Figuras de Construção

Figuras de Construção – O que é

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Muitas figuras de linguagem estão diretamente relacionados com traços sintáticos da gramática (ou pode ser melhor compreendida em termos de linguagem da gramática convencional).

As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.

Figuras de Construção ou sintaxe: determinam mudanças na estrutura comum das orações.

Elas podem ser construídas por:

a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
d) ruptura: anacoluto;
e) concordância ideológica: silepse.

Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:

Elipse

É a omissão de um termo ou de uma oração inteira que já foi dita ou escrita antes, sendo que esta omissão fica subentendida pelo contexto.

Exemplos:

Sobre a mesa, apenas uma garrafa. (omissão do verbo haver.)
Esta garota veio sem pinturas, uma saia rosa, um moletom, sapatos vermelhos. (omissão da palavra com.)

Curiosidade: Em diálogos também é usual a elipse: na bilheteria de um teatro, apenas perguntamos “- Quanto custa?”. O contexto, a situação em que foi feita a pergunta leva-nos ao termo omitido – “a entrada”.

Zeugma

É um caso específico da elipse. Ocorre quando o termo omitido já tiver sido expresso anteriormente.

Exemplos:

O mar é lago sereno O céu, manto azulado

(Casimiro de Abreu)

(omissão no 2º verso do verbo ser.)

Precisarei de vários ajudantes. De um que pinte a parede e de outros que tomem conta das refeições. (houve zeugma do termo ajudante e ajudantes)
Você me corta um verso, eu escrevo outro. (zeugma do termo verso: “eu escrevo outro verso.”)

Polissíndeto

É a repetição expressiva da conjunção coordenativa. Todo uso repetido da conjunção e constitui um polissíndeto.

Exemplos:

Vão chegando as burguesinhas pobres, e as crianças das burguesinhas ricas, e as mulheres do povo, e as lavadeiras (Manuel Bandeira)
E o menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata, e abusa de toda paciência nossa deste mundo!

Assíndeto

É a inexistência de conectivo (conjunção) para criar um efeito de nivelamento e simultaneidade entre os detalhes apreendidos. Toda omissão da conjunção e constitui um assíndeto.

Exemplos:

Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.
O musicista foi ao clube, tocou seu instrumento, agradou, foi embora.
Fomos, vimos o lugar, comentamos com o porteiro, saímos sem dizer nada.

Pleonasmo

É uma repetição que envolve uma redundância, isto é, repetição desnecessária que ocorre para dar ênfase.

Exemplos:

Estou vendo terra com meus próprios olhos!!!
A mim ninguém me engana.

Observação: O pleonasmo vicioso (“entrar para dentro”, “subir para cima”) é um defeito de linguagem.

Inversão ou Hipérbato

É a inversão da ordem natural e direta dos termos da oração.

Exemplos:

Dança, à noite, o casal de apaixonados no clube. Ordem direta: O casal de apaixonados dança no clube à noite.
Aves, Desisti de ter! Ordem direta: Desisti de ter aves !

Anacoluto

Toda falta de nexo sintático entre o princípio da frase e o seu fim provoca um anacoluto. Ocorre geralmente quando o sujeito fica sem predicado e quando se usa um verbo no infinitivo, com sua repetição no meio da frase.

Exemplos:

Eu parece que estou ficando zonzo.
Morrer, todo o mundo vai morrer.

Silepse

É uma figura de sintaxe e ocorre quando a concordância é feita pelo sentido e não pela forma gramatical, como a própria etimologia da palavra explica.

Podemos ter silepse de número, de gênero e de pessoa.

a) Silepse de número: O caso mais comum ocorre quando o sujeito é um coletivo ou uma palavra que, apesar de estar no singular, indica mais de um ser.

Exemplos:

“O povo lhe pediram que se chamasse Regedor.” (Fernão Lopes) povo = singular pediram = plural
“…e o casal esqueceram que havia mundo.” (Mário de Andrade) casal = singular esqueceram = plural
O quarteto cantaram velhos sucessos. quarteto = singular cantaram = plural

b) Silepse de gênero: Os casos mais comuns são os de predicativos que concordam com a idéia que está implícita, e não com a forma gramatical.

Exemplos:

São Paulo é muito fria. (fria concorda com a palavra cidade)
Fulano é um criança. Fulano = masculino criança = feminino
Vossa Alteza é muito bondoso. Vossa Alteza = feminino bondoso = masculino

c) Silepse de pessoa: Ocorre principalmente quando o sujeito expresso aparece na terceira pessoa e o verbo na primeira pessoa do plural; a idéia é que o narrador integra o sujeito.

