biodiversidade, a praia vem despertando grande atenção de ecologistas para sua preservação. Um rio de mesmo nome oferece, em suas águas límpidas e calmas, uma boa opção para banho. Apresenta boa infra-estrutura, com barracas, pousadas e área para camping.
Praia do Mangue Alto
Com cenários variados, apresentando áreas de restinga, mangues, brejos e coqueirais, esta bela praia oferece boas possibilidades de lazer. Banho, caminhadas e surf podem ser praticados, mas o destaque local fica por conta da pesca de bons peixes com molinete, incluindo a cavala, o robalo e a carapeba.
Praia do Rio Preto
Praia semideserta, marcada por um vasto coqueiral e muitos sítios particulares ao seu redor. Desprovida de infra-estrutura, ainda é muito pouco freqüentada.
Praias de Boipeba
Ponta de Bainema
Desprovida de infra-estrutura turística, a praia possui uma grande extensão, abrangendo uma enseada de águas bem tranqüilas. Seu ponto forte é o potencial pesqueiro. Com a maré baixa, surgem piscinas naturais perfeitas para o mergulho livre. Na parte que possui fundo de areia, a pesca de peixes e camarões-pistola com redes de arrasto movimenta a economia local, que direciona a produção para Valença.
Ponta dos Castelhanos
Uma belíssima praia deserta, marcada por um banco de corais perfeito para o mergulho. No fundo do mar, repousam até hoje os restos do navio espanhol Madre de Diós, naufragado nos primeiros anos da história do Brasil. Foi exatamente daí que surgiu o nome Ponta dos Castelhanos. Sem qualquer infra-estrutura, o local chama a atenção por ser um importante ponto na desova de tartarugas marinhas.
Praia de Cuieira
Boa para banho em todas as fases da maré, a praia adquiriu notoriedade por seus arrecifes, que proporcionam agradáveis mergulhos em águas quentes e cristalinas. Semideserta, a Cuieira ainda não conta com qualquer infra-estrutura.
Praia de Moreré
Entre as praias mais conhecidas de Boipeba, Moreré, situada na costa leste da ilha, abrange uma bela enseada de águas tranqüilas, cercada de recifes de corais, situados a cerca de 500 m da costa. As piscinas naturais que se formam neste ponto fazem, do local, uma área ideal para banhos relaxantes e para a prática de mergulho. Localizada nas imediações de um pequeno povoado bem pitoresco, a praia ainda apresenta um grande banco de areia que, durante a baixa da maré, permite, ao visitante, caminhar a partir da costa cerca de 300 metros mar adentro. Barracas bem equipadas, instaladas em suas extensas areias, servem petiscos deliciosos, além de pratos típicos da culinária local. O grande destaque fica por conta do camarão gigante, recém chegado do mar e frito na hora.
Praia de São Sebastião ou Cova da Onça
O passeio a este belo local inclui visitas a construções jesuíticas de grande valor histórico. Já a praia segue o perfil da região, com um vasto banco de corais e passarelas de areia, que adentram o espaço do mar durante a vazante da maré. No verão, estas praias temporárias são a grande sensação, atraindo um alto número de visitantes.
Praia de Tacimirim
Localizada num dos mais concorridos destinos da Costa do Dendê, na paradisíaca Ilha de Boipeba, Tacimirim é opção para aqueles que desejam mesclar tranqüilidade e beleza à prática de alguns esportes náuticos. O local consiste em um dos melhores pontos de mergulho de toda a região de Cairu. Durante a maré baixa, seus extensos arrecifes promovem o surgimento de belas piscinas naturais, de águas quentes e cristalinas, ideais para deliciosos banhos em família e para o mergulho livre.
A cerca de 5 Km da costa, já em mar aberto, um outro exuberante tapete de corais, com o mesmo nome, proporciona a prática do mergulho autônomo, aquele feito com auxilio de equipamentos, em maiores profundidades. Com muitos focos de mata preservada e um extenso coqueiral, a bela Tacimirim chama atenção também pela beleza de suas paisagens, que, no período de desova, abrilhantam-se com espetáculo promovido pelas tartarugas marinhas.
Praia de Velha Boipeba
Situada nas imediações do povoado de mesmo nome, esta praia é bastante peculiar. Fluvial, formada pelas abundantes águas do Rio do Inferno, a Praia de Velha Boipeba oferece excelentes condições para a prática de esportes náuticos e passeios de barcos. Sua infra-estrutura é boa, incluindo várias barracas especializadas no preparo de pescados da própria região.
Praias de Camaçari
Praia de Busca Vida
Com 9 km de extensão, esta praia de ondas fortes e mar aberto encontra-se quase privatizada, com a construção de um grande condomínio no local. Para curtir suas belezas, incluindo uma lagoa de mesmo nome, o visitante poderá chegar a pé ou de bicicleta. Os surfistas apreciam bastante as boas ondas que rolam lá, durante quase todo o ano.
Praia de Interlagos
Como o seu próprio nome já revela, a região está “entre lagos”, marcada por grandes dunas e um vasto coqueiral. A praia é de mar aberto com ondas fortes, o que atrai muitos surfistas. Tomada por um condomínio residencial de alto luxo, Interlagos só permite o acesso de automóveis dos moradores. Já para os pedestres, o acesso é livre.
Praia do Japonês
Bastante próxima a Jauá, sua vizinha mais famosa, esta praia é muito procurada por surfistas, que encontram no local, ondas com excelente formação em fundo de areia. O nome da praia foi atribuído ao seu primeiro habitante, um japonês.
Barra de Jacuípe
Situada a aproximadamente 58 Km de Salvador, a área abrange um povoado de mesmo nome, onde residem pescadores e pessoas que trabalham na região. Jacuípe é muito procurada para o veraneio, já que possui muitas casas em condomínios bem estruturados. O encontro do rio Jacuípe com o mar proporciona uma das mais belas paisagens do litoral norte. Dunas, coqueiral nativo, arrecifes e praias tranqüilas completam os atrativos. Uma paisagem deslumbrante, principalmente no pôr do sol, as águas tranqüilas do rio, são o palco perfeito para esportes aquáticos, é freqüente a presença de jet-ski em suas águas, a pesca também é uma prática assídua nestas águas. No pequeno porto é possível alugar uma canoa para passear no rio ou simplesmente fazer a travessia até uma ilha deserta formada pelos rios Capivara, Jacuípe e pelo mar. O local ainda é muito bom para o camping. Atenção apenas com mar, que, durante a maré alta, apresenta correntezas e ondas fortes.
Praia de Arembepe
Arembepe fica a mais ou menos 30 km de Salvador em direção ao norte. É possível chegar até lá pela Linha Verde, estrada que liga Salvador a Aracajú. A mais famosa aldeia Hippie do Brasil é um distrito de Camaçari, município que abriga belas praias e um dos maiores pólos petroquímicos do país. Sua beleza já encantou personalidades como Janis Joplin e os Novos Baianos, que lá fizeram longas estadias durante os anos 60. Várias cabanas rústicas se espalham por uma área cercada pela lagoa do Rio Capivara e pelas piscinas naturais formadas pelos recifes da praia. A praia, além de possuir águas cristalinas, também abriga uma das mais importantes iniciativas de proteção ambiental do Brasil, o Projeto Tamar, com áreas cercadas para proteger os ovos de tartarugas marinhas. O passeio a Arembepe vale a pena, tanto pelo clima de paz, quanto pelas diferentes opções de lazer que o lugar oferece.
Praia de Guarajuba
A praia de Guarajuba está localizada no km 43 da Estrada do Coco e possui um dos melhores potenciais turísticos do Litoral de Camaçari. Isso acontece graças a sua notável infra-estrutura. O local é totalmente urbanizado possuindo muitos condomínios, ruas arborizadas, boa sinalização, calçadão com ciclovia em toda extensão de sua orla, barracas de praia, bons restaurantes, sorveterias, shopping, casas noturnas, lanchonetes, delicatessens, lojas de conveniência, pousadas, hotéis, policiamento constante, fazendo de Guarajuba o point da região.
Praia de Itacimirim
A última praia da Estrada do Coco é também uma das mais bonitas. Aproximadamente a 48 km do Aeroporto Deputado Luiz Eduardo Magalhães em Salvador e a 6 km de Praia do Forte no início da Linha Verde, Itacimirim desponta no cenário das belas praias do Litoral Norte da Bahia como uma das mais harmoniosas e sossegadas. O principal potencial turístico é sua geografia. Originada de uma vila de pescadores, Itacimirim é formada por uma estreita faixa de terra tendo a leste o Oceano Atlântico e a oeste as lagoas Guarajuba e Velado por onde correm as águas de rio Itacimirim. Com um resort de alto luxo, restaurantes e boas barracas de praia, Itacimirim é marcada por sua boa infra-estrutura. Ao norte, o Rio Pojuca encontra o mar, deixando as águas mais escuras e atraindo muitos peixes, como o Robalo. Com um grande número de casas de veraneio, o movimento no local só aumenta nos grandes feriados e no verão. Durante o resto do ano, a população nativa e os surfistas, interessados nas belas ondas do local, povoam a praia de forma constante. Itacimirim é um refúgio perfeito, para dias de descanso inesquecíveis.
Praia de Jauá
A praia de Jauá está localizada entre os Km 15 e 16 da Estrada do Coco e é a primeira praia com acesso livre do Município de Camaçari. Pelo grande número de moradores permanentes, a localidade adquiriu um clima de cidade pequena. Em sua orla as noites de verão pegam fogo, recebendo um número muito grande de jovens que lotam seus bares. A praia de Jauá é perfeita para quem gosta de apreciar uma cerveja gelada, uma água de coco, comer um apetitoso acarajé ou saborear um delicioso prato de frutos do mar. São mais de 50 opções de barracas de praia pronta para servir aos seus visitantes, além de restaurantes, pousadas, mercado, farmácia, locadoras de filmes, praças, belas paisagens e um povo hospitaleiro. A sua orla de aproximadamente 2,5 KM de extensão é composta por 4 praias respectivamente, do sul ao norte: Praia do Japonês, Sororoca, Pedra da Baleia e Praia do Grilo. Oficialmente, o seu nome é uma referência a uma espécie de papagaio típica da região, que faz seus ninhos em coqueirais. O clima do local é muito agradável, deixando ótimas impressões naqueles que o visitam.
Praias de Camamu
Praia da Ponta da Pedreira
Esta bela praia de águas mornas e tranqüilas é o cenário ideal para programas bem relax, já que em quase toda a sua extensão é deserta. Formada a partir do encontro do rio com o mar, é também propícia à prática de esportes náuticos e banhos em todas as fases da maré. Na parte central da Ilha Grande, encontra-se um trecho conhecido como Cantagalo, responsável por toda a infra-estrutura local.
Praia do Âmbar
Um cenário pitoresco, com poucas casas de nativos da região. O mar calmo permite o banho a qualquer hora, além da prática de vários esportes náuticos. As areias são margeadas por mata nativa e coqueiros, dando ao local uma atmosfera de muita paz.
Praia da Ponta do Santo
Localizada na ilha de mesmo nome, é muito apreciada pelo seu mar tranqüilo, areias alvas e uma bela vegetação, que mistura coqueiros, mangueiras e dendezeiros. A praia é semideserta e ideal para o camping selvagem.
Praias de Canavieiras
Praia de Atalaia
Local em que as águas do Rio Pardo se encontram com as águas do mar, formando uma praia fluvial de águas mornas e calmas, com areias semidesertas. Durante a baixa das marés, grandes bancos de areia surgem, permitindo que os visitantes cheguem próximos à Praia do Japonês, na outra margem do rio. Na face sul, o encontro é com o Rio Jequitinhonha, na divisa com Belmonte. Esta área do litoral ainda não conta com maior infra-estrutura turística.
Praia da Barra do Albino
Localizada em uma área de confluência de rios, é marcada por ser o point do surf na região, atraindo notoriamente um público jovem. Barra do Albino é também uma excelente opção para banhos de água doce e uma boa pescaria. Possui uma razoável infra-estrutura turística.
Praia de Barra Velha
Suas paisagens mesclam mangues, rios, lagoas e coqueiros, formando um cenário bastante bucólico. A grande particularidade de Barra Velha, no entanto, é a presença de lamas medicinais, que atraíram nomes mundialmente famosos, como o heptacampeão de F1, Michael Shummacker, e o ator Harisson Ford. Segundo moradores da região, a lama ainda tem um efeito revitalizante e afrodisíaco. Boa praia para banho e esportes náuticos, já que possui águas bem tranqüilas.
Praia da Costa
É uma das mais bonitas e procuradas praias do município. Seu mar de águas mornas e calmas é propício para banho, principalmente durante a maré baixa. Com a entrada de alguns ventos, a mar muda de forma e surgem boas ondas para o surf. As areias da praia são finas e alvas, abrigando barracas bem equipadas para o preparo de deliciosos petiscos, a exemplo dos enormes caranguejos da região.
Praia de Patipe
Marcada por um extenso coqueiral, a praia mistura o mar, com a água doce dos rios que deságuam no local. Apresenta boas condições para a pesca, passeios de caiaque e windsurf.
Barra de Canavieiras
Possui várias cabanas de praia especializadas nos pratos típicos da região. As areias são planas e extensas, favorecendo as boas caminhadas, recompensadas, é claro, com um delicioso banho nas águas tranqüilas de seu mar.
Praias do Sul e Norte
Situadas em direções opostas, estas duas praias apresentam características bem semelhantes. São boas para pesca e, em suas paisagens, mesclam a vegetação de mangue com a Mata Atlântica remanescente da Costa do Cacau.
Praias de Caravelas
Praia da Barra de Caravelas
Suas águas tranqüilas banham o povoado de mesmo nome, sendo indicadas para a prática de esportes náuticos. No local, além de uma razoável infra-estrutura, o visitante encontrará a bela e histórica Igreja da Conceição.
Praia da Barra Nova
Considerada uma das mais preservadas da região, Barra Nova, praia de águas mistas e calmas, é perfeita para o banho. Sua face mais bela localiza-se ao norte, no local conhecido por Ponta do Catoeiro.
Praia da Ponta da Baleia
Situada na divisa com Alcobaça, esta praia de areias semidesertas, traz em suas paisagens grandes fazendas de gado. Seu mar geralmente apresenta pequenas ondas, sendo melhor para banho durante a maré baixa.
Praia de Aracaré
O banho aqui, curiosamente, só deve ser tomado com a maré cheia, pois, somente nessas circunstâncias, o mar transborda do Canal de Caravelas e avança sobre as areias escuras da praia. Aracaré é considerada um bom ponto para a pesca de siri, robalo e pescada, pois apresenta também um extenso mangue.
Praia de Grauçá
Em frente ao Povoado de mesmo nome, esta praia, de águas tranqüilas, tem na sombra das amêndoas o seu diferencial. As grandes árvores que se estendem sobre as barracas dão um clima pitoresco ao lugar. Outro grande atrativo é o Museu da Baleia, que conta com ossadas e um bom acervo sobre os animais.
Praia de Iemanjá
A praia é de mar aberto, oferecendo boas condições para surf e windsurf. Suas areias apresentam algumas barracas especializadas em mariscos, e são margeadas por um extenso coqueiral.
Praia do Quitongo
Praia mais próxima da cidade, Quitongo fica situada em frente à Ilha Cassumba, numa zona em que o rio se encontra com o mar. Durante a maré cheia, principalmente, é muito boa para a prática de windsurf e outros esportes náuticos. Sua paisagem apresenta vastos mangues, restingas e focos bem preservados da mata nativa.
Praia do Pontal do Sul
Uma bela praia isolada e praticamente deserta, com águas límpidas e areias brancas que se estendem por alguns quilômetros. Está separada da Praia do Grauçá por um estreito do mar. Até ela, a travessia é relativamente fácil, 5 Km de barco.
Praias de Igrapiúna
Pontal do Contrato
Compreende toda a ilha de mesmo nome, um ambiente deserto e paradisíaco, banhado por águas mornas e tranqüilas, que propiciam a prática de esportes náuticos. Em uma área quase intocada, junto à foz do Rio Sirinhaém, o pontal é o destino perfeito para quem ama o contato pleno com a natureza.
Ilha da Pedra Furada
O nome origina-se de uma escultura natural que marca o lugar. A pequena ilha, semideserta, conta uma fonte de água natural, rodeada pela mata nativa e por vastos coqueirais. O local, que é cercado de lendas, também é ponto de muitas oferendas para Iemanjá.
Ilha dos Tubarões
Sem contar com infra-estrutura turística, essa pequena ilha pitoresca da Baía de Camamu abriga somente algumas famílias de pescadores. Marcada por um extenso coqueiral, o lugar, de águas bem tranqüilas, é ideal para bons pegas de jet-ski e passeios de caiaque.
Praias de Ilhéus
Praia de São Miguel
Uma bela praia, com um vasto coqueiral, areias alvas e águas tranqüilas. A infra-estrutura inclui barracas e pousadas, situadas na vila local de pescadores.
Praia Boca da Barra Pinah
Uma prainha bem pitoresca, com muitas cabanas e caiaques disponíveis para um delicioso passeio. O mar local apresenta ótima piscosidade, com a ocorrência de espécies procuradas (robalo, carapeba, tainha e curimã).
Praia da Avenida
Com localização central, a praia passou por uma forte intervenção governamental para o tratamento de suas águas. Seus principais atrativos estão na sua orla, onde foram construídas quadras poli-esportivas, uma ciclovia, concha acústica, o circo Folias da Gabriela e o Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães.
Praia do Cristo
Como seu próprio nome pressupõe, nela há uma estátua do Cristo Redentor bastante procurada para visitação. Suas águas são recomendadas para algumas práticas esportivas, como passeios de caiaque, jet-ski e hobby-cat.
Praia da Concha
Uma praia com pequenas dimensões, que abrange apenas 100 m de extensão. Dela se tem uma boa vista da Baía do Pontal e da Praia da Avenida. Situada na base do Morro do Pernambuco, ainda mantém focos da vegetação nativa mesclada a muitos coqueiros. Suas águas são calmas e apropriadas para banho.
Praia do Sul de Ilhéus
Marcada por um denso coqueiral e resquícios de Mata Atlântica, esta praia urbana é uma das mais freqüentadas da cidade. Em toda a sua extensão é grande o número de barracas especializadas em comidas típicas. Na água, trechos de arrecifes e piscinas naturais, com fundo de areia, são procurados para mergulhos e surf.
Praia do Cai NÁgua
Com barracas bem equipadas, águas límpidas e tranqüilas em muitos pontos, a praia é perfeita para a família. Situada dentro do povoado de mesmo nome, conta também com inúmeras casas para o veraneio.
Praia do Pontal
Curiosamente limpa, já que se situa no estuário dos rios que compõem a Bacia de Ilhéus, a Praia do Pontal é também muito tranqüila. Local de largada das etapas do Campeonato Mundial de Triatlon, realizadas em Ilhéus, é ótima para boas nadadas, além de passeios de caiaque e jet-ski.
Praia do Norte
Mesclando uma faixa de coqueiros com Mata Atlântica nativa, a praia tem o Rio Almada correndo em paralelo por muitos km. Possui cabanas padronizadas e uma extensa ciclovia. Boa para banho, caminhadas, surf e pesca (carapeba, tainha, robalo e pescada).
Praia Mar e Sol
Excelente para boas caminhadas e banho, a praia também converge a prática de vários esportes, como caminhadas, ciclismo, pesca e futebol. Além das barracas de praia, ainda existem pontos de venda de artesanatos e objetos artísticos (tecidos pintados à mão, gravuras em metal, óleo sobre tela, camisetas com pinturas individualizadas, etc). Com a maré baixa, o mar ainda forma piscinas naturais de águas quentes e cristalinas.
Praia do Jóia
Com uma grande faixa de coqueiros, muitas barracas e cabanas de praia, esta praia é ideal para uma boa caminhada e um delicioso banho de mar.
Praia dos Coqueiros
Possui ótima infra-estrutura, com pousadas de bom nível e muitas cabanas especializadas em tira-gostos. A praia é indicada para banho e caminhadas, contando ainda com jangadas para a pesca em alto mar.
Praia Ponta do Ramo
Com as mesmas características de toda a orla de Ilhéus, apresentando barracas e um mar indicado para o banho, a Ponta do Ramo também é considerada um bom ponto para a pesca.
Praia Ponta da Tulha
Com um vasto coqueiral, comum nas praias da região, a Ponta da Tulha conta com inúmeras pousadas, casas de veraneio, bares e cabanas, todos circulados por uma vila de pescadores.
Praia dos Milionários
O nome deve-se ao fato de que antigamente era freqüentada pelos ricos coronéis do cacau. Hoje, é a mais procurada do litoral sul pelos banhistas e turistas, apresentando uma extensa faixa areia margeada por um coqueiral. Sua infra-estrutura inclui um camping, várias cabanas padronizadas, chuveiros e sanitários.
Praia Cururupe
Praia rica em manguezais possui também cabanas e caiaques para aluguel. Tem um grande significado histórico, já que o local foi palco de uma batalha em 1559, que quase dizimou a aldeia dos índios tupiniquins.
Praia do Back Door
Primeira praia do distrito de Olivença é caracterizada por suas grandes ondas. Em virtude disso tornou-se sede dos mais importantes campeonatos do esporte realizados no estado. Para o banho, no entanto, a praia é desaconselhada.
Praia de Batuba
Sua paisagem mistura um vasto coqueiral e muitos arrecifes. É muito freqüentada, principalmente por surfistas, que não dispensam suas boas ondas. No local existem vários restaurantes especializados em frutos do mar e um bom camping, com adequada infra-estrutura.
Praia de Canabrava
Uma das praias prediletas pelos veranistas, possui inúmeras casas e chalés para aluguel. Sua paisagem mistura coqueirais, recifes de corais e grandes empreendimentos turísticos (resorts).
Praia de Acuípe
Possui uma paisagem peculiar, mesclando a vegetação de restinga com um belo coqueiral. Em Acuípe, vários hotéis e pousadas estão instalados, oferecendo ao visitante ótima infra-estrutura. A praia é boa para caminhadas, banho de mar e pesca de molinete.
