Mata Atlântica

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Mata Atlântica

A Mata Atlântica é um bioma (conjunto de ecossistemas) tipicamente brasileiro.

Acompanhava o litoral do país do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte (regiões meridional e nordeste). Nas regiões Sul e Sudeste chegava até Argentina e Paraguai.

Em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do globo. Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua maioria descontínuos, a biodiversidade de seu ecossistema é uma dos maiores do planeta. Cobria importantes trechos de serras e escarpas do Planalto Brasileiro, e era contínua com a Floresta Amazônica.

Foi a segunda maior floresta tropical em ocorrência e importância na América do Sul, em especial no Brasil.

A Ilha Grande, constitucionalmente, é considerada um patrimônio nacional.

Isso por duas razões: possui uma vegetação constituída pela Mata Atlântica e está localizada na chamada Zona Costeira.

Por essas duas situações geográficas já podemos ter consciência da grande diversidade biológica que existe em seu ecossistema: uma área insular constituída por florestas, costões, praias, rios, lagoas, restingas, manguezais etc., sem mencionar ainda a variedade de sua fauna.

Este pequeno quadro ambiental apresentado da Ilha Grande evidencia a importância que é conservar sua vida natural.

No passado, a Mata Atlântica era um tapete verde que cobria quase toda a faixa litorânea brasileira, começando no Rio Grande do Norte, passando pelos estados do Nordeste – exceto Maranhão, Piauí e Ceará – depois Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, chegando até o Rio Grande do Sul, o que era equivalente a 1,3 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, 15% do território nacional.

Devastada ao longo da história pela exploração do homem, principalmente no Nordeste, ela possui hoje apenas cerca de 7% de sua cobertura original, localizada entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, com áreas contínuas de mata concentradas nas Serras do Mar e da Mantiqueira.

A cobertura vegetal da Mata Atlântica, além de ser grande, é rica. A cada pesquisa, novas espécies são descobertas.

No Espírito Santo, uma palmeira permaneceu sem nome até os anos 90, apesar dos seus dez metros de altura. Na estação biológica de Santa Lúcia, no mesmo estado, estão registradas 104 espécies que eram desconhecidas na região. Cinco delas são novas até para a ciência.

Relevo, solos e clima andam de mãos dadas compondo a diversidade da Mata Atlântica. Pode-se dizer que a Mata Atlântica não tem uma aparência só, ela muda conforme as condições de cada região.

Há ainda uma série de ecossistemas associados a ela:

Mangues: Localizados em baixadas, são sempre inundados pelas marés e têm vegetação pouco diversificada. O mangue é indispensável para a vida marinha, pois é refúgio natural de peixes e crustáceos (camarões, lagostas etc.).
Restingas: Pedaços de terra que partem do litoral e se alongam até o mar. Têm plantas rasteiras de pequenas folhas para suportar o vento constante que vem do mar.
Ilhas costeiras: São aquelas mais próximas da praia. (As ilhas mais afastadas do continente são chamadas de oceânicas). A formação vegetal dessas ilhas costuma imitar a do continente.
Campos de altitude: Localizam-se a 1.400 metros do nível do mar. Apresentam um solo raso e úmido, onde a forte luminosidade se alterna com freqüentes nevoeiros. Todos esses fatores são responsáveis pela vegetação rala e baixa, onde raramente se encontram arbustos.
Comunidades rupestres: Quando o deslizamento do solo arrasta a cobertura vegetal, rochas que até então eram subterrâneas passam a ficar expostas. Os vegetais e animais se adaptam, passando a viver sobre as rochas. Esses animais e plantas são chamados de comunidades rupestres.
Cerradão: Entre a Mata Atlântica propriamente dita e o cerrado, há áreas isoladas, como ilhas, conhecidas como cerradão. A vegetação nesses lugares é espessa e com árvores que podem alcançar até 15 metros de altura.
Agreste: Fica na região Nordeste, entre a Mata Atlântica e a caatinga, e se caracteriza pelo solo pedregoso, coberto por vegetação escassa e de pequeno porte.
Mata de topo de morro: Corresponde a áreas ocupadas por brejos e planícies encontradas nos estados do Ceará e da Bahia. Na parte interior da região Nordeste existem resíduos de florestas úmidas e secas, onde as árvores atingem de 30 a 35 metros de altura.

Fonte: www.tomdamata.org.br

Mata Atlântica

É a maior floresta tropical remanescente do mundo, representando cerca de 40% das florestas tropicais do planeta. Em terrítório brasileiro cobre uma área de 3,7 milhões de Km². É o bioma brasileiro com maior porcentagem de área em Unidades de Conservação (10%). Cerca de 15% da área total foi removida devido a construçã de rodovias que abriram caminho para atividades mineradoras, colonização, avanço da fronteira agrícola e exploração madereira. (I Relatório para a Convenção sobre Diversidade Biológica do Brasil – 1998)

Em território brasileiro, os ecossistemas amazônicos ocupam uma superfície de 368.989.221 ha, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A Amazônia é reconhecida como a maior floresta tropical existente, o equivalente a 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas e o maior banco genético do planeta. Contém 1/5 da disponibilidade mundial de água doce e um patrimônio mineral não mensurado.

A grande diversidade geológica, aliada ao relevo diferenciado, resultou na formação das mais variadas classes de solo, sob a influência das grandes temperaturas e precipitações, características do clima equatorial quente superúmido e úmido. Contudo, a fertilidade natural dos solos é baixa, em contraste com a exuberância das florestas ombrófilas (úmidas) que nelas se desenvolvem.

A floresta Amazônica é um ecossistema auto-sustentável. Ou seja, é um sistema que se mantém com seus próprios nutrientes num ciclo permanente. Os ecossistemas amazônicos são sorvedouros de carbono, contribuindo para o equilíbrio climático global. Existe um delicado equilíbrio nas relações das populações biológicas que são sensíveis a interferências antrópicas.

A floresta, apesar de ser a característica mais marcante da Amazônia, não esconde a grande variedade de ecossistemas, dentre os quais se destacam: matas de terra firme, florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados.

Conseqüentemente, a Amazônia abriga uma infinidade de espécies vegetais e animais: 1,5 milhão de espécies vegetais catalogadas; três mil espécies de peixes; 950 tipos de pássaros; e ainda insetos, répteis, anfíbios e mamíferos…

Descrição

Na Amazônia vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no planeta. Ela é um gigante tropical de 4,1 milhões de km2. Porém, apesar dessa riqueza, o ecossistema local é frágil. A floresta vive do seu próprio material orgânico, em meio a um ambiente úmido, com chuvas abundantes. A menor imprudência pode causar danos irreversíveis ao seu equilíbrio delicado.

A floresta abriga 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical do planeta) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em toda a América Latina. Desta forma, o uso dos recursos florestais pode ser estratégico para o desenvolvimento da região. As estimativas de estoque indicam um valor não inferior a 60 bilhões de metros cúbicos de madeira em tora de valor comercial, o que coloca a região como detentora da maior reserva de madeira tropical do mundo.

A Amazônia é, também, a principal fonte de madeira de florestas nativas do Brasil. O setor florestal contribuiu com 15% a 20% dos Produtos Interno Bruto (PIB) dos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia.

Os insetos estão presentes em todos os estratos da floresta. Os animais rastejadores, os anfíbios e aqueles com capacidade para subir em locais íngremes, como o esquilo, exploram os níveis baixos e médios. Os locais mais altos são explorados por beija-flores, araras, papagaios e periquitos à procura de frutas, brotos e castanhas. Os tucanos, voadores de curta distância, exploram as árvores altas. O nível intermediário é habitado por jacus, gaviões, corujas e centenas de pequenas aves. No extrato terrestre estão os jabutis, cotias, pacas, antas etc. Os mamíferos aproveitam a produtividade sazonal dos alimentos, como os frutos caídos das árvores. Esses animais, por sua vez, servem de alimentos para grandes felinos e cobras de grande porte.

Mais do que uma floresta, a Amazônia é também o mundo das águas onde os cursos d’água se comunicam e sazonalmente sofrem a ação das marés. A bacia amazônica – a maior bacia hidrográfica do mundo com 1.100 afluentes – cobre uma extensão aproximada de 6 milhões de km2. Seu principal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de água.

A Amazônia é, de fato, uma região vasta e rica em recursos naturais: tem grandes estoques de madeira, borracha, castanha, peixe, minérios e outros, com baixa densidade demográfica (2 habitantes por km2) e crescente urbanização. Sua riqueza cultural inclui o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar esses recursos sem esgotá-los nem destruir o habitat natural. No entanto, a região apresenta índices sócioeconomicos muito baixos, enfrenta obstáculos geográficos e de falta de infra-estrutura e de tecnologia que elevam o custo da exploração.

Fonte: www.arvoresbrasil.com.br

Mata Atlântica

Este bioma ocupa uma área de 1.110.182 Km², corresponde 13,04% do território nacional e que é constituída principalmente por mata ao longo da costa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A Mata Atlântica passa pelos territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, e parte do território do estado de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná,  Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. A Mata Atlântica apresenta uma variedade de formações, engloba um diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estrutura e composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáticas da região onde ocorre.

Cerca de 70% da população brasileira vive no território da Mata Atlântica, as nascentes e mananciais abastecem as cidades, esse é um dos fatores que tem contribuído com os problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.

A biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à da Amazônia.

Os animais mais conhecidos da Mata Atlântica são: Mico-Leão-Dourado, onça-pintada, bicho-preguiça e capivara.

História

Logo em seguida ao descobrimento, grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como “Terra Brasilis”, ligando o nome do país à exploração dessa madeira avermelhada como brasa.

Outras madeiras de valor também foram exploradas até a beira da extinção: tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático.

Os relatos antigos falam de uma floresta densa aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas com populações numerosas. A Mata Atlântica fez parte da inspiração utópica para o renascimento do mito do paraíso terrestre, em obras como as de Tommaso Campanella e Bacon.

No nordeste brasileiro a extinção foi quase total, o que agravou as condições de sobrevivência da população, causando fome, miséria e êxodo rural só comparados às regiões mais pobres do mundo.

Nesta região, seguindo a derrubada da mata, vieram as plantações de cana-de-açúcar mais ao sul na região sudeste, foi a cultura do café a principal responsável pela destruição em massa da vegetação nativa, restando uma área muito pequena para a preservação de espécies que estão em risco devido a poluição ambiental ocasionada pela emissão industrial de agentes nocivos à sua sobrevivência como por exemplo no município de Cubatão S.P.; mais ao sul na região sul a exploração predatória da Mata Atlântica devastou o ecossistema da Floresta das Araucárias devido ao valor comercial da madeira pinho extraída da Pinheiro-do-paraná.

Além da exploração predatória dos recursos florestais, houve também um significativo comércio de exportação de couros e peles de onças (que chegou ao preço de um boi), antas, cobras, capivaras, cotias, lontras, jacarés, jaguatiricas, pacas, veados e outros animais, de penas e plumas e carapaças de tartarugas.

Ao longo da história, personagens como José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim Nabuco e Euclides da Cunha protestaram contra esse modelo predatório de exploração.

Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão territorial brasileira está totalmente destruída. Do que restou, acredita-se que 75% está sob risco de extinção total, necessitando de atitudes urgentes de órgãos mundiais de preservação ambiental às espécies que estão sendo eliminadas da natureza de forma acelerada.

Os remanescentes da Mata Atlântica situam-se principalmente nas Serras do Mar e da Mantiqueira, de relevo acidentado, além de pequenos trechos, contudo, consideráveis, no Sul da Bahia, destacando-se a cidade de Ilhéus, citada constantemente nos romances do escritor brasileiro Jorge Amado.

Exemplos claros da destruição da mata são a Ilha Grande, Serra da Bocaina e muitas regiões do estado do Rio de Janeiro.

Entre 1990 e 1995, cerca de 500.317 ha foram desmatados. É a segunda floresta mais ameaçada de extinção do mundo. Este ritmo de desmatamento é 2,5 vezes superior ao encontrado na Amazônia no mesmo período.

Em relação à exuberância do passado, poucas espécies sobreviveram à destruição intensiva. Elas se encontram nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, sendo que existe a ameaça constante da poluição e da especulação imobiliária.

Características

As áreas de domínio (área cuja vegetação clímax era esta formação vegetal) abrangia total ou parcialmente dezessete estados, conforme mostrado na tabela ao lado.

A área original era 1.315.460 km², 15% do território brasileiro. Atualmente o remanescente é 102.012 km², 7,91% da área original.

Mata Atlântica em 1500
Estado Área de
domínio
Alagoas 53%
Bahia 33%
Ceará 3%
Espírito Santo 100%
Goiás 3%
Mato Grosso do Sul 18%
Minas Gerais 46%
Paraíba 12%
Paraná 98%
Pernambuco 18%
Piauí 9%
Rio de Janeiro 100%
Rio Grande do Norte 6%
Rio Grande do Sul 48%
Santa Catarina 100%
São Paulo 68%
Sergipe 54%

Ecossistemas do bioma da Mata Atlântica

Definidas pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 1992:

Floresta Ombrófila Densa
Floresta Ombrófila Aberta
Floresta Ombrófila Mista
Floresta Estacional Decidual
Floresta Estacional Semidecidual
Mangues
Restingas

A proteção do CONAMA se estende não só à mata primária, mas também aos estágios sucessionais em áreas degradadas que se encontram em recuperação. A mata secundária é protegida em seus estágios inicial, médio e avançado de regeneração.

Biodiversidade

Nas regiões onde ainda existe, a Mata Atlântica caracteriza-se pela vegetação exuberante, com acentuado higrofitismo. Entre as espécies mais comuns encontram-se algumas briófitas, cipós, e orquídeas.

A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande variedade de anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são orográficas, em função das elevações do planalto e das serras.

A biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à biodiversidade da Amazônia. Há subdivisões do bioma da Mata Atlântica em diversos ecossistemas devido a variações de latitude e altitude. Há ainda formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interface com estas áreas cria condições particulares de fauna e flora.

A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que se tocam, formando uma camada contínua. Algumas podem chegar a 60 m de altura. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. Dessa forma, há uma estratificação da vegetação, criando diferentes habitats nos quais a diversificada fauna vive. Conforme a abordagem, encontram-se de seis a onze estratos na Mata Atlântica, em camadas sobrepostas.

Da flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são endêmicas ou seja só existem na Mata Atlântica. Das bromélias, 70% são endêmicas dessa formação vegetal, palmeiras, 64%. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam endêmicas da Mata Atlântica.

Observa-se também que 39% dos mamíferos dessa floresta são endêmicos, inclusive mais de 15% dos primatas, como o Mico-leão-dourado. Das aves 160 espécies, e dos anfíbios 183, são endêmicas da Mata Atlântica.

Flora

Se você fizer uma viagem do nordeste ao sul do Brasil, pelo litoral e pelos planaltos interioranos, não irá admirar simplesmente a bela paisagem da Mata Atlântica, mas sim uma série de ecossistemas com características próprias como a Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual, além de ecossistemas associados como os campos de altitude, brejos interioranos, manguezais, restingas e ilhas oceânicas no litoral.

Tal variedade se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. Isso abre caminho para o trânsito de animais, o fluxo gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica, onde os ecossistemas se encontram e se transformam.

É fácil entender, portanto, porque a Mata Atlântica apresenta estruturas e composições florísticas tão diferenciadas. Uma das florestas mais ricas em biodiversidade no Planeta, a Mata Atlântica detém o recorde de plantas lenhosas (angiospermas) por hectare (450 espécies no Sul da Bahia), cerca de 20 mil espécies vegetais, sendo 8 mil delas endêmicas, além de recordes de quantidade de espécies e endemismo em vários outros grupos de plantas.