Exemplos:

Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins público. cariocas = 3ª pessoa somos = 1ª pessoa
Os jogadores somos incompetentes jogadores = 3ª pessoa somos = 1ª pessoa

Diácope (Epizeuxe)

Repetição seguida de uma mesma palavra, podendo, de acordo com alguns teóricos, haver vocábulos entre elas.

Exemplos:

Saia, saia já daqui, não quero vê-lo mais…
Largue, vamos, largue esse vício.

Epístrofe

Repetição da mesma palavra ou expressões no final de cada oração ou verso.

Exemplo:

No mundo, as idéias são perigosas. Na vida, as vontades são perigosas.

Assonância

É a repetição de vogais na mesma frase.

Exemplo:

“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral” (Caetano Veloso – Araçá Azul)

Aliteração

É toda repetição de consoantes ou de sílabas em um verso ou uma frase.

Exemplos:

O rato roeu a roupa da rainha rapidamente, Roque?
Vozes veladas, veludosas vozes, vórtices vorazes…

Paranomásia

É o encontro de palavras com sons quase idênticos, mas de significados diversos.

Exemplo:

Foi feito o corte para manter a corte.

Figuras de Construção – Linguagem

Elipse

Consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto. “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)

Zeugma

Consiste na elipse de um termo que já apareceu antes. Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

Polissíndeto

Consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período. “ E sob as ondas ritmadas e sob as nuvens e os ventos e sob as pontes e sob o sarcasmo e sob a gosma e sob o vômito (…)”

Inversão

Consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase. “De tudo ficou um pouco. Do meu medo. Do teu asco.”

Silepse

Consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se sebentende, com o que está implícito.

A silepse pode ser:

De gênero Vossa Excelência está preocupado.
De número Os lusíadas glorificou nossa literatura.
De pessoa “O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”

Anacoluto

Consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra. A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.

Pleonasmo

Consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem. “E rir meu riso e derramar meu pranto.”

Anáfora

Consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases. “ Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer”

Figuras de Construção – Frase

Figuras de sintaxe

Figuras pelas quais a construção da frase se afasta, de algum modo, do modelo de uma estrutura gramatical, para dar destaque significativo, como processo estilístico, a algum membro da frase.

Elipse

Significa, em gramática, omissão. Essa é a palavra-chave. Quando se omite algum termo ou palavra de um enunciado, tem-se a elipse. Vale lembrar que essa omissão deve ser captada pelo leitor, que pode deduzi-la a partir do contexto, da situação comunicativa.

Exemplos

Eu vi coisas lindas, realmente emocionantes; ela, coisas abomináveis, terríveis aos seus olhos. [omitiu-se o verbo ver em ela (viu) coisas abomináveis…];
Rico, podia fazer o que quisesse [omitiu-se a oração inteira: (Porque era) rico, podia fazer o que quisesse];
Empreste-me essa folha [omitiu-se de papel: folha (de papel)];
Todos esperamos se faça justiça [omitiu-se a conjunção que: esperamos (que) se faça justiça]

Zeugma

É um tipo de elipse. Ocorre zeugma quando duas orações compartilham o termo omitido. Isto é, quando o termo omitido é o mesmo que aparece na oração anterior.

Exemplos

Na terra dele só havia mato; na minha, só prédios. […na minha, só (havia) prédios] Meus primos conheciam todos. Eu, poucos. [Eu (conhecia) poucos]

Observação

Quando a flexão do verbo omitido é exatamente a mesma do verbo da oração anterior, tem se a zeugma simples. Quando a flexão é diferente, tem-se a zeugma complexa.

Pleonasmo

É a reiteração, a repetição, o reforço de uma idéia já expressa por alguma palavra, termo ou expressão. É reconhecido como figura de sintaxe quando utilizado com fins estilísticos, como a ênfase intencional a uma idéia; sendo resultado da ignorância ou do descuido do usuário da língua, é considerado como um vício de linguagem (pleonasmo vicioso).

