PUBLICIDADE
O que foi o romantismo?
O Romantismo sucede o Arcadismo. Na escola anterior a essa escola literária, os autores exaltam grandemente a paz e o amor pela natureza. No Romantismo, isso decai e a principal chave dele é a idealização.
Os escritores românticos idealizavam principalmente as suas amadas. A mulher perfeita era considerada boa, pura e virgem; e, inevitavelmente, ela se tornava inalcançável, porque uma idealização como essa busca, literalmente, a perfeição. Coisa que não é possível para nós, humanos.
Contexto histórico
O Romantismo começa no início do século XIX e vem da necessidade de uma nova estética artística pós Revolução Francesa. A ascensão da burguesia, os valores burgueses e o fim do absolutismo político e estético cria a necessidade de um novo tipo de arte. Nesse momento, o liberalismo político, econômico, social e educacional dá início a um novo público consumidor de arte e, com isso, há a consolidação do estilo romântico.
No Brasil
O contexto histórico brasileiro conta com a vinda da Família Real para o Rio de Janeiro em 1808, que traz grandes mudanças para a vida na colônia. É a partir daí que nascem edifícios como a biblioteca nacional, a abertura dos portos, o Banco do Brasil. Há o incremento de uma vida no país a partir de então. Logo na sequência, em 1822, há a proclamação da independência. Agora é que o Brasil começa a se estabelecer como uma pátria. Deixa de ser uma colônia para ser uma nação. E, portanto, a arte passa a contribuir para expressar o sentimento nacionalista.
Principais características do Romantismo
- sentimentos pessoais: o “eu” é muito presente nessa escola literária, então o que importa é o que eu estou vivendo, o que eu estou sentindo, etc;
- culto à natureza: toda a natureza é incrível, desde o mar até a grama. Por isso, os autores valorizam muito a natureza no Romantismo e também utilizam elementos dela para fazer metáforas em suas obras;
- idealização da mulher amada: a mulher boa, pura e virgem. A mulher perfeita e inalcançável;
- patriotismo: os autores também valorizavam muito a própria terra, o próprio pais. Isso era refletido em suas obras.
- liberdade de criação: essa é uma ideia que só se concretiza no Modernismo, no entanto, já no Romantismo há quebras de padrões estéticos e poesias, por exemplo.
As três gerações da poesia Romântica
- nacionalista: os poetas da geração nacionalista vão tratar de temas que contribuem para o sentimento nacionalista. Como, por exemplo, Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias, com o poema “Canção do Exílio”. Além disso, também há o poema narrativo indianista “I-Juca Pirama”.Temas como a pátria, a natureza e o índio estão associados a essa geração;
- mal do século: ou ultrarromântica, é a geração centrada no mundo interior do poeta. É a que conta com a maior idealização dos autores, tanto do amor, da pessoa amada, como da vida. O autor se deprime, anseia pela morte porque a vida é um tédio. É uma poesia confessional marcada pela tristeza e pela angústia. Principais nomes da geração: Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu;
- condoreira: ou geração social, é a geração romântica em que há uma ruptura dos ideais ufanistas devido ao momento histórico – com movimentos abolicionistas e republicanos. Há uma poesia social e com linguagem diferenciada, devido a ser escrita para ser lida em comícios. Linguagem com muitas exclamações, metáforas, etc. O principal autor dessa geração é Castro Alves, com “Navio Negreiro” e “Vozes d’África”. Além disso, em suas poesias românticas, há mulheres mais reais, com certo grau de sensualidade para os padrões da época.
Prosa Romântica
A prosa romântica possui quatro classificações temáticas:
- histórico: possui um clima de época e tem inspiração histórica;
- urbano: retrata o luxo, a vida a burguesa;
- indianista: coloca o índio como herói, como bom selvagem, é uma marca nacionalista;
- regionalista: mostra costumes registrados, efetiva o nacionalismo.
Principais obras e autores:
- As principais obras da prosa Romântica são “Iracema” e “O Guarani” de José de Alencar – como obras indianistas.
- “A Moreninha”, de Joaquim Manoel Macedo. “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manoel Antônio de Almeida. “Diva” e “Senhora”, de José de Alencar – como obras urbanas.
Por Amanda Abreu
Romantismo – O que é
Romantismo, atitude ou orientação intelectual que caracteriza muitas obras de literatura, pintura, música, arquitetura, crítica e historiografia na civilização ocidental ao longo de um período compreendido entre o final de 18 a meados da década de 19 século.
O Romantismo pode ser visto como uma rejeição dos preceitos de ordem, calma, harmonia, equilíbrio, idealização e racionalidade que tipificados Classicismo em século 18 geral e mais tarde, Neoclassicismo em particular.
O Romantismo foi um movimento na arte e na literatura, nos séculos XVIII e XIX em revolta contra o neoclassicismo dos séculos anteriores
O Romantismo foi um movimento literário que varreu praticamente todos os países da Europa, Estados Unidos e América Latina e durou de cerca de 1750 a 1870.
Foi em parte uma reação à Revolução Industrial, as normas sociais e políticas aristocráticas da idade da iluminação e do científico racionalização da natureza.
O movimento também colocou grande valor sobre a beleza da natureza e do deserto e muitas vezes expressando um sentimento de nostalgia de um passado remoto, glorificando o período medieval e cultura popular.
O Romantismo como um movimento diminuiu no final do século 19 e início do século 20 com o crescimento domínio do realismo na literatura e o rápido avanço da ciência e da tecnologia. No entanto, o romantismo foi muito marcante na maioria dos indivíduos durante o seu tempo.
Romantismo – Origem
Surgido no final do século XVIII e início do século XIX, o Romantismo se desenvolve na Europa em um momento histórico marcado pela ascensão da burguesia e dos ideais da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e fraternidade. No Brasil, o seu surgimento foi influenciado pelas últimas produções árcades e pelo sentimento de nacionalismo advindo da situação de independência.
