Teatro Brasileiro

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Século XVI

No início do período colonial, os jesuítas utilizam o teatro para catequizar os índios. O padre José de Anchieta ncena seus autos com os nativos e os primeiros colonos. As peças são faladas em tupi- guarani, português e espanhol.

Século XVII

As apresentações teatrais passam a fazer parte, oficialmente, das comemorações cívicas. O baiano Manuel Botelho de Oliveira, que escreve duas comédias em espanhol inspirado na dramaturgia espanhola, é o primeiro brasileiro a publicar suas peças.

Século XVIII

A partir da segunda metade do século começam a ser construídas as Casas de Ópera, nome que os teatros recebiam na época. Como dramaturgo se destaca Antônio José da Silva, o Judeu. No entanto, por ter vivido em Portugal desde os 8 anos, não é visto como um autor verdadeiramente brasileiro.

Século XIX

A comédia afirma- se como gênero dramatúrgico brasileiro por excelência. Seus maiores representantes no período são Martins Pena, considerado o fundador de nossa comédia de costumes; França Júnior, também um autor de costumes; e Arthur Azevedo. Os escritores românticos Gonçalves Dias e José de Alencar ncursionam pela dramaturgia. Do primeiro, destaca- se o drama Leonor de Mendonça, e, do segundo, O Demônio Familiar.

1838

A tragédia romântica Antônio José, ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães, é a primeira peça de tema nacional escrita por um brasileiro. É levada à cena pelo ator João Caetano

Atores Brasileiros

A companhia pioneira constituída exclusivamente de atores brasileiros é formada em 1833 por João Caetano, tido como o maior intérprete dramático da época.

No Rio de Janeiro da época predominam os atores portugueses, e há constantes visitas de trupes estrangeiras, principalmente francesas e portuguesas. João Caetano é também o primeiro a se preocupar com a transmissão do conhecimento sobre a arte de interpretar, escrevendo suas Lições Dramáticas, nas quais preconiza uma representação mais clássica.

Século XX

A primeira metade do século se caracteriza por um teatro comercial. As companhias são lideradas pelos primeiros atores, que se convertem na principal atração, mais que as peças apresentadas. As exceções acontecem quando um bom dramaturgo, como Oduvaldo Vianna, se alia a grandes intérpretes, como Procópio Ferreira e Dulcina de Moraes. Oduvaldo é ainda o introdutor da prosódia brasileira no teatro, atrelado até então a falas aportuguesadas.

1927

O Teatro de Brinquedo apresenta- se no Rio de Janeiro (RJ) com a peça Adão, Eva e Outros Membros da Família, de Álvaro Moreyra, líder do grupo. Formado por amadores, o grupo propõe um teatro de elite. É o começo da insurreição contra o teatro comercial considerado de baixo nível.

1938

É lançado no Rio de Janeiro (RJ) o Teatro do Estudante do Brasil, concebido e dirigido por Paschoal Carlos Magno e com um elenco constituído de universitários. A primeira montagem é Romeu e Julieta, de Shakespeare, protagonizada por Paulo Porto e Sônia Oiticica, com direção de Itália Fausta.

1943

Estréia a peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, encenada pelo grupo amador Os Comediantes, do Rio de Janeiro. A direção de Zbigniew Ziembinski – É inaugurado, em São Paulo (SP), o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC); inicialmente uma casa de espetáculos criada para abrigar os trabalhos de grupos amadores.

Dois desses grupos estão à frente da renovação do teatro brasileiro: o Grupo de Teatro Experimental (GTE), de Alfredo Mesquita, e o Grupo Universitário de Teatro (GUT), de Décio de Almeida Prado. No ano seguinte, o TBC se profissionaliza, com a contratação de atores e do diretor italiano Adolfo Celi. Um repertório eclético, constituído de grandes textos clássicos e modernos, além de comédias de bom nível, torna- se a tônica dessa companhia, que, liderada por Franco Zampari em seu período áureo, marca uma das mais importantes fases do teatro brasileiro.

O TBC encerra suas atividades em 1964. Outras companhias se formam nos seus moldes: o Teatro Popular de Arte, de Maria Della Costa, a Cia. Nydia Lícia- Sérgio Cardoso o Teatro Cacilda Becker a Cia. Tônia- Celi- Autran.

Alfredo Mesquita funda a Escola de Arte Dramática (EAD) em São Paulo (SP), um dos principais centros de formação de atores.

1953

Fundação do Teatro de Arena de São Paulo, por José Renato. A princípio apenas uma tentativa de inovação espacial, acaba sendo responsável pela introdução de elementos renovadores na dramaturgia e na encenação brasileiras. A montagem de Eles Não Usam Black- Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958, introduz a luta de classes como temática. Sob a liderança de Augusto Boal, o Arena forma novos autores e adapta textos clássicos para que mostrem a realidade brasileira. Chega à implantação do sistema curinga, no qual desaparece a noção de protagonista, em trabalhos como Arena Conta Zumbi (1965) e Arena Conta Tiradentes (1967), que fazem uma revisão histórica nacional. O Arena termina em 1970.

1958

Zé Celso, Renato Borghi, Carlos Queiroz Telles e Amir Haddad, entre outros, fundam um grupo amador – chamado Teatro Oficina – na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo (SP). Seus integrantes passam por uma fase stanislavskiana (interpretação realista criada pelo dramaturgo russo Stanislavski, orientada por Eugênio Kusnet. A peça mais importante desse período é Os Pequenos Burgueses (1963), de Maxim Gorki. Logo após a antológica montagem de O Rei da Vela (1967), de Oswald de Andrade o grupo evolui para uma fase brechtiana (interpretação distanciada desenvolvida pelo alemão Bertolt Brecht) com Galileu Galilei (1968) e Na Selva das Cidades (1969), sempre sob a direção artística de José Celso. Com a obra coletiva Gracias Señor, inicia- se a chamada fase irracionalista do Oficina. Uma nova relação com o espaço e com o público reflete as profundas mudanças pelas quais o grupo passa. Essa fase se encerra com As Três Irmãs (1973), de Tchecov.

Década de 60 – Uma vigorosa geração de dramaturgos irrompe na cena brasileira nessa década. Entre eles destacam- se Plínio Marcos, Antônio Bivar, Leilah Assumpção, Consuelo de Castro e José Vicente.

1964

O grupo Opinião entra em atividade no Rio de Janeiro, adaptando shows musicais para o palco e desenvolvendo um trabalho teatral de caráter político.

Responsável pelo lançamento de Zé Keti e Maria Bethânia, realiza a montagem da peça Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Oduvaldo Vianna Filhoe Ferreira Gullar.

1968

Estréia Cemitério de Automóveis, de Arrabal. Este espetáculo e O Balcão, de Genet, ambos dirigidos por Victor Garcia e produzidos por Ruth Escobar, marcam o ingresso do teatro brasileiro numa fase de ousadias cênicas, tanto espaciais quanto temáticas.

Década de 70

Com o acirramento da atuação da censura, a dramaturgia passa a se expressar por meio de metáforas. Apesar disso, Fauzi Arap escreve peças que refletem sobre o teatro, as opções alternativas de vida e a homossexualidade. Surgem diversos grupos teatrais formados por jovens atores e diretores. No Rio de Janeiro destacam- se o Asdrúbal Trouxe o Trombone, cujo espetáculo Trate- me Leão retrata toda uma geração de classe média, e o Pessoal do Despertar, que adota esse nome após a encenação de O Despertar da Primavera, de Wedekind. Em São Paulo surgem a Royal Bexiga’s Company, com a criação coletiva O Que Você Vai Ser Quando Crescer; o Pessoal do Vítor, saído da EAD, com a peça Vítor, ou As Crianças no Poder, de Roger Vitrac; o Pod Minoga, constituído por alunos de Naum Alves de Souza, que se lançam profissionalmente com a montagem coletiva Follias Bíblicas, em 1977; o Mambembe, nascido sob a liderança de Carlos Alberto Soffredini, de quem representam Vem Buscar- me Que Ainda Sou Teu; e o Teatro do Ornitorrinco, de Cacá Rosset e Luís Roberto Galizia, que inicia sua carreira nos porões do Oficina, em espetáculos como Os Mais Fortes e Ornitorrinco Canta Brecht- Weill, de 1977.

