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Revolução Cubana – O que foi
A revolução Cubana rompeu com os laços que fizeram da ilha quase que uma extensão dos EUA ao longo do século XX.
Inteiramente subordinado aos interesses norte-americanos, o estado Cubano comportou-se de forma subserviente durante todo o período pré-revolucionário aceitando imposições humilhantes e revelando com freqüência a fragilidade de sua soberania.
A vitória de Fidel e seus camaradas no final dos anos 50 e a juventude dos líderes guerrilheiros exerceram rapidamente enorme influência no imaginário de todos aqueles que no mundo lutavam contra a opressão e o imperialismo capitalista. E não poderia ser de outra forma, afinal o encerramento da ditadura pró-EUA significou uma brusca ruptura na longa e trágica história de submissão do continente aos interesses geopolíticos elaborados nos elegantes salões da casa branca.
A ocupação da ilha pelos espanhóis ocorreu no final do século XV e imediatamente seu território foi alvo de intensa exploração econômica imposta pelo estado metropolitano revelando sua extraordinária vocação para a agricultura de exportação.
A inserção em massa de trabalhadores negros escravos de origem africana faz parte desse cenário em que o objetivo maior era transferir para a Europa as riquezas aqui produzidas.
No século XIX, as terras de Cuba encontravam-se dominadas pelo plantio da cana-de-açúcar, formando um imenso tapete verde sob o qual se escondia tanta miséria. Mesmo sendo uma colônia espanhola, o principal comprador do açúcar produzido na ilha eram os EUA e cresciam os interesses de empresas norte-americanas preocupadas em ampliar seus negócios com os Cubanos.
Nesse momento, quase toda a América já havia conquistado sua independência em relação às metrópoles européias, exceção feita a Cuba que apesar de ter sido uma das áreas pioneiras na presença espanhola na América, estava condenada a ser uma dos últimos redutos do colonialismo ibérico. Somente no final do século XIX, encontramos a gênese do Estado Cubano emancipado onde se destacou a figura de Jose Martí.
O movimento separatista declarou guerra à Espanha contando apenas com um improvisado exército constituído predominantemente por negros e sofreu duro golpe, no início dos combates, com a morte de Martí.
Mesmo sem contar com seu principal líder, os cubanos obtiveram significativas vitórias e a guerra caminhava para seu final quando ocorre a intervenção dos EUA no conflito.
Acusando os espanhóis de afundarem um navio americano, o “Maine”, as autoridades norte-americanas declararam seu apoio aos colonos e enviaram soldados para a guerra contra a Espanha.
O fato é que Cuba representava muito para a engenhosa política externa dos EUA. A localização geográfica da ilha coloca-a na zona de absoluta segurança estratégica dentro dos planos norte-americanos, ou seja, sua área incorpora-se aos limites estabelecidos como vitais para a integridade dos EUA. Não bastando isso, os interesses comerciais eram imensos, pois empresas americanas eram as maiores compradoras do açúcar cubano e inúmeros executivos olhavam para a ilha com expectativa de desenvolver novos projetos.
Vencida, a Espanha foi obrigada a ceder o controle dos territórios de Porto Rico e das Filipinas para os EUA e militares americanos assumiram o governo de Cuba assim que os espanhóis reconheceram a derrota.
Em janeiro de 1898, selava-se o triste episódio de transferência da dominação espanhola para a dominação norte-americana. A emenda Platt, texto imposto e anexado a constituição cubana em 1901, tornava legítima qualquer intervenção militar dos EUA no interior da ilha e revelava o alto grau de condescendência das autoridades Cubanas. Além disso, o governo de Cuba foi obrigado a entregar uma faixa de seu litoral para que os norte-americanos montassem uma base militar na baía de Guantánamo.
Nas décadas seguintes, ampliou-se de forma considerável a participação do capital americano nos negócios da ilha atuando livremente, sem restrições, na área do transporte, comércio exterior, mineração, turismo e, sobretudo, àqueles vinculados a produção e comercialização do açúcar.
No plano político, a primeira metade do século XX foi caracterizada pela sucessão de governos despóticos que, com suas ações, consolidaram a posição de Cuba de “quintal dos EUA”.
As pessoas ligadas aos setores políticos contrários a esse modelo foram duramente perseguidos, presos, torturados, e várias lideranças de oposição acabaram assassinadas. Em Havana, capital do país, a corrupção impregnava-se em todas as esferas do poder público e em suas ruas os cassinos, o gangsterismo e a prostituição propagavam-se em escala geométrica.
No início dos anos 50, os dirigentes da oposição perderam definitivamente a esperança em relação à possibilidade de chegar ao poder pelas vias democráticas.
O caminho defendido por esses grupos descontentes com o quadro sócio-político na ilha passa a ser a luta armada. Deve-se ressaltar que o bloco oposicionista ainda não tem, nesse momento, um perfil ideológico definido, apresentando propostas vagas que condenavam a ditadura cubana e procuravam resgatar os princípios patrióticos sugeridos por Jose Martí no final do século XIX.
Em 1953, ocorre a primeira ação armada organizada pela oposição quando um pequeno grupo de homens tentou assumir o controle sobre o Quartel de Moncada, um dos principais regimentos militares do país, a poucos quilômetros da cidade de Santiago de Cuba. A insurreição acabou resultando num enorme fracasso e as forças da repressão não tiveram dificuldades em prender inúmeros envolvidos, entre os quais encontrava-se o jovem advogado Fidel Castro.