Exemplos

Vamos sair fora! (se é sair, obviamente é para fora)
Que tal subir lá em cima e tomar um bom vinho? (se é subir, obviamente é para cima)
“Eu nasci há dez mil anos atrás” (se é há, só pode ser atrás)
Essa empresa tem o monopólio exclusivo da banana (se é monopólio, obviamente é exclusivo)
A mim, você não me engana (o verbo enganar tem dois complementos – a mim e me; eis um caso de objeto pleonástico)

Observação

Um recurso literário bastante difundido é o epíteto de natureza, que não deve ser considerado como um pleonasmo vicioso. Serve, por fins estilísticos, para reforçar uma característica que já é natural ao ser. Exemplos: céu azul, pedra dura, chuva molhada.

Inversão

É, como o próprio nome diz, qualquer inversão da ordem natural de termos num enunciado, a fim de conferir-lhe especiais efeitos e reforços de sentido.

Podem-se considerar como tipos de inversão o hipérbato, a anástrofe a prolepse e a sínquise.

Exemplo

Sua mãe eu nunca conheci (a ordem natural seria Eu nunca conheci sua mãe).

Hipérbato

Tipo de inversão que consiste, geralmente, na separação de termos que normalmente apareceriam unidos, por meio da interposição de um elemento interferente, isto é, algo que interfere. Hoje em dia, porém, costuma-se tomar o hipérbato como sinônimo de qualquer tipo de inversão.

Exemplos

A roupa, você verá, preta que comprei é linda [aqui o núcleo do sujeito (roupa) foi separado de seu adjunto adnominal (preta) por meio de uma oração interferente].
Compraram as mulheres vários presentes para os maridos (aqui houve a simples inversão entre o verbo e o sujeito).

Anástrofe

É a inversão entre termo determinante (aquele que determina, constituído de preposição + substantivo) e o determinado, que passa a vir depois do determinante.

Exemplos

Da igreja estava ela na frente [a ordem natural seria Ela estava na frente da igreja; Da igreja é o termo determinante, que, na anástrofe, veio antes do determinado (frente)] Aqueles rapazes, sim, por dinheiro são muito ávidos [a ordem natural seria Aqueles rapazes, sim, são muito ávidos por dinheiro; Por dinheiro é o termo determinante, que, na anástrofe, veio antes do determinado (ávido)]

Sínquise

Essa palavra vem do grego (sýgchysis) e significa confusão. É a inversão muito violenta na ordem natural dos termos, de modo que a sua compreensão seja seriamente prejudicada. Consiste, segundo alguns autores, em um vício de linguagem, e não em uma figura de sintaxe com fins estilísticos.

Exemplos

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante” (ordem natural: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico)
Da verdade aquelas pessoas todas muito honestas você pode acreditar que sabiam (ordem natural: Você pode acreditar que todas aquelas pessoas, muito honestas, sabiam da verdade).

Prolepse (ou antecipação)

Deslocamento do termo de uma oração para a oração anterior.

Exemplos

O Ministro do Planejamento dizem que vai pedir demissão [o sujeito da oração vai pedir demissão (o Ministro do Planejamento) foi deslocado para antes da oração principal (dizem)] Essas frutas parece que não prestam [o sujeito da oração não prestam (Essas frutas) foi deslocado para antes da oração principal (parece)]

Assíndeto

Vem do grego, syndeton, que significa conjunção. É a ausência de conjunções coordenativas (aquelas que ligam orações ou termos coordenados, independentes) no encadeamento dos enunciados.

Exemplos

Ela me olhava, lavava, olhava novamente, espirrava, voltava a trabalhar (não apareceu conjunção alguma para ligar as orações).
Eu nunca tive glória, amores, dinheiro, perdão (não apareceu conjunção alguma para ligar os termos que complementam o verbo ter).

Polissíndeto

É o contrário do assíndeto. É a repetição das conjunções coordenativas (principalmente as aditivas e e nem), com o fim de incutir no discurso a noção de movimento, rapidez e ritmo.

Exemplos

Ela me olhava, e lavava, e olhava novamente, e espirrava, e voltava a trabalhar (foi repetida a conjunção coordenativa aditiva e).
Eu nunca tive glória, nem amores, nem dinheiro, nem perdão (foi repetida a conjunção coordenativa aditiva

Figuras de criação ou ( figuras de sintaxe )

A gramática normativa, partindo de aspectos lógicos e gerais observados na língua culta, aponta princípios que presidem às relações de dependência ou interdependência e de ordem das palavras na frase. Ensina-nos, entretanto, que aqueles aspectos lógicos e gerais não são exclusivos; ocasionalmente, outros fatores podem influir e, em função deles, a concordância, a regência ou a colocação (planos em que se faz o estudo da estrutura da frase) apresentam-se, às vezes, alteradas. Tais alterações denominam-se figuras de construção também chamadas de figuras sintáticas

Também é considerada como figura de construção a “Inversão”, aonde ocorre a mudança da ordem direta dos termos na frase (sujeito + predicado + complementos).