Praias de Imbassaí
Praia de Imbassaí
Considerada um dos principais destinos da Costa dos Coqueiros, Imbassaí oferece opções bastante variadas para um passeio inesquecível. O local é cercado de coqueiros, dunas e belos rios, ideais para a prática de esportes, como rafting, canoagem e pesca de linha. Pontos de grande beleza, como a Cachoeira Dona Zilda e a Lagoa Jauara, são passagem obrigatória em qualquer roteiro local. Na praia, os vastos arrecifes formam piscinas naturais quentes e cristalinas durante a maré baixa, proporcionando deliciosos banhos para toda a família.
Praia de Santo Antônio
A praia é paradisíaca, isolada por extensas dunas e coqueirais. Para chegar ao local, o visitante deve percorrer 5km a partir da Vila de Diogo, e depois enfrentar mais 25 minutos de caminhada em meio às dunas. Neste ponto, descortina-se um povoado bem pitoresco, que circula a Praia de Santo Antônio. Artigos confeccionados com palha de coqueiros movimentam a economia local, e podem ser encontrados para a venda.
Praia de Diogo
Situada a apenas 6,5km de Imbassaí, na linha verde, Diogo é uma pequena vila onde agricultores e pescadores convivem em plena harmonia com a natureza. O artesanato tem seu lugar de destaque, graças à piaçava da região e a perícia das mulheres da aldeia, que desenvolvem um trabalho realmente muito bonito. A praia apresenta as mesmas características das demais na região, com coqueiros, dunas e areias extensas.
Praias de Itaparica
Ponta de Areia
Esta bela praia de águas mansas tornou-se, nos últimos anos, um dos principais destinos turísticos da Baía de Todos os Santos. Pela proximidade com Salvador, vários saveiros e escunas lotados de turistas costumam desembarcar lá no verão, buscando o seu clima pitoresco, apimentado pela culinária regional servida nas muitas barracas da praia.
Manguinhos
Pequena enseada de águas límpidas e quentes, que oferece boas condições para a prática de mergulho e de outros esportes náuticos. Um vilarejo modesto, composto, em sua maioria, por casas de veraneio, oferece uma infra-estrutura ainda mínima.
Porto do Santo
Apresenta um mar de águas calmas e propícias para prática de qualquer tipo de esporte náutico, durante todos os períodos das marés. As areias semidesertas, repletas de búzios, também possuem formações rochosas em todo o trecho. Na parte sul, próxima ao local de atracação dos ferry-boats, predomina a vegetação característica de mangue.
Gameleira
Oferece um mar de águas mornas e calmas, propícias para banhos e qualquer tipo de esporte náutico, em todos os períodos das marés. Suas extensas areias encontram-se à frente do vilarejo de mesmo nome, e apresentam inúmeras barracas que servem petiscos. Com razoável infra-estrutura, Gameleira, em sua parte norte, ainda possui, num píer de pedras, um bom ponto para a pesca de linha.
Praias de Ituberá
Barra do Sirinhaém
A praia possui uma extensão de 5 km, possuindo uma face fluvial, onde os barcos pesqueiros aportam, e uma marítima, com extensos coqueirais e um mar bem tranqüilo. No local, que é semideserto, existe apenas uma vila de pescadores, com uma infra-estrutura ainda muito baixa. Por isso, esse é o destino ideal para um passeio com duração de um dia. A permanência exigirá espírito de aventura para um inesquecível camping selvagem.
Praia da Boca da Lagoa
Com a grande extensão de 15 km, esta linda praia semideserta é o roteiro ideal para os amantes de aventura. Sem qualquer infra-estrutura, a Boca da Lagoa possui mar tranqüilo, com o surgimento de piscinas naturais durante a vazante da maré. Seu nome originou-se, por lá existir uma lagoa bem próxima ao mar, ideal para banho, camping selvagem, pesca e outros esportes náuticos.
Praia de Pratigi
Grande jóia da região, a praia ficou conhecida por sediar, durante os festejos de fim de ano, a grande festa da música eletrônica, o Universo Paralelo, que atrai jovens de todas as partes do Brasil e do Mundo. Durante quase todo ano, no entanto, fica deserta, apresentando sempre um mar esverdeado de águas mornas e calmas, além de uma infra-estrutura ainda reduzida, com poucas pousadas e uma vila nativa.
Praias de Lauro de Freitas
Praia de Ipitanga
Procurada inicialmente por suas boas ondas, Ipitanga tornou-se, em poucos anos, a praia mais badalada de toda a Grande Salvador. Localizada na exata divisa entre a capital e o município de Lauro de Freitas, Ipitanga, durante os fins de semana, fica lotada de visitantes. Tanta demanda se explica pela grande infra-estrutura local, que conta com pousadas, restaurantes e cabanas de praia bem sofisticadas. Além destes atributos, a praia é o grande point dos jovens, que costumam se instalar num pequeno trecho chamado de Aleluia. O banho é delicioso, já que em alguns pontos, surgem piscinas naturais de águas mornas.
Praia de Buraquinho
Suas areias são enfeitadas por coqueiros e formações rochosas bem interessantes. Na parte sul, o mar possui ondas fortes, sendo melhor para o banho durante a vazante da maré. Ao norte, encontra-se com a foz do Rio Joanes, num trecho de mar/rio excelente para boas manobras de jet-ski e passeios de caiaque. Como Buraquinho só entrou no circuito turístico a poucos anos, sua infra-estrutura ainda é pequena.
Vilas do Atlântico
Dentro de Lauro de Freitas, cerca de 5km após o Aeroporto Internacional de Salvador, está Vilas do Atlântico. Situada dentro de um condomínio fechado, com completa infra-estrutura e segurança, a bela praia, em seus 6 km de extensão, tem como marca maior seu vasto coqueiral e areias bastante alvas. Seu sucesso explica-se não só por suas belezas, mas por ser ela, uma alternativa prática, para fugir da rotina atribulada da capital. Esta é Vilas do Atlântico, uma das praias mais procuradas do Litoral Norte, devido às variadas opções de lazer que oferece: surf, futebol de areia, vôlei, frescobol, além de muita sombra e água fresca. Barracas bem equipadas servem desde os tradicionais tira-gostos praieiros (peixe frito, caranguejo, lambreta e caldos diversos) a pratos requintados da culinária internacional, incluindo sushis e sashimis. A cerveja está sempre gelada e a tradicional caipirinha tem saída garantida. O condomínio ainda conta flats, pousadas, hotéis, shoppings, cinema e restaurantes, para quem quiser esticar o programa.
Praias de Madre de Deus
A partir do centro até a Ponta do Suape, a orla marítima de Madre de Deus tem 3,5 km de praias bem urbanizadas, com calçadão, ciclovia e barracas padronizadas. Com ótimas condições para banho, em qualquer fase das marés, a tranqüila Praia da Costa se tornou a mais requisitada da região. Nela, bem em frente ao mar, está situada a singela Capela de Nosso Senhor do Bonfim. A Ponta do Suape, porém, apresenta um mar bastante perigoso, mas rodeado por paisagens de rara beleza. De ambas, descortina-se belas vistas de Salvador e da Baía de Todos os Santos.
Praias de Mucuri
Praia da Costa Dourada
Distante apenas 5 km da divisa entre Bahia e Espírito Santo, esta praia semideserta tem, como principais características, um paredão de falésias e areias muito extensas que, na maré baixa, chegam à 30 m de largura. Seu acesso é dificultado não somente pela distância que possui em relação às cidades da região, mas também por um cinturão de Eucaliptos, que tomou o lugar da Mata Atlântica nativa. Alguns riachos recortam sua paisagem na parte interior. Já na praia, os muitos arrecifes formam belíssimas piscinas naturais, ideais para banho e mergulho. A infra-estrutura é pequena, com poucos bares, restaurantes e pousadas.
Praia da Jacutinga
Com uma grande extensão, areias largas e desertas, a Jacutinga foge um pouco das características presentes nas praias da região. De mar aberto, apresenta ondas fortes, ideais para a prática do surf. A vegetação predominante é a restinga, que se mistura com as pequenas casas de pescadores nativos.
Praia de Malvinas e Praia do Pôr-do-Sol
Praias vizinhas que apresentam traços similares. Suas águas são tranqüilas, mornas e esverdeadas, apresentando boas condições para banho, a qualquer hora. Na Praia do Pôr-do-Sol fica um dos únicos pontos de desova de tartarugas marinhas em todo o litoral sul da Bahia.
Praia do Centro
Praia central da Localidade de Mucuri apresenta águas mornas e tranqüilas, ideais para banho e prática de alguns esportes náuticos. Sua paisagem mescla coqueiros e algumas casas de veraneio. Localizada dentro da cidade, possui boa infra-estrutura, com inúmeras cabanas de praia, especializadas na culinária local.
Praia dos Lençóis da Velha
As areias brancas, que inspiraram o nome do local, compõem a paisagem junto com rochas, coqueirais e falésias. Estas últimas proporcionam um espetáculo à parte, já que apresentam várias camadas de diferentes cores em sua face.
Praia da Barra
Esta praia situa-se na margem direita do Rio Mucuri, litoral sul, início da Área de Proteção Ambiental da Costa Dourada. Apresenta areias planas, vegetação rasteira e mar bastante agitado, pelo fato de estar próxima à foz do rio. Não tem qualquer infra-estrutura, mas é ponto de partida para quem vai fazer trekking na Costa Dourada. Para alcançá-la, a maioria dos freqüentadores atravessa o rio de barco ou de canoa, sendo que o acesso mais fácil é feito a partir da cidade.
Praia dos Coqueiros
O rio das Ostras desemboca nessa praia, oferecendo uma deliciosa opção para o banho de água doce. O local é muito freqüentado por banhistas e pescadores. Estes últimos encontram na barreira de arrecifes, bem próxima às falésias, um quebra-mar natural, excelente para a pesca de arremesso. A praia dispõe de pequena infra-estrutura, com poucas barracas e restaurantes.
Praia do Riacho Doce
Seu nome justifica-se pela existência de um belo riacho com mesmo nome, que, além de oferecer boa opção para banho, assinala o fim do litoral baiano no sentido sul. Localiza-se em uma zona de praias praticamente desertas, que inclui a Praia do Sossego e a Costa Dourada. Marca o início da melhor rota de trekking costeiro do sul do estado, ideal para uma grande aventura, com camping selvagem.
Praias de Nilo Peçanha
Praia de Barra dos Carvalhos
O cenário é bastante pitoresco, incluindo não só a praia, mas também um povoado de mesmo nome. A economia local é baseada na extração de dendê, no artesanato e, sobretudo, na pesca. Suas águas mansas e mornas foram agraciadas com dezenas de espécies de peixes bem procurados, no entanto, o camarão é o grande destaque da localidade. A praia de areias planas possui 20 km de extensão, sendo limitada pelo Canal dos Patos, que separa a Ilha de Boipeba do continente. Com pequena infra-estrutura turística, Barra dos Carvalhos é ideal para o camping selvagem.
Praias de Nova Viçosa
Praia da Barra
Localizada em frente à orla da cidade, tem como principal característica, o ancoradouro das embarcações locais. Suas águas mistas são resultantes do encontro do rio com o mar, apresentando-se tranqüilas para a prática de esportes náuticos. Oferece boa infra-estrutura, com pousadas instaladas na própria Avenida Oceânica, e inúmeras barracas especializadas em petiscos do mar.
Praia da Barra Velha
Praia praticamente virgem, que apresenta um cenário paradisíaco. Suas águas mansas e cristalinas são ótimas para a prática de inúmeros esportes náuticos. Por ser praticamente deserta, muitos visitantes praticam o nudismo em uma boa faixa de suas areias alvas. Na sua face sul, a paisagem muda um pouco, com a ocorrência de vastos manguezais.
Praia de Lugar Comum
Entre as mais procuradas do município, esta praia apresenta um mar de águas propícias para banho, em todos os períodos das marés. As areias largas, com búzios e alguns coqueiros ao fundo, contam com a presença de diversas barracas equipadas, que costumam funcionar, inclusive, durante a noite nas altas-estações.
Praia do Pontal
Durante a maré baixa surgem extensos bancos de areia separados por lagoas naturais. A Praia do Pontal apresenta um mar bastante calmo, mesclando em sua paisagem, coqueirais e areias bem alvas. Algumas frutas típicas crescem em abundancia no local, como pitanga e caju. O lugar conta com muitas barracas de praia, que proporcionam conforto aos visitantes, com banhos de água doce e deliciosos pratos regionais.
Praia de Sabacuí
Sua face norte está entre os maiores points da cidade, oferecendo boa infra-estrutura turística, com hotel fazenda, bares, restaurantes e um pequeno parque aquático. Ao sul, é quase deserta, com a presença de poucas casas de pescadores. Em toda a sua extensão, apresenta águas tranqüilas em qualquer fase da maré.
Praia do Pau Fincado
O seu mar de águas mornas e calmas proporciona banhos relaxantes em qualquer período das marés. Suas areias planas se distribuem por uma longa extensão, e têm instalados inúmeros quiosques que servem deliciosos pescados. Com uma boa infra-estrutura, o local ainda oferece belos artesanatos em madeira.
Praia da Costa do Atlântico
Suas águas possuem características diferentes em relação às da região, apresentando ondas fortes, principalmente durante a maré cheia. O local ainda é um bom pesqueiro de robalos e camarão, fato que trouxe para as suas redondezas apenas algumas casas de pescadores. Suas areias desertas são perfeitas para longas caminhadas, quando é possível contemplar a vegetação, que mistura restinga e mata nativa.
Praias de Porto Seguro
Praia de Barramares
Na praia, o grande ponto notável é a Barraca Barramares, point de grandes agitos na cidade. O local oferece a tradicional lambaeróbica; dança que, conforme o próprio nome sugere, mistura a sensualidade da lambada com as coreografias alucinantes da aeróbica. Esportes como o beach soccer e vôlei, além de boas quedas na banana-boat, fazem a alegria dos visitantes. À noite, são realizados luaus, com shows de voz e violão, ambientados com fogueiras e tochas até o mar. Oferece ônibus grátis no trecho até a praia. A infra-estrutura é das mais completas, com telefones, bancos e mini-shopping. No mar, que se encontra próximo a um manguezal, as condições de banho são boas a qualquer hora.
Praia de Cruzeiro
Apesar de sua localização central, é pouco procurada por turistas. Situada próxima à foz do Rio Buranhém, apresenta águas escurecidas, sendo utilizada principalmente para atracação dos saveiros turísticos da cidade. Por estar na frente da Passarela do Álcool, local de maior fluxo de visitantes, oferece boa infra-estrutura somente em suas imediações.
Praia de Mundaí
Enseada de águas calmas, mornas e transparentes, ideal para o mergulho, já que possui inúmeras piscinas naturais, que surgem durante a maré baixa. As areias de Mundaí são enfeitadas por muitas conchas e contam com diversas barracas de praia bem-equipadas.
Praia de Tacimirim
A praia se dispõe de forma sinuosa nos seus 950m de extensão. O mar, como na maioria das praias da região, é morno e bem tranqüilo, oferecendo boas condições para banho a qualquer hora do dia. Durante a vazante das marés, surgem inúmeras piscinas naturais, ideais para momentos relaxantes com toda a família. Nas suas areias alvas, existem boas barracas de praia especializadas no preparo de frutos do mar.
Praia do Espelho
O nome surgiu de um belo efeito que o mar causa, refletindo, como um espelho, a paisagem que margeia suas areias. Semideserta, é ideal para momentos de privacidade, sendo alcançada apenas à pé. Em sua extensão, esbanja primazia com falésias, piscinas naturais e alguns rios que deságuam no local, oferecendo alternativas excelentes para banho e pesca.
Praia de Taperapuã
Muito movimentada, tem algumas das barracas de praia mais badaladas da cidade, quadras de esportes e outros equipamentos de lazer para aluguel, como banana-jet e caiaques. Boa para banho com águas de ondas fracas, que formam piscinas naturais durante a maré baixa.
Praia da Pedra Grande
Dotada de uma excelente infra-estrutura, Pedra Grande é marcada por seus muitos arrecifes e rochas vestigiais presentes em sua costa; fato este que motivou seu nome. As águas são tranqüilas e cristalinas, tornando-se um palco perfeito para divertidos passeios de jet-ski e banana-boat.
Praias de Salinas das Margaridas
Praia da Barra do Rio Itapicuru
Salinas da Margarida encontra-se próxima à face oeste da Ilha de Itaparica, um local onde deságuam muitos rios. A Barra do Rio Itapicuru é uma das praias marítimo/fluviais mais procuradas desta região. Suas águas são mornas, calmas e bastante piscosas, favorecendo deliciosos banhos, passeios de caiaque e pesca de linha. Bem próxima de lá, está uma ótima opção para banho de água doce. Entre o mangue e as dunas locais está o Cavalo Russo, um córrego de águas limpas e transparentes.
Praia da Encarnação
Apresentando características semelhantes às das praias da região, a Praia da Encarnação tem, num mar morno e calmo, a sua principal marca. Sua paisagem agrega vastos manguezais, areias alvas e casas de veraneio. A pesca de siri com o gereré (armadilha local), além da procura na areia de alguns moluscos chamados de chumbinhos são excelentes diversões que podem gerar bons petiscos.
Praia de Araçá
Praia de águas mornas e tranqüilas, ideais para banho em qualquer período das marés. Bom local para pesca de linha e de gereré. Pode-se também dar um passeio para contemplar o rico ecossistema dos mangues, com diversas aves, ostras e espécies de crustáceos.
Praias de Salinas das Margaridas
Praia da Barra do Rio Itapicuru
Salinas da Margarida encontra-se próxima à face oeste da Ilha de Itaparica, um local onde deságuam muitos rios. A Barra do Rio Itapicuru é uma das praias marítimo/fluviais mais procuradas desta região. Suas águas são mornas, calmas e bastante piscosas, favorecendo deliciosos banhos, passeios de caiaque e pesca de linha. Bem próxima de lá, está uma ótima opção para banho de água doce. Entre o mangue e as dunas locais está o Cavalo Russo, um córrego de águas limpas e transparentes.
Praia da Encarnação
Apresentando características semelhantes às das praias da região, a Praia da Encarnação tem, num mar morno e calmo, a sua principal marca. Sua paisagem agrega vastos manguezais, areias alvas e casas de veraneio. A pesca de siri com o gereré (armadilha local), além da procura na areia de alguns moluscos chamados de chumbinhos são excelentes diversões que podem gerar bons petiscos.
Praia de Araçá
Praia de águas mornas e tranqüilas, ideais para banho em qualquer período das marés. Bom local para pesca de linha e de gereré. Pode-se também dar um passeio para contemplar o rico ecossistema dos mangues, com diversas aves, ostras e espécies de crustáceos.
Praias de Salvador
Praia do Botelho/ Ilha de Maré
Com areias semidesertas e águas bem mornas, a Praia do Botelho pode ser considerada uma síntese de toda a ilha. No local é comum a prática de mergulho e outros esportes náuticos, já que o mar apresenta-se sempre tranqüilo. Um bom restaurante, com píer próprio, atrai muitas escunas e embarcações turísticas ao local.
Praia das Neves | Ilha de Maré
Esta é a mais bem estruturada praia da Ilha de Maré. Seu mar, de águas mornas e sem ondas, é margeado por vastas areias, repletas de barracas especializadas em frutos do mar. O local é ideal para passeios de caiaque e jet-ski, além de mergulho, somente quando a ausência de ventos mantém seu mar cristalino. A igreja de Nossa Senhora de Santana, datada de 1552, é uma excelente dica de passeio.
Loreto | Ilha dos Frades
Praia de águas mansas, mornas e cristalinas, que mesmo estando próxima à refinaria local, se mantém preservada. As condições para banho são formidáveis em qualquer período das marés. No entanto, com a vazante, descortina-se uma grande e bela piscina natural, muito boa para o mergulho. Na parte sul, numa pequena enseada, fica a pitoresca Igreja de Nossa Senhora do Loreto, que também merece uma visita. Para estadia, a grande pedida é o camping selvagem, já que o local tem uma baixa infra-estrutura.
Paramana | Ilha dos Frades
Na parte central da ilha está situada esta bela praia de águas mornas e calmas. Durante a vazante da maré, surgem, no trecho próximo ao caís, belas piscinas naturais, consideradas excelentes para pesca de linha e mergulho. As areias são alvas e abrigam barracas especializadas no preparo de pescados. Rumo ao interior da Ilha, em meio aos focos preservados de Mata Atlântica, estão alguns riachos e cachoeiras, ideais para banhos de água doce.
Ponta de Nossa Senhora | Ilha dos Frades
Mais freqüentada e famosa dentre as praias da localidade, a Ponta de Nossa Senhora é o local perfeito para um dia em família. Sua praia sem ondas e de águas transparentes é ideal para o lazer das crianças e prática de esportes náuticos. Na areia, palco de outros esportes como o frescobol, existem boas barracas especializadas em mariscos.
Praia da Viração | Ilha dos Frades
Margeadas pela mata atlântica e por algumas formações rochosas, as areias desertas de Viração são mais procuradas pelos adeptos do nudismo. O mar apresenta as mesmas características em toda a região, possibilitando banhos deliciosos em qualquer fase da maré. Sem infra-estrutura, o local é ideal para passeios diários ou o camping selvagem.
São Tomé de Paripe
Situada no extremo sul do litoral de Salvador, esta praia, de águas mansas, torna-se o grande point da região nos finais de semana. A orla oferece bares e restaurantes especializados no preparo de frutos do mar. No local há um caís que liga a capital às Ilhas dos Frades e de Maré. Praias das redondezas estão inseridas em um projeto ambiental de despoluição, uma iniciativa tomada pela prefeitura da cidade.
Ribeira
Praia mais famosa da chamada Cidade Baixa (orla sul da cidade), a Ribeira ganhou notoriedade pela sua movimentada orla, repleta de bares e bons restaurantes. As areias são extensas e possuem muitas barracas de praia. A marca registrada do lugar é o seu sorvete, apontado como o mais tradicional e saboroso de Salvador. Durante os fins de semana, centenas de pessoas saem de outros extremos da cidade para se deliciarem no local, que oferece ainda uma disputada carne do sol com pirão de aipim.