Para se ter uma ideia do que isso representa, em toda a América do Norte são estimadas 17.000 espécies existentes, na Europa cerca de 12.500 e, na África, entre 40.000 e 45.000.

Mas a Mata Atlântica encontra-se em um estado de intensa fragmentação e destruição, iniciada com a exploração do Pau-Brasil no século XVI.

Até hoje, ao longo do bioma são exploradas inúmeras espécies florestais madeireiras e não madeireiras como o caju, o palmito-juçara, a erva-mate, as plantas medicinais e ornamentais, a piaçava, os cipós, entre outras. Se por um lado essa atividade gera emprego e divisas para a economia, grande parte da exploração da flora atlântica acontece de forma predatória e ilegal, estando muitas vezes associada ao tráfico internacional de espécies.

Contribuem ainda para o alto grau de destruição da Mata Atlântica, hoje reduzida a 8% de sua configuração original, a expansão da indústria, da agricultura, do turismo e da urbanização de modo não sustentável, causando a supressão da biodiversidade em vastas áreas, com a possível perda de espécies conhecidas e ainda não conhecidas pela ciência, influindo na quantidade e qualidade da água de rios e mananciais, diminuindo a fertilidade do solo, bem como afetando características do microclima nesses delicados ecossistemas e contribuindo com o problema do aquecimento global.

Os números impressionantes da destruição do bioma demonstram a deficiência das políticas de conservação ambiental no país e a precariedade do sistema de fiscalização dos órgãos públicos.

A busca de um contexto de desmatamento zero no bioma passa pela adoção de critérios de sustentabilidade em todas as atividades humanas. Isso significa um esforço coletivo da indústria, do comércio, da agricultura e do setor energético na adoção de novos modelos de produção, menos agressivos ao meio ambiente, bem como do poder público, no sentido de garantir a fiscalização ambiental e a elaboração e cumprimento das leis, e finalmente a conscientização dos cidadãos em geral acerca da necessidade de se fazer o reflorestamento utilizando mudas principalmente de espécies endêmicas e nativas que ainda não foram extintas, exigindo padrões de sustentabilidade enquanto consumidores, cobrando os governantes e se mobilizando pela manutenção da floresta de pé e pela recuperação das áreas degradadas. Além disso, a Mata Atlântica oferece outras possibilidades de atividades econômicas, que não implicam na destruição do meio ambiente e em alguns casos podem gerar renda para as comunidades locais e tradicionais. Alguns exemplos são o uso de plantas para se produzir remédios, matérias-primas para a produção de vestimentas, corantes, essências de perfumes; insumos para a indústria alimentícia ou ainda a exploração de árvores por meio do corte seletivo para a produção de móveis certificados, o chamado manejo sustentável, o ecoturismo e mais recentemente o mercado de carbono.

Mico-leão-dourado, onça-pintada, bicho-preguiça, capivara. Estes são alguns dos mais conhecidos animais que vivem na Mata Atlântica. Mas a fauna do bioma onde estão as principais cidades brasileiras é bem mais abrangente do que nossa memória pode conceber. São, por exemplo, 261 espécies conhecidas de mamíferos. Isto significa que, se acrescentássemos à nossa lista inicial o tamanduá-bandeira, o tatu-peludo , a jaguatirica, e o cachorro-do-mato, ainda faltariam 252 mamíferos para completar o total de espécies dessa classe na Mata Atlântica.

O mesmo acontece com os pássaros, répteis, anfíbios e peixes. A garça, o tiê-sangue, o tucano, as araras, os beija-flores e periquitos. A jararaca, o jacaré-do-papo-amarelo, a cobra-coral, o sapo-cururu, a perereca-verde e a rã-de-vidro. Ou peixes conhecidos como o dourado, o pacu e a traíra.

Esses nomes já são um bom começo, mas ainda estão longe de representar as 1020 espécies de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que são conhecidos até hoje no bioma. Sem falar de insetos e demais invertebrados e das espécies que ainda nem foram descobertas pela ciência e que podem estar escondidas bem naquele trecho intacto de floresta que você admira quando vai para o litoral.

Outro número impressionante da fauna da Mata Atlântica se refere ao endemismo, ou seja, as espécies que só existem em ambientes específicos dentro desse bioma. Das 1711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes. Os números impressionantes são um dos indicadores desse bioma como o de maior biodiversidade na face da Terra.

A grande riqueza da biodiversidade na Mata Atlântica também é responsável por surpresas, como as descobertas de novas espécies de animais. Recentemente, foram catalogadas a rã-de-alcatráses e a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes Listrura boticario e o Moenkhausia bonita, e até um novo primata, o mico-leão-de-cara-preta, entre outros habitantes.

Num bioma reduzido a cerca de 8% de sua cobertura original é inevitável que a diversidade faunística esteja pressionada pelas atividades humanas.

A Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Causas para o desaparecimento de espécies e indivíduos são a caça e a pesca predatórias, a introdução de seres exóticos aos ecossistemas da Mata Atlântica, mas principalmente a deterioração ou supressão dos habitats dos animais, causados pela expansão da agricultura e pecuária, bem como pela urbanização e implementação mal planejada de obras de infra-estrutura.

No caso dos anfíbios, por exemplo, seus locais de procriação, como brejos e áreas alagadas, são muitas vezes considerados um empecilho e são eliminadas do meio ambiente através de práticas de drenagem ou então esses locais são até utilizadas para despejo de esgoto. Os anfíbios são animais de extrema importância para o equilíbrio das populações das espécies que se relacionam nas teias alimentares, pois controlam a população de insetos e outros invertebrados e servem de comida para répteis, aves e mamíferos.

A proteção da fauna e da flora está diretamente relacionada à proteção do meio ambiente onde essas espécies convivem, se relacionam e sobrevivem. Em paralelo, outras medidas importantes são a fiscalização da caça, da posse de animais em cativeiro, do comércio ilegal de espécies silvestres; fiscalização efetiva da atividade pesqueira; e realização de programas de educação ambiental junto à população visando a conscientização da população humana, acerca da necessidade de preservar o meio ambiente estabelecendo limites para a ocupação do solo e incrementando a formação de novas áreas de preservação ambiental em todos os municípios situados dentro desse delicado bioma da Mata Atlântica.

No que se refere à legislação, a proteção da fauna está prevista em nível federal na Constituição pela Lei 5.197/67 e também pela Lei de Crimes Ambientais (9.605/98). Iniciativas de caráter global com desdobramentos de ação regional e local, como a Agenda 21, também são um instrumento de apoio para a proteção da fauna. Mas todos esses elementos dependem da vontade política dos governantes, da conscientização, mobilização e participação dos cidadãos e divulgação do conceito de sustentabilidade nas atividades econômicas.

Principais exemplos de fauna: macacos, preguiças, onças, jaguatiricas, papagaios, araras, tucanos, cobras, cachorros-do-mato, porcos-do-mato, lagartos, grande diversidade de pássaros e insetos etc.

Espécies endêmicas ameaçadas de extinção

É possível que muitas espécies tenham sido extintas sem mesmo terem sido catalogadas. Estima-se que 269 espécies de animais, sendo 88 de aves endêmicas da Mata Atlântica, estão ameaçadas de extinção. Segundo o relatório mais recente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, entre essas espécies estão o muriqui, mico-leão-dourado, bugio,entre outros.

Água

As regiões da Mata Atlântica têm alto índice pluviométrico devido às chuvas de encosta causadas pelas montanhas que barram a passagem das nuvens.

É comum pensarmos na complexidade de um bioma por aspectos de sua fauna e flora, mas um elemento fundamental para a existência da biodiversidade é a água. E se a água é essencial para dar vida a um bioma como a Mata Atlântica, suas florestas têm um papel vital para a manutenção dos processos hidrológicos que garantem a qualidade e volume dos cursos d’água. Além disso, as atividades humanas desenvolvidas dentro do bioma também dependem da água para a manutenção da agricultura, da pesca, da indústria, do comércio, do turismo, da geração de energia, das atividades recreativas e de saneamento.

Atualmente, um conceito-chave para se estudar a relação entre a água, a biodiversidade e as atividades humanas é o da bacia hidrográfica, ou seja, o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Na Mata Atlântica estão localizadas sete das nove grandes bacias hidrográficas do Brasil, alimentadas pelos rios São Francisco, Paraíba do Sul, Doce, Ribeira de Iguape e Paraná. As florestas asseguram a quantidade e qualidade da água potável que abastece mais de 110 milhões de brasileiros em aproximadamente 3,4 mil municípios inseridos no bioma.

Mas o fato de 61% da população brasileira estar concentrada em regiões de domínio da Mata Atlântica resulta em grande pressão sobre a biodiversidade e os recursos hídricos do bioma, que já enfrenta em diversas regiões problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.

Em relação à escassez, as causas envolvem o aumento do consumo que acompanha o crescimento populacional, o desmatamento e a poluição, associados ao desenvolvimento desordenado das cidades e a impactos das atividades econômicas, além do desperdício e da falta de políticas públicas que estimulem o uso sustentável, a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos e a educação ambiental.

Quanto ao desperdício, estima-se que no Brasil o índice de perda chegue a 70%, sendo que 78% de toda a água consumida é utilizada no ambiente doméstico.

Associado ao desperdício também está o mau uso dos recursos hídricos, como no caso de técnicas ultrapassadas para irrigação na agricultura e para o uso na indústria e a opção ainda tímida pelo reuso da água.

Finalmente, destaca-se o desmatamento como fator agravante da crise hídrica, já que a supressão da vegetação, principalmente em áreas de mata ciliar, acarreta no assoreamento dos cursos d’água e até desaparecimento de mananciais. Como se não bastasse, a poluição por esgoto, lixo e agrotóxicos afeta a vida dos rios, podendo levá-los à morte e tornando a água imprópria para uso.

Em busca de maneiras de se gerir mais eficientemente a água e promover a preservação ambiental, o conceito das bacias hidrográficas vem sendo trazido, desde a década de 1970, para a esfera governamental e também para estratégias de conscientização, mobilização e participação pública.

A ideia central dessa abordagem é que todo desenvolvimento de regiões urbanizadas e rurais é definido de acordo com a disponibilidade de água doce, em termos de quantidade e qualidade. Também faz parte desse pensamento o entendimento dos recursos hídricos de modo interligado e interdependente, ou seja, uma ação realizada em determinada região de uma bacia pode afetar outra região, como é o caso de lançamento de esgoto em rios, a contaminação por agrotóxicos, obras de infra-estrutura etc.

O processo político decorrente dessa visão sobre a água resultou entre outros desdobramentos na criação da Lei 9.433/97, que estabelece a bacia hidrográfica como unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Faz parte do sistema, uma rede de colegiados deliberativos em nível federal e estadual, que são os chamados Comitês de Bacias Hidrográficas.

Os comitês representam a base da gestão participativa e integrada dos recursos hídricos e são compostos por integrantes do Poder Público, da sociedade civil e de usuários de água. Além disso, os comitês permitem o levantamento mais preciso e a compilação de informações sobre cada bacia, facilitando o planejamento sobre captação, abastecimento, distribuição, despejo e tratamento da água, otimizando obras de infra-estrutura e o uso do dinheiro público. Desse modo, tornam-se um instrumento para a elaboração de políticas públicas integradas para gestão dos recursos hídricos.

Recordes mundiais da Mata Atlântica

454 espécies de árvores por hectare — no Sul da Bahia.
Animais: aproximadamente 1.600.000 espécies, incluindo insetos
Mamíferos, aves, répteis e anfíbios: 1361 espécies, 567 endêmicas
2 % de todas as espécies do planeta somente para estes grupos de vertebrados
3% felinos

Preservação

Atualmente existem menos de 10% da mata nativa. Dos 232.939 fragmentos florestais acima de 3 hectares existentes na Mata Atlântica, apenas 18.397 são maiores que cem hectares ou 1 km².

Existem diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e o não planejamento do espaço, principalmente na região Sudeste. Existem algumas áreas de preservação em alguns trechos em cidades como São Sebastião (litoral norte de São Paulo). A nível nacional, graças aos inúmeros parques e bosques dentro de seu perímetro urbano, Curitiba é a cidade brasileira onde a mata atlântica está melhor preservada.

No Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APA’s (Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as bromélias.

Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de São Paulo mostrou que, neste início de século, a área com vegetação natural em São Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilômetro quadrado) em relação à existente há dez anos. O crescimento, ainda tímido, concentrou-se na faixa de Mata Atlântica, o ecossistema mais extenso do estado.

A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata secundária é regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata primária é proibida.

A Política da Mata Atlântica (Diretrizes para a política de conservação e desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais e a recuperação das áreas degradadas.

Há milhares de ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos espalhados pelo país que se empenham na preservação e revegetação da Mata Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de monitoramento participativo, e desenvolveu com o Instituto Socio-Ambiental um dossiê da Mata, por municípios do domínio original.

Fonte: www.ibflorestas.org.br

Mata Atlântica

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA REGIÃO

A mata atlântica originalmente percorria o litoral brasileiro de ponta a ponta. Estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, e ocupava uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Tratava-se da segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, só comparável à Floresta Amazônica.

O grande destaque da mata original era o pau-brasil, que deu origem ao nome do nosso país. Alguns exemplares eram tão grossos que três homens não conseguiam abraçar seus troncos. O pau-brasil hoje é quase uma relíquia, existindo apenas alguns exemplares no Sul da Bahia.

Atualmente da segunda maior floresta brasileira restam apenas cerca de 5 % de sua extensão original. Em alguns lugares como no Rio Grande do Norte, nem vestígios. Hoje a maioria da área litorânea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam manchas da floresta na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil.

O aparecimento da Serra-do-Mar e da Mantiquiera datam da separação entre o continente Americano e Africano. No pricípio eram altas montanhas e só com os milhões de anos de erosão conseguiram suavisar essas rochas de formação antiga que sustentam o continente sulamericano. Concomitantemente evoluíram as linhagens de plantas que originaram a Mata Atlântica. Nesta época também desenvolveram-se insetos, aves e mamíferos fazendo com que hoje fauna e flora se combinem rica e complexamente.

Área total original: aproximadamente 1,3 milhão de km2.

Área total atual: aproximadamente 52.000 Km2.

CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE EM QUE SE DESENVOLVE A VEGETAÇÃO

A Mata Atlântica compreende a região costeira do Brasil. Seu clima é equatorial ao norte e quente temperado sempre úmida ao sul, tem temperaturas médias elevadas durante o ano todo e não apenas no verão. A alta pluviosidade nessa região deve-se à barreira que a serra constitui para os ventos que sopram do mar.

Seu solo é pobre e a topografia é bastante acidentada. No inteiror da mata, devido a densidade da vegetação, a luz é reduzida.

Há uma importante cadeia de montanhas que acompanham a costa oriental brasileira, desde o nordeste do Rio Grande do Sul até o sul do estado da Bahia. Ao norte as maiores altitudes se encontram mais para o interior do país, mas, nas regiões do norte do estado de Alagoas, todo estado de Pernambuco e da Paraíba, e em pequena parte do Rio Grande do Norte temos altitudes de 500 a 800 metros que estão próximas ao mar. Em São Paulo é conhecida como Serra do Mar e em outros estados tem outros nomes. Sua altitude média fica ao redor dos 900 metros. Em certos trechos é bastante larga, mas em outros é muito estreita.

Afasta-se do mar em alguns pontos, se aproximando dele em outros.