O Romantismo foi a primeira vertente literária ocidental a rejeitar o modelo clássico. Esta ruptura reflete uma busca por uma produção original, baseada em mitos próprios, e não em clichês e imitações. Também se rejeita o normativismo disciplinador da estética e as produções são norteadas fundamentalmente pela liberdade criativa.
Ainda como reflexo da ruptura anti-clássica, nota-se a substituição dos temas universalistas por temas locais. Muitas vezes o romantismo tende para a literatura tópica, com a análise da história, da paisagem e dos costumes regionais.
Uma das principais características deste movimento é a perspectiva individual do mundo (estética centrada no eu-emissor). Evidencia-se o mundo interior do artista e os reflexos e emoções desencadeadas pela realidade externa.
Essa abordagem emocional e individual traduz-se em diversas características:
Na linguagem: Predomina a função emotiva (centrada no emissor) e às vezes apelativa ou conativa (centrada no receptor).
Dirigismo da obra: O autor projeta na obra o seu gosto e o do leitor, muitas vezes furtando-se da análise da realidade.
O choque Eu X Mundo: É evidenciado pela visão subjetiva e pessoal da realidade.
Esse conflito com o mundo exterior pode resultar em duas posturas distintas:
a) A atitude reformista, típica do Romantismo Social, também marcado pelo engajamento do poeta que deseja transformar a realidade, através da denúncia das opressões e do humanitarismo em prol dos oprimidos.
b) O escapismo do Romantismo Individualista, em que o eu-poético fecha-se em seu próprio mundo em razão da desilusão com o social, podendo assumir uma atitude sonhadora, idealizando a realidade, ou uma atitude fugaz e melancólica, que ressalta a solidão e a morte.
Destacam-se ainda outros traços importantes, como:
O nacionalismo, evidenciado por uma imagem mitificada da pátria e pela busca de uma cor local em oposição ao mundo europeu.
A idealização da mulher, que é endeusada e associada à figura angelical. Inatingível, ela é vista como dotada do poder de transformar a vida do homem reorganizando o caos em que vive.
O culto à natureza, que aparece dinâmica (diferente da abordagem árcade, em que é estaticamente descrita) e associada aos estados íntimos do artista. A natureza se apresenta como entidade de culto (Panteísmo), como lugar de refúgio do poeta, como fonte de inspiração, ou mesmo como antítese da civilização.
O retorno ao passado, também adotado como uma forma de escapismo. Aparece tanto com relação a um passado histórico (resgate medieval ou das origens da pátria), ou a um passado individual (resgate da infância, época feliz e livre de conflitos).
Gerações Românticas na Poesia
1ª Geração (1836 1850)
Iniciada pela publicação de Suspiros Poéticos e Saudades (obra de temática religiosa e nacionalista), de Gonçalves de Magalhães, esta é a geração nacional-indianista, marcada pela mitificação da natureza (Panteísmo), da pátria (nacionalismo) e do índio (indianismo), símbolo do espírito nacional em oposição à herança portuguesa.
Ocorre no contexto inicial do Romantismo, e apesar de rejeitar a visão iluminista de homem racional, salientando o homem emotivo, psicológico e intuitivo, essa geração sofre influência de Jean-Jacques Rousseau (iluminista), na concepção do mito do bom selvagem.
A independência do Brasil (1822), acaba por fortalecer o sentimento nativista. Os principais poetas foram Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.
2ª Geração (1850 1870)
Também denominada de Mal-do-século, Ultra-romantismo ou Byronismo (homenagem ao poeta Lord Byron, da Inglaterra), esta geração foi marcada pela desilusão, pelo egocentrismo, pelo narcisismo, pelo negativismo boêmio e pelo escapismo dos artistas.
O contexto histórico (frustração das promessas burguesas revolucionárias), reflete nessa atitude, pois ocasiona a desilusão em torno das mudanças sociais. Destacam-se os poetas Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo e Junqueira Freire.
3ª Geração (1870 1881)
O seu marco inicial foi a publicação de Espumas Flutuantes de Castro Alves. É também conhecida como Geração Condoreira (alusão à altivez do pássaro Condor) ou Hugoana (Influência de Victor Hugo, escritor francês) e é impregnada pela indignação e pela crítica social relacionada às lutas abolicionistas. A sua linguagem é declamatória, passional, marcada por hipérboles, metáforas e alegorias.
Destacam-se Fagundes Varela, Tobias Barreto e principalmente Castro Alves, um dos mais legítimos representantes da atitude condoreira, fundador da poesia social e engajada no Brasil, também conhecido como O poeta dos escravos, devido ao tratamento crítico dado à causa dos negros escravos.
O Romance Romântico e Suas Vertentes
Inicia-se apenas em meados do século XIX, a partir do contato com outras nações advindo da independência (países como França, Inglaterra e Alemanha já tinham a tradição da ficção).
O romance pioneiro surge dotado de algumas peculiaridades, como o episodismo (sobreposição dos episódios à análise dos fatos), o oralismo (o narrador é um contador de histórias), a linearidade (segue-se a ordem cronológica normal dos fatos da vida), a idealização (no ambiente, no enredo e nos personagens – homem, herói autêntico e generoso e mulher, feminina, ingênua e fiel).
O romance nasce em meio a uma busca pela identidade nacional brasileira e a identificação dos espaços nacionais caracteriza a formação das quatro linhas temáticas: o espaço da selva é retratado pelos Romances Indianista e Histórico; o campo aparece no Romance Regionalista; a vida na cidade é trazida pelo Romance Urbano.
Vejamos cada uma destas linhas:
1) Romance Indianista
Caracterizado pela idealização do Índio, que não é visto em sua realidade sócio-antropológica, mas sim de uma maneira lírica e poética, figurando como o protótipo de uma raça ideal. Materializa-se no índio o mito do bom selvagem de Rousseau (o homem é bom por natureza e o mundo é que o corrompe).