Porto da Barra
Predileta entre os turistas, sobretudo por sua localização, o Porto ,como é conhecido o local, compreende uma pequena enseada 600 metros, com águas cristalinas e calmas durante a vazante. O local tem um traço peculiar, possuindo apenas uma barraca convencional e dezenas de vendedores autônomos de cerveja e petiscos. Sua paisagem lembra muito as praias do Rio de Janeiro, já que os visitantes se espalham nas areias ao invés de barracas. Mergulho, vôlei e frescobol são esportes bastante praticados no local, que é muito bem freqüentado, sobretudo durante a semana.
Farol da Barra
A praia mescla pontos de águas tranqüilas, com outros ideais para a pratica de surf. Não é tão procurada para banho quanto o Porto, mas apresenta águas mornas e cristalinas, que compõem uma bela paisagem. A riqueza arquitetônica é enorme, sediando, inclusive, o mais conhecido ponto turístico da cidade: o Farol da Barra.
Ondina
Em sua orla, os trios se despedem nos dias de carnaval. O mar geralmente se apresenta cristalino, proporcionando banhos e bons mergulhos durante a vazante, fase da maré em que surgem algumas piscinas naturais. As areias são pouco extensas, mas apresentam inúmeras barracas no trecho sul. Ao norte, no sentido Rio Vermelho, a ausência da barreira de corais faz com que as ondas penetrem com bom volume na enseada, permitindo um surf radical. Localizada em um bairro nobre, de mesmo nome, a sua região ainda inclui na parte interior: o Palácio do Governador, o Zoológico municipal e o Alto de Ondina, um famoso mirante natural.
Rio vermelho
Se o desejo for o de dar um mergulho no mar, deve-se procurar o único trecho despoluído desta área, conhecido popularmente como Buracão. No entanto, para curtir agitos, apreciar bons restaurantes e hotéis, e provar o melhor acarajé do mundo, o Rio vermelho, de fato, é o lugar. Conhecido como o point da Boemia, o local é palco da grande festa do dia 02 de fevereiro, data em que milhares de pessoas lotam toda a orla do local, para demonstrar uma impressionante devoção por Iemanjá, a Rainha das águas.
Amarilina
As areias extensas do local são palco de alguns esportes como o beach soccer e o vôlei de praia. O mar apresenta ondas fortes durante a maré alta, o que atrai alguns surfistas ao local. Nos dias de sol, quando as águas estão menos mexidas, surgem excelentes pontos de mergulho junto aos corais. Outro ponto notável em Amaralina é o famoso Quiosque das baianas, onde cerca de seis delas servem deliciosos acarajés durante todo o dia.
Pituba
Considerado impróprio para banho, o lugar costuma ser mais requisitada na sua parte interior, onde estão bons hotéis e restaurantes. O bairro, de mesmo nome, ainda detém a melhor infra-estrutura da cidade, contando com danceterias, fast-foods, shoppings e teatros. A sua orla foi reurbanizada, oferecendo no complexo do Jardim dos Namorados e no Parque Costa Azul, ciclovia, pista de cooper, anfiteatro, aparelhos para musculação e quadras poli-esportivas.
Jardim de Alah
Seu mar ocasionalmente encontra-se impróprio para banho, devido a sua proximidade com os emissários da Pituba. Sua marca registrada, no entanto, é um tapete de grama cercado por coqueiros. O detalhe é que ele fica sobre uma pequena falésia, funcionando como um mirante natural. Durante a alta estação, o local é palco do Projeto Verão Light, que oferece aulas de aeróbica, alongamento e ginástica para a comunidade. A praia tem extensas areias onde distribuem-se várias barracas e se pratica alguns esportes. As ondas são fortes e cavadas, oferecendo boas condições para o surf.
Armação
A praia mantém as mesmas características da vizinha, Jardim da Alah. Nas areias largas e alvas costuma haver a prática do vôlei de praia e do beach soccer. O calçadão que a margeia é um dos prediletos para o cooper e ciclismo. O mar é desaconselhado para banho em virtude da sua força, fato este que acaba atraindo os amantes do surf. Em sua orla, ainda foi erguido o Aeroclube Plaza Show, um complexo de entretenimento, com lojas, restaurantes, cinema, música, danceteria e total infra-estrutura.
Praia do Corsário
Considerada boa para banho durante a vazante das marés, já que suas águas apresentam-se mornas e com menos ondas. A direção do vento às vezes muda, fazendo surgir boas ondas para o surf no local. Suas areias, lotadas de cabanas de praia, são largas, privilegiando a prática do frescobol e do beach soccer.
Praia de Jaguaribe
Esta talvez esteja entre as três praias mais freqüentadas da orla de Salvador. Suas areias alvas são repletas de cabanas, especializadas no preparo de petiscos do mar. Existe um trecho, mais ao norte, sem barracas, onde tradicionalmente ocorrem partidas de futevôlei, beach soccer e frescobol. Jaguaribe também é um grande point dos jovens, muitos deles atraídos pelas boas ondas do local. Alguns campeonatos de surf, inclusive, são realizados em suas águas.
Piatã
Praia de mar aberto, com boas ondas para o surf, Piatã não difere muito das suas vizinhas. As águas mornas apresentam boas condições para banho, principalmente durante a maré baixa. Suas areias dispõem de alguns espaços para a prática de esportes, mas a maioria de sua extensão apresenta barracas de praia bem equipadas, ideais para aqueles que preferem sentar e apreciar alguns frutos do mar. O calçadão que margeia sua orla é bastante requisitado para caminhadas matinais e ciclismo.
Itapuã
Recanto predileto de algumas personalidades, como Juca Chaves e Calasans Neto, Itapuã alcançou fama internacional mesmo, com a famosa composição de Vinicius de Moraes: Uma tarde em itapuã. As areias contam com presença de coqueiros, formações rochosas e barracas bem equipadas, que servem ótimos pescados e pratos típicos. No local, ainda é possível saborear um delicioso acarajé junto a duas das baianas mais famosas da cidade: Cira e Deja. A dica é visitar as faixas de praia da Rua K e do Farol de Itapuã, já que estes trechos apresentam maior infra-estrura e piscinas naturais, excelentes para banhos em família.
Stella Maris
A praia está entre as mais badaladas do verão de salvador, já que conta barracas super equipadas, e especializadas no preparo de pratos e drinks típicos. Suas areias apresentam-se bem extensas durante a maré baixa, ocasião em que afloram arrecifes e piscinas naturais. O surf também é muito praticado, colocando o local na rota das principais competições regionais. A sua paisagem inclui, ainda, vastos coqueirais, vegetação de restinga e condomínios de alto luxo.
Praia do Flamengo
De sua vizinha Stella Maris até Ipitanga, praia já pertencente ao município de Lauro de Freitas, localiza-se uma faixa super badalada do litoral metropolitano. Dentro deste trecho, a Praia do Flamengo também conta com uma excelente infra-estrutura, que inclui algumas das melhores barracas de praia de toda a costa de Salvador, e inúmeros vilages, que podem ser alugados para temporadas. O mar apresenta trechos com arrecifes, que durante a vazante da maré formam piscinas naturais. O surf também é bastante praticado, já que ondas bem cavadas costumam surgir em alguns pontos.
Praia de Aleluia
Com apenas 500 metros de extensão, Aleluia se consolidou nos últimos anos, como o grande point da juventude bonita de Salvador. Seu formato segue o das praias cariocas mais tradicionais, com cangas e sombreiros nas areias, e sem qualquer barraca/restaurante. Apenas alguns vendedores de sanduíches naturais, acarajé, mariscos, bebidas e artesanato servem no local. Surf e frescobol são os esportes rotineiramente praticados, no entanto, a grande marca de Aleluia é o clássico desfile de corpos perfeitos em suas areias.
Praias de Santa Cruz Cabrália
Praia da Ponta de Santo Antônio
Semideserta, não oferece infra-estrutura turística, possuindo apenas uma barraca de petiscos, com banheiro e chuveiro. O mar, em toda sua extensão, apresenta águas pouco escurecidas e bastante calmas; propícias para banho em qualquer período das marés. As areias são margeadas por coqueiros e sítios de propriedade particular. O local é considerado muito bom para pesca.
Praia da Ponta do Santo
Suas areias alvas e semidesertas podem proporcionar momentos de muita privacidade para os casais apaixonados. O mar é calmo e morno, oferecendo boas condições para banho em qualquer período do dia. Margeando sua costa, encontra-se uma rica vegetação, que mescla coqueiros, dendezeiros e mata nativa.
Praia da Ponta Grande
O seu mar é muito calmo, graças à presença dos recifes de mesmo nome. Durante a vazante, surgem piscinas naturais belíssimas e o visitante pode cominhar tranquilamente por até 200 metros mar adentro. Possui algumas barracas bem equipadas, que disponibilizam caiaques, óculos de mergulho e a famosa banana-boat para aluguel.
Praia de Apuã
Urbana e com uma completa infra-estrura, a Praia de Apuã é bastante procurada por ser um dos principais pontos de embarque para os muitos passeios de barco na região. Hotéis, pousadas, restaurantes e um camping oferecem conforto ao visitante.
Praia de Arakakaí
Com ondas fortes, esta praia oferece alguns perigos para o banho. Surfistas, no entanto, procuram esta enseada de águas esverdeadas para as manobras radicais do esporte. Suas areias são estreitas, apresentando algumas barracas especializadas em petiscos e frutos do mar. Possui infra-estrutura turística.
Praia de Guaiú
Suas areias, praticamente desertas, beiram um povoado, ao norte, e sítios particulares em sua face sul. O mar apresenta águas mornas e calmas, propícias para banho em qualquer hora do dia. Piscinas naturais surgem na vazante e privilegiam a prática do mergulho livre. O local onde deságua o Rio Guaiú é um ótimo ponto para o banho de água doce e pesca de pitus. Oferece uma modesta estrutura turística.
Praia das Tartarugas
Possui areias claras e, em alguns trechos, mescla formações rochosas e manguezais. As suas águas são calmas devido aos recifes que formam piscinas naturais na maré baixa. O local é bom para banho, pesca, mergulho, caminhadas e passeios à cavalo. Entre os recifes do local, destaca-se o Itacimirim, ideal para mergulhos contemplativos.
Praia de Jacumã
Sua marca registrada está nas sombras de seu vasto coqueiral. A praia apresenta águas bem tranqüilas, além de extensas areias, excelentes para caminhadas e beach soccer. Oferece pequena infra-estrutura.
Praia de Lençóis
Com 3 km de extensão, esta praia tem, nas suas areias, um excelente palco para boas caminhadas. O mar apresenta-se num tom esverdeado, com ondas cavadas muito perigosas para banho. A sua profundidade também é um sinal de alerta, já que poderia perfeitamente atracar grandes embarcações. Oferece infra-estrutura turística.
Praia de Mutari
Entre as mais badaladas da região, Mutari faz sucesso principalmente pelo seu agradável mar, de águas mornas e tranqüilas. Na parte sul, encontra-se o rio de mesmo nome que, ao que se diz, possui muitas propriedades medicinais em suas águas. Foi neste rio, inclusive, que Cabral teria abastecido de água potável a sua caravana, em 1500. As areias, em toda a extensão da praia, são largas e contam com boas barracas. Oferece infra-estrutura turística.
Praia de Santo André
Os aficionados por turismo contemplativo têm, em Santo André, praia semideserta e paradisíaca, o local perfeito para um retiro relaxante. Dotada de uma superestrutura turística, a praia não oferece opções para grandes agitos, mas sua natureza ímpar pode ser na curtida na plenitude, regada ao conforto de excelentes hotéis e restaurantes internacionais. Em sua bela e principal enseada, a presença do Rio João de Tiba oferece opções de pesca, banho e esportes náuticos, possibilitados por uma extensa parede de corais, que isola a praia do mar aberto, deixando suas águas tranqüilas durante todo o dia. Numa de suas barracas, há uma passarela de madeira sobre o mangue, que possibilita ao visitante o contato com um dos mais ricos ecossistemas da região. Ao longo de sua extensão, a Praia de Santo André apresenta alguns ancoradouros, que recepcionam escunas turísticas e promovem visitas aos exuberantes Recifes Boqueirão; ponto de grande piscosidade, situado já em mar aberto.
Praias de Saubara
Praia de Cabuçu
Com águas mornas e calmas, apropriadas para a prática de esportes náuticos, como windsurfe, vela e canoagem, Cabuçu é um destino muito requisitado no verão. Como está situada num trecho próximo à Foz do Paraguaçu, suas águas mistas (mar e rio) são um verdadeiro berçário para varias espécies de crustáceos, peixes e mariscos. Passeios ecológicos de até 3km podem ser feitos circulando as belezas do lugar.
Praia de Bom Jesus dos Pobres
Próxima ao canal do Rio Paraguaçu, trecho de correntezas fortes, a praia exige cuidados para o banho em alguns trechos. A paisagem é marcada por manguezais e areias bastante extensas. Destaque para a Capela de Bom Jesus dos Pobres, do século XVII. A razoável infra-estrutura local inclui um luxuoso resort.
Praias de Sítio do Conde
Barra do Rio Itariri
As belezas do local serviram de cenário para o grande sucesso do cinema, Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, baseado no romance de Jorge Amado. O longo trecho onde o mar se junta ao rio é o predileto entre os visitantes. As águas mornas e tranqüilas promovem banhos agradáveis para toda á família, além de apresentarem boas condições para a prática de esportes náuticos. Durante a vazante da maré, é possível atravessar a pé até o lado oposto do canal, onde ficam belas dunas e coqueiros. Com barracas, restaurante e camping, Itariri apresenta uma boa estrutura receptiva.
Praia das Poças
As muitas rochas próximas ás areias dificultam banhos com muita mobilidade. Em compensação, fazem com que a água fique retida, formando banheiras de águas bem quentes. No local, há um porto natural que ancora os barcos dos pescadores nativos, bastante solicitados para passeios na região. A praia possui areias estreitas e semidesertas, sem infra-estrutura turística.
Praia de Siribinha
Um pedacinho do paraíso cercado de areias alvas e banhado por águas mornas e tranqüilas. Esta é uma definição bem apropriada para Siribinha, local de beleza privilegiada, que durante a vazante das marés apresenta lindas dunas. Para percorrer suas curvas, Bugres podem ser alugados em toda a extensão da praia, oferecendo em roteiro opcional, uma aventura extasiante até a famosa Praia de Mangue Seco. Em suas extensas areias, Siribinha, apresenta os vestígios de um navio encalhado há alguns anos. Mesmo sendo deserta na maioria de seus trechos, a praia margeia um pequeno povoado, que oferece uma razoável infra-estrutura ao visitante.
Praia dos Artistas
Seu mar calmo e morno permite o banho em qualquer período das marés. As areias, marcadas por pequenas dunas e coqueiros, margeiam condomínios e sítios particulares. A infra-estrutura receptiva desta praia fica restrita ao trecho de acesso permitido á carros, com quiosques especializados no preparo de petiscos do mar. Fica localizada á 3km da Vila do Sítio do Conde.
Praias de Trancoso
Praia de Coqueiros
Sua paisagem é marcada por belas falésias e extensos coqueirais, traços marcantes de toda esta região. O mar apresenta piscinas naturais durante a maré baixa, favorecendo o mergulho livre. Em sua parte central, existem várias barracas bem equipadas, que oferecem petiscos e frutos do mar. Ao sul, um antigo píer, já destruído, tornou-se um excelente pesqueiro de robalo e carapeba.
Praia de Nativos
Localizada na bela Trancoso, lugar de incontáveis belezas e points muitos badalados, a Praia dos Nativos tem, na infra-estrutura, o seu maior diferencial em relação às suas vizinhas; não menos belas. É na sua face mais próxima à foz do Rio Trancoso que existem, além excelentes barracas de praia especializadas em frutos do mar, hotéis e resorts de nível internacional. O mar de águas esverdeadas se apresenta morno e calmo durante todas as fases da maré, favorecendo banhos extasiantes e momentos de muita paz e relaxamento. A presença de arrecifes, característica marcante de toda a região, promove o surgimento de lindas piscinas naturais, onde a família inteira pode se deliciar, mergulhando e conhecendo uma infinidade de espécies marinhas. Tanto na sua direção norte, quanto ao sul, o visitante terá, depois de belas caminhadas, a oportunidade de refrescar-se nos muitos riachos de água doce que cortam suas extensas areias. A paisagem da Praia dos Nativos revela toda a primazia da Costa do Descobrimento que, neste ponto, continua linda, tendo mudado muito pouco nos últimos 500 anos.
Praia de Itapororoca
Os arrecifes do local formam uma gigantesca piscina durante a vazante da maré. Um verdadeiro aquário natural, infestado de peixes multicoloridos e centenas de outras belas espécies. Num determinado trecho, as ondas batem numa pedra, provocando um pequeno estrondo. Este fato dá nome à praia, já que, em tupi, Itapororoca quer dizer pedra estrondante.
Praia do Nudismo
Como o próprio nome pressupõe, este é o destino ideal para aqueles que buscam sossego e uma total integração com a natureza. A praia foi uma das pioneiras em reservar sua extensão para este tipo de visitante. Muito da fama que Trancoso acumulou nos últimos anos está, inclusive, ligada ao nudismo, que tem, nesta bela faixa do litoral sul, toda a privacidade que os praticantes exigem. Isso sem contar com suas abundantes belezas naturais, que mesclam Mata Atlântica nativa, riachos cristalinos e piscinas naturais repletas de vida marinha. Mesmo procurada internacionalmente, ainda não oferece grande infra-estrutura.
Praia do Rio da Barra
Um rio de mesmo nome corta esta praia bem ao centro, dando ao visitante uma excelente opção para banho de água doce. Seu mar apresenta-se tranqüilo, oferecendo também deliciosos banhos em qualquer período do dia. Do seu centro ao sul, as areias, mescladas às formações rochosas, ganham a companhia de magníficas falésias. Já ao norte, o paredão e os coqueirais cedem espaço a um vasto manguezal. O local, de razoável infra-estrutura, também é considerado bom para a pesca.
Praias de Una
Praia da Ilha de Comandatuba
Em seus 17 km de costa, a ilha oferece inúmeros pontos bons para banho, surf e outros esportes náuticos. A área, uma antiga fazenda cocos, hoje apresenta uma completa infra-estrutura, incluindo, um moderno resort com campo de golfe, centro de esportes náuticos e barracas de praia bem equipadas. No sul da ilha está uma saudável e divertida atração. Muitas celebridades, como Xuxa e o ator Harrison Ford, já cederam aos apelos dos deliciosos banhos de lama medicinal, tomados em alguns poços no meio do manguezal.
Praia da Ilha do desejo
Esta praia também poderia se chamar sossego, em virtude de suas belezas e da paz que sua paisagem transmite. Em toda sua extensão apresenta um mar morno e calmo, excelente para banhos em qualquer fase da maré. Seu maior destaque, no entanto, fica ao sul, parte mais deserta, onde os praticantes do naturismo têm uma excelente opção de banho doce ou pesca, na foz do Rio Acuípe. A praia conta com uma razoável infra-estrutura turística.
Praia de Acuípe
Sua paisagem traz o rio de mesmo nome, excelente opção para banho e pesca. O seu mar, às vezes, apresenta-se com ausência total de ondas, favorecendo, em máximo contento, a prática de esportes náuticos como o caiaque e jet-ski. Suas extensas areias semidesertas são perfeitas para boas caminhadas.
Itapororoca
Suas extensas areias desertas margeiam um mar bem calmo, de ondas fracas e tom esverdeado. Ao fundo, um cinturão de coqueiros mistura-se a focos intocados de mata nativa, favorecendo a atmosfera de paz do lugar. Para os adeptos do camping selvagem, o acesso pela mata pode ser uma oportunidade imperdível para contemplar a rica biodiversidade da Costa do Cacau.
Praia de Una
Maior paraíso ecológico da região, cercada por um mar esverdeado, coqueiros e Mata Atlântica intocada, a Praia de Una é o destino perfeito para os amantes da natureza e do turismo contemplativo. Suas águas também são mornas e calmas, perfeitas para banhos em família. Na sua parte interior, está a bem conservada Igreja de São Sebastião, construída por jesuítas durante o período colonial.
Praia de Serra Grande
A praia mescla pontos bons para banho, com outros trechos bem procurados para o surf. Um imenso paredão de coqueiros se destaca na paisagem, já que avança centenas de metros para dentro do continente. Durante a maré baixa, as águas recuam e as areias podem ser desbravadas até por veículos sem tração. Na sua face norte, o cenário é marcado por um destacado monte; no sul, belos córregos cristalinos cortam suas areias, provocando um belo efeito. O local é muito bom para pesca e camping, apresentando uma razoável estrutura receptiva.
Praias de Valença
Praia de Guaibim
Muito procurada e badalada, Guaibim tornou-se, ao longo dos anos, o grande point do surf na região. O mar de águas mornas é bom para banho durante a vazante das marés, já que costuma apresentar fortes ondas de repuxo durante a cheia. Suas areias são margeadas por coqueiros, resquícios de mata nativa e algumas barracas bem equipadas para servir os visitantes. No final da parte norte, encontra-se a foz do rio Jiquiriça, um local excelente para o banho de água doce, pesca e esportes náuticos. Guaibim oferece uma completa infra-estrutura, incluindo salva-vidas em toda sua costa.
Ponta do Curral
Praticamente uma continuação de Guaibim no sentido sul, esta praia de areias desertas é a opção mais indicada para aqueles que primam por tranqüilidade. Local exato do desembarque das primeiras cabeças de gado chegadas ao Brasil, a praia é de areias alvas, cortadas por inúmeros córregos e enfeitadas por coqueiros e Mata Atlântica nativa. Em sua face sul, fica a ponta da praia, às margens do Canal de Taperoá, que separa a Ilha de Tinharé (Morro de São Paulo) do continente. Deste ponto, descortina-se uma bela paisagem da região, que inclui o majestoso Farol do Morro. O mar é perigoso durante a maré alta, apresentando pontos ótimos para o surf. Para percorrer suas belezas, o passeio de besouro (trator) é a melhor pedida.