Fidel Castro na Assembleia Nacional
Fidel Castro
Ao sair da prisão, depois de quase dois anos de cárcere, Fidel e seus companheiros continuavam a defender que somente uma nova ação armada poderia dar aos Cubanos a democracia e a soberania.
A corrupção eleitoral e a violência da ditadura de Fulgêncio Batista demonstravam claramente para seu grupo a necessidade de preparar, agora com maior cuidado, um grande movimento revolucionário que contasse com o apoio de camponeses e operários.
No exílio em terras mexicanas Fidel Castro, em companhia de Camilo Cienfuegos Ernesto Che Guevara e de seu irmão Raul, organiza o movimento guerrilheiro 26 de julho, referência à data da ação que tentou tomar o quartel de Moncada. Em 1956, o grupo guerrilheiro, com apenas 82 homens, parte em direção a Cuba, onde desembarca na região de Sierra Maestra. Em janeiro de 1959, após três anos de duros combates, os revolucionários assumem o poder na capital encerrando o longo período da ditadura de Batista.
As primeiras decisões do governo de Fidel, no plano interno, demonstravam uma brusca mudança de rumo. Terras foram confiscadas, empresas estrangeiras nacionalizadas, a tarifa de energia elétrica reduzida, enfim, medidas que acabaram gerando imensa euforia popular. No plano externo, o governo de Fidel procurou restabelecer as relações comerciais e diplomáticas com a URSS, apesar de publicamente demonstrar uma posição de eqüidistância em relação ao conflito EUA-URSS.
Essa neutralidade Cubana em pleno cenário da guerra fria foi vista pela Casa Branca com grande desconfiança. Se, por um lado, o perfil do governo revolucionário se apresentava divorciado dos interesses americanos, por outro lado resistia a um imediato alinhamento com a URSS.
Essa nova postura de Cuba não impediu a agressiva reação dos EUA inicialmente através do boicote econômico e depois com a tentativa de invasão da baía dos porcos.
Em abril de 1961, grupos contra-revolucionários formados principalmente por mercenários e refugiados cubanos no exílio invadiram a ilha através da Baía dos Porcos.
A ação foi longamente planejada pela Central de Inteligência Americana (CIA), teve a aprovação do jovem presidente John Kennedy e pretendia, em última instância, derrubar o governo Castrista.
A habilidade das autoridades cubanas, que contaram com o imediato apoio das camadas populares, rechaçou a ação dos invasores e depois de três dias de combates Fidel comemorava uma nova vitória.
A insegurança representada pela ameaça constante de tão poderoso vizinho serviu como elemento catalizador para que o governo cubano fizesse enfim sua aliança econômica e militar com a URSS.
Agora a guerra fria ganhava contornos dramáticos com a inserção de um país americano, geograficamente muito próximo dos EUA, no chamado bloco socialista.
As tensões atingiram seu ápice em 1962 com o episódio da “crise dos mísseis”. Em desvantagem na corrida armamentista e sem tecnologia suficiente para atingir o território dos EUA com suas bombas, a URSS e o governo cubano pretendiam instalar na ilha parte do arsenal soviético. A reação contrária da Casa Branca foi imediata e levou o mundo a temer um conflito direto entre as duas superpotências.
Durante esse período de enorme tensão, Nikita Kruschev, líder soviético, e John Kennedy, presidente dos EUA, acertaram os detalhes do pacto que levou a retirada dos mísseis da região do caribe e, em troca, os EUA comprometeram-se a respeitar a soberania da ilha.
A radicalização dos EUA com o bloqueio aéreo e naval e a expulsão de Cuba da OEA – Organização dos Estados Americanos – explicam a posição mais agressiva da política externa cubana que nos anos 60 e 70 participou ativamente da luta armada ao lado de grupos socialistas que tentavam tomar o poder em países da América e da África.
Enquanto isso governo Castro apresentava ao mundo inegáveis ganhos na área social com a eliminação do analfabetismo e uma das menores taxas de mortalidade infantil do continente americano. Programas nos setores educacional, saúde e habitação tornavam-se viáveis com recursos originados de relações comerciais com os países do bloco socialista.
Com a URSS os cubanos desenvolviam transações altamente vantajosas vendendo açúcar com preços acima dos estabelecidos pelo mercado internacional e comprando petróleo com valores abaixo dos fixados pelo comércio exterior.
Estima-se que os subsídios soviéticos somavam, extra-oficialmente, a cifra de cinco bilhões de dólares por ano.
A lua de mel com a URSS e com outros países socialistas começou a apresentar sinais de desgaste em meados dos anos 80 para se transformar em divórcio no final dessa mesma década.
A ascensão de Mikahil Gorbatchev ao poder na URSS em 1985 e sua proposta de abertura econômica e política, Perestróika e Glasnost, respectivamente, revelaram ao mundo a fragilidade da economia soviética e a necessidade urgente de reformas.
A agonizante situação interna levou a direção do partido comunista em Moscou a rever a ajuda financeira que era vital para o governo cubano.
A crise irradiada a partir da URSS rapidamente propagou-se pelo bloco socialista numa velocidade inimaginável para todos os analistas em política internacional.
