Carta – Júlia Lopes de Almeida

Júlia Lopes de Almeida

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Natal. 9 de janeiro
Minha boa Olímpia
Depois que partiste, quem administra os meus estudos é a nossa querida irmã Alice.

Em obediência ao bom regime estabelecido em casa de mamãe, continuo a levantar-me às seis horas da manhã. Depois de tomar o meu banho frio e de arrumar o meu quarto, visto-me, almoço e saio para o colégio; antes de sair, porém, examino sempre a bolsa, verificando se está tudo em ordem.

Por isso levo sempre bem acondicionados os livros, os cadernos, o lápis, a pena, a tesoura, a borracha e a merenda. Os bons exemplos que recebi de ti Alice fazem-me cuidadosa e previdente. Percebo que nossos pais estão satisfeitos comigo, e isso basta para fazer a minha felicidade!

Vou sempre muito contente para a escola e sei o por quê! É porque levo as minhas lições bem sabidas e considero a minha professora como uma amiga a quem minha presença vai dar prazer.

E como é paciente a minha professora! Também por isso todos nós lá no colégio a amamos muito. Às vezes é certo que a fazemos exasperar-se… há crianças tão endiabradas! Com a sua voz já enrouquecida, ela grita, zanga-se, mas… nunca a sua mão ameaçou ninguém nem de um beliscão! A verdade é que bem os merecemos às vezes! Também, quando ela faz uma preleção, é tal o nosso silêncio que, ao terminá-la, ela olha para a gente com um daqueles sorrisos que parecem dizer: obrigada!

Tive hoje excelentes notas em todas as matérias, e por isso voltei radiante para casa, e foi com imenso júbilo que beijei a nossa adorada mãe.

Escrevo-te às sete horas da noite; vou fechar esta carta para estudar um pouco, bem sabes que tenho ordem de ir para a cama às oito horas. A este método inalterável que tenho para tudo, é que devo o ter tão boa saúde e tanto sossego, é ainda devido a ele que posso dizer: empreguei bem o meu dia, estudei, brinquei e vou adormecer com a consciência tranqüila.

Boa noite, minha querida irmã.
Tua Isaura

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