1974

Após a invasão do Teatro Oficina pela polícia, Zé Celso parte para o auto- exílio em Portugal e Moçambique. Regressa ao Brasil em 1978, dando início a uma nova fase do Oficina, que passa a se chamar Uzyna- Uzona.

1978

Estréia de Macunaíma, pelo grupo Pau Brasil, com direção de Antunes Filho. Inaugura- se uma nova linguagem cênica brasileira, em que as imagens têm a mesma força da narrativa. Com esse espetáculo, Antunes Filho começa outra etapa em sua carreira, à frente do Centro de Pesquisas Teatrais (CPT), no qual desenvolve intenso estudo sobre o trabalho do ator.

Grandes montagens suas fazem carreira internacional: Nelson Rodrigues, o Eterno Retorno; Romeu e Julieta, de Shakespeare; Xica da Silva, de Luís Alberto de Abreu; A Hora e a Vez de Augusto Matraga, adaptado de Guimarães Rosa; Nova Velha História; Gilgamesh; Vereda da Salvação, de Jorge Andrade

1979

A censura deixa de ser prévia e volta a ter caráter apenas classificatório. É liberada e encenada no Rio de Janeiro a peça Rasga Coração, de Oduvaldo Vianna Filho, que fora premiada num concurso do Serviço Nacional de Teatro e, em seguida, proibida.

Década de 80

A diversidade é o principal aspecto do teatro dos anos 80. O período se caracteriza pela influência do pós- modernismo movimento marcado pela união da estética tradicional à moderna. O expoente dessa linha é o diretor e dramaturgo Gerald Thomas. Montagens como Carmem com Filtro, Eletra com Creta e Quartett apresentam um apuro técnico inédito. Seus espetáculos dão grande importância à cenografia e à coreografia. Novos grupos teatrais, como o Ponkã, o Boi Voador e o XPTO, também priorizam as linguagens visuais e sonoras. O diretor Ulysses Cruz, da companhia Boi Voador, destaca- se com a montagem de Fragmentos de um Discurso Amoroso, baseado em texto de Roland Barthes. Outros jovens encenadores, como José Possi Neto (De Braços Abertos), Roberto Lage (Meu Tio, o Iauaretê) e Márcio Aurélio (Lua de Cetim), têm seus trabalhos reconhecidos. Cacá Rosset, diretor do Ornitorrinco, consegue fenômeno de público com Ubu, de Alfred Jarry. Na dramaturgia predomina o besteirol – comédia de costumes que explora situações absurdas. O movimento cresce no Rio de Janeiro e tem como principais representantes Miguel Falabella e Vicente Pereira. Em São Paulo surgem nomes como Maria Adelaide Amaral, Flávio de Souza, Alcides Nogueira, Naum Alves de Souza e Mauro Rasi. Trair e Coçar É Só Começar, de Marcos Caruso e Jandira Martini, torna- se um dos grandes sucessos comerciais da década. Luís Alberto de Abreu – que escreve peças como Bella, Ciao e Xica da Silva- é um dos autores com obra de maior fôlego, que atravessa também os anos 90.

1987

A atriz performática Denise Stoklos desponta internacionalmente em carreira solo. O espetáculo Mary Stuart, apresentado em Nova York, nos Estados Unidos, é totalmente concebido por ela. Seu trabalho é chamado de teatro essencial porque utiliza o mínimo de recursos materiais e o máximo dos próprios meios do ator, que são o corpo, a voz e o pensamento.

Década de 90

No campo da encenação, a tendência à visualidade convive com um retorno gradativo à palavra por meio da montagem de clássicos. Dentro dessa linha tem destaque o grupo Tapa, com Vestido de Noiva, de Nélson Rodrigues e A Megera Domada, de William Shakespeare. O experimentalismo continua e alcança sucesso de público e crítica nos espetáculos Paraíso Perdido (1992) e O Livro de Jó (1995), de Antônio Araújo. O diretor realiza uma encenação ritualizada e utiliza- se de espaços cênicos não- convencionais – uma igreja e um hospital, respectivamente. As técnicas circenses também são adotadas por vários grupos. Em 1990 é criado os Parlapatões, Patifes e Paspalhões. A figura do palhaço é usada ao lado da dramaturgia bem- humorada de Hugo Possolo, um dos membros do grupo. Também ganha projeção a arte de brincante do pernambucano Antônio Nóbrega. O ator, músico e bailarino explora o lado lúdico na encenação teatral, empregando músicas e danças regionais.

Outros nomes de destaque são Bia Lessa (Viagem ao Centro da Terra) e Gabriel Villela (A Vida É Sonho). No final da década ganha importância o diretor Sérgio de Carvalho, da Companhia do Latão. Seu grupo realiza um trabalho de pesquisa sobre o teatro dialético de Bertolt Brecht, que resulta nos espetáculos Ensaio sobre o Latão e Santa Joana dos Matadouros.

1993

O diretor Zé Celso reabre o Teatro Oficina, com a montagem de Hamlet, clássico de Shakespeare. Zé Celso opta por uma adaptação que enfoca a situação política, econômica e social do Brasil.

1998

Estréia Doméstica, de Renata Melo, espetáculo que tem forte influência da dança. Essa encenação dá seqüência ao trabalho iniciado em 1994, com Bonita Lampião. Sua obra se fundamenta na elaboração da dramaturgia pelos atores, por meio do estudo do comportamento corporal das personagens.

1999

Antunes Filho apresenta Fragmentos Troianos, baseada em As Troianas, de Eurípedes. Pela primeira vez, o diretor monta uma peça grega. Essa montagem é resultado da reformulação de seu método de interpretação, alicerçado em pesquisas de impostação da voz e postura corporal dos atores.

Fonte: br.geocities.com

Teatro Brasileiro

História

No Brasil, os primeiros contatos com o teatro aconteceram no século XVI, período barroco, início do Brasil colonial, com o padre José de Anchieta. Ele utilizou a arte para catequizar os índios. As peças eram apresentadas pelos próprios índios e faladas em tupi-guarani, português e espanhol. Na Festa de São Lourenço, Pregação Universal , A Santa Inês, Na Vila da Vitória . Mistério de Jesus e O Rico Avarento e o Lázaro Pobre, são alguns textos da dramaturgia de Anchieta.

No século seguinte o teatro brasileiro se diversificou com a introdução de novas peças trazidas da Espanha, além das encenações em língua portuguesa. O baiano Manoel Botelho de Almeida escreveu obras teatrais e Antônio José da Silva, o Judeu, contribui com peças que eram encenadas no Teatro do Padre Ventura, no Rio de Janeiro.

As representações aconteciam principalmente em ocasiões festivas, quando grupos amadores montavam, em praça pública, peças populares, em homenagem às autoridades.

O primeiro ator e dramaturgo a se destacar foi João Caetano. Carioca, nascido em 1808, interpretou clássicos de autores do teatro como Shakespeare e Molière, além de autores brasileiros. Hoje, a sala de teatro do Rio de Janeiro, que anteriormente se chamava de Real Teatro São João, construída em 1810 por determinação do imperador D. João VI, leva o nome de João Caetano, em homenagem ao dramaturgo.

Os circos brasileiros mais antigos organizaram-se na segunda metade do século XVIII. Em 1828, Manuel Antônio da Silva apresentou um espetáculo de dança sobre um cavalo a galope em uma residência particular.

Outra fase do teatro brasileiro acontece com o Romantismo, com ênfase a literatura cotidiana e histórica do país. Dessa época destacaram-se Gonçalves de Magalhães, Martins Pena, Leonor de Mendonça, Castro Alves e Joaquim Manuel de Macedo.

Em meados do século XIX, autores como Machado de Assis e Aluisio de Azevedo introduzem o Realismo através da literatura recheada de humor e sarcasmo que criticava as elites brasileiras.

No teatro, destacou-se o escritor Arthur de Azevedo que escreveu peças relacionadas às questões político-sociais do país. Entre as quais A Capital Federal e O Mambembe , até hoje montadas em nossos teatros.

Já no final do século XIX, teve início a construção dos grandes teatros brasileiros como o Teatro Amazonas (1896), o Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1909) e o Theatro Municipal de São Paulo (1911). As edificações foram inspiradas na Ópera de Paris. Nesses locais, em princípio, encenavam-se obras eruditas, óperas, orquestras, apresentações de grupos e artistas estrangeiros. Hoje esses teatros recebem todo tipo de espetáculos, do clássico ao regional.

