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Cancro Mole – Definição
O Cancro Mole é uma doença infecciosa aguda, de transmissão sexual e ulcerativa, usualmente localizada nos genitais. Pode ser associada a adenopatias inguinais uni ou bilaterais.
Cancro Mole – O que é
O Cancro Mole manifesta-se dois o cinco dias após a relação sexual com uma pessoa que tenha a doença. Primeiro aparecem uma ou mais feridas com pus, mais o menos do tamanho de um botão de camisa.
Dentro de pouco tempo, forma-se uma ferida úmida e dolorosa, que se espalha rapidamente, aumentando de tamanho e ficando profunda.
O cancro mole é conhecido popularmente como cavalo e só é transmitido sexualmente.
A doença não desaparece sem tratamento. Pelo contrário, surgem outras feridas em volta da primeira. O próprio doente, sem querer, provoca o aparecimento de novas feridas, ao se coçar.
No homem, estas feridas se localizam geralmente na ponta do órgão genital masculino.
Na Mulher, aparecem na vulva, que é parte externa do aparelho sexual, no orifício retal e, mais raramente, no órgão genital feminino e no interior do aparelho sexual.
Cancro Mole – Agente etiológico
Haemophilus ducreyi. Bastonetes Gram-negativos, um organismo gram-negativo fastidioso, grossos e curtos, não ácido-resistentes, imóveis. Localização extra celular com tendência à formação de cadeias (estreptobacilos). Ele entra no corpo através de rupturas na pele. Sensíveis contra dessecação e aos desinfetantes habituais.
Cancro Mole – Epidemiologia
O cancro mole é particularmente comum em algumas regiões da África, na Ásia e na América Latina, onde a incidência pode exceder a da sífilis como causa de ulceração genital.
Nos EUA o cancro mole é considerado uma doença sexualmente transmissível incomun. Segundo os dados enviados ao Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o número de casos notificados de cancróide atingiu o pico de 9.515 em 1947, antes do início do declínio que durou até os meados dos anos 80.
O aumento da incidência de cancróide nos meados dos anos 80 ocorreu simultaneamente com o aumento na incidência de sífilis primária e secundária entre minorias de homens e mulheres heterossexuais.
O aumento da incidência de sífilis foi associado com uso de cocaína entre homens e mulheres e entre os homens, com troca de favores sexuais por drogas ou dinheiro.
Tem sido postulado que fatores semelhantes podem ser também responsáveis pelo aumento da incidência de cancróide. A persistência do cancróide em uma população depende de vários fatores, que podem ser matematicamente expressados. Estima-se que a probabilidade de transmissão de cancróide de um indivíduo infectado para um indivíduo feminino sadio durante uma única exposição sexual seja 0,35.
A duração da infetividade é estimada em 45 dias. Nos EUA a associação de alguns curtos de cancróide com prostituição sugere que o número de parceiros sexuais é um fator crítico na disseminação do cancróide.
Isto também ajuda a explicar a associação de cancróide com certos fatores de risco como uso de crack e álcool, pois os indivíduos viciados em cocaína e álcool têm mais parceiros sexuais e são mais sujeitos ao comportamento sexual de alto risco. A maioria dos casos ocorre em homens.
Esse fato provavelmente resulta de uma combinação de fatores: anatomia masculina mais facilmente visível; pequeno número de prostitutas infectadas tendo relações sexuais com muitos homens; mulheres com úlceras cervicais assintomáticas e, nas mulheres, cura espontânea das lesões em regiões secas como a face interna das coxas.
As DST em geral e as doenças ulcerativas genitais em particular são fatores de risco na transmissão heterossexual de HIV.
Foram propostos dois mecanismos para explicar como as úlceras genitais aumentam a transmissão de HIV.
O cancróide e outras doenças genitais ulcerativas poderiam facilitar a transmissão de HIV pelo aumento da disseminação do vírus através da úlcera. De fato, o HIV tem sido detectado em úlceras de cancróide.
A presença da úlcera também aumenta a susceptibilidade à infecção por HIV pela ruptura da barreira epitelial e talvez pelo aumento de células susceptíveis ao HIV no ponto de entrada.
Em biópsias de cancróides de indivíduos infectados experimentalmente com H. ducreyi observa-se um infiltrado característico de macrófagos e linfócitos T na derme.
Ainda estão para ser determinadas a proporção de células CD4 no infiltrado e a susceptibilidade à infecção por HIV.
