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REZAR, filhinhas, é sentir-se a gente
Mais perto de Jesus, do céu mais perto.
Quem volve os olhos deste mundo, sente,
O coração, para outro mundo, aberto.
E a doce paz, que inspira a crença, avulta;
E cresce pouco a pouco; e infunde, na alma
Dos que rezam, a fé na força oculta,
Que as agonias desta vida acalma.
“E Jesus ouve a todos, Mamãezinha?”
– Sim, meu amor, e dá remédio a tudo;
Nem só ouve, mas olha e adivinha
Muito martírio inconsolado e mudo.
E em todos verte o bálsamo divino,
Que conforta, e alivia, e dá esperança,
Como o frescor de um veio cristalino,
Em cujo espelho o nosso olhar descansa.
Escuta a voz de tudo o que tem vida,
Desde o animal à planta mais obscura,
E, onde pressente incógnita ferida,
Seus olhos pousa com maior ternura.
É por isso que a gente em graça ou pena,
Flutuando em gozo, ou se afogando em mágoa,
Eleva, crente, à vastidão serena
Do céu, os mesmos olhos rasos d’água.
Para falar a Deus, nos vossos beijos
Meus lábios muita vez perfumo e adoço;
E, ouço em torno de mim santos adejos,
Quando comigo murmurais: “Pai Nosso!”
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