A queda do muro de Berlim, em novembro de 1989, causou perplexidade pela forma pacífica como ocorreu, mas também por revelar o estágio de putrefação dos regimes comunistas que dominavam a Europa do leste. Imediatamente todos esses países começam a viver um lento processo de reformas econômicas e políticas que avançam na direção da democracia e da privatização dos meios de produção.
Para Cuba a consequência maior foi a perda de seus tradicionais aliados e, consequentemente, o agravamento de sua crise econômica.
Após 40 anos no poder o governo de Fidel dá evidentes sinais de esgotamento. A idade avançada do comandante, no entanto, não o impede de continuar seu discurso denunciando os EUA por suas ações que visam asfixiar a economia cubana.
Mas a revolução perdeu grande parte de seu charme com as crescentes notícias de violações aos direitos humanos, da propagação da prostituição nas ruas de havana, da lentidão das reformas que timidamente respondem ao boicote comercial americano e, sobretudo, da ausência de perspectiva de democracia no país.
Para alguns, ainda agarrados à velha utopia comunista, o inevitável fracasso da globalização, a ampliação do grau de miséria e de desemprego nas áreas periféricas do mundo, são evidências de que o velho comandante Fidel Castro está no caminho correto. Para outros, no entanto, se o estágio atual do capitalismo internacional não é nada promissor, a solução também não está no anacrônico modelo estatizante, burocratizado e repressor do qual o governo cubano é um dos últimos exemplares.
Lembro, para finalizar, de um encontro com Mariela Castro, filha de Raul Castro, irmão de Fidel e considerado seu herdeiro natural. Era uma manhã fria, em Quito, capital do Equador, na casa de Osvaldo Guayasamim que morreu esse ano e é considerado um dos maiores pintores da América Latina.
A emoção do encontro estava vinculada aos meus ideais da época e na ingênua e gostosa sensação de que a humanidade iria encontrar seu caminho na construção de uma sociedade mais digna.
Ficaram desse momento da minha vida fotografias recolhidas em algum álbum, a agradável conversa em minha memória, uma gravura autografada na parede da sala e a imagem da cordilheira dos Andes quase que a me dizer: “menino, a vida não é constituída só por planície”.
Revolução Cubana – História
A Revolução Cubana foi um levante armado liderado por Fidel Castro que acabou derrubando a ditadura brutal de Fulgencio Batista. A revolução começou com um ataque fracassado ao quartel militar cubano em 26 de julho de 1953, mas no final de 1958, os revolucionários guerrilheiros do Movimento 26 de julho de Castro haviam vencido Cuba, forçando Batista a fugir da ilha em 1º de janeiro, 1959.
Revolução Cubana, levante armado em Cuba que derrubou o governo de Fulgencio Batista em 1º de janeiro de 1959. O líder da revolução, Fidel Castro, governou Cuba de 1959 a 2008.
Revolução Cubana – Sociedade
Entender a sociedade cubana objetivamente é incrivelmente difícil, dados os 45 anos de incessante propaganda contra Fidel Castro, o governo cubano e a sociedade cubana.
Mesmo para aqueles indivíduos críticos dos mídia de referência dos EU, ouvir constantemente o governo cubano ser classificado como uma ditadura que fracassou perante o seu povo, influencia as nossas percepções.
O mesmo acontece com entrevistas ou discussões com cubanos que imigraram para os Estados Unidos, a maioria dos quais são bastante críticos do sistema cubano. Insto o leitor a estar aberto ao seguinte artigo, que apresenta um ponto de vista que está em desacordo com a dos mídia de referência acerca de Cuba. Esta positiva, mas não acrítica análise de Cuba é baseada num estudo aprofundado de Cuba por mais de 35 anos, em duas visitas a Cuba no início dos anos 90, em ter vivido lá por quatro meses em 2001, e na recente viagem que fiz com 23 alunos em Abril e Maio de 2004.
Para entender a sociedade cubana, temos de situar a economia política da Cuba atual, os seus sucessos e problemas reais, no contexto do seguinte:
1. 400 anos de colonialismo espanhol
Este começou com ataques genocidas contra o povo indígena de Cuba, seguidos por uma economia organizada em torno das plantações de açúcar, onde a maior parte da força de trabalho era constituída por africanos escravizados e super-explorados. A escravatura terminou em 1886, mas o racismo extremo e a segregação económica de negros continuou até 1959.
2. A dominação e agressão dos EU
Durante a guerra cubana de independência de 1895-1898, os EU intervieram militarmente, alegando apoiar a independência de Cuba, mas depois dominando Cuba economicamente e politicamente até 1959.
Como uma condição para os EU terminarem a sua ocupação militar de Cuba, Cuba teve de assinar a Emenda Platt, que foi a base para o estabelecimento da base dos EU em Guantánamo, Cuba. Hoje em Guantánamo, prisioneiros de todo o mundo são mantidos indefinidamente sem direitos e sujeitos a tratamento brutal pelos militares dos EU. Além disso, as elites estadounidenses e cubanas dominaram Cuba de 1902 a 1959, com os EU enviando tropas e apoiando governos cubanos que eram favoráveis aos investidores dos EU e minando aqueles que o não eram.
