Fábula de Esopo por Olavo Bilac
PUBLICIDADE
Um velho soldado
Um dia por terra
A espada atirou;
Da guerra cansado,
Com nojo da guerra.
As armas quebrou.
Entre elas estava
Trombeta esquecida:
Era ela que no ar
Os toques soltava,
E à luta renhida
Tocava a avançar.
E disse: “Meu dono,
É justo que a espada
Tu quebres assim!
Mas que, no abandono,
Fique eu sossegada!
Não quebres a mim!
Cantei tão somente…
Não sejas ingrato
Comigo também!
Eu sou inocente:
Não piso, não mato,
Não firo a ninguém…
Nas horas da luta
Alegre ficavas,
Ouvindo o meu som.
Atende-me! escuta!
Se então me estimavas,
Agora sê bom!”
E o velho guerreiro
Lhe disse: “Maldita!
Prepara-te! sús!
Teu som zombeteiro
As gentes excita,
À guerra conduz!”
Terrível, irado,
Jogou-a por terra,
Sem dó a quebrou…
E o velho soldado,
Cansado da guerra
Por fim repousou
Redes Sociais