Há harmonização das diferenças entre as culturas européia e americana.
O índio é mostrado em diversas condições, como é possível notar nas obras de José de Alencar: em Ubirajara, aparece o índio primordial, sem o contato urbano; em O Guarani, é mostrado o contato o branco e em Iracema, aborda-se a miscigenação.
2) Romance Histórico
Revela o resgate da nacionalidade a partir da criação de uma visão poética e heróica das origens nacionais. É comum ocorrer a mistura de mito e realidade. Destacam-se as obras As Minas de Prata e A guerra dos Mascates, de José de Alencar.
3) Romance Regionalista
Também conhecido como Sertanista, é marcada pela idealização do homem do campo. O sertanejo é mostrado, não diante dos seus verdadeiros conflitos, mas de uma maneira mitificada, como um protótipo de bravura, honra e lealdade.
Trata-se aqui de um regionalismo sem tensão crítica. Destacam-se obras de José de Alencar (O Sertanejo, O Tronco do Ipê, Til, O Gaúcho), Visconde de Taunay (Inocência), Bernardo Guimarães (O Garimpeiro) e Franklin Távora, que com O Cabeleira diferencia-se dos demais apresentando certa tensão social que pode ser enquadrada como pré-realista.
4) Romance Social Urbano
Retrata o ambiente da aristocracia burguesa, seus hábitos e costumes refinados, seus padrões de comportamento, sendo raro interesse pela periferia. Os enredos são em geral triviais, tratando das tramas amorosas e mexericos da sociedade.
Os perfis femininos são temas comuns, como em Diva, Lucíola e Senhora, de José de Alencar e em Helena, A Mão e a Luva e Iaiá Gracia, de Machado de Assis.
É importante perceber que alguns desses romances, Tratando do ciclo social urbano, já revelavam características realistas em seus enredos, como algumas análises psicológicas e sintomas de degradação social.
Contexto Histórico
Na segunda metade do século XVIII, a Europa passa por uma grande reforma: o Iluminismo. Ele foi uma revolução em todos os campos. Um novo estado de espírito se formava, em que o sentimento se sobrepunha à razão, o coração, ao cérebro.
As primeiras manifestações românticas ocorreram na Alemanha e na Inglaterra. Da Alemanha foi transportado para a França por meio de Mime Staël. Anos depois os Franceses levaram o Romantismo junto de seus navios para o Brasil. Em 1836 Gonçalvez de Magalhães publicou Suspiros Poéticos e Saudades.
Contexto cultural-artístico
Artes Plásticas
Nas artes plásticas, o Romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o espanhol Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as emoções e os sentimentos em suas obras de arte.
Na Alemanha, podemos destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable traçava obras com forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução Industrial.
Literatura
Foi através da poesia lírica que o Romantismo ganhou formato na literatura dos séculos XVIII e XIX. Os poetas românticos usavam e abusavam das metáforas, palavras estrangeiras, frases diretas e comparações.
Os principais temas abordados eram: amores platônicos, acontecimentos históricos nacionais, a morte e seus mistérios.
As principais obras românticas são: Cantos e Inocência do poeta inglês William Blake, Os Sofrimentos do Jovem Werther e Fausto do alemão Goethe, Baladas Líricas do inglês William Wordsworth e diversas poesias de Lord Byron. Na França, destaca-se Os Miseráveis de Victor Hugo e Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.
Música
Na música ocorre a valorização da liberdade de expressão, das emoções e a utilização de todos os recursos da orquestra. Os assuntos de cunho popular, folclórico e nacionalista ganham importância nas músicas.
Podemos destacar como músicos deste período: Ludwig van Beethoven (suas últimas obras são consideradas românticas), Franz Schubert, Carl Maria von Weber, Felix Mendelssohn, Frédéric Chopin, Robert Schumann, Hector Berlioz, Franz Liszt e Richard Wagner.
Teatro
Na dramaturgia o Romantismo se manifesta valorizando a religiosidade, o individualismo, o cotidiano, a subjetividade e a obra de William Shakespeare. Os dois dramaturgos mais conhecidos desta época foram Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo também merece destaque, pois levou várias inovações ao teatro.
Em Portugal, podemos destacar o teatro de Almeida Garrett.
Características principais:
A) Subjetivismo
Consiste na valorização do indivíduo, do seu mundo sentimental. É a consagração do homem-universal do Classicismo.O artista já pode trazer à tona o seu mundo interior, com plena liberdade.
B) Sentimentalismo
O subjetivismo trouxe uma certa liberdade para expressar os sentimentos do artista, que fora proibido pelo classicismo. No começo foi usado de maneira sensata, porém mais tarde foi sendo usado demasiadamente e trazendo uma verdadeira melancolia.
Vale citar que também a religiosidade fora usada com muita freqüência em todos os autores.
C) Nacionalismo
O Romantismo aboliu todo tipo de mitologia (classicismo) e poesia bucólica (arcadismo), por temas nacionais:
História
Índio
Folclore
Fauna
Heroísmo pátrio
Outros
O Romantismo brasileiro foi extremamente nacionalista, pois a independência, declarada anos antes aumentou o nacionalismo e o antilusitanismo.
D) Culto da natureza
Como o arcadismo, o romantismo também cultua a natureza, mas de maneira completamente diferente. Enquanto a natureza no arcadismo era uma espécie de enfeite, os poetas românticos se completam na natureza. Os prosadores precisam dela para dar vida às suas obras.
E) Idealização
Da mulher
A mulher dos prosadores românticos é a ideal. Soma de todas as qualidades femininas: Feminina, carinhosa, fiel, alegre, formosa, disputada, etc… Os poetas foram além. Sonharam com deusas, mulheres inalcançáveis.
Do herói
Muitos personagens são construídos fora das limitações humanas e até do bom senso.
