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Constituição da Sociedade Colonial Brasileira
Nos dois primeiros séculos de colonização, a população brasileira é formada por colonos brancos, escravos negros, índios aculturados e mestiços.
Aumentando lentamente, ela povoa uma estreita faixa litorânea, onde se concentram as grandes áreas produtoras de açúcar, algodão e tabaco.
Com o desenvolvimento da mineração de ouro e diamante, a partir do século XVIII, a população se expande nas regiões das minas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e avança pelo interior, nas regiões da pecuária.
Baseada na agricultura voltada para o comércio externo, na grande propriedade e no trabalho escravo, a sociedade colonial é agrária, escravista e patriarcal.
Em quase toda colônia, é em torno da grande propriedade rural que se desenvolve a vida econômica e social.
Os povoados e as vilas têm papel secundário, limitado a funções administrativas e religiosas. Somente a partir da expansão das atividades de mineração é que a sociedade urbana se desenvolve na colônia, com algumas características tradicionais, como a escravidão, e características novas, como o maior número de funcionários, comerciantes, pequenos proprietários, artesãos e homens livres pobres.
Casa-grande
A sede das grandes fazendas, ou do engenho, é o maior símbolo do poderio absoluto dos senhores de terras.
A família da casa-grande é numerosa: são muitos filhos, tanto legítimos como ilegítimos, parentes, agregados, escravos e libertos. Todos respeitam a autoridade doméstica e pública do senhor, ao mesmo tempo pai, patriarca e chefe político. Essa é a estrutura familiar das regiões da monocultura tropical, escravista e exportadora. Com ela convive a chamada família nuclear, bem menor, formada quase sempre pelo casal e por poucos filhos, quando não apenas por um dos pais e as crianças. Típica das regiões de produção pouco importante para o mercado externo, essa organização familiar predomina em São Paulo e áreas adjacentes à mineração.
Miscigenação
A sociedade colonial apresenta outra característica, importante desde o início, mas que se intensifica com o tempo: a miscigenação.
Misturando raças e culturas na convivência forçada pelo trabalho escravo dos índios e dos negros africanos, a sociedade colonial adquire um perfil mestiço, personificado pelo mulato (branco europeu e negro africano) e pelo caboclo (branco e índio). Essa miscigenação condiciona as relações sociais e culturais entre colonizadores e colonizados, gerando um modelo de sociedade original na colônia, heterogêneo e multirracial, aparentemente harmônico, sem segregação interna.
Na verdade, porém, ela não disfarça as desigualdades estruturais entre brancos e negros, escravos e livres, livres ricos e livres pobres, que não acabam nem mesmo com a abolição da escravatura, no final do século XIX.
Sociedade Colonial no Brasil – História
Assentada na propriedade monocultora e na escravidão, a sociedade colonial é patriarcal e sem mecanismos de mobilidade social.
O poder concentrado em grandes proprietários estimula o clientelismo: os agregados – homens livres que gravitam em torno do engenho – e as populações das vilas dependem política e economicamente dos senhores, inclusive de seus favores pessoais.
Vida urbana
No nordeste açucareiro a sociedade é basicamente agrária. A vida urbana se desenvolve primeiramente nas regiões das minas. A própria natureza da atividade mineradora, com sua variedade de funções e serviços, estimula o comércio, a formação de núcleos populosos e permite maior mobilidade social.
População
Em 1770 a Coroa portuguesa estima que a população da colônia seja de 1,5 milhão a 2,5 milhões de pessoas. Destas, 20,5% estão concentradas em Minas Gerais, 18,5% na Bahia, 15,4% em Pernambuco, 13,8% no Rio de Janeiro, 7,5% em São Paulo e 24,3% espalham-se pelas outras capitanias.
Resistência dos escravos
As rebeliões e conflitos com escravos atravessam todo o período colonial e se estendem até a abolição da escravatura, em 1888. São comuns os casos de suicídio, de fugas, de abortos provocados pelas escravas e os assassinatos de senhores, feitores e capitães-do-mato. Revoltas e fugas coletivas nos engenhos são freqüentes, principalmente no século XVIII, quando há vários levantes urbanos. Na resistência à opressão branca, os escravos negros também se organizam coletivamente e formam quilombos. Há registros desses núcleos autônomos de negros fugidos ao cativeiro em todas as áreas do Brasil onde aescravidão se fez presente. O mais conhecido é o Quilombo de Palmares.