3. As alianças de Cuba com a União Soviética e o Bloco de Leste
Em 1961, dois anos após a vitória da revolução cubana, o presidente cubano Fidel Castro declarou o país socialista e orientou progressivamente a sua política e economia em direção à União Soviética.
A União Soviética e os seus aliados pagavam um bom preço pelo açúcar e vendiam a Cuba petróleo a preços reduzidos. Também prolongaram muitos empréstimos a Cuba. A economia cubana, incluindo a sua tecnologia e maquinaria, consumo de bens, importações e exportações e métodos de planeamento económico tornou-se progressivamente integrada com a da União Soviética e seus aliados.
Isto frequentemente significou utilizar tecnologia e usar produtos que estavam abaixo da qualidade disponível no Ocidente. Cuba diversificou a sua economia lentamente, continuando a depender das exportações de açúcar como a sua principal fonte de divisas estrangeiras.
O sistema soviético desabou em 1989 e, desde então, Cuba teve muita dificuldade em manter os princípios socialistas enquanto desenvolvia um modelo económico diverso do inspirado no soviético.
A transição para novas tecnologias foi difícil e custosa. Cuba tentou, mas não foi bem sucedida em desenvolver uma economia que fosse tanto igualitária como também capaz de providenciar um crescente nível de vida para o seu povo. O governo cubano chamou ao período desde 1989, o Período Especial.
4. Capitalismo Global
Cuba é parte de um sistema económico global que está a aumentar a desigualdade dentro e entre países. Por exemplo, o preço do principal bem de exportação cubano, o açúcar, vende-se a preços cada vez mais baixos relativamente aos preços das importações de Cuba no mercado mundial, por exemplo, máquinas, e bens de consumo duráveis como frigoríficos.
5. O Bloqueio dos Estados Unidos
Durante o período da aliança de Cuba com a URSS, os EU alegaram que a hostilidade em relação a Cuba era porque Cuba era uma extensão da URSS nas Américas. Contudo, reparem que a intervenção dos EU se tornou ainda mais agressiva desde o colapso da URSS, o que nos deveria conduzir a questionar os motivos dos EU no passado assim como no presente. O embargo dos EU, que os cubanos chamam de bloqueio, porque limita o comércio cubano com outros países para além dos EU, significa que Cuba tem tido de pagar preços mais elevados por bens que importa no mercado mundial, como medicamentos e alimentos, e tem tido que manter um orçamento militar mais elevado do que manteria noutras circunstâncias. O bloqueio também reduziu de forma significativa a capacidade de Cuba exportar, o que por sua vez significa que a sua capacidade para importar também foi reduzida.
Este é o contexto para entender Cuba atualmente. Assim, quando os dirigentes e académicos estado unidenses dizem que Cuba é uma experiência fracassada, economicamente e politicamente, ignoram este contexto.
Para mim, os cinco pontos que tracei são os pontos de partida para entender Cuba, mas não são os pontos de chegada.
A minha posição é de um apoio crítico que examina o modelo cubano e as suas decisões e política. Há alguns aspectos com os quais estou em desacordo.
O PERÍODO DOURADO DA REVOLUÇÃO CUBANA
Dos anos 60 ao fim dos anos 80, Cuba foi um dos países do mundo mais igualitários economicamente. Quase toda a produção era possuída e organizada pelo estado. Havia cuidados de saúde gratuitos, acesso igualitário a educação gratuita, e pleno emprego. Centenas de milhares de apartamentos foram construídos em cidades cubanas frequentemente na forma de enormes complexos de apartamentos como Alamar em Havana. No campo, a eletrificação, a canalização em casa, a água potável e habitação básica foram providenciadas a todos os cubanos. A fome e a pobreza absoluta foram superadas.
Cuba não era uma utopia durante este período. Havia limitados e insuficientes bens de consumo, crescimento económico lento com um aumento muito lento do nível de vida; e um sistema paternalista onde o governo ouvia as pessoas e a administração ouvia as queixas dos trabalhadores, mas as decisões eram feitas no topo.
Houve importantes e grandes ganhos para as mulheres no acesso à educação superior e na entrada e avanço em números significativos em muitas profissões, mas pouco mudou na divisão sexual do trabalho no lar, pois as mulheres ainda faziam a maior parte do trabalho em casa.
Houve impressionantes mudanças no sentido de alcançar a igualdade racial, pois a discriminação foi declarada ilegal e a proporção de cubanos negros na educação secundária e superior e em empregos de alto escalão começou a aproximar-se do seu número na população, embora a liderança de topo na sociedade cubana ainda fosse desproporcionadamente branca e masculina. Os ganhos para as famílias que eram pobres antes da revolução cubana de 1959, particularmente nas áreas rurais, foram verdadeiramente impressionantes ? em educação, rendimento, saúde, habitação, e em serem tratados com respeito e dignidade.
Cuba tinha-se verdadeiramente tornado numa sociedade que tinha sido bem sucedida em mudar para melhor as vidas daqueles que historicamente tinham estado no fundo.
Isto é uma realização cujo significado não pode ser exagerado. No princípio dos anos 80, num artigo no Wall Street Journal, o autor admitiu com relutância que o nível de vida dos trabalhadores em Cuba era o mais alto da América Latina, com a possível exceção de Porto Rico.