Os ventos úmidos que sopram do mar em direção ao interior do continente ao subirem resfriam-se e perdem a umidade que possuem; o excesso condensa-se e se precipita, principalmente nas partes mais altas da serra, em forma de nevoeiro ou chuvas. Assim esses ambientes contém bastante umidade para sustentar as florestas consteiras, densas, com árvores de 20 a 30 metros de altura.Devido a densidade da vegetação arbórea, o sub-bosque é escuro, mal ventilado e úmido.

Próximo ao solo existe pouca vegetação, devido à escassa quantidade de luz que consegue chegar aí.

As condições físicas na floresta atlântica variam muito, dependendo do local estudado, assim, apesar de a região estar submetida a um clima geral, há microclimas muitos diversos e que variam de cima para baixo nos diversos estratos. Os teores de oxigênio, luz, umidade e temperatura são bem diferentes dependendo da camada considerada.

Em certos pontos da floresta chega ao solo 500 vezes menos luz do que nas copas das árvores altas. A temperatura também varia bastante, as copas das camadas superiores se aquecem durante o dia, porém perdem calor rapidamente a noite. Ao contrário nas camadas inferiores, a tempratura varia muito pouco, já que as folhas funcionam como isolante térmico. Nas camadas mais altas, mais expostas, a ventilação tem valores consideravelmente maiores que nos andares inferiores da mata. Em resumo, os microclimas nos diversos andares de uma floresta pluvial podem ser muito diferentes, embora o clima geral (macroclimas) seja um só. O que interessa, naturalmente, a cada espécie e a cada indivíduo, não é o clima geral da região em que se encontra a floresta, e sim o clima ao qual ele faz parte; o importante é o clima a que ele (indivíduo) ou ela (espécie) estejam sujeitos (microclima).

Os solos da floresta são, via de regra, pobres em minerais e sua natureza é granítica ou gnáissica. A maior parte dos minerais está contida nas plantas em vez de estar no solo. Como há no solo muita serrapilheira que origina abundante húmus, existem microorganimos de vários grupos os quais decompõem a matéria orgânica que se incorpora ao solo. Esses minerais uma vez liberados pela decomposição de folhas e outros detritos, são prontamente reabsorvidos pelo grande número de raízes existentes, retornando ao solo quando as plantas ou suas partes (ramos, folhas, flores, frutos e sementes) caem. Fecha-se, assim, o ciclo planta-solo, que explica a manutenção de florestas exuberantes, em solos nem sempre férteis, às vezes paupérrimos (como é, muitas vezes, o caso de florestas da Amazônia).

No entanto, o desmatamento leva a um rápido empobrecimento dos solos, já que as águas da chuva levam os minerais e os carregam para o lençol subterrâneo (lixiviação). Esses solos por esse motivo normalmente não se prestam à agricultura, a menos que sejam enriquecidos anteriormente. Muito frequentemente são de composição argilosa e após desmatamentos sofrem erosão rápida ou então endurecem, formando crostas espessas de difícil cultivo. É porisso que a queimada de uma floresta tropical empobresse rapidamente o solo já que as águas da chuva carregam os sais minerais ao lençol subterrâneo.

DESCRIÇÃO DOS ASPECTOS FISIONÔMICOS, ESTRUTURAIS E FLORÍSTICOS DA FLORESTA ATLÂNTICA

Esse tipo de formação florestal recebe várias denominações: floresta latifoliada tropical úmida de encosta (segundo a classificação de Andrade-Lima), mata pluvial tropical (segundo Romariz) e mata atlântica (denominação mais geral). É claro que todas estas denominações são corretas. O que interessa é saber interpretá-las.

A expressão de Andrade-Lima é a mais complexa. Está indicando que se trata de floresta sempre verde, cujos componentes em geral possuem folhas largas, que é vegetação de lugares onde há bastante umidade o ano todo, e, finalmente, que é vizinha da costa ou acompanha a costa. Na expressão de Romariz, sabe-se que se trata de floresta cujos os componentes tem folhas largas, é mata dos trópicos úmidos e vive em encostas. Os autores que usam a expressão mata atlântica estão indicando sua vizinhança com o Oceano Atlântico. E desta vizinhança decorre a umidade transportada pelos ventos que sopram do mar. Como consequência dessa umidade surge a possibilidade de terem seus componentes, na maioria, folhas largas.

E, ainda, esta umidade constante, aliadas às altas temperaturas é que garante o caráter de vegetação perenifólia (cujas folhas não caem antes de as novas estarem já desenvolvidas), pois a queda periódica das folhas de certa vegetação é determinada ou pela falta de água (seca física – queda de folha na caatinga) ou pelas temperaturas muito baixas que impedem a absorção da água embora ela esteja presente (.seca fisiológica – queda das folhas nas matas de climas temperados).

Portanto por receber muita energia radiante e pelo alto índice de pluviosidade, trata-se de uma floresta exuberante, de crescimento rápido, e sempre verde, ou seja, as folhas não caem.

Calcula-se que na Mata Atlântica existam 10 mil espécies de plantas que contém uma infinidade de espécies de cores, formas e odores diferentes. Nela se encontra jabuticabas, cambuás, ingás, guabirobas e bacuparis. Plantas como orquídeas, bromélias, samambaias, palmeiras, pau-brasil, jacarandá-da-bahia, cabreúva, ipês, palmito.

Na Mata Atlântica convivem lado a lado desde árvores grandiosas como o jequetibá, figueiras e guapuruvas e até líquens, musgos e minúsculas hepáticas. Existem muitas espécies de árvores com troncos duros e pesados, uma grande quantidade de cipós se apóiam nas árvores. Encontram-se no chão da mata uma grande quantidade de fungos, plantas saprófitas, sementes e plântulas.

A Floresta Atlântica é semelhante fisionomicamente e em composição florística à Floresta Amazônica. São igualmente densas, com árvores altas em setores mais baixos do relevo, apesar de as árvores amazônicas apresentarem em média um maior desenvolvimento. Os troncos são recobertos por uma grande diversidade de epífitas que é um aspecto típico dessas florestas. A existência de grupos semelhantes de espécies entre a Amazônia e a Mata Atlântica sugere que essas florestas se comunicaram em alguma fase de sua história. Certos contrastes diferenciam a Floresta Amazônica da Mata Atlântica; a primeira é em geral de planície e a segunda, de altitude.

Suas temperaturas médias discrepam, do ponto de vista vegetacional.Quanto mais distante a Mata Atlântica estiver do equador, mais ela se difere da vegetação amazônica devido ao abaixamento da temperatura. Na Floresta Amazônica, as temperaturas médias são elevadas todo ano, em torno de 26-27° C, indo a máxima absoluta a 38,8° C e a mínima absoluta a 22° C, o que faz do seu clima uma constante quente durante todo ano. Já na Mata Atlântica, as temperaturas médias variam 14-21° C, chegando a máxima absoluta 35° C para menos, não passando a mínima absoluta de 1° C (embora, no Sul, possa cair até -6° C).

A Floresta Atlântica guarda, apesar de séculos de destruição, a maior biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. Isso é devido a sua distribuição em condições climáticas e em altitudes variáveis, favorecendo a diversificação de espécies que estão adaptadas às diferentes condições topográficas de solo e umidade. Além disso, durante as glaciações essas florestas mudaram de área nos ciclos climáticos secos e úmidos.

O estudo dos grãos de pólen depositados nos sedimentos atestam que a América do Sul passou por mudanças climáticas que provocaram retração e expansão das formações vegetais há milhões de anos. As flutuações climáticas produziram períodos mais secos, com nível do mar abaixo do atual e retração das florestas e expansão dos cerrados. Portanto nos últimos milhares de anos a geologia não mudou, mas o clima variou entre as glaciações, ou seja, as águas quando congelavam nos polos abaixavam os níveis dos oceanos e chovia pouco. Nas interglaciações o tempo esquentava, o mar aumentava de volume e chovia abundantemente. Isso fez com que as florestas tropicais que vivem de umidade e calor passassem por momentos de incubação e outros de exuberante beleza. Nessa época a Serra-do-Mar tinha papel importante na sobrevivência da Mata Atlântica já que barrava a umidade vinda do oceano salvando milhares de espécies dependente dessa umidade. Essas mudanças influenciaram na formação dos padrões atuais.

Agrande quantidade de matéria orgânica em decomposição sobre o solo dá à mata fertilidade suficiente para suprir toda a rica vegetação. Um solo pobre mantém uma floresta riquíssima em espécies, graças à rápida reciclagem da enorme quantidade de matéria orgânica que se acumula ao húmus. A reciclagem dos nutrientes é um dos aspectos mais importantes para a revivência da floresta.

ADAPTAÇÕES VEGETATIVAS E REPRODUTIVAS DAS PLANTAS DIANTE DA DIVERSIDADE DO AMBIENTE EM QUE SE DESENVOLVEM

As árvores do interior da mata são adaptadas à sombra, desenvolveram grande área foliar a fim de captar o máximo de luminosidade possível nessas condições.

Tem espécies que passam toda a vida sombreadas e mesmo assim, são capaxes de produzir flores, frutos e sementes. Muitas árvores são esguias, sem ramos, a não ser na parte superior. É que devido ao sombreamento, os ramos inferiores foram eliminados.

Sobre os troncos das árvores encontram-se dezenas de orquídeas, bromélias, cactáceas, ou seja, epífitas perfeitamente adaptadas a vida longe do solo.Como as epífitas não mantém contato com o solo muitas vezes possuem problemas de nutrição. Nada retiram das árvores apenas buscam uma maior luminosidade e ainda retribuem o abrigo atraindo animais polinizadores, como o beija-flor. Nos troncos onde as águas das chuvas escoam rapidamente, as epífitas tiveram que se adaptar a secas periódicas, mesmo vivendo num ambiente úmido. Bromélias possuem folhas que formam um reservatório de água, na forma de um copo. Nesses reservatórios aquáticos podem viver algas, protozoários, vermes, lesmas e até pererecas constituindo uma pequena comunidade. As orquídeas, cactáceas guardam em suas suculentas flolhas a água que necessitam para a sobrevivência.

Há plantas que começam como epífitas e terminam como plantas terrestres. Suas sementes germinam sobre forquilhas de ramos ou axilas de folhas, onde foram depositadas por pássaros em suas fezes; suas raízes crescem em torno do caule da hospedeira, em direção ao solo, onde penetram e se ramificam; com seu crescimento em espessura acabam concrescendo umas com as outras formando uma coluna vigorosa, capaz de suportar sua copa, quando a hospedeira, com seu caule asfixiado no interior, morre e se desfaz. O exemplo típico é o Ficus, conhecido como mata-pau. Certas espécies nascem no solo, atingem com seu eixo principal ou com alguns ramos um suporte e nele se fixa; se porventura se desfizer a ligação, por qualquer motivo, com o solo, por exemplo por morte de parte do eixo em contato com ele, essas plantas passam a viver epifiticamente.

Na mata existe uma planta que abriga formigas, a embaúba, a única planta que fora da região amazônica se associa com formigas, enquanto lá os exemplos desta associação são numerosos. A formiga protege a planta contra a ação de predadores e essa árvore serve de abrigo às formigas.

No chão da floresta alguns fungos, as micorrizas, formam-se junto às raízes das árvores onde auxiliam na absorção de nutrientes.

Plantas saprófitas evoluídas a ponto de dispensar a clorofila, deixando de fazer a fotossítese, vivem a custa de matéria orgânica em decomposição. São plantas esbranquiçadas que crescem em meio as folhas no chão da floresta.

Nesses matas são comuns as raízes tabulares e as raízes de escoras, que são dispositivos para se coletar oxigênio do ar, uma vez que a taxa de oxigênio do solo é pequena. Além disso solos muito úmidos não proporcionam boa fixação, assim as raízes tabulares aumentam a base de sustentação da planta. Devido a densidade da vegetação ser muito grande, os ramos nas copas das árvores se entrelaçam e as plantas assim se suportam reciprocamente e mesmo que os troncos sejam cortados, a árvore não cai por estar presa à copa.

O chão da floresta é um verdadeiro berçário de plantas recém germinadas ou em vida latente dentro das sementes. Muitas dessas plantas podem passar anos aguardando que uma árvore caia, abrindo uma clareira para que tenham luz suficiente para crescer. Outras suportam até a passagem do fogo das queimadas para depois germinar e auxiliar na cicatrização da floresta. Algumas espécies como os manacás-da-serra e quaresmeiras produzem milhares de minúsculas sementes que o vento carrega e deposita sobre as áreas abertas onde rapidamente crescem fechando as “feridas”.

Na floresta temos plantas que emitem odores atraentes ou até mesmo simulando uma fêmea de algum animal com a função de atrair polinizadores, tais como abelhas,vespas, moscas, besouros, borboletas, mariposas, aves ou até morcegos.

Durante o inverno, ipês e suinãs exibem suas flores nos altos das copas ao mesmo tempo em que derrubam todas as folhas, tornando as flores visíveis a seus polinizadores a longa distância. Algumas espécies produzem suas flores junto aos troncos onde abelhas e outros polinizadores no interior da mata podem encontrá-las com mais facilidade.

Há plantas que abrem ao entardecer no mesmo período de atividade de seus polinizadores, tais como pequenos morcegos.

Na dispersão das sementes tem plantas que produzem frutos ou sementes com asas ou longos pelos, valendo-se dos ventos para distribuí-las. Ourtas produzem frutos explosivos, que ao secarem lançam suas sementes à longas distâncias. Diversas plantas produzem frutos suculentos e coloridos que se prestam à alimentação de vários animais. Depois da digestão, estes seres defecam as sementes prontas para germinar.

As folhas são muitas vezes brilhantes, recorbertas por cera, tendo superfícies lisas e pontas em forma de goteira. Todas essas características facilitam o escoamento da água das chuvas impedindo sua permanência prolongada, o que seria inconveniente sobre a superfície foliar porque pode obstruir estômatos, além de servir para, em suas gotas, se desenvolverem microorganismos que podem determinar doenças.

Outros mecanismos são conhecidos tais como: caules e folhas pendentes, folhas de limbo em pedúnculos delgados e longos, que se curvam ao peso da água fazendo com que a ponta do limbo se incline para baixo, o que determina o escoar da água por ação da gravidade e com isso o peso do limbo diminui e volta à posição anterior.

A SITUAÇÃO ATUAL DESSA FORMAÇÃO VEGETAL NO BRASIL DO PONTO DE VISTA DA PRESERVAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS E ANIMAIS

Um dos motivos para preservar o que restou da Mata Atlântica é a rica biodiversidade, ou seja, a grande variedade de animais e plantas. Calcula-se que nela existam dez mil espécies de plantas, sendo 76 palmeiras, 131 espécies de mamíferos, 214 espécies de aves, 23 de marsupiais, 57 de roedores, 183 de anfíbios, 143 de répteis e 21 de primatas. Dentre estes animais estão vários morcegos destacando-se uma espécie branca. Dos símios destacam-se o muriqui, que é a maior e mais corpulenta forma de macaco tropical, e o sauí-preto que é o mais raro dos símios brasileiros. Habitam também a mata diferentes sagüis, os sauás, os macacos-prego e o guariba que está se extinguindo. Dos canídios, o cachorro-do-mato é um dos predadores mais comum juntamente com o guaxinim, o coati, o jupurá, os furões, a irara, o cangambá, e felinos, como gatos-do mato que se alimentam de animais como o tapiti, diferentes ratos-do-mato, caxinguelês, cotias, outiço-cacheiro, o raro ouriço-preto, etc.

Ocorrem também na mata tamanduás-mirins, preguiças, e tatus, com destaque a preguiça-de-coleira que hoje em dia está tão escassa e já ameaçada de desaparecimento.

