Teatro Medieval

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O teatro medieval é, como o antigo, de origem religiosa; apenas a religião é outra.

Os enredos são tirados da história bíblica.

As ocasiões de representação são as festas do ano litúrgico.

No século XII, Jean Bodel é o autor do ”Jogo de Adam” e do ”Jogo de Saint Nicolas”.

O palco é a praça central da cidade.

Toda a população participa dele. Mas no palco também já se encontram os elementos cenográficos que, mais tarde, constituirão o “teatro de ilusão” moderno.

O valor literário das peças é muito desigual: entre cenas de lirismo religioso e humorismo popular (cenas do diabo e dos judeus) encontram-se longos trechos didáticos e declamatórios.

No final da idade média e no começo do século XVI aparecem na Península Ibérica dois grandes dramaturgos que, sem sair da técnica teatral medieval, enchem-na de idéias novas, em parte já humanistas e renascentistas.

La Celestina, de Fernando Rojas (?-1541), é antes um romance dialogado; obra de influência imensa na Europa de então. As peças de Gil Vicente guardam o caráter de representação para determinadas ocasiões, litúrgicas, palacianas e populares.

Fonte: www.milvezesteatro.hpg.ig.com.br

Teatro Medieval

Os teatros anteriormente eram de madeira; depois, de mármore e alvenaria. Com o triunfo do cristianismo, são fechados até o século X.

Teatro Religioso

Durante a Idade Média, entre os séculos V ao XV, a Igreja Católica detém grande poder político e econômico e exerce um forte controle sobre a produção científica e cultural. Essa ligação da cultura medieval com o catolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes. Em todas as áreas, muitas obras são anônimas ou coletivas.

É marcante do século X ao início do século XV e tem grande influência no século XVI. A princípio são encenados dramas litúrgicos em latim, escritos e representados por membros do clero. Os fiéis participam como figurantes e, mais tarde, como atores e misturam ao latim a língua falada no país.

As peças, sobre o ciclo da Páscoa ou da Paixão, são longas, podendo durar vários dias.

A partir dos dramas religiosos, formam-se grupos semiprofissionais e leigos, que se apresentam na rua. Os temas ainda são religiosos, mas o texto tem tom popular e inclui situações tiradas do cotidiano.

Na França, os jeux (jogos) contam histórias bíblicas.

A proibição dos mistérios pela Igreja, em 1548 já na idade moderna, tenta pôr fim à mistura abusiva do litúrgico e do profano. Essa medida consolida o teatro popular.

Os grupos se profissionalizam e dois gêneros se fixam: as comédias bufas, chamadas de soties (tolices), com intenções políticas ou sociais; e a farsa, como a de Mestre Pathelin, que satiriza o cotidiano. Seus personagens estereotipados e a forma como são ironizados os acontecimentos do dia-a-dia reaparecem no vaudeville, que no século XVII será apresentado nos teatros de feira.

Mestre Pathelin foi um dos personagens que marcaram época nas farsas teatrais. Portava-se como sendo o mais esperto dos mortais, e tocava sua vida sempre ao sabor de puxar o tapete de alguém. Desde que, levasse qualquer vantagem, lá estava ele, pronto para dar uma rasteira em um amigo, cliente ou desprevenido.

Conta-se que certa vez defendeu um pastor que estava sendo acusado de furtar ovelhas de seu patrão. Pathelin instruiu o pastorzinho, a responder com balidos, às perguntas do magistrado. E assim foi.

A cada pergunta um balido como resposta. Após algum tempo de interrogatório, cansado de tantos balidos, o magistrado deu por fim ao procedimento e absolveu o pastor por entender que se tratava de um portador de deficiência mental.

No dia seguinte, Pathelin dirigiu-se à casa do pastor para receber seus honorários, e para sua surpresa, foi recebido com balidos pelo cliente que acabara de absolver. Por mais que tentasse se fazer entender que ali estava para receber os honorários, nada conseguia. Obtinha como resposta, os mesmo balidos que no dia anterior havia ensinado ao pastor. Depois de algumas horas, cansado, desistiu e foi-se embora sem receber qualquer centavo.

