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Período Macedônico ou Helenístico (III a.C.- IIa.C.)
Que a Antiguidade foi um período muito rico em termos culturais não se questiona. Nós ocidentais devemos muito das bases de nosso conhecimento filosófico, artístico, científico, etc. aos primeiros questionamentos elaborados pelos gregos e por outras culturas que vieram logo em seguida.
Um desses povos foram os macedônios que fundaram o Helenismo, que pode ser caracterizado como o período entre os momentos finais da hegemonia grega e o advento da cultura romana, mais especificamente séculos III e II a.C., momento no qual os gregos estiveram sob domínio do Império Macedônico.
O Império Macedônico caracterizou-se pelo domínio de um vasto território que se estendia do ocidente ao oriente. Em seus domínios, os macedônios implementavam políticas de junção das diferentes culturas distintas, tendo como base a cultura grega. Tal mistura ficaria conhecida como Helenismo, sendo que a origem de seu nome está ligada ao fato de que os macedônios habitavam o norte da Grécia e eram chamados de Helenos pelos outros povos gregos.
O Helenismo só foi possível devido a seu grande difusor, Alexandre Magno ou Alexandre – O Grande (356 a.C – 323 a.C), rei da Macedônia que, ao buscar dominar grande parte do mundo conhecido, tendo em especial o Império Persa como inimigo, dominou grande parte das principais regiões do mundo conhecido no período, tais como a Grécia, a Pérsia, o Egito e parte da Índia, criando um vasto império que se estendia do ocidente ao oriente em apenas uma década, de 333 a.C. até 323 a.C.
Representações distintas de Alexandre – O Grande
Devido à expansão macedônica, o Helenismo se difundiu pelas principais regiões do mundo antigo, tendo como grandes polos difusores a própria Macedônica, o Egito e Síria.
Tais regiões se tornaram locais de difusão da ciência e do conhecimento além de serem importantes capitais políticas e econômicas. Devido a intensa movimentação nesses territórios, ocorria um forte intercâmbio artístico, que influenciou segmentos como o das artes e também da literatura.
Como eram territórios muito distintos, formados por uma gama variada de povos, havia uma forte diversidade cultural entre esses povos. A solução, sabiamente empregada por Alexandre foi se utilizar de uma língua oficial (o grego) para assim unir essas diferentes tradições através do compartilhamento de um único idioma.
Mas não foi apenas nos assuntos de Estado que Alexandre soube agir com perspicácia política. A vida cotidiana dos povos que dominou também não escapou a seus olhos atentos. Uma das práticas muito adotadas e incentivadas por Alexandre foi o casamento entre os soldados macedônicos e as mulheres dos locais aos quais conquistava, algo também por ele realizado, como, por exemplo ao casar-se com Roxana, herdeira de Bactriana, uma das regiões por ele conquistada. Assim, Alexandre promovia um sincretismo cultural fortemente solidificado.
Ficaria assim dificílimo de passar ao lago da cultura e da dominação alexandrina.
Além de exímio militar e político, Alexandre era também um amante dos saberes; havia sido aluno de ninguém menos que o filósofo grego Aristóteles, traço que estaria presente na cultura que este viria a criar.
Alexandre era um forte defensor do conhecimento e das ciências, introduziu polos de disseminação do saber nas cidades por ele criadas ou conquistadas, através de escolas, teatros, templos, etc.
Ao empreender tais realizações, Alexandre norteava o maior traço do helenismo: a constituição de uma nova cultura fortemente marcada pela mescla de outras muito diferentes.
A base para esse caldo de cultura seria de origem grega, uma vez que a língua falada nos territórios alexandrinos era predominantemente esta que se espalhava na mesma medida na qual Alexandre expandia seus territórios.
Em termos culturais, pode-se destacar a influência da cultura helenística nos seguintes âmbitos:
Nas artes: em contrapartida à arte grega, que prezava pelo equilíbrio, a arte helenística possuía traços mais realistas, que por vezes chegavam até ao exagero, com destaque para obras grandes e luxuosas. São exemplos arquitetônicos desse momento o Farol de Alexandria, uma das setes maravilhas do mundo antigo e o Grande Altar de Zeus, localizado em Pérgamo.
Na Filosofia: surgiram duas grandes linhas filosóficas: o estoicismo e o epicurismo. Para os primeiros, o destino dos homens já estava traçado antes de seu nascimento cabendo aos mesmos apenas a aceitação de sua situação. Acreditavam ainda que todos homens eram filhos de um mesmo deus, e, exatamente por isso, negavam a existência de diferenças sociais entre os seres humanos. Divergindo drasticamente dos estoicistas, os epicuristas acreditavam que o universo age por si só e que não existia nenhuma intervenção dos deuses na vida humana. Para eles, a alma era matéria e para que se pudesse alcançar um estágio de serenidade desta, dever-se-ia viver na plenitude os prazeres de todos os tipos, sexuais, intelectuais, gastronômicos, etc.
Nas ciências: houve um extraordinário avanço nas ciências exatas, como a geometria graças a Euclides e na trigonometria, através dos trabalhos de Ocorreram ainda descobertas como a alavanca e a hidrostática por Arquimedes; e ainda conhecimentos de astronomia, como destaque para Eratóstenes, que chegou a calcular a circunferência da Terra com espantosa precisão, e Aristarco,criador da teoria heliocêntrica.
