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“Poderosa Teatralidade”. Assim Luiz Arthur Nunes, professor doutorado em teatro, define a obra rodrigueana. Quando fala em Nelson Rodrigues, Luiz Arthur não titubeia em analisar com profundidade a obra do dramaturgo, na qual é especialista. Segundo ele, a peça Vestido de Noiva (1943) foi um divisor de águas do teatro nacional, tanto pelo ponto de vista da dramaturgia quanto pela encenação.
“A importância se dá a partir desse casamento de duas grandes revoluções: uma da autoria de textos teatrias na dramaturgia e outra nas práticas de encenação, que eram extremamente conservadoras no Brasil” , comenta o professor. “A peça trouxe muitas inovações no que toca a uma cena moderna, um palco novo, e o diretor polonês Ziembinski encontrou na obra esse espaço inexplorado”.
Vestido de Noiva, na concepção de Luiz Arthur, transcende a questão da dramaturgia e se estende para todo o teatro. “A partir disso, o teatro brasileiro mudou ‘de cara’. Os ingredientes usados por Nelson na primeira peça, A Mulher sem Pecado, são aproveitados em demasia em Vestido de Noiva. Aquela subjetividade, a interioridade do personagem, passa a constituir 90% do conteúdo da segunda obra”.
A obra em questão, Vestido de Noiva, é a história de um triângulo amoroso. Alaíde, a protagonista, rouba o namorado da irmã, Lúcia, e casa-se com ele. Lúcia, por sua vez, fica com o marido da irmã, e os dois formam um complô, que leva Alaíde à loucura e à morte. A mulher sai enlouquecida pela rua, é atropelada, e vai parar num hospital, agonizando numa mesa de operações. E a peça reconstitui em cena aquilo que se passa nessa mente em desagregação da protagonista.
A peça contém uma forma confusa, extremamente fragmentada, como mesmo um delírio, uma alucinação. O que nós vemos então são os famosos planos: o da alucinação, o da memória e o da realidade, sendo que este último plano é tratado em cerca de 10% a 15% do conteúdo. Os outros dois planos, que abrangem os delírios e pensamentos da personagem, dominam a obra. ” A maneira como Nelson arquitetou o processamento é que expressa a sua genialidade. Essa estrutura prismática, caleidoscópica, vai inspirar uma encenação teatral muito intensa, através do cenário inovador. Daí Nelson ser o maior”- conclui Luiz Arthur
Luiz Arthur Nunes
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