Espaço cênico medieval

O interior das igrejas é usado inicialmente como teatro. Quando as peças tornam-se mais elaboradas e exigem mais espaço, passam para a praça em frente à igreja. Palcos largos dão credibilidade aos cenários extremamente simples. Uma porta simboliza a cidade; uma pequena elevação, uma montanha; uma boca de dragão, à esquerda, indica o inferno; e uma elevação, à direita, o paraíso. Surgem grupos populares que improvisam o palco em carroças e se deslocam de uma praça a outra.

É marcante do século X ao início do século XV e tem grande influência no século XVI. A princípio são encenados dramas litúrgicos em latim, escritos e representados por membros do clero. Os fiéis participam como figurantes e, mais tarde, como atores e misturam ao latim a língua falada no país. As peças, sobre o ciclo da Páscoa ou da Paixão, são longas, podendo durar vários dias. A partir dos dramas religiosos, formam-se grupos semiprofissionais e leigos, que se apresentam na rua. Os temas ainda são religiosos, mas o texto tem tom popular e inclui situações tiradas do cotidiano.

Na França, os jeux (jogos) contam histórias bíblicas. A proibição dos mistérios pela Igreja, em 1548 já na idade moderna, tenta pôr fim à mistura abusiva do litúrgico e do profano. Essa medida consolida o teatro popular.

Os grupos se profissionalizam e dois gêneros se fixam: as comédias bufas, chamadas de soties (tolices), com intenções políticas ou sociais; e a farsa, como a de Mestre Pathelin, que satiriza o cotidiano. Seus personagens estereotipados e a forma como são ironizados os acontecimentos do dia-a-dia reaparecem no vaudeville, que no século XVII será apresentado nos teatros de feira.

Autores medievais

No século XII, Jean Bodel é o autor do ”Jogo de Adam” e do ”Jogo de Saint Nicolas”. Os miracles (milagres), como o de ”Notre-Dame” (século XV), de Théophile Rutebeuf, contam a vida dos santos. E, nos mistérios, como o da ”Paixão” (1450), de Arnoul Gréban, temas religiosos e profanos se misturam.

A comédia é profana, entremeada de canções.

”O Jogo de Robin et de Marion” (1272), de Adam de la Halle, é um dos precursores da ópera cômica.

Teatro medieval

Apesar de o teatro escrito no modelo greco-romano estar vetado pela Igreja Católica, a manifestação teatral sobrevive no início do período medieval com as companhias itinerantes de acrobatas, jograis e menestréis.

A partir do século X, a Igreja o adapta à pregação católica e às cerimônias religiosas. Dramas litúrgicos são encenados pelo clero dentro das igrejas. Depois desenvolvem-se outras formas, como Milagres (sobre a vida dos santos), Mistérios (discutem a fé e misturam temas religiosos com profanos) e Moralidades (questionam comportamentos). As encenações passam a ser ao ar livre por volta do século XII e chegam a durar vários dias.

Aos poucos, os espectadores assumem papéis de atores, conferindo às apresentações um tom popular. Há intensa atividade teatral na Itália, França, Espanha, Alemanha e Inglaterra. Uma das primeiras obras independentes da liturgia é a francesa Le Jeu d’Adam (1170). Nessa época, em geral, os textos são anônimos.

No século XIII, surgem os autos na Espanha, peças alegóricas que tratam de temas religiosos em palcos provisórios.

A proibição pela Igreja de misturar temas religiosos e profanos – processo que se consolida no fim do século XIV – tem como efeito o surgimento das comédias medievais totalmente profanas, entremeadas de canções.

Esses textos ainda são anônimos.

Na França, a primeira sala permanente de teatro é aberta em Paris, no início do século XV.

A primeira companhia profissional da Inglaterra surge em 1493.

O teatro medieval foi marcante do século X ao início do século XV e teve grande influência no século XVI.

