Maneirismo

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O termo maneirismo aplica-se a um movimento amplo e diversificado. Menos que um estilo, o rótulo é mais apropriado para designar um certo estado de espírito, uma perspectiva, um certo ponto de vista sobre a arte e o fazer artístico de um período histórico, compreendido entre 1530 e 1600 aproximadamente.

O termo aparece primeiro na Itália no original maniera, para designar “estilo” na acepção de singular refinamento.

Foi usado por Giorgio Vasari na segunda metade do século XVI, para designar as obras de alguns artistas que, segundo este, tinhas traços peculiares onde se ressaltavam a sofisticação e a graça.

Historicamente, o Maneirismo não gozou de muito prestígio ou de autonomia, sendo considerado durante muito tempo como a fase final e decadente do grande ciclo renascentista, mas hoje é reconhecido como um estilo autônomo e com valor próprio, e que de certa forma apontava para a arte moderna.

Características gerais

O que distinguiu o Maneirismo dos restantes estilos e em particular na pintura foi uma deliberada revolta dos artistas contra o equilíbrio clássico do Renascimento, explicando-se como uma atitude de modernidade anticlássica e anti-academica , criando um estilo, nas palavras de H. W. Janson “perturbador, voluntarioso, visionário que denuncia uma profunda ansiedade interior”.

Assiste-se ao aparecimento das figuras alongadas, retorcidas, em posições afetadas e teatrais, numa busca de movimento nas composições às vezes desequilibradas; as cores usadas são exageradas sem correspondência com as naturais; os enquadramentos são invulgares em que a cena é vista de cima ou de lado e verifica-se uma certa ambigüidade na perspectiva: por vezes aparecem mais do que um ponto de fuga o que dificulta a leitura do quadro, já que não se percebe o que é mais importante.

Enfim, parece ao observador que o pintor teve a intenção de o impedir de avaliar o que está representado pelos padrões da experiência comum.

Em linhas gerais caracterizou-se pela deliberada sofisticação intelectualista, pela valorização da originalidade e das interpretações individuais, pelo dinamismo e complexidade de suas formas, e pelo artificialismo no tratamento dos seus temas, a fim de se conseguir maior emoção, elegância, poder ou tensão.

Artistas: Parmigianino, Tintoretto, Rosso Fiorentino, Arcimboldo, El Greco, Pontormo entre outros.

Em face a tantas e tão drásticas mudanças, a cultura italiana não obstante conseguiu manter seu prestígio internacional, e o espoliamento de bens que a Itália sofreu pelas grandes potências no fundo serviu também para disseminar sua influência para os mais afastados recantos do continente. Mas a atmosfera cultural reinante já era completamente outra.

A convocação do Concilio de Trento (1545 a 1563) levou ao fim a liberdade nas relações entre Igreja e arte, a teologia assume o controle e impõe restrições às excentricidades maneiristas em busca de uma recuperação do decoro, de uma maior compreensibilidade da arte pelo povo e de uma homogeneização do estilo, e desde então tudo devia ser submetido de antemão ao crivo dos censores, desde o tema, a forma de tratamento e até mesmo a escolha das cores e dos gestos dos personagens.

Veronese é chamado pela Inquisição para justificar a presença de atores e bufões em sua Ceia em casa de Levi, os nus do Juízo Final de Michelangelo têm suas partes pudendas repintadas e cobertas de panos, e Vasari já se sente inseguro de trabalhar sem a presença de um dominicano ao seu lado.

Apesar disso, a arte em si não foi posta em questão, e as novas regras se dirigiam mormente ao campo sacro, deixando o profano relativamente livre.

De fato, antes do que suprimir a arte, a Igreja Católica a usou maciçamente para propagar a fé em sua nova formulação e estimular a piedade nos devotos, e ainda mais como um sinal distintivo em relação aos Protestantes, já que Lutero não via qualquer arte com bons olhos e condenava as representações sagradas como idolatria. Variantes do Luteranismo como o Calvinismo foram ainda mais rigorosas em sua aversão à arte sacra, dando origem a episódios de iconoclastia.