Entre 1985 e 1990 foram cortadas na Mata Atlântica 1.200.000.000 árvores. Apesar disso, a Mata Atlântica conserva sua importância em termos biológicos. O recorde mundial de diversidade de árvores pertence a uma área no sul da Bahia onde os botânicos registraram 450 tipos de árvores num único hectare, sendo que a maior parte deste imenso patrimônio era desconhecido. Ainda se tiram centenas de ervas medicinais e aromáticas para serem comercializadas tanto dentro do Brasil como com outros países.

O mico-leão dourado é uma das espécies mais ameaçadas do mundo. Ele só é encontrado em uma pequena área de Mata Atlântica no Rio de Janeiro. Para evitar sua extinsão, é preciso garantir habitat suficiente para abrigar uma população de 2000 animais até o ano 2025.

Devido a grande devastação dessa mata quase 200 espécies estão ameaçadas de extinção fora aquelas que já se extinguiram, metade das espécies vivas hoje poderá estar extinta até o final do próximo século.

Hoje a maioria da área litorânea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam manchas da floresta na Serra do Mar. Aí ainda é possível ver o jequitibá-rosa, o gigante da floresta, as flores roxas das quaresmeiras e até alguns sobreviventes do pau-brasil. Embaixo das árvores, há pequenas árvores, arbustos e palmeiras, cobertos de bromélias e orquídeas. Encontramos morcegos, marsupiais, como o gambá e a cuíca; vários tipos de macacos; répteis como os lagartos, jabutis, cágados e cobras; as lindas borboletas que ainda não foram transformadas em quadros para turistas, e uma rica variedade de aves.

PREJUÍZOS E BENEFÍCIOS DECORRENTES DA DESTRUIÇÃO OU PRESERVAÇÃO DESSA FORMAÇÃO VEGETAL NO BRASIL SOB O PONTO DE VISTA ECOLÓGICO E EVOLUTIVO

Atualmente, da segunda grande floresta brasileira restam apenas cerca de 5 % de sua extensão original. Em alguns lugares, como no Rio Grande do Norte, nem vestígios e o resultado é o agravamento da seca no nordeste. Sem a floresta, a umidade é insuficente para provocar as chuvas. E os ventos que sopram do mar, não encontrando a barreira da floresta, levam o sal natural para a região do agreste, prejudicando sua vegetação. Mas, os ventos deslocam as dunas, que assoreiam as lagoas existentes no litoral. Os grandes rios que cortam a área original da Mata Atlântica, o Paraíba, o São Francisco, Jequitinhonha, Doce e Paraíba do Sul, antigamente tinham águas cristalinas ou tingidas de preto pelas folhas em decomposição da floresta. Hoje suas águas são barrentas por causa dos sedimentos arrastados pela erosão do solo desprotejido de vegetação, ou tão poluídas que são um perigo para a saúde.

A Mata Atlântica é considerada atualmente um dos mais importantes conjuntos de ecossistemas do planeta, e um dos mais ameaçados. As pouquíssimas ilhas de floresta que restam não podem desaparecer.

A destruição da biodiversidade e o desmatamento elimina de uma só vez grande contingente de espécies muitas vezes desconhecidas. Além disso homogeiniza o ecossistema quando se implanta a monocultura.

A destruição do solo e a retirada da floresta rompe com o sistema natural de ciclagem de nutriente. A remoção da cobertura vegetal fará com que a superfície do solo seja mais aquecida. Esse aquecimento aumentará as oxidações da matéria orgânica que se transformará rapidamente em materiais inorgânicos, solúveis ou facilmente solubilizados. O solos deixam também de ser protegidos da erosão pelas chuvas. Estudos da Embrapa constatam que, dos 3,5 milhões de hectares de pastagens que substituiram a floresta, 500 mil se degradaram num intervalo de tempo de 12 anos, além das queimadas e carvoeiros instalados.

Aspecto da floresta após ação antrópica

No que tange as mudanças climáticas as florestas são responsáveis por 56 % da umidade local. Sua destruição elimina essa fonte injetora de vapor de água na atmosfera, responsável pelas condições climáticas regionais. Ao mesmo tempo diminui o poder de captura do CO2 atmosférico.

As monoculturas implantadas em área de mata são mais sensíveis a pragas e doenças. O ecossistema sob estresse tem tolerância menor ao ataque de parasitas e doenças; consequentemente tem sido introduzidos nessas áreas grande quantidade de inseticidas e agrotóxicos para atacar as pragas, o que destrói ainda mais a diversidade de espécies e contamina os ecossistemas aquáticos.

ESSA HISTÓRIA PODE TER UM FINAL FELIZ

Quando os portugueses aqui chegaram, a Mata Atlântica era uma exuberante barreira que se erguia por todo o litoral brasileiro com 1.000.000 Km² de extensão, chegando a invadir o interior do território (ex.: na região sudeste ela se alargava chegando a ocupar 100 Km para o interior). Hoje, resume-se a apenas 7% da mata original, sendo que, menos de 2% estão protegidos em unidades de conservação oficiais. Nada menos que 11% da Mata Atlântica foi destruída nos últimos dez anos.

Por que nossa Mata Atlântica foi e, continua sendo, destruída?

Pode-se resumir essa resposta em apenas duas palavras: exploração econômica.

Voltaremos um pouco no tempo, para podermos entender o presente. A colonização empreendida pelos portugueses no Brasil é o que os historiadores chamam de colonização de exploração, explorar os recursos naturais e mão-de-obra da colônia para enriquecimento da metrópole (no Brasil, além da exploração da mão de obra dos índios – em escala reduzida – foi “importada” a mão-de-obra estrangeira, os negros africanos). O primeiro alvo foi a Mata Atlântica, tanto pela madeira e pelo corante extraído da casca do pau-brasil como pelo empecilho que ela oferecia ao desbravamento do interior do território.

Nos dias de hoje, de maneira geral, o desmatamento ocorre devido a especulação imobiliária, expansão da agricultura e utilização para pastagens. Além da perda de grande área de mata, a área destinada a pastagem é praticamente perdida, pois sua produtividade é baixíssima, principalmente, pelo relevo acidentado não ser adequado a esse tipo de atividade.

Nos tempos de Cabral não existia fiscalização, nem tampouco, área de proteção ambiental. Os donos da terra, os índios, não tinham direitos, pois não eram considerados cidadãos brasileiros. Assim sendo, não tinham como reclamar ou exigir respeito ao ambiente.

Ao contrário de nossos antepassados, nós temos voz ativa na sociedade e meios para exigir de nossos governantes mais respeito ao ambiente e cumprimento da legislação vigente. Existem áreas sendo devastadas em torno de zonas urbanas, onde o meio de acionar a fiscalização é mais fácil, mas essa facilidade não está sendo aproveitada. É necessário que a sociedade conheça as leis de preservação do ambiente e exija que estas sejam cumpridas. Nossos deputados estão analisando um projeto de lei específico para a Mata Atlântica desde 1992, nesse tempo em que esta tramita pelo Congresso, perdemos 600.000 hectares de florestas.

Na região metropolitana de São Paulo, bairros são submetidos a rodízio de água durante todo o ano, mesmo estando em uma área de grandes recursos hídricos. Somente na bacia de Guarapiranga, foram eliminados 15% da mata protetora de nascentes, córregos e rios.

A importância da preservação da Mata Atlântica não é somente por sua beleza, mas também para evitar que se afete a vida de grande parte da população brasileira, que vive na área original desse ecossistema. Além de regular o fluxo dos recursos hídricos, ela é essencial para o controle do clima e a estabilidade de escarpas e encostas. É também a conservação da maior biodiversidade de árvores do planeta; 39% dos mamíferos que vivem na Mata Atlântica são nativos (vale para borboletas, répteis, anfíbios e aves) e mais de 15 espécies de primatas. A destruição desse ecossistema leva espécies de animais brasileiros à ameaça de extinção, por exemplo, das 202 espécies ameaçadas no Brasil, 171 são originários da Mata Atlântica.

Além da perda dos recursos naturais, também estamos destruindo um patrimônio cultural, histórico, arqueológico e arquitetônico, construídos ao longo de séculos pelas comunidades tradicionais que vivem na mata (como os indígenas, os caiçaras, os quilombos e os caboclos), que correm risco de desaparecer, por descaracterização ou expulsão de seu ambiente.

A preservação de nosso ambiente não depende somente das leis que tramitam no Congresso, mas, essencialmente, dos cidadãos brasileiros no pleno exercício de sua cidadania. Para que esse exercício seja eficaz, a educação ambiental torna-se fundamental, levando o indivíduo à conscientização da importância da conservação desse ambiente, para a visão crítica frente às suas próprias atitudes e, finalmente, seu dever e direito de cidadão quanto a fiscalização no cumprimento das leis existentes e regulamentação de outras.

Mauro Sérgio Martins

Alessandra Luzia da Róz

Gilmara de Oliveira Machado

Referências Bibliográficas

FERRI, Mário Guimarães Ecologia: temas e problemas brasileiros Editora Itatiaia São Paulo,Vol 3 , 1974.
RIZZINI, Carlos Toledo, Ecossistemas Brasileiros

Fonte: educar.sc.usp.br

Mata Atlântica

Localização

A Floresta Atlântica, com cerca de 1,5 milhão de km², estende-se praticamente por todo o litoral brasileiro, atingindo 13 estados. Corresponde a um dos ecossistemas mais ameaçados no mundo.

Ocorre nas encostas do Planalto Atlântico e nas baixadas litorâneas contíguas. Muito rica em espécies, abrigando uma fauna diversificada, recobria de modo quase contínuo uma faixa paralela ao litoral, desde Santa Catarina até o Rio Grande do Norte.

A Floresta Atlântica desenvolve-se pelo litoral das regiões do Nordeste, Sudeste e Sul do País, avançando para o interior em extensões variadas. Sua diversidade resulta das condições climáticas, de altitude e de latitude, que se apresentam ao longo de uma faixa florestal originalmente contínua.

Caracterização

A Floresta Atlântica é uma floresta tropical plena, associada aos ecossistemas costeiros de mangues nas enseadas, foz de grandes rios, baías e lagunas de influência de marés, matas de restinga nas baixadas arenosas do litoral, às florestas de pinheirais no planalto, do Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, e ainda aos campos de altitude nos cumes das Serras da Bocaina, da Mantiqueira e do Caparaó.

A maior parte das espécies da fauna e da flora brasileira, em vias de extinção, são endêmicas à Floresta Atlântica.

No sentido amplo do termo, a Floresta Atlântica engloba um diversificado mosaico de ecossistemas florestais com estruturas e composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando a diversidade dos solos, relevos e características climáticas da vasta região onde ocorre, tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano.

No reverso das escarpas, em suas porções voltadas para o interior, caracteriza-se como uma mata de planalto, resultante da existência de um clima úmido mas com estacionalidade bem marcada.

Assim, na Reserva da Biosfera da Floresta Atlântica, além de algumas paisagens em graus diversificados de antropização, englobam-se variados hábitats: Floresta Perenifólia Higrófila Costeira (Torres) ou Floresta Ombrófila Densa (Serra Gaúcha).

Caracterizadas por sua fisionomia alta e densa, são conseqüências da variedade de espécies pertencentes a várias formas biológicas e estratos. Nessa floresta, a vegetação dos níveis inferiores vive em um ambiente bastante sombrio e úmido, sempre dependente do estrato superior.

O grande número de lianas, epífitas, fetos arborescentes e palmeiras dá a esta floresta um caráter tipicamente tropical. Segundo a Legislação Ambiental que definiu os limites da Floresta Atlântica no RS, ela começa pelo Rio Mampituba em Torres, indo até Osório, onde sobe a Serra Geral, incluindo toda a Serra Gaúcha e aí, novamente, desce o Itaimbezinho até as nascentes do Rio Mampituba. Ou seja, todo o Litoral Norte e Serra Gaúcha estão dentro da chamada Floresta Atlântica.

Os ambientes do Litoral Norte são muito sensíveis porque ainda estão em formação. A natureza ainda não terminou de fazê-los.Dunas, restingas, banhados, lagoas, campos e matas formam corredores de vida silvestre, com papel definido na harmonia da região. Exemplos são a gralha azul, que planta o pinhão na Serra, e os pássaros que comem as sementes da figueira e semeiam, com sua defecação, futuras mudas de figueira em todo o Litoral Norte.

Atualmente cerca de 80 milhões de pessoas, mais de 50% da população brasileira, vive nessa área que, além de abrigar a maioria das cidades e regiões metropolitanas do País, sedia também os grandes pólos industriais, químicos, petroleiros e portuários do Brasil, respondendo por 80% do PIB nacional.

Apesar de sua história de devastação, a Floresta Atlântica ainda possui remanescentes florestais de extrema beleza e importância que contribuem para que o Brasil seja considerado o país de maior diversidade biológica do planeta.

Em relação à ocupação e utilização da Floresta Atlântica, a floresta nativa deu lugar às culturas de cana-de-açúcar, cacau e café, além da pecuária, da floresta cultivada e dos pólos de desenvolvimento urbano. A devastação das matas teve início ainda no séc. XVI, com o ciclo do pau-brasil, progredindo até os dias atuais quando restam cerca de 5% da cobertura florestal original (quase que exclusivamente nas vertentes da Serra do Mar).

Em fevereiro de 1993, um novo decreto regulamentou a exploração da Floresta Atlântica. O decreto aumentou a área de dimensão da Floresta Atlântica a ser preservada, antes restrita à faixa litorânea. Ao contrário da legislação anterior, que praticamente proibia qualquer forma de utilização econômica da região, considerando a área intocável, o texto atual permite que as comunidades locais mantenham a exploração tradicional de algumas culturas por uma economia de subsistência. Além disso, prevê que os estados, municípios e Organizações Não-Governamentais (ONG’s) também participem da fiscalização do ecossistema.

Estudos revelam que em cinco anos o Brasil perdeu 533 mil hectares de Floresta Atlântica com derrubada de 1,07 bilhão de árvores. Calcula-se também que de 1990 até 1993 mais de 316.888 hectares de florestas foram derrubadas.

As principais causas do desmatamento são a proliferação das pastagens, o plantio de eucaliptos e a implantação de monoculturas comerciais como a soja e a cana. Essa diversidade, ao mesmo tempo em que representa uma excepcional riqueza de patrimônio genético e paisagístico, torna a mata externamente frágil.

O resultado atual da destruição de quase 5 séculos de colonização, da expansão agrícola e da urbana florestas úmidas adentro, passou por vários ciclos, que marcaram o desenvolvimento do País, como o da cana-de-açúcar, do ouro, do café e, na atualidade, da expansão da agricultura e da industrialização.

O ambiente é superúmido, devido às grandes quantidades de árvores, que tornam a floresta mais fechada. O clima é tropical, com influência oceânica, com precipitação anual que varia de 1.000 a 1.750 mm. Não bastasse o fato de ser uma floresta tropical, com vários ecossistemas associados, a Floresta Atlântica teve sua diversidade biológica ainda mais ampliada pela intensidade das transformações que sofreu ao longo dos últimos anos.

Especialmente durante o período quaternário, marcado por fortes mudanças climáticas, a Floresta Atlântica viveu momentos de forte retração durante as glaciações, resistindo, fragmentada, apenas em alguns locais conhecidos como “refúgios do pleistoceno”, quando as condições climáticas eram mais amenas.

O relevo é constituído por colinas e planícies costeiras, acompanhadas por uma cadeia de montanhas. Os solos são de fertilidade média, porém, a área com relevo acidentado constitui limitação forte para uso intensivo das terras com cultivos anuais. Mas no interior da floresta o solo é pobre, que se mantémpela decomposição acelerada de matéria orgânica proveniente dos restos vegetais que caem no chão.

