Advérbios

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Palavra que modifica o sentido do verbo (maioria), do adjetivo e do próprio advérbio (intensidade para essas duas classes).

Denota em si mesma uma circunstância que determina sua classificação:

lugar – longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures…

tempo – breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda…

modo – bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos adv. com sufixo -mente

negação – não, qual nada, tampouco, absolutamente…

dúvida – quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente…

intensidade – muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão…

afirmação – sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente…

As palavras onde (de lugar), como (de modo), porque (de causa), quanto (classificação variável) e quando (de tempo), usadas em frases interrogativas diretas ou indiretas, são classificadas como advérbios interrogativos (queria saber onde todos dormirão / quando se realizou o concurso).

Onde, quando, como, se empregados com antecedente em orações adjetivas são advérbios relativos (estava naquela rua onde passavam os ônibus / ele chegou na hora quando ela ia falar / não sei o modo como ele foi tratado aqui).

As locuções adverbiais são geralmente constituídas de preposição + substantivo – à direita, à frente, à vontade, de cor, em vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, de repente, de vez em quando, em breve, em mão (em vez de “em mãos”) etc. São classificadas, também, em função da circunstância que expressam.

Advérbio é a palavra que se emprega como:

modificador do adjetivo ou do próprio advérbio;

determinante do verbo.

Os advérbios são palavras heterogêneas, ou seja, podem exercer funções as mais diversas na oração.

Por isso, a cada função exercida, alia-se um valor significativo. Como modificador, o advérbio expressa uma propriedade dos seres de modo a acrescentar-lhes um significado diferente, “modificado”. Isso acontece em relação ao adjetivo, ao próprio advérbio, ou mesmo a uma oração inteira.

Exemplos

Ela estava tão apressada que esqueceu sua bolsa comigo. [apressada: adjetivo] [tão: advérbio = modificador do adjetivo]

Todos passam muito bem, obrigado! [bem: advérbio] [muito: advérbio = modificador do advérbio]

Felizmente não houve feridos no acidente. [não houve feridos no acidente: oração] [felizmente: advérbio = modificador da oração]

Ninguém manda aqui! [mandar: verbo] [aqui: advérbio de lugar = determinante do verbo]

Os advérbios que se relacionam ao verbo são palavras que expressam circunstâncias do processo verbal, por isso considerá-los um determinante.

Cada uma dessas circunstâncias indicadas pelos advérbios justifica os vários tipos de advérbios na nossa língua (circunstância de lugar, modo, tempo, etc.).

Outra característica dos advérbios se refere a sua organização morfológica. Os advérbios são palavras invariáveis. Isto é, essa classe gramatical não apresenta variação em gênero e número – tal como os nomes -, nem de pessoa, modo, tempo, aspecto e voz – tal como os verbos.

Alguns advérbios, porém, admitem a variação em grau (ex.: cedo = advérbio de tempo em grau normal; cedíssimo = grau superlativo; cedinho = diminutivo com valor de grau superlativo do advérbio).

Modificadores

São chamados de modificadores os elementos que estabelecem relação de modificação dentro de um sintagma.

Na língua portuguesa o modificador por excelência é o advérbio. Os elementos que exercem função de advérbio são, assim, classificados como modificadores.

É importante distinguir a noção de modificador da noção de determinante. Nesse sentido, a própria raiz das duas palavras expressa essa diferença.

Vejamos um exemplo:

1. As formigas são rápidas.
2.
As formigas andam rapidamente.

Na sentença (1) os determinantes “as” e “rápidas” estão especificando/determinando o nome “formiga”: em primeiro lugar, não se trata de qualquer formiga e, em segundo lugar, essas formigas são rápidas e não lentas.

Já na sentença (2) o modificador “rapidamente” não especifica a ação de andar, mas a modifica: não se trata de apenas andar, mas sim de “andar rapidamente”.

Determinantes

São chamados de determinantes os elementos que especificam outro numa expressão lingüística.

Existe um elemento determinante quando se estabelece uma relação com outro elemento. Assim, o primeiro é o elemento determinante e o segundo, o elemento determinado. Isso justifica a inclusão dessas funções em estruturas de subordinação, ou seja, nos casos onde se observa que um elemento é dependente de outro.

Em casos de coordenação, nos quais se verifica uma independência entre os elementos, não se fala em elementos determinante e determinado, mas sim em elementos seqüênciais.

Em um sintagma nominal, por um lado, são determinantes os artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais. Em um sintagma superoracional, por outro lado, são determinantes as orações subordinadas, já que dependem da oração principal.

Adjetivo x Advérbio

Embora os adjetivos e advérbios constituam classes gramaticais bastante distintas, freqüentemente se verifica certa confusão na construção e emprego de algumas palavras que se alternam na função de adjetivo e advérbio.

Trata-se do problema da flexão dessas classes gramaticais: o adjetivo varia em gênero e número e o advérbio é invariável.

A seguir indicamos a flexão e o emprego adequados de algumas palavras da Língua Portuguesa que se apresentam ora como advérbios ora como adjetivos:

I. Bastantes/bastante

Exemplos:

Os aniversariantes encomendaram bastantes salgadinhos para a festa. [Adjetivo]

Os salgadinhos estavam bastante frios. [Advérbio] Uma regra prática para empregar corretamente as palavras bastante/bastantes é tentar substituir esses termos pela palavra muito. Se a palavra muito flexionar em gênero e número, emprega-se bastantes, se a palavra muito não flexionar, emprega-se a palavra bastante.