O resultado disso tudo foi um grande conflito espiritual e estético, tão bem expresso pela arte ambivalente, polimorfa e agitada do período: se por um lado a tradição clássica, secular e pagã, não podia ser ignorada e continuava viva, por outro a nova idéia de religião e suas conseqüências para a sociedade como um todo destruiu a autoconfiança e o prestígio dos artistas como criadores independentes e autoconscientes, que foram conquistados a duras penas havia tão pouco tempo, e também revolucionou toda a estrutura antiga de relações entre o artista e os seus patronos e o seu público, sem haver ainda um substituto consolidado, tranqüilo e consensual.

A saída para uns foi se encaminhar para o puro esteticismo, para outros foi a fuga e o abandono da arte, para outros foi a aceitação simples do conflito como não resolvido, deixando-o visível em sua produção, e é nesse conflito entre a consciência individual do artista e as forças externas que demandam atitudes pré-estabelecidas que o Maneirismo aparece como o primeiro estilo de arte moderna e o primeiro a levantar a questão epistemológica na arte. A pressão deve ter sido imensa, pois, como diz novamente Hauser,

“Despedaçados por um lado pela força e por outro pela liberdade, (os artistas) ficaram sem defesa contra o caos que ameaçava destruir toda ordem do mundo intelectual. Neles encontramos, pela primeira vez, o artista moderno, com o seu interior, o seu gosto pela vida e pela fuga, o seu tradicionalismo e a sua rebelião, o seu subjetivismo exibicionista e a reserva com que tenta readquirir o último segredo de sua personalidade. De então em diante, o número de maníacos, excêntricos e psicopatas, entre os artistas, aumenta de dia para dia”.

Murray Edelman complementa a idéia dizendo que

“Os pintores e escritores maneiristas do século XVI eram menos “realistas” do que seus predecessores da Alta Renascença, mas eles reconheceram e ensinaram muito sobre como a vida pode se tornar motivo de perplexidade: através da sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do lúdico, da ironia, da ambiguidade e da atenção a diversas situações sociais e naturais. Suas concepções tanto reforçaram como refletiram a preocupação com a qualidade da vida cotidiana, com o desejo de experimentar e inovar, e com outros impulsos de índole política. (…) É possível que toda arte apresente esta postura, mas o Maneirismo a tornou especialmente visível”..

Estilo maneirista

Maneirismo, estilo artístico que predominou na Itália desde o final do Alto Renascimento na década de 1520 para o início de estilo barroco em torno de 1590.

O estilo maneirista originado em Florença e Roma e se espalhou para o norte da Itália e, em última análise, a maior parte da Europa central e do norte.

O termo foi usado pela primeira vez por volta do final do século 18 pelo arqueólogo italiano Luigi Lanzi para definir artistas do século 16 que eram os seguidores de grandes mestres da Renascença.

Maneirismo – O que é

Maneirismo foi um estilo e um movimento artístico europeu de retoma de certas expressões da cultura medieval que, aproximadamente os anos de entre 1515 e 1610, constituíram manifestação contra os valores clássicos prestigiados pelo humanismo renascentista.

Maneirismo foi o movimento de arte que teve lugar imediatamente após o Renascimento, no século 16.

Caracterizou-se pela concentração na maneira.

estilo levou à procura de efeitos bizarros que já apontam para a arte moderna, como o alongamento das figuras humanas e os pontos de vista inusitados.

As primeiras manifestações anticlássicas dentro do espírito clássico renascentista costumam ser chamadas de maneiristas.

O termo surge da expressão a maneira de, usada para se referir a artistas que faziam questão de imprimir certas marcas individuais em suas obras.

Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.

O certo, porém, é que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que entra em decadência ou transição do Renascimento ao Barroco.

Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento.

Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma de Lutero.

Reinam a desolação e a incerteza

Pintura

Os pintores tinham como objetivo valorizar a arte pela própria arte.

Uma das principais fontes de inspiração do Maneirismo foi o espírito religioso predominante na época.