Flora

Segundo os botânicos, a Floresta Atlântica é a mais diversificada do planeta, com mais de 25 mil espécies de plantas. O elevado índice de chuvas ao longo do ano permite a existência de uma vegetação rica, densa, com árvores que chegam a 30 metros de altura.

Destacam-se o pau-brasil, o jequitibá, as quaresmeiras, o jacarandá, o jambo e o jabolão, o xaxim, o palmito, a paineira, a figueira, a caviúna, o angico, a maçaranduba, o ipê-rosa, o jatobá, a imbaúba, o murici, a canela-amarela, o pinheiro-do-paraná, e outras. Em um curto espaço, pode-se encontrar mais de 50 espécies vegetais diferentes.

O sub-bosque, composto por árvores menores, abriga numerosas epífitas, gravatás, bromélias, orquídeas, musgos e líquens, samambaias, begônias e lírios de várias espécies. Na Floresta Atlântica, o índice de endemismo entre as palmeiras, bromélias e algumas epífitas chega a mais de 70%.

Fauna

A Floresta Atlântica possui uma grande biodiversidade de animais, além de muitos que já estão ameaçados de extinção, como: a onça-pintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, o macaco-prego, o guariba, o mico-leão-dourado, vários sagüis, a preguiça-de-coleira, o caxinguelê, o tamanduá. São cerca de 250 espécies de mamíferos (55 endêmicas), 340 de anfíbios (87 endêmicas), além de, aproximadamente, 350 espécies de peixes (133 endêmicas). Em conjunto os mamíferos , aves, répteis e anfíbios que ocorrem na Floresta Atlântica somam 1.810 espécies, sendo 389 endêmicas. Este bioma abriga, aproximadamente, 7% de todas as espécies do planeta.

Entre as aves destacam-se o jacu, o macuco, a jacutinga, o tiê-sangue, a araponga, o sanhaço, numerosos beija-flores, tucanos, saíras e gaturamos.

Entre os principais répteis desse ecossistema estão o teiú, um lagarto de mais de 1,5 metros de comprimento, jibóias, jararacas e corais verdadeiras.

Numerosas espécies da flora e da fauna são únicas e características: a maioria das aves, répteis, anfíbios e borboletas são endêmicas, ou seja, são encontradas apenas nesse ecossistema.

Entre os mamíferos, 39% também são endêmicos, o mesmo ocorrendo com a maioria das borboletas, dos répteis, dos anfíbios e das aves nativas. Nela sobrevivem mais de 20 espécies de primatas, a maior parte delas endêmicas. Hoje, 171 das 202 espécies de animais brasileiros considerados ameaçados de extinção são originários da Floresta Atlântica.

Infelizmente, nesse cenário de grande riqueza e endemismo de espécies observa-se também um elevado número de espécies em extinção. Em alguns grupos, como o das aves, 10% das espécies encontradas no bioma se enquadram em alguma categoria de ameaça. No caso dos mamíferos, o número de espécies ameaçadas de extinção atinge aproximadamente 14%.

As principais áreas preservadas se encontram em parques nacionais, como o de Superagüi (PR), de Itatiaia (MG, RJ), da Serra da Bocaina (SP, RJ), do Monte Pascoal e da Chapada Diamantina (ambos na BA) e do Iguaçu (PR); em parques estaduais como os da Ilha do Cardoso, da Ilha de São Sebastião, da Ilha Anchieta e da Serra do Mar, do Vale do Ribeira, da Serra do Japi (todos em SP), do Desengano (RJ) e nas estações ecológicas de Tapacurá (PE), Caratinga (MG), Poço das Antas (RJ) e Juréia (SP).

Fonte: www.ambientebrasil.com.br

Mata Atlântica

Água na Mata Atlântica

Em 1500 a riqueza de água da Mata Atlântica foi objeto de observação.

Pero Vaz de Caminha, em sua carta ao Rei D. Manuel, escrevia: “A terra em si é de mui bons ares…As águas são muitas, infindas; em tal maneira é graciosa,que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem”.

Atualmente, mais de 100 milhões de brasileiros se beneficiam da água que nasce na Mata Atlântica e que forma diversos rios que abastecem as cidades e metrópoles brasileiras. Além disso, existem milhares nascentes e de pequenos cursos d’água que afloram no interior de seus remanescentes.

Um estudo do WWF (2003) constatou que mais de 30% das 105 maiores cidades do mundo dependem de unidades de conservação para seu abastecimento de água.

Seis capitais brasileiras foram analisadas no estudo, sendo cinco na Mata Atlântica: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza. A tendência mundial se confirmou no Brasil, com exceção de Fortaleza, todas as cidades brasileiras pesquisadas dependem em maior ou menor grau de áreas protegidas para o abastecimento.

A Mata Atlântica abriga uma intrincada rede de bacias hidrográficas formadas por rios grandes como o Paraná, o Tietê, o São Francisco, o Doce, o Paraíba do Sul, o Paranapanema e o Ribeira de Iguape. Esta rede toda é importantíssima, não só para o abastecimento humano mas, também para o desenvolvimento de atividades econômicas como a agricultura, a pecuária, a indústria e todo o processo de urbanização do país.

Infelizmente se Pero Vaz de Caminha voltasse hoje ao Brasil, diria que a quantidade de floresta que ele viu já não existe mais e conseqüentemente sem a floresta as águas deixaram de ser infindas.

Segundo pesquisas realizadas pelo Laboratório de Hidrologia Florestal Walter Emerich, do Instituto Florestal de São Paulo, existe uma relação muito íntima entre a quantidade de água na Mata Atlântica e o estado de conservação da floresta.

Essas pesquisas produziram um dado inédito sobre o regime hídrico na região de Cunha(SP): “de toda a chuva que cai na Mata Atlântica, nesse sítio, ao longo de um ano, 70% abastecem as águas dos rios de forma continuada e permanente. Isso significa uma alta produção de água pura. Maior que o aproveitamento da água indicada em estudos realizados na floresta Amazônica, por exemplo, que chega a apenas 50%” (ROCHA e COSTA, 1998).

A floresta auxilia no se chama de regime hídrico permanente.

Com seus vários componentes: folhas, galhos, troncos, raízes e solo, age como uma poderosa esponja que retém a água da chuva e a libera ao poucos ajudando a filtrá-la e a infiltrá-la no subsolo alimentando o lençol freático. Com o desmatamento surgem então problemas como a escassez, já enfrentada em muitas das cidades situadas no domínio da Mata Atlântica.

Este também é o principal motivo da necessidade de se preservar e recuperar a Mata Ciliar que é o conjunto de árvores, arbustos, capins, cipós e flores que crescem nas margens dos rios, lagos e nascentes. As áreas nas margens de rios, lagos e nascentes onde ocorrem as matas ciliares são consideradas áreas de preservação permanente pelo Código Florestal Brasileiro.

O nome mata ciliar vem de cílios. Assim como os cílios protegem os olhos, a mata ciliar protege os rios, lagos e nascentes, cobrindo e protegendo o solo, deixando-o fofo, e permitindo que funcione como uma de esponja que absorve a água das chuvas. Com isso, além de regular o ciclo da água, evita as enxurradas. Com suas raízes a mata ciliar evita também a erosão e retém partículas de solo e materiais diversos, que com a chuva iriam acabar assoreando o leito dos rios.

Este conjunto de árvores, com sua sombra e frutos, é muito importante também para a proteção e preservação da biodiversidade da flora e fauna e para o equilíbrio do ecossistema como um todo.

Em toda a Mata Atlântica, muitas matas ciliares ao longo de rios, lagos e nascentes, foram desmatadas e indevidamente utilizadas no passado. As conseqüências desta destruição são sentidas diariamente com o agravamento das secas e também das enchentes, o que torna necessária uma urgente ação de recuperação.

As recomendações urgentes, apontadas pelo estudo do WWF, principalmente para as cidades da Mata Atlântica, são a criação de áreas protegidas em torno de reservatórios e mananciais e o manejo de mananciais que estão fora das áreas protegidas. Embora a legislação restrinja a ocupação ao redor de áreas de mananciais, em São Paulo, por exemplo, há milhares de pessoas habitando a beira de reservatórios como as represas Billings e Guarapiranga. Com a degradação dessas áreas, as companhias de abastecimento são obrigadas a buscar água mais longe, a um custo maior.

O estudo do WWF aponta também dados econômicos para justificar a adoção dessas recomendações, enfatizando que é muito mais barato conservar as florestas nas áreas de mananciais do que construir centros de tratamento mais complexos para purificar a água poluída.

A cidade Nova York é citada como exemplo: “há décadas a administração da cidade optou por purificar a água potável filtrando-a naturalmente pelas florestas, a um custo inicial de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão no período de dez anos. É sete vezes mais barato do que os US$ 6 a 8 bilhões que seriam gastos na forma tradicional de tratar e distribuir água potável, mais US$ 300 a 500 milhões anuais em custos operacionais”.

ÁREAS PROTEGIDAS DA MATA ATLÂNTICA

Áreas protegidas são áreas criadas para garantir a sobrevivência de todas as espécies de animais e plantas, a chamada biodiversidade, e também para proteger locais de grande beleza cênica, como montanhas, serras, cachoeiras, canyons, rios ou lagos. Além de permitir a sobrevivência dos animais e plantas, as áreas protegidas contribuem para regular o clima, abastecer os mananciais de água e proporcionar qualidade de vida às populações humanas.

No Brasil existem dois tipos de áreas protegidas: as públicas e as privadas ou particulares.

Existem áreas protegidas particulares em razão de que não é possível criar reservas públicas em todos os lugares, e também porque existem certas áreas que devem sempre ser protegidas, independentemente de sua localização, como por exemplo as margens de rios, nascentes e topos de morros. Neste sentido, os dois tipos de áreas protegidas são complementares.

Áreas protegidas públicas

As áreas protegidas públicas são chamadas de Unidades de Conservação, as quais são divididas em diferentes categorias, de acordo com os seus objetivos. As categorias e os objetivos estão definidos na Lei 9.985 de 18.07.2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Entre os objetivos destacam-se: a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos; a proteção das espécies ameaçadas de extinção; a preservação e restauração da diversidade de ecossistemas naturais e degradados; a promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; a valorização econômica e social da diversidade biológica; a proteção de paisagens naturais pouco alteradas e de notável beleza cênica; a proteção e recuperação dos recursos hídricos; a promoção da educação ambiental e do ecoturismo, o incentivo à pesquisa científica; e a proteção dos recursos naturais necessários à sobrevivência das populações tradicionais.

A Lei do SNUC instituiu duas categorias de unidades de conservação:

Unidades de Proteção Integral – Entende-se por proteção integral a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. Neste grupo incluem-se as Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques Nacionais, Monumentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre.

Unidades de Uso Sustentável

Entende-se como uso sustentável a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. Neste grupo estão as Áreas de Proteção Ambiental (APA), Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Florestas Nacionais (FLONA), Reservas Extrativistas (RESEX), Reservas de Fauna e Reservas de Desenvolvimento Sustentável.

A criação de Unidades de Conservação é uma ferramenta muito importante para a conservação da biodiversidade. Apesar disso, um percentual ainda muito pequeno da Mata Atlântica está sob esta proteção. Existe uma grande concentração de Unidades de Conservação na floresta ombrófila densa, enquanto que as florestas ombrófila mista e as estacionais estão praticamente desprovidas de proteção.

BIODIVERSIDADe da mata atlântica

O conjunto de fitofisionomias bastante diversificadas, que formam a Mata Atlântica, propiciou uma significativa diversificação ambiental, criando as condições adequadas para a evolução de um complexo biótico de natureza vegetal e animal altamente rico. É por este motivo que a Mata Atlântica é considerada atualmente como um dos Biomas mais ricos em termos de diversidade biológica do Planeta.

Segundo Capobianco (2001), “não há dados precisos sobre a diversidade total de plantas da Mata Atlântica. Considerando-se apenas o grupo das angiospermas, acredita-se que o Brasil possua entre 55.000 e 60.000 espécies, ou seja, de 22 a 24% do total que se estima existir no Planeta. Deste total, as projeções são de que a Mata Atlântica possua cerca de 20.000 espécies, ou seja, entre 33 e 36% das existentes no País.

Para se ter uma idéia da grandeza que significam esses números, basta compará-los às estimativas de diversidade de angiospermas de alguns continentes: 17.000 espécies na América do Norte, 12.500 na Europa e entre 40.000 e 45.000 na África”.

Joly e Bicudo (1999) atestam que somente em São Paulo, Estado que possuía cerca de 80% de seu território originalmente ocupado por Mata Atlântica, estima-se existirem 9.000 espécies de fanerógamas, 16% do total existente no País e cerca de 3,6% do que se estima existir em todo o mundo. No caso das pteridófitas, como samambaias e outras plantas menos conhecidas, as estimativas apontam para uma diversidade entre 800 e 950 espécies, 73% do Brasil e 8% do mundo.

O Museu de Biologia Mello Leitão, em seu boletim de número 7, de dezembro de 1997, publicou estudos desenvolvidos na Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade de São Paulo, dizendo que na Estação Biológica de Santa Luzia, município de Santa Teresa (ES), foi identificada a ocorrência de 443 espécies arbóreas em um área de 1,02 hectares de Floresta Ombrófila Densa. Na seqüência, estudos realizados no Parque Estadual da serra do Conduru, no Sul da Bahia, identificaram, numa área de um hectare, a ocorrência de 454 espécies de árvores (Jardim Botânico de Nova Iorque e CEPLAC).

Estas descobertas superam o recorde de 300 espécies por hectare registrado na Amazônia Peruana em 1986 e podem significar que de fato a Mata Atlântica pode possuir a maior diversidade de árvores do mundo.

Vale ressaltar que das plantas vasculares conhecidas da Mata Atlântica 50% são endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhum outro lugar no planeta. O endemismo se acentua quando as espécies da flora são divididas em grupos, chegando a índices de 53,5% para árvores, 64% para palmeiras e 74,4% para bromélias.

Segundo Capobianco (2001), “dentro da riquíssima fauna existente na Mata Atlântica, algumas espécies possuem ampla distribuição, podendo ser encontradas em outras regiões, como são os casos da onça-pintada, onça-parda, gatos-do-mato, anta, cateto, queixada, alguns papagaios, corujas, gaviões e muitos outros. O que mais impressiona, no entanto, é a enorme quantidade de espécies endêmicas, ou seja, que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do planeta. São os casos das 73 espécies de mamíferos, entre elas 21 espécies e subespécies de primatas”.

Mas esta grande biodiversidade não faz com que a situação deixe de ser extremamente grave.

A lista das espécies ameaçadas de extinção publicada pelo IBAMA em 1989, já trazia dados impressionantes: Das 202 espécies de animais consideradas oficialmente ameaçadas de extinção no Brasil, 171 eram da Mata Atlântica. A nova lista, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente em maio de 2003, traz dados ainda mais alarmantes o total de espécies ameaçadas subiu para 627, sendo que 11 constam como extintas.

Segundo levantamento da Conservation Internacional, a maior parte das espécies da nova lista publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, habita a Mata Atlântica. “Do total de 265 espécies de vertebrados ameaçados, 185 ocorrem nesse bioma (69,8%), sendo 100 (37,7%) deles endêmicos. Das 160 aves da relação, 118 (73,7%) ocorrem nesse bioma, sendo 49 endêmicas. Entre os anfíbios, as 16 espécies indicadas como ameaçadas são consideradas endêmicas da Mata Atlântica. Das 69 espécies de mamíferos ameaçados, 38 ocorrem nesse bioma (55%), sendo 25 endêmicas. Entre as 20 espécies de répteis, 13 ocorrem na Mata Atlântica (65%), sendo 10 endêmicas, a maioria com ocorrência restrita aos ambientes de restinga”.