II. Longes/longe

Exemplos:

Eles planejavam a conquista de terras longes e objetos antigos. [Adjetivo]

Eles foram longe em busca de objetos antigos. [Advérbio]

III. Sós/só

Exemplo:

Meus irmãos estavam sós naquela cidade desconhecida. [Adjetivo]

Eles só deixaram meus irmãos saírem apresentando passaporte. [Advérbio]

Uma regra prática para empregar corretamente as palavras sós/só é tentar substituir esses termos pelas palavras sozinho e apenas, respectivamente. Onde couber a palavra sozinho, emprega-se só flexionado; onde couber a palavra apenas, emprega-se só (sem flexão = advérbio).

IV. Meio/meia

Exemplos:

Nós pedimos apenas meia garrafa de vinho. [Adjetivo]

Ela parecia meio brava hoje. [Advérbio]

V. Alerta

Exemplo:

Os pais estavam alerta para a situação do filho doente. [Advérbio] Observe que a palavra alerta só possui uma forma não flexionada. Isso se dá porque a palavra alerta é sempre advérbio.

O grau dos advérbios e os adjetivos particípios

Em orações com adjetivos particípios, ou seja, adjetivos formados a partir da forma do particípio do verbo, os advérbios bem e mal são empregados na sua forma analítica.

Isso implica dizer que as formas especiais desses advérbios são formadas não pelo acréscimo de sufixos, mas sim pela forma simples do advérbio acrescido do advérbio de intensidade: “mais” + bem/mal.

Exemplos

Aquela rua era melhor iluminada que a rua central da cidade. [Inadequado] Aquela rua era mais bem iluminada que a rua central da cidade. [Adequado]

Os aparelhos de segurança eram pior fabricados por nós do que por eles. [Inadequado] Os aparelhos de segurança eram mais mal fabricados por nós do que por eles. [Adequado]

Em contraste com esse emprego, é obrigatório o uso da forma sintética desses advérbios quando eles estiverem em posição posterior ao adjetivo particípio.

Exemplos

Aquela rua era iluminada mais bem que a rua central da cidade. [Inadequado] Aquela rua era iluminada melhor que a rua central da cidade. [Adequado]

Os aparelhos de segurança eram fabricados mais mal por nós do que por eles. [Inadequado] Os aparelhos de segurança eram fabricados pior por nós do que por eles. [Adequado]

A formação do grau e os adjetivos e advérbios anômalos

Uma das propriedades dos advérbios é a formação do grau a partir de um processo de derivação que consiste no acréscimo de sufixos ao radical da palavra (advérbio) ou, ainda, no acréscimo de um advérbio de intensidade (mais, tão… como, menos). Em geral, estão sujeitos a esse tipo de comportamento os advérbios de modo, expressando, assim, uma intensidade maior ou menor em relação a outro(s) ser(es) (grau comparativo) ou uma intensidade maior ou menor em relação à totalidade dos seres (grau superlativo).

Cada um dos graus possui as formas absoluta – quando não existe outro elemento em referência – e relativa – quando se estabelece uma comparação entre os seres. Por sua vez, cada uma das formas indicativas dos graus pode ser representada sob as formas sintética – quando o grau é expressado através de sufixos -, e analítica – quando ao adjetivo/advérbio é acrescentada uma palavra intensificadora.

Em geral, todos os adjetivos e advérbios se apresentam, na forma comparativa relativa, através da estrutura:

mais + ADJETIVO/ADVÉRBIO + (do) que (comparativo de superioridade);

tão + ADJETIVO/ADVÉRBIO + como (ou quanto) (comparativo de igualdade);

menos + ADJETIVO/ADVÉRBIO + (do) que (comparativo de inferioridade). Já os adjetivos e advérbios que se apresentam na forma superlativa relativa, o fazem segundo a seguinte estrutura:

mais + ADJETIVO/ADVÉRBIO + de (superlativo de superioridade);

menos + ADJETIVO/ADVÉRBIO + de (superlativo de inferioridade). Alguns adjetivos e advérbios, porém, possuem formas especiais quando apresentados nas formas dos graus comparativo sintético e superlativo sintético.

São eles: bom/bem, mau/mal, grande e pequeno, para cuja apresentação, assumem as seguintes formas:

ADJETIVO ADVÉRBIO COMPARATIVO/SUPERLATIVO SINTÉTICO

bom bem melhor mau mal pior grande maior pequeno menor

Essas formas especiais do comparativo e superlativo sintético são obrigatórias, especialmente porque é assumido em uma única palavra a idéia de intensidade do adjetivo e advérbio:

Exemplos:

Adjetivo

Ele é mais bom como vendedor do que como dentista. [Inadequado] Ele é melhor como vendedor do que como dentista. [Adequado]

Advérbio

É mais bem andar do que correr. [Inadequado] É melhor andar do que correr. [Adequado]

Em geral, esses advérbios na forma sintética aparecem intensificados pelo acréscimo de outro advérbio de intensidade (muito, bem, bastante e etc.).

Exemplos:

Eu considerei bem melhor viajar à noite do que durante o dia.

Foi muito pior viajar durante o dia!

Advérbios – Classe

Classe invariável que expressa circunstâncias.

Os advérbios se ligam a verbos, adjetivos ou outros advérbios.

Ex.:”O aluno estudou muito”.(advérbio ligado ao verbo estudou), “A mesa estava muito brilhante”.(advérbio muito ligado ao adjetivo brilhante), “O trabalho ficou pronto muito tarde”.(advérbio ligado ao advérbio tarde)

Algumas circunstâncias expressas pelos advérbios:

Tempo (sempre, amanhã…)

Lugar (aqui, ali…)

Modo (amavelmente, rapidamente…)

Intensidade (tão, muito…)

Afirmação (sim, realmente…)

Negação (nem, não…)

Dúvida (provavelmente, talvez…)

Locução adverbial

Duas ou mais palavras com valor de advérbio.