Cancro Mole – Etiologia
Haemophilus ducreyi
O Haemophilus ducreyi é um bacilo curto (ou cocobacilo) Gram negativo, anaeróbio facultativo, imóvel, acapsulado e sem esporos. Mede cerca de 1,5 jim de comprimento por 0,5 um de largura.
Necessita do fator X para o seu crescimento e reduz nitrato a nitrito. Não produz indol, catalase ou ácido sulfídrico, mas produz fosfatase alcalina
Cora-se pelos corantes azuis (azul de toluidina, tionina fenicada, azul de metileno e outros). Pela técnica de Gram, cora-se em rosa pálida, com acentuação da coloração nas extremidades.
O meio ideal para o crescimento é o meio sólido seletivo ágar-chocolate enriquecido (contendo Vancomicina). Cresce melhor numa concentração de 5-10% de C02 e à temperatura de 35-37C, por 24-48 horas.
Segundo Lennette, o crescimento é favorecido, se cultivado à temperatura de 33C5. Sua observação deverá ser diária até completar uma semana de cultivo 12.
Também cresce em ágar contendo peptona, glicose, glutamina e hematina (fator X). Algumas cepas, porém, necessitam da cisterna, albumina ou amido. Na prática diária, a cultura não é realizada.
A recombinação genética por plasmídeo e transpossons foi descrita, podendo ser transferida entre Haemophilus ducreyi, Haemophilus parainfluenzac e Neisseria gonorrhoeae; a resistência à penicilina e derivados ocorre por esse mecanismo.
Período de Incubação: De 2 a 7 dias.
Sintomas/Curso
Na maioria das vezes, úlcera primaria surgindo isoladamente, de consistência mole; frequentemente há linfadenite regional unilateral e edema dos gânglios linfáticos com supuração após 10 a 20 dias.
Esvaziamento espontâneo ou formação de úlceras crônicas. A localização extragenital é muito rara (dedo, língua, pescoço, álpebras, mama).
Cancro Mole -Manifestações Clínicas
O período de incubação usualmente é de 4-10 dias, mas períodos mais longos não são incomuns. A lesão começa com uma pápula eritematosa ou pústula dolorosa no local da inoculação; alguns pacientes não se lembram da pápula, mas descrevem o início como uma úlcera eritematosa rasa.
A lesão primária pode ser descrita simplesmente como uma “ferida”. Durante os próximos 1-2 dias a pápula se transforma em uma úlcera dolorosa. Algumas úlceras podem ser bem superficiais, mas a maioria é profunda; as úlceras são escavadas na pele e frequentemente dificulta o exame da úlcera.
A úlcera algumas vezes é mascarada por exsudato sexo ou por crostoso que revela a ulceração ao ser removido delicadamente com gaze embebida em salina.
Em homens as úlceras frequentemente ocorrem no prepúcio, resultando em fimose, uma dolorosa incapacidade de retração do prepúcio. À medida que a doença progride, em até 50% dos casos aparece linfadenopatia inguinal unilateral ou bilateral, caracteristicamente dolorosa, mesmo que os gânglios sejam pequenos.
A adenopatia varia de apenas palpável – ainda que bem dolorosa – até intensa. Podem ocorrer bubões (linfodonos grandes e flutuantes), um achado que não é visto na sífilis e no herpes genital.
Na ausência de tratamento eficaz a punção profilática com agulha os bubões frequentemente supuram, deixando fístulas ou úlceras secundárias no local da drenagem.
Foi descrita uma forma variante de úlcera conhecida como mou volant (cancro transitório), que evolui espontaneamente após 4-6 dias mas pode ser seguida por adenopatia inguinal que se torna um enigma diagnóstico.
Em mulheres as úlceras ocorrem na região vulvar; o estado de portador de H. ducreyi sem sinais de infecção parece ser incomum. Há várias diferenças na expressão da doença entre homens e mulheres
Em cerca de metade dos indivíduos não há mais que uma úlcera. Os homens invariavelmente são sintomáticos, mas ocasionalmente as mulheres podem ser assintomáticas quando as úlceras ocorrem no colo do útero ou no órgão genital feminino.
Supõe-se que as úlceras anais em mulheres resultem de drenagem ou auto-inoculação e não necessariamente de coito retal.