A verdade é que, em um país onde a biodiversidade é pouco conhecida como o nosso, há espécies que podem ter sido extintas antes mesmos de serem catalogadas pelos cientistas e outras que, ao serem descobertas, entram imediatamente para a trágica lista das ameaçadas de extinção. São os casos, por exemplo, do mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara) e do pássaro bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris), ambos recentemente encontrados por pesquisadores no litoral paranaense, a menos de 200 quilômetros da cidade de São Paulo, a maior metrópole da América do Sul (CAPOBIANCO, 2001).

As espécies da Mata Atlântica também são lembradas nas análises mundiais de lacunas de proteção da biodiversidade. O estudo feito pela Conservation International, “Análise Global de Lacunas de Conservação”, apresentado no V Congresso Mundial de Parques (Durban/África – 2003), constatou que no mundo, pelo menos 719 espécies de vertebrados vivem fora dos limites das unidades de conservação existentes, e que outras 943 espécies estão dentro de reservas tão pequenas que seu habitat não pode ser considerado efetivamente protegido. Das 719 espécies sem proteção, 140 são mamíferos, 233 são aves e 346 anfíbios.

Das 233 espécies de aves consideradas sem proteção, boa parte são da Mata Atlântica.

Ciclos da Destruição da Mata Atlântica

A destruição e utilização irracional da Mata Atlântica começou em 1500 com a chegada dos europeus. Nestes 500 anos a relação dos colonizadores e seus sucessores, com a floresta e seus recursos, foi a mais predatória possível. No entanto, foi no século XX que o desmatamento e a exploração madeireira atingiram níveis alarmantes. Das florestas primárias só foi valorizada a madeira, mesmo assim apenas de algumas poucas espécies. Nenhum valor era atribuído aos produtos não madeireiros e os serviços ambientais das florestas eram ignorados ou desconhecidos.

Todos os principais ciclos econômicos desde a exploração do pau-brasil, a mineração do ouro e diamantes, a criação de gado, as plantações de cana-de-açúcar e café, a industrialização, a exportação de madeira e, mais recentemente, o plantio de soja e fumo, foram, passo-a-passo, desalojando a Mata Atlântica.

Historicamente, os setores agropecuário, madeireiro, siderúrgico e imobiliário pouco se preocuparam com o futuro das florestas ou com a conservação da biodiversidade. Pelo contrário, sempre agiram objetivando o maior lucro no menor tempo possível. O mais grave é que esta falta de compromisso com a conservação e, muitas vezes, até o estímulo ao desmatamento, partiram dos governos.

Em 1850 o Estado de São Paulo tinha 80% de seu território coberto por Mata Atlântica, os outros 20% eram cerrado e outros ecossistemas. Com a expansão da cultura do café e a industrialização, apenas 100 anos depois, em 1950, restavam somente 18%, mas isso preocupava pouca gente pois a “fumaça das fábricas era vista e apreciada como paisagem do progresso” (ROCHA & COSTA, 1998).

Segundo Newton Carneiro em “Um Precursor da Justiça Social – David Carneiro e a Economia Paranaense”, em 1873 a Companhia Florestal Paranaense, com o objetivo de fazer propaganda e atrair os importadores europeus, chegou a cortar em pedaços, uma araucária de 33 metros de altura, transportando-a de navio para a Europa, onde foi novamente montada em pé, na Exposição Internacional de Viena (KOCH, CORREA, 2002).

Um exemplo da forma como o desmatamento era estimulado pode ser encontrado em Relíquias Bibliográficas Florestais (ENCINAS, 2001), que transcreve uma exposição de motivos feita em 1917 pela Comissão da Sociedade Nacional de Agricultura para o Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio. A Comissão solicitava ao Governo Federal e aos governadores dos Estados que fizessem ampla campanha estimulando o corte de nossas florestas para exportação ao mercado Europeu depois que terminasse a 1a Guerra Mundial.

No documento intitulado “O Córte das Mattas e a Exportação das madeiras brasileiras”, pode-se encontrar o seguinte parágrafo:… “Seria um acto revelador de intelligente previsão e muito remunerador aproveitarmos o prazo que nos separa da data em que se celebrará a paz, para darmos a maxima actividade á industria extrativista das madeiras, formando por toda a parte, na proximidade dos nossos portos de embarque, avultados stocks de madeiras seccas e limpas que serão procuradas com empenho e promptamente expedidas por bom preço, para o exterior, quando a guerra cessar”. …por meio de reiteradas publicações feitas na imprensa diaria de todos os municípios, e por outras medidas adequadas, estenderia a patriotica propaganda para todo o pais…”.

Já no final da década de 1920, podia-se ver o resultado perverso das políticas florestais equivocadas da época. Uma descrição da irracionalidade praticada contra a Mata Atlântica pode ser encontrada num livro escrito em 1930 por F. C. Hoehne. Ao liderar uma expedição, na qualidade de assistente-chefe da seção de botânica e agronomia do Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal do Estado de São Paulo, Hoehne percorreu de trem a região das matas onde ocorria a araucária, nos Estados do Paraná e Santa Catarina, passando pelas regiões de Curitiba, Ponta Grossa, Rio Negro, Mafra, São Francisco do Sul, Porto União, além de outras cidades menores, chegando a Joinville.

Registrou em detalhes a beleza da paisagem, a diversidade da flora, a presença humana e a destruição promovida pela exploração madeireira irracional e pela expansão de pastagens e agricultura sem nenhum cuidado com o meio ambiente. Em Três Barras, a caminho de Porto União, Hoehne descreveu com intensa revolta a enorme degradação promovida pela empresa South Brazilian Lumber and Colonisation Comp. Ltda., que , em troca da construção de trechos da estrada de ferro São Paulo-Rio Grande, recebera a concessão para explorar milhares de hectares de florestas ricas em araucárias e imbuias, numa extensão de 15 km em cada lado da ferrovia.

Hoehne escreveu: “…Alguem disse que o nosso caipira é semeador de taperas, fabricante de desertos e um inimigo das mattas. …Assim procederam e continuam agindo os vanguardas da nossa civilização, que denominamos pioneiros e desbravadores do sertão. …Urge que os governos opponham um dique à onda devastadora de madeiras, que ameaça transformar nossa terra em um deserto.”

Segundo DEAN (1996), numa conferência em Minas Gerais, realizada em 1924, um orador disse: “Entre nós é nulo o amor por nossas florestas, nula a compreensão das infelizes conseqüências que derivam de seu empobrecimento e do horror que resultaria de sua completa destruição. Fortalecer o sentimento (de conservação) é uma medida de necessidade urgente”.

Para entender melhor o processo de destruição da Mata Atlântica, vejamos alguns dados de um estudo feito no Estado do Paraná na década de 1960. Em 1963 foi realizado o “Inventário do Pinheiro no Paraná” pela Comissão de Estudos dos Recursos Naturais Renováveis do Estado do Paraná (CERENA), em colaboração com a Escola de Florestas da Universidade Federal do Paraná, Escola de Agronomia e Veterinária da Universidade Federal do Paraná, Departamento de Geografia, Terras e Colonização e FAO (Nações Unidas).

Eis alguns números e conclusões do estudo: em 1963 a área total de florestas no Paraná era de cerca de 6.500.000 ha (em 1995 restavam somente 1.730.500 ha de florestas primárias e secundárias, segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais no Domínio da Mata Atlântica – SOS,INPE, ISA); naquele mesmo ano, a área total com remanescentes de araucária era estimada em 1.500.000 ha. O estudo estimou em 45.000.000 m3, o estoque total de madeira de Araucária no Estado do Paraná naquele ano. Concluiu que, a continuar o corte anual de 3.000.000 m3, a reserva de madeira estaria liquidada em 15 anos a contar do ano de 1963.

…”De acordo com o que ficou demonstrado, o desenvolvimento anual das matas remanescentes é muito mais baixo do que o corte processado pela indústria madeireira no mesmo período de tempo. Em razão desse desequilíbrio, uma crise se delineia em futuro muito próximo”. …”A atual indústria madeireira está na realidade baseada num corte anual de cerca de 10 vezes o incremento anual total de madeira, que é de apenas 460.000 m3.”

Também ficou demonstrado que, além da Floresta Ombrófila Mista, que vinha sendo dizimada pelos madeireiros, as florestas estacionais e densas também vinham sofrendo uma intensa destruição: …”Pode ser feita uma avaliação da área florestal anualmente destruída no Estado do Paraná, principalmente pelos fazendeiros, baseando-se em fotografias aéreas de 1963 e 1953. Os cálculos revelaram que anualmente são destruídos cerca de 250.000 ha de florestas tropicais.” Área equivalente a 2.500 km2/ano de florestas destruídas.

Em 1965, segundo o Instituto Nacional do Pinho, havia no Paraná: 1.395 serrarias de produção para exportação e consumo local do pinho; 278 fábricas de laminados e compensados, 926 fábricas de pinho beneficiado, caixas, cabos de vassouras, artefatos de lâminas; 256 fábricas de móveis; 188 exportadores de madeira; 932 comerciantes de madeira e; 94 fábricas de celulose, papel e pasta mecânica.

Estes dados mostram claramente que há 40 anos já se sabia que a Mata Atlântica vinha sendo destruída numa velocidade muito maior do que a sua capacidade de auto-regeneração.

O Estudo fez sugestões de medidas que deveriam ter sido tomadas naquela época: …”A aplicação do Código Florestal (art.16) é uma fórmula justa a ser considerada pelos poderes estaduais”. …”Um dos primeiros passos a dar em direção à recuperação florestal do Estado é estabelecer reservas florestais, a fim de manter a cobertura florestal permanente e prover o suprimento necessário de madeira e matéria prima para a indústria de papel e as demais de transformação.”…

Para o Paraná isto significa manter reservas de cerca de 3 a 4 milhões de hectares”.

Como nenhuma das medidas sugeridas foi levada a sério, os números de serrarias e empregos foram diminuindo juntamente com a floresta. Isso mostra que houve não apenas uma insustentabilidade ambiental na exploração da floresta, mas também uma completa insustentabilidade econômica e social nessa exploração. Segundo estudo da Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF, 2001), restam hoje no Paraná apenas 0,8% (66.000 ha) de remanescentes de floresta com araucária em estágio avançado de regeneração. Ambientes intocados são praticamente inexistentes.

DEAN (1996), no livro “A Ferro e fogo”, faz um dos relatos mais impressionantes do processo de destruição da Mata Atlântica. As políticas governamentais brasileiras tinham como imperativo o “desenvolvimento econômico” e já na primeira metade do século XX havia se dado o cerco final da Mata Atlântica. “A idéia de desenvolvimento econômico penetrava a consciência da cidadania, justificando cada ato de governo, e até de ditadura, e de extinção da natureza”(DEAN, 1996).

Durante a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em Estocolmo (Suécia) em 1972, os representantes do governo brasileiro deram ao mundo um dos mais deploráveis exemplos de desconsideração para com o meio ambiente, de todos os tempos, ao declararem “que venha a poluição, desde que as fábricas venham com ela”.

Não só os governantes desde a época dos portugueses, mas a maioria dos brasileiros também sempre foram indiferentes à destruição da Mata Atlântica, cabendo aos cientistas e algumas figuras públicas a defesa de teses conservacionistas, pelo menos até a década de 1970.

ROCHA & COSTA (1998), nos dão uma idéia dessa indiferença: “O homem estava de costas para as florestas e desprezava o conhecimento indígena sobre ela, ainda que tivesse adotado a maioria de suas plantas alimentícias, como a mandioca e o milho, e a imensidão de frutas que até hoje são fonte de vitamina e alegria para todos os brasileiros”.

A política do crescimento a qualquer custo adotada pelo Brasil após a Segunda Guerra Mundial teve no pólo industrial de Cubatão, no litoral de São Paulo, o seu principal ícone. Os resultados catastróficos da poluição e da alta concentração de gases na atmosfera lançados pelas indústrias, começaram a aparecer na década de 1970, com a população da região sofrendo problemas respiratórios e até o nascimento de bebês com má formação. Além disso, a chuva ácida desestabilizou todo o ecossistema da Mata Atlântica nas encostas da Serra do Mar. Em fevereiro de 1985 fortes chuvas provocaram enormes deslizamentos nas encostas, causando diversas mortes em bairros como a Vila Parisi e também atingindo e levando prejuízos econômicos a diversas indústrias.

DESENVOLVIMENTO E RECUPERAÇÃO

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983 e presidida por Gro Harlem Brundtland, primeira ministra da Noruega, definiu, no livro Nosso Futuro Comum, desenvolvimento sustentával como sendo o desenvolvimento onde a humanidade seja capaz de garantir o atendimento das necessidades da presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também às suas.

Num bioma como a Mata Atlântica onde a cobertura florestal nativa foi reduzida a 7,84%, comprometendo altamente o estoque dos recursos naturais, torna-se ainda mais complexo o processo de alcançar o desenvolvimento sustentável. Neste caso não basta apenas planejar o uso adequado dos recursos ainda existentes pois os mesmos já são insuficientes para atender as necessidades da atual geração. Para a maioria dos recursos da flora e também da fauna da Mata Atlântica, é necessário, antes de mais nada, recuperar ou restaurar florestas e ecossistemas para depois fazer uso sustentado dos seus recursos. A recuperação e restauração não são um processo rápido, que dá resultados em poucos meses ou poucos anos. Em geral, os resultados só começam a aparecer depois de 3, 5 ou 10 anos e isso implica em investimentos.

Para falar em uso ou manejo sustentável de recursos florestais da Mata Atlântica, é necessário fazer uma distinção entre recursos madeireiros e não-madeireiros e ainda, usos para atender as necessidades internas-meio-ambiente das propriedades ou das populações tradicionais e manejo com finalidade comercial.

A exploração comercial de madeira nativa na Mata Atlântica é possível?

A resposta é não para as áreas naturais remanescentes. A resposta é sim para florestas plantadas, sejam de espécies exóticas ou nativas. O problema é que quase não existem florestas plantadas de espécies nativas, pois, historicamente o setor madeireiro agiu sem planejamento e sem visão de longo prazo.

O Engenheiro Florestal Doutor Sérgio Ahrens, Pesquisador em Biometria e Manejo Florestal do Centro Nacional de Pesquisa de Floresta da EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, explica que “no manejo de florestas naturais, e no âmbito da sustentabilidade, o objetivo mais elevado na hierarquia deve ser a conservação da cobertura florestal e da sua capacidade regenerativa; apenas depois virá a produção…

Na prática do manejo florestal no Brasil, constata-se, de fato, uma erosão genética: quando os melhores indivíduos, e apenas de determinadas espécies tidas como comerciais, são objeto de corte e comercialização”.

O Professor Paulo Kageyama nos ensina que:

…”A floresta tropical, tal como a maioria dos ecossistemas nas regiões entre os trópicos, em função da sua altíssima diversidade de espécies e principalmente devido às suas complexas interações entre organismos, apresenta grandes dificuldades de ações nas mesmas que sejam sustentáveis…

…”O manejo sustentável deve não só atender os requisitos econômicos e ecológicos, como também os aspectos sociais, deve portanto ser economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente defensável. O aspecto ecológico do manejo diz respeito não só à integridade das populações da(s) espécie(s) em exploração, mas também aos outros recursos potenciais e também à biodiversidade. Isso significa que devemos cuidar da manutenção do equilíbrio das populações das espécies da floresta, tanto no seu aspecto demográfico como genético, principalmente, mas não só, das espécies em uso.”