Em 323 a.C., aos 33 anos de idade, Alexandre vem a falecer sem, no entanto, deixar herdeiros, fato que acarreta uma grande disputa política entre seus generais, querelas que destruiriam a unidade política de seu império, enfraquecendo-o ao ponto de algumas décadas depois grande parte de seu domínio já ter sido conquistado por outro império em ascensão: o Império Romano. Seria o fim do Helenismo que, a partir de então, apenas entraria para a História como um momento de transição entre grandes momentos da civilização ocidental, talvez um dos pareceres mais injustos da historiografia.
A Era Helenística
Helenismo
O império de Alexandre era frágil, não destinado a sobreviver por muito tempo. Depois que Alexandre morreu em 323 a.C., seus generais (conhecidos como Diadochoi) dividiram suas terras conquistadas entre si.
Logo, esses fragmentos do império alexandrino se tornaram três dinastias poderosas: os selêucidas da Síria e da Pérsia, os Ptolomeus do Egito e os Antigonídeos da Grécia e da Macedônia.
Embora essas dinastias não estivessem politicamente unidas – desde a morte de Alexandre, elas não faziam mais parte de nenhum império grego ou macedônio – elas compartilhavam muito em comum.
São esses pontos em comum, a “condição grega” essencial das partes díspares do mundo alexandrino – que os historiadores se referem quando falam sobre a Era Helenística.
Os estados helenísticos eram governados absolutamente por reis. (Em contraste, as clássicas cidades-estados gregas, ou polei, eram governadas democraticamente por seus cidadãos.)
Esses reis tinham uma visão cosmopolita do mundo e estavam particularmente interessados em acumular o máximo de riquezas que pudessem. Como resultado, eles trabalharam duro para cultivar relacionamentos comerciais em todo o mundo helenístico. Eles importaram marfim, ouro, ébano, pérolas, algodão, especiarias e açúcar (para remédios) da Índia; peles e ferro do Extremo Oriente; vinho da Síria e de Quios; papiro, linho e vidro de Alexandria; azeite de oliva de Atenas; tâmaras e ameixas da Babilônia e Damasco; prata da Espanha; cobre de Chipre; e estanho do extremo norte da Cornualha e da Bretanha.
Eles também expuseram sua riqueza para que todos pudessem ver, construindo palácios elaborados e encomendando arte, esculturas e joias extravagantes.
Eles fizeram grandes doações para museus e zoológicos e patrocinaram bibliotecas (o famoso bibliotecas em Alexandria e Pergamum, por exemplo) e universidades.
A universidade de Alexandria foi o lar dos matemáticos Euclides, Apolônio e Arquimedes, junto com os inventores Ktesibios (o relógio de água) e Heron (o modelo de máquina a vapor).
Cultura Helenística
Grécia helenística
As pessoas, assim como as mercadorias, moviam-se com fluidez pelos reinos helenísticos.
Quase todos no antigo império alexandrino falavam e liam a mesma língua: koine, ou “a língua comum”, uma espécie de grego coloquial.
Koine era uma força cultural unificadora: não importa de onde uma pessoa viesse, ela poderia se comunicar com qualquer pessoa neste mundo helenístico cosmopolita.
Ao mesmo tempo, muitas pessoas se sentiram alienadas nesta nova paisagem política e cultural. Uma vez, os cidadãos estiveram intimamente envolvidos com o funcionamento das cidades-estado democráticas; agora, eles viviam em impérios impessoais governados por burocratas profissionais. Muitas pessoas aderiram a “religiões misteriosas”, como os cultos das deusas Ísis e da Fortuna, que prometiam a seus seguidores imortalidade e riqueza individual.
Os filósofos helenísticos também voltaram seu foco para dentro. Diógenes, o Cínico, viveu sua vida como uma expressão de protesto contra o comercialismo e o cosmopolitismo. (Os políticos, disse ele, eram “os lacaios da multidão”; o teatro era “um show de peep para tolos”.) O filósofo Epicuro argumentou que a coisa mais importante na vida era a busca do prazer e felicidade do indivíduo.
E os estóicos argumentaram que cada homem individual tinha dentro de si uma centelha divina que poderia ser cultivada levando-se uma vida boa e nobre.
Helenismo – Resumo
Em 336 a.C., Alexandre, o Grande, tornou-se o líder do reino grego da Macedônia.
Quando morreu, 13 anos depois, Alexandre havia construído um império que se estendia da Grécia até a Índia.
Aquela breve, mas completa campanha de construção de império mudou o mundo: espalhou as idéias e a cultura grega do Mediterrâneo Oriental à Ásia.
Os historiadores chamam essa era de “período helenístico”. (A palavra “helenística” vem da palavra Hellazein, que significa “falar grego ou se identificar com os gregos”.)
Durou desde a morte de Alexandre em 323 a.C. até 31 a.C., quando as tropas romanas conquistaram o último dos territórios que o rei macedônio havia governado.
Fonte: Vinicius Carlos da Silva
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