Utilizando os mesmos elementos do Renascimento, mas com enfoque diferente, os maneiristas criaram uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas.

Havia uma visível tendência à estilização exagerada. Os corpos bem torneados do Renascimento tomaram formas esguias e alongadas, rostos misteriosos e melancólicos surgiram entre as vestes, os protagonistas dos quadros começaram a não aparecer no centro da figura e um número grande de figuras se comprimem em espaços reduzidos. Há então o aparecimento de planos paralelos completamente irreais

Escultura

escultura seguiu a mesma linha da pintura maneirista, muitos detalhes, formas desproporcionais e um distanciamento da realidade.

Com formas de proporções estranhas, respeitando entretanto o equilíbrio e a graciosidade da obra.

Suas esculturas apresentavam figuras enlaçadas numa superposição de planos, dispostas umas sobre as outras, numa composição dinâmica.

Um dos grandes escultores do maneirismo foi Giambologna.

Arquitetura

estilo maneirista teve um espírito totalmente diferente das outras formas de expressão artística e arquitetônica, exibindo labirintos, espirais e proporções estranhas, dando efeitos dramáticos e usando as cores de modo arbitrário. A arquitetura maneirista sobressaiu com as construções de igrejas de plano longitudinal, mais longas do que largas, com cúpulas descentralizadas e preocupada com a decoração e a distribuição da luminosidade no espaço.

Nas igrejas

As naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes
Os coros com escadas em espiral
A decoração de interiores exibindo guirlandas de frutas e flores, balaústres com figuras, muros e altares com caracóis, conchas e espiralados.

Nos ricos palácios e casas de campo:

Uso de formas convexas que permitiam o contraste entre luz e sombra
A decoração de interiores exibindo um estilo refinado e ricamente adornado, com afrescos nas abóbadas.

Maneirismo – Termo

O termo Maneirismo vem sendo empregado pela crítica moderna para designar a produção artística, especialmente a italiana, que tem lugar por volta de 1520 a 1600, isto é, entre o final do chamado Alto Renascimento e o início do barroco.

A recuperação da noção como categoria histórica, referida a um estilo específico – que se observa no período entre-guerras, sobretudo na década de 1920 – não deve obscurecer sua trajetória tortuosa, marcada por imprecisões e por uma série de conotações negativas.

O termo é popularizado por Giorgio Vasari (1511-1574) – ele próprio um artista do período – que fala em maniera como sinônimo de graça, leveza e sofisticação.

Nos escritos posteriores de Giovanni Pietro Bellori (1613-1696) e de Luigi Lanzi (1732-1810), a noção aparece ligada à elegância artificial e à virtuosidade excessiva.

Essa chave crítica de leitura, que irá reverberar em diversos estudos posteriores, associa maneirismo à decadência em relação à perfeição clássica representada pelas obras de Michelangelo Buonarroti (1475-1564) e Rafael (1483-1520).

De acordo com essa linhagem crítica, maneirismo aparece como imitação superficial e distorcida dos grandes mestres do período anterior, como abandono do equilíbrio, da proporção e racionalidade cultivados pelo classicismo. “Vácuo entre dois cumes”, “momento de cansaço e inércia que seguiu fatalmente, quase por reação ao esplêndido apogeu das artes na primeira metade do século XVI”, ou “fase de crise”, a história do maneirismo, indica Giulio Carlo Argan, é inseparável das avaliações negativas que rondam a noção.

Despida dos sentidos pejorativos a ela atribuídos pela crítica até o início do século XX, a arte maneirista passa a ser pensada a partir de então como um desdobramento crítico do Renascimento.

O corte com os modelos clássicos se observa, entre outros, pelo rompimento com a perspectiva e com a proporcionalidade; pelo descarte da regularidade e da harmonia; pela distorção das figuras; pela ênfase na subjetividade e nos efeitos emocionais; pelo deslocamento do tema central da composição. Criada nos ambientes palacianos para um público aristocrático, a arte maneirista cultiva oestilo e a elegância formal, a beleza, a graça e os aspectos ornamentais.