Ex.: Rubens estava morrendo de medo. ( locução adverbial que expressa a circunstância de causa); A bela mulher apareceu na porta. (locução adverbial que expressa a circunstância de lugar)

DICAS

Não procure decorar os advérbios ou locuções adverbiais. O que faz com que uma palavra pertença a uma classe é a relação que ela estabelece com as outras.Por exemplo, a palavra meio pode ser advérbio, mas nem sempre o será.

Veja:

“Estava meio atrasado” (advérbio)

“Resolvi dar meia volta” (numeral)

“O meio universitário era favorável para a disseminação daquelas idéias” (substantivo)

Advérbios – categoria

O advérbio é uma categoria gramatical invariável que modifica verbo, adjetivo ou outro advérbio, atribuindo-lhes uma circunstância de tempo, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida ou intensidade.

Por exemplo, a frase Ontem, ela não agiu muito bem. tem quatro advérbios: ontem, de tempo; não, de negação; muito, de intensidade; bem, de modo. As circunstância podem também ser expressas por uma locução adverbial – duas ou mais palavras exercendo a função de um advérbio.

Por exemplo, a frase Ele, às vezes, age às escondidas. Tem duas locuções adverbiais: às vezes, de tempo; às escondidas, de modo.

Classificação dos Advérbios

01) Advérbios de Modo:

Assim, bem, mal, acinte (de propósito, deliberadamente), adrede (de caso pensado, de propósito, para esse fim), debalde (inutilmente), depressa, devagar, melhor, pior, bondosamente, generosamente e muitos outros terminados em mente.

Locuções Adverbiais de Modo: às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão.

02) Advérbios de Lugar: abaixo, acima, adentro, adiante, afora, aí, além, algures (em algum lugar), alhures (em outro lugar), nenhures (em nenhum lugar), ali, aquém, atrás, cá, dentro, embaixo, externamente, lá, longe, perto.

Locuções Adverbiais de Lugar: a distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta.

03) Advérbios de Tempo: afinal, agora, amanhã, amiúde (de vez em quando), ontem, breve, cedo, constantemente, depois, enfim, entrementes (enquanto isso), hoje, imediatamente, jamais, nunca, outrora, primeiramente, tarde, provisoriamente, sempre, sucessivamente, já.

Locuções Adverbiais de Tempo: às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.

04) Advérbios de Negação: não, tampouco (também não).

Locuções Adverbiais de Negação: de modo algum, de jeito nenhum, de forma nenhuma.

05) Advérbios de Dúvida: acaso, casualmente, porventura, possivelmente, provavelmente, talvez, quiçá.

Locuções Adverbiais de Dúvida: por certo, quem sabe.

06) Advérbios de Intensidade: assaz (bastante, suficientemente), bastante, demais, mais, menos, muito, quanto, quão, quase, tanto, pouco.

Locuções Adverbiais de Intensidade: em excesso, de todo, de muito, por completo.

07) Advérbios de Afirmação: certamente, certo, decididamente, efetivamente, realmente, deveras (realmente), decerto, indubitavelmente.

Locuções Adverbiais de Afirmação: sem dúvida, de fato, por certo, com certeza.

08) Advérbios Interrogativos: onde (lugar), quando (tempo), como (modo), por que (causa).

Flexão do advérbio

O advérbio pode flexionar-se nos graus comparativo e superlativo absoluto. Comparativo de Superioridade

O advérbio flexiona-se no grau comparativo de superioridade por meio de mais … (do) que. Ex.:

Ele agiu mais generosamente que você.

Comparativo de Igualdade

O advérbio flexiona-se no grau comparativo de igualdade por meio de tão … como, tanto … quanto. Ex.:

Ele agiu tão generosamente quanto você.

Comparativo de Inferioridade

O advérbio flexiona-se no grau comparativo de inferioridade por meio de menos … (do) que. Ex.

Ele agiu menos generosamente que você.

Superlativo Absoluto Sintético

O advérbio flexiona-se no grau superlativo absoluto sintético por meio dos sufixos -issimamente, -íssimo ou -inho. Ex.:

Ela agiu educadissimamente.

Ele é muitíssimo educado.

Acordo cedinho.

Superlativo Absoluto Analítico

O advérbio flexiona-se no grau superlativo absoluto analítico por meio de um advérbio de intensidade como muito, pouco, demais, assaz, tão, tanto… Exemplos

Ela agiu muito educadamente.

Acordo bastante cedo.

Melhor e pior são formas irregulares do grau comparativo dos advérbios bem e mal; no entanto, junto a adjetivos ou particípios, usam-se as formas mais bem e mais mal. Ex.:

Estes alunos estão mais bem preparados que aqueles.

Havendo dois ou mais advérbios terminados em -mente, numa mesma frase, somente se coloca o sufixo no último deles. Exemplo

Ele agiu rápida, porém acertadamente.

Advérbios – Palavras

Há palavras que são usadas para indicar as circunstâncias em que ocorre a ação verbal: são os advérbios.

Advérbio é a palavra que indica as circunstâncias em que ocorre a ação verbal.