Do mundo
Os poetas construíam um mundo perfeito, para onde pudesse fugir do seu sofrimento.
Três gerações românticas, suas principais características e seus principais representativos
1ª geração
Nacionalista ou indianista
Marcada pela busca de uma identidade nacional, pela exaltação da natureza. Volta ao passado histórico, medievalismo e criação do herói nacional.
Entre os principais autores podem ser destacados Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.
2ª geração
Do “mal século”
Influenciada pela poesia de Lord Byron e Musset, impregnada de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade. A poesia é intimista e egocêntrica. Os poetas dessa geração foram Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
3ª geração
Condoreira
Caracterizada pela poesia social e libertária. Sofreu forte influência de Victor Hugo e sua poesia político-social. O termo condoreirismo é conseqüência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor. Seu principal representante foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.
Romantismo – Definição
A definição do romantismo, principalmente nas artes plásticas, é bastante polêmica. Sobretudo, é difícil estabelecer seu ponto de duração. Alguns acreditam que ele se estende desde meados do Século 18 até hoje, enquanto outros o vem como uma escola que floresceu entre os Séculos 18 e 19.
Além disso, a separação entre Romantismo e Neoclassicismo é outro ponto de difícil consenso entre os historiadores de arte.
Alguns críticos acreditam que essas tendências não têm, no fundo, tantas diferenças entre si, apresentando-se, antes, como as duas faces de uma mesma moeda.
Já outros estudiosos pensam que o romantismo é uma escola à parte, que se desenvolveu depois do neoclassicismo.
Acredita-se que, na música e na literatura, tenha sido mais fácil sua expressão como uma escola distinta das demais.
Romantismo – História
O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa (final do séc. XVIII).
Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se mais complexa e um dos primeiros movimentos que se caracteriza como uma reação ao Neoclassicismo do séc. XVIII é o Romantismo, assim como o Barroco se opôs ao Renascimento.
O Romantismo expressava a liberdade e a independência, os artistas eram fascinados pelo misterioso e sobrenatural, suas obras revelam uma atmosfera de fantasia e heroísmo, valorizando acima de tudo a emoção e a liberdade de criação.
As principais características do estilo são:
Predomínio do sentimento sobre a razão na criação artística dando maior espontaneidade e liberdade na composição e na técnica
Retorno a natureza como fonte inspiradora da arte
Temática relacionadas com a história e as aspirações nacionais, assim como os fatos da época e os temas do cotidiano adquirem importância superior aos fatos notórios da Antiguidade
Gosto pelo exótico, o chocante, o inusitado
Composição em diagonal, as cores fortes e os contrastes de claro-escuro causam efeitos dramáticos.
Os pintores mais notáveis são os ingleses John Constable e J. M. Willian Tuner, além dos franceses Eugène Delacroix e Gèricault.
Eugène Delacroix (1798-1863) revolucionou a pintura francesa ao acreditar que a cor e a imaginação eram mais importantes do que o desenho e a razão. A exposição em 1824 com a obra “Os Massacres de Quios” marca o nascimento da pintura romântica; a tela “Dante e Virgílio no inferno” tem grande repercussão, e passa a ser considerado o chefe do movimento romântico; “A Liberdade Guiando o Povo” é uma de suas obras-primas inspirada na Revolução de 1830 (rebelião dos republicanos e liberais contra o rei Carlos X), utiliza uma imagem fantasiosa para representar a liberdade: a mulher com seios nus.
Francisco Goya (1746-1828. Espanha)
Retratou em suas pintura importantes fatos históricos como O Fuzilamento do 3 de maio em 1808 ( no dia anterior, os cidadãos de Madrid rebelaram-se contra o exército de Napoleão, que ocupava a Espanha. No dia seguinte, os soldados franceses revidaram executando centenas de espanhóis). Goya expressa nesta obra a luta de um povo contra a opressão e a tirania, com fortes contrastes de claro-escuro, dando efeito dramático à cena.
Gèricault
Jean-Louis-André-Théodore Géricault (26 de setembro de 1791-26 de janeiro de 1824) Pintor francês, nascido em Rouen, desfrutava de uma renda particular e por isso não necessitava de encomendas.
Escolhia os temas que mais o atraía. Foi um novo tipo de artista que exerceu notável influência sobre os movimentos romântico e realista. Depois de passar um ano na Itália, onde se entusiasmou pela obra de Michelangelo, cheia de vigor, realizou numerosos esboços de obras clássicas.
Ao voltar a Paris, sob a influência dos escritores românticos britânicos, decidiu orientar sua pintura para uma temática contemporânea.
Destaca-se a obra: “La Balsa de la Méduse” / A Jangada do Medusa (1818-1819), óleo sobre tela de 4,19 x 7,16 metros.
O valor da mensagem reside na capacidade de transmitir estados da alma.
O artista nesta obra conseguiu transmitir pensamentos melancólicos por meio de expressivos recursos como: cores tristes, ênfase nas sombras, poucas figuras e a representação de corvos negros que são vistos como mensageiros de maus presságios.
Arquitetura
Reflete as transformações consequentes da industrialização e da valorização da vida urbana ocorridas no final do século XVIII e início do século XIX, utilizando novos materiais como o ferro e depois o aço. A construção de edifícios (público e de aluguel) visava atender a média e alta burguesia, preocupadas apenas com o maior rendimento da exploração.
Porém, fora deste contexto urbano, as igrejas e palácios conservaram algumas características de outros estilos, como o gótico e o clássico.
Destaca-se: Charles Garnier, responsável pelo teatro da Ópera de Paris; Charles Barry e Augustus Puguin, que reconstruíram o Parlamento de Londres; e Waesemann, na Alemanha, responsável pelo distrito neogótico de Berlim.