Fonte: liriah.teatro.vilabol.uol.com.br

Teatro Medieval

Durante a Idade Média, que vai desde a queda do Império Romano do Ocidente, em 395, até à queda do Império Romano do Oriente, em 1453, o teatro quase desapareceu na Europa. Os únicos vestígios eram espetáculos de rua em que indivíduos faziam palhaçadas, utilizavam mímica e pantominas. Isto até ao seu ressurgimento a partir da liturgia da Igreja.

No entanto, quer em Portugal, quer em Espanha, mesmo o teatro litúrgico parece não se ter desenvolvido muito. Pelo menos, não há nenhum documento que prove a existência deste tipo de teatro, daí que se afirme a inexistência de teatro religioso na Península Ibérica. No entanto, surgiram nessa altura documentos de proibição, que impediam a realização deste tipo de representações. Mas proibia-se o quê, se o teatro litúrgico não existia na Península Ibérica? Aí está um mistério que ninguém conseguiu resolver, portanto cada um que tire as suas conclusões. Mas este fato enfraquece um pouco a certeza de nunca ter existido teatro religioso na Península.

Aqui, o teatro ter-se-á limitado a esboços, pequenas farsas chocarreiras. Algumas delas chegaram a ser representadas para senhores laicos. Um exemplo é um documento firmado por D. Sancho I, em 1193, em que fazia doações aos arremedadores Bonanimis e Acompaniado, em troca de um arremedilho que estes lhe compunham. Pouco se sabe sobre estas representações em Portugal, para além de serem imitações de animais e pessoas. Não é sequer certo que tivessem como base um texto escrito.

A maior parte da informação de como era o teatro na época medieval provém sobretudo dos países da Europa culturalmente mais desenvolvidos, onde o teatro conseguiu ganhar importância e daí espalhar-se para outros países vizinhos.

É de notar que só os homens é que podiam representar teatro, uma mulher na representação seria um escândalo. Em peças onde havia personagens femininas, eram homens vestidos e disfarçados que as representavam.

Formas Rudimentares de Teatro na Idade Medieval

O primeiro esboço de teatro dos princípios do séc. XI era o espetáculo do trovador. Este criava versos e era geralmente acompanhado por um jogral que tocava um instrumento e os declamava. Mas o jogral, com o passar do tempo, foi descendo na consideração das pessoas, devido à prática de uma vida nómada pouco regrada, e formou-se uma categoria com estes artistas e outros semelhantes, que realizavam geralmente espetáculos populares apalhaçados, principalmente constituídos por pantominas.

Para além dos jograis, havia ainda:

Arremedadores: Que se especializavam em imitações;
Cazurros:
Uns charlatães que eram acompanhados por bonifrates, cabritos, macacos ou cães;
Esgrimidores:
Jograis que usavam paus e espadas;
Frasechadores:
Uma espécie de ilusionistas;
Nigromantes:
Pessoas que faziam aparecer fantasmas;
Titeriteiros:
Homens que representavam com bonifrates;
Mascarados:
Disfarçados de outras pessoas ou animais.

Acima de todos estes havia a categoria mais nobre, que não se quis misturar com estes artistas de baixa classe, constituída pelos trovadores, já citados, que era muito mais disciplinada e bem-educada.

Apesar das suas representações estarem longe de poderem ser consideradas realmente teatro, agradavam muito como espetáculo ao povo, e ocasionalmente aos nobres, quando os convidavam para representar nos seus castelos. Foi a partir delas que mais tarde se elaboraram formas dramáticas mais complexas, quer religiosas, quer profanas.

Teatro Religioso

Como já foi dito, não há nenhum documento que prove a existência de teatro religioso em Portugal, mas sabe-se que, nas igrejas, pelo Natal e pela Páscoa, se realizavam “autos” ou “jogos”, que se ignora em que consistiam. As únicas provas de como era este tipo de teatro provêm dos países onde ocorreu um grande arranque cultural, como a Inglaterra, França e outras nações europeias.

Dentro do teatro religioso existiam espetáculos que eram representados mesmo dentro das Igrejas, como os mistérios, os milagres e as moralidades. Mas também existiam uns cânticos, as laudes que não utilizavam o recinto dos templos.