1. DEFINIÇÃO

Advérbio é a classe de palavras que:

a) Do ponto de vista sintático

Vem associada ao verbo, ao adjetivo ou ao próprio advérbio, podendo inclusive modificar uma frase inteira

Exemplos

O juiz morava longe.
O dia está muito calmo.
Falava muito bem.
Certamente, você saberá como proceder na hora oportuna.

b)- do ponto de vista mórfico

É invariável

c) Do ponto de vista semântico

Denota circunstância de:

modo
tempo
lugar
dúvida
intensidade
negação
afirmação

OBS: A maioria dos advérbios modifica o verbo, ao qual acrescentam uma circunstância. Só os de in- tensidade é que podem também modificar adjetivos e advérbios.

2. CLASSIFICAÇÃO

Conforme a circunstância ou de acordo com a idéia acessória que exprimem, os Advérbios classificam-se em:

De dúvida: talvez, quiçá, acaso, porventura, certamente, provavelmente, decerto, certo.

De lugar: abaixo, acima, adiante, ali, aqui, cá, atrás, dentro, fora, lá, perto, longe, algures, alhures, nenhures.

De modo: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, adrede, debalde, pior, melhor (e quase todos terminados em -mente).

De tempo: agora, hoje, ontem, amanhã, depois, anteotem, já, sempre, amiúde, cedo, tarde, antes, ora, outrora.

De intensidade: muito, mui, assaz, pouco, bastante, mais, menos, tão, demasiado, meio, todo, demais, nada.

De afirmação: sim, certamente, deveras, incontestavelmente, realmente, efetivamente.

De negação: não, jamais, nunca, nada, absolutamente.

3. ADVÉRBIOS INTERROGATIVOS

Usados em interrogações diretas ou indiretas.

São as palavras:

onde?
aonde?
donde?
quanto?
quando?
como?
por que?
para que?

OBS: O advérbio onde pode combinar-se com a preposição a (aonde) e com a preposição de (donde) e o uso de cada uma das formas pode ser descrita assim:

Onde: Indica o lugar em que se situa a ação verbal: Onde você mora?

Aonde: Indica o lugar para o qual se dirige a ação verbal: Aonde você quer chegar?

Donde: Indica o lugar do qual parte a ação verbal: Donde você veio?

Interrogação: Direta Interrogação Indireta Quanto custa isto? Diga-me quanto custa isto.

Quando voltas? Querem saber quando voltas.

Como sabes isto? Ignoro como sabes isto.

Por que choras? Não sei por que choras.

Para que estudas? Pergunto para que estudas.

4. LOCUÇÃO ADVERBIAL

Quando há duas ou mais palavras que exercem função de advérbio tem- se a locução adverbial que podem expressar as mesmas noções dos advérbios. É a expressão for-mada de preposição + substantivo, ligada ao verbo com função equivalente ao do advérbio. Inici- am ordinariamente por uma preposição.

De lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro, para fora, por aqui, por ali, por aí…

De afirmação: por certo, sem dúvida…

De modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral, frente a frente, de soslaio, de chofre, de viva voz.

De tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em dia, nunca mais, passo a passo, por miúdo.

OBS: Não confundir a locução adverbial com a locução prepositiva. Nesta última, a preposição vem sempre depois do advérbio ou da locução adverbial:

Ex: perto de, antes de, dentro de…

5. GRAUS DOS ADVÉRBIOS

Semelhantemente aos adjetivos, certos advérbios de modo, tempo, lu- gar e intensidade são suscetíveis de gradação:

GRAU COMPARATIVO GRAU SUPERLATIVO

Igualdade superioridade inferioridade sintético analítico analítico sintético tão … quanto mais … que melhor que (bem) menos … que cedíssimo muito cedo

tão … como mais … do que pior que (mal) menos … do que otimamente muito bem longíssimo muito longe

OBSERVAÇÃO

1. Para indicar o limite da possibilidade, dizemos: “o mais cedo possível”, “o mais longe que puder”, “o máximo de vezes”.

2. Os advérbios bem e mal transformam-se em mel;hor e pior no comparativo (veja-se quadro).

Exemplos

Ele escreve melhor que o irmão.
Todos aqui vivem pior que na fazenda.

3. Embora seja uma palavra invariável, o advérbio pode assumir, na linguagem coloquial, fami- liar, formas diminutivas que expressam intensidade ou afetividade: cedinho, rentinho, pertinho

4. Numa seqüência de advérbios terminados em -mente, costuma-se colocar o sufixo apenas no último:

Exemplos

Ele agiu calma e decididamente.
Ele falou sábia e calmamente.

5. Freqüentemente empregamos adjetivos com valor de advérbios:

Exemplos

Ela não conseguiu dormir direito.
Bem caro pagarás os teus deleites.
Ele falou claro. Foram direto ao galpão do sítio.

6. PALAVRAS E LOCUÇÕES NÃO-CLASSIFICADAS (DENOTATIVAS)

De acordo com a NGB, serão classificadas à parte certas palavras e locuções, outrora consideradas advérbios, que não se enquadram em nenhuma das 10 classes conhecidas. Apesar de apresentarem forma semelhante à dos advérbios, a rigor não podem ser consideradas como tais. Elas são analisadas em função da idéia que expressam. São palavras denotativas de…(ou locuções denotativas de…)”

Inclusão

até
mesmo
também
inclusive
ainda
ademais
além disso
de mais a mais.

Exclusão

exclusive
menos
exceto
fora
salvo
tirante
senão
sequer
somente
apenas

unicamente

Situação

então
mas
afinal
agora

Retificação

aliás
ou melhor
isto é
ou antes
digo

Designação

Eis

Realce




é que
sobretudo
mesmo
embora

Explicação (ou explanação)

isto é
por exemplo
a saber
como

Afetividade

felizmente
infelizmente

Limitação


apenas
somente
unicamente

OBS: Na análise dir-se-á: palavra, ou locução denotativa de ….

