Partilha do Brasil

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Após a captura da naú Peregrina, o Rei Dom João III e seu principal conselheiro Dom Antônio de Ataide, reuniram-se em Évora com os principais membros do Conselho Real, foi quando decidiram consultar Dom Diogo de Gouveia, que vivia há vinte anos em Paris e estava bem inteirado dos planos da França com relação ao Brasil.

Dom João III em 1529 recebeu duas ofertas para colonizar o Brasil sendo uma do Guarda Costa e Capitão do Mar Cristóvão Jaques e a outra de João de Melo da Câmara, porém com as noticias chagadas em Portugal relativas ao Rei Branco e à Serra de Prata fez com que o rei decidisse investir o próprio dinheiro na conquista do Brasil, reservando a exploração da colônia exclusivamente para a coroa, e em 1532 o Conselho Real reunido no Paço de Évora decidiu aplicar no Brasil, o modelo que já havia sido feito nas Ilhas do Atlântico e na Costa da África, a colônia sul-americana seria repartida em Capitanias Hereditárias.

Nesta época Portugal passava uma grave crise financeira.

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Pois quando Dom João III herdara do pai o Rei Dom Manoel um erário vazio e a Fazenda Real bastante arruinada; e uma das primeiras decisões de Dom João III foi um pedido de empréstimo, feito a banqueiros de Flandes nos países baixo e além disso um terremoto atingira Lisboa, portanto não havia recursos disponíveis para colonizar o Brasil as custas do Tesouro Real,

E devido as circunstancia Dom Antônio de Ataide convenceu ao rei, que a ocupação da colônia deveria ser efetuada pela iniciativa privada.

Por isto em 28 de Setembro de 1532 Dom João III enviou uma carta por intermédio do Capitão João de Souza para Martins Afonso de Souza informando o novo destino do Brasil.

Que permanecia em São Vicente aguardando o retorno da expedição que seguira em direção ao territorio do Rei Branco, e já desconfiado de que a missão tivesse fracassado, por isto tomou a atitude de doar duas novas sesmarias em pleno planalto de Piratinga sendo uma para o seu lugar tenente Pero de Góis e outra para o fidalgo Rui Pinto que era membro da Ordem de Cristo.

Esta decisão tinha sentido pratico, pois Martins Afonso de Souza temia que movido pela vertigem da Serra de Prata os seus comandados se embrenhassem nas matas adentro, deixando São Vicente e Piratinga perigosamente desguarnecidas.

Em Janeiro de 1533 João de Souza aportou em São Vicente trazendo a carta de Dom João III para Martins Afonso de Souza em que o destituia do cargo de Governador das Partes do Brasil, e reserva-lhe a melhor parte do Brasil; em Maio de 1533 Martins Afonso de Souza assinou um alvará mediante o qual Pero de Góis ficou autorizado a enviar dezessete escravos por ano para Portugal livres de impostos e partiu do Brasil deixando um elenco de gente arrojada e intrépida que a partir deste momento as trajetórias individuais de vários deles iriam se misturar com os rumos do Brasil.

E pouco antes de sua partida Martins Afonso de Souza foi informado por Tibiriça do trágico destino que se abatera sobre a tropa de Pero Lobo, onde ele e a sua tropa haviam sido mortos pela tribo dos Carijó nas margens do Rio Iguaçu e devido aos fatos Martins Afonso de Souza determinou que Pero de Góis partisse em direção ao reduto do Bacharel de Cananeia que havia planejado o massacre da tropa de tropa de Pero Lobo, e como o bacharel se negou a se entregar e de prestar obediência ao rei de Portugal e ao Governador Martins Afonso de Souza.

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E se precavendo de um ataque iminente o bacharel capturou um navio corsário francês que havia chegado a Cananeia e retirou as suas peças de artilharia para se guarnecer na barra do Arroio Icapara junto com alguns soldados e índios flecheiros atocaiados,e quando os portugueses desembarcaram na praia foram recebidos com uma surriada de artilharia, arcabuzaria e flecharia, os sobreviventes que haviam fugido para um passo estreito do Arroio da Barra de Icapara, foram surpreendidos pelos espanhóis e pelos indígenas emboscadosque os atacaram e realizaram uma grande matança.