Embora estes géneros de teatro fossem muito mais desenvolvidos do que os primeiros esboços dos jograis, ainda se apoiavam muito mais na linguagem gestual do que na verbal (salvo as moralidades) e, nos primeiros tempos, eram representados por membros do clero que usavam como veículo de expressão o latim. Os fiéis, se participavam, era como figurantes. Mas, pouco a pouco, a situação foi-se modificando, os atores passaram a ser gente do povo, o local de representação deixou de ser a igreja e a língua usada passou a ser a do país.

Vamos então ver em consistia cada um destes géneros:

As laudes

Este género de teatro religioso distingue-se de todos os outros por não ser inicialmente representado num palco, mas sim nas ruas, caminhos e campos, por onde o povo e os frades caminhavam.

As laudes derivam dos “tropos”: diálogos, cânticos e rituais que eram realizados alternadamente entre o padre, o povo, e o coro nas missas nas Igrejas. Só que as laudes eram feitas sob a forma de procissão (uma espécie dos atuais romeirinhos) ou eram declamadas, dialogadas e recitadas em degraus, pórticos e outeiros.

As laudes eram cânticos de louvor cujos principais temas eram as narrações dos Evangelhos que iam desde o Natal até à Paixão. Num estado mais avançado, chegaram a ter acompanhamento musical e até caracterização dos atores, e trocaram os seus locais de representação normais por palcos.

Os mistérios (também chamados dramas litúrgicos)

Esta representações tinham como tema principal as festividades religiosas descritas nas Sagradas Escrituras (Bíblia). O Natal, a Paixão e a Ressurreição, na Páscoa, eram alguns dos episódios mais frequentemente representados. Às vezes, especialmente em Inglaterra, estas representações duravam vários dias.

Eram constituídas por quadros mais ou menos soltos e, numa fase mais avançada, cada um deles era representado por uma corporação, fazendo num dia, os armeiros, por exemplo, a expulsão do Paraíso (a espada flamejante); noutro, os padeiros a última ceia; noutro, os pescadores e os marinheiros dramatizavam o dilúvio; e por aí adiante, se bem que a ordem das cenas começasse por ser um pouco desorganizada, e não fosse como consta na Bíblia. Só mais tarde é que se começou a ordená-las devidamente.

Mais tarde, no início da Idade Moderna, a abusiva mistura do litúrgico e do profano levou a Igreja a proibir os mistérios.

Os milagres

Estas representações retratavam a vida dos servos de Deus (a Virgem, os Santos…) e nelas, por vezes, apareciam as pessoas a quem os Santos ajudavam. Mas não se ficavam só por aqueles que eram citados nos Livros Sagrados, também podiam referir-se a personagens da época, o que constituía grande interesse para o público.

Com o decorrer do tempo os milagres (ao contrário dos mistérios e das moralidades) não sofreram alterações e, quer o conteúdo, quer a forma de os representar mantiveram a sua forma original, o que levou ao seu abandono progressivo.

Quem escrevia os mistérios e os milagres não era geralmente um poeta muito dotado, mas ocasionalmente conseguia despertar emoções nas pessoas que observavam a sua peça ou também provocar algumas gargalhadas, embora não pudesse modificar muito a história em que se baseara, pois a Igreja defendia que as Escrituras deviam ser representadas vividamente diante do povo, dando pouca liberdade para inventar. Só muito raramente o autor criava personagens secundárias com as quais podia desenvolver uma ou outra pequena comédia. Por exemplo, inventaram-se discussões entre Noé e a sua mulher ou introduziram-se conversas entre pastores que iam adorar o menino.

As moralidades

As moralidades são representações que se desenvolveram mais tarde do que os mistérios e os milagres. Tal como estes, estavam repletas de ensinamentos cristãos, mas tinham um carácter mais intelectual e, em vez de utilizar as personagens da Bíblia, serviam-se de figuras que personificavam defeitos, virtudes, acontecimentos e ações. Eram personagens alegóricas como, por exemplo, a Luxúria, a Avareza, a Guerra, o Trabalho, o Tempo, o Comércio, a Esperança, etc. ..

