Redondilhas de Luís Vaz de Camões
Cantiga
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a esta cantiga alheia:
Pastora da serra,
da serra da Estrela,
perco-me por ela.
VOLTAS
Nos seus olhos belos
tanto Amor se atreve,
que abrasa entre a neve
quantos ousam vê-los.
Não solta os cabelos
Aurora mais bela:
perco-me por ela.
Não teve esta serra
no meio da altura
mais que a fermosura
que nela se encerra.
Bem céu fica a terra
que tem tal estrela:
perco-me por ela.
Sendo entre pastores
causa de mil males,
não se ouvem nos vales
senão seus louvores.
Eu só por amores
não sei falar nela:
sei morrer por ela.
De alguns que, sentindo,
seu mal vão mostrando,
se ri, não cuidando
que inda paga, rindo.
Eu, triste, encobrindo
só meus males dela,
perco-me por ela.
Se flores deseja
por ventura delas,
das que colhe, belas,
mil morrem de enveja.
Não há quem não veja
todo o milhor nela:
perco-me por ela.
Se na água corrente
seusolhos inclina,
faz luz cristalina
parar a corrente.
Tal se vê, que sente,
por ver-se, água nela:
perco-me por ela.
Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br
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