Exs.:”Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante” (Hino Nacional Brasileiro) (ordem direta: As margens do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.)

Elipse

Omissão de um termo ou expressão facilmente subentendida.

Casos mais comuns:

a) pronome sujeito, gerando sujeito oculto ou implícito: iremos depois, compraríeis a casa?
b) substantivo –
a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar de o estádio Maracanã
c) preposição –
estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas.
d) conjunção
espero você me entenda, no lugar de: espero que você me entenda.
e) verbo –
queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos – E o rapaz: – Não sei de nada !, em vez de E o rapaz disse.

Zeugma

Omissão (elipse) de um termo que já apareceu antes. Se for verbo, pode necessitar adaptações de número e pessoa verbais. Utilizada, sobretudo, nas or. comparativas.

Exemplos

Alguns estudam, outros não, por: alguns estudam, outros não estudam.
/ “O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque) – omissão de era

Hipérbato

Alteração ou inversão da ordem direta dos termos na oração, ou das orações no período. São determinadas por ênfase e podem até gerar anacolutos.

Exemplo

Morreu o presidente, por: O presidente morreu.

Observações

Bechara denomina esta figura antecipação.
Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drasticamente, Rocha Lima e Celso Cunha denominam-na sínquise
RL considera anástrofe um tipo de hipérbato

Anástrofe

Anteposição, em expressões nominais, do termo regido de preposição ao termo regente.

Exemplo

“Da morte o manto lutuoso vos cobre a todos.”, por: O manto lutuoso da morte vos cobre a todos.

Observação: Para Rocha Lima é um tipo de hipérbato

Pleonasmo

Repetição de um termo já expresso, com objetivo de enfatizar a idéia.

Exemplos

Vi com meus próprios olhos.
“E rir meu riso e derramar meu pranto / Ao seu pesar ou seu contentamento.” (Vinicius de Moraes),
Ao pobre não lhe devo (OI pleonástico)

Observação

Pleonasmo vicioso ou grosseiro – decorre da ignorância, perdendo o caráter enfático (hemorragia de sangue, descer para baixo)

Assíndeto

Ausência de conectivos de ligação, assim atribui maior rapidez ao texto. Ocorre muito nas or. coordenadas.

Exemplo

“Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.”

Polissíndeto

repetição de conectivos na ligação entre elementos da frase ou do período.

Exemplos

O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata.
“E sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens e os ventos / e sob as pontes e sob o sarcasmo / e sob a gosma e o vômito (…)” (Carlos Drummond de Andrade)

Anacoluto

Termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica. Normalmente, inicia-se uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.

Exemplos

Eu, parece-me que vou desmaiar. / Minha vida, tudo não passa de alguns anos sem importância (sujeito sem predicado) / Quem ama o feio, bonito lhe parece (alteraram-se as relações entre termos da oração)

Anáfora

Repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.

Exemplos

“Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta / Pro desfecho que falta / Por favor.” (Chico Buarque)

Observação

Repetição em final de versos ou frases é epístrofe; repetição no início e no fim será símploce. Classificações propostas por Rocha Lima.

Silepse

É a concordância com a idéia, e não com a palavra escrita.

Existem três tipos:

a) de gênero (masc x fem): São Paulo continua poluída (= a cidade de São Paulo). V. Sª é lisonjeiro
b) de número (sing x pl):
Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o livro de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados.
c) de pessoa
: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess – os brasileiros, mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal)

Antecipação

Antecipação de termo ou expressão, como recurso enfático. Pode gerar anacoluto.

Exemplos

Joana creio que veio aqui hoje. O tempo parece que vai piorar

Observação

Celso Cunha denomina-a prolepse.

Figuras sintáticas ou de construção

As figuras sintáticas ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração e ã ordem em que estes termos aparecem, ou ainda a possíveis repetições ou omissões e termos.

Você deve lembrar que o estudo dos termos da oração , das relações existentes entre as diversas palavras que formam uma oração e / ou um período é chamado análise sintática.

É construída segundo a estrutura básica do português: sujeito + predicado.