…”O estado atual de conservação da Mata Atlântica, com somente cerca de 7% de sua cobertura original, aponta altíssima prioridade para a conservação in situ. As áreas remanescentes desse ecossistema (unidades de conservação e áreas particulares) representam sem dúvida, ainda uma grande fonte de biodiversidade, no entanto, pouco ainda se sabe sobre a efetividade da conservação genética das espécies que restam nessas áreas.”

Distribuição da Mata Atlântica

Duas grandes florestas, formadas por verdadeiros mosaicos, foram encontradas pelos europeus quando se iniciou o processo da colonização. A maior delas é a Floresta Amazônica, que ocupa toda a região Norte do Brasil e se estende pela bacia hidrográfica do Rio Amazonas.

A segunda, a Mata Atlântica, menor em dimensão, porém que ocupava 15% do território brasileiro, ocorria ao longo da costa e se estendia centenas de quilômetros país adentro, no Sudeste e Sul, chegando à Argentina e Paraguai.

Atualmente entende-se como Bioma Mata Atlântica, o conjunto de formações florestais e ecossistemas associados que incluem a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista, a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Semidecidual, a Floresta Estacional Decidual, os manguezais, as restingas, os campos de altitude, as ilhas litorâneas e os brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. Abrange total ou parcialmente 3.409 municípios em 17 Estados brasileiros (RS, SC, PR, SP, GO, MS, RJ, MG, ES, BA, AL, SE, PB, PE, RN, CE, PI), situados ao longo da costa atlântica, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, além de parte dos Estados de Mato Grosso do Sul e Goiás (Figura 1). Entretanto este conceito nem sempre foi assim.

Segundo Capobianco (2001), apesar de originalmente formar uma floresta contínua, até recentemente existiam diferentes denominações para a Mata Atlântica. Estas denominações eram baseadas em diversos pesquisadores que agrupavam as formações florestais de acordo com seus próprios critérios de considerações fitofisionômicas e Florísticas.

Alguns autores diziam que a Mata Atlântica se restringiria à floresta densa que ocorre ao longo do litoral brasileiro. Porém, estudiosos como AB’SABER (1977), RIZZINI (1979), EITEN (1983), entre outros, desenvolveram trabalhos onde apresentavam um conceito mais amplo da formação original da Mata Atlântica, embora com áreas de abrangência e terminologias diferentes.

“Se até recentemente a conceituação científica da Mata Atlântica era exclusivamente um assunto de interesse acadêmico, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 ela se tornou uma questão legal. Isto porque, ao conferir à Mata Atlântica o status de “patrimônio nacional”, a definição de sua área de abrangência passou a ser um imperativo para a regulamentação de seu uso e conservação, nos termos restritivos definidos pelos deputados constituintes” (CAPOBIANCO, 2001).

Foi num seminário, promovido pela Fundação SOS Mata Atlântica, ocorrido em Atibaia (SP), em 1990 e que reuniu os mais importantes pesquisadores e especialistas nesta área, que se iniciou a busca de uma definição científica consensual para o conceito de Mata Atlântica.

Espécie para Manejo

Palmito (Euterpe edulis Martius)

Ocorre na Floresta Ombrófila Densa e nas Florestas Estacionais, do Rio Grande do Sul até o Sul da Bahia. É uma espécie chave para a conservação e recuperação da Mata Atlântica, por apresentar grande densidade de indivíduos, atingindo populações com cerca de 750 plantas maiores do que 1,3 metros de altura, podendo atingir cerca de 10.000 indivíduos por hectare, incluindo as plântulas.

Devido a produção de frutos durante 6 meses no ano e estes serem muito procurados pela fauna, o enriquecimento de áreas com esta espécie representa uma fator positivo para o aumento da biodiversidade das florestas secundárias, uma vez que o palmito atrairá muitos animais para a comunidade florestal, aumentando as probabilidades de chegada de sementes de outras espécies florestais de estádios mais avançados, contribuindo para um maior potencial econômico da área (REIS 1995).

Por ser uma espécie de ciclo florestal considerado curto, cuja colheita pode começar 8 anos após o plantio, associada a um bom rendimento econômico, tem grande potencial para enriquecer as florestas secundárias, que em geral apresentam baixa produtividade de produtos de interesse econômico e normalmente são consideradas de pouco valor pelos proprietários.

Por ser uma planta esciófila exige a existência de um dossel arbóreo contínuo, com sombra, alta umidade relativa do ar e do solo, para que suas sementes possam germinar e crescer.

O enriquecimento de florestas secundárias pode ser feito através da semeadura de sementes ou através do plantio de mudas produzidas em viveiros. O processo mais barato e mais eficiente no sentido de favorecer a uma seleção edafo-climática de cada indivíduo, é o lançamento de sementes recém-coletadas, em torno de 2 kilogramas por hectare, durante, no mínimo, nos primeiros 5 anos. Isto vai contribuir para uma menor predação, e uma estimativa de sobrevivência de 30% das sementes lançadas, ou seja, a emergência de mais ou menos 750 plântulas/ha/ano. Outro método barato, é o plantio de mudas de raízes nuas, que podem atingir sobrevivência de até 60%. Neste caso, sugere-se um plantio mais denso, cerca de 3.000 plantas/ha/ano, durante os primeiros 3 anos, ou um plantio alternado, ano sim, ano não, em três plantios ( REIS, 2002).

O método de grande eficácia, porém um pouco mais caro, é o plantio de mudas produzidas em viveiros. Este método garante resultados em menor prazo e é recomendado para áreas onde já não existam mais exemplares de palmito na natureza.

Segundo Reis, 2002:

“o palmiteiro é um grande centro de alimentos para os animais da floresta o que sugere que esta espécie pode ser um tipo de gatilho capaz de mudar os rumos da dinâmica sucessional, quando a espécie está presente na comunidade florestal. Ao potencial ecológico do palmiteiro, devido aos seus complexos níveis de interação dentro das comunidades florestais, soma-se seu valor como uma das principais alternativas econômicas da Floresta Ombrófila Densa, principalmente para a subsistência das comunidades humanas tradicionais. Estas suas potencialidades, conciliando aspectos de ecologia e economia, requerem uma drástica mudança nos moldes em que esta espécie vem sendo atualmente explorada. A manutenção da estrutura populacional e dos níveis de interação é, dentro da floresta, a única forma de garantir a sustentabilidade das populações naturais desta espécie”.

Fitofisionomias da Mata Atlântica

Floresta Ombrófila Densa

Mata perenifólia (sempre verde), com dossel (“teto” da floresta) de até 15m, com árvores emergentes de até 40m de altura. Densa vegetação arbustiva, composta por samambaias arborescentes, bromélias e palmeiras. As trepadeiras e epífitas (bromélias, orquídeas) cactos, samambaias, etc, também são muito abundantes. Nas áreas mais úmidas, às vezes temporariamente encharcadas, antes da degradação pelo homem, ocorriam figueiras, jerivás (palmeira) e palmitos (Euterpe edulis).

Floresta Ombrófila Aberta

É considerada um tipo de transição da floresta ombrófila densa, ocorrendo em ambientes com características climáticas mais secas.

Floresta Ombrófila Mista

Conhecida como mata de araucária, pois o Pinheiro do Paraná (Araucaria anguistifolia) constitui o andar superior da floresta, com subosque bastante denso. Antes da interferência antrópica esta formação ocorria nas regiões de clima subtropical, principalmente nos planaltos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e em maciços descontínuos, nas partes mais elevadas de São Paulo, Rio de Janeiro e Sul de Minas Gerais (Serras de Paranapiacaba, da Mantiqueira e da Bocaina).

Floresta Estacional (Decidual e Semidecidual)

Mata com árvores de 25 e 30m, com a presença de espécies decíduas (derrubam folhas durante o inverno mais frio e seco), com considerável ocorrência de epífitas e samambaias nos locais mais úmidos, e grande quantidade de cipós (trepadeiras). Ocorriam antes da degradação pelo homem, a leste das florestas ombrófilas da encosta atlântica, entrando pelo Planalto Brasileiro até as margens do rio Paraná. O Parque Estadual do Morro do Diabo protege este tipo de floresta.

Manguezais

Formação que ocorre ao longo dos estuários, em função da água salobra produzida pelo encontro da água doce dos rios com a do mar. É uma vegetação muito característica, pois o manguezal tem apenas sete espécies de árvores – menos de 1% das registradas na mata atlântica -, mas abriga uma diversidade de microalgas pelo menos dez vezes maior. Essa floresta invisível, revelam pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), é capaz de ocupar, com cerca de 200 mil representantes, um único centímetro quadrado de raiz de mangue.

Restinga

Ocupa grandes extensões do litoral, sobre dunas e planícies costeiras. Inicia-se junto a praia, com gramíneas e vegetação rasteira, e torna-se gradativamente mais variada e desenvolvida à medida que avança para o interior, podendo também apresentar brejos com densa vegetação aquática. Abriga muitos cactos, orquídeas e bromélias. Esta formação encontra-se hoje muito devastada pela urbanização.

Brejos de Altitude

São áreas de clima diferenciado no interior do semi-árido, também conhecidas regionalmente como “serras úmidas”, por ocuparem primitivamente a maior parte dos tabuleiros e das encostas orientais do nordeste.

Campos

Ocorrem em elevações superiores a 180 metros e em linhas de cumeadas localizadas. A vegetação característica é formada por comunidades de gramíneas, em certos lugares interrompidas por pequenas charnecas. Freqüentemente nas maiores altitudes ocorrem topos planos ou picos rochosos.

Povos Indígenas e Tradicionais da Mata Atlântica

Os índios

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, havia cerca de 5 milhões de índios por aqui. Hoje, segundo a Funai, são apenas 250 mil. As tribos que habitavam o litoral (Tamoios, Temininós, Tupiniquins, Caetés, Tabajaras, Potiguares, Pataxós e Guaranis) foram as primeiras a sofrerem com a chegada dos colonizadores. Os brancos, além de espalharem doenças, usaram os índios como soldados nas guerras contra os invasores e como escravos.

Os caiçaras

O Caiçara, que na língua tupi quer dizer “armadilha de galhos”, é a herança deixada pelo contato entre o colono e o índio. Os caiçaras vivem entre o mar e a floresta, sobrevivendo da pesca, do plantio da mandioca e do extrativismo. Assim como as florestas e os índios que foram sumindo, a população caiçara também está perdendo sua identidade e sua cultura, principalmente pela exploração do turismo e da especulação imobiliária.

Os quilombolas

São as populações remanescentes dos antigos quilombos e que preservam a cultura negra tradicional. Como exemplos da resistência dessa cultura na Mata Atlântica, se pode citar as comunidades do Vale do Ribeira em São Paulo. Descendentes de escravos desgarrados de velhas fazendas do século XVIII, os quilombolas têm hoje direito legal a terra que ocupam, graças à Constituição de 1988.

No Vale do Ribeira são diversas as comunidades como as de Ivaporunduva, Praia Grande, Nhunguara e São Pedro. Um exemplo vivo dessa história é a capela de Ivaporunduva, construída em 1779, onde ainda é celebrada a missa afro-católica.

Nos últimos anos, as populações tradicionais têm desempenhado um novo papel no cenário sócio político, sobretudo na área de conservação ambiental, em virtude do grande conhecimento acumulado sobre a biodiversidade, das práticas de manejo e também dos movimentos de defesa de seus modos de vida.

Atualmente cresce o número de projetos de desenvolvimento sustentável executados por estas comunidades, muitos deles em Unidades de Conservação de Uso Direto como as Reservas extrativistas, Áreas de Proteção Ambiental e Áreas de Relevante Interesse Ecológico.

Recuperação ou Reflorestamento da Mata Atlântica

Existem duas maneiras de se recuperar áreas desmatadas no passado, sejam áreas de preservação permanente, reservas legais ou outras áreas.

Regeneração espontânea

É a maneira mais fácil e barata. Basta deixar a natureza agir sozinha, ou seja, parar de praticar agricultura ou pecuária nestas áreas para que aconteça a regeneração espontânea e natural da floresta. Isto só será possível se a terra não estiver muito degradada, se existirem dispersores de sementes, e se nas proximidades existirem remanescentes florestais que possam fornecer sementes. Neste caso, em pouco tempo surgirá uma capoeira, que em alguns anos se transformará numa floresta. Nas pastagens o ideal é cercar a área, deixando apenas um pequeno caminho para os animais chegarem até a água.

Apesar de mais barata e fácil, a regeneração espontânea apresenta algumas limitações em relação aos reflorestamentos, cabendo citar a menor diversidade de espécies de árvores, gerada pelo grande número de exemplares de espécies pioneiras competindo entre si por espaço e luz, o que dificulta o desenvolvimento do conjunto florestal.

Reflorestamento com espécies nativas

Pode-se também ajudar a natureza com o plantio de mudas de espécies nativas. Fazer o reflorestamento aumenta um pouco o custo mas o resultado é muito mais rápido. O que a natureza sozinha faz em 40 anos, pode ser feito em 10 anos com o reflorestamento. O ideal é plantar apenas espécies nativas da própria região, fazendo uma mistura de espécies de crescimento rápido (pioneiras) e espécies de crescimento mais lento (secundárias e climácicas). Quanto maior o número de espécies plantadas, melhor, pois aumenta a biodiversidade e proporciona maiores condições para se chegar novamente a restaurar os aspectos e características originais da floresta.

Uma análise comparativa do crescimento das árvores plantadas e da biodiversidade em áreas reflorestadas em relação a áreas em regeneração natural espontânea, indica que através do reflorestamento com espécies nativas pode-se adiantar o período de regeneração de uma floresta em pelo menos 30 anos. Comparando uma área reflorestada com 15 anos, constatou-se que havia maior número de espécies e maior volume de madeira do que numa área em regeneração espontânea com 44 anos de idade, apesar do número de indivíduos na área em regeneração espontânea ser significativamente maior.

Isto mostra que o reflorestamento pode contribuir para aumentar a biodiversidade e também o ritmo de crescimento das árvores (SCHÄFFER & PROCHNOW, 2002)

Passo a passo

E aqui o passo a passo do reflorestamento de áreas de preservação permanente, reservas legais e outras áreas degradadas.

Para recuperar áreas através do reflorestamento é importante observar os seguintes passos:

1 – Demarcar a área a ser reflorestada e isolá-la de animais, quando estiver no meio de pastagens.
2 –
Escolher espécies adaptadas à região do plantio.
3 –
Observar o clima, o solo e usos anteriores da terra, para ver se é necessário aplicar fertilizantes para facilitar o crescimento das mudas plantadas.
4 –
Utilizar em torno de 50% de espécies pioneiras, aproveitando suas características de rápido crescimento para fazer sombra para as espécies climácicas.
5 –
Privilegiar o uso de árvores frutíferas, com o objetivo atrair a fauna.
6 –
Diversificar ao máximo as espécies plantadas, para chegar o mais próximo possível do ambiente natural.
7 –
Quando possível, plantar em linha e colocar estacas, para facilitar futuros trabalhos de manutenção das mudas plantadas.
8 –
Escolher o espaçamento entre plantas (2 x 2, 3 x 2, 3 x 3 ou 4 x 4), em função dos custos e do prazo em que se espera recuperar a área. Espaçamentos menores dão resultados imediatos, mas o custo de implantação é maior.
9 –
Proceder o replantio das mudas mortas.
10 –
Realizar limpezas de manutenção (roçadas e coroamento) até o 3o ano após o início do plantio.

