Sonetos de Luís Vaz de Camões
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Quantas vezes do fuso s’esquecia
Daliana, banhando o lindo seio,
tantas vezes de um áspero receio
salteado, Laurénio a cor perdia.
Ela, que a Sílvio mais que a si queria,
para podê lo ver não tinha meio:
ora, como curara o mal alheio
quem o seu mal tão mal curar sabia?
Ele, que viu tão clara esta verdade,
com soluços, dezia (que a espessura
comovia, de mágoa, a piedade):
—Como pode a desordem da Natura
fazer tão diferentes na vontade
a quem fez tão conformes na ventura?
Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br
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