Na década de 40, atores do leste europeu refugiaram-se no Brasil, introduzindo o método de Stanislávski no Teatro Oficina, no Rio de Janeiro. A montagem de Ziembinski, para Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, em 1943, transformou o papel do diretor de teatro no Brasil e a obra revolucionou a dramaturgia brasileira.

Em 1948, o italiano Franco Zampari fundou o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em São Paulo, transformando um casarão em teatro, com 365 lugares e equipamento de luz. Contratou técnicos da Europa, diretores, cenógrafos e iluminadores que ensinaram e formaram profissionais no Brasil.

As questões sociais passaram a ser discutidas nas peças brasileiras nos anos 50. Nelson Rodrigues despertou polêmica com peças consideradas escandalosas.

Ariano Suassuna inovou o teatro regionalista.

Nesse período diversas companhias se formam como o Teatro Popular de Arte, de Maria Della Costa; a Cia. Nydia Lícia-Sérgio Cardoso; o Teatro Cacilda Becker e a Companhia Tônia-Celi-Autran. Alfredo Mesquita funda também nesse período a Escola de Arte Dramática (EAD) em São Paulo.

O Teatro de Arena foi fundado em na década de 50 em São Paulo. Novos elementos na dramaturgia brasileira são utilizados, destacando as montagens de peças como Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Sob a liderança de Augusto Boal, o Arena forma novos autores e adapta textos clássicos para que mostrem a realidade brasileira. Nesta fase o teatro brasileiro implantou o sistema curinga, no qual desapareceu a noção de protagonista, em trabalhos como Arena Conta Zumbi (1965) e Arena Conta Tiradentes (1967), que abordavam acontecimentos históricos nacionais. O Arena fechou suas portas em 1970 com o regime militar.

A censura imposta pelo novo regime obrigou os atores a encontrarem uma linguagem que driblasse as proibições. Com isso apareceram grupos irreverentes que se expressavam por meio de metáforas.

O dramaturgo Fauzi Arap escreveu peças sobre a homossexualidade. Outros grupos surgem, na mesma época, formados por jovens atores e diretores.

No Rio de Janeiro destaca-se Asdrúbal Trouxe o Trombone, cujo espetáculo Trate-me Leão retratava a geração de classe média carioca.

Em São Paulo surge a Royal Bexiga’s Company e o grupo Pod Minoga, formado por alunos de Naum Alves de Souza, com a montagem coletiva Follias Bíblicas, em 1977.

Em 1979 a censura perde a força e algumas peças proibidas nesse período são liberadas. A montagem de Rasga Coração , de Oduvaldo Vianna Filho, teve estréia nacional, no dia 21 de setembro do mesmo ano, no Guairinha.

Na década de 80 o teatro sofreu influência do pós-modernismo, tendo como expoente o dramaturgo Gerald Thomas. Montagens como Carmem com Filtro, Electra com Creta e Quartett apresentavam ironias sofisticadas e concepções ousadas.

Já na década de 90 as encenações mostraram tendências à visualidade e o retorno gradativo à palavra, por meio de montagens de textos clássicos.

O experimentalismo alcança sucesso de público e crítica nos espetáculos Paraíso Perdido (1992) e O Livro de Jó (1995), de Antônio Araújo, encenadas em um hospital e uma igreja. A técnica circense também é adotada por vários grupos da época.

Atualmente o teatro alternativo é considerado uma quarta forma de encenação porque ocupa espaços pouco usuais como galpões, banheiros públicos, cadeias ou edifícios abandonados.

Teatro Brasileiro de Comédia

Criado em São Paulo, em 1948, pelo industrial italiano Franco Zampari, o Teatro Brasileiro de Comédia era, inicialmente, na rua Major Diogo, apenas um espaço para abrigar os grupos amadores. Ao verificar-se a inviabilidade econômica da iniciativa, nesse esquema, organizou-se uma companhia profissional, que aproveitou os melhores atores desses grupos, aos quais se agregaram outros, vindos do Rio.

Em pouco tempo o TBC chegou a ter o melhor elenco jovem do País, em que se distinguiam Cacilda Becker, Tônia Carrero, Fernanda Montenegro, Cleyde Yáconis, Nydia Lícia, Nathalia Timberg, Tereza Rachel, Paulo Autran, Sérgio Cardoso, Jardel Filho, Walmor Chagas, Ítalo Rossi e muitos outros.

A encenação estava confiada a europeus e, em certos momentos, até quatro deles se alternavam nas montagens: Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi, Ziembinski, Flaminio Bollini Cerri, Maurice Vaneau, Alberto D’Aversa e Gianni Ratto.

As premissas do conjunto eram a implantação de um teatro de equipe, em que todos os papéis recebiam o mesmo tratamento, e se valorizavam igualmente a cenografia e a indumentária, a cargo de Aldo Calvo, Bassano Vaccarini, Tulio Costa, Gianni Ratto e Mauro Francini; e a política do ecletismo de repertório, revezando-se no cartaz Sófocles, John Gay, Goldoni, Strindberg, Shaw, Pirandello, Tennessee Williams, Arthur Miller e Sauvajon, Sardou, Roussin, Barillet e Grédy, Jan de Hartog e André Birabeau, entre muitos outros.

O TBC consolidou a renovação estética do espetáculo brasileiro, iniciada pelo grupo amador carioca de Os Comediantes, e tornou-se a origem de outros conjuntos dele desdobrados, como a Cia. Nydia Lícia-Sérgio Cardoso, a Cia. Tônia-Celi-Autran, o Teatro Cacilda Becker e o Teatro dos Sete (Maria Della Costa, enquanto aguardava a construção de sua casa de espetáculos, passou por ele, e adotou no Teatro Popular de Arte os mesmos princípios).

Na última fase, o TBC alterou suas diretrizes, confiando as encenações aos brasileiros Flávio Rangel e Antunes Filho, além do belga Maurice Vaneau, e o repertório privilegiou os dramaturgos nacionais Dias Gomes, Jorge Andrade e Giafrancesco Guarnieri, quando, antes, o autor da casa havia sido Abílio Pereira de Almeida.

Fonte: www.tguaira.pr.gov.br/www.mre.gov.br

Teatro Brasileiro

Do século XVII ao início do século XIX o teatro é marcadamente colonial, fortemente influenciado pelo teatro português. Os primeiros textos, como o ”Auto da festa de S. Lourenço”, do padre José de Anchieta, são escritos pelos jesuítas de Piratininga, numa mistura de espanhol, português e tupi-guarani. Visam a catequese e são encenados pelos indígenas.

Em Minas Gerais, durante o século XVIII, atores portugueses visitam Vila Rica. A única peça local preservada é ”O parnaso obsequioso”, de Cláudio Manuel da Costa, em homenagem ao aniversário do governador.

No Rio de Janeiro, na segunda metade do século XVIII, o Teatro do padre Ventura encena as “óperas” – na verdade, comédias entremeadas de canções – de Antônio José da Silva, o Judeu ”Guerras do Alecrim e Mangerona”, autor nascido no Brasil mas que vive praticamente toda sua vida em Portugal.

E o Teatro de Manuel Luís importa espetáculos de Portugal e da Espanha. As representações acontecem principalmente em ocasiões festivas, quando grupos amadores montam, em praça pública, peças de tom popular, louvando as autoridades.

Depois que a sala do padre Ventura é destruída por um incêndio (1769) e a de Manuel Luís é fechada, D. João VI manda construir, em 1810, o Real Teatro de São João, atual João Caetano, onde também se exibem atores portugueses. Só no romantismo surge um teatro com características nacionais.

Romantismo

Primeira metade do século XIX. No reinado de D. Pedro I, surgiu o primeiro grande ator brasileiro, João Caetano dos Santos. No ano seguinte, ”O juiz de paz na roça” revela Luís Carlos Martins Pena, cujas comédias fazem uma crítica bem-humorada da sociedade da época.

Os dramas ”Leonor de Mendonça”, de Antônio Gonçalves Dias, e ”’A revolução de Minas”, de Antônio Castro Alves; e as comédias ”O demônio familiar”, de José de Alencar e ”A torre emconcurso”, de Joaquim Manuel de Macedo vêm ampliar o repertório nacional.