Escultura
Segue-se os monumentos funerários, as homenagens históricas, estátuas equestres e a decoração arquitetônica num estilo tanto clássico como barroco. A inovação ocorreu na temática com a representação de animais de terras exóticas em cenas de caça ou luta em detrimento dos temas religiosos.
Destacam-se os escultores: Antoine Louis Barye (1796-1875) na França; Lorenzo Bartolini (1777-1850) na Itália; e François Rude (1784-1855) com o alto-relevo “A Marcha dos Voluntários de 1792” no Arco da Estrela em Paris.
O Romantismo Brasileiro
Considera-se a obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, publicada em Paris em 1836, como o marco inicial do Romantismo brasileiro.
A poesia romântica brasileira passou por diferentes momentos nitidamente caracterizados. Essas diferentes vagas são apontadas pelos estudiosos, que agrupam os autores segundo as características predominantes em sua produção, dando destaque a essas tendências.
Embora alguns críticos estabeleçam quatro, cinco e até seis grupos, observa-se que os aspectos apresentados em relevo podem ser assim reunidos:
1º grupo chamado de primeira geração romântica
Em que se destacam duas tendências básicas: o misticismo (intensa religiosidade) e o indianismo. A religiosidade é marcante nos primeiros românticos, enquanto o indianismo se torna símbolo da civilização brasileira nos poemas de Gonçalves Dias. Esse espírito nacionalista fez desabrocharem também poemas cuja temática explorou o patriotismo e o saudosismo.
Nomes que marcaram o período: Gonçalves de Magalhães, Araújo Porto Alegre, Gonçalves Dias.
2º grupo a segunda geração romântica
Por seu intimismo, tédio e melancolia, abraçou o negativismo boêmio, a obsessão pela morte, o satanismo. É conhecida como geração byroniana (numa alusão ao poeta inglês Lord Byron, um de seus principais representantes) e sua postura vivencial considerada o mal do século, por se tratar não apenas de um fazer poético, mas de uma forma autodestrutiva de ser no mundo.
Destaques no período: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire. Algumas das obras de Castro Alves permitem enquadrá-lo no período. Sua visão da mulher, marcada pela sensualidade, distancia-se, porém, do lirismo idealizante que caracterizou as demais produções de poesia amorosa do período.
3º grupo a terceira geração romântica
Voltada para uma poesia de preocupação social. Conhecida como condoreira (tinha como emblema o condor, ave que constrói seu ninho em grandes altitudes) ou hugoniana (numa referência a Vitor Hugo, escritor francês cuja obra de cunho social marcou o período), sua linguagem adquiria um tom inflamado, declamatório, grandiloqüente, carregada de transposições e de figuras de linguagem. Seus principais representantes, Castro Alves e Tobias Barreto, têm sua produção associada ao movimento abolicionista e republicano, respectivamente.
Características do Romantismo
Grande é o número de características que marcaram o movimento romântico, características essas que, centradas sempre na valorização do eu e da liberdade, vão-se entrelaçando, umas atadas às outras, umas desencadeando outras e formando um amplo painel de traços reveladores.
Para aqui discuti-las, vamos seguir os aspectos considerados os mais significativos por Domício Proença Filho em sua análise dos estilos de época na literatura:
1. Contraste entre os ideais divulgados e a limitação imposta pela realidade vivida: O universo conhecido se alarga, o Século das Luzes deixa um rastro de anseios libertários, desloca-se o centro do poder; a dependência social e econômica, a inconsciência, o desconhecimento estabelecem para a imensa maioria, no entanto, uma existência marcada por limitações de toda ordem.
2. Imaginação criadora: Num movimento de escapismo, o artista romântico evade-se para os universos criados em sua imaginação, ambientados no passado ou no futuro idealizados, em terras distantes envoltas na magia e no exotismo, nos ideais libertários alimentados nas figuras dos heróis. A fantasia leva os românticos a criar tanto mundos de beleza que fascinam a sensibilidade, como universos em que a extrema emoção se realiza no belo associado ao terrificante (vejam-se as figuras do Drácula, do Frankstein, do Corcunda de Notre Dame e a ambiência que os rodeia).
3. Subjetivismo: É o mundo pessoal, interior, os sentimentos do autor que se fazem o espaço central da criação. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
4. Evasão: O escapismo romântico manifesta-se tanto nos processos de idealização da realidade circundante como na fuga para mundos imaginários. Quando acompanhado de desesperança, sucumbe ao chamado da morte, companheira desejada por muitos e tema recorrente em grande número de poetas.
5. Senso de mistério: A valorização do mistério, do mágico, do maravilhoso acompanha a criação romântica. É também esse senso de mistério que leva grande número de autores românticos a buscar o sobrenatural e o terror.
6. Consciência da solidão: Conseqüência do exacerbado subjetivismo, que dá ao autor romântico um sentimento de inadequação e o leva a sentir-se deslocado no mundo real e, muitas vezes, a buscar refúgio no próprio eu.
7. Reformismo: Esta característica manifesta-se na participação de autores românticos em movimentos contestadores e libertários, com grande influência em sua produção, como foi a campanha abolicionista abraçada por Castro Alves e o movimento republicano assumido por Sílvio Romero.
8. Sonho: Revela-se na idealização do mundo, na busca por verdades diferentes daquelas conhecidas, na revelação de anseios.
9. Fé: É a fé que conduz o movimento: crença na própria verdade, crença na justiça procurada, crença nos sentimentos revelados, crença nos ideais perseguidos, crença que se revela ainda em diferentes manifestações de religiosidade cristã fé. Não se pode esquecer a profunda influência do medievalismo na construção do mundo romântico, dele fazendo parte a religiosidade cristã.
10. Ilogismo: Manifestações emocionais que se opõem e contradizem.
11. Culto da natureza: A natureza adquire especial significado no mundo romântico. Testemunha e companheira das almas sensíveis, é, também, refúgio, proteção, mãe acolhedora. Costuma-se afirmar que, para os românticos, a natureza foi também personagem, com papel ativo na trama.