Advérbios = Modo, Lugar e Tempo

Muitos elementos pertencentes à grande classe denominada “Advérbios” apresentam, em relação a aspectos sintáticos e semânticos, comportamentos tão diferenciados que podem configurar, na verdade, grupos de palavras diferentes, devido a suas diversas naturezas e origens.

Por outro lado, uma minuciosa distinção de subtipos ou mesmo de tipos diferenciados na classe dos advérbios provoca conseqüentemente um significativo aumento no grupo das “palavras denotativas”, gerando impasses e contradições difíceis de serem solucionados.

Muitos elementos pertencentes ao grande grupo denominado “Advérbios” apresentam, em relação a aspectos sintáticos e semânticos, comportamentos tão diferenciados que podem configurar, na verdade, grupos de palavras diferentes, devido a suas diversas naturezas e origens. Por outro lado, uma minuciosa distinção de subtipos ou mesmo de tipos diferenciados na classe dos advérbios provoca conseqüentemente um significativo aumento no grupo das “palavras denotativas”, gerando impasses e contradições difíceis de serem solucionados.

Na verdade, com a leitura de trabalhos mais especializados, foi possível perceber que havia muito o que se pesquisar sobre o assunto e, por esse motivo, houve a necessidade de delimitação maior do conteúdo. Em vista disso, resolvemos trabalhar, a princípio, com os advérbios de modo, tempo e lugar, considerados por muitos autores os verdadeiros advérbios, por apresentarem propriamente as idéias de modificação verbal (modo) e de circunstância (tempo e lugar) – ainda que também quanto a eles se possam fazer outras considerações.

O tema se apresenta em uma bibliografia rica e variada, em que nos detivemos tomando como ponto de partida as gramáticas de língua portuguesa mais representativas atualmente, como também trabalhos específicos, como por exemplo o trabalho de Eneida Bonfim – Advérbios –, entre outras. Queremos justificar, no entanto, a presença nas referências de uma obra direcionada à língua oral – Gramática do português falado, de organização de Rodolfo Ilari. Apesar de ser voltada exclusivamente à oralidade, aproveitamos os conceitos e as questões relacionadas, antes de mais nada, à língua portuguesa de maneira geral, no que há de comum entre as duas modalidades – oral e escrita. Dessa forma, não nos direcionamos às particularidades tratadas no referido trabalho em relação à forma oral nem ao corpus estudado.

A escolha do tema se justifica por ser parte, em desenvolvimento, de nossa dissertação de mestrado. Por isso, o trabalho ainda tem muitas lacunas e pontos a serem melhor estudados e analisados. Cientes da problemática envolvendo alguns aspectos da questão, não procuraremos apresentar posicionamentos rígidos sobre o assunto, muito menos fechar soluções, até porque este texto não comportaria isso.

ADVÉRBIOS: A PROBLEMÁTICA DA DEFINIÇÃO

Iniciaremos este estudo com uma síntese sobre a conceituação e a delimitação da classe de palavras denominada advérbios, registrada nas gramáticas normativas de língua portuguesa.

Um estudo um pouco mais superficial do advérbio nos passa a impressão de este fazer parte de uma classe homogênea, de configurar uma unidade.

Tomaremos como ponto de partida algumas definições encontradas em nossas gramáticas tradicionalmente mais representativas, a fim de verificar o tratamento conferido à classe:

O advérbio é, fundamentalmente, um modificador do verbo.
A essa função básica, geral, certos advérbios acrescentam outras que lhes são privativas.

Assim, os chamados advérbios de intensidade e formas semanticamente correlatas podem reforçar o sentido de um adjetivo e de um advérbio ou toda a oração. (CUNHA e CINTRA, 1997: 529).

Advérbio

É a expressão modificadora que por si só denota uma circunstância (de lugar, de tempo, modo, intensidade, condição, etc.) e desempenha na oração a função de adjunto adverbial.

[…]

O advérbio é constituído por palavra de natureza nominal ou pronominal e se refere geralmente ao verbo, ou ainda, dentro de um grupo nominal unitário, a um adjetivo e a um advérbio (como intensificador), ou a uma declaração inteira. (BECHARA, 1999:287).

Advérbios são palavras modificadoras do verbo. Servem para expressar as várias circunstâncias que cercam a significação verbal.

Alguns advérbios, chamados de intensidade, podem também prender-se a adjetivos, ou a outros advérbios, para indicar-lhes o grau: muito belo (= belíssimo), vender muito barato (= baratíssimo). (LIMA, 1990: 174).

Como se percebe, os autores se atêm à idéia principal de advérbio como modificador verbal, admitindo ainda seu funcionamento como modificador de adjetivo, advérbio ou oração.

Contudo, observaremos, conforme já foi constatado inclusive em estudos mais antigos, que a conceituação e a delimitação do advérbio como classe guarda algumas divergências complicadas de serem sanadas, pois na verdade, em função de sua grande mobilidade semântica e sintática, acaba se tornando um “componente perturbador” na tentativa de definições restritas, simplificadas e rígidas.

Esse caráter heterogêneo do advérbio se deve, em princípio, à sua natureza – alguns de origem nominal, outros de origem pronominal. Mattoso Câmara, em Estrutura da língua portuguesa (1999:77), defende que, por critérios semântico, morfológico e sintático, as palavras estão divididas em nomes, verbos e pronomes.

O autor acrescenta: “O advérbio é nome ou pronome que serve de determinante a um verbo”. Em nota, esclarece que alguns advérbios dão uma qualificação a mais a um adjetivo, mas não sendo isso um aspecto geral, que deva entrar na definição da classe.