Praias de Vera Cruz
Mar grande
Cidade/sede da Ilha de Itaparica, Mar Grande, quando o assunto é praia, se divide entre as duas enseadas de águas mornas e tranqüilas de sua orla. O local apresenta excelentes condições para banho e prática de esportes náuticos, oferecendo também boas barracas de praia, especializadas em pratos típicos. Sua infra-estrutura ainda inclui um bom numero de bares, restaurantes e pousadas. Nas noites de verão, Mar Grande transforma-se num point de muitos jovens.
Penha
Pequena enseada de águas mornas e tranqüilas, ideais para banhos em família ou mergulho de baixa profundidade. Em sua parte norte, porém, o quebra-mar apresenta uma falha, permitindo que boas ondas penetrem para deleite dos surfistas. As areias, margeadas por coqueiros, não apresentam as tradicionais barracas do litoral baiano. A paisagem local se completa com as grandes casas de veraneio, já que as areias são contornadas pelo maior condomínio de luxo da ilha.
Conceição, Barra do Gil e Barra do Pote
Praias vizinhas e de características parecidas. Estão entre as mais habitadas de toda a ilha, contando com supermercados, farmácias e um bom comércio. Na praia, um extenso quebra mar repele a força das águas, tornando o mar próprio para o banho durante todas as fases da maré. Para um programa em família é ideal, já que as areias extensas são boas para a prática de esportes e na água, durante a vazante, aparecem piscinas naturais bem quentinhas para deleite das crianças.
Tairú
À beira de um vilarejo e de alguns condomínios, está situado esse pequeno pedaço do paraíso. As areias são límpidas e extensas, ideais para o beach soccer e frescobol. O traço mais marcante em Tairú são as piscinas naturais de água quente, que proporcionam deliciosos banhos em meio a peixes multicoloridos. Durante a vazante, as crianças podem brincar sossegadas, enquanto que os casais, podem procurar as piscinas mais distantes da costa para viver momentos mágicos. Nas areias, inúmeras barracas especializadas, preparam deliciosos petiscos do mar, pescados ali mesmo. Oferece boa infra-estrutura turística, embora o lugar seja bom para o camping selvagem.
Berlinque e Aratuba
Praias vizinhas, situadas no sul da Ilha de Itaparica. O mar, durante a maré baixa, apresenta um extenso tapete de arrecifes, perfeitos para o mergulho de baixa profundidade. Berlinque é melhor para banho, já que suas águas apresentam-se mornas e calmas em qualquer período das marés. Já à noite, Aratuba transforma-se no grande point da Ilha, promovendo um verdadeiro carnaval a céu aberto, com barracas de drinks, música e muitos jovens. Ambas possuem cabanas que oferecem pratos típicos e banho de água doce.
Cacha-Pregos
Praia urbana situada no extremo sul da ilha, que apresenta uma das noites mais movimentadas. São inúmeros bares, baianas de acarajé e festas no largo, que promovem total animação para os visitantes. De mar aberto, apresenta além de boas condições para banho, uma excelente piscosidade, com ocorrência de espécies como o bagre e a cavala.
Praias do Morro de São Paulo
Primeira Praia
Uma bela enseada rodeada por muitas casas de veraneio. Como o próprio nome pressupõe, é ela quem marca o início da orla do lugar, localizando-se bem próxima à vila do Morro. A paisagem é linda, incluindo um mar de águas claras e calmas, excelente para o mergulho. De um belo penhasco, bem próximo, é possível fazer descidas emocionantes de uma tirolesa.
Segunda Praia
Saindo da primeira praia e subindo uma escadaria, o visitante se depara com um dos mais belos cartões postais do Morro: a Segunda Praia. É nela que se realizam os principais eventos locais, já que está localizada bem próxima à vila e conta com uma boa infra-estrutura. Durante os dias de verão, principalmente, as areias ficam tomadas de turistas, que desfrutam de boas barracas de praia e deliciosos banhos nesta bela enseada de águas cristalinas. No seu lado direito, existe uma pequena península com grandes pedras, que proporcionam boas pescarias, de linha ou mergulho. Em outro ponto, o surf também pode ser praticado.
Terceira Praia
Considerada um bom ponto de mergulho, esta enseada de 800 metros de extensão é também um dos locais mais procurados pelos visitantes. Suas águas são muito tranqüilas e, durante a vazante da maré, apresentam várias piscinas naturais. Com barracas bem equipadas, especializadas na culinária típica, além de boas pousadas, o turista terá, neste belo local, total conforto para curtir as belezas do Morro de São Paulo.
Quarta Praia
Pela distância a que se encontra da sede do Morro, esta praia é a preferida pelos adeptos do naturismo, já que, em quase todos os seus 10 km, é semideserta. O mar é excelente para banho em todas as fases da maré, já o mergulho é praticado em melhores condições durante a vazante. A bela paisagem local é marcada pela densa vegetação nativa, vastos coqueirais e um grande manguezal, localizado na sua face sul.
Praia do Encanto ou Quinta Praia
Na paradisíaca Ilha de Tinharé, área que compreende o famoso Morro de São Paulo, um local vem conquistando a atenção de muitos visitantes e o interesse de alguns empreendimentos turísticos.
Por ser uma das mais isoladas entre as seis existentes no Morro, a Praia do Encanto tem, como seu maior expoente, a harmonia de sua bela paisagem, que mescla Mata Atlântica nativa, coqueirais, areias bem finas e vastos manguezais, praticamente sem casas e outras edificações. Seu mar reflete o clima pitoresco do lugar, já que suas águas, em qualquer período das marés, apresentam-se calmas e cristalinas, perfeitas para banhos relaxantes em família e para a prática de esportes náuticos.
Durante a vazante surgem, ainda, extensos bancos de areia, permitindo longas caminhadas mar adentro e momentos de total deleite dentro das lagoas que se formam, represando águas bem mornas. Ao lado de sua vizinha, a não menos encantadora Praia de Guarapuá, tem seu acesso dificultado pela distância que a separa da sede do Morro de São Paulo. Para chegar, pode-se fazer o percurso à pé ou optar pelo passeio de besouro, um pequeno trator muito popular na região.
Gamboa do Morro
O local possui esse nome por estar bem próximo ao Morro, dividindo com ele o território da bela Ilha de Tinharé. A Gamboa, como é mais conhecida, possui uma vila bem movimentada, com comércio e boa infra-estrutura. Sua praia possui águas mansas e apropriadas para vários esportes náuticos. No caminho para o Morro, é fácil notar a presença de várias falésias, esculpidas pelos ventos e pelo mar ao longo dos anos.
Praia de Guarapuá
Pouco procurada talvez pela dificuldade em seu acesso, é considerada a mais bela praia da Ilha de Tinharé. Trata-se de uma linda enseada de águas transparentes e mornas, propícias para banho e esportes náuticos, sobretudo o mergulho. As piscinas naturais aqui dividem as atenções com extensos bancos de areias, que permitem, durante a vazante da maré, longas caminhadas para longe da costa. Os coqueirais da região, aqui, se apresentam ainda mais densos, dando um efeito bonito à paisagem. O local oferece, ainda, uma boa infra-estrutura turística.
Nossa Gente
O povo da Bahia é fruto da miscigenação do índio nativo, do europeu e do africano. Somos um povo mestiço de características singulares expressas na cultura e na religiosidade. O baiano é, por natureza e excelência, hospitaleiro, acolhedor, simpático e festeiro.
O processo de miscigenação teve início ainda na época do Descobrimento, quando os portugueses aqui fincaram raízes e com as índias nativas formaram suas famílias. O ciclo prosseguiu com a vinda dos escravos africanos de várias etnias.
Cultura
Pátria da diversidade cultural, a Bahia apresenta o seu tabuleiro de roteiros turísticos e viagens por dentro da História do Brasil. De igrejas seculares ao artesanato típico das cidades do interior, da crença diversificada de seu povo mestiço aos mitos e ritos do folclore local, o estado se abre em um verdadeiro mosaico de atrativos para quem deseja desvendar a Bahia em toda a sua graça e poesia.
Terra dos orixás, patuás e babalorixás; Terra de culto a Todos os Santos; a Bahia é também a Terra de todos os ritos e mitos. As diversas expressões folclóricas ostentam a riqueza do imaginário popular. Rodas de samba, Puxadas de Mastro, Capoeira, Terno de Reis, Bumba-meu-boi, Afoxé e tantas outras colorem, animam e exibem a fé inabalável do baiano por toda a capital e interior. Um mosaico de festejos e celebrações às crenças de origem africana, indígena e portuguesa, ao tempero singular da baianidade.
Música
Berço da música nacional, a Bahia exala melodia em cada esquina; no rebolado da morena que samba no seu leve caminhar; no passo bambo do mulato; no traço marcado do turista; na boemia de suas ruas e vielas; nas apresentações que reúnem do samba de raiz ao axé; do forró ao reggae; da MPB ao afoxé; da Bossa Nova ao Carnaval. A Terra do sincretismo religioso é, também, a do caldeirão musical. Não é à toa, que por aí que, por aqui, não se nasce; estreia. E foi com essa marca que vários artistas, ritmos e estilos começaram a trilhar a história da música verde-e-amarela e de todas as cores, de todos os tons, pra todos os gostos… Para todos.
Axé Music
Considerado o mais baiano dos ritmos musicais contemporâneos, a música axé, axé music ou simplesmente nova música baiana, é, na verdade, uma grande mistura de elementos musicais, aparentemente distantes, como salsa, samba, reggae e rock, como definem seus criadores. O nome foi dado pelo jornalista e crítico de música, Hagamenon Brito, em 1987. Ele juntou a maneira como chamava as músicas baianas que considerava bregas, axé, ao termo em inglês usado pelas bandas que tinham pretensões internacionais, music. Apesar da carga pejorativa, cresceu e frutificou, marcando uma nova fase do Carnaval da Bahia e a sua inserção no mercado nacional de discos. O marco zero foi a música Fricote e Nega do Cabelo Duro, de Luiz Caldas, em 1985. Os dois hits explodiram. A adesão de novos nomes da área musical ajudou a consolidar o gênero no Brasil e no exterior e a projetar, nacionalmente, nomes como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Durval Lélis, Margarete Menezes e Chiclete com Banana.
Forró
O forró é um dança popular de origem nordestina. Esta dança é acompanhada de música, que possui o mesmo nome da dança. A música de forró possui temática ligada aos aspectos culturais e cotidianos da região do Nordeste do Brasil. A música de forró tem por base três instrumentos musicais: triângulo, sanfona e zabumba. A origem do nome forró tem várias versões, porém a mais aceita é a do folclorista e pesquisador da cultura popular, Luiz Câmara Cascudo. Segundo ele, a palavra forró deriva da abreviação de forrobodó, que significa arrasta-pé, confusão, farra. Uma das principais características do forró é o ato de arrastar os pés durante a dança. Esta é realizada por casais, que dançam com os corpos bem colados, transmitindo sensualidade.
Samba
A história do samba está diretamente relacionada à história da formação cultural do povo baiano. Durante o período colonial, o samba foi enriquecido com palmas e instrumentos, como a viola, o violão, o triângulo, a cuíca e o pandeiro. O ritmo se desenvolveu principalmente no Recôncavo Baiano, mais precisamente nos engenhos de cana-de-açúcar, para onde foi levada a maioria dos escravos originários de Angola. Ali, ganhou a forma conhecida hoje como samba de roda. A partir de 1860, em consequência da abolição da escravatura e do fim da Guerra de Canudos, houve um grande fluxo migratório de negros e mestiços de várias partes do país, sobretudo da Bahia, para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em busca de trabalho e de melhores condições de vida.
A maioria se instalou em locais periféricos, mais especificamente nas imediações do Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça XI, Cidade Nova, Saúde e na Zona Portuária. Muitas baianas, descendentes de escravos, alojaram-se nesses bairros. Abriram pequenos bares e restaurantes, que funcionavam em suas próprias casas, e ficaram conhecidas como as Tias Baianas ou Tias do Samba. Nas casas dessas Tias, os baianos se reuniam para comer, beber e cantar. A mais conhecida delas foi Tia Ciata, uma das responsáveis pela sedimentação do samba carioca. Em sua casa, várias composições foram criadas e cantadas de improviso, como o samba Pelo telefone, gravada pelo baiano Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, atribuída por alguns historiadores, equivocadamente, como o primeiro samba gravado.
Samba-reggae
O samba-reggae, que alguns chamam também de samba-reggaeton, nasceu na década de 80, na Bahia, e é fruto da fusão de ritmos do samba tradicional com o reggae jamaicano, de Bob Marley e Jimmy Cliff. Foi criado e introduzido no Carnaval de Salvador pelo maestro Neguinho do Samba, então maestro da banda do bloco afro Olodum. O ritmo tem por base a percussão, com ênfase nos tambores, atabaques, pandeiro, guitarra ou viola eletrônica no lugar do cavaquinho e outros instrumentos característicos da música latina, com influência do merengue.
A Bahia é um berço de grandes percussionistas. O talento e a criatividade de vários deles acabaram por criar ritmos com marcas características que se tornam verdadeiras escolas.
Fia Nova
Atuação entre os anos 60 e 70. Seu toque tinha influência do candomblé. Tocava de forma independente com um acento de samba. É considerado referência para várias gerações.
Pintado de Bongô
Contemporâneo de Fia Luna, ao lado de quem foi uma referência importante para percussionistas contemporâneos, como Carlinhos Brown, do qual foi mestre.
Prego do Pelourinho
Importante para a história do bloco Olodum, Prego foi um dos professores de Neguinho do Samba. O percussionista também participou do Ilê Aiyê.
Nelson Maleiro
Conhecido como Gigante de Bagdá, se destacou pela criação e valorização de instrumentos de percussão. Foi o criador do bloco Cavaleiros de Bagdá, em 1959.
Dos mestres ás escolas percusssivas.
Filhos de Gandhy (1948) Inicialmente comandado pelos mestres Edil Carrapato e Geraldo Macaco, o mais proeminente dentre os afoxés, que é conhecido como candomblé na rua por sua estreita ligação com esta tradição religiosa, tem como principal influência sonora o instrumento gã, que dá, a direção de ijexá, o seu ritmo.
Ilê Aiyê (1974) A batida inconfundível do bloco, criada pelo mestre Bafo, em 1975, foi herdada do candomblé, mas de forma discreta, pois os toques sagrados não vão á rua. Outra influência do ritmo é a mistura do samba duro com ijexá.
Olodum (1979) O primeiro mestre de percussão do bloco afro foi Carlinhos Realce, que aliou características percussivas ao gingado das danças. A grande influência do bloco é Neguinho do Samba e seu samba reggae, que misturou o reggae jamaicano com o ritmo das escolas de samba que chegaram a Salvador no final da década de 1960
Okanbí (1982) – Comandado por Jorjão Bafafé, o bloco afro surgiu com a influência do ritmo ijexá. Jorjão é um precussionista famoso por suas experimentações e dentre seus alunos está Márcio Victor da banda Psirico.
Didá (1993) – Criada por Neguinho do Samba, trouxe a novidade do feminino na percussão e a batida rítmica do samba reggae, do qual foi o percusor.
Timbalada (1993) – Criada por Carlinhos Brown, discípulo do mestre Pintado de Bangô, o bloco possui um ritmo mais eclético, nascido da batida do samba reggae, mas com a novidade da introdução dos timbaus.
Okanbí (1997) O bloco mudou de estilo e passou adotar como ritmo predominante a experimentação do mestre Jorjão Bafafé, que misturou a salsa latina com a batida das escolas de samba e criou o ritmo denominado afro cubano.
Axé Music
Considerado o mais baiano dos ritmos musicais contemporâneos, a música Axé, Axé music ou simplesmente nova música baiana, é, na verdade, uma grande mistura de elementos musicais, aparentemente distantes, como salsa, samba, reggae e rock, como definem seus criadores. O nome foi dado pelo jornalista e crítico de música Hagamenon Brito, em 1987.
Ele juntou a maneira como chamava as músicas baianas que considerava brega, axé, ao termo em inglês usado pelas bandas que tinham pretensões internacionais, music. Apesar da carga pejorativa, cresceu e frutificou, marcando uma nova fase do Carnaval da Bahia e a sua inserção no mercado nacional de discos. O marco zero foi a música ‘Fricote’ e Nega do cabelo duro, de Luiz Caldas, em 1985. Os dois hits explodiram. A adesão de novos nomes da área musical ajudou a consolidar o gênero no Brasil e no exterior e a projetar, nacionalmente, nomes como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Durval Lélis, Margarete Menezes e Chiclete com Banana.
Estudado até no âmbito acadêmico, a história da música Axé, segundo o pesquisador e jornalista Marcelo Dantas, pode ser dividida em quatro fases. A primeira, inaugurada por Luiz Caldas, ocorre à margem das grandes gravadoras.
Daniela e seu samba-reggae elétrico abriram a segunda fase, em 1992. Depois do samba-reggae e do sucesso de grupos de percussionistas, um gênero derivado do pagode tomou a cena: começava a terceira fase.
Grupos como Terra Samba e É o Tchan combinavam uma dança sensual com versos maliciosos. No final da década de 90, iniciou-se a quarta fase do axé, também conhecida como Era Ivete Sangalo. Ela ganhou fama ainda vocalista da Banda Eva e não demorou a emplacar carreira-solo, com uma mistura de reggae, pop e uma velha batida nordestina: o galope.
Forró
O forró é um dança popular de origem nordestina. Esta dança é acompanhada de música, que possui o mesmo nome da dança. A música de forró possui temática ligada aos aspectos culturais e cotidianos da região do Nordeste do Brasil. A música de forró tem por base três instrumentos musicais: triângulo, sanfona e zabumba.
A origem do nome forró tem várias versões, porém a mais aceita é a do folclorista e pesquisador da cultura popular Luiz Câmara Cascudo. Segundo ele, a palavra forró deriva da abreviação de forrobodó, que significa arrasta-pé, confusão, farra. Uma das principais características do forró é o ato de arrastar os pés durante a dança. Esta é realizada por casais, que dançam com os corpos bem colados, transmitindo sensualidade.
Embora seja tipicamente nordestino, o forró espalhou-se pelo Brasil fazendo grande sucesso. Foram os migrantes nordestinos que espalharam o forró, principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Atualmente, existem vários gêneros de forró: o tradicional, projetado pelo cantor compositor pernambucano, Luiz Gonzaga, o forró pé de serra ou forró de raiz; o forró eletrônico e forró universitário.
Samba
As pesquisas sobre o tema indicam que, possivelmente, o termo samba seja uma corruptela de semba, palavra de origem africana, da região de Angola e do Congo, que significa umbigada, batuque ou ainda dança da umbigada. O ritmo festivo foi trazido para o Brasil pelos escravos oriundos desta região e aqui se tornou uma forma de expressão do sofrimento vivido por eles no cativeiro e nas senzalas.
As origens do Samba
A história do samba está diretamente relacionada à história da formação cultural do povo baiano. Durante o período colonial, o samba foi enriquecido com palmas e instrumentos, como a viola, o violão, o triângulo, a cuíca e o pandeiro. O ritmo se desenvolveu principalmente no Recôncavo Baiano, mais precisamente nos engenhos de cana-de-açúcar, para onde foi levada a maioria dos escravos originários de Angola. Ali, ganhou a forma conhecida hoje como samba de roda. A partir de 1860, em conseqüência da abolição da escravatura e do fim da Guerra de Canudos, houve um grande fluxo migratório de negros e mestiços de várias partes do país, sobretudo da Bahia, para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em busca de trabalho e de melhores condições de vida.
A maioria se instalou em locais periféricos, mais especificamente nas imediações do Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça XI, Cidade Nova, Saúde e na Zona Portuária. Muitas baianas, descendentes de escravos, alojaram-se nestes bairros. Abriram pequenos bares e restaurantes, que funcionavam em suas próprias casas, e ficaram conhecidas como as Tias Baianas ou Tias do Samba. Nas casas dessas Tias, os baianos se reuniam para comer, beber e cantar. A mais conhecida delas foi Tia Ciata, uma das responsáveis pela sedimentação do samba-carioca. Em sua casa, várias composições foram criadas e cantadas de improviso, como o samba Pelo telefone, gravada pelo baiano Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, atribuída por alguns historiadores, equivocadamente, como o primeiro samba gravado.
Na verdade, a primeira música deste ritmo a ser gravada foi Isto é bom, de Xisto Bahia. O erro tem origem no fato da música de Donga conter um subtítulo samba no rótulo do disco, o que não ocorreu com a de Xisto Bahia. Ligada às origens do samba, como ele se manifesta hoje, tia Ciata ou Assiata, influenciou juntamente com outro baiano, Hilário Jovino Ferreira, o Lalau de Ouro, a forma coletiva que foi adquirindo o samba e o carnaval carioca. Transferido para o Rio de Janeiro, em 1872, Lalau de Ouro fundou inúmeros ranchos e blocos. Iniciada nos terreiros de candomblé da Bahia, tia Ciata, era conhecida no Rio como Mãe-Pequena do terreiro de João Alabá, freqüentado também por Hilário Jovino. Cozinheira de mão cheia, reunia em sua casa pessoas como os compositores Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Sinhô e Mauro de Almeida.
O terreiro de Tia Ciata era considerado o quartel-general do samba. Depois, Tia Ciata levou para a Festa da Penha, tradicional romaria portuguesa, sua barraquinha de quitutes africanos. Para lá também seguiram integrantes da Velha Guarda, onde lançaram as suas músicas para o Carnaval. Jornalistas compareciam ao samba da Penha e começou o fenômeno do relacionamento do grupo original com os mais diferentes bairros e camadas sociais da cidade, aproximando o morro e o asfalto. Com a popularidade do novo gênero, foi natural o surgimento, no final da década de 20, das escolas de samba. A primeira de que se tem notícia, Deixa Eu Falar, nasceu no bairro do Estácio, da rede de sociabilidade estabelecida na casa de Tia Ciata.