Luta Pela Preservação da Mata Atlântica

Ao longo da história, a exuberante e rica biodiversidade da fauna e flora da Mata Atlântica fascinou alguns dos mais famosos cientistas da humanidade. Entre eles cabe mencionar Charles Darwin, que visitou o Brasil em meados do século XIX, para coletar informações para a teoria da evolução, tendo depois mantido contato e trocado informações durante diversos anos com o botânico alemão Fritz Müller, radicado em Blumenau (SC). O francês Saint-Hilaire esteve no Brasil durante 6 anos e depois publicou 14 volumes de memórias e descrições botânicas. Além destes, o alemão Georg Heinrich Langsdorff, os austríacos Karl Friedrich Philip von Martius e Johan Baptist Von Spix, descreveram centenas de espécies de plantas e animais no século XIX.

Entre os cientistas brasileiros o Dr. Paulo Nogueira Neto, professor titular de Ecologia da Universidade de São Paulo, teve papel de destaque na criação e implantação da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo e na Secretaria Especial de Meio Ambiente federal, precursora do Ministério do Meio Ambiente. O Dr. Paulo é também integrante e fundador de diversas Organizações Não Governamentais e responsável pela criação de importantes parques, além de ter contribuição inestimável no aperfeiçoamento e aprovação de leis ambientais como a de no 6.938 de 1981, que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Também o Almirante Ibsen de Gusmão Câmara sempre se dedicou aos estudos da natureza e como presidente da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) colaborou ativamente na criação de áreas protegidas como a Estação Ecológica Juréia-Itatins, no litoral de São Paulo.

A luta pela defesa e conservação do meio ambiente no Brasil começou a ganhar força no início da década de 1970 com a criação da Associação Gaúcha de Proteção do Ambiente Natural (AGAPAN), primeira organização ambientalista que incorporou uma visão política, dando maior amplitude às questões ambientais e relacionando-as com as políticas industriais e agrícolas.

Ao longo da década de 1980 houve um crescimento significativo do movimento ecologista, em quantidade de organizações e capacidade de atuação. Essas organizações contribuíram para que começasse uma lenta e gradual mudança na consciência do povo brasileiro em relação ao meio ambiente.

Em 1992, durante a realização da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO/92, as organizações ambientalistas e socioambientais com atuação no bioma Mata Atlântica, criaram a Rede de ONGS Mata Atlântica, com o objetivo de dar respostas que as instituições individualmente não eram capazes de dar, especialmente frente aos governos e às políticas públicas que afetam a Mata Atlântica em nível nacional. A Rede de ONGs da Mata Atlântica, congrega mais de 250 ONGs que trabalham pela defesa, preservação e recuperação da Mata Atlântica em nível nacional. Através da campanha “MATA ATLÂNTICA – DESMATAMENTO ZERO”, a Rede está empenhada em conscientizar a sociedade para a necessidade de conservar a Mata Atlântica e acabar de vez com os desmatamentos ilegais e desnecessários.

Florestas Secundárias

As florestas secundárias são classificadas de acordo com o estágio de regeneração.

O conceito e as características de cada um dos estágios sucessionais da Mata Atlântica foram definidos em Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), observando as peculiaridades dos ecossistemas de cada Estado.

Estágio inicial de regeneração: “Capoeirinha” – O estágio inicial de regeneração, também conhecido por capoeirinha em alguns estados do Bioma Mata Atlântica, surge logo após o abandono de uma área agrícola ou de uma pastagem. Este estágio geralmente vai até 6 anos, podendo em alguns casos durar até 10 anos em função do grau de degradação do solo ou da escassez de sementes.

Nas capoeirinhas geralmente existem grandes quantidades de capins e samambaias de chão. Predominam também grandes quantidades de exemplares de árvores pioneiras de poucas espécies. A altura média das árvores em geral não passa dos 4 metros e o diâmetro de 8 centímetros.

Algumas das espécies que ocorrem no estágio inicial são: rabo-de-burro (Andropogon bicornis), capororoca (Rapanea ferrugínea), vassouras (Baccharias spp), aroeira (Schinus terebinthifolius), embaúbas (Cecropia spp), assa-peixe (Vernonia polyanthes), sapê (Imperata brasiliensis), samambaia-das-taperas (Pteridium aquilinum), cambará (Lantana câmara), murta (Psidium spp), araçá (Myrcia sp), cambui (Myrciaria sp), alecrim (Lantana spp), jurubeba braba (Solanum spp), folha-de-fogo (Miconia spp), candela (Vernonia sp) e outras, variando de fitofisionomia para fitofisionomia e também de região para região.

Estágio médio de regeneração: “Capoeira” – A vegetação em regeneração natural geralmente alcança o estágio médio, ou estágio de capoeira, depois dos 6 anos de idade, durando até os 15 anos. Neste estágio as árvores atingem altura média de 12 metros e diâmetro de 15 centímetros.

Nas capoeiras a diversidade biológica aumenta, mas ainda há predominância de espécies de árvores pioneiras como as capororocas, ingás e aroeiras. A presença de capins e samambaias diminui, mas em muitos casos resta grande presença de cipós e taquaras. Nas regiões com altitude inferior a 600 metros do nível do mar os palmiteiros começam a aparecer.

Algumas das espécies que ocorrem no estágio médio são: capororoca (Rapanea ferruginea), vassouras (Baccharis dracunculifolia, B. articulata e B. discolor), ingá-feijão (Inga marginata), pata-de-vaca (Bauhinia candicans), grandiuva (Trema micrantha), bracatinga (Mimosa scabrella), açoita-cavalo (Luethea grandiflora), carrapeta (Guarea guidonia), maminha-de-porca (Zanthoxylon rhoifolium), jacatirão (Miconia fairchildiana), ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha), cinco-folhas (Sparattosperma leucanthum), caroba (Cybistax antisyphilitica), guapuruvu (Schizolobium parahiba), aleluia (Senna multijuga), canudeiro (Senna macranthera), pindaíba (Xylopia brasiliensis), camboatá (Cupania oblongifolia), ingá porca (Sclerolobium densiflorum), camarão (Casearia guianensis), murici (Byrsonima sericea), cambota (Cupania revoluta), pau-de-jangada (Apeiba tibourbou), maria-preta (Virtex sp) e outras, variando de fitofisionomia para fitofisionomia e também de região para região.

Estágio avançado de regeneração: “Capoeirão” – O estágio avançado ou capoeirão, se inicia geralmente depois dos 15 anos de regeneração natural da vegetação, podendo levar de 60 a 200 anos para alcançar novamente o estágio semelhante à floresta primária. A diversidade biológica aumenta gradualmente à medida que o tempo passa e que existam remanescentes primários para fornecer sementes. A altura média das árvores é superior a 12 metros e o diâmetro médio é superior a 14 centímetros.

Neste estágio os capins e samambaias de chão não são mais característicos. Começam a emergir espécies de árvores nobres como as canelas, cedros, sapucaias e imbuias. Nas regiões abaixo de 600 metros do nível do mar os palmiteiros aparecem com freqüência. Os cipós e taquaras passam a crescer em equilíbrio com as árvores.

Algumas das espécies que ocorrem no estágio avançado são: canela-branca (Nectandra leucothyrsus), aroeira vermelha (Schinus terebinthifolius), camboatá-vermelho (Cupania vernalis), angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), guajuvira (Patagonula americana), camboatá-branco (Matayba ealeagnoides), timbaúva (Enterolobium contortisiliquum), araribá (Centrolobium robustum), canjerana (Cabralea canjerana), cedro (Cedrela fissilis), sapucaia (Lecythis pisonis), garapa (Apuleia leiocarpa), figueira (Ficus spp.), jequitibá-branco (Cariniana legalis), jequitibá-rosa (Cariniana estrellensis), jequitibá-rosa (Couratari pyramidata), bicuíba (Virola oleifera), vinhático (Plathymenia foliolosa), perobas (Aspidosperma spp.), pau-d’alho (Gallezia integrifólia), airi (Astrocaryum aculeatissimum), aricanga (Geonoma spp.), palmito (Euterpe edulis) e outras, variando de fitofisionomia para fitofisionomia e também de região para região.

Legislação da Mata Atlântica

Até muito recentemente o Código Florestal, de 1965, era a única legislação que protegia a Mata Atlântica e embora seja uma Lei avançada para a época, ele não atende as necessidades de efetiva proteção da biodiversidade. Novas legislações foram discutidas e surgiram a partir da promulgação da Constituição Federal em 1988.

Código Florestal

Lei Federal no 4.771/65 – O Código Florestal, instituído pela Lei Federal nº 4.771/65, limitou o exercício do direito da propriedade referente às formações vegetais nativas existentes em todo o território nacional. Qualificou as florestas como bens de interesse comum a todos os habitantes do país, subordinando a exploração de tais recursos naturais ao interesse da população. Estão no Código Florestal as definições de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal.

Constituição Federal de 1988

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a Mata Atlântica é Patrimônio Nacional, através do § 4º, do Artigo 225, onde está escrito: “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.

Seguindo a orientação da Constituição Federal, diversos Estados reforçaram este dispositivo em suas Constituições Estaduais e alguns municípios o fizeram nas suas Leis Orgânicas.

O Decreto 750/93

Resultado de um amplo processo de discussão nacional, que contou, inclusive, com várias audiências públicas, o Decreto 750 tem como premissa básica o conceito de que a melhor forma de proteger o meio ambiente não é dizer o que não se pode fazer, mas sim, definir o que pode ser feito, orientando as ações e criando instrumentos de controle eficazes, que contem com a participação efetiva da sociedade, a maior interessada na conservação.

Este Decreto também é um marco importante, porque estabelece legalmente a área de domínio da Mata Atlântica, tal como é entendido cientificamente nos dias de hoje. Esta medida abre perspectivas para a real proteção da biodiversidade da Mata Atlântica, dando o mesmo status de áreas especialmente protegidas para todos os seus remanescentes.

Quanto à exploração de recursos naturais da Mata Atlântica, o Decreto 750/93 estabelece diretrizes objetivas para uma maior fiscalização, possibilitando o controle do diâmetro e da idade do material explorado, das condições de trabalho dos empregados envolvidos, da higiene com que a exploração de produtos comestíveis (como o palmito) é realizada e, principalmente, da procedência do material, hoje retirado ilegalmente de unidades de conservação.

Quanto à questão urbana, o novo texto normatiza de forma rígida e objetiva os casos em que poderá haver supressão de vegetação de Mata Atlântica secundária (não permite para vegetação primária). Ademais, propicia uma compatibilização das normas de proteção da vegetação com os planos Diretores e demais leis de uso e ocupação do solo ou de proteção ambiental municipais.

Desde sua edição, o Decreto 750 foi regulamentado através de 26 resoluções do CONAMA e portarias conjuntas do Ibama com órgãos ambientais estaduais, estabelecendo critérios e parâmetros precisos para sua aplicação em quase todos os Estados inseridos na Mata Atlântica.

Diretrizes para a política de conservação e desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica

Em dezembro de 1998, foi aprovado no Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, o documento “Diretrizes para a Política de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica”, também chamado de Política da Mata Atlântica, resultado de um amplo processo de discussão entre todos os setores da sociedade interessados na conservação e uso sustentável do Bioma.

Objetivo Geral

Delinear ações integradas que promovam a conservação e o desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica.

Princípios

1. Utilização da Mata Atlântica em condições que assegurem a preservação do meio ambiente e o uso múltiplo de seus recursos naturais;
2. Proteção da diversidade biológica com base na conservação e no manejo sustentável;
3. Recuperação das áreas degradadas e recomposição das formações florestais;
4. Valorização das iniciativas que promovam o desenvolvimento social em bases sustentáveis, recuperando a importância das populações tradicionais;
5. Ação governamental integrada de modo a promover a gestão descentralizada e participativa dos recursos naturais;
6. Definição e fortalecimento de instrumentos para a conservação e desenvolvimento sustentável dos recursos naturais.

Diretrizes

1. Proteção da diversidade biológica associada aos ecossistemas da Mata Atlântica;
2. Desenvolvimento sustentável dos recursos naturais da Mata Atlântica;
3. Recuperação de áreas degradadas na Mata Atlântica;
4. Compatibilização das políticas setoriais com vistas à conservação e ao desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica.

Projeto de Lei da Mata Atlântica – Desde 1992 está em tramitação na Câmara dos Deputados o que a sociedade já conhece como projeto de Lei da Mata Atlântica. Este Projeto de Lei que já recebeu dois números (3285/92 e 285/99) tem sido alvo de lobby contrário à sua aprovação pelo setor ruralista e urbano, apesar de ter sido votado por unanimidade em todas as comissões da Câmara. Atualmente aguarda a entrada na pauta de votação.

A Rede de ONGs da Mata Atlântica tem se mostrado incansável na luta pela aprovação deste projeto que hoje pode ser considerado uma das propostas mais avançados na área de meio ambiente, fruto de inúmeras discussões que resultaram em seu aprimoramento, durante estes anos de tramitação.

O mote atual da Rede e que tem o apoio do Ministério do Meio Ambiente para que o projeto seja votado é: A Mata Atlântica precisa de Lei para sobreviver.

Florestas na Paisagem

Tão importante quanto preservar e recuperar as florestas nas áreas rurais é conservá-las nas áreas urbanas, seja em terras públicas ou privadas. Elas cumprem diversas funções na paisagem e no meio ambiente, principalmente regulando o microclima das cidades. As áreas de preservação permanente são especialmente importantes nas cidades, principalmente as margens de rios e as encostas dos morros. Além disso é fundamental observar um bom planejamento para a arborização urbana.

No Brasil, infelizmente, muitas cidades foram crescendo sem planejamento e as áreas verdes foram substituídas pelas construções. Os centros urbanos, na sua maioria, são hoje caracterizados pela cobertura artificial do solo e por pavimentações e construções, que o impermeabilizam. Muitas áreas de preservação permanente foram ocupadas, ocasionando problemas com enchentes, erosão e desbarrancamentos.

Nas áreas construídas a água não penetra no solo, resultando em regiões de baixa umidade relativa do ar. Além disso, os materiais utilizados nas construções, como o vidro, cerâmicas, ferro, asfalto e concreto, absorvem os raios solares tornando as cidades muito quentes durante o dia.

Já as árvores proporcionam maior equilíbrio ao clima das cidades, porque elas interceptam, absorvem e refletem os raios solares. As áreas bem arborizadas apresentam temperaturas mais estáveis e em geral mais frescas. As árvores são como bombas hidráulicas que, através de suas raízes, trazem a água do subsolo para a atmosfera, refrescando e tornando a umidade relativa do ar mais apropriada para os seres humanos (SOARES, 1997).

Há ainda a poluição atmosférica, hídrica, visual e sonora, que comprometem a qualidade de vida nos centros urbanos. As árvores contribuem para o controle da poluição, pois quando o ar poluído passa pela copa das mesmas, diminui a velocidade, permitindo a deposição das partículas sobre a superfície das folhas. Outra vantagem é que as folhas absorvem gases poluentes como o dióxido de enxofre e carbono.

Árvores plantadas podem também servir como uma cortina de quebra ventos, evitando ou minimizando danos causados por ventanias e tempestades. A conservação das áreas verdes e arborização urbana permite ainda a manutenção e o desenvolvimento da fauna, principalmente das aves, que além de embelezar ajudam a dispersar sementes e fazer o controle natural de insetos. O cultivo de jardins, tanto em áreas públicas quanto privadas, também contribui no paisagismo e embelezamento das cidades.

Os parques, praças e áreas de preservação permanente são espaços privilegiados para o lazer da população e elementos vitais para a construção de cidades saudáveis, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Fonte: www.apremavi.com.br

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