As moralidades tinham sempre intenção didáctica, pretendiam transmitir lições morais e religiosas, e até, por vezes, políticas. Por isso, mais do que a mímica e a movimentação, mais do que o espetáculo que apela principalmente à vista, característico dos mistérios e milagres, as palavras são o mais importante.

As lições que delas se tiravam eram sempre edificantes, elas mostravam os bons exemplos que se deviam seguir, e só muito raramente continham sátiras ou pretendiam levantar polémicas.

A moralidade pode ser considerada um grande passo em direção ao teatro moderno, mais do que todos os outros tipos de teatro, pois aqui o autor já pode desenvolver livremente os assuntos, embora mantendo-se dentro do tema principal destas representações: a luta entre o Bem e o Mal existente na alma humana.

Tem mesmo oportunidade de analisar qualidades e defeitos e de dar relevo a determinadas características psicológicas das figuras. Pode por isso dizer-se que as moralidades, tendo começado como teatro religioso, vieram contribuir para a futura separação entre o teatro e a Igreja e para o nascimento do teatro popular profano.

É ainda de salientar que as moralidades foram aproveitadas pelos escritores dramáticos do Renascimento, embora algo modificadas.

Foi quando se trocaram os recintos da igreja pelas ruas e mercados e se deixou de usar o latim em favor da língua vernácula que a emancipação do teatro começou. O progresso dramático está muito ligado ao desenvolvimento das feiras, ao aumento da riqueza, ao aparecimento da burguesia e das corporações.

Pouco a pouco, o teatro foi perdendo a sua ligação com a Igreja e com o clero, não sem resistência deste. Inicialmente eram clérigos os atores e os autores das dramatizações, mas, como já vimos nos grandes ciclos de mistérios, as corporações passaram a encarregar-se das representações, ficando o clero apenas com o papel de dramaturgo. Mas até esse acabou por perder com o correr do tempo.

O próprio teatro religioso foi perdendo importância, cedendo lugar ao teatro profano, que teve origem nos próprios géneros litúrgicos, que foram sofrendo alterações e desenvolvimentos. Este agradava mais aos escritores, visto que não havia qualquer tipo de restrições para a imaginação, e também ao público, que, a partir do Renascimento se foi progressivamente descentrando das relações do homem com Deus e se preocupou mais com o homem em si mesmo.

Teatro Profano

Durante a Idade Média, além do teatro religioso, existiu um teatro profano incipiente, mas, tal como para o primeiro, também há poucas fontes escritas que o comprovem. No entanto, podemos afirmar que nas praças públicas e na Corte havia uma tradição espetacular laica, cujos atores e autores eram os jograis.

Estes realizavam espetáculos populares de praça e representações na Corte: de manhã, para a plebe, depois do sol-posto, para os nobres.

Os principais géneros eram o sermão burlesco, a sottie, a farsa, o arremedilho (?) e o momo.

Os Sermões burlescos

Eram monólogos breves recitados por atores ou jograis mascarados com vestes sacerdotais.

As Sotties (de “sot” – parvo ou bobo)

Eram cenas representadas por “parvos”, truões ou bobos, simbólicos de tipos ou instituições sociais. Eram breves, de sátira construtiva, geralmente de índole política. Às vezes os tipos tinham autenticidade e eram até psicologicamente bem observados.

As Farsas

Eram também sátiras mas, sobretudo a partir do séc. XV, diferentes das sotties, porque não tinham intentos políticos.

Só pretendiam representar os defeitos, as fraquezas, os acontecimentos cómicos da vida das pessoas e rir-se deles despreocupadamente, de um modo grosseiro até.

Histórias de clérigos e feiras eram muitas vezes aproveitadas para pequenas farsas.

Utilizavam o exagero para suscitar o riso e caracterizavam-se por um livre jogo de ideias satíricas, por elementos burlescos e intensidade de ação.

Eram espetáculos cem por cento populares: eram as massas que nele participavam. No entanto, encontramos no “Cancioneiro Geral” de Garcia de Resende (uma compilação de poesias palacianas feita em 1516), uma paródia versificada de um caso judicial – “O processo de Vasco Abul”, de Anrique da Mota – que é o esboço de uma farsa e se sabe que foi representada por Gil Vicente.