Dia do Samba
Instituído em 1963 e comemorado em praça pública desde 1972, o Dia do Samba já é parte integrante do calendário de festas populares de Salvador. No dia 2 de dezembro, em várias partes do estado e, principalmente em Salvador, o samba é louvado com toda pompa e circunstância e, claro, com muito samba no pé. Todos os anos, uma multidão de pessoas participa das homenagens a este ritmo musical, que reúnem antigos e jovens sambistas.
Como a própria história do samba, o Dia do Samba também é cercado de curiosidades. A data foi instituída em 2 de dezembro de 1963, pelo então vereador Luís Monteiro da Costa, em homenagem a primeira visita de Ary Barroso a Salvador. Já mundialmente famoso pela sua composição Na Baixa dos Sapateiros, Ary Barroso compôs a música sem jamais ter colocado os pés na Bahia. O fato inusitado chamou a atenção do vereador que considerou importante marcar aquela data.
Cerca de uma década depois, em 1972, foi promovido em grande evento, no Campo da Graça, para comemorar a data que acabou sendo esquecida durante aquele período. Denominado Noite do Samba e do Dendê, contou com a participação de Gilberto Gil, Ederaldo Gentil, Batatinha, Riachão, Panela, Tião Motorista, Edil Pacheco e muitos outros. Desde então o evento marcou o cenário nacional e tem sido comemorado sem interrupção, no Centro Histórico de Salvador, em reconhecimento à importância do gênero na matriz rítmica da música brasileira e à sua presença sempre renovada na cultura baiana. Nos últimos anos, o Dia do Samba tem-se expandido, através de eventos similares no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerias, Recife e em outras capitais.
Samba-reggae
O samba-reggae, que alguns chamam também de samba-reggaeton, nasceu na década de 80, na Bahia, e é fruto da fusão de ritmos do samba tradicional com o reggae jamaicano, de Bob Marley e Jimmy Cliff. Foi criado e introduzido no Carnaval de Salvador pelo maestro Neguinho do Samba, então maestro da banda do bloco afro Olodum. O ritmo tem por base a percussão, com ênfase nos tambores, atabaques, pandeiro, guitarra ou viola eletrônica no lugar do cavaquinho e outros instrumentos característicos da música latina, com influência do merengue.
Samba de Roda
O samba de roda é uma forma de preservação da cultura dos negros africanos escravizados no Brasil. A influência portuguesa fica por conta da introdução da viola e do pandeiro.
Acompanhado por atabaques, ganzá, reco-reco, viola e violão, o solista entoa cantigas, seguido em coro pelo grupo a dançar. Ligado ao culto de orixás e caboclos, à capoeira e às comidas à base de dendê, o samba de roda teve início por volta de 1860, como forma de preservação da cultura dos negros africanos escravizados no Brasil. A influência portuguesa, além da língua falada e cantada, fica por conta da introdução da viola e do pandeiro.
Tradição milenar no Recôncavo Baiano, a manifestação concorre, inclusive, ao título de Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. Presente no trabalho de renomados compositores baianos – Dorival Caymmi, João Gilberto, Caetano Veloso -, esse misto de música, dança, poesia e festa se revela de duas formas características: o samba chula e o samba corrido. A chula, uma forma de poesia, é declamada pelo solista, enquanto o grupo escuta atento, só se rendendo aos encantos da dança após o término do pronunciamento, quando um participante por vez adentra o meio da roda ao som da batucada regida por palmas. Já no corrido, o samba toma conta da roda ao mesmo tempo em que dois solistas e o coral se alternam no canto.
Também conhecida como Umbigada porque cada participante, ao sair da roda, convida um novo para a dança dando-lhe uma umbigada -, a manifestação típica do Recôncavo tem destaque nas cidades de Cipó, Candeias e Cachoeira durante os festejos juninos e da Boa Morte. Em São Félix, Muritiba, Conceição do Almeida e Santo Amaro, o samba de roda é destaque na festa de Nossa Senhora da Purificação. São Francisco do Conde, Feira de Santana, Itacaré e, novamente, Conceição do Almeida celebram o samba de raiz na festa de Dois de Julho.
Museus
Já se disse que a Bahia é uma cidade-museu. Suas igrejas, conventos, palácios e fortes, com suas antiguidades, mobiliários e alfaias, confirmam a lenda. Se, por um lado, cada monumento desses representa por si só um museu digno de admiração, são os museus públicos que facilitam uma visão mais completa da arte na Bahia.
Museu Abelardo Rodrigues
Inaugurado em 5 de junho de 1981, no andar nobre do Solar do Ferrão (construção de 1701), guarda a mais valiosa coleção de arte sacra particular do Brasil. São 808 trabalhos de arte erudita e popular dos séculos XVI ao XIX – entre imagens, pinturas, oratórios, altares, crucifixos e fragmentos de talha expostos numa área de 536 m2. As peças pertenciam ao colecionador pernambucano Abelardo Rodrigues e foram compradas pelo Governo do Estado.
Museu Carlos Costa Pinto
A coleção particular de Carlos Costa Pinto deu origem a 23 salas de exposição de arte decorativa e pintura dos séculos XVII ao XIX. O acervo de, aproximadamente, 3.200 peças, reúne expressiva coleção de prataria, ourivesaria, porcelana chinesa e européia, cristais, mobiliário, pinturas (em especial as de Alberto Valença e Presciliano Silva) e trabalhos em marfim, opalina, bronze e laca chinesa. As jóias de ouro e a coleção de 27 balangandãs de prata são as peças mais preciosas de todo o acervo.
Museu Casa do Benin
Inaugurado no dia 6 de maio de 1988, resultou do proveitoso intercâmbio mantido entre a Bahia e o país africano Benin, através da cidade de Cotonou. Pertencente à Fundação Gregório de Mattos, tem exterior colonial e interior concebido pela arquiteta Lina Bo Bardi. O acervo apresenta peças da arte popular de Cotonou, República Popular do Benin, e exposições temporárias de artistas locais.
Museu da Cidade
Instalado num dos mais belos casarões do Pelourinho, foi inaugurado a 5 de julho de 1973. Ligado à Fundação Gregório de Mattos, reúne, no seu acervo, bonecas tradicionais da Bahia, esculturas, tapeçarias, cerâmica, pano-de-costa, ex-votos e terços, além de coleções de imagens de orixá em tamanho natural e de peças de uso pessoal do poeta Castro Alves.
Museu de Arte da Bahia
O mais antigo museu do Estado, fundado em 1918, funciona hoje no Solar Cerqueira Lima, no Corredor da Vitória. Destacam-se em seu acervo não só a pintura de mestres baianos e das escolas estrangeiras dos séculos XVIII e XIX, mas também as artes decorativas do mesmo período, representadas por peças do mobiliário baiano, porcelanas orientais e européias, cristais e pratarias.
Museu de Arte Sacra
Museu de Arte Sacra pertence a Universidade Federal da Bahia (Ufba). Está instalado no antigo Convento de Santa Teresa de Ávila, fundado pelos Carmelitas Descalços em meados do século XVII, na Cidade do Salvador – capital do Brasil de 1549 a 1759. Em 1660, monges da Ordem dos Carmelitas Descalços portugueses aportaram na Bahia de passagem para a Índia e decidiram, a pedido dos habitantes locais, permanecerem na cidade.
Inicialmente, foi edificado um pequeno hospício, no sítio chamado Preguiça, em terreno próximo ao mar e doado pelo rei de Portugal, D. Afonso VI. No decorrer do tempo, ajudados por esmolas, ergueram o atual convento em área contígua, no ano de 1667, tendo a Igreja sido inaugurada em 15 de outubro de 1697. A partir de então, o Convento de Santa Teresa tornou-se um dos maiores conjuntos conventuais da Ordem em todo mundo português e foi fator importante no desenvolvimento da cidade do Salvador e na ocupação do território baiano.
O fato de o Convento ter servido de alojamento para as tropas portuguesas no momento das lutas pela independência da Bahia, até a vitória final em 2 de julho de 1823, aliado aos ressentimentos dos baianos contra os portugueses que viviam na cidade, determinaram a extinção da Ordem em 1840. Antes, porém, em 1837, instala-se em Santa Teresa o Seminário Arquiepiscopal e em 1856 o Arcebispo passa sua administração aos padres lazaristas.
Em 1956, o Seminário muda-se para outro local, ficando o convento abandonado e em ruínas até princípios de 1958, quando o Reitor Edgar Santos, da Ufba, tomou a decisão de aí instalar o Museu de Arte Sacra da Ufba, através de um convênio com a Arquidiocese de Salvador. Considerado um dos exemplares mais significativos da arquitetura seiscentista brasileira e tombado, individualmente, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Convento de Santa Teresa de Ávila está localizado na área do Centro Histórico de Salvador, declarada “Patrimônio da Humanidade” pela Unesco, em 1985.
Acervo
O Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia tem contribuído significativamente para o estudo da arte, através das inúmeras atividades que tem realizado desde a sua fundação, como cursos, exposições, congressos, concertos, etc., sempre contando com a valiosa e indispensável colaboração de órgãos municipais, estaduais e federais, além de organismos estrangeiros ligados à arte. O valor histórico do seu acervo e conjunto arquitetônico, colocam-no em lugar de destaque entre os museus sacros existentes no Brasil, na América Latina e no mundo.
Imaginária
A coleção exposta no Museu de Arte Sacra é composta de peças do seu próprio acervo, adquiridas ao longo do tempo, desde a sua inauguração, como também de obras a ele confiadas por igrejas, irmandades, conventos e colecionadores particulares.
Dentre as peças por ele guardadas, a grande maioria esculturas em madeira e barro cozido dos séculos XVII e XVIII, algumas se destacam, a exemplo das obras produzidas por Frei Agostinho da Piedade, monge beneditino e artista que viveu no Mosteiro da Bahia, falecido em 1661: “Sant’Anna Mestra”, assinada e datada de 1642; “Nossa Senhora de Montesserrate”, na qual se encontra a inscrição: “Frei Agostinho da Piedade Religioso Sacerdote de São Bento fez esta imagem de Nossa Senhora, por mandado do mui devoto Diogo de Sandoval, e fê-la por sua devoção, 1636.”; e a Imagem de “Nossa Senhora das Maravilhas”, de madeira policromada, do século XVI, trazida de Portugal possivelmente pelo primeiro Bispo do Brasil, D. Pero Fernandes Sardinha, em 1552, e revestida de prata na Bahia, na segunda metade do século XVII. Segundo a lenda, enquanto orava aos pés desta imagem, o Pe. Antônio Vieira, da Ordem dos Jesuítas, sentiu o famoso “estalo” que o transformou no maior orador sacro da língua portuguesa.
Fazendo parte desse acervo conhecido nacional e internacionalmente, inclui-se a coleção de marfins dos séculos XVII e XVIII, da qual se destaca: “Cristo” esculpido por indianos de Goa; escultura de madeira policromada em alto-relevo; “Adoração dos Pastores”, composição ingênua e popular, executada para compor o tímpano do altar da Capela de São José da antiga Sé (antigo altar da Santa Cruz), no fim do século XVII, considerada uma das mais valiosas talhas seiscentistas do Brasil; “Anjos Tocheiros” de madeira policromada e dourada do século XVIII, com 1,85m de altura, atribuídos ao escultor lusitano José Eduardo Garcia, que viveu e trabalhou na segunda metade do século XVIII; “Tondo Octogonal” representando Nossa Senhora da Conceição com a coroa Real de D. João VI, de madeira dourada e policromada, da segunda metade do século XVII, procedente de altar da antiga Sé da Bahia, demolida em 1933; conjunto de “Sant’Anna e Nossa Senhora” procedente do Convento das Mercês, de madeira policromada e dourada, da segunda metade do século XVIII, exemplo de escultura com policromia baiana da época, que apresenta características de um barroco tardio conjugadas ao gosto neoclássico.
Prataria
A coleção de objetos em prata do MAS, composta por castiçais, tocheiros, custódias, cálices, gomis, navetas, turíbulos, âmbulas, etc., expõe belíssimos trabalhos de ourivesaria da mais alta importância para a história da arte brasileira, inclusive executados por mestres baianos, a exemplo de Joaquim Alberto da Conceição Mattos, bisavô do Barão do Rio Branco, autor do frontal de altar feito para a Capela do Santíssimo Sacramento da antiga Sé da Bahia, no século XVIII. Merece destaque o lampadário de prata de autoria de João da Costa Campos, também procedente da capela do Santíssimo Sacramento da antiga Sé.
Mobiliário
Ainda que em menor quantidade, as peças de mobiliário que compõem o acervo do MAS são exemplares da carpintaria e marcenaria da época, da mais alta qualidade. Representando a tradição da ciência e do saber do antigo Colégio dos Jesuítas, está em exposição a Cátedra de Aula Magna, datada de 1660, toda em jacarandá. Igualmente valioso é o arcaz de jacarandá que compõe a Sacristia da Igreja de Santa Tereza de Ávila, com 10,72 metros de comprimento, 21 gavetas e16 pinturas na sua parte superior figurando episódios da vida de Santa Teresa de Ávila, do antigo Convento dos Terésios, século XVII; do mesmo modo, o altar armário de madeira policromada com fina pintura chinesa, da época de D. João V.
Pintura
Dentre os trabalhos de pintura que fazem parte do acervo do MAS, menção deve ser feita à “Nossa Senhora da Assunção”, do século XVIII, de autoria de José Joaquim da Rocha – fundador da Escola de Pintura da Bahia – procedente do convento das Mercês; “Jesus institui a Eucaristia” e o “Sumo Sacerdote Malquisedeque” produzidos pelo renomado pintor sacro José Teófilo de Jesus, em 1793, para a antiga Sé; e as quatro telas a óleo de Souza Braga “Flagelação de Nosso Senhor”, “Nosso Senhor é pregado na Cruz”, a “Descida da Cruz de Nosso Senhor” e o “Encontro de Nosso Senhor com sua Mãe Santíssima”, todas de 1755. Merece especial atenção onze preciosas telas cuzquenhas, do século XVIII.
Museu Geológico
Criado em 1975, seu acervo consta de 2.500 amostras catalogadas de minerais, rochas e fósseis, 80 objetos sobre a técnica rudimentar de ourivesaria e mineração, além da rica documentação de caráter histórico-científico. Destaque para a coleção de quartzos (principal mineral de exportação da Bahia).
Museu Tempostal
Resultante da coleção de Antônio Marcelino, seu fundador, tem como acervo 30 mil postais e fotografias, onde o mundo é revisto nas mais diversas épocas e nos mais variados aspectos. Destaque para a série Belle Époque, com postais bordados, aquarelados, adornados com pedrarias, plumas e cabelo humano.
Folclore
Terra dos orixás, patuás e babalorixás; Terra de culto a Todos os Santos; a Bahia é também a Terra de todos os ritos e mitos. As diversas expressões folclóricas ostentam a riqueza do imaginário popular. Rodas de samba, Puxadas de Mastro, Capoeira, Terno de Reis, Bumba-meu-boi, Afoxé e tantas outras colorem, animam e exibem a fé inabalável do baiano por toda a capital e interior. Um mosaico de festejos e celebrações às crenças de origem africana, indígena e portuguesa, ao tempero singular da baianidade.
Afoxé
A capital da Bahia é, também, a capital do sincretismo religioso. Um verdadeiro caldeirão cultural, onde as diversidades convivem em perfeita harmonia. As 365 igrejas, para Todos os Santos católicos, somam-se à fé de origem africana, dos orixás, patuás e entidades sagradas do Candomblé.
Exemplo disso é o bloco carnavalesco dos Afoxés Filhos de Gandhy. Centenas de homens desfilam com indumentárias brancas de detalhes em azul dos pés à cabeça, incluindo um turbante com o símbolo do bloco, e colares de contas ou guias – nas mesmas cores. O bloco, um dos mais tradicionais do carnaval, sai sempre aos domingos, segundas e terças, e arrasta multidões entoadas pelos cânticos africanos. A lista de associados inclui famosos como o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o cantor Caetano Veloso.
A palavra “afoxé” significa adivinhação, profecia ou predição do futuro. Esta manifestação folclórica se caracteriza, sobretudo, pela figura central do babalawô ou baba-oni-awô; o pai conhecedor do porvindouro. Originado nos terreiros de Candomblé, em especial os de “Efan”, nação dedicada ao culto de Oxum, o Afoxé ainda hoje simboliza os cultos a entidades nobres da cultura africana. Os cantos a Oxum e Oxalá, o “Ijexá”, ritmados com cabaça, agogô e atabaque, remontam aos entoados no terreiro por pais de santo, imbuídos de fé nos rituais religiosos.
Bacamarteiros
Em Ribeira do Pombal, no povoado de Boca da Mata, a comunidade se reúne nos meses de junho e dezembro para brincar de tomar fogueiras ou disputar o tiro mais forte nos terreiros das fazendas. Munidos de bacamartes de festim os bacamartes são rifles artesanais do século XIX -, vaqueiros, camponeses, pequenos comerciantes, artesãos, mecânicos e artistas independentes, devidamente fardados com roupas de zuarte, cores vivas, chapéu de couro, alpercatas e cartucheiras de flandres, e sob a chefia de oficiais ostentando estrelas nos ombros e no chapéu e com bengalas ou guarda-chuvas como símbolo de comando, se divertem ao explorar os efeitos mágicos dos grandes estampidos, numa representação simbólica das antigas guerras sertanejas.
Os participantes são divididos em batalhões ou tropas, subordinadas a sargentos que, durante os festejos juninos e natalinos, deflagram grandes cargas de pólvora seca em homenagem aos santos padroeiros, acompanhados de bandas de pífanos ou zabumbas, danças típicas e rituais místicos de grande efeito pictórico.
Bailes Pastoris
Folguedo dramático popular originado do teatro religioso medieval, os bailes pastoris eram escritos por anônimos bi-letristas, em representação a autos sagrados, e encenados no adro e dentro dos templos católicos. Hoje, são representações familiares, de trama simples, mas ainda, em sua maioria, de resguardo das heranças religiosas. O enredo culmina na chegada de alguém trazendo a notícia do nascimento de Cristo, fazendo com que todo o elenco ponha de lado as suas divergências para, em convergência unânime, conclamar a platéia a fazer a peregrinação sagrada de respeito e adoração ao ilustre filho de Deus.
A dramatização se divide em dois cordões rivais de pastorinhas: azul e encarnado; cores votivas de Nossa Senhora e Jesus Cristo. Os grupos disputam fervorosamente a preferência do público, cabendo à moderadora Diana, metade azul e metade encarnado, apaziguá-los. As pastoras são moçoilas trajadas de branco, com uma fita longa do cordão a tiracolo (conforme a cor) e chapéu rústico de palha com abas largas enfeitadas por fitas. O cordão encarnado é chefiado pela mestra e, o azul, pela contra-mestra. Figuram, ainda, anjos e pastores, o velho (figura cômica), estrelas, as estações, as virtudes, as flores, a Terra, o Sol e a Lua, a noite e, em geral, gente humilde – peixeira, florista, camponesa, baiana, caçador, jardineiro…
As cantigas relacionadas exclusivamente com o motivo sacro do Nascimento de Jesus, loas e jornadas delicadas, suaves e de fundo sacro introduzidas pelos jesuítas no século XVI – passaram a incluir, também, canções profanas, sem nenhum nexo com a representação, mas que fazem parte do imaginário popular local e continuam atraindo multidões com seus cânticos e danças.
Os bailes pastoris são destaque nas cidades de Prado, Canavieiras, Porto Seguro e Salvador, em especial no mês de dezembro, com a proximidade dos festejos natalinos.
Bando Anunciador (Pregão)
Em véspera de grandes festejos, as cidades do interior são envoltas pelo alvoroço comum que antecede às grandes comemorações. O bando anunciador é, talvez, um dos responsáveis pela agitação local. Vestidos em trajes esporte e tocando caixa, bombo, trombone e clarinete, dentre outros instrumentos de percussão e sopro, o grupo de homens tem a finalidade de anunciar a festa que se aproxima. Acompanhados da filarmônica local, distribuem a programação, sempre aos domingos, enquanto animam a cidade em uma espécie de romaria musical.
O chamado Pregão é tradição na cidade de Maragogipe, no mês de agosto, por ocasião da festa do padroeiro, São Bartolomeu. Em Cachoeira, a data é móvel entre outubro e novembro, por conta da festa de Nossa Senhora da Ajuda.
Banho da Paixão
Com a proximidade do feriado da Paixão de Cristo, na Sexta-Feira Santa, moradores de Olivença e Milagres, em Ilhéus, encenam rituais de proteção e fé, apoiados no poder sagrado das águas. Homens e mulheres, imbuídos de fé católica e fundamentados em mitos religiosos, se revezam, nos turnos matutino (mulher) e vespertino (homem), em mergulhos e nados nas praias das citadas localidades, fiados na crença de que mal algum se abaterá sobre eles durante o ano inteiro. A origem do costume é discutida, mas sabe-se que a popularidade dos banhos da paixão remonta ao lazer de tribos indígenas e povos africanos.
Bumba meu boi
A origem do auto do bumba-meu-boi remonta ao século XVIII, auge do ciclo de gado. Encenada em tons de sátira e de tragédia, a dança do boi e do homem simboliza o contraste entre a inteligência e a força bruta, com personagens alegóricos, enfeitados de adereços e em incidentes cômicos e dramáticos, mas de desfechos alegres. A dança é uma invocação crítica aos desníveis sócio-econômicos entre vaqueiro e patrão e tem influência das culturas indígena, africana e portuguesa.
A principal atração é mesmo o boi. Consiste em uma armação de madeira em forma de touro, coberta por veludo bordado e cuja armação é presa a uma saia de tecido colorido. É conduzido por uma pessoa, denominada de miolo do boi. O bailado, marcado por tambores, pandeiro, zabumba e maracás e entoado por cantigas, encanta também pela riqueza de cores e indumentárias.