Cuba chamou-se a si mesma socialista, querendo dizer que a maioria da produção foi nacionalizada e estatizada, e que a produção não estava organizada para o lucro, mas antes planeada centralmente para corresponder às necessidades económicas da população. Contudo, a população tinha um poder limitado na tomada das principais decisões económicas e políticas, por exemplo, sobre se desenvolver energia nuclear ou não.
A participação da população então e agora dá-se principalmente através das organizações de massas, tais como os Comités de Defesa da Revolução (CDR) com base nas comunidades, a Federação das Mulheres Cubanas (FMC), e a Confederação dos Trabalhadores Cubanos (CTC). É através destas organizações de massas, bem como através do Partido Comunista, cujo número atual de membros atinge cerca de um milhão, e cujos membros são na maior parte dos casos respeitados pelo povo cubano e estão intimamente ligados às populações, que as pessoas podem expressar as suas necessidades. Em outras palavras, olhar para este sistema como totalmente de cima para baixo onde Fidel ordena e o povo obedece deturpa a realidade de um governo bastante conectado com os sentimentos populares. Por outro lado, um ponto de vista que assegura que o povo cubano e os seus representantes eleitos têm o poder é também inexato.
O período Especial
Com o colapso da União Soviética e de vários acordos económicos e de comércio que Cuba tinha com o bloco soviético, a produção cubana caiu em mais de um terço de 1989 a 1993 e as importações e exportações cubanas foram reduzidas em mais de dois terços. No princípio dos anos 90, havia a disseminação de cegueira e outros problemas de saúde por causa de uma dieta insuficiente e de falta de vitaminas. A sobrevivência da revolução cubana estava em jogo. Cuba sobreviveu com um lento, mas significativo crescimento económico e um crescente consumo de artigos de primeira necessidade durante os últimos 10 anos. No entanto, a maioria da população tem um nível de vida mais baixo cerca de 25% mais baixo do que tinham a meio dos anos 80. Muitos cubanos, a não ser que tenham alguma maneira de ganhar ou receber dólares, vivem na pobreza, se bem que não passem fome ou estejam sem abrigo.
Muitos países no terceiro mundo ou no sul globalizado tiveram de ajustar estruturalmente as suas economias desde o início dos anos 80 por causa de problemas nas suas balanças de pagamentos, o que quer dizer que importavam mais do que exportavam, e assim tiveram de fazer acordos com credores estrangeiros como o Fundo Monetário Internacional em ordem a obter os empréstimos para pagar a dívida externa que estavam a acumular.
Os planos de ajustamento estrutural resultantes aumentaram a desigualdade económica e reduziram os gastos sociais à medida que os países foram forçados a reduzir os gastos governamentais e o emprego público e a abrir o seu país a investidores estrangeiros.
O ajustamento estrutural de Cuba desde 1989 foi diferente, embora também eles tivessem uma grande dívida externa e lutassem para reduzir o desequilíbrio entre importações altas e exportações baixas.
Para seu crédito, o estado cubano manteve os serviços sociais básicos ? cuidados médicos e dentários gratuitos e disponíveis, educação gratuita até e incluindo o nível universitário, e rações alimentares para a população a preços baixos e acessíveis, se bem que não na quantidade e variedade que os cubanos precisam e desejam. A habitação e as contas dos serviços são acessíveis, embora a habitação seja frequentemente muito lotada e muitas pessoas não tenham telefone. A mortalidade infantil continuou a descer a esperança de vida continuou a aumentar. A mortalidade infantil, a esperança de vida e a saúde da população são as melhores da América Latina e estão próximas das dos Estados Unidos.
Com a excepção da agricultura, a maioria da produção é ainda organizada pelo estado cubano. Embora já não exista pleno emprego, os empregos são mais fáceis de obter e de manter em comparação com outros países nas Américas. A maioria dos jovens consegue encontrar empregos, se bem que os salários para a maioria dos empregos sejam muito baixos. Os desempregados, bem como os pais das crianças com menos de um ano recebem 60 a 70% dos rendimentos do seu último emprego, e aos pais é garantido o retorno ao seu emprego quando voltam ao trabalho. A assistência infantil está disponível e é acessível.
MUDANÇAS NA ECONOMIA CUBANA
As principais mudanças que Cuba realizou desde 1989 conduziram a algumas melhorias no nível de vida, mas criaram um novo conjunto de problemas sociais.
As principais mudanças são as seguintes:
1. A legalização e generalização do uso do dólar dentro de Cuba
Desde 1993, tanto o dólar como o peso cubano são usados como moeda. Muitos bens em Cuba, sobretudo produtos de luxo e importados estão apreçados em dólares ou, se em pesos, os seus preços são muito altos para os cubanos porque são convertidos de dólares para pesos à taxa de 25 pesos por dólar. Por exemplo, a galinha vende-se a cerca de US$1 ou 25 pesos.
Por causa dos preços altos destes bens e serviços em relação com os salários, isto torna estes produtos inacessíveis aos cubanos que não recebem dólares. O salário médio em Cuba é 250 pesos por mês.
Isto vale muito mais do que dez dólares em termos de poder de compra, que é para o que podem ser convertidos 250 pesos à taxa de conversão de cerca de 25 pesos por dólar.