João Caetano (1808-1863) é considerado o primeiro grande ator brasileiro. Especializado em papéis dramáticos, trabalha em peças de autores como Victor Hugo, Shakespeare, Alexandre Dumas Filho e Molière. Sua montagem de ”Antônio José” ou ”O poeta e a Inquisição” (1838), de Gonçalves de Magalhães, dá início a um teatro com temas e atores brasileiros. No livro ”Lições Dramáticas” reflete sobre a arte de representar.

Luís Carlos Martins Pena (1815-1848) nasce no Rio de Janeiro, de família pobre. Torna-se diplomata, chegando a adido em Londres. Utiliza com maestria a linguagem coloquial e faz rir com situações engraçadas envolvendo pessoas do interior em contato com a corte em peças como ”O juiz de paz da roça”, ”Um sertanejo na corte” e ”A família e a festa na roça”. É o primeiro dramaturgo importante do cenário brasileiro e um dos primeiros a retratar o princípio da urbanização do país.

Realismo

Segunda metade do século XIX. A reação aos excessos românticos já se percebe numa peça de transição, como ”ALição de botânica”, de Joaquim Maria Machado de Assis . Joaquim José da França Júnior ”Como se faz um deputado”, ”Caiu o ministério” traça, num tom bem amargo, o painel das maquinações políticas do 2º Império. Igualmente satírico, mas brincalhão, é o tom de Artur de Azevedo. Também Henrique Maximiano Coelho Neto pratica, em ”Quebranto” ou ”O patinho feio”, uma comédia de costumes ágil e leve.

Mas as companhias nacionais são precárias, e os atores mais aclamados – Furtado Coelho, Lucinda Simões e Adelaide Amaral – ainda são portugueses.

Artur de Azevedo (1855-1908) nasce no Maranhão e muda-se para o Rio de Janeiro em 1873. Além de se dedicar ao teatro, trabalha também como jornalista. Cria, com ”As burletas”, ”O mambembe” ou ”A capital federal”, a comédia musical brasileira. Escreve também paródias de dramas franceses. Sua importância não se restringe ao texto, atua também divulgando obras de outros autores. Pouco antes de morrer é nomeado diretor do Teatro da Exposição Nacional.

Simbolismo

Primeiros anos do século XX. De uma produção muito irregular, que se limita a copiar autores europeus, salvam-se ”Eva”, de João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto); ”O Canto sem palavras”, de Roberto Gomes; e ”A comédia do coração”, de Paulo Gonçalves. Mas o isolamento criado pela 1ª Guerra Mundial gera um embrião nacionalista que se manifesta, sob a forma de temática regional, em ”Flores de sombra”, de Cláudio de Sousa, e ”Onde canta o sabiá”, de Gastão Tojeiro.

Modernismo

Embora o teatro seja a arte menos atingida pela Semana de Arte Moderna de 1922, uma de suas conseqüências é a criação, por Álvaro Moreira, do Teatro de Brinquedo, que estréia com ”Adão, Eva e outros membros da família” (1927).

Escrita em linguagem coloquial, coloca em cena, pela primeira vez, como protagonistas, dois marginais: um mendigo e um ladrão. Esse exemplo será seguido por Joracy Camargo em ”Deus lhe pague”, primeira peça brasileira a obter sucesso no exterior.

Companhias Nacionais

Leopoldo Fróes cria a primeira companhia inteiramente nacional depois de voltar de Portugal, em 1908, e procura fixar uma dicção teatral brasileira, livre dos maneirismos herdados de atores portugueses. Para seu grupo contribuem Viriato Correa (Sol do sertão), Oduvaldo Vianna (A casa do tio Pedro) e Armando Gonzaga (Cala a boca, Etelvina!).

Nas décadas de 30 e 40 Jaime Costa, Procópio Ferreira , Abigail Maia e Dulcina de Moraes fundam suas próprias companhias, ativas até o fim dos anos 50.

A húngara Eva Todor, naturalizada brasileira, e seu marido, Luís Iglésias ”Chuvas de verão”, além de apresentar comédias leves, revelam textos de Bernard Shaw, Ferenc Molnár e Henryk Ibsen.

Modernização do Teatro

Geração TBC – Teatro Brasileiro de Comédia

Em 1948 o industrial italiano Franco Zampari funda, em São Paulo, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), marco na história do teatro brasileiro.

A posição de preponderância que ocupa deve-se à incorporação de novos talentos: Nídia Lícia, Paulo Autran, Cacilda Becker , Sérgio Cardoso, e à importação dos diretores italianos Luciano Salce e Adolfo Celli, que ajudam a formar os brasileiros Flávio Rangel e Antunes Filho. Com o sucesso em São Paulo, o TBC abre uma filial no Rio.

As companhias de Eva Todor, Maria Della Costa, Dulcina e Odilon, Procópio e Bibi Ferreira são contratadas para excursionar em Portugal e suas colônias.

Os problemas criados por uma estrutura grande e onerosa, a morte de Franco Zampari e cisões entre os membros do elenco fazem com que, ao longo da década de 50, o TBC se desmembre nos grupos de: Tônia Carreiro, Paulo Autran e Margarida Rey, dirigido por Adolfo Celli; de Cacilda, o marido Walmor Chagas e a irmã Cleyde Yáconis, dirigido por Ziembinski; o Teatro dos Sete, de Fernanda Montenegro, Italo Rossi e Sérgio Brito; e o de Sérgio Cardoso e Nídia Lícia.

Contribuição Estrangeira

Na década de 40 alguns atores do Leste europeu refugiam-se no Brasil. Entre eles, estão o ucraniano Eugênio Kusnet, ator e professor que vai ter importância crucial na primeira fase do Teatro Oficina ao introduzir com todo o rigor o método Stanislavski; e o polonês Zbigniew Ziembinski , que, com o cenógrafo Gustavo Santa Rosa, funda Os Comediantes, com os quais monta Pirandello, Eugene O’Neill e Arthur Miller.

O trabalho de Ziembinski em ”Vestido de noiva”, de Nelson Rodrigues, encenada em 1943, transforma o papel do diretor de teatro no Brasil. Até então não se conhecia a figura do diretor como responsável pela linha estética do espetáculo, ele era apenas um ensaiador.

Revolução na Dramaturgia

O pioneiro da moderna dramaturgia brasileira é Nelson Rodrigues, que constrói uma obra coerente e original, expondo o inconsciente da classe média com seus ciúmes, loucuras, incestos e adultérios.

Nelson Rodrigues (1912-1980) nasce no Recife e ainda criança muda-se para o Rio de Janeiro. Filho de um jornalista, começa aos 13 anos a trabalhar como repórter no jornal do pai. Resolve escrever para teatro para aumentar sua renda. Sua primeira peça encenada é ”Mulher sem pecado”, em 1942. Mas o marco da moderna dramaturgia brasileira é ”Vestido de Noiva” – texto fragmentário e ousado sobre as lembranças e delírios de uma mulher que agoniza durante uma cirurgia.

Escolas de Teatro

Em 1938, Pascoal Carlos Magno cria, no Rio de Janeiro, o Teatro do Estudante, primeiro grupo sério de teatro amador. Como ”Hamle”t, é lançado Sérgio Cardoso, que, mais tarde, será a primeira estrela do palco a tornar-se um popular ator de telenovelas.

Em 1948, Alfredo Mesquita funda em São Paulo a Escola de Arte Dramática (EAD).
Ainda em 1948, com ”O casaco encantado”, Lúcia Benedetti lança as bases do teatro infantil interpretado por adultos; sua seguidora mais importante é Maria Clara Machado ”Pluft, o fantasminha”, ”O rapto das cebolinhas”, que, na década de 50, cria o Tablado, importante centro de formação de atores ainda em atividade.

Serviço Nacional de Teatro

Fundado no fim dos anos 40, patrocina a criação de grupos experimentais e a montagem de novos textos brasileiros, como ”A raposa e as uvas”, de Guilherme de Figueiredo, aclamado no exterior.

Novos representantes do teatro de costumes são Pedro Bloch ”As mãos de Eurídice” e o humorista Millôr Fernandes ”Do tamanho de um defunto”.

Preocupação com a Temática Social no Teatro

Na década de 50 os textos teatrais são marcados pela preocupação com as questões sociais. ”O Pagador de promessas”, de Dias Gomes – também autor de telenovelas -, se transforma num grande sucesso e é adaptada para o cinema em 1962 por Anselmo Duarte. O filme ganha a Palma de Ouro em Cannes.