Também chamado de Boi Janeiro, Boi Estrela do Mar, Dromedário e Mulinha-de-Ouro, a encenação conta uma estória que se passa em uma fazenda, no interior do país. Um negro vaqueiro, sua mulher cabocla e um homem branco, dono da fazenda e, portanto, do estimado boi de raça, são as personagens fixas, acompanhadas, normalmente, pelo Virgulino, o Caipora, o Gigante, o Capataz, o Caboclo Real, o Capitão, o Caçador e o Padre. O Negro Chico, desesperado porque sua esposa grávida sente desejo de comer a língua do estimado boi, resolve roubar o animal. Em uma das versões, o Pai Chico é capturado com o boi adoecido que, após ser curado pelo pajé, revive e começa a dançar. Tudo termina em festa e o vaqueiro é perdoado. Na outra versão, o boi morre e seu corpo é partilhado.
Tradição no interior do estado, a Festa do Bumba-meu-boi preenche os festejos natalinos e, em menor incidência, o Carnaval e outras festas locais, com duração de cerca de três dias. Cachoeira, Camamu, Canavieiras, Conde, Cruz das Almas, Ibotirama, Juazeiro, Inhambupe, Jequié, Monte Santo, Santo Antônio de Jesus, São Félix, Prado, Jiquiriçá, Itacaré, Nova Viçosa e Porto Seguro mantém viva a herança secular de louvação ao boi.
Burrinha
Folguedo popular comum em alguns grupos de Bumba-meu-boi, a burrinha é, na verdade, um cavalinho ou burro pequeno em estrutura de madeira e com um furo central por onde entra o seu condutor. O chamado brincante veste a burrinha, que fica dependurada sobre seus ombros por tiras no estilo de um suspensório, como se fosse um balaio na cintura. Com vestimentas coloridas e de estampas fortes, o homem mascarado dança como se estivesse a cavalgar a burrinha, sempre acompanhado de violão, ganzá e pandeiro. A cabeça do animal é estilizada em folhas de flandres. A folia marca as comemorações do Dia de Reis, no 06 de janeiro. Muito comum nas cidades de Cruz das Almas, Itaparica, Maragogipe, Prado e Jiquiriçá.
Cabeçorras
Na cidade de Belmonte, os festejos carnavalescos guardam uma peculiaridade; as chamadas cabeçorras. Trata-se de foliões que saem às ruas durante o dia, trajando máscaras coloridas e empunhando um chicote. A novidade chama a atenção da criançada, que costuma sair atrás do mascarado aos gritos de “cabeçorra, ladrão de ovo!” e expressões do tipo. O folião se faz de desentendido até juntar o máximo de crianças em sua perseguição. É aí que ele vira-se para a molecada e fingi perseguí-las para chicoteá-las, causando grande alarido e animação. De fato, as Cabeçorras são uma grande brincadeira, remontando aos carnavais do passado, onde as populares caretas eram a grande atração.
Caboclinhos
Trajados ao melhor estilo indígena, com direito a arco e flecha, o grupo entoa coreografias ritmadas ao som de flautas e pífanos, remontando aos combates entre tribos rivais. O bailado primário não tem enredo ou fio temático, mas segue as pancadas das flechas nos arcos, simulando ataques e defesas, endossados por saltos e troca-pés.
Caboclinhos é uma representação das danças indígenas, comum nos festejos militares e religiosos. As datas variam de acordo com a localidade, assim como os nomes dos figurantes – cacique, caboclo velho, pantaleão, mestre e contramestre. Em Itaparica, a festa é no dia 07 de janeiro, em celebração à Independência local. Em Mucuri, ocorre em 19 de março, na Festa de São José. Nas cidades de Itacaré, Camamu e Nazaré, os Caboclinhos se apresentam no dia 02 de julho, Independência da Bahia.
Chegança (Marujada)
Esse bailado popular antigo, de origem portuguesa e que representa a luta entre mouros e cristãos, dramatiza as lutas lusitanas e as conquistas marítimas. Trajados de marinheiros e empunhando armas, o bailado simboliza a derrocada do Islamismo frente à superioridade do Catolicismo. Ao final da batalha, os mouros derrotados são convertidos e batizados.
Também conhecida como Barquinha ou Nau Catarineta, a Chegança marca os festejos dos santos padroeiros locais com desfiles do porto até a igreja, entoados pela bandinha devidamente fardada de marujo. As comemorações variam de acordo com a localidade. Em Jacobina, a data é móvel, quando da Festa de São Benedito, em seqüência às celebrações do Divino Espírito Santo. Em Alcobaça, ocorre no dia 20 de janeiro, também na Festa de São Benedito. Em Prado, na segunda-feira após a Semana Santa, igualmente durante as comemorações de São Benedito. Em Mucuri, no dia 19 de março, na festa de São José.
Congos (Congada)
Mescla de herança africana com toques da cultura portuguesa, a Congada representa a coroação dos reis congos, que desfilam mascarados e trajados com fardas ornamentadas de ouro e diamantes, cercados do bailado dos guerreiros. Sua origem remonta ao ano de 1482, em um dos Impérios negros mais importantes de todos os tempos: o Congo. Apesar de imponente, ruiu frente ao poderio das esquadras portuguesas em guerra pelo território, restando ao povo negro, aguerrido de força e fé, o título de Rei de Congo como homenagem em memória à dura batalha.
No Brasil, está presente desde os tempos de colônia, quando os desfiles de congos eram atração principal nas festas organizadas pelas irmandades de escravos, por ocasião da coroação simbólica de Reis e Rainhas africanos ou afro-descendentes. Além da reminiscência de rituais africanos, a manifestação folclórica somou-se aos costumes das Congadas lusitanas, que ilustravam as comemorações de Nossa Senhora do Porto. A primeira apresentação oficial em terras baianas data de 6 de junho de 1760, no Paço do Conselho da cidade de Salvador, em festejo ao casamento da princesa real, D. Maria I, com D. Pedro III. A tradição segue com força e respaldo em Juazeiro, com adaptações que o afastam do formato tradicional, entoando cânticos em louvor à Virgem do Rosário durante as suas comemorações, no último domingo do mês de outubro.
Lamentação das Almas
Manifestação no mínimo curiosa, a Lamentação das Almas é uma espécie de penitência que se apresenta nas igrejas e cemitérios, durante a Quaresma, nos municípios da Chapada Diamantina, em especial Lençóis, Andaraí e Mucugê, e com maior intensidade durante a Semana Santa. Um grupo de mulheres e homens saem às ruas da cidade, envoltos em lençóis brancos e, entoados ao som da matraca, cantam benditos e fazem paradas obrigatórias em frente às igrejas, capelas, cruzeiros e cemitérios.
Lindro Amor
Lindro Amor é um peditório que se faz em benefício das festas de Nossa Senhora da Purificação ou São Cosme e Damião. O cortejo, formado por mulheres, homens e crianças, sai em visitação às casas, rogando saúde e prosperidade para os seus donos, professando a esperança de dias melhores e levando algo que simbolize a devoção. As mulheres vão sempre no meio, vestindo saias de roda estampadas e chapéus de palha, enfeitados com tiras coloridas. Elas dançam e cantam, enquanto os homens seguem atrás, com calças brancas, batucando o pandeiro, tocando a viola ou a sanfona. Na frente, as crianças animam o saimento, carregando uma caixa vazia com a imagem dos santos e onde serão depositadas as moedas para o preparo do caruru, a ser realizado a partir dos próximos sábados até findar o mês de outubro.
A tradição tem suas origens nos tempos da escravidão, quando os senhores de engenho permitiam que os escravos festejassem. Com o passar do tempo, o Lindro Amor originário da expressão colonial portuguesa Lindo Amor passou a ter conotações religiosas associadas às procissões e petitórios, que antecedem os carurus oferecidos aos santos e orixás irmãos. No caso de Nossa Senhora da Purificação, leva-se uma coroa em uma bandeja florida, junto à bandeira, enquanto os participantes entoam cânticos acompanhados do pandeiro e tambor.
Os santos são exibidos em pequenos altares, decorados com papel crepom colorido e flores. A doação é voluntária. Ao fim da primeira procissão, as imagens sacras ficam na casa de um morador antigo e querido da comunidade, e segue se revezando, de casa em casa, a cada nova vez. Conde, Candeias, Santo Amaro, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passe são as principais localidades onde a manifestação se faz presente.
Maculelê
Ponto alto dos folguedos populares nas celebrações profanas, em comemoração ao dia de Nossa Senhora da Purificação (2 de fevereiro), padroeira de Santo Amaro, o Maculelê é uma dança de forte expressão dramática, destinada a participantes do sexo masculino, que bailam em grupo, batendo as grimas (bastões) ao ritmo dos atabaques e ao som de cânticos em dialetos africanos ou em linguagem popular.
Esta “dança de porrete” tem origem Afro-indígena – trazida pelos escravos e mesclada com traços marcantes da cultura indígena -, saída dos canaviais diretamente para a cidade. Homens ágeis e fortes, munidos de bastões de madeira de lei com cerca de 60 a 70cm e dividido aos pares, bailam, batendo os porretes uns contra os outros ao final de cada frase entoada pelo coro. O chefe do grupo, munido de um bastão maior, dá início à coreografia, batendo nas batutas dos demais participantes, que prontamente se defendem, formando um X ao encontro dos dois pedaços de madeira. Alguns grupos fazem uso de facões e tochas de fogo ou “tições”, retirados na hora de uma fogueira que fica no meio da roda, junto aos dançarinos.
A data de apresentação varia, mas as exibições sempre acontecem durante a festa de Nossa Senhora da Purificação e no Bembé do Mercado, realizado em maio, nos festejos pela Abolição da Escravatura. Tradição mantida há mais de cem anos na cidade de Santo Amaro da Purificação, Recôncavo baiano.
Mandus
Com uma peneira sobre a cabeça e um cabo de vassoura coberto por lençol branco atravessado nas costas, o grupo de foliões percorre as ruas de Belmonte, durante as celebrações carnavalescas, provocando enorme alvoroço, especialmente sobre a criançada, assustada com o aspecto fantasmagórico dos fanfarrões. A indumentária alarga os ombros por conta da vassoura e, graças ao lençol colocado por cima e cobrindo os rostos, transforma os fantasiados em verdadeiras assombrações, que saem às ruas brincando com os passantes e animando o Carnaval.
Puxada de Mastro
Tradicional cerimônia em louvação a São Sebastião, a Puxada de Mastro reúne caboclos, negros e brancos ao redor de um grande tronco de madeira, erguido em frente à igreja. Um grupo de homens parte para a floresta Atlântica logo cedo, às 6 da manhã, derruba uma grande árvore, arrasta o tronco até a praça da cidade, transforma-o em mastro e finca, no seu topo, o estandarte de São Sebastião para, então, erguê-lo diante da igreja, em plena praça municipal.
Evento importante no calendário da Estância Hidromineral de Olivença, em Ilhéus, a Puxada de Mastro em homenagem a São Sebastião tem início com a Bandeira do Espírito Santo, que todo ano recolhe donativos para efemérides. Reza a crença que grandes calamidades e tragédias se abaterão se o povo não substituir o mastro à entrada da Igreja de Nossa Senhora da Escada.
Espécie de penitência em que se clama, aos santos, proteção contra todos os males que afligem a humanidade, a Puxada de Mastro remonta ao período colonial, como resultado da cristianização de um ritual indígena. Os nativos das diversas tribos encenavam jogos, cerimônias e ritos com toras de madeira, até que os jesuítas, para atrair novos adeptos à religião Cristã, transformaram a antiga tradição na festa do mastro com a bandeira de São Sebastião, em especial na região sul e extremo sul da Bahia.
Principal manifestação folclórica da região, a festa atrai grande número de seguidores ao som entoado por tambores, flauta e cantigas indígenas. Em Ilhéus, os festejos ao santo padroeiro ocorrem sempre no segundo domingo de janeiro. Celebrado também em Prado, no dia 20 de janeiro; em Trancoso, com festejo duplo dias 19 e 20 do citado mês; e em Alcobaça, com direito a uma semana de louvação, de 31 de dezembro a 6 de janeiro.
Terno de Reis
Com indumentárias vistosas, ornamentadas com areia brilhante, miçangas e diversos detalhes, os foliões de Reis encenam atos e entoam cantorias em louvação à divindade de Cristo, quando agraciado e adorado pelos Três Reis Magos, sob a guia da Estrela de Belém.
Celebrado tanto nos festejos natalinos quanto no dia de Reis, em 6 de janeiro, o Terno percorre as ruas durante a noite, visitando as casas ao som de viola, caixa e pandeiro, pregando tempos de fé e candura. Tradição seguida à risca nas cidades de Alcobaça, Barreiras, Conde, Jacobina, Lençóis, Morro do Chapéu, Mucuri, Palmeiras, Porto Seguro, São Félix, Santo Antônio de Jesus e Vitória da Conquista.
Trança Fitas
Tradição na cidade de Cachoeira, Trança Fitas é uma dança sincronizada de meninas em volta de um mastro todo enfeitado por fitas coloridas. Umas das meninas é a eleita para carregar o estandarte com a inscrição “trança fitas”, enquanto as demais bailam em círculo, ao redor do mastro, onde estão presas as extremidades de 12 fitas de cores diferentes.
Cada ponta é segura por uma moçoila, que dança ao seu redor, trançando-se com as outras fitas em uma coreografia marcada por tocadores de caixa, saxofone, trompete e trombone. Metade circula em um sentido e a outra metade segue noutro, enquanto as fitas vão-se entrelaçando até o meio do mastro, quando, então, recomeçam a executar o movimento no sentido inverso. O Trança Fitas (ou pau-de-fitas) possui similares nas cidades de Rio de Contas e Andaraí, na Chapada Diamantina.
Zambiapunga
Herança africana, o Zambiapunga é um cortejo de homens mascarados, trajados com roupas coloridas e feitas com panos e papeis de seda, que saem às ruas durante a madrugada, dançando e acordando a cidade ao som ecoante de enxadas, tambores, cuícas e búzios gigantes, usados como instrumento de percussão.
Zambiapunga vem de Zamiapombo, Deus supremo do Candomblé. Inicialmente uma cerimônia para afugentar os maus espíritos com utilização de máscaras, a manifestação chegou ao estado através dos negros bantos, escravizados na região do Congo-Angola e trazidos para cá para trabalhar no plantio dos canaviais do Recôncavo e de grandes extensões de dendezeiros no litoral do Baixo-Sul. Não à toa, a região concentra forte expressão do costume folclórico, em especial nas cidades de Nilo Peçanha, Valença, Taperoá e Cairu. Em Nilo Peçanha, onde a tradição é mais forte, a festa acontece, tradicionalmente, na madrugada de 1º de novembro, dia de Todos os Santos e véspera de Finados.
Capoeira
A luta
Mistura de dança com luta, a Capoeira tem sua origem na África, trazida ao Brasil pelas mãos dos escravos, como forma de defesa. Ao som ritmado e bem marcado do berimbau de barriga, caxixi, atabaque, pandeiro e reco-reco, dois participantes ensaiam coreografias sincronizadas, gingadas de perna, braços, mãos, pés, cabeça e ombros. O repertório abrange chutes e piruetas cheios de molejo, malícia e manemolência.
Existem duas vertentes: a Capoeira de Angola e a Regional. Mestre Pastinha é o grande precursor da primeira, e Mestre Bimba, da Regional, diferenciada pela introdução de golpes ligados e cinturados. A chamada Roda de Capoeira divide-se entre lutadores e instrumentistas, responsáveis pelo tom e marcação dos capoeiristas. O berimbau é a alma da batucada, entoando e guiando o ritmo da apresentação.
A mais popular manifestação folclórica do estado encontra eco no mundo inteiro. A Capoeira é prática difundida por todos os cantos; atraente para os gringos e dominada com maestria pelo baiano. A manifestação é mais forte em Salvador, Cachoeira, Mata de São João, Santo Amaro, São Félix, Feira de Santana, Maragojipe e Nazaré.
História e tradição
Diferente do que muitos imaginam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro. A história está repleta de exemplos, como a Revolta dos Malês e das várias rebeliões registradas ao longo do século XIX, principalmente na Bahia. A Capoeira é um dos símbolos da resistência do povo africano. Não se conseguiu ainda comprovar cientificamente a sua origem no Brasil.
Mas, provavelmente, a luta tem suas raízes na luta que os escravos de origem banto trouxeram para o Brasil. Eles habitavam a região da África Austral, hoje Angola. Desenvolvida e aperfeiçoada como forma de defesa nos quilombos – comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso-, a Capoeira foi sendo ensinada aos cativos pelos escravos fugidos, que eram capturados e retornavam aos engenhos.
Como os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta, os movimentos da Capoeira foram adaptados com cânticos e músicas africanas, para ser confundida com uma dança. Como o candomblé, que era cercado de mistérios, a Capoeira constituiu-se em uma forma de resistência cultural e física dos escravos brasileiros. A prática da Capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas e tinha como funções principais a manutenção da cultura e da saúde física, além de alívio do estresse do trabalho. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Por isso, a luta recebeu este nome.
Do campo para a cidade, a luta ganhou a malícia dos chamados negros de ganho e dos frequentadores da zona portuária. Em Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o temor das autoridades da época. Até 1930, a prática da Capoeira foi proibida no Brasil. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam a luta. Nesse ano, um dos mais importantes capoeirista brasileiros, Mestre Bimba, apresentou ao então presidente Getúlio Vargas uma variação mais ligth da luta. O presidente gostou tanto que a transformou em esporte nacional brasileiro. De lá para cá, a Capoeira Angola aperfeiçoou-se na Bahia mantendo fidelidade às tradições, graças principalmente a Mestre Pastinha, que jogou Capoeira até os 79 anos, formando gerações inteiras de capoeiristas de Angola.
Principais golpes
A Capoeira é um diálogo de corpos. O vencedor é aquele que não obteve resposta do parceiro. Na forma amistosa, ou seja, na roda de capoeira, o jogo é, verdadeiramente, um diálogo de corpos. Dois capoeiristas se benzem ao pé do berimbau e iniciam um lento balé de perguntas e respostas corporais, até que um terceiro entre no jogo, e assim sucessivamente, até que todos participem.
Mas um elemento básico da Capoeira de Angola, a malícia ou mandinga, pode torná-la muito perigosa. A malandragem consiste num jogo de faz que vai e não vai, retira-se e volta rapidamente; uma ginga de corpo que engana o adversário faz o diferencial da Capoeira em relação às outras artes marciais. Essa é uma característica que não se aprende apenas treinando.
A Capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. Além da Capoeira de Angola, outra variação é a chamada Capoeira Regional. Este estilo se caracteriza pela mistura da malícia da Capoeira de Angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas.
Diferente, portanto, da Angola, cujos elementos principais são o ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. Já o terceiro tipo de Capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este é o mais praticado na atualmente.
Suas variações
A violência dos golpes da Capoeira não deixa espaço para meio termo: ou luta-se Capoeira de verdade ou apenas simula-se um jogo. Os mais puristas não admitem a possibilidade de enquadrá-la em regras esportivas. Para eles, quem assim o faz está sendo leviano ou não conhece de fato a arte da Capoeira. Para outros, no entanto, o jogo deve evoluir, como todas as artes marciais. A Capoeira de Angola, a mais tradicional, tem um número pequeno de golpes. Mas estes podem atingir uma harmoniosa complexidade, através de suas variações. Assim como a música, que conta sete notas, a Capoeira tem diversas variações apoiadas em sete golpes principais: Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão.
A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. No início, esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente, foi introduzido o berimbau, instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância, uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior.
O berimbau era um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, mas tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, por conduzir o jogo com o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos – lento, moderado e rápido – são indicados pelos toques do berimbau. Entre os mais conhecidos estão o São Bento Grande, o São Bento Pequeno (mais rápido), Angola, Santa Maria, o toque de Cavalaria (que servia para avisar da chegada da polícia), o Amazonas e o Luna. Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por três berimbaus (um grave – Gunga; um médio e um agudo – Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda ladainhas que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira.
Monumentos Históricos
Monumento ao 2 de Julho
O majestoso monumento, erigido em homenagem à Independência da Bahia, localiza-se no Largo do Campo Grande e tem como símbolo principal “O Caboclo”, que representa um ato de afirmação de identidade, nacionalidade e liberdade. Compõe o monumento um pedestal de mármore de Carrara, formado por dois corpos e escadarias do mesmo material.
Assentado sobre o pedestal, ergue-se uma elegante coluna de bronze, da ordem corintia, encimada garbosamente pela figura de um índio armado de arco e flecha, simbolizando o Brasil. Medindo exatos vinte e cinco metros e oitenta e seis centímetros, o Monumento ostenta alegorias, símbolos e quadros que representam batalhas campais, nomes dos heróis que trabalharam em prol de nossa emancipação, os principais rios da Bahia: “o São Francisco” e “o Paraguaçu” – “a Cachoeira de Paulo Afonso” e outras tantas representações.
O monumento possui, em seu perímetro, um passeio de mármore de Carrara formado por mosaicos em variadas cores, fechado por um gradil de ferro fundido, onde figuram, em baixo relevo, as armas da República e da Cidade. Um segundo passeio, com orla de cantaria e mosaicos em mármore preto, cinza e branco circula o anterior, onde foram montados oito bem trabalhados candelabros em ferro fundido, com sete metros de altura, encimados por quatro grandes globos redondos.
Localização:
Praça 2 de Julho Campo Grande
Palácios e Solares
Além das igrejas, os portugueses marcaram a arquitetura baiana com a construção de palácios e solares que formam o conjunto mais opulento de arquitetura antiga existente no Brasil.
Além das igrejas, os portugueses marcaram a arquitetura baiana com a construção de palácios, solares, casas de luxo e casas de simples residências, muitas de porta e janela, mas que formam o conjunto mais opulento de arquitetura antiga existente no Brasil.
Alfândega
Localizada na Praça Cairú, ao lado do Mercado Modelo, o prédio da Alfãndega foi construída no meado do século XIX. Impressiona pela amplitude e solidez. Sua forma rotunda é muito apreciada.
Antiga Casa de Oração dos Terézios
Data possivelmente do século XVIII. Atualmente, é residência particular. Ladeira Mauá, 47.
