Na desesperação já repousava (1616)

Sonetos de Luís Vaz de Camões

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Na desesperação já repousava

o peito longamente magoado,

e, com seu dano eterno concertado,

já não temia, já não desejava;

quando üa sombra vã me assegurava

que algum bem me podia estar guardado

em tão fermosa imagem que o treslado

n’alma ficou, que nela se enlevava.

Que crédito que dá tão facilmente

o coração áquilo que deseja,

quando lhe esquece o fero seu destino!

Oh! deixem-me enganar, que eu sou

contente; que, posto que maior meu dano seja,

fica-me a glória já do que imagino

Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br

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