Assim, pela origem e significação, há os advérbios nominais e os pronominais. Como exemplo, temos os advérbios de base nominal (por “migração” vocabular, oriundos de adjetivos, substantivos, pronomes, numerais e verbos), como, por exemplo, “rapidamente” – formado de adjetivo (rápido) no feminino + -mente –, e os de base pronominal, como os demonstrativos (aqui, aí, acolá), os relativos (onde, quando, como), os interrogativos (onde?, quando?, como?, por quê?).

Isso nos levaria ao seguinte questionamento: realmente existe uma classe dos advérbios? Será que esta não comportaria na verdade uma mistura de classes, tendo em vista seus comportamentos diferenciados?

Podem-se ainda trazer à tona mais dois fatores consagrados pela tradição gramatical que nos levam a noções em certa medida obscuras em relação à definição de advérbio: modificação e circunstância.

A noção de modificação de acordo com Perini (1996) tem em parte uma vertente semântica e outra sintática. Do ponto de vista semântico, funciona como uma espécie de ingrediente ao significado da ação; já em relação ao aspecto sintático implica uma ocorrência conjunta a um constituinte, ou seja, “estar em construção com”. Porém, Perini defende que nenhuma das duas idéias particulariza a classe, já que ambas se aplicam a outras classes; como também ainda não se aplicam a todos os elementos do mesmo grupo, já que os advérbios de negação, afirmação e dúvida, por exemplo, não “modificam” o verbo.

Ainda em relação ao plano sintático sobre a questão de “modificar”, de acordo com os estudos sobre os vocábulos adverbiais não é possível definir essa estrutura “conjunta” a “um constituinte” em muitos casos, haja vista a grande mobilidade do termo, que muitas vezes está relacionado à oração como um todo.

Sobre a idéia de “circunstância”, também ficam algumas dúvidas.

Em uma das definições para a palavra no Dicionário Houaiss (2001), encontramos: “Condição de tempo, lugar ou modo que cerca ou acompanha um fato ou uma situação e que lhes é essencial à natureza”. O conceito por si só é inexato para definir a classe, já que, dessa forma, nem todo advérbio é circunstancial.

Portanto, entendemos que os advérbios denominados de afirmação, negação, dúvida, por exemplo, não expressariam a noção de circunstância.

A partir deste ponto, encontramos em muitos estudos a explicação de que o advérbio pode expressar outro tipo de idéia acessória, como uma opinião ou uma dúvida do emissor da mensagem sobre o enunciado, ou parte dele, como por exemplo: Infelizmente, o gerente está atrasado para a reunião; Talvez a festa aconteça neste fim de semana.

Entretanto, deixando-se à parte o plano semântico, podemos delimitar, a partir de um critério morfológico, que o advérbio é palavra invariável e, por um critério sintático, de acordo com os estudos tradicionais, que é palavra periférica em um sintagma cujo núcleo é, principalmente, um verbo, mas também pode ser um adjetivo ou outro advérbio, podendo ainda aparecer ligado a uma oração inteira.

Por outro lado, há ainda outros posicionamentos, como o de Neves (2000:235), que diz que o advérbio pode “modificar” também outras classes de palavras, como: numeral, substantivo, pronome e até conjunção.

Esta consideração, em certa medida, já vem expressa em estudos mais antigos, como o de Pacheco da Silva Júnior e Lameira de Andrade, que assim conceituam advérbio:

É uma palavra que se junta ao verbo, e ainda a um adjetivo ou a outro advérbio, para (exprimindo as circunstâncias da ação) determinar-lhes ou modificar-lhes a significação.

[…]

Ainda podemos juntá-los ao substantivo comum: – Gonçalves Dias era verdadeiramente poeta. (1907:155)

Sílvio Elia (1980:228), no artigo: “Sobre a natureza do advérbio”, posiciona-se contrário a esse preceito: “Essa extensão da função modificadora dos advérbios a outras classes de palavras que não o verbo foi uma das causas da confusão ainda reinante na compreensão de tal categoria léxica”. Há estudiosos que apresentam os advérbios só como modificadores de verbos. Dessa forma, os chamados advérbios de adjetivos e de outros advérbios, como os de oração, seriam outros tipos de palavras, na maioria dos casos tomados como palavras denotativas.

Bechara (1999:292) traz, aliás, casos em que esses termos, fora das características “canônicas” dos advérbios, passam para nível de frase. O autor delimita o processo como caso de hipertaxe ou superordenação – “… fenômeno pelo qual uma unidade de camada inferior pode funcionar sozinha em camadas superiores”.

Exemplificando, temos: “Certamente!”, “Naturalmente!” e “Não.”, usados em respostas ou comentários.

Outro aspecto importante e problemático deve ser mencionado: a subclassificação dos advérbios, que ora parte de um pressuposto puramente semântico, do valor léxico – tempo, lugar, modo (que pode configurar uma lista diversificada e “interminável”) –, ora parte do valor funcional – demonstrativos, relativos, interrogativos.

Como se vê, são muitas as questões a serem discutidas no que diz respeito ao estudo do advérbio. Pontuamos aqui algumas observações de caráter geral, apenas necessárias para uma introdução ao assunto, para servir de base para as considerações um pouco mais detalhadas, expostas a seguir.

MAIS ALGUMAS OBSERVAÇÕES

Retomaremos um dos pontos mais importantes na delimitação e classificação dos advérbios: o fato de os estudiosos agregarem a todos os elementos entendidos na classe o fator circunstancial. Vimos anteriormente que nem todo advérbio indica circunstância.