Todos os termos essenciais – sujeito, verbo, complementos – aparecem na oração e estão na ordem direta (primeiro vem o sujeito “ela” , seguido do verbo “deu” e de seus complementos: “dinheiro” , objeto direto, e “aos rapazes”, objeto indireto).

A mesma idéia pode, no entanto, ser comunicada d outras formas: basta que se altere a ordem dos termos oração, ou se repita ou se elimine alguns termos.

As alterações em relação à oração completa e na ordem direta destacam e enfatizam alguns aspectos da informação que se quer passar. Essas alterações são, portanto, expressivas. Elas demonstram possibilidade de cada indivíduo transmitir uma mesma idéia de formas diferentes.

Em relação â concordância nominal e verbal, realizada segundo as normas gramaticais, ocorre o mesmo: os desvios podem ser expressivamente considerados.

SILEPSE

Silepse é a figura de construção em que a concordância não é feita de acordo com as palavras que efetivamente aparecem na oração, mas segundo a idéia a elas associam ou segundo um termo subentendido . A silepse pode ser de gênero, número ou pessoa.

a) Silepse de gênero

Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino) de artigos e dos substantivos, substantivos e adjetivos, etc.:

São Paulo é movimentada.

São Paulo é um nome próprio do gênero masculino; adjetivo “movimentada” concorda, no entanto, com idéia subentendida de cidade: “(A cidade de) São Paulo é movimentada” .

A gente é obrigado a varrer até cair morto.

A rigor, “gente” é uma palavra do gênero feminino no entanto, “obrigado” e “morto” são dois adjetivos utilizados no gênero masculino.

A Bandeirante está cada dia mais congestionada.

“Bandeirantes” é um substantivo do gênero masc. e plural; está subentendido, no entanto, que se trata “avenida dos Bandeirantes” , o que leva toda a concordância para o feminino.

b) Silepse de número

É o tipo de silepse em que ocorre discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural). O caso mais comum de silepse de número ê o do substantivo singular que, por se referir a uma idéia plural, leva os verbos e / ou adjetivos para o plural.

“Esta gente está furiosa e com medo; por conseqüência, capazes de tudo.” (Garrett)

A palavra “gente” pertence ao gênero feminino e, gramaticalmente, é singular; mas como contém uma idéia plural ( = aquelas pessoas) o adjetivo “capazes” passa a concordar com essa idéia plural, e não com a palavra singular “gente” .

“Corria gente de todos os lados, e gritavam.” (Mário Barreto)

Aqui também a idéia plural de “gente” prevalece sobre o ato de a palavra ser singular. O verbo, concordando no plural, expressa isso.

Os Lusíadas glorificou nossa literatura.

A concordância é feita segundo a idéia subentendida a “obra” Os Lusíadas.

c) Silepse de pessoa

Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: Os brasileiros choramos a derrota da seleção.

O verbo na 1ª pessoa do plural, “choramos” , indica que aquele que ala se inclui entre “os brasileiros” , sujeito expresso na frase.

A silepse dá conta de “traduzir”: “Nós, os brasileiros, choramos a derrota da seleção”.

ELIPSE

Elipse é a omissão de um termo ou de uma oração inteira, sendo que essa omissão geralmente fica subentendida pelo contexto.

Observe

Como estávamos com pressa, preferi não entrar.

Nessa frase, houve a omissão dos pronomes nós e eu, sujeitos, respectivamente, de “estávamos” e “preferi”. Essa omissão não dificulta a compreensão da frase, já que os verbos flexionados indicam as pessoas a que se referem

Veja outros exemplos

Sobre a mesa, apenas um copo d’ água e uma maçã

Neste exemplo, há a omissão do verbo haver. Completa, a oração ficaria: “Sobre a mesa, havia apenas um copo d’ água e uma maçã” . A elipse do verbo em nada altera o conteúdo da oração, que se torna por sua vez mais sintética e econômica.

“Veio sem pinturas, um vestido leve, sandália coloridas.” (Rubem Braga)

Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.”(Antônio Olavo Pereira) (Tão bom seria se ela estivesse viva para me ver assim.)

ZEUGMA

Trata-se de um caso especial de elipse, quando o termo omitido já tiver sido expresso anteriormente.

Observe

Os rapazes entraram com tamanha algazarra que quebraram o vidro da porta. Vamos jogar, só nós dois? Você chuta para mim e eu para você .

( = … e eu chuto para você.)