Nelson Rodrigues, que firmara sua reputação com ”O anjo negro”, ”Álbum de família” e ”A falecida”, desperta polêmica com ”Perdoa-me por me traíres”, ”Beijo no asfalto”, ”Bonitinha mas ordinária”, consideradas escandalosas.

Jorge Andrade retrata a decadência da aristocracia rural paulista em ”A moratória” e a ascensão das classes novas em ”Os ossos do barão”.

Fora do eixo Rio-São Paulo, Ariano Suassuna, nas comédias folclóricas ”O auto da Compadecida” e ”O santo e a porca”, cruza o modelo renascentista das peças de Gil Vicente com a temática folclórica nordestina.

Jorge Andrade (1922-1984) nasce em Barretos, interior de São Paulo. Começa a carreira de dramaturgo, incentivado pela atriz Cacilda Becker. Na década de 50 escreve peças dramáticas e nos anos 60 estréia as comédias ”A escada” e ”Os osso do barão”, ambas transformadas em novelas de televisão. Para a TV escreve também as novelas ”O grito” e ”As gaivotas”.

Ao lado de Nelson Rodrigues, é o dono da obra teatral mais significativa do Brasil: nela se destacam denúncias do fanatismo e da intolerância, como ”Veredas da salvação” ou o delicado testemunho autobiográfico de ”Rasto atrás”.

A Contestação no Teatro

A partir do final dos anos 50, a orientação do TBC, de dar prioridade a textos estrangeiros e importar encenadores europeus, é acusada de ser culturalmente colonizada por uma nova geração de atores e diretores que prefere textos nacionais e montagens simples. Cresce a preocupação social, e diversos grupos encaram o teatro como ferramenta política capaz de contribuir para mudanças na realidade brasileira.

O Teatro de Arena, que com seu palco circular aumenta a intimidade entre a platéia e os atores, encena novos dramaturgos – Augusto Boal ”Marido magro, mulher chata”, Gianfrancesco Guarnieri ”Eles não usam black-tie”, Oduvaldo Vianna Filho ”Chapetuba Futebol Clube” – e faz musicais como ”Arena conta Zumbi”, que projeta Paulo José e Dina Sfat.

Trabalho semelhante é o de José Celso Martinez Correa no Grupo Oficina, também de São Paulo: além de montar ”Os pequenos burgueses”, de Gorki, ”Galileu, Galilei”, de Brecht, e ”Andorra”, de Max Frisch, redescobre ”O rei da vela”, escrito em 1934 por Oswald de Andrade, mas proibido pelo Estado Novo; e cria ”Roda viva”, do músico Chico Buarque de Holanda.

Chico havia feito a trilha sonora para ”Vida e morte severina”, auto nordestino de Natal, de João Cabral de Melo Neto, montado pelo Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca) e premiado no Festival Internacional de Teatro de Nancy, na França.

Os passos do Arena, de conotações nitidamente políticas, são seguidos pelo Grupo Opinião, do Rio de Janeiro. Seu maior sucesso é ”Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, de Oduvaldo Vianna Filho.

No final da década de 60, novo impulso à dramaturgia realista é dado por Plínio Marcos em ”Dois perdidos numa noite suja” e ”Navalha na carne”. Outros autores importantes são Bráulio Pedroso ”O fardão” e Lauro César Muniz ”O santo milagroso”.

Gianfrancesco Guarnieri (1934- ) nasce em Milão. Participa da criação do Teatro de Arena. ”Eles não usam black-tie” – história de uma família de operários durante uma greve e suas diferentes posições políticas – é um marco do teatro de temática social. Junto com Augusto Boal monta ”Arena conta Zumbi”, onde são usadas técnicas do teatro brechtiano. Entre suas peças destacam-se também ”Um grito parado no ar” e ”Ponto de partida”. Trabalha como ator de cinema (Eles não usam black-tie, Gaijin) e de novelas.

Plinio Marcos (1935- ) nasce em Santos, filho de um bancário. Abandona cedo a escola. Trabalha em diversas profissões – é operário, camelô, jogador de futebol, ator. Em 1967 explode com ”Dois perdidos numa noite suja” e ”Navalha na carne”, peças que retratam a vida dos marginais da sociedade. Sua temática realista e linguagem agressiva chocam parte do público e fazem com que suas peças sejam freqüentemente censuradas. Após dez anos sem publicar, lança ”A dança final” em 1994. Vive da venda direta de seus livros e da leitura de tarô.

Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) nasce em São Paulo. Filho do dramaturgo Oduvaldo Vianna, torna-se conhecido como Vianinha. É um dos fundadores do Teatro de Arena e do Grupo Opinião. Suas peças ”Chapetuba F.C.”, ”Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”, ”Longa noite de cristal”, ”Papa Highirte” e ”Rasga coração ”o transformam num dos mais importantes dramaturgos brasileiros. ”Rasga coração”, síntese do teatro brasileiro de seu tempo, fica censurada por cinco anos durante o regime militar e só é montada em 1979, após sua morte.

Censura

Na década de 70 a censura imposta pelo governo militar chega ao auge. Os autores são obrigados a encontrar uma linguagem que drible os censores e seja acessível ao espectador.

Nessa fase, surge toda uma geração de jovens dramaturgos cuja obra vai consolidar-se ao longo das décadas de 70 e 80:

Mário Prata (Bésame mucho),
Fauzi Arap (O amor do não),
Antônio Bivar (Cordélia Brasil),
Leilah Assunção (Fala baixo senão eu grito),
Consuelo de Castro (Caminho de volta),
Isabel Câmara (As moças),
José Vicente (O assalto),
Carlos Queiroz Telles (Frei Caneca),
Roberto Athayde (Apareceu a margarida),
Maria Adelaide Amaral (De braços abertos),
João Ribeiro Chaves Neto (Patética),
Flávio Márcio (Réveillon),
Naum Alves de Souza (No Natal a gente vem te buscar).

Marcam época também as montagens feitas, em São Paulo, pelo argentino Victor García: ”Cemitério de automóveis”, de Fernando Arrabal, e ”O balcão”, de Jean Genet – nesta última, ele chega a demolir internamente o Teatro Ruth Escobar para construir o cenário, uma imensa espiral metálica ao longo da qual se sentam os espectadores.

As Novas Propostas

A partir do final da década de 70, aparecem grupos de criação coletiva, irreverentemente inovadores.
”Trate-me leão”, do Asdrúbal Trouxe o Trombone, aborda o inconformismo e a falta de perspectivas da adolescência e revela a atriz Regina Casé.
”Salada paulista”, do Pod Minoga também calca seu humor nos problemas do cotidiano.
Já ”Na carreira do divino”, de Alberto Soffredini, baseia-se numa pesquisa do grupo Pessoal do Vítor sobre a desestruturação do mundo caipira.
Antunes Filho é aplaudido por sua adaptação de ”Macunaíma”, de Mário de Andrade, e Nelson Rodrigues, ”O eterno retorno”.
Luiz Alberto de Abreu ”Bella ciao”, Flávio de Souza ”Fica comigo esta noite” e Alcides Nogueira ”Lua de Cetim” e ”Opera Joyce” destacam-se entre os autores.
O Ornitorrinco, de Cacá Rosset e Luís Roberto Galizia, inaugura, com ”Os párias”, de Strindberg, e um recital das canções de Kurt Weil e Brecht, uma fórmula underground original.
Os espetáculos posteriores de Rosset, o ”Ubu”, de Alfred Jarry, o polêmico ”Teledeum”, do catalão Albert Boadella, ”Sonhos de uma noite de verão” e ”Comédia dos erros”, de Shakespeare, são comercialmente bem-sucedidos.

Antunes Filho (1929- ) começa a trabalhar com teatro dirigindo um grupo de estudantes. Na década de 50 trabalha como assistente de direção no TBC.

No final dos anos 70 rompe com o teatro mais comercial em sua montagem de Macunaíma, de Mário de Andrade, um dos marcos do teatro brasileiro.

Com Nelson Rodrigues, o eterno retorno, montagem que engloba as peças Toda nudez será castigada, Os sete gatinhos, Beijo no asfalto e Álbum de família, traz à tona a discussão sobre a obra de Nelson Rodrigues. No Centro de Pesquisas Teatrais, pesquisa um modo brasileiro de fazer teatro.