Temos como exemplos: o “não”, que não se opõe a “sim” mas à ausência de “não”; o “sim”, que funciona como um reforço, uma ênfase à afirmativa, já que esta não precisa de uma marca, como acontece com a negação; os advérbios de dúvida, que demonstram a incerteza do locutor e não da idéia expressa pelo verbo do enunciado; entre outros.

A partir disso, consideraremos aqui como únicos advérbios com a noção de “circunstância” os de tempo e de lugar. Em contrapartida, estes não correspondem à idéia de “modificação” verbal, que só compete aos advérbios de modo e de intensidade. Dessa maneira, pressupõe-se que as noções de circunstância e modificação não podem conviver simultaneamente na definição de advérbio.

Advérbios de modo

A maioria dos elementos desse grupo é representada pelas formas terminadas em -mente. Essa formação é muito freqüente no português. À forma feminina dos adjetivos se prende o sufixo, que na definição da gramática normativa indica fundamentalmente modo, maneira.

Said Ali traz a explicação histórica:

Dos advérbios latinos, originados, na maior parte, de nomes ou pronomes, poucos passaram às línguas românicas. Enriqueceram-se estas todavia com algumas formações desconhecidas do latim literário, com várias criações novas e, em especial, com os advérbios em –mente que se tiram de adjetivos. Esta terminação nada mais é do que o ablativo do latim mens, v. g. em bona mente. Por algumas locuções deste tipo se modelaram outras muitas, acabando por obliterar-se a significação primitiva do substantivo e passando este a valer tanto como um sufixo derivativo. (2001: 140)

O trabalho de Eneida Bonfim, Advérbios (1988), traz o estudo de Pottier, que defende que os legítimos advérbios são os de modo, verdadeiros qualificadores (modificadores) verbais, sustentando a teoria de que o advérbio está para o verbo, assim como o adjetivo está para o substantivo.

Contudo, é importante destacar que nem todas as formações em –mente são advérbios de modo, como nos seguintes exemplos:

1 – Provavelmente, a carga tributária continuará se elevando.
2 –
É certamente difícil a disputa em concursos públicos.
3 –
Mais investimento em educação é uma iniciativa extremamente importante.
4 –
Crianças em situação de risco ficam em condições terrivelmente cruéis.

Dessa forma, além do tipo “modo”, encontramos os advérbios de dúvida (provavelmente, possivelmente), de intensidade (excessivamente, demasiadamente), de tempo (imediatamente, diariamente), de afirmação (certamente, realmente), de ordem (primeiramente, ultimamente).

Entretanto, em muitos casos, o que realmente acontece é um predomínio do caráter subjetivo no enunciado, que expressa uma opinião do emissor, não se referindo mais estritamente ao processo verbal. Nesse caso, o termo atua sobre toda a frase, por isso sua mobilidade é maior, sendo por vezes indiferente seu posicionamento no início ou no final da oração – característica não tão reconhecida para os advérbios de modo.

Azeredo (1999:96), seguindo uma subdivisão mais recente, distingue dois tipos para os advérbios em mente: modalizadores e circunstancializadores (também classificados em outros estudos, inclusive considerado mais apropriado neste trabalho, como modificadores). O primeiro tipo pode se referir a oração, sintagma verbal, sintagma adjetivo, sintagma preposicional e outro advérbio; o segundo diz respeito ao sintagma verbal – esses especificamente advérbios de modo.

A subjetividade é a característica maior do primeiro grupo. O fenômeno é denominado como modalização e se explica basicamente pela maneira como o sujeito (locutor) encara seu próprio enunciado.Entre vários recursos, podem-se encontrar como modalizadores os advérbios de negação, de dúvida, de afirmação e os categorizados como modo, quando oracionais. Como exemplos, podem ser tomadas as frases 1 e 2.

Neves (2000:237-8) apresenta, dentro dessa categoria de modalizadores, uma subdivisão semântica a respeito desse numeroso conjunto de palavras.

a) Epistêmicos: asseveram, avaliam, indicam um valor de verdade (evidentemente, efetivamente, obviamente, logicamente, absolutamente etc.).
b) Delimitadores:
fixam condições de verdade, delimitam o âmbito do enunciado (basicamente, praticamente, rigorosamente, historicamente etc.).
c) Deônticos:
revelam que o enunciado deve ocorrer, dada uma obrigação (obrigatoriamente, necessariamente etc.).
d) Afetivos:
demonstram reações afetivas (felizmente, espantosamente – subjetivas–, sinceramente, francamente – intersubjetivas).

Ainda apresentando traço subjetivo significativo, alguns termos em –mente têm seu valor semântico do adjetivo formador mais enfraquecido, em detrimento da noção muito mais nítida de intensidade – positiva ou negativa. Isso fica evidenciado nos exemplos 3 e 4.

Em síntese, considerando todo o grupo de palavras incluído nessa classe ainda como advérbios, adotamos a seguinte subdivisão (provisória), apesar de não tratarmos especificamente no momento dos casos c e d:

a) advérbios circunstancializadores: tempo e lugar;
b)
advérbios modificadores: modo e intensidade (que exprimem a maneira como se dá ou a intensidade do processo verbal);
c)
advérbios modalizadores: o grupo, na maioria os terminados em –mente, que denota a opinião ou a dúvida do emissor da mensagem sobre o enunciado ou parte dele;
d)
advérbios intensificadores: o grupo que intensifica um adjetivo, advérbio ou outra palavra.

Advérbios de tempo

Os elementos classificados como advérbios de tempo respondem à pergunta: quando?