12. Retorno ao passado: Tal retorno deu origem a diversas manifestações: saudosismo voltado para a infância, o passado individual; medievalismo e indianismo, na busca pelas raízes históricas, as origens que dignificam a pátria.
13. Gosto do pitoresco, do exótico: Valorização de terras ainda não exploradas, do mundo oriental, de países distantes.
14. Exagero: Exagero nas emoções, nos sentimentos, nas figuras do herói e do vilão, na visão maniqueísta a dividir o bem e o mal, exagero que se manifesta nas características já listadas.
15. Liberdade criadora: Valorização do gênio criador e renovador do artista, colocado acima de qualquer regra.
16. Sentimentalismo: A poesia do eu, do amor, da paixão. O amor, mais que qualquer outro sentimento, é o estado de fruição estética que se manifesta em extremos de exaltação ou de cinismo e libertinagem, mas sempre o amor.
17. Ânsia de glória: O artista quer ver-se reconhecido e admirado.
18. Importância da paisagem: A paisagem é tecida de acordo com as emoções dos personagens e a temática das obras literárias.
19. Gosto pelas ruínas: A natureza sobrepõe-se à obra construída.
20. Gosto pelo noturno: Em harmonia com a atmosfera de mistério, tão próxima do gosto de todos os românticos.
21. Idealização da mulher: Anjo ou mulher da vida, a figura da mulher é sempre idealizada.
22. Função sacralizadora da arte: O poeta sente-se como guia da humanidade e vê na arte uma função redentora.
Acrescentem-se a essas características os novos elementos estilísticos introduzidos na arte literária: a valorização do romance em suas muitas variantes; a liberdade no uso do ritmo e da métrica; a confusão dos gêneros, dando lugar à criação de novas formas poéticas; a renovação do teatro.
O Romance Romântico
Destaque especial teve no movimento romântico a narrativa romanesca. Foi por meio dos romances que a Europa marcou seu reencontro com o mundo medieval em que repousavam as raízes das modernas nações européias. Ali floresceram os ideais cavalheirescos que resgatavam na origem heróica a dignidade da pátria e se expressaram nos romances históricos.
Encontram-se também as narrativas apoiadas no embate entre o Bem e o Mal, com a vitória do primeiro. No Brasil, o romance histórico se fez indianista na busca das raízes da nacionalidade (não esqueçamos que a independência há pouco alcançada legou aos intelectuais românticos o compromisso de construir a identidade nacional).
O primeiro romance bem-sucedido na história da literatura brasileira foi A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. Seu reconhecimento se deve ao fato de ter sido a primeira narrativa centrada em personagens brasileiros, com ambiência local.
Os romances do período romântico foram construídos em torno de quatro grandes núcleos:
Os romances históricos, voltados para as relações que fizeram o Brasil colônia
Os romances indianistas, com a intenção de estabelecer nossas raízes históricas, construiu-se em torno da idealização da figura do índio, transformado em herói nacional
Os romances urbanos, com ênfase nas relações amorosas, foram o espaço de revelação das preocupações burguesas, sua noção de honra e o significado do dinheiro nas relações estabelecidas
O romance sertanista ou regionalista, voltado para o mundo rural, veio a ser a abertura para uma das temáticas mais significativas a desenvolver-se na literatura brasileira nos movimentos literários que se seguiram ao Romantismo.
Embora encontrados em muitos dos escritores do período, os romances assim caracterizados foram preocupação especial de José de Alencar, que se propôs a, através de sua obra, representar o Brasil em todas as suas facetas.
Romantismo – Termo
O termo Romantismo pode apresentar uma série de significações: romant ou romaunt; língua românica ou neo-latina; narrativas escritas nesta língua; narrativas em geral; oposição ao termo Classicismo (romântico x clássico); movimento cultural e estético da primeira metade do século XIX; atualmente, sentimentalismo.
O Romantismo, apesar de estar relacionado aos sentimentos, refere-se à arte. As significações mais adequadas, das citadas acima, seriam “oposição ao termo Classicismo (romântico x clássico)” e “movimento cultural e estético da primeira metade do século XIX”.
Provavelmente tem seu início na Escócia, Inglaterra e Alemanha, países europeus mais desenvolvidos, mas é na França, a partir do fim do século XVIII, mais precisamente a partir da Revolução Francesa de 1789, que o novo movimento ganha proporções revolucionárias.
Um caso interessante foi o do poeta escocês James Macpherson que, para obter prestígio, dizia psicografar poemas de Ossian poeta clássico, do século V a.C., que cultivava a oralidade da linguagem, o apego à natureza e os sentimentos, de onde surgiu o termo Ossianismo.
Na Alemanha, destaca-se a obra romântica Werther, de Göethe e, na Inglaterra, sobressaem-se os poetas Samuel Taylor, Coleridge, Shelley, Lord Byron e Wordsworth.
O Romantismo e o Classicismo
O Romantismo é um amplo movimento, que surgiu no século passado, e representa, na literatura e na arte em geral, os anseios da classe burguesa, que, na época, estava em ascensão. A literatura, portanto, abandona a aristocracia para caminhar ao lado do povo, da cultura leiga. Por esse motivo, acaba por ser também uma oposição ao Classicismo.
O Arcadismo também conhecido como Neoclassicismo , foi uma arte revolucionária, porque defendia os interesses da burguesia, classe social que promoveria a Revolução Francesa posteriormente. Todavia, identificava-se mais com a aristocracia, formada pela nobreza e pelo clero, já que, quanto ao aspecto estético, limitou-se a eliminar os exageros do Barroco e a retomar os modelos do Classicismo do século XVI.