Fonte: my.opera.com

Teatro Brasileiro

TBC – Teatro Brasileiro de Comédia

Teatro Brasileiro
Teatro Brasileiro de Comédia

A companhia paulistana, fundada por Franco Zampari em 1948, mudou o rumo do teatro nacional. Foi a partir das inovações do empresário italiano que começou a ser desenhada a profissionalização teatral no país, com grande preocupação artística e sucessos de bilheteria. O grupo revelou grandes nomes como Cacilda Becker, Paulo Autran, Sérgio Cardoso, Tônia Carreiro e Cleyde Yáconis.

Zampari se aproximou do movimento teatral amador de São Paulo a partir de 1945, após a montagem de uma peça escrita por ele. Como mal havia salas para as apresentações, ele propôs a fundação da Sociedade Brasileira de Comédia, entidade sem fins lucrativos que congregaria os grupos de teatro amadores. Alugou um sobrado no bairro da Bela Vista, na Rua Major Diogo, para transformá-lo em um estruturado teatro, chamado na época de ‘teatro assobradado’. O TBC foi inaugurado três anos mais tarde com as peças “La Voix Humaine”, de Jean Cocteau, por Henriette Morineau, em francês, e “A Mulher do Próximo”, de Abílio Pereira de Almeida, com o Grupo de Teatro Experimental, dirigido por Alfredo Mesquita.

A companhia seguiu com montagens amadoras e, em 1949, estreou sua fase profissional com “Nick Bar… Álcool, Brinquedos, ambições”, de William Saroyan, dirigida por Adolfo Celi. A partir daí, segue um longo aprendizado técnico e artístico em busca de um teatro mais sofisticado. Cacilda Becker foi a primeira atriz contratada pelo TBC, seguida de Paulo Autran, Madalena Nicoll e muitos outros nomes que marcaram o teatro nacional. Houve também a implementação de inovações técnicas, como a utilização de palcos giratórios, com a peça “Entre Quatro Paredes”, de Jean Paul Sartre, também dirigida Celi. No início da década de 50, o TBC já havia conquistado a posição de um dos mais importantes do país.

Em 1954, Zampari abriu uma filial no TBC com intuito de prolongar a temporada das produções e aumentar a renda da companhia. A crise começa a rondar o teatro. Em 1955, Tônia Carrero, Adolfo Celi e Paulo Autran saíram do grupo para fundar companhia própria no Rio. Em 1957, após o sucesso de “Rua São Luís, 27 – 8º Andar”, de Abílio Pereira de Almeida, Cacilda Becker e Walmor Chagas também se despedem e criam o Teatro Cacilda Becker – TCB.

Produções da companhia de Cacilda e do Teatro de Arena deram novo gás à dramaturgia nacional e o TBC mergulhou em grande crise. Em 1959, foi a vez de Fernanda Montenegro deixar a companhia para fundar o Teatro dos Sete (embrião do Teatro dos Quatro), ao lado de Sérgio Britto, Gianni Ratto e Ítalo Rossi.

Um ano mais tarde, Zampari entregou a direção artística da casa a Flávio Rangel, primeiro brasileiro a comandar a companhia.

Rangel emplacou sucessos como “A Semente” (1961), de Gianfrancesco Guarnieri, “Revolução dos Beatos” (1962), de Dias Gomes e “Vereda da Salvação”, de Jorge Andrade, última produção da casa, em 1964. Depois de 16 anos, 144 peças e mais de dois milhões de espectadores, o TBC foi fechado e deu lugar a um teatro de aluguel.

Na década de 80, houve uma tentativa de recuperar um pouco do brilho dos anos áureos do espaço. Antônio Abujamra apresentou sete espetáculos com o “Projeto Cacilda Becker”. E o teatro foi comprado e tombado pelo Condephaat dois anos mais tarde. No início dos anos 90, repleto de dívidas, acabou arrendado pela prefeitura.

No fim daquela década, houve a grande e última tentativa de reativar o TBC. Com investimento de cerca de R$ 4 milhões, o empresário Marcos Tidemann reformou a estrutura e entregou a direção artística ao diretor Gabriel Villela. Por lá passaram boas peças do eixo Rio/SP – uma das salas serviu de sede para o grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões. Mas, mais uma vez, a crise financeira engoliu a arte. Com faturamento abaixo do esperado, o “Novo TBC”, como era conhecido, encerrou as atividades artísticas do pequeno prédio do centro da cidade em 2003.

Fatos Marcantes:

1948: A Companhia Teatro Brasileiro de Comédia foi criada pelo empresário italiano Franco Zampari .
1949:
A estréia de “Nick Bar… Álcool, Brinquedos, Ambições”, de William Saroyan, sob a direção de Adolfo Celi, marca a profissionalização do grupo.
1950:
Ziembinski passa a integrar o conjunto, assinando a direção de algumas encenações.
1951
: Cacilda Becker é a protagonista de “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas Filho, com encenação de Luciano Salce, que comemora os três anos do TBC.
1952:
Adolfo Celi dirige “Antígone”, que une a tragédia clássica de Sófocles e a versão moderna de Jean Anouilh.
1953:
Apesar do sucesso, a companhia amarga dívidas. Sergio Cardoso e Nydia Licia se desligam para fundar a Companhia Nydia Licia – Sergio Cardoso.
1954:
Como tentativa de contornar a crise, Zampari abre uma sucursal do TBC no Rio de Janeiro, na tentativa de estender a temporada das produções.
1955:
Um incêndio destrói parte dos figurinos e equipamentos, mas o grupo ressurge com bons projetos de Ziembinski. Adolfo Celi, Paulo Autran e Tônia Carrero deixam a Cia. para fundar uma companhia própria.
1956:
A companhia continua com peças de sucesso, como “Eurydice”, de Jean Anouilh, dirigida por Gianni Ratto.
1957:
Cacilda Becker deixa o TBC, ao lado de Walmor Chagas, para fundar o Teatro Cacilda Becker – TCB.
1958:
Apesar do sucesso de “Um Panorama Visto da Ponte”, de Arthur Miller, a crise financeira torna-se incontornável para Zampari.
1959:
É a vez de Sergio Britto, Gianni Ratto, Ítalo Rossi e Fernanda Montenegro dizer adeus ao TBC para fundar o Teatro dos Sete.
1960:
Zampari entrega a direção artística da casa a Flávio Rangel, primeiro diretor brasileiro a assumir a companhia.
1961:
O novo diretor consegue emplacar sucessos de público, como “A Semente”, de Gianfrancesco Guarnieri.
1962:
Entre as peças da programação, Antunes Filho dirige “Yerma”, de Federico García Lorca.
1964:
Antunes também assina direção de “Vereda da Salvação”, de Jorge Andrade, última produção da companhia. Em 16 anos de atuação, o TBC produziu 122 espetáculos.

Fonte: www.agentesevenoteatro.com.br

Teatro Brasileiro

Do Teatro de Catequese à dramaturgia moderna muitas formas de representação vem traduzindo a evolução cultural brasileira.

Das crenças passadas ao cotidiano da atualidade, dramaturgos tem sempre em mente construir obras coerentes e originais, expondo os sentimentos e as vivências decorrentes deles, buscando atender as expectativas do grande público.

As inovações cênicas de infra-estrutura obviamente causaram uma revolução teatral contribuindo plenamente para o prosseguimento e sucesso dessa arte.

TBC – Teatro Brasileiro de Comédia

O teatro de comédia marcou seu início e conquistou seu espaço nas décadas de 30 e 40. Os espetáculos eram de muito humor e apenas um ator encenava e abusava de seu poder de comunicação e improviso. Em geral, o ator principal era o dono da companhia e a maior atração.

Já nos anos 40, essa mentalidade começou a se transformar. Surgiram os grupos de amadores, que eram formados por estudantes, intelectuais e profissionais liberais. Décio de Almeida Prado fundou o Grupo Universitário de Teatro. Formou-se o Grupo de Teatro Experimental de Afredo Mesquita e a primeira escola de atores do Brasil, a EAD – Escola de Arte Dramática, em São Paulo. Com essas inovações, uma transformação marcou sensivelmente os textos e a técnica teatral. Em 1948, o italiano Franco Zampari realizou uma grande reforma num casarão, apoiado por um grupo de empresários, e inaugurou em 11 de outubro do mesmo ano o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia. Esse espaço tinha 18 camarins, duas salas de ensaio, uma sala de leitura, oficina de carpintaria e marcenaria, almoxarifados para cenografia e figurinos, modernos equipamentos de som e luz. Um verdadeiro sonho para a época. O espetáculo duplo de estréia foi “A Voz Humana”, interpretado por Henriette Morineau e “A Mulher do Próximo”, com a jovem atriz Cacilda Becker. Procópio Ferreira, Dulcina de Morais, Ziembinski, Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Paulo Autran, Tônia Carrero e muitos outros são exemplos dos grandes nomes do teatro brasileiro.