Quilombo de Palmares
Formado na região do atual Estado de Alagoas por volta de 1630, Palmares é uma confederação de quilombos organizada sob a direção de Zumbi, o chefe guerreiro.
Os palmarinos praticam a policultura: plantam milho, feijão, mandioca, batata-doce, banana e cana-de-açúcar. Também criam galinhas e suínos e conseguem um excedente de produção que é trocado nos povoamentos vizinhos. A fartura de alimentos em Palmares é um dos fatores fundamentais de sua resistência. Chega a reunir 30 mil habitantes e resiste às investidas militares dos brancos por 65 anos. É destruído em 1694. Zumbi foge e é morto em 1695.
Revolta dos malês
Os malêssão negros das nações Nagô e Tapa que professam a religião muçulmana e são alfabetizados na língua árabe. Em janeiro de 1835 lideram um levante em Salvador considerado como a mais organizada das insurreições urbanas de escravos de todo o período escravocrata. Seus líderes mantêm contato com os cativos do Recôncavo Baiano, grupos de Santo Amaro e Itapagipe. Reúnem-se periodicamente para discutir os detalhes do movimento e formam um fundo de guerra que chega a juntar 75 mil-réis.
Plano de ação dos malês
De acordo com o plano de ataque, assinado por um escravo de nome Mala Abubaker, os revoltosos sairiam da Vitória (atual bairro da Barra, em Salvador), “tomando a terra e matando toda a gente branca”. De lá rumariam para a Água dos Meninos e, depois, para Itapagipe, onde se reuniriam ao restante das forças.
O passo seguinte seria a invasão dos engenhos e a libertação dos escravos. O plano é denunciado às autoridades da Província, que preparam a contra-ofensiva.
Os revoltosos atacam na madrugada de 25 de janeiro. Sem contar com o fator surpresa, o levante é desbaratado em dois dias.
Cerca de cem escravos e negros libertos são mortos nos confrontos com a polícia, 281 são presos e pelo menos cinco dos principais chefes são fuzilados. Entre seus pertences são encontrados livros em árabe e rezas muçulmanas.
Poder religioso
A Igreja Católica participa de todo o projeto de expansão ultramarina português por intermédio da Ordem de Cristo e está presente no Brasil desde o descobrimento. Os primeiros religiosos da Companhia de Jesus chegam com Tomé de Souza, na instalação do Governo Geral. Os jesuítas cuidam do registro de nascimentos, casamentos e mortes; estudam as culturas locais e se opõem à escravidão indígena.
Primeiro bispado
Em 1552, por insistência do jesuíta Manoel da Nóbrega, dom João III autoriza a criação do primeiro bispado em Salvador. Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo, chega em junho daquele ano. Institui o sistema de padroado, pelo qual o rei age como perpétuo administrador da Ordem e Cavalaria do Mestrado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Carmelitas fundam seu primeiro convento em Pernambuco, em 1584; franciscanos chegam em 1587. A partir de 1594 capuchinhos franceses instalam-se no Maranhão e monges beneditinos, no Rio, Bahia e Pernambuco. A ação missionária é regulamentada em 1696 pelo Regimento das Missões.
Primeiras escolas
Entre 1554 e 1570 os jesuítas fundam no Brasil cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, Espírito Santo, São Vicente e São Paulo de Piratininga) e três colégios (no Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). A organização do ensino segue a orientação do Real Colégio das Artes de Coimbra, chamada ratio studiorum. O currículo divide-se em duas seções ou classes distintas. Nas classes inferiores, com duração de seis anos, ensinam-se retórica, humanidades, gramática portuguesa, latim e grego. Nas classes superiores, com três anos, os alunos aprendem matemática, física, filosofia, que inclui lógica, moral e metafísica, além de gramática, latim e grego.
Expulsão dos jesuítas
Em meados do século XVIII cresce em Portugal uma oposição sistemática aos jesuítas, liderada por dom Sebastião José de Carvalho e Melo, marquês de Pombal, ministro do rei dom José I. Sob o argumento de que a Companhia de Jesus se transformara num Estado dentro do Estado português, consegue expulsar os jesuítas de Portugal e de suas colônias em 1759. No Brasil, com a saída dos jesuítas, colégios e seminários são fechados e as diferentes formas de registro civil ficam desorganizadas. A reforma pombalina da educação, em 1770, substitui o sistema jesuítico por um ensino laico, dirigido pelos vice-reis.
Fonte: EncBrasil/www.conhecimentosgerais.com.br
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