Ao calcular o poder de compra dos salários cubanos, devemos ter em consideração que a saúde e a educação são gratuitas; e que os preços são baixos, mesmo em pesos, para alimentos comprados com o cartão de racionamento. Para outros bens e serviços, um peso é grosso modo equivalente em valor a um dólar, por exemplo, cinema ou transporte de autocarro. Por outro lado, para muitas importações, por exemplo, um par de jeans, o preço é $20 ou 500 pesos., o dobro do salário médio mensal; e o preço de óleo de cozinha é $2 ou 50 pesos por um litro.
Dada a falta de produtos disponíveis a preços acessíveis, a vida é muito difícil para um salário em pesos.
Tanto a economia cubana como as famílias cubanas estão dependentes de remessas, que é dinheiro enviado por parentes às suas famílias em Cuba. Isto fornece divisas estrangeiras ao governo cubano, pois muito deste dinheiro é gasto em bens e serviços cubanos, e o estado cubano e as empresas cubanas usam depois estes dólares que recebem para comprar bens importados necessários.
Também fornece poder de compra às 40 a 50% das famílias cubanas que recebem direta ou indiretamente estas remessas. George W. Bush, num crescente esforço para destruir a economia cubana em ordem a causar uma revolta, anunciou em 6 de Maio de 2004 restrições adicionais ao envio de remessas e presentes aos parentes cubanos.
Ademais, alguns cubanos em empresas do governo ganham dólares. Desde 1993, alguns trabalhos altamente especializados considerados essenciais pagam um incentivo em dólares além do salário em pesos.
Um amigo nosso que é engenheiro obtém $11 por mês além do seu salário mensal de 350 pesos.
2. Turismo
Cerca de dois milhões de turistas visitam agora Cuba anualmente, principalmente da Europa ocidental, do Canadá e do México.
O governo dos EU não só está a levantar restrições adicionais ao turismo dos EU como está a tentar limitar o turismo para Cuba de outros países.
O turismo é a principal fonte de divisas estrangeiras e Cuba está a produzir cada vez mais do que os turistas consomem.
Dois terços de cada dólar do turismo são agora gastos em bens e serviços produzidos em Cuba e assim criam divisas estrangeiras que podem ser usadas em bens importados para o povo cubano.
O turismo é uma benção mista. Cria divisas estrangeiras, mas também aumenta o desejo da população cubana por um nível de vida do primeiro mundo. Reforça o sexismo, pois jovens mulheres cubanas frequentemente se prostituem para estrangeiros. O turismo também promove a desigualdade racial, pois os cubanos negros estão insuficientemente representados no setor do turismo, tanto em empresas de posse cubana como em empresas mistas, querendo isto dizer posse mista cubana e estrangeira. O governo e os sindicatos reconheceram este problema, mas ele continua.
Muito do rendimento gerado do turismo beneficia de fato a população em geral, pois acaba por chegar ao governo e a bancos do governo. É então usado para comprar bens importados necessários ? medicamentos, autocarros, petróleo, máquinas, mesmo produtos agrícolas dos Estados Unidos. Por outro lado, muitos cubanos que trabalham no setor do turismo obtêm muito do seu rendimento em dólares, principalmente de gorjetas, o que distorce grandemente os incentivos em Cuba. Médicos altamente especializados, engenheiros e especialistas em línguas estrangeiras frequentemente não usam a sua educação e especialização, mas em vez disso trabalham como empregadas de mesa, condutores de taxi, porteiros de hotel, e trabalhadores da limpeza porque podem ganhar muito mais no setor do turismo.
A indústria do turismo e as supracitadas remessas também contribuem para uma crescente desigualdade de rendimentos em Cuba entre aqueles que obtêm dólares e aqueles que os não obtêm. Cuba, ao mesmo tempo que é de longe mais igualitária do que o resto das Américas, incluindo os Estados Unidos, é muito menos igualitária do que era há 20 anos e isto é uma fonte de descontentamento.
Muito do turismo é do tipo praia e sol.
Outras formas de turismo são menos destrutivas dos valores socialistas e estão a ser promovidas: turismo ecológico; turismo cultural (turistas que vão para aprender sobre a história, a cultura e a revolução de Cuba); turismo médico (visitantes que vêm a Cuba para cuidados médicos); e turismo educativo, como o dos milhares de estudantes venezuelanos que estudam em Cuba e nós mesmos.
3. Investimento Estrangeiro
Cuba permite e encoraja a posse de 50% por companhias estrangeiras em várias indústrias, por exemplo, hotéis, exploração mineira de níquel e biotecnologia.
Esta é uma tentativa para trazer capital estrangeiro e tornar-se mais integrada na economia global e obter tecnologia atualizada para substituir a obsoleta tecnologia soviética.
A esperança é que isto possa ser feito sem ser dominada por e tornar-se totalmente dependente de corporações multinacionais. Muitos contratos incluem partilha de tecnologia e ensino de técnicas.
Talvez muito importante seja a exploração petrolífera ao largo que está em curso. Cuba importa presentemente metade do seu petróleo e todo o petróleo necessário para necessidades de transporte.
Encontrar petróleo cubano de baixo enxofre fortaleceria substancialmente a economia cubana; tornaria mais fácil para Cuba importar outros bens e reduzir o seu contínuo desequilíbrio no comércio externo.