O TBC marcou história no teatro brasileiro, pois formou gerações de atores, diretores e dramaturgos que até hoje encenam nos palcos dos nossos teatros.

Teatro Colonial ( até século XVIII )

Existe uma lacuna enorme, de quase dois séculos, entre o período do Teatro de Catequese e a evolução do teatro brasileiro até o século XVIII. Na verdade, a decadência da vida cultural ocorreu devido às modificações sociais por que passava o Brasil e posteriormente os conflitos políticos, guerras contra os franceses no Maranhão, contra os holandeses na Bahia e Pernambuco, e ainda o conflito entre os colonos e jesuítas.

Em meados do século XVIII, a dramaturgia começou a ganhar impulso e até umcerto humor, apesar de ainda sofrer influência do teatro francês e italiano. Perdurou a tradição dos espetáculos nos conventos, nas igrejas ou palácios.

Em 1717, foram encenadas duas comédias, El conde Lucanor e Afetos de odio y amor. No ano de 1760 foi construído na Bahia o primeiro teatro público brasileiro, o teatro da praia. Mais tarde, o Rio de Janeiro se tornou o grande centro cultural do teatro brasileiro. Nos dias das apresentações os tocadores de pífanos e tambores anunciavam o evento não só para a classe social privilegiada que chegava em belas carruagens, mas também para o povo.

O Teatro ( Século XVIII à XIX )

Da segunda metade do século XVIII até as primeiras décadas do século XIX, o teatro apenas sobreviveu. Com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, refugiando-se da invasão napoleônica, refletiu-se um processo de transformação na atividade teatral. A corte de Lisboa acostumada à intensa vida cultural européia estimulou D. João VI a ordenar a construção de um teatro que verdadeiramente acolhesse os nobres e visitantes estrangeiros. O novo teatro foi inaugurado na presença da família real e de toda a corte, com o nome de Real Teatro de São João, no dia 12 de outubro de 1813, por ocasião do aniversário do rei.

A seguir, nas primeiras décadas do século XIX foram construídos teatros menores. Também na Bahia, Pernambuco, Maranhão e São Paulo a vida cultural ganhou seus teatros, casa de ópera, com a interpretação de atores locais, na maioria mulatos. Com a chegada das companhias estrangeiras, as aptidões foram se desenvolvendo. Os figurinos refletiam as tradições do século anterior e os cenários evoluíram graças aos pintores locais e a influência do mestre Debret, que estava em missão no Brasil introduzindo o estudo das artes plásticas.

Teatro de Costumes e Comédia Brasileira ( Séc XIX )

O início da Comédia Brasileira foi marcado pela obra O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena, o fundador do Teatro de Comédia de Costumes, em 1838. Com um tema de marcante nacionalidade, provocou o início do processo de libertação das influências da cultura européia e incentivou futuras encenações de temas da cultura nacional.

O Teatro de Costumes revelou uma identidade popular, sem grandes pretensões e pouca preocupação com a estética, mas deixou uma marca autêntica do teatro nacional do século passado. Geralmente era composto por apenas um ato e apresentava personagens, situações e costumes tipicamente brasileiros. Revelava diálogos simples, enfocava problemas da época, tramas amorosas e muitas comédias satirizavam os costumes rurais e urbanos, conquistando a simpatia do público.

Teatro Romântico ( Séc XIX )

Muitas peças foram influenciadas pelo Romantismo, movimento literário em evidência na época. A primeira peça escrita por um brasileiro foi a tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães, de 1838, encenada pelo primeiro grande ator brasileiro, João Caetano dos Santos. Com a encenação dessa obra foi dado o primeiro grande passo para um teatro verdadeiramente brasileiro. Mais tarde, João Caetano lançou Lições Dramáticas, um documento que traduzia o teatro da época.

Teatro Realista ( Séc XIX )

O Teatro Realista retratava a realidade do povo brasileiro, enfatizando os principais problemas sociais. Os personagens eram trabalhadores e pessoas simples. Os grandes autores dessa fase da dramaturgia nacional são Artur de Azevedo (O Mandarim, 1884), José de Alencar (O Demônio Familiar, 1857) Machado de Assis (Quase Ministro, 1863), Joaquim Manuel de Macedo (Luxo e Vaidade, 1860) e França Junior.

Teatro Modernista

O início do século XX marcou o período mais crítico do teatro brasileiro. Os textos apresentavam uma linguagem antiteatral, sofisticada, extremamente acadêmica, com destaque para Goulart de Andrade. Mesmo assim registrou a consagração de grandes atores tais como Procópio Ferreira e Dulcina de Morais e dramaturgos renomados como Oswald de Andrade (O Rei da Vela, A Mostra, O Homem e o Cavalo) e Joracy Camargo (Deus lhe Pague). O movimento modernista de 1922 investiu contra essa realidade da época e lançou o desafio de novas concepções estéticas, procurou romper com a arte voltada para a Europa e tentou inovar, invocando a valorização da arte e da cultura brasileira.

Essa renovação fez surgir importantes grupos teatrais: Os Comediantes, o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia, O Tablado, Oficina e conseqüentemente grandes autores como Nelson Rodrigues e Maria Clara Machado, e grandes artistas como Cacilda Becker, Tonia Carrero, Sergio Cardoso, Paulo Autran, Fernanda Montenegro e muitos mais.

Teatro de Revista

Nos anos 30 e 40, um gênero teatral alcançou o auge do sucesso e dominou os palcos brasileiros – o teatro de revista.

Originou da Companhia de Teatro de Vaudeville (França). Encenava números musicais, com dançarinas de pouca roupa e números que satirizavam personalidades de destaque da vida pública.

Com o passar dos anos, foi ficando mais ousado e chegou a ser chamado “teatro rebolado”. Já nos anos 40, as superproduções mantinham as características iniciais, acrescidas de textos de humor picante, imitações e trocadilhos, alcançando o reconhecimento do seu valor artístico junto à crítica teatral.

Surgem as grandes vedetes, Virgínia Lane, Brigitte Blair, Angelita Martinez, Mara Rúbia e as estrelas da noite, Grande Otelo, Oscarito, Ankito, Dercy Gonçalves, interpretando “personagens-clichês”, como o malandro carioca, a mulata, o português.

Esta época áurea dos brilhos e paetês resistiu até o início da década de 60, sendo sufocada pela modernidade da televisão e despersonalizada pela censura dos governantes militares.

Fonte: www.edukbr.com.br

Teatro Brasileiro

O Teatro no Brasil

O teatro no Brasil surgiu no século XVI, tendo como motivo a propagação da fé religiosa.

Dentre uns poucos autores, destacou-se o padre José de Anchieta, que escreveu alguns autos (antiga composição teatral) que visavam a catequização dos indígenas, bem como a integração entre portugueses, índios e espanhóis. Exemplo disso é o Auto de São Lourenço, escrito em tupi-guarani, português e espanhol.

Um hiato de dois séculos separa a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculos XVII e XVIII, o país esteve envolvido com seu processo de colonização (enquanto colónio de Portugal) e em batalhas de defesa do território colonial. Foi a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, que trouxe inegável progresso para o teatro, consolidado pela Independência, em 1822.

O ator João Caetano formou, em 1833, uma companhia brasileira.

Seu nome está vinculado a dois acontecimentos fundamentais da história da dramaturgia nacional: a estréia, em 13 de março de 1838, da peça Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de autoria de Gonçalves de Magalhães, a primeira tragédia escrita por um brasileiro e a única de assunto nacional; e, em 4 de outubro de 1838, a estréia da peça O Juiz de Paz na Roça, de autoria de Martins Pena, chamado na época de o “Molière brasileiro”, que abriu o filão da comédia de costumes, o gênero mais característico da tradição cênica brasileira.