Aspectos maneiristas podem ser encontrados tanto na fase florentina de Michelangelo, quanto no período tardio da produção de Rafael, indicam alguns comentadores, o que leva a pensar essa produção como um desdobramento de certos problemas postos pela arte renascentista.

À primeira geração maneirista ligam-se os nomes de Pontormo (1494-1557) e Fiorentino Rosso (1494-1540), em Florença; o de Domenico Beccafumi (1486-1551) em Siena; e o de Parmigianino (1503-1540), no norte da Itália. Os murais realizados por Pontormo em Certosa di Val d’Ema (1522-1523) são emblemáticos das opções maneiristas.

Neles não se nota nenhum recurso à perspectiva. As figuras, de proporções alongadas e modo anti-natural, encontram-se dissolvidas na composição, cujo movimento é obtido pelos contrastes acentuados. A falta de harmonia vem acompanhada por forte intensidade espiritual e expressão emocional, o que leva Erwin Panofsky (1892-1968) a localizar neles uma influência de certas obras de Albrecht Dürer (1471-1528).

Procedimentos e influências semelhantes podem ser observados em trabalhos de Beccafumi, como Descent of Christ into Limbo (1528).

Uma segunda fase do maneirismo aparece associada a trabalhos de Vasari (Allegory of the Immaculate Conception) – em que se notam influências de Michelangelo – e a obras de Agnolo Bronzino (1503-1572), como Descent into Limbo (1552).

Este trabalho, que comenta o anterior de Beccafumi, conhece nova sistematização: maior firmeza dos contornos e ênfase acentuada nos aspectos plásticos da composição. Longe da harmonia clássica, a segunda fase maneirista, nos termos de Panofsky, expõe tensões – por exemplo, as derivadas do jogo entre realidade e imaginação – que serão exploradas em seguida pelo Barroco.

Fora da Itália, o maneirismo é associado à obra de El Greco (1541-1614), célebre pelas figuras alongadas pintadas com cores frias que, em sua fase italiana, absorve as inspirações visionárias da obra de Jacopo Tintoretto (1519-1594).

Os artistas franceses ligados à Escola de Fontainebleau conhecem o estilo maneirista pelas mãos de Rosso, que trabalha na decoração da Grande Galeria Real do Palácio de Fontainebleau, de 1531 a 1540.

Nos Países Baixos, o maneirismo se desenvolve principalmente por meio das obras de Bartholomaeus Spranger (1546-1611) e Hans von Aachen (1552-1615).

No campo da arquitetura, o maneirismo conhece a adesão de Giulio Romano (ca.1499-1546), autor da decoração do Palazzo del Tè, iniciado em 1526, na corte de Federico Gonzaga, Mântua, e de Andrea Palladio (1508-1580), responsável por diversos projetos, entre os quais, a Igreja de San Giorgio Maggiori, em Veneza, iniciada em 1566, e o Teatro Olímpico em Vicenza, começado em 1580.

A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto (parte transversal da igreja, que se estende para fora da nave, formando com esta uma cruz), deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração.

Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: as formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura.

Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão características do espírito maneirista.

O espaço não é problema para os escultores maneiristas. A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, unidas por contorções extremadas e exagerados alongamentos dos músculos. A composição é definitivamente mais dinâmica que a renascentista, e as proporções da antiguidade já não são a única referência.

O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida base que tem como cenário, isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto. É dessa forma que o grande gênio da escultura, Giambologna, consegue representar, numa só cena, elementos iconográficos tão complicados como a de sua famosa obra “O Rapto das Sabinas”.

É na pintura que o espirito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, cria esse novo estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte. Uma estética inteiramente original, distanciada dos cânones clássicos renascentistas, começa a se insinuar dentro das novas obras pictóricas.

Pode-se tomar como exemplo uma composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente. Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem torneados do renascimento. Os músculos fazem agora contorções absolutamente improprias para os seres humanos.

Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores brilhantes. A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis. Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontra-lo. No entanto, a integração do conjunto é perfeita.

E é assim que, em sua última fase, a pintura maneirista, que começou como a expressão de uma crise artística e religiosa, chega a seu verdadeiro apogeu, pelas mãos dos grandes gênios da pintura veneziana do século XVI. A obra de El Greco merece destaque, já que, partindo de certos princípios maneiristas, ele acaba desenvolvendo um dos caminhos mais pessoais e únicos, que o transformam num curioso precursor da arte moderna.

Maneirismo – Turbulência na arte

Após o aparecimento de Leonardo da Vinci, Rafael e Michelângelo, muitos artistas italianos tentaram buscar uma nova arte, contrária aos princípios da alta renascença.

Trata-se de uma arte mais turbulenta, em que se buscavam idéias novas, invenções que surpreendessem, insólitas, cheia de significados obscuros e referências à alta cultura. Acredita-se que tenha sido influenciada ainda pela contra-reforma católica e pelo clima de inquietação do momento.

Ligação entre a Renascença e o Barroco

estilo artístico que daí decorre recebe o nome de Maneirismo e faz a passagem entre a alta renascença e o barroco, apresentando alguns elementos ora mais próximo de uma escola, ora de outra. Seu período estende-se de mais ou menos 1520 ao fim do século XVI.

O termo Maneirismo, derivando da palavra italiana maneira (estilo), pode nos dar mais informações sobre esse tipo de arte. Utilizada pelo pintor, arquiteto e teórico de estória da arte da época, Vassari, no sentido de graça, sofisticação, estabilidade, elegância. Por extensão a denominação prosseguiu para a arte análoga à realizada pelo artista.

De aceitação difícil

Entretanto esse novo estilo foi visto com desconfiança pelos críticos até o nosso século.

Eles consideravam-na uma arte menor, uma falha de compreensão por parte dos artistas da época sobre a arte dos grandes mestres, imitações sem alma.

O próprio termo Maneirismo, relacionado ao mau gosto e excesso.

Entretanto, mais ou menos no período entre as duas guerras mundiais, os artistas de então passaram a ser melhor compreendidos e admirados pelos críticos.

Artistas que se destacaram

Entre as obras de Giorgio Vassari (1511 – 1574), estão os afrescos do grande salão do Palazzo della Cancelleria, em Roma (mostrando a vida do papa Paulo III).

Entretanto, ele é mais conhecido por seu livro “A Vida dos Artistas” – uma das principais fontes de informações sobre a Itália Renascentista e por seus conceitos e opiniões artísticas que acabaram por pautar, durante longo tempo, o trabalho dos críticos e historiadores de arte que o seguiram.

Dentro do Maneirismo são colocados vários artistas que desenvolveram atividades no período e é grande a diversidade das obras.

Entretanto, podemos destacar, como outros nomes importantes, que ajudaram na ” formação” da escola (que até hoje não se encontra muito clara para os pesquisadores).

Além de Vassari, Rosso Fiorentino (1494 – 1540) e Jacopo Pontormo (1494 – 1557), na pintura e Benvenuto Cellini (1500 – 1571) e Giovanni da Bologna (1529 – 1608), na escultura e Giulio Romano (1492 – 1546), na arquitetura.

PONTORMO (Jacopo CARRUCCI, dito o), pintor italiano (Pontormo, 1494 – Florença, c. 1556). Após inspirar-se com brilho em Miguel Ângelo e Dürer, executou composições cada vez mais desordenadas.
CELLINI (Benvenuto), escultor e ourives italiano (Florença, 1500 – id., 1571). Francisco I o atraiu à sua corte. Suas obras-primas são a estátua de Perseu (Florença, Loggia dei Lanzi), a Ninfa de Fontainebleau (baixo-relevo, Louvre) e o célebre saleiro de Francisco I (Museu de Viena, Áustria). Deixou importantes Memórias.
ROMANO (Giulio PIPPI, dito Júlio), arquiteto e pintor italiano (Roma, 1492 ou 1499 – Mântua, 1546). Aluno de Rafael, construiu e decorou o palácio do Te, em Mântua.