Os Arremedilhos

Pensa-se que eram farsas em miniatura, com música e com um texto cuja recitação era feita por um par de atores. Mas também podem ter sido simples “imitações burlescas” feitas por jograis remedadores, isto é, por bobos cuja especialidade era ridicularizar macaqueando o aspecto das pessoas. Se assim foi, não se trata ainda de teatro, pois não havia um texto de suporte às representações.

Os Momos e Entremezes

Numa primeira acepção, em Portugal, momo designava uma máscara e também um homem mascarado; mais tarde, no século XV, passou a indicar uma representação feita por homens mascarados. D. João II, por exemplo, foi o ator principal de momos, em Évora, em 1490.

Os momos enquadram-se nas mascaradas medievais que, por toda a Europa se desenvolveram ligadas a Momos, personificação mitológica do escárnio e da reprovação. Por vezes os atores mascaravam-se de animais. Em Portugal, o gosto pelos momos desenvolveu-se talvez por influência francesa.

Nos séculos XV e XVI ganharam atualidade ao inserirem-se nas paisagens de aventura em que os portugueses andavam nessas épocas: África, Índia, Brasil. Os temas eram inspirados em romances ou poemas e, neles, dragões, homens, gigantes e demónios significavam a luta do homem medieval contra o mal e o triunfo do homem moderno sobre os elementos.

Os textos eram reduzidos: desafios, mensagens recitadas ou entregues escritas a determinados destinatários.

No tempo de D. João II, os momos e entremezes eram autênticas paradas de fantasiados. A empresa marítima portuguesa habituou os portugueses à “faustosa moldura espetacular”. Daí que o momo fosse, em Portugal, mais do que um divertimento.

Era o espelho do tempo, um reflexo das gigantescas mascaradas que quase todos os dias deslumbravam o povo: o espetáculo de D. Manuel I deslizando no rio Tejo numa fragata forrada de damascos a sedas; a embaixada de 1515 ao Papa Leão X, que embasbacou os próprios romanos; os cortejos do rei pela cidade, um deles aberto por um rinoceronte, cinco elefantes e um cavalo de Ormuz montado por um cavaleiro persa que transportava um tigre…

É esta matéria já em si espetacular que irá dar origem ao teatro português quando trabalhada pelo génio de Gil Vicente.

Os Trovadores

Além de todas estas manifestações já de certo modo dramáticas, havia, especialmente na Corte, como já foi dito, as recitações de poesias pelos trovadores, acompanhadas ou não de música. Os temas foram variando ao longo dos tempos, e, em Portugal, foram desde as canções que celebravam grandes feitos guerreiros, passaram pelas cantigas de amor e de amigo e continuaram com a poesia palaciana, depois compilada no “Cancioneiro Geral”. Se não constituíam verdadeiramente espetáculos de teatro, implicavam, no entanto, uma encenação, um ator/cantor e um público.

Mas nelas o texto era mais importante do que todo o resto e esse viria a ser também um fator decisivo na criação do teatro: a construção de um texto, poético ou não, de qualidade.

Fonte: members.fortunecity.com

Teatro Medieval

Na Idade Média, muito embora a Igreja houvesse proibido os espetáculos profanos, estes não perderam sua força e eram realizados dentro dos castelos feudais. Por serem clandestinos, sua documentação é mínima.

Quanto aos espetáculos públicos, justamente por ter a Igreja adquirido o monopólio sobre a Educação e a Cultura, cantores e comediantes começaram a apresentar-se nos mesmos círculos surgindo, então, a figura do Menestrel. Este, além de poeta e cantor, era músico, dançarino, dramaturgo, palhaço e acrobata.

Cantava romances, cantigas de gesta épicas ou míticas.

A mais célebre das canções de gesta (séculos XI e XIV) é A Canção de Rolando, ligada aos ciclos das aventuras de Carlos Magno e seus doze pares. Os dois poemas heróicos Gesta de Guilherme de Orange e A Canção de Jerusalém celebram os grandes feitos das Cruzadas.