Ao Romantismo, cabe a tarefa de criar uma linguagem nova, uma nova visão de mundo, identificada com os padrões simples de vida da classe média e da burguesia. Enquanto o Classicismo observava a realidade objetiva, exterior, e a reproduzia do mesmo modo, através de um processo mimético, sem deformar a realidade, o Romantismo deforma a realidade que, antes de ser exposta, passa pelo crivo da emoção.
A arte romântica inicia uma nova e importante etapa na literatura, voltada aos assuntos de seu tempo efervescência social e política, esperança e paixão, luta e revolução e ao cotidiano do homem burguês do século XIX; retrata uma nova atitude do homem perante si mesmo. O interesse dessa nova arte está voltado para a espontaneidade, os sentimentos e a simplicidade, opondo-se, desse modo, à arte clássica que cultivava a razão.
A arte, para o romântico, não pode se limitar à imitação, mas ser a expressão direta da emoção, da intuição, da inspiração e da espontaneidade vividas por ele na hora da criação, anulando, por assim dizer, o perfeccionismo tão exaltado pelos clássicos. Não há retoques após a concepção para não comprometer a autenticidade e a qualidade do trabalho.
Esses artistas vivem em busca de fortes emoções e aventuras na tentativa de colher experiências novas e criadoras. Alguns chegam até a se envolver com o alcoolismo e drogas ou com um sentimento de pessimismo, enquanto outros participam de lutas sociais.
O conceito grego de belo na arte, tão defendido pelos clássicos, que eliminavam as notas destoantes e apresentavam uma obra depurada, é abandonado pelos românticos, os quais passam a defender a união do grotesco e do sublime, ou seja, do feio e do bonito, assim como são as coisas na vida real.
O Romantismo marca uma importante mudança de postura na arte a proximidade maior entre a vida e a obra, e entre a obra e a realidade.
Nenhum movimento literário-artístico foi tão rebelde e revolucionário como o romântico, em que a regra maior é a inspiração individual. Aliás, os gêneros literários rígidos faziam lembrar a hierarquia social, anterior à Revolução Francesa.
O Romantismo surge com o liberalismo, filosofia que promove o eu individual, divulgada pela Revolução Francesa, cujos ideais eram: a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Enquanto a Revolução Francesa chega ao poder, quebrando a hierarquia social e destruindo a aristocracia, o Romantismo destrói as regras e as formas preestabelecidas, abandonado a elite e chegando ao povo.
Sumariamente, pode-se estabelecer alguns pontos fundamentais e contraditórios entre o Romantismo e o Classicismo, na verdade cultivado pela escola anterior à arte romântica, isto é, pelo Arcadismo (ou Neoclassicismo).
São eles:
CLASSICISMO | ROMANTISMO |
razão | emoção |
mimesis; imitação da realidade | teoria expressiva; expressão do próprio eu |
objetividade | subjetividade |
universalismo (o mundo) | individualismo (o eu) |
Amor (extratemporal, extra-espacial, universal) | “meu amor” |
imitação de modelos (formas fixas) | inspiração ou liberdade criativa |
realidade objetiva (mundo exterior) | realidade subjetiva (mundo interior) |
equilíbrio | contradição |
ordem | reformismo |
Características da linguagem romântica
Além das características já observadas, há outras que merecem destaque ou ser vistas com maior aprofundamento:
Subjetivismo: o romântico quer retratar em sua obra uma realidade interior e parcial. Trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-se da fantasia.
Idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal. Assim, a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor, quase sempre, é espiritual e inalcançável; o índio, ainda que moldado segundo modelos europeus, é o herói nacional.
Sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo impulso é permitido. Certos sentimentos, como a saudade (saudosismo), a tristeza, a nostalgia e a desilusão, são constantes na obra romântica.
Egocentrismo: cultua-se o “eu” interior, atitude narcisista, em que o individualismo prevalece; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior).
Liberdade de criação: todo tipo de padrão clássico preestabelecido é abolido. O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial.
Medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu país, de seu povo. Na Europa, retornam à Idade Média e cultuam seus valores, por ser uma época obscura. Tanto é assim que o mundo medieval é considerado a “noite da humanidade”; o que não é muito claro, aguça a imaginação, a fantasia. No Brasil, o índio representa o papel de nosso passado medieval e vivo.
Pessimismo: conhecido como o “mal-do-século”. O artista se vê diante da impossibilidade de realizar o sonho do “eu” e, desse modo, cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, levando-o, muitas vezes, ao suicídio, solução definitiva para o mal-do-século.
Escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não aceita a realidade, volta ao passado, individual (fatos ligados ao seu próprio passado, a sua infância) ou histórico (época medieval).
Condoreirismo: corrente de poesia político-social, com grande repercussão entre os poetas da terceira geração romântica. Os poetas condoreiros, influenciados pelo escritor Victor Hugo, defendem a justiça social e a liberdade.
Byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
Religiosidade: como uma reação ao Racionalismo materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do mundo real.
Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho, a imaginação; frutos da pura fantasia, que não carecem de fundamentação lógica, do uso da razão.
Nativismo: fascinação pela natureza. O artista se vê totalmente envolvido por paisagens exóticas, como se ele fosse uma continuação da natureza. Muitas vezes, o nacionalismo romântico é exaltado através da natureza, da força da paisagem.
Nacionalismo ou patriotismo: exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.
Luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da monarquia. Até na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um nobre. Geralmente, adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens históricos, que foram de algum modo infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados.
O Romantismo em Portugal
Iniciou-se em 1825, Almeida Garrett publicou o poema Camões, biografia do célebre poeta, em versos brancos, que retratava principalmente o sentimentalismo.
O Romantismo durou cerca de 40 anos e termina por volta de 1865, com a Questão Coimbrã ou Questão do Bom Senso e do Bom Gosto, encabeçada por Antero de Quental. Assim como em outros países, o Romantismo português uniu-se ao liberalismo e à ideologia burguesa.