Úlceras transitórias podem ser encontradas frequentemente na face interna das coxas de mulheres de mulheres não-infectadas.
A relativa infrequência de adenopatia em mulheres presumivelmente se deve a diferenças na drenagem linfática entre o sexo masculino e feminino.
Podem ocorrer úlceras na boca como resultado de sexo oral, e, raramente, em outros locais do corpo por cauxa de auto-inoculação. Tem sido descrita a colonização da boca, do colo do útero e do órgão genital masculino na ausência de sinais e sintomas.
Infelizmente as úlceras cancróides frequentemente têm apresentação clínica atípica, que resulta em erros de diagnóstico com consequente falha na adequação terapêutica.
O cancróide pode mimetizar herpes genital, gonorréia e donovanose. A situação se complica mais pelas mudanças no quadro clínico, que ocorrem por infecção concomitante de H. ducreyi e HIV.
As lesões podem se tornar menos vascular e mais parecidas com as lesões da sífilis. Podem também disseminar-se localmente com grande número de lesões dolorosas.
Cancro Mole – Sintomas
Os sintomas podem incluir feridas abertas com dor e secreção, e caroços na região da virilha. As feridas começam como simples caroços vermelhos, de quatro a sete dias após contato com a ferida da pessoa infectada.
Estas feridas crescem e se aprofundam podendo sangrar e causar muita dor. Caso as feridas se formem no órgão genital feminino, elas podem causar dor e sangramento durante a relação sexual, ou dor ao urinar.
Caso as feridas surjam no orifício retal, pode haver dor e sangramento decorrentes de movimentos do intestino.
Cancro Mole – Complicação
Infecção secundária. Infecção mista com Treponema pallidum ou Chlamidya lymphogranulomatis.
Cancro Mole – Diagnóstico
Comprovação do agente etiológico no esfregação das bordas mal definidas das úlceras ou por aspiração dos gânglios linfáticos. Cultura. Auto-iniculação (formação de bolhas em 48 horas). Teste cutâneo com vacina.
Microbiológico: identificação de bacilos gram-negativos intracelulares em esfregaço de secreção da base da úlcera ou do aspirado do bubão. A cultura, apesar de ser mais sensível, é de difícil realização.
PCR: padrão-ouro para diagnóstico, porém de custo elevado.
Critérios clínicos e laboratoriais (utilizados na alta suspeita com pesquisa de agente negativa e impossibilidade da realização de PCR).
O diagnóstico pode ser feito na presença de todos os critérios:
Presença de uma ou mais úlceras genitais dolorosas.
Ausência de T. pallidum no exsudato no exame de microscopia de campo escuro ou sorologia de sífilis negativa pelo menos 7 dias após surgimento das lesões.
Apresentação clínica com aspecto das úlceras genitais e adenopatia inguino-crural típicos de cancro mole.
Pesquisa de herpes simples negativa na secreção da úlcera.
Profilaxia: Higiene.
Cancro Mole – Tratamento
O Cancro Mole pode ser tratado com antibióticos.
São eficazes a doxiciclina ou minociclina, durante 2 a 3 semanas, eventualmente por mais tempo. Em parte, recomenda-se combinação com sulfonamida.
Também são eficazes as cefalosporinas, eritromicina, aminoglicosídeos cloranfenicol. Caso necessário, recomenda-se punção (não incisão) dos bubões.
O Cancro Mole ou cancróide pode causar úlceras com bordas suaves (cancros moles) em seus genitais. Você também pode ter inchaço e dor nos gânglios linfáticos da virilha. Os antibióticos podem curar a doença.
Abster-se de sexo pode evitá-lo.
O cancróide (também chamado de cancro mole) é uma infecção bacteriana causada por Haemophilus ducreyi (H. ducreyi). O cancróide é considerado uma doença sexualmente transmissível (DST).
Você também pode ouvir falar de doenças que são transmitidas através do sexo chamadas infecções sexualmente transmissíveis (DSTs). Embora o cancro mole seja muito contagioso, é curável.
Existe diferença entre sífilis e cancróide?
A sífilis e o cancro mole são doenças transmitidas pelo sexo, mas o germe que causa a sífilis não é o mesmo que causa o cancro mole e o tratamento é diferente.
Se você tem sífilis, pode ter um cancro. Esta é uma ferida dura ou uma úlcera que geralmente se forma onde a bactéria entra em seu corpo, mais frequentemente na área genital, mas também na boca ou no aparelho reprodutor feminino.