4. Agricultura
Na agricultura, Cuba afastou-se das propriedades estatais e do planeamento central da produção agrícola. Tem havido um constante crescimento da posse privada das propriedades, e da posse cooperativa da terra.
Técnicas de agricultura orgânica são cada vez mais usadas, e tem havido um grande crescimento em jardins urbanos.
Mercados de agricultores de gestão privada desempenham um importante papel no abastecimento de alimentos. Neles, os agricultores vendem produtos agrícolas, acima do que são obrigados a vender ao estado, a preços de mercado. Estas reformas aumentaram significativamente a produção agrícola durante os últimos 12 anos, particularmente a produção orgânica de frutos e vegetais.
O consumo de alimentos aumentou significativamente, embora a carne, com a exceção do porco, seja ainda escassa e cara. Contudo, estas reformas também criaram um grupo de cubanos com alto rendimento que vendem produtos agrícolas nos mercados de agricultores a preços que são altos para aqueles cubanos que não têm acesso aos dólares.
5. Novas indústrias
Cuba tem uma força de trabalho educada e especializada. Há investigação significativa e recursos de desenvolvimento investidos em indústrias estatais, tais como instrumentos médicos, e o desenvolvimento e a produção de medicamentos para a SIDA, para curar o cancro, a hepatite, a malária e outras doenças. Isto é parte do que os cubanos chamam biotecnologia.
Cuba espera vender estes produtos globalmente, embora as exportações neste setor estejam a crescer muito mais devagar do que os planejadores cubanos projetaram.
A esperança continuada é que esta indústria possa ser globalmente competitiva, pagar um salário tolerável e trazer divisas estrangeiras substanciais.
Não é surpreendente que os EU estejam a tentar evitar estas vendas pressionando outras nações a não comprar bens cubanos, mas há interesse em desenvolver e comercializar estes produtos, mesmo de firmas dos EU.
Avaliação global
A sobrevivência de Cuba face à tentativa dos EU de destruir a revolução cubana é um grande feito, assim como o é Cuba continuar a satisfazer as necessidades básicas da sua população. Por exemplo, cada pessoa em Cuba tem cuidados dentários e oftalmológicos gratuitos. Cada pessoa em Cuba com SIDA obtém medicamentos retrovirais de alta qualidade gratuitos.
A nossa responsabilidade como habitantes dos EU é parar o criminoso embargo/bloqueio contra Cuba que está a ser empreendido pelo governo dos EU em nosso nome. Durante 45 anos, as pessoas no poder nos Estados Unidos não quiseram aceitar uma Cuba soberana e independente. Essa é a principal razão por detrás das ações ilegais e imorais dos EU contra Cuba no passado e no presente; temos a responsabilidade de mudar a política dos EU. Durante as nossas seis semanas em Cuba, todos ficámos impressionados com o bem que fomos tratados e recebidos pelo povo e pelo governo cubanos que consideram as pessoas dos EU, mas não o governo dos EU como seus amigos.
Cabe-nos a nós tornar a diferença entre as pessoas dos EU e o nosso governo maior, para tornar a agressão do nosso governo contra Cuba tão impopular nos Estados Unidos que seja forçado a aceitar a soberania de Cuba.
Se as pessoas nos Estados Unidos forem bem sucedidas em levar o nosso governo a pôr fim ao bloqueio, o turismo dos EU para Cuba crescerá exponencialmente. Isto causará novos problemas em Cuba, como por exemplo um crescente desejo por um nível de vida do primeiro mundo, mas cabe aos cubanos que unanimemente querem o fim do bloqueio lidar com isso.
Entretanto, enquanto trabalhamos para pôr fim ao bloqueio, temos o direito de humildemente criticar o sistema cubano, embora o governo dos EU não tenha tal direito dadas as suas políticas passadas e presentes.
Cuba é como qualquer país do mundo; merece apoio crítico das pessoas dos EU, mas há problemas reais.
Cuba não desenvolveu uma estratégia viável para simultaneamente atingir a igualdade económica e social, o poder popular e uma qualidade de vida progressiva.
Os principais esforços do governo cubano têm sido sobreviver, manter os serviços básicos e aumentar a produção económica. Alcançaram os dois primeiros destes objetivos, mas não desenvolveram até agora uma estratégia para um desenvolvimento económico sustentável. O crescimento económico é necessário; caso contrário, aumentos em serviços necessários tais como transportes públicos chegam à custa de outros bens e serviços necessários. Possivelmente, aumentar a participação e o poder dos trabalhadores nos locais de trabalho poderia levar a uma maior produtividade e produção.
A desigualdade de rendimentos está a piorar ainda mais. A desigualdade de rendimentos poderia melhorar ao aumentar os tipos e quantidades de bens disponíveis a preços subsidiados nos cartões de racionamento, e/ou passando a uma única moeda e a um único sistema de preços e aumentando substancialmente os salários daqueles que são pagos em pesos. Contudo, a não ser que a produção seja aumentada substancialmente e os altos rendimentos sejam taxados mais pesadamente do que agora, estas reformas causarão enormes pressões inflacionárias à medida que aumente a procura; e crescentes problemas na balança de pagamentos à medida que as importações aumentem.
A sociedade cubana não é a ditadura que ouvimos cá falar nos mídia; as pessoas falam abertamente e criticam de fato, e não há tortura ou desaparecimento de dissidentes. Há alguma supressão da oposição organizada.