Os primeiros romances foram escritos em versos e eram lidos pelas damas solitárias com os olhos marejados de lágrimas enquanto aguardavam a volta de seus esposos guerreiros. O mais célebre é Tristão e Isolda.

Os menestréis como ocorreu com os cantores da Corte nos séculos VIII e IX, acabaram por sofrer a hostilidade do clero, e a partir dessa época se tornaram errantes e vagabundos, passando a procurar seu público nas estradas e feiras, percorrendo pequenas cidades e vilas. Nasceu então o Teatro Ambulante, onde, por muitas vezes, as marionetes substituíam os atores.

A Igreja passou a obrigar os que festejavam as datas católicas a apresentarem peças onde os Pecados Capitais apareciam sob a forma de demônios horrendos. Isso fazia com que o teatro se tornasse apavorante, com traços rústicos de tragédia, comédia e farsa. Como os espetáculos se confundiam algumas vezes com os ofícios religiosos, suas representações eram realizadas no pórtico ou dentro das igrejas.

Os Autos Sacramentais que passaram a imperar eram montados em carroções, com complicados cenários cuja finalidade era proporcionar a ilusão dos milagres e aparições dos diabos e dos santos. A encenação era feita de forma simultânea e os cenários colocados uns ao lado dos outros.

Em uma das obras de Gustavo Cohen há um documento que conta que, em 1501 para a representação do Auto do Mistério da Paixão em Mons, n a Bélgica, foram armados sobre cavaletes portáteis de uns quarenta metros de comprimento um “Paraíso Terrestre” com árvores verdadeiras e uma goela de inferno com chamas reais onde aparecia um grotesco Lúcifer acorrentado. Nessa mesma época, os trajes passaram a ser luxuosos e riquíssimos.

Ainda hoje encontramos remanescentes desse teatro: as encenações da Paixão de Cristo apresentadas em Oberarmegau, na Baviera (Alemanha) e em Nova Jerusalém, em Pernambuco (Brasil).

O valor literário e cênico das peças era bastante desigual, mas ao mesmo tempo havia uma estranha semelhança entre os mystéres franceses e os mistérios alemães. Somente as peças inglesas dessa época podem ser consideradas como superiores, antecipando o aparecimento do Teatro Elisabetano. A apresentação pública , contudo, estimulava muito mais o comparecimento do povo, e o drama religioso tendia a se fundir com os temas profanos.

No final da Idade Média e no começo do século XVI surgiram dois dramaturgos que, sem abandonar a técnica medieval, introduziram idéias que mesclavam o humanismo e o renascimento: Fernando de Rojas e Gil Vicente.

Dramaturgos

Fernando de Rojas (1470-1541): Espanhol, de origem judaica – Peças teatrais: La Celestina, Comédia de Calisto y Melibea..
Gil Vicente (1465-1536):
Considerado o fundador do teatro português – Deixou aproximadamente 44 Peças Teatrais (17 em português, 11 em castelhano e 16 bilingües).
1502 a 1507: Temas pastoris e religiosos
: Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação, Auto Pastoril Castelhano, Auto dos Reis Magos, Auto de São Martinho.
1508 a 1515: Temas patrióticos e crítica social
: Quem Tem Farelos?, Auto da Índia, Auto da Alma, Auto da Fé, O Velho da Horta, Auto das Fadas, Exaltação à Guerra, Comédia do Viúvo.
1516 a 1536: Temas mitológicos e sátiras
: Auto da Fama, Auto da Barca do Inferno, Auto da Barca do Purgatório, Auto da Barca da Glória,Cortes de Júpiter, Comédia de Rubena, Auto Pastoril Português,Frágua de Amor, Farsa do Juiz da Beira, Farsa do Templo de Apolo, Auto da Nau de Amores, Auto da História de Deus, Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrela, Farsa dos Almocreves, Auto da Luistânia, Romagem dos Agravados, Auto da Cananea, Auto de Mofina Mendes, Farsa de Inês Pereira, Floresta de Enganos.

Fonte: www.lunaeamigos.com.br

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