A Escola Veneziana

Mas talvez seja na Escola Veneziana que podemos encontrar o maior mestre do período: o pintor Tintoretto (Jacopo Robustini; 1518 – 1594).

TINTORETO (Jacopo ROBUSTI, dito Il), pintor italiano (Veneza, 1518 – id., 1594). Produziu grande número de obras de temas históricos ou religiosos, notáveis pelo arrebatamento inventivo e vigor do colorido. Suas principais obras estão no Palácio dos Doges e na Scuola di San Rocco, em Veneza.

Enquanto grande parte dos artistas do período contentavam-se em imitar os mestres, ele utilizou-se de maneira extremamente pessoal e crítica o aprendido com suas maiores influências: Michelângelo e Ticiano.

Era conhecido por sua grande imaginação, por sua composição assimétrica e por produzir grandes efeitos dramáticos em suas obras, sacrificando, às vezes, até as bases da pintura desenvolvida por seus antecessores (como, por exemplo “a suave beleza” de Giorgione E Ticiano).

Seu quadro São Jorge e o Dragão, retratando o auge da batalha entre as duas figuras, através de um jogo de luz e tonalidades, produzem grande tensão.

Em alguns países da Europa, (principalmente a França, Espanha e Portugal), o Maneirismo foi o estilo italiano quinhentista que mais se adaptou à própria cultura desses países, encontrando mais seguidores que a própria arte da alta renascença.

Maneirismo – Estilo

Paralelamente ao Renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520 até por volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do modelo da antiguidade clássica: o Maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira).

Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começam a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.

Alguns historiadores o consideram uma transição entre o Renascimento e o Barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilopropriamente dito.

O certo, porém, é que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que entra em decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o Renascimento.

Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói Roma. Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a principal e única medida do universo.

Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outras cidades.

Valendo-se dos mesmos elementos do Renascimento, mas agora com um espírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista.

Mais adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades européias.

Pintura

É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte.

Uma estética inteiramente original, distanciada dos cânones clássicos renascentistas, começa a se insinuar dentro das novas obras pictóricas.

Pode-se tomar como exemplo uma composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente. Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem-torneados do Renascimento. Os músculos fazem agora contorsões absolutamente impróprias para os seres humanos.

Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores brilhantes. A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis.

Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontrá-lo. No entanto, a integração do conjunto é perfeita.

E é assim que, em sua última fase, a pintura maneirista, que começou como a expressão de uma crise artística e religiosa, chega a seu verdadeiro apogeu, pelas mãos dos grandes gênios da pintura veneziana do século XVI. A obra de El Greco merece destaque, já que, partindo de certos princípios maneiristas, ele acaba desenvolvendo um dos caminhos mais pessoais e únicos, que o transformam num curioso precursor da arte moderna.

Escultura

Na escultura, o Maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade.

Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura.

Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do espírito maneirista.

O espaço não é problema para os escultores maneiristas.

A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, unidas por contorsões extremadas (figura serpentinada) e exagerado alongamento dos músculos.

A composição é definitivamente mais dinâmica que a renascentista, e as proporções da antiguidade já não são a única referência.

O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida base que têm como cenário, isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto. É dessa forma que o grande gênio da escultura, Giambologna, consegue representar, numa só cena, lementos iconográficos tão complicados como a de sua famosa obra “O Rapto das Sabinas”.

Arquitetura

arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico.

No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração.

Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em espiral, que na maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara singularidade. Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são a decoração mais característica desse estilo.

Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a vista.

Na arquitetura profana ocorre exatamente o mesmo fenômeno. Nos ricos palácios e casas de campo, as formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem sobre o quadrado disciplinado do renascimento. A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação.

Fonte: br.geocities.com/www.itaucultural.org.br/www.geocities.com

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Um comentário

  1. Vanilda Maria da Silva

    Muito bom artigo. Obrigada.

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