Câmara dos Vereadores
Construída em meados do século XVII para abrigar a Câmara dos Homens Bons, ainda mantém sua fachada original. No século XVIII, funcionava também como cadeia da cidade. Parte do prédio já abrigou a Prefeitura Municipal. Hoje, é a sede da Câmara dos Vereadores.
Casa dos 7 Candieiros
Construída no início do século XVIII, seu primitivo nome foi Casa dos Ximenez, porque nela morou o Mestre de Campo, D. Alonso Ximenez de Almiron. Foi sempre residência de famílias ricas, mas atualmente é sede de órgão público.
Casa Dos Azulejos
Localizada na Praça Cairú, foi construída no século XIX, com fachada revestida de belíssimos, azulejos.
Casa Pia dos Órfãos de São Joaquim
Localizado na Av. Jequitaia, o prédio foi construído no inicio do século XIII, para servir ao Noviciado da Anunciação da Companhia de Jesus. Em 1825, D. João VI doou esta casa aos órfãos desamparados, do Irmão Joaquim João Francisco Livramento, o Apóstolo da Caridade. Hoje é ocupado pelo Colégio de São Joaquim e pertence ao Exército.
Elevador Lacerda
As quatros cabines do maior elevador público do mundo interligam os 72 metros da praça Tomé de Souza, na cidade alta, à praça Cairu, na cidade baixa. O sobe-e-desce carrega 28 mil passageiros, dura 30 segundos. Inaugurado em 1873, foi planejado e construído pelo comerciante Antônio Francisco de Lacerda.
Fundação Casa de Jorge Amado
Inaugurada em 7 de março de 1987, funciona até hoje em dois casarões situados no coração do Largo do Pelourinho. O espaço cultural – criado para preservar, estudar e expor o trabalho do grande romancista baiano reúne, em seus quatro andares, todo o arquivo das obras de Jorge Amado (livros publicados em 60 países dos cinco continentes, filmes, fitas de vídeo e fotografias, além de cartazes e objetos relacionados a vida e às produções do escritor). Há, também, obras da esposa do romancista, Zélia Gattai.
Gabinete Português de Leitura
Fundado em 1863, com o objetivo de divulgar a cultura lusitana da Bahia, foi construído em 1917 por artífices portugueses, sendo o único em estilo neomanuelino no estado. Na sua fachada, encontram se as estátuas do infante Dom Henrique e de Luiz Vaz de Camões e, em dois medalhões, vêem-se também as efígies de Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama.
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
Foi inaugurado em 2 de julho de 1923, por ocasião das comemorações do centenário da Independência da Bahia. Abriga preciosidades como uma biblioteca de 15 mil volumes, pinacoteca com 168 telas, comendas e condecorações significativas da história da Bahia e do Brasil.
Mercado Modelo
A construção de 1861, localizada na Praça Cayru, apresenta uma rotunda ao fundo, onde atracavam os navios para descarregar mercadorias na Alfândega, ocupação do prédio na época. O mercado passou a funcionar no prédio em 1971 e, 13 anos depois, pegou fogo e foi reformado. Hoje, tem 259 boxes com o que há de melhor em termos de artesanato nordestino (batas, toalhas de renda, redes, balangandãs e patuás), dois restaurantes (Camafeu de Oxóssi e Maria de São Pedro), além de bares com bebidas típicas e tira-gosto. A rotunda, por sua vez, passou a funcionar como palco de rodas de capoeira e apresentações de cantadores e repentistas.
Outros solares e prédios antigos
Casa Ruy Barbosa no fim da rua Ruy Barbosa, construída possivelmente no período colonial (Século XIII). Nela nasceu o grande jurista baiano.
Casa da Câmara a Praça Tomé de Souza.Nasceu com a fundação da Cidade em 1549. A atual construção data do meado do Século XVIII. A sua fachada foi remodelada em 1883. Ali funciona a Câmara de Vereadores e também o Prefeito de Expediente. É mais conhecida como a sede da Prefeitura de Salvador.
Solar Itapicuru de Cima na Praça dos Veteranos, em frente ao Corpo de Bombeiros. Construção do início do Século XVIII. Foi seu 1º proprietário Manuel de Oliveira Mendes, por via sucessória passou este solar ao seu neto o 1º Barão a Itapicuru. Notáveis são os azulejos em relevo de sua fachada.
Poço do Saldanha na Rua Guedes de Brito,14. Construído no início do Século XVIII, pela Família Guedes Brito, era esse solar conhecido por Casa da Ponte. Passou este solar para os Saldanhas, desde o casamento de Joana Guedes da Gama. Possui belíssima portada estilo barroco espanhol, única no Brasil.Hoje é sede do Liceu de Artes e Ofícios.
Casa Brazonada no Cruzeiro de São Francisco, 8. Data do fim do Século XVI e possui uma portada do Século XVII com Aragões Pereirs (descendentes da Casa da Torre). Neste velho palácio brazonado nasceu o célebre escritor baiano Gregório de Matos.
Solar N° 6 da rua Inácio Acioli construção do início do Século XIII é um dos poucos que ainda apresenta senzalas. Possui um belo lance de escada e ai funciona a sede do Centro Automobilístico da Bahia.
Seminário de São Damaso na rua do Bispo, 29. Casa muito interessante que data do Século XIX o cônego José Teles de Menezes legou por testamento esta residência para o Seminário Arquiepiscopal.
Casa N° 20 na Portas do Carmo, um dos sobrados coloniais mais interessantes da Ladeira do Pelourinho. Ali viveu, alguns anos, Jorge Amado, onde escreveu seus primeiro romances.
Casa das 7 Mortes na Ladeira do Passo, n} 24. Construção do Século XVIII com revestimento de azulejos na fachada (Século XIX). Diversas versões chegaram até os nossos dias, sobre a lenda que conta terem-se verificado sete assassinatos nesta casa.
Solar do Sodré a Ladeira do Sodré, 43. Construído no início do Século XVII, por Jerônimo Sodré Pereira. Personagens do passado nasceram, viveram e morreram neste solar. Nele faleceu o poeta Castro Alves. Hoje funciona ali Colégio Ipiranga.
Solar da Jaqueira na Ladeira da Jaqueira, 26. Construção do Século XVIII, com algumas reformas do Século XIX. Hoje é atelier do pintor Carlos Bastos.
Palácio Arquiepiscopal
Situado na Praça da Sé, foi construído em 1708, pelo arcebispo da Bahia, D. Sebastião Monteiro de Vide. Durante mais de dois séculos foi Palácio Residencial dos Primazes do Brasil. Possui interessante portada do século XVIII.
Palácio da Aclamação
Anexo ao Passeio Público, o antigo Palacete dos Morais (inaugurado em 1917) é decorado com belos painéis emoldurados, guirlandas, laços e medalhões, pintados por Presciliano Silva. Seu acervo é composto de mobiliários nos estilos D. José e Luís XV, porcelanas, cristais, bronzes, tapetes persas e franceses e telas de pintores famosos. Mistura o estilo renascentista italiano com o neoclássico francês. Até hoje, mantém inalteradas as características da decoração do início do século XX, como cristais, os candelabros e os moveis.
Palácio da Associação Comercial
Concluída em 1817, é uma das construções pioneiras de estilo neoclássico da Bahia, com influência inglesa. Suas quatro colunas, escadaria externa, decoração, compostas de guirlandas, além de duas portadas em mármore, com inscrições em memória de D. João VI, rei de Portugal, formam um conjunto imponente, embelezando a praça Riachuelo. Os amplos e luxuosos salões do prédio exibem uma valiosa pinacoteca. As coluna dóricas anunciam o imenso salão nobre, na entrada principal, onde se destacam as cortinas de veludo vermelho, a mobília da jacarandá e o teto, altíssimo da sala principal. A linha Adms do estilo neoclássico inglês é uma das raridades arquitetônicas do Brasil. O prédio tem duas fachadas.
Palácio de Ondina
Bonito, espaçoso e de decoração discreta, o Palácio de Ondina, foi construído no início da década de 60 para servir de residência de verão dos governadores. Após sucessivas reformas e ampliações, o Palácio de Ondina é hoje a residência oficial do governador. Lá, encontram-se diversos objetos de arte, como vasos chineses, peças de prata e tapetes persas.
Palácio de verão dos Arcebispos
Situado no Largo da Penha, na ponta da península de Itapagipe, o prédio lé ligado por por um passadiço à Igreja de Nossa Senhora da Penha. Sua construção data do Século XIII.
Palácio Rio Branco
Construído inicialmente de taipa e barro, serviu para abrigar, em 1549, o governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, e o centro de administração do reino de Portugal. Chamado então de Casa do Governo, passou também a funcionar como quartel e prisão, esteve envolvido em motins populares, foi sede da República Baiana de 1937, hospedou figuras portuguesas ilustres, serviu de residência provisória a D. Pedro II e sofreu incêndios e bombardeios como o de 1912, que tornaram necessária a sua reconstrução. Reinaugurado em 1919 quando ganhou o nome de Palácio Rio Branco -, permaneceu como centro de decisões do Estado até 1979. Durante os quatro anos seguintes, abrigou a administração da Prefeitura Municipal de Salvador e, posteriormente, a sede do órgão estadual de turismo.
Em 1983, o palácio estava totalmente degradado em função da falta de manutenção e, no ano seguinte, decide-se fazer uma restauração completa do prédio. Hoje, abriga a Fundação Pedro Calmon e o Memorial dos Governadores. Neste último local, o visitante pode conhecer personagens que construíram a história republicana e visitar o salão de espelhos, cujo acesso é através de uma escadaria de ferro e cristal procedente da França, e ainda ver, na sala que evoca Pompéia, um Mural das Bacantes, o qual esteve durante muito tempo escondido sob repinturas.
Prédio da antiga Faculdade de Medicina
Primeira escola de medicina do país, atualmente, está sendo restaurada. Reúne três museus: Afro-Brasileiro (com acervo da arte sacra africana, afro-brasileira, 27 painéis de Carybé sobre os orixás e fotografias do antropólogo francês Pierre Verger); Arqueologia e Etnologia (com pinturas, objetos, fotos e urnas funerárias indígenas); e Memorial de Medicina (com livros e teses sobre o tema). Este prédio tem referência na obra de Jorge Amado, foi onde serviu como bedel o personagem Pedro Arcanjo, de Tenda dos Milagres.
Terreiro de Jesus Centro Histórico
Solar Berquó
Sua construção data fim do século XVII. Na segunda metade do século XVIII, nele residiu o ministro Ouvidor do Crime Antônio Berquó da Silveira. Em 1824, o solar foi palco de um dos maiores crimes políticos de Salvador. Na madurada de outubro daquele ano, ali foi assassinado pela tropa rebelada, o militar Felisberto Gomes Caldeira, herói da Independência da Bahia. Diversos Colegiados funcionaram neste solar.
Solar Boa Vista
Construção do século XIII, mirante em estilo pombalino. Foi residência do poeta Castro Alves. Hoje é sede de órgão público.
Solar do Cerqueira Lima
Situada na Avenida Sete de Setembro, 280, é hoje sede do Museu de Arte da Bahia.Também chamado de Palácio da Vitória, possue bonita portada datada de 1674.
Solar do Conde dos Arcos
Localizado no Garcia. foi residência do Vice-rei D. Marcos de Noronha Brito, Conde dos Arcos. A monumental escadaria e seu parque, lembra as vilas italianas do XIX. Atualmente ali funciona um colégio.
Solar do Unhão
Localizado em um sítio histórico do século XVI, era na sua origem um complexo agro-industrial de produção de açúcar e possuía casa grande e capela. Até meados do século XVIII, teve seu período áureo, quando a casa-grande ganhou feições mais requintadas e o complexo recebeu painéis de azulejo português, chafariz e a capela de Nossa Senhora da Conceição. Com a crise da cultura açucareira, o solar foi arrendado e passou a assistir a um grande processo de degradação. Ainda na década de 40, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sendo posteriormente adquirido e restaurado pelo Governo do Estado da Bahia, através do trabalho da arquiteta Lina Bo Bardi.
Desde 1969, sedia o Museu de Arte Moderna e suas oito salas de exposição, teatro-auditório, sala de vídeo, biblioteca especializada e banco de dados. O representativo acervo de arte contemporânea é formado por pinturas, gravuras, fotografias, desenhos, serigrafia, tapeçarias e esculturas de nomes como Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Rubem Valentim, Pancetti, Carybé, Mário Cravo e Sante Scaldaferri, totalizando cerca de mil obras dos mais destacados artistas plásticos brasileiros. Numa área que também faz parte do complexo do Solar do Unhão está localizado o Parque das Esculturas, um museu a céu aberto em uma encosta abrupta, sob os arcos da Avenida do Contorno, que tem a vegetação como manto de recobrimento do solo. No parque, encontram-se obras de nomes como Bel Borba, Carybé, Chico Liberato, Emanoel Araújo, Fernando Coelho, Juarez Paraíso, Mário Cravo Júnior, Mestre Didi, Sante Scaldaferri, Siron Franco, Tati Moreno e Vauluizo Bezerra.
O espaço é cercado por um gradil – última obra executada por Carybé em vida – feito especialmente para o local. O artista plástico também assina o projeto de um painel de concreto, localizado na parte final do jardim e do portal de entrada, todo em ferro e com desenhos de animais e frutas, representando o sol e símbolos do acarajé. O parque ainda conta com um salão de exposições fechado de 200m2, com sistema especial de iluminação e climatização e com um acervo do falecido artista plástico Rubem Valentim.
Solar Ferrão
Situada nas proximidades do Largo do Pelourinho, a construção de 5 mil metros quadrados guarda características da segunda metade do século XVII. Em 1756, os Jesuítas instalaram um Seminário no prédio, que no mesmo século tornou-se propriedade da família Ferrão. Daí em diante funcionou como residência de famílias nobres, teatro e sede do Centro Operário. Em 1977, foi adquirido pela Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural (atual IPAC), que depois da reforma instalou aí a sua sede administrativa.
Solar Marback
Situado no pé da Colina do Bonfim, esta casa de meados do século XIX, destaca-se pela elegância de suas linhas e apuro nos ornamentos. Possui varandas com janelas envidraçadas, uso peculiar da Bahia. Pertence a uma tradicional família baiana.
Carnaval
Ah! Imagina só, que loucura essa mistura. Alegria, alegria é o estado, que chamamos Bahia. De todos os santos, encantos e axé. Sagrado e profano, o baiano é: carnaval…. Hino maior do carnaval da Bahia, a música Chame gente, de Morais Moreira, resume com perfeição; não apenas o espírito democrático, as belezas e a alegria incomparável da cidade de Salvador, mas principalmente, o frenesi sentido aqui em todos meses de fevereiro, durante a maior festa popular a céu aberto do planeta.
Da singela fubica de Dodô e Osmar, até os trios elétricos colossais de hoje, o carnaval ganhou status, infra-estrutura, novos artistas, e acabou por conquistar definitivamente, os milhões de corações que aqui já brincaram. Dentro dos blocos de trio, na pipoca em meio à multidão, ou sobre os recém criados e super-luxuosos camarotes, o folião aqui viverá experiências transcendentais, que elevarão a sua adrenalina e contentamento a um limite nunca antes atingido. Nos seis dias de uma festa praticamente ininterrupta, os grandes nomes de nossa musica estarão todos reunidos nos 26km de ruas e avenidas da cidade, à bordo de seus trios e envolvidos por seus blocos, acionando as engrenagens, desta imensa fabrica de sonhos.
No interior do estado, estão as opções mais tranqüilas, e não menos interessantes, como o Carnaoeste , que acontece na cidade de Barreiras; o carnaval da paradisíaca Canavieiras, no sul do estado e a folia roots, em Palmeiras, no coração da Chapada Diamantina. Por fim, o destaque fica por conta da festança de Porto Seguro, que começa uma semana após o calendário oficial, para fazer renascer a euforia, silenciada pela ressaca da capital.
Entidades Carnavalescas
A multiplicidade da Bahia pode ser expessa pelas diferentes características de suas entidades carnavalescas. A tradição dos blocos afros, as brincadeiras dos travestidos, a folia da garotada e a vibração dos blocos de trio são os ingredientes secretos usados no cadeirão em que se transforma Salvador, no Carnaval.
Bloco dos travestidos
São muitas as explicações sobre o porquê dos homens gostarem de se trajar como mulheres no Carnaval. As razões, porém, não importam. Os blocos de travestidos já se tornaram uma atração à parte no carnaval baiano, abrilhantando a grande festa, com uma irreverência fora do comum. Geralmente, os blocos se apresentam com um número reduzido de componentes, ligados entre si, por laços comunitários ou de amizade. A folia deles é garantida por bandinhas e pequenos carros de som, que percorrem o circuito oficial do carnaval, como um outro bloco qualquer.
Dentro deste segmento, o bloco As Muquiranas alcançaram grande fama, e todos os carnavais, marca forte presença na avenida, com mais de três mil componentes. As fantasias variam tematicamente ano à ano, sempre apresentando com muita graça e purpurina, a alegria e a liberdade de expressão do carnaval. Se você, no entanto, se deparar com algumas muquiranas mais exaltadas, não se assuste. É muito provável que por baixo de todo aquele glamour e maquiagem, exista um comportado machão de carteirinha.
Blocos de trios
No passado, embora muito animado, o carnaval da Bahia tinha como marca maior as bandinhas de fanfarra, que tocavam as tradicionais marchinhas, embalando o folião nos clubes e em alguns largos da cidade. A história começou a mudar, quando os pioneiros Dodô e Osmar inventaram a fubica, uma espécie de carro amplificado, que já na época, provocava grande rebuliço por onde passava.
A evolução dos tempos, no entanto, fez com que aquele carro estranho fosse passo a passo remodelado, ganhando cada vez mais potencia, culminando nos monstros sonoros que temos hoje, os trios. Os blocos que eram pequenos, em função do baixo alcance do som, se tornaram grandes aglomerados de alegria, reunindo em alguns casos, mais de quatro mil foliões. São eles os maiores responsáveis pela fama internacional do carnaval baiano, que com esse ganho de milhares de decibéis, se fez escutar em todos os cantos do mundo.
Sobre os trios elétricos e puxando seus blocos, os grandes expoentes da axé music conseguem com seus hits, tocados em alto e bom som, movimentar as engrenagens desta grande fabrica de sonhos, chamada Carnaval.
Blocos infantis
A intensa agitação dos blocos de adultos, e os horários em que acontecem seus desfiles, inviabilizavam a participação das crianças no carnaval. Como os pequeninos, à todo custo, não queriam ficar de fora da folia, estimulou-se, então, a criação dos blocos infantis. A partir daí, algumas entidades surgiram, e a garotada passou a desfilar durante o dia, no Circuito Dodô (trajeto Barra Ondina), arejado pela brisa do mar, num espaço mais amplo e protegido. Após sucesso nos primeiros anos, o segmento se consolidou e, hoje, os pais ficam tranqüilos com o carnaval de seus filhos, encontrando grande prazer em acompanhá-los na farra mirim.
Índios nos blocos
A figura do índio – o caboclo, como é chamado – é marcante na cultura baiana, principalmente por sua participação na luta pela Independência da Bahia, que aconteceu um ano depois do fatídico 7 de setembro. Essa afinidade refletiu-se no surgimento de entidades carnavalescas que trajavam seus associados como índios, ainda que sem uma preocupação com autenticidade nacional. Surgiram, então, os enormes blocos de índios, com nomes que se tornaram famosos, como Os Apaches do Tóroró, Comanches e outros. Desde a década de 90, porém, estas agremiações vêm se mantendo com muita dificuldade, diante do comercial e moderno carnaval de hoje.
Circuitos de Carnaval
Maior festa popular do planeta, o Carnaval de Salvador cresceu tanto, que hoje se distribui simultaneamente em três circuitos da cidade. Para aqueles que preferem mais tranquilidade e para os mais saudosos, o circuito Batatinha, no Pelourinho, é a melhor pedida. Já o Carnaval no trecho Barra-Ondina (circuito Dodô) e no centro(Osmar) apresenta emoções diferentes e muito agito, com as apresentações dos grandes nomes da axé music, além do desfile de blocos afros e afoxés.
Circuito Batatinha
Tendo como palcos principais, as praças, Municipal e da Sé, além do famoso Pelourinho, o carnaval do centro histórico, à cada ano, apresenta-se mais bonito, alegre e estruturado. A iniciativa de revitalizar a folia neste ponto da cidade surgiu com o Projeto Pelourinho Dia e Noite, que em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo do Estado, é também o responsável pela maioria dos eventos realizados no local, durante todo o ano. No carnaval, em meio a casarões coloniais, ruas bem pitorescas e um astral todo especial, bandinhas e charangas percorrem os caminhos do Pelô, tocando antigas e saudosas marchinhas, que arrastam uma multidão super eufórica. Por apresentar uma programação mais tranqüila, o Circuito Batatinha é muito procurado por famílias, que querem curtir um carnaval mais calmo, longe da badalação do eixo tradicional. Na praça Municipal, o palco armado em frente à sede da Prefeitura já se tornou famoso pelos desfiles e concursos de fantasia.
Circuito Dodô
Para a maioria dos amantes do carnaval baiano, o surgimento do Circuito Dodô representou para a festa, uma verdadeira revolução em termos de infra-estrutura e conforto. A folia adquiriu, com o passar dos anos, o status de maior festa popular do planeta, fazendo com que o circuito tradicional (Campo Grande), se tornasse pequeno para um número cada vez maior de turistas e foliões. Este novo trajeto liga as belas praias da Barra e Ondina, num percurso de aproximadamente 4 km, marcado em quase toda a sua extensão, por uma vista estonteante da Baía de Todos os Santos. Blocos uniformizados, cada um com sua atração, iniciam no Farol da Barra uma jornada mágica de alegria, que somente depois de 6 horas, termina na Praia de Ondina. Os últimos anos marcaram o surgimento de camarotes superbadalados, alguns, inclusive, assinados por personalidades baianas e artistas famosos. Suas instalações incluem buffet de alto nível, acesso privativo à praia, pista de dança e shows entre a passagem dos trios. Na avenida, e fora dos blocos, a maioria do foliões, conhecida como pipoca, promove grande agitação e alegria. Para essa galera, o point de aguardados ou inesperados encontros é sempre o beco de Ondina, onde os trios dão aquela tradicional paradinha.