No segundo exemplo, o verbo omitido deve, se expresso, concordar com o sujeito eu. Era “chuta”, na 3º pessoa do singular; passa a ser “chuto” , na ª pessoa do singular. Em geral, os zeugmas são uma elipse e um termo que é uma forma flexionada de um termo que já apareceu.

“Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.” (Camilo Castelo Branco)

Se formos expressar o que foi omitido, teremos que utilizar a forma verbal “foram” – “e foram assassinados os partidários do rei” .

Precisarei de vários ajudantes., De um que seja capaz de fazer a instalação elétrica e de outro para parte hidráulica pelo menos.

Houve a omissão do termo “ajudante” – “De u (ajudante) que seja capaz .. e de outro (ajudante) para a parte hidráulica . Observe que anteriormente havia a ar sido a forma plural ajudantes” .

ASSÍNDETO

Quando o termo omitido é um conectivo, a elipse também ganha um nome especial – assíndeto.

Observe

Espero sejas feliz.

( = Espero que sejas feliz. )

Veio à cidade, falou com o gerente, partiu.

( = Veio à cidade, falou com o gerente e partiu.)

A inexistência de qualquer conectivo em todo o ma cria um efeito de nivelamento e simultaneidade entre os detalhes apreendidos.

POLISSINDETO

Polissíndeto é a repetição expressiva da conjunção coordenativa.

Observe:

“Vão chegando as burguesinhas pobres e as crianças das burguesinhas ricas e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza”
E eu, e você, e todos aqueles que acreditavam na nossa luta assumimos publicamente o compromisso.

ANAFORA

Anáfora é a figura sintática que consiste na repetição da mesma palavra ou construção no início de várias orações, períodos ou versos.

Observe

“Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima)
“Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente E dor que desatina sem doer. ” (Camões) `
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere.” (Vieira)

PLEONASMO

Pleonasmo é também um caso de repetição, mas que envolve uma redundância. Quer dizer, no pleonasmo há uma repetição desnecessária, tanto do ponto de vista sintático quanto do ponto de vista semântico.

A oração já analisada anteriormente: Aos rapazes, deu-lhes dinheiro.

apresenta um pleonasmo: “aos rapazes” e. o pronome “lhes” exercem exatamente

a mesma função sintática dentro desta oração – de objeto indireto. Dizemos, então, que há um pleonasmo do objeto indireto.

Veja outros exemplos:

As minha. roupas, quero até arrancá-las!

Os termos “minhas roupas” e “las” exercem a mesma função sintática – de objeto direto. Neste caso, há um pleonasmo do objeto direto.

Realmente, as catástrofe sociais só podem provo cá-las as próprias classes dominantes.

Os termos “catástrofes” e “las” exercem a mesma função sintática – de objeto direto.

HIPÉRBATO OU INVERSÃO

Hipérbato ou inversão é a figura sintática que consiste na inversão da ordem natural e direta dos termas da oração.

Observe

“Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.” (Carlos Drummond de Andrade)

( = As belas passeiam na Avenida à carde.)

“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)

( = Desisti de ter passarinho.)

“Nada pode a máquina inventar das coisas.” (Carlos Drummond de Andrade)

( = A máquina nada pode inventar das coisas.)

“Enquanto manda as ninfas amorosas grinal nas cabeças pôr de rosas. “(Camões)

( = Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de nas cabeças. )

ANACOLUTO

Anacoluto é a figura sintática que ocorre quando um termo antecipa o fica desligado sintaticamente da oração, dado a um desvio que a construção da oração sofreu .

Na oração

Nessas empregadas de hoje não se pode confiar.

Há uma inversão. Na ordem direta diríamos: “Não se pode confiar nessas empregadas de hoje” . Se alterássemos a oração ainda um pouco mais:

Nessas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas .

Estaríamos diante de um caso de pleonasmo. Os termos “nessas empregadas” e “nelas” exercem a mesma função sintática – objeto indireto do verbo “confiar” .

Se a oração, no entanto, fosse:

“Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Alcântara Machado) Estaríamos diante de um caso de anacoluto. “Essas em regadas de hoje” não pode exercer a função de objeto indireto, pois a, expressão não aparece introduzida pela preposição, que o verbo confiar exige. Temos, dessa forma, um termo que não se liga sintaticamente à oração, já que não cumpre nenhuma função sintática, embora esclareça quem são “elas” , em quem não se pode confiar.

Fonte: www.graudez.com.br/www.tradutorweb.com.br/geocities.yahoo.com.br

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