Gonçalves de Magalhães, ao voltar da Europa em 1867, introduziu no Brasil a influência romântica, que iria nortear escritores, poetas e dramaturgos. Gonçalves Dias (poeta romântico) é um dos mais representativos autores dessa época, e sua peça Leonor de Mendonça teve altos méritos, sendo até hoje representada. Alguns romancistas, como Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, e poetas como Álvares de Azevedo e Castro Alves, também escreveram peças teatrais no século XIX.

O século XX despontou com um sólido teatro de variedades, mescla do varieté francês e das revistas portuguesas. As companhias estrangeiras continuavam a vir ao Brasil, com suas encenações trágicas e suas óperas bem ao gosto refinado da burguesia. O teatro ainda não recebera as influências dos movimentos modernos que pululavam na Europa desde fins do século anterior.

Os ecos da modernidade chegaram ao teatro brasileiro na obra de Oswald de Andrade, produzida toda na década de 1930, com destaque para O Rei da Vela, só encenada na década de 1960 por José Celso Martinez Corrêa. É a partir da encenação de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, que nasce o moderno teatro brasileiro, não somente do ponto-de-vista da dramaturgia, mas também da encenação, e em pleno Estado Novo.

Surgiram grupos e companhias estáveis de repertório. Os mais significativos, a partir da década de 1940, foram: Os Comediantes, o TBC, o Teatro Oficina, o Teatro de Arena, o Teatro dos Sete, a Companhia Celi-Autran-Carrero, entre outros.

Quando tudo parecia ir bem com o teatro brasileiro, a ditadura militar veio impor a censura prévia a autores e encenadores, levando o teatro a um retrocesso produtivo, mas não criativo. Prova disso é que nunca houve tantos dramaturgos atuando simultaneamente.

Com o fim do regime militar, no início da década de 1980, o teatro tentou recobrar seus rumos e estabelecer novas diretrizes. Surgiram grupos e movimentos de estímulo a uma nova dramaturgia.

O TBC – Teatro Brasileiro de Comédia

Em 1948, São Paulo vivia o auge do processo de industrialização.

Franco Zampari – industrial que transitava nas altas rodas dos negócios e das tradicionais famílias paulistanas – criou, junto a Francisco Matarazzo Sobrinho e Paulo Álvaro de Assunção, a Sociedade Brasileira de Comédia. Assim nascia o TBC, inaugurado no dia 11 de Outubro, contando com uma única apresentação do monólogo – em francês – A Voz Humana, de Jean Cocteau, a cargo de Henriette Morineau, e a comédia A Mulher do Próximo, de Abílio Pereira de Almeida.

Neste mesmo ano, ainda foram realizados os primeiros exames públicos da Escola de Arte Dramática, fundada por Alfredo Mesquita. Zampari transformou o prédio da Rua Major Diogo n° 315 em um bem equipado teatro de 365 lugares, onde grupos amadores da época se apresentavam em esquema de rodízio.

Num primeiro momento, nomes como o de Cacilda Becker e de Paulo Autran participavam destes grupos amadores e experimentais. O teatro herdou do grupo amador Os Comediantes, da década de 40, as diretrizes que o fizeram manter um elenco fixo com mais de 30 atores, sendo inevitável dominar o cenário da produção teatral da década de 50.

Consagradas peças importadas da Europa e dos EUA trouxeram à classe média ao teatro, pelos nomes dos atraentes diretores estrangeiros, que pela primeira vez pisavam no Brasil: Adolfo Celi, Luciano Salce, Flamínio Bollini Cerri, Ruggero Jacobbi. Este processo influenciou brasileiros como Antunes Filho, José Renato, Flávio Rangel, hoje diretores teatrais consagrados.

Em 1950, vieram os espetáculos Nick Bar, de Saroyan; Arsênico e Alfazema, de Kesselring; Luz de Gás, de Patrick Hamilton; O Mentiroso, de Goldoni (marcando a estréia de Sérgio Cardoso); Entre Quatro Paredes, de Sartre; Os Filhos de Eduardo, de Sauvajon; Anjo de Pedra, de Tenesse Williaams; e Pega Fogo, duas criações de Cacilda Becker. Tudo encenado pelos dois diretores fixos da companhia, Adolfo Celi e Ruggero Jacobbi. O elenco reunia os atores Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Maurício Barroso, Célia Biar, Ruy Affonso, Waldemar Wey, Renato Consorte, Nydia Lícia, Fredi Kleemann, Elizabeth Henreid.

Zampari, depois de muito insistir, conseguiu convencer o ator e diretor polonês Zbigniew Ziembinski a aceitar o seu convite e juntar-se à companhia. A partir daí, o horário alternativo das segundas-feiras passou a ser ocupado por ele (sua estréia marcada com Falou Freud). A seguir vieram os trabalhos O Homem da Flor na Boca, de Pirandello, Lembranças de Bertha, de Tennessee Williams e O Banquete, de Lúcia Benedetti.

Daí por diante, o destino artístico de Ziembinski confunde-se com o do TBC.

Em 1956, Gianni Ratto, Alberto d’Aversa e Maurice Vaneau passam a integrar a equipe fixa da casa e o TBC transforma-se no orgulho cultural da cidade, sendo cada vez mais bem freqentado pela elite burguesa. Em função de tanto sucesso, Zampari, num impeto de empolgação, leva um elenco fixo do TBC para o Rio de Janeiro, no Teatro Ginástico.

Mas a drástica tragédia veio em seguida. Com poucos meses de intervalo, a sede paulista do TBC e o Teatro Ginástico são parcialmente destruídos por incêndios.

Os graves prejuízos antecipam o êxodo dos principais artistas, que conseqüentemente criaram as suas próprias companhias: Sérgio Cardoso e Bibi Ferreira, Adolfo Celi e Paulo Autran, a de Tõnia Carreiro, de Walmor Chagas, de Cacilda Becker, a de Ziembinski e de Cleide Yáconis.

No ano de 1958, em seu décimo aniversário, o TBC já se encontrava abalado financeira e artisticamente. Algumas comemorações foram realizadas, mas um ano depois a crise se precipitava com o fracasso de vários espetáculos e a saída de Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sérgio Brito, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, para fundar o Teatro dos Sete.

Em 1960 foi suprimido o elenco carioca.

No mesmo ano, a tentativa de uma nova política de repertório foi adotada com a contratação de Flávio Rangel e com a montagem de O Pagador de Promessas, de Dias Gomes. Neste período, o Brasil vivia turbulências e com a febre do nacionalismo, o ambiente era propício para uma nova dramaturgia nacional. Mas apesar do sucesso do espetáculo, não foi possível reequilibrar a situação econômica já bastante debilitada.

Teatro Brasileiro
Franco Zampari

Doente e com dívidas, Zampari anunciou o fechamento do TBC. A pedido da classe teatral, o Governo do Estado de São Paulo procurou garantir a sobrevivência da companhia, declarando-a sob regime de intervenção, a cargo da Comissão Estadual de Teatro, que nomeou Roberto Freire como diretor-superintendente. Depois vieram Maurício Segall, Flávio Rangel e Décio de Almeida Prado. Alguns espetáculos foram montados, mas o regime de intervenção não deu certo e Zampari reassumiu com menos poderes. Paralelamente, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz – também de sociedade de Zampari – já havia quebrado.

Nas comemorações do seu décimo-quinto aniversário, o TBC apresentou a montagem de maior sucesso de sua bilheteria, Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade. Mas a situação ainda muito crítica fez com que suas portas cerrassem em 1964 como companhia produtora, permanecendo apenas como casa de espetáculos, alugada a outras companhias e grupos.

Em sua trajetória, o TBC apresentou 144 peças – além de espetáculos de música e poesia – totalizando 8.990 representações, assistidas por 1 milhão e 911 mil pessoas, e foi uma das maiores escolas práticas de profissionalismo que o teatro brasileiro já teve. A partir dele, passou-se a dar uma maior importância ao encenador e à equipe.

A rotina da valorização somada à exigência do acabamento artesanal, profissional e impecável, ofereceu know-how e profissionalismo a dezenas de artistas e técnicos.

E como escola de atores, o TBC lançou grandes nomes do palco brasileiro ao longo destes anos todos, sendo experiência única e inesquecível para todos que vivenciaram este processo criativo.

Agora, a cada vez que você pisar neste teatro para assistir a mais um de seus espetaculos, tenha em sua memoria, o que ele respresenta para a classe teatral como ícone e celebracão.

Fonte: www.ocisco.net

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