Esta repressão é por causa do medo e da realidade do empenhamento dos EU em derrubar a revolução cubana e fazer voltar Cuba a um estatuto neocolonial.
Precisamos de entender o contexto do comportamento do governo cubano sem necessariamente o apoiarmos. O governo dos EU apoia de fato muita da oposição em Cuba, por exemplo, os 75 dissidentes cubanos que foram detidos e encarcerados em 2003. Se Cuba abertamente financiasse a oposição ao capitalismo nos EU, ou interviesse nas eleições dos EU, pensem em como as pessoas nos EU recebendo dinheiro do governo cubano seriam tratadas. Além disso, os EU são uma clara ameaça para Cuba; Cuba não o é para os Estados Unidos, o que significa que os temores e ações cubanos são mais justificáveis do que as ações dos Estados Unidos seriam.
Seja como for, há apenas um papel limitado para o controlo dos trabalhadores nas empresas cubanas, e os mídia de propriedade estatal são limitados nas suas críticas ao governo.
Porque a vida diária é difícil e consumidora de tempo em Cuba, a participação e o ativismo na vida pública declinaram. O cinismo e a insatisfação aumentaram, particularmente entre os jovens.
O Período Especial foi particularmente duro para as mulheres, pois uma das consequências foi que a manutenção da família e das responsabilidades familiares levam mais tempo, por exemplo por causa do declínio dos transportes públicos, e há menos rendimento disponível. O fardo deste aperto de tempo e dinheiro caiu principalmente sobre as mulheres, por isso têm menos tempo que antes para a participação no local de trabalho, na comunidade e na federação das mulheres.
Contudo, a revolução cubana, o conceito de socialismo e Fidel Castro e o Partido Comunista são vistos como legítimos pela maioria da população, e a esmagadora maioria lutaria em apoio da revolução se os EU invadissem. Durante a nossa viagem, ouvimos de muitos cubanos diferentes que eles e a revolução perseverarão, mesmo com o mais recente aumento de restrições do bloqueio em Maio de 2004. Isto inclui a redução de possibilidades de viagem dos EU para Cuba com propósitos educacionais, bem como de cubano-americanos, o aumento do financiamento pelo governo dos EU de grupos que estão a tentar ativamente derrubar o governo cubano e de propaganda anti-cubana, e outras medidas destinadas a isolar Cuba e a causar dano à economia cubana ao reduzir o seu acesso a divisas estrangeiras.
Revolução Cubana – II Grande Guerra
Após a II Grande Guerra, a prosperidade e a democracia estadunidenses contrastam com a pobreza da população da ilha e com o regime ditatorial patrocinado pelos EUA. 75% das terras, 90% dos serviços e 40% da produção de açúcar pertencem a empresas estadounidenses.
Em 26 de julho de 1953 um grupo formado pelo advogado Fidel Castro tenta iniciar uma insurreição com o apoio de setores do Exército cubano.
Fracassa no assalto ao quartel Moncada, em Santiago. Fidel é julgado e anistiado, indo exilar-se no México em 1954, onde funda o Movimento 26 de Julho e organiza um destacamento guerrilheiro que desembarca na província de Oriente em dezembro de 1956.
Seu objetivo é alcançar Sierra Maestra e instalar uma base guerrilheira de onde possa expandir a luta para todo o país.
Revolução
Iniciada em 1956, a partir da base em Sierra Maestra, conquista apoio nas cidades e em outras regiões rurais. Seus objetivos declarados são o fim do regime ditatorial e a justiça social.
Os guerrilheiros de Fidel Castro tomam Havana em 1º de janeiro de 1959 e instauram um governo revolucionário. O novo governo decreta a reforma agrária, nacionaliza as empresas americanas e promove o julgamento público de colaboradores do antigo regime ditatorial. Os condenados como criminosos políticos são fuzilados.
Os EUA reagem com hostilidade diante da nacionalização de empresas americanas, da reforma agrária e do fuzilamento de antigos colaboradores. Em 1960, reduzem a quota de importação cubano e, em 1961, decretam o bloqueio comercial, rompem relações com Havana e patrocinam o desembarque de rebeldes anticastristas na baía dos Porcos. Em 1962, com a descoberta da instalação de mísseis soviéticos em Cuba, os EUA ameaçam com um ataque nuclear e abordam navios soviéticos no Caribe para inspeção. A URSS recua e decide retirar os mísseis.
O alinhamento com o Kremlin começa com a unificação do Movimento 26 de Julho com o Partido Popular Progressista (comunista), em 1960.
A União Soviética e outros países da Europa Oriental ocupam o lugar dos Estados Unidos como principais parceiros comerciais.
O bloqueio econômico e as pressões americanas pela realização de eleições estimulam o regime cubano a estatizar a economia, organizar Comitês de Defesa da Revolução e adotar oficialmente o comunismo.
A partir de 1966, Cuba transforma-se em centro de apoio a revolucionários na América Latina e outras áreas do Terceiro Mundo. Che Guevara, um dos principais dirigentes da Revolução Cubana, comanda guerrilheiros no Congo e na Bolívia, onde é morto em 1967.
Fonte: geocities.com/infoalternativa.fateback.com/lupiglauco.vilabol.uol.com.br/www.sr-cio.org
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