Um cancro geralmente não causa dor.
Cancróide é a doença, não a ferida. No cancróide, você terá um cancro mole (úlcera). Estes são muitas vezes dolorosos e vermelhos. Eles não têm bordas duras e podem vazar pus.
A doença foi diferenciada clinicamente de sífilis por Basserau, na França em 1852. Em 1889, Ducreyi, na Itália, demonstrou a origem infecciosa da doença através da inoculação de material purulento de suas próprias úlceras genitais na pele do antebraço de voluntários humanos.
Ele inoculava um novo local a intervalos semanais com material da úlcera mais recente e, após a quinta ou sexta inoculação em cada paciente, ele encontrou um único microrganismo no exsudato da úlcera.
O microrganismo descrito era um bastonete estreptobacilar curto e compacto.
Ducreyi no entanto não pôde isolar a bactéria causadora que hoje tem seu nome, o Haemophylus ducreyi. O isolamento foi conseguido por outros pesquisadores em 1900.
Cancro Mole – A doença
O Cancro Mole ou cancróide é uma úlcera venérea infecciosa, dolorosa e irregular no local da infecção por Haemophilus ducreyi, começando após um período de incubação de 3-7 dias; visto mais comumente em homens; estreptobacilos gram-negativos podem ser identificados pela coloração do material da úlcera.
Haemophilus ducreyi: Uma imagem microscópica da bactéria que causa o cancro mole.
A coloração utilizada é Violeta Genciana e as bactérias são bacilos organizados em cadeias
Caracteriza-se por feridas tipo úlcera, semelhante a sífilis, diferenciando-se desta por apresentar geralmente lesões múltiplas (pode ser única), por serem dolorosas, de borda irregular com contornos avermelhados e fundo irregular, cobertos por secreção amarelada, purulenta, com odor fétido e tendência a sangramento em leves traumatismos.
Pode haver formação de íngua na região da virilha.
Importante observar que não é raro infeção mista; cancro mole e sífilis simultaneamente.
Cancro Mole – História
O primeiro livro conhecido no Brasil sobre venereologia data de 1642. Foi escrito pelo Dr. Duarte Madeira Arrais, Físico-Mor de D. João VI e impresso em Lisboa sob o título, “Método de Conhecer e Curar o Morbo Gálico”.
No começo do século XVIII, Miguel Dias Pimenta em seu livro intitulado “Notícias do que é o Achaque do Bicho” (Lisboa 1707), introduz o termo “Morbo Gálico” para expressar todos os males venéreos. Até então, esse termo referia-se apenas sífilis. Com a publicação da obra, o Cancro Mole, o granuloma venéreo, a blenorragia e a buba passam a ser designadas como tais. Os termos “mula” ou “cavalo” já eram empregados popularmente para designar as adenites inguinais e as úlceras genitais, nos séculos XVII e XVIII.
Atribuía-se a etiologia do “Morbo Gálico” aos conúbios pecaminosos, à paixão sensual, aos alimentos excitantes e até mesmo ao calor reinante no novo mundo.
Em 1711, os cirurgiões João Lopes e João Gulhote, descrevem em São Paulo a presença de “duas mulas abertas” numa escrava, referindo-se ao Cancro Mole.
No século XIX, com o avanço da microbiologia, começam os relatos sobre os agentes etiológicos. Ricord em 1838, na França, faz a primeira diferenciação entre cancros, referindo-se ao cancro sifilítico. Ducreyi, em 1889, em Nápolis, faz várias inoculações e autoinoculções sucessivas em pacientes com cancroide e observa microorganismos semelhantes aos estreptococos, intra e extraneutrófilos.
Três anos mais tarde, Krefting e Unna descrevem a histologia da úlcera e confirmam a existência de bacilos Gram negativos na lesão.
Vários estudos subsequentes realizados por Sullican, Lenglet (1898), Bezancon, Griffin e Lesourd (1900), isolaram culturas puras de H. ducreyi, em meio ágar-sangue. Ito, em 1913 introduz o teste intradèrmico, que é confirmado em 1923 por Reenstierna e também pelo Instituto Pasteur de França.
Fonte: www.dstfacil.hpg.ig.com.br/my.clevelandclinic.org/bio.libretexts.org/www.fmt.am.gov.br/www.consultormedico.com/www.hc.ufpr.br