Circuito Osmar
Foi neste circuito que a Bahia presenciou os episódios mais marcantes da história de seu carnaval. Seu trajeto de 6 km traz o charme dos casarões do centro e a aura de muitos e inesquecíveis carnavais, numa história que começou com a fubica de Dodô e Osmar, passou pelo deboche de Luiz Caldas, e ainda hoje, sacode com os hits incomparáveis do Chiclete, Asa de Águia e Timbalada. O percurso começa no corredor da Vitória, corta a praça do Campo Grande, local de camarotes bem badalados, e desce a longa Avenida Sete de Setembro. Até o seu final desta rota, o fôlego e a alegria do folião serão rigorosamente testados, já que somente após cerca de 7 horas e meia, o trio retorna ao Campo Grande marcando o final da jornada. Hoje, dividindo as atenções com badalado Circuito Dodô, o carnaval no centro da cidade tem seus momentos áureos, justamente nos três últimos dias da festa, quando os principais nomes da axé music, ainda priorizam sua tradição.
Micaretas
Como a Bahia é bem grande, e a energia de seu povo custa a terminar, outras cidades do interior resolveram promover, em diferentes épocas, suas próprias festas.
A grande notoriedade que a Bahia conquistou em todo o mundo se deve, principalmente, à singularidade do seu Carnaval. Nessa época, embora apresente roteiros alternativos para o turista, o estado concentra todas as suas atenções na folia que acontece em Salvador. Como a Bahia é bem grande, e a energia de seu povo custa a terminar, outras cidades do interior resolveram promover, em diferentes épocas, suas próprias festas, apresentando animação e alto astral, em doses bem parecidas as da folia da capital. Surgiu, então, a micareta. A origem da palavra micareta vem do francês Mi-carême, que significa meia quaresma. Ela foi usada pela primeira vez no século XV, na França, para designar o Carnaval fora de época, ou seja, durante a Quaresma.
Miconquista e Micareta de Feira
Feira de Santana, de longe, foi a cidade pioneira neste tipo evento. No distante 1937, feirenses inconformados com a não realização do Carnaval naquele ano, cancelado em virtude de fortes chuvas, ganharam as ruas da cidade e iniciaram essa polêmica e animada tradição. Com o surgimento da fubica, inventada mais tarde por Dodô e Osmar, a micareta de Feira manteve-se no encalço do Carnaval tradicional, com um formato parecido, sendo realizada sempre entre os meses de abril e maio.
A Avenida Presidente Dutra, porta de entrada da cidade, é o palco da passagem dos muitos blocos locais, que trazem nomes consagrados da axé music, como Chiclete com Banana, Timbalada, Asa de Águia, Babado Novo e Ivete Sangalo. O evento, além de movimentar milhões de reais e gerar centenas de empregos temporários, representa uma ótima alternativa para quem não aguenta esperar o Carnaval do ano seguinte. A outra grande micareta do estado ocorre em Vitória da Conquista, importante cidade do sudoeste baiano, que realiza uma festa apoteótica, sempre marcada por muitos agitos e uma excelente organização. A Miconquista , como é popularmente conhecida, acontece sempre no final do ano, funcionando como um aquecimento para a festa de fevereiro, na capital.
Outras cidades também realizam suas micaretas durante todo o ano e, mesmo sem chamar grande atenção, realizam festas fantásticas. Em todos os cantos do nosso território existe algo a se fazer, algo a comemorar. O turista que aqui chega descobre imediatamente que os trios elétricos não adormecem na Quarta-Feira de Cinzas, e que alma festeira do baiano tem o poder de transformar a Bahia num verdadeiro estado de espírito.
Festas Populares
A Bahia é uma festa o ano todo. Os festejos populares se sucedem, concentrados no Verão, mas se estendendo por todo o ano, incluindo as festas juninas. As manifestações folclóricas, de diversas origens se proliferam com exibições ao ar livre de capoeira, maculelê e samba-de-roda. Milhares de pessoas vão às ruas celebrar os santos padroeiros. Além de popular, essas festas se caracterizam pelo sincretismo religioso e pela mistura de elementos sagrados e profanos.
Toda a fé do baiano se manifesta no ciclo de festas populares, desde as comemorações dos orixás do candomblé, quando todos os terreiros da cidade batem seus tambores para seus filhos-de-santo dançarem, até as festas da religião católica, que ganham um cunho profano com muito samba-de-roda e barracas padronizadas que servem bebidas e comidas variadas.
Esse clima de festa impregna toda a cidade, desde a manhã até a noite, mas no início de dezembro, a programação se intensifica. O ciclo tem início no dia 4 de dezembro, com a Festa de Santa Bárbara, e tem seu ápice da Lavagem do Bonfim, na Festa de Iemanjá e no Carnaval. Atualmente, as mais tradicionais são: Bom Jesus dos Navegantes, Lavagem do Bonfim e Iemanjá. Veja a seguir o calendário festivo:
Calendário de Festas
Bom Jesus dos Navegantes
1º de Janeiro
Lavagem do Bonfim
2ª quinta-feira de janeiro (móvel)
Ribeira
segunda-feira após a Lavagem do Bonfim (móvel)
Festa de Iemanjá
2 de fevereiro
Lavagem de Itapuã
uma semana antes do Carnaval (móvel)
Santa Bárbara
4 de dezembro
N. S. da Conceição da Praia
8 de dezembro
Festa do Senhor dos Navegantes
Tradicional celebração popular, a Festa inclui duas procissões marítimas que conduzem a imagem de Nosso Senhor dos Navegantes pelas águas da Baía de Todos-os-Santos.
Data: 31 dez a 01 jan
Acontece em: Salvador
Tradicional celebração popular, a Festa tem origem portuguesa, datando de 1750. O evento inclui duas procissões marítimas: a primeira, no dia 31 de dezembro, faz o percurso Largo da Boa Viagem/Basílica da Conceição da Praia; a segunda, no dia 1º de janeiro – uma das mais populares da cidade – conta com centenas de embarcações acompanhando a Galeota Gratidão do Povo, que conduz a imagem de Nosso Senhor dos Navegantes pelas águas da Baía de Todos-os-Santos, desde o cais do Segundo Distrito Naval até a praia da Boa Viagem. O evento é precedido por tríduo, missa solene e festa de largo, que se transforma em um verdadeiro Réveillon popular na noite de 31 de dezembro e 1º de janeiro.
Festa da Lapinha (Festa de Reis)
Data: 03 a 06 jan
Acontece em: Salvador
Festa tradicional de origem portuguesa, simboliza a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. A programação é composta de celebração de missas, no dia 06 de janeiro, visitação ao presépio no interior da Igreja da Lapinha, festa de Largo e apresentação de Ternos de Reis. Além do presépio vivo, abordando temas sociais diversos, são armadas barracas para a comercialização de bebidas e comidas típicas.
Santa Bárbara
Santa Bárbara é uma das divindades mais cultuadas na Bahia.Todo dia 4 de dezembro milhares de baianos assistem a missas e fazem carurus em casa para reverenciá-la.
Data: 04 dez
Acontece em: Salvador
Por volta de 1641, os comerciantes e trabalhadores do Mercado de Santa Bárbara, no Comércio, decidiram homenagear a santa. De lá pra cá, os festejos viraram tradição. Todo dia 4 de dezembro milhares de baianos assistem a missas e fazem carurus em casa para reverenciá-la. Santa Bárbara é uma das divindades mais cultuadas na Bahia. Ela é a madrinha do Corpo de Bombeiros e padroeira dos mercados. No candomblé, é representada pela divindade Iansã – santa guerreira, senhora dos raios, dos ventos e trovões.
Atualmente, as homenagens à santa duram três dias e iniciam-se com uma missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, onde fica exposta a sua imagem. Em seguida, uma procissão percorre as ruas do Centro Histórico, passando em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros. Durante o encerramento da festa religiosa, ocorre a distribuição do tradicional caruru, preparado por voluntários e servido de graça, sempre acompanhado de muito samba de roda e capoeira.
Penitentes
No período da Quaresma, alguns fiéis realizam o ato da penitência. Eles se vestem com lençóis brancos e percorrem várias igrejas, cruzeiros e o cemitério da cidade, rezando pelas almas dos mortos.
Data: 25 fev a 10 abr
Acontece em: Juazeiro
Todos os anos, no período da Quaresma, entre a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira da Paixão, alguns fiéis realizam o ato da penitência. Esse grupo, chamado de Penitentes, veste-se com lençóis brancos e percorre várias igrejas, cruzeiros e o cemitério da cidade, rezando pelas almas dos mortos. Os Penitentes são divididos em dois grupos: os Alimentadores de Alma, que fazem orações pelas almas e chacoalham um instrumento chamado de matraca; e os Disciplinadores, que durante o ato de penitência se martirizam com chicotes providos de lâminas na ponta, causando cortes por todo o corpo, derramando sangue, com o objetivo de reduzir os pecados.
Festa de Iemanjá
Pescadores e fiéis festejam em cortejo marítimo, que sai ao mar partir das 16h, em inúmeros barcos, conduzindo flores e outros presentes para a Rainha das Águas. Esta é uma das maiores manifestações religiosas públicas do candomblé. As ruas do bairro do Rio Vermelho ficam tomadas de pessoas que se aglomeram para assistir à saída das embarcações com as oferendas. Evento que se realiza desde 1974, organizado pelos pescadores da colônia de pesca do bairro.
Lavagem do Bonfim
As baianas despejam seus vasos com água de cheiro no adro da igreja e sobre as cabeças dos fiéis, num ritual de fé e esperança.
Data móvel: 2° quinta-feira de janeiro
Acontece em: Salvador
Na sequência de festejos, destaca-se a Lavagem do Bonfim, uma quilométrica procissão, com todos vestidos de branco, entre a igreja da Conceição da Praia e a do Bonfim, no alto da Colina Sagrada. Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas participam da procissão. As baianas, que abrem o cortejo, despejam seus vasos com água de cheiro no adro da igreja e sobre as cabeças dos fiéis, num ritual de fé e esperança.
Dia do Samba
Data: 01 a 02 dez
Acontece em: Salvador
No dia 02 de dezembro comemora-se o Dia Nacional do Samba. Instituído pela Câmara de Vereadores de Salvador, em 1940, foi parte das homenagens ao compositor Ary Barroso, que um ano antes lançara Aquarela do Brasil, a música mais conhecida, executada e regravada fora do Brasil. Todos os anos há show comemorativo do Dia do Samba, em praça pública, no Terreiro de Jesus, localizado no Pelourinho.
Nossa Senhora da Conceição da Praia
Tradicional festa de Largo, nas imediações do Mercado Modelo, com barracas de comidas típicas e bebidas, unindo a profana alegria do baiano à sagrada devoção religiosa.
Data: 8 dezembro
Acontece em: Salvador
As três mais antigas referências históricas à festa da Conceição da Praia têm pelo menos 800 anos.
A primeira delas aconteceu em 1147, com o início da devoção à Santa, em Portugal. De acordo com alguns relatos, os portugueses tornaram-se devotos de Nossa Senhora da Conceição, assim que conseguiram retomar Lisboa do poder dos mouros. Outra versão marca o ano de 1549. Segundo historiadores, a tradição começou neste país, logo que a cidade de Salvador foi fundada pelo governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, devoto da Santa.
Uma terceira teoria remonta à década de 30, quando o Monsenhor Aquino Barbosa, vigário da Conceição da Praia, sugeriu a uma baiana do acarajé que instalasse uma barraca maior para vender comida. A partir daí, começou o lado festivo que, até hoje, atrai milhares de pessoas. Os festejos começam ainda no final de novembro, com a novena que acontece todas as noites na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio. A celebração envolve uma missa campal e procissão. Paralelamente, ocorre a tradicional festa de Largo, nas imediações do Mercado Modelo, com barracas de comidas típicas e bebidas, unindo a profana alegria do baiano à sagrada devoção religiosa.
Procissão de Ramos
Data: 05 abr
Assim como a manifestação realizada no dia 08 de dezembro, a Procissão de Ramos também homenageia Nossa Senhora da Conceição da Praia. Os ramos empunhados pelos devotos são, no entanto, o grande diferencial dessa manisfestação de fé, que assinala, de forma marcante, o início da Semana Santa, reproduzindo a chegada de Jesus a Jerusalém. O público supera a marca dos 10.000 fiéis, causando um grande movimento no percurso que vai do Campo Grande até a Praça Municipal, no Centro Histórico de Salvador.
Gastronomia
Tempero à moda baiana
O dendê vindo da África empresta seu sabor peculiar ao azeite que dá gosto às moquecas, mariscadas, caruru, acarajé e abará. Acompanhados da tradicional caipirinha ou da refrescante água de coco, os pratos presenteiam os olhos, seduzem o olfato e se desmancham ao paladar. É de dar água na boca.
O sertão reserva novas misturas, aguça novos sabores e endossa o tempero da culinária baiana. Carne seca, pirão, mingau, cuscuz, bolos e doces variados de todas as frutas dão o tom da mesa farta do sertanejo.
A Bahia é uma festa de cores e sabores. Às receitas milenares de tribos indígenas e à rusticidade improvisada nas senzalas dos escravos africanos, somou-se a fineza e o requinte da cozinha real portuguesa. É satisfação para todos os gostos. E bom apetite!
Bebidas
A cachaça é a base dos drinques baianos. Misturada com frutas diversas nas tradicionais caipirinhas a mais popular é a de limão -, acrescida de leite condensado nas batidas ou mesmo pura com mel e suco de limão, a bebida acompanha almoços e jantares ou, simplesmente, anima as festas e baladas noite adentro.
Servidos na praia, em bares, casas noturnas e restaurantes, os drinques e coquetéis elaborados com toques regionais e ingredientes curiosos são as principais atrações das barracas armadas em frente a clubes e boates. Algumas levam nomes inusitados, bem ao estilo despojado e criativo do baiano -sacanagem, pau nas coxas e muitos outros. Os jovens não dispensam uma boa dose da bebida para abrir a noite.
Culinária Afro-Brasileira
As grandes matrizes da diversa e variada cozinha brasileira está em Portugal, com a África, com o Oriente e com as culturas indígenas.
Na época das grandes navegações, Portugal vivia de forma pioneira o fenômeno da globalização, lançando-se ao mar, ao encontro da ampliação comercial, da conquista de novas rotas em busca de alimentos e especiarias. Sem dúvida, as grandes matrizes da diversa e variada cozinha brasileira está em um Portugal ampliado com a África, com o Oriente e com as centenas de culturas indígenas. Pode-se caracterizar a cozinha de herança africana no Brasil como adaptativa, criativa e legitimadora de muitos produtos africanos e não africanos que foram incluídos regionalmente e em outros de presença nacional.
Comidas Típicas
Do apimentado tempero da cozinha típica, à fartura de cores e sabores, tudo isso faz da Bahia uma terra de culinária rica, exótica e deliciosa.
A fartura de cores e sabores está em todos os cantos da Bahia. Do apimentado tempero da cozinha típica à diversidade da culinária do Sertão, passando pelos doces de frutas tropicais e os mais variados bolos, fazem da Bahia uma terra de culinária rica, exótica e deliciosa.
Culinária da Chapada Diamantina
Um dos pratos mais tradicionais da região é a galinha ao molho pardo, feita com o sangue da própria ave, o que lhe confere um sabor peculiar.
Culinária da Ilha de Itaparica
A culinária típica é baseada em frutos do mar, com destaque para as moquecas e ensopados de ostra, chumbinho, aratu, siri, caranguejo, sarnambi, polvo, lula, camarão e lagosta.
Culinária de Belmonte
Camarões imensos grelhados, deliciosas moquecas de pitu (uma cruza de camarão com lagosta), sashimi de robalo, lagosta, e muito peixe fresco. Azeite de dendê e leite de coco dão o toque final que confere o sabor típico da culinária baiana.
Culinária de Canavieiras
Conhecida como a cidade do caranguejo, Canavieiras oferece um menu completo tendo o crustáceo como atração principal. A fartura é tanta que, no mês de setembro, a cidade promove o Festival Nacional do Caranguejo, o que atrai visitantes ávidos pelo seu sabor peculiar e carne tenra. No cardápio, além do convencional caranguejo cozido em água e sal com temperos e servido inteiro, o crustáceo é combinado com diversos ingredientes em uma infinidade de pratos que agradam os mais apurados paladares.
Culinária de Jacobina
Em Jacobina, a culinária é típica do sertão baiano. Carne de sol com pirão de leite, bode assado, buchada, feijão de corda, rabada e andu (um tipo de leguminosa característica da caatinga) fazem a fartura da mesa e a alegria do paladar. A sobremesa está garantida. A cidade é também famosa pela fabricação de doces típicos – os mais conhecidos são o de marmelo, o de goiaba e o de banana.
Culinária de São Francisco do Conde
A culinária típica de São Francisco do Conde reserva delícias exóticas como o arremate de sururu e a moqueca na folha de bananeira, feita com xangó sem a espinha dorsal – a embalagem na folha de bananeira ajuda a conservar a temperatura e dá sabor especial ao quitute. O tempero, caprichado no dendê e no leite de coco, revela moquecas variadas de peixes e mariscos ou, se preferir, os ensopados condimentados no tomate, pimentão, cebola e cheiro verde. Para acompanhar, o feijão fradinho é sempre uma boa pedida. Feijão doce também é prato certo na mesa, em São Francisco do Conde. Para adoçar o paladar, balas variadas feitas com frutas típicas, como as de jenipapo, coco e goiaba com coco. Saiba mais sobre São Francisco do Conde.
Culinária do Jorro
A culinária típica do sertão é um dos destaques à beira do Rio Itapicuru (Jorrinho). O tradicional bode assado é pedida certa. De sobremesa, doces de frutas da época, como umbu e banana, além dos famosos doces de batata e de leite.
Culinária do Oeste
No coração do Oeste Baiano, em Barreiras, a comida típica típica reúne diversas influências, com especial destaque para as cozinhas gaúcha e cearense. O tradicional churrasco divide o paladar com pratos inusitados, tipicamente nordestinos, como o pirão de cabeça de surubim e a galinha caipira com pirão de mulher parida. As peixadas e o feijão tropeiro endossam a diversidade de sabores da cidade. Para adoçar o paladar, a sobremesa fica por conta dos doces feitos da fruta, com destaque para o de maracujá nativo e o de buriti. A feira local reúne todos os tipos. Biscoitos peta, ginete e queijada são os mais clássicos.
Culinária no Arraial
Comida mineira, massas caseiras, cantinas italianas, especialidades espanholas, austríacas, francesas, tacos mexicanos, grelhados, frutos do mar, pizzas. A variedade e qualidade da culinária, em Arraial DAjuda, são tais que os restaurantes organizam um Roteiro de Gastronomia – Arraial da Gula – na última semana de julho, com cardápios e preços especiais; sempre aliados a atrações sócio-culturais. Os pratos mais cotados, como não podia deixar de ser, trazem o melhor da culinária típica da Bahia, regados a muita pimenta malagueta, azeite de dendê e leite de coco, além da mandioca e do milho matérias-primas de bolos variados, doces, mingaus, farofas e pirão. Saiba mais sobre Arraial DAjuda.
Culinária Sertaneja
Para além da cozinha afro-baiana, a culinária característica do sertão baiano inova em receitas à base de pirão, farofa e carne seca. Carne de sol, de bode, cabrito e charque; maxixe, mandioca, milho e a manteiga de garrafa são ingredientes fundamentais na panela ou tacho do sertanejo. De certo que a culinária da Bahia não estaria completa sem a herança da caatinga. Na cidade de Salvador e Recôncavo, nos municípios da Ilha de Itaparica e ao longo de todo o litoral o predomínio é das delícias tipicamente afro-baianas. A região semi-árida, margeada pelo imponente São Francisco, completa a miscelânea de gostos e temperos da cozinha baiana com toques sertanejos. Saiba mais sobre Canudos, Cipó, Monte Santo,Euclides da Cunha e Jorro, locais de tradição em culinária sertaneja.
Culinária Sertaneja
Para além da cozinha afro-baiana, a culinária característica do sertão baiano inova em receitas à base de pirão, farofa e carne seca. Carne de sol, de bode, cabrito e charque; maxixe, mandioca, milho e a manteiga de garrafa são ingredientes fundamentais na panela ou tacho do sertanejo. De certo que a culinária da Bahia não estaria completa sem a herança da caatinga. Na cidade de Salvador e Recôncavo, nos municípios da Ilha de Itaparica e ao longo de todo o litoral o predomínio é das delícias tipicamente afro-baianas. A região semi-árida, margeada pelo imponente São Francisco, completa a miscelânea de gostos e temperos da cozinha baiana com toques sertanejos. Saiba mais sobre Canudos, Cipó, Monte Santo,Euclides da Cunha e Jorro, locais de tradição em culinária sertaneja.
Doces da Ilha Paraíso
O local ganhou fama como o paraíso dos doces. São nada menos que 60 tipos de doces caseiros, típicos da região. Além de saborear as guloseimas, o visitante também pode levar para casa doces já embalados para viagem, como lembrança do lugar.
Religiosidade
As mais de 365 igrejas católicas em Salvador uma para cada dia do ano e ainda sobra e os muitos terreiros de famosos pais e mães-de-santo convivem em plena harmonia de crenças e ritos.
Cultuados nas missas e feriados cristãos – cada qual com sua entidade correspondente na religião de ordem africana – e festejados nas ruas e largos em celebrações que misturam o sagrado e o profano, os santos são motivos de fé e adoração, e sempre festejados ao tempero da Bahia, na capital e no interior, onde cada praça reserva, ao menos, uma igreja.
A arquitetura portuguesa nas basílicas, do barroco ao neoclássico, e as coreografias marcadas nos terreiros de candomblé são atrações à parte, que dão o tom da inabalável fé do baiano neste verdadeiro caldeirão religioso.
Fonte: www.bahia.com.br
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