Onde o próprio Pero de Gois ficou gravemente ferido; entusiasmados por aquela vitória esmagadora Moschera e o Bacharel com alguns índios Carijó partiram no dia seguinte para os vilarejo fundado por Martins Afonso de Souza em São Vicente e Piratinga onde saquearam tudo o que podiam carregar, queimaram quase todas as casas e deixaram atrás de si apenas destroços.

Em sua jornada de volta para a Europa Martins Afonso de Souza em fins de Julho encontrou-se com Duarte Coelho e sua frota guarda-costas nos Açores, o qual acabara de capturar um galeão francês que retornava da Bahia, e enquanto Martins Afonso de Souza permanecia nos Acores chegava ao arquipélago vindo da Índia a esquadra de Antônio de Saldanha a qual Duarte Coelho fora encarregado de proteger, que dali seguiram direto para o reino.

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Brasão Duarte Coelho

Após as chegada de Martins Afonso de Souza à Portugal e que o Brasil começou a ser repartido em quinze imensos lotes tendo por base o mapa de Gaspar Viegas, e quando da distribuição das capitanias, o rei e seus conselheiros decidiram alterar o traçado do domínio da coroa portuguesa mais para o norte dos territórios que seriam entregues aos donatários, deixando a região do prata fora da área que seria loteada e ocupada por Portugal, e para evitar a eclosão de um novo foco internacional de conflito, porem ignoraram soberbamente a divisão territorial do litoral brasileiro feita pela tribo Tupi ao longo de lutas sangrentase para os futuros donatários, tal descuido custaria caro.

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A primeira doação de uma capitania no Brasil, do foi assinada no dia 10 de Março de 1534 em beneficio do fidalgo Duarte Coelho, o qual não obteve apenas a primazia, também foi agraciado com o melhor lote da colônia em uma zona que, além de possuir as terras mais férteis e mais apropriadas à lavoura canavieira e ficava mais próximo de Portugal do que qualquer outra porçao da costa brasileira com 60 léguas de largura estendendo-se desde o Rio Iguaraçu na ponta sul da Ilha de Itamaracá até a foz do Rio São Francisco e no dia 2 de Outubro de 1534 Duarte Coelho foi agraciado ainda com isenção de impostos sobre os utensílios de ferro e outros produtos industrializados que ele importou de fora do reino para trazer para o Brasil.

E quando a partilha do Brasil se iniciou, Martins Afonso de Souza escolheu para si os lotes que ficavam em São Vicente e no Rio de Janeiro dessa forma pôde se assenhorear de todo o aparato que ele próprio havia instalado em São Vicente e em Piratinga, apoderou-se também do Entreposto da Carioca erguido na Baia da Guanabara, tudo isto fora construído às custa da coroa – e, a partir de então, passou a lhe pertencer.

O lote de São Vicente se estendia por 45 léguas de costa que começava na barra de Bertioga e se prolongava até a Ilha do Mel na Baia de Paranaguá, e a Capitania do Rio de Janeiro com 55 léguas de largura que se iniciava na foz do Rio Macaé, chegando ate a foz do rio Juqueriquerê, Pero Lopes foi beneficiado com a doação de três lotes sendo o primeiro deles a Capitania de Santo Amaro que ficava exatamente entre as duas possessões de seu irmão Martins Afonso de Souza que tinha 55 léguas de largura e se estendia desde a foz do Rio Juqueriquerê até a barra de Bertioga, o segundo lote batizado de Capitania de Santana que se localizava imediatamente ao sul de São Vicente com 40 léguas que começava na Ilha do Mel e iam ate Lagunas e o outro lote de Pero Lopes localizava-se bem ao norte em Itamaracá no litoral de Pernambuco com 30 léguas de largura que começava na Baia da Tradição e terminava na foz do Rio Iguaraçu e cujos limites haviam sido palco de árduos combates travados por Pero Lopes contra os franceses.

As doações se prolongaram por dois anos, encerrando-se em Fevereiro de 1536 e entre os principais beneficiários estavam os mais graduados funcionários da Fazenda Real assim como o Tesoureiro geral do Reino, Ferrão Alvares de Andrade; o Secretario do Tesouro Real, Jorge de Figueiredo Correia; o Provedor Geral da Fazenda, Antônio Cardoso de Barros e o Feitor da Casa da Índia João de Barros e as demais capitanias foram concedidas a militares que haviam tomado parte da conquista da Índia e demais possessões portuguesas no Oriente.