O movimento romântico nasceu dentro de uma atmosfera política bastante conturbada, que defendia a implantação do liberalismo no país. Esse movimento tinha por objetivo a implantação de uma política de cortes, eleita por todas as classes sociais. De um lado, D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil) representava o liberalismo; de outro, D. Miguel, seu irmão absolutista. Derrotado, D. Pedro cede o trono português ao irmão e só consegue reavê-lo em 1834, quando o liberalismo finalmente vence.
É em meio a esse desenrolar de anos tão caóticos, de lutas entre liberais e conservadores, que os românticos foram implantando as reformas literárias.
Há três momentos distintos no desenvolvimento do Romantismo português:
1º Romantismo (ou primeira geração)
Atuante entre os anos de 1825 e 1840, ainda bastante ligado ao Classicismo, contribui para a consolidação do liberalismo em Portugal, Os ideais românticos dessa geração estão embasados na pureza e originalidade. Principais escritores: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho.
2º Romantismo (ou segunda geração)
Também conhecido como Ultra-Romantismo, marcado pelo exagero, desequilíbrio, sentimentalismo, prevalece até 1860. Principais escritores: Camilo Castelo Branco e Soares Passos.
3º Romantismo ( ou terceira geração)
De 1860 a 1870, é considerado momento de transição, por já anunciar o Realismo. Traz um Romantismo mais equilibrado, regenerado (corrigido, reconstituído). Principais escritores: João de Deus, na poesia, e Júlio Dinis, na prosa.
Além da poesia e do romance, nesses três momentos românticos, desenvolveram-se ainda o teatro, a historiografia e o jornalismo de forma nunca vista antes em Portugal.
O Romantismo no Brasil
O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de nossa independência política.
Por isso, as primeiras obras e os primeiros artistas românicos estão empenhados em definir um perfil da cultura brasileira em vários aspectos: a língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais, a religião, etc.
Pode-se dizer que o nacionalismo é o traço essencial que caracteriza a produção de nossos primeiros escritores românticos, como é o caso de Gonçalves Dias.
A história do Romantismo no Brasil confunde-se com a própria história política brasileira da primeira metade do século passado. Com a invasão de Portugal por Napoleão, a Coroa portuguesa muda-se para o Brasil em 1808 e eleva a colônia à categoria de Reino Unido, ao lado de Portugal e Algarves.
As conseqüências desse fato são inúmeras. A vida brasileira altera-se profundamente, o que de certa forma contribui para o processo de independência política da nação. Dentre essas conseqüências, “a proteção ao comércio, à indústria, à agricultura; as reformas do ensino, criações de escolas de nível superior e até o plano, que se realizou, de criação de uma universidade; as missões culturais estrangeiras, convidadas e aceitas pela hospitalidade oficial, no setor das artes e das ciências; as possibilidades para o comércio do livro; a criação de tipografias, princípios de atividade editorial e da imprensa periódica; a instalação de biblioteca pública, museus, arquivos; o cultivo da pela oratória religiosa e das representações cênicas”.
A dinamização da vida cultural da colônia e a criação de um público leitor (mesmo que, inicialmente, de jornais) criam algumas das condições necessárias para o florescimento de uma literatura mais consistente e orgânica do que eram as manifestações literárias dos séculos XVII e XVIII.
A Independência política, de 1822, desperta na consciência de intelectuais e artistas nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira identificada com suas próprias raízes históricas, lingüísticas e culturais.
O Romantismo, além de seu significado primeiro o de ser uma reação à tradição clássica , assume e. nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista e antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses.
Portanto, um dos traços essenciais de nosso Romantismo é o nacionalismo, que orientará o movimento e lhe abrirá um rico leque de possibilidades a serem exploradas.
Dentre elas se destacam: o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e lingüística, além da crítica aos problemas nacionais todas elas posturas comprometidas com o projeto de construção de uma identidade nacional.
Tradicionalmente se tem apontado a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades (l836), de Gonçalves de Magalhães, como o marco inicial do Romantismo no Brasil. A importância dessa obra reside muito mais nas novidades teóricas de seu prólogo, em que Magalhães anuncia a revolução literária romântica, do que propriamente na execução dessas teorias.
As gerações do Romantismo
Tradicionalmente se têm apontado três gerações de escritores românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os romancistas não se enquadram muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar traços de mais de uma geração.
Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são:
Primeira geração
Nacionalista, indianista e religiosa. Destacam-se os poetas Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. A geração nacionalista é impulsionada pelos valores nacionais, introduz e solidifica o Romantismo no Brasil.
Segunda geração
Marcada pelo “mal do século”, apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Destacam-se os poetas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire. Essa geração é conhecida também por Ultra-Romantismo, devido à forte influência byroniana. Além das mencionadas acima, há ainda o determinismo, vítimas de destino, melancolia, desejo de evasão, recordação de um passado longínquo, que não tiveram, cansaço da vida antes de tê-la vivido.
Terceira geração
Formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho político e social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves. Essa última geração condoreira vive um clima de intensa agitação interna: Guerra do Paraguai, lutas abolicionistas, propaganda republicana. O poeta torna-se o porta-voz das aspirações sociais e seus versos são armas usadas nas lutas liberais.
O Romantismo brasileiro contou com um grande número de escritores, com uma vasta produção, que, em resumo, pode ser assim apresentada:
Na lírica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo, Cardoso de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves e Sousândrade, dentre outros.
Na épica: Gonçalves Dias e Castro Alves.
No romance: José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim. Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora e outros.
No conto: Álvares de Azevedo.
No teatro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e outro.
Fonte: www.wisegeek.org/www.portaltosabendo.com.br/ldev.files.wordpress.com/www.she.art.br
Nem youtube, nem os meus livros didáticos teve clareza e a pedagogia que vcs tiveram!
muito obrigado…
vou estudar literatura por aqui agora!