Estão nesse grupo: cedo, tarde, ontem, hoje, amanhã, antes, depois, sempre, nunca etc. Bonfim salienta que, excluindo-se ontem, hoje e amanhã, os demais não respondem a essa pergunta. Acreditamos que em certa medida e em determinados contextos respondem sim, mesmo que seja de maneira mais imprecisa e subjetiva.

Nesse conjunto aparentemente homogêneo é possível observar alguns traços particularizantes que distinguem umas formas de outras.

O par “cedo/tarde”, por exemplo, tem ligação direta com o processo verbal, como em: “Ele dorme cedo” ou “A professora chegou tarde”. Entretanto, não especifica uma posição no tempo determinada, ou seja, não focaliza um momento específico, e por isso pode conviver com, e até determinar, outra forma temporal precisa.

Por exemplo:

5 – O mestre chegou cedo hoje.

6 – O mestre chegou hoje cedo.

Além da alteração semântica, a troca de posição implica também mudança do termo determinado: no exemplo 5, “cedo” refere-se ao verbo; no 6, ao advérbio “hoje”, considerando ainda que a faixa temporária específica está sempre no “hoje”.

Como mais uma característica particular, podemos destacar que “cedo/tarde” podem ser intensificados:

7 – O carteiro passou hoje bem cedo / muito cedo / cedo demais / cedinho.

Em relação ao grupo “ontem/hoje/amanhã”, podemos identificar uma extensão definida de tempo (24 horas), que pode se referir ao verbo, como também ao enunciado como um todo.

Porém, a característica mais notável desses advérbios é seu caráter dêitico. Assim, em “hoje” o tempo do enunciado coincide com o tempo de sua emissão (enunciação); “ontem” é o tempo anterior a este, e “amanhã”, o posterior. Além disso, diferenciam-se do par anterior por não serem passíveis de intensificação e por poderem desempenhar a função de sujeito.

Por exemplo:

8 – Hoje e amanhã serão dias de festa.

Por isso, Bonfim explicita que este grupo se aproxima muito mais da classe de pronomes que da de advérbios. O advérbio “agora” apresenta as mesmas propriedades de “hoje”, com a diferença de estreitar muito mais o espaço temporal.

Além desses casos, sintetizamos a seguir mais alguns pontos notadamente estudados por Bonfim, a título, por enquanto, de organização didática dos tópicos.

* A dupla “antes/depois” expressa, além da noção de tempo, a idéia de espaço. Os pontos de referência indicados pelo par podem relacionar-se tanto a elementos do interior do enunciado quanto do exterior.

Por exemplo:

9 – Antes não havia tanta violência. (Ponto de referência externo)

10 – Devo estudar à tarde, depois ajudarei você com o trabalho. (Ponto de referência interno)

Esses elementos referem-se não só ao verbo, mas a toda a oração; podem vir estruturados com preposição (antes de, depois de); podem aparecer com outros indicadores de tempo; e são passíveis de intensificação.

Antigamente/atualmente/futuramente” também não apresentam um ponto de referência definido; além da questão temporal, também ligam-se à aspectual; referem-se ao enunciado como um todo; e não são passíveis de intensificação.

Nunca/sempre/freqüentemente”, com maior propriedade até que o grupo anterior, identificam-se mais com a idéia de aspecto – freqüência, hábito, repetição etc. –, que é sempre subjetiva, já que parte de uma escolha; “nunca” é a marca de ausência de freqüência. Podem incidir sobre o verbo ou sobre toda a oração.

Advérbios de lugar

A idéia geral guardada por este grupo é que seus elementos respondem à pergunta: “onde?”.

Mas, assim como no caso dos temporais, neste conjunto também ocorrem subdivisões, mais claramente definíveis em dois grupos: aqueles elementos que estão ligados ao emissor e ao receptor da mensagem (aqui, aí) – os dêiticos –; e aqueles que se relacionam com outro ponto de referência, que pode ser interno ao enunciado ou não.

Os primeiros podem exercer a função sintática de sujeito, além da função adverbial.

Por exemplo:

11 – Aqui não é um bom lugar para conversarmos. (Sujeito)

12 – Estarei aqui amanhã aguardando sua resposta. (Adjunto adverbial)

Note-se que o advérbio traz a preposição implícita, no caso da função adverbial, o que também acontece com os advérbios de tempo dêiticos. Excetua-se a ocorrência com a preposição “de”:

13 – Depois de ser atendido, sairei daqui o mais rápido possível.

O segundo grupo dos locativos pode apresentar uma relação com um ponto de referência mais subjetivo (longe/perto) ou mais objetivo (abaixo, acima, dentro, fora etc.).

Da mesma forma como foi exposto sobre a questão temporal, Bonfim diz também que aqueles, ao contrário destes e dos dêiticos, não respondem satisfatoriamente à pergunta: “onde?”.

Também aqui continuamos com a mesma posição: dependendo do contexto, pode responder. Não levamos em consideração aqui se a resposta é objetiva e precisa ou não.

Muitos pontos em comum podem ser observados entre os temporais e os locativos, afinal ambos na verdade são localizadores: no tempo ou no espaço. Desse modo, também pontuaremos aqui mais dois aspectos sobre os quais poderemos nos ater futuramente.

Todos os elementos dos advérbios de lugar podem ocorrer conjuntamente com outros elementos do grupo:

13 A universidade fica bem perto daqui, depois desse estádio de futebol.

Normalmente esses advérbios são passíveis de intensificação, com exceção dos dêiticos: bem depois / muito abaixo / longe demais / pertinho.

Fonte: www.enaol.com/www.nilc.icmc.usp.br/www.graudez.com.br/www.filologia.org.br

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