De qualquer forma, ganhar uma capitania no Brasil foi algo que mais do que uma benesse – porem acabaria se revelando um mau negocio para quase todos os donatários.

A principal condição para receber um lote era possuir recursos financeiros suficientes para colonizá-lo às próprias custas, as grandes dimensões das capitanias soaram como um estimulo para os donatários e a sua própria imensidão dos lotes foi uma das principais causas do fracasso de seus projetos colonizadores, ao receberem seus florais as capitanias eram hereditárias indivisíveis e inalienáveis onde os donatários possuíam jurisdição civil e criminal sobre os índios, escravos, peões e colonos e estavam autorizados a fundar vilas e doar sesmarias aos colonos e podiam cobrar impostos e dízimos e embora pudessem escolher e nomear seus próprios tabeliães, escrivães, ouvidores, juizes; os donatários deveriam prestar contas aos feitores e almoxarifes enviados pelo rei para arrecadar as rendas reservadas à coroa e entre vários direito, os donatários podiam escravizar nativos e enviar para Portugal ate trinta e nove escravos indiginas por ano livre de impostos cobrados pela Alfândega Real, cobrar direitos sobre as passagens dos rios, ter o monopólio das salinas e moendas de águas, exigir serviços militares dos colonos quanto necessário, reservar para seu uso próprio 10 léguas de terra, cobrar pensão dos Tabeliães Público e Judiciais, exportar para o reino qualquer produto da terra sem imposto, porém a coroa reservava para si o monopólio do pau-brasil cuja exportação o donatário recebia apenas a redizima, o ouro, a prata e as pedrarias, as pérolas, o chumbo e o estanho porventura encontrados na capitania também pertenciam a coroa mas o donatário recebia um vigésimo do quinto diretamente destinado ao rei, também a coroa reserva à Ordem de Cristo que era uma organização militar-religiosa sediada em Portugal o dizimo sobre todo o pescado obtido na capitania e através do foral o soberano assegurava que seus corregedores e juizes jamais entrariam nas capitanias e que o donatário nunca seria suspensos de seus direitos nem sentenciados sem ter sido antes ouvido pelo próprio rei a não ser em caso comprovada traição à coroa ou de heresia, e no dia 31 de Maio de 1535 o Rei Dom João III declarou as Capitanias do Brasil como territorio de couto e homizio ou seja uma região na qual qualquer crime cometidos anteriormente em outros lugares ficavam instantaneamente prescritos e perdoados, o Brasil transformou-se, assim, numa das colônias para qual os condenados de Portugal eram enviados para cumprir degredo e no dia 5 de Outubro de 1535 o rei determinou que os degredados que antes eram enviados para as Ilhas de São Tomé e Príncipe na costa ocidental da África, passassem a vir para o Brasil, com isto vários donatários foram forçados a trazer consigo centenas de degredados, que entre eles vieram os que haviam sido punidos por questões fiscais que no Brasil se dedicaram a atividades produtivas ao passo que os condenados que tinham costumes pervertidos que traziam marcados com ferro em brasa ou desorelhados que quando chegavam ao Brasil apelavam para a pirataria e o trafico de escravos indígenas.

E no dia 19 de Dezembro de 1533 Martins Afonso de Souza foi feito Capitão-mor do Mar da Índia e nomeado comandante de uma armada que partiria com a missão de tomar as cidades de Diu e Damão que eram portos estratégicos no norte da Índia, que com esta nomeação e a noticia da destruição das vilas de São Vicente e de Piratinga e da ocupação da Costa do Ouro e da Prata por Francisco Pizarro e um bando de aventureiros.

Conforme as noticias chegadas de Sevilha onde Fernando Pizarro trouxera para o Imperador Carlos V, diversos objetos de artes de puro ouro e outros de prata e muito ouro e prata que haviam sido obtidos como resgate pela captura do Inca Atahualpa, em vista dos fatos Martins Afonso de Souza a coroa portuguesa se desinteressaram pela Costa do Ouro e da Prata deixando o sul do Brasil abandonado ao longo de duas décadas.

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E no dia 6 de Março de 1534 Martins Afonso de Souza assinou uma procuração a qual tornava sua mulher a fidalga castelhana Dona Ana Pimentel a responsável pela administração das Capitanias de São Vicente e do Rio de Janeiro, e zarpou em 12 de Março de 1534 comandando dois mil soldados amontoados em seis naús para o Oriente onde o Vice-rei da Índia Dom Nuno da Cunha era acusado de corrupção e de fracassos militares indesculpáveis para a coroa e durante a jornada para Índia ele efetuou uma breve estada na Bahia onde se encontrou com dois de seus antigos companheiros da expedição de 1531 o fidalgo genovês Paulo Dias Adorno e o marinheiro Afonso Rodrigues que viviam na vila de Caramurú e onde deixou sete frades franciscanos que ficaram encarregados de evangelizar os Tupinambá e o seu desinteresse era de tal modo que ele nem sequer visitou as suas possessões coloniais, e após a breve escala na Bahia Martins Afonso de Souza seguiu viagem para Goa onde chegou em Setembro de 1534 onde foi recebido pelo Vice-rei Dom Nuno da Cunha que desconfiado de que o recém chegado vinha para destruí-lo, logo se indispôs com ele, porém a atuação de Martins Afonso de Souza foi facilitada pela aliança que firmou com os fidalgos lusos residentes em Goa, e beneficiado por uma série de circunstancias favoraveis Martins Afonso de Souza aliou-se ao Sultão Bahadur, de Cambaia região norte da Índia, onde esse localizavam os portos de Diu e Damão, e no inicio de 1534 Martins Afonso de Souza ergueu uma fortaleza no porto de Diu e no ano de 1538 esta fortaleza sofreu um grande ataque da frota do Samorim de Calcute onde Martins Afonso de Souza foi capaz de romper o cerco a Diu e forçar o governador do Egito a bater em retirada, o que assegurou por sessenta anos o domínio português as águas do mar indiano, e ao longo do tempo que estivera na Índia fundara a Fortaleza de Diu e vencerá muitas batalhas e no ano de 1539 retornou a Lisboa onde foi nomeado como Vice-rei das partes da Índia em substituição a Dom Garcia de Noronha; antes da partida de Lisboa para assumir o seu cargo na Índia Martins Afonso de Souza firmou um contrato com o mercador holandês Johann Van Hielst que era representante do comerciante belga Erasmo Schvestz e a participação do inglês John Whithall para a construção de um engenho de açúcar na Capitania de São Vicente que recebeu o nome de Engenho do Governador, e em 7 de Abril de 1541comandando cinco naus retornou a Índia em companhia de Álvaro da Gama, Luiz Caiado e Francisco Xavier um dos fundadores da Companhia de Jesus que seria o primeiro jesuíta a partir da Europa em missão evangelizadora e muitos outros nobres, cuja jornada ate o Oriente foi muito difícil por causa da monção do verão e devido a esta circunstancia teve que invernar em Moçambique ate o inicio de 1542 a esquadra de Martins Afonso de Souza aportou em Goa onde governou ate 1545 quando foi substituído por Dom João de Castro um dos mais eficientes Vice-reis da Índia, Cosmógrafo brilhante filósofo de formação aristotélica e estoicista e autor de vários roteiros considerados essenciais para a expansão portuguesa no Oriente, e devido ao regime de monções Martins Afonso de Souza só pode partir de Goa em 12 de Setembro de 1545 e ao longo dos meses em que conviveu com Dom João de Castro travou inúmeras discussões e antes de partir num ultimo desagravo ao adversário, mandou pintar um retrato seu em tamanho natural e exigiu que ele fosse pendurado na casa onde residia os Vice-reis.

Quando de sua chegada à Europa, grande consternação reinava em Portugal, devido a descoberta de Potosi pelos espanhóis, que deixara os portugueses desolados e talvez por conta deste fato, Martins Afonso de Souza vendera a sua cota de participação no engenho de Erasmo Schetz, com isto cortou todos os seus vínculos com a Capitania de São Vicente e jamais voltou a se interessar por ela, nem pela Capitania do Rio de Janeiro, que deixada no abandono acabou invadida pelos franceses em 1555, quando era membro do Conselho Real.

Enquanto Martins Afonso de Souza combatia e enriquecia na Índia, Pero Lopes prestava serviço a coroa no Mar Mediterrâneo e não se interessava pela capitania que recebera no Brasil, em Março de 1534 junto com Tomé de Souza partiu para Marrocos com a missão de socorrer a praça de Safim onde os turcos otomanos do Mar Vermelho que eram os xerifes muçulmanos da dinastia Sus desafiavam as bases do império lusitano no territorio marroquino, e em Agosto de 1534 Pero Lopes retornou ao reino.

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E em 1 de Setembro recebeu a carta de doação da Capitania de Santo Amaro e logo a seguir foi nomeado Capitão da Armada Portuguesa que iria se juntar a frota do Imperador Carlos V e do Almirante Andréa Doria, para combater no Mar Mediterrâneo a esquadra do pirata turco Barba Roxa que era o terror daquele mar

E em 30 de Maio de 1535 e no inicio de Julho atacaram e tomaram os portos de Tunis e Argel no norte da África, destroçando a frota de Barba Roxa e em Outubro de 1535 em Lisboa recebeu a carta de doação de seu terceiro lote no Brasil a Capitania de Itamaracá e se casou com Dona Isabel de Gamboa a quem passou uma procuração nomeando-a como responsável pela colonização de seus três lotes no Brasil, e em 28 de Setembro de 1536 Pero Lopes aprisionou um navio francês que estava retornando da costa brasileira carregando de pau-brasil, desrespeitando os acordos entre as duas coroas .

Até o início de 1539 Pero Lopes nunca havia sido nomeado para uma missão na Índia, embora já tivesse lutado no Brasil e no Marrocos e servira na frota guarda-costas estacionada nos Açores e em Março de 1539 Pero Lopes desembarcou em Goa onde cometeu uma série de atrocidade contra os povos asiáticos até encontrar a morte de forma terrível ao ser preso no Ceilão.

No instante em que os espanhóis travavam seus terríveis combates contra os Querandi e os Charrua, Pero de Góis se encontrava em São Vicente convalescendo dos ferimentos sofridos na tentativa de prender o Bacharel de Cananeia e de tomar Iguape e assim que se recuperou partiu para Portugal em 1535, onde o rei Dom João III tinha assinado um alvarás de lembrança onde estava incluído o nome de Pero de Gois entre os futuros donatários, e no dia 28 de Fevereiro de 1536, o rei assinou a carta de doação concedendo-lhe a Capitania de São Tomé que foi o ultimo lote doado pela coroa, ela era a menor de todas; tinha 30 léguas de largura e iniciava ao sul da foz do Rio Itapemirim e se prolongava ate a foz do Rio Macaé com isto Pero de Gois acabaria se tornando o único dos donatários que não era nem funcionário da fazenda nem militar com carreira na Índia, ele foi o donatário que menos dispunha de recursos para levar adiante um projeto colonial e foi o mais moço entre os agraciados com terras no Brasil e em Abril de 1536 quando chegou a São Vicente recolheu o seu irmão Luiz de Gois e alguns colonos e partiu para os sertões ainda inexplorado de sua capitania onde a maioria de seus homens adoeceram de febres palustres.

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Porem Pero de Gois foi capaz de erguer uma pequena cidade que recebeu o nome de Vila da Rainha, onde deu inicio ao plantio de Cana-de-açúcar,

Porém a sua capitania se localizava justamente em pleno territorio tribal dos Goitacá que eram uma das únicas nações indígenas da costa do Brasil que não pertenciam ao grupo lingüistico Tupi-Guarani que junto com os seus vizinhos Aimoré tinham resistido a invasão Tupi do litoral brasileiro.

A nação dos Goitacá era formada de guerreiros altos, robustos e de pele mais clara que os demais povos da costa, usavam enormes flechas, eram grandes corredores e inigualáveis nadadores.

Pero de Góis apesar de todos os problemas se sentia seguro na capitania e em 14 de Agosto de 1537 se reuniu com Vasco Fernandes Coutinho que era o donatário da Capitania do Espirito Santo e trataram de forma amistosa e de comum acordo os limites entre os dois lotes e no final de 1541 Pero de Gois estava convencido de que sem capitais nada poderia ser feito, pois a instalação de um engenho de açúcar requeria muito dinheiro, sendo que as mudas e o maquinario eram importados, em geral da Ilha da Madeira e também era preciso contratar técnicos e funcionários especializados os quais recebiam altos salários; por isto partiu para o reino junto com o seu irmão Luiz de Góis a procura de um sócio capitalista disposto a investir no negocio e deixando a responsabilidade da capitania nas mãos de seu lugar-tenente Jorge Martins, em Março de 1542 durante a sua estada no reino ele conseguiu convencer o mercador de ferragens Martins Ferreira um cristão novo a investir alguns dinheiro para incrementar a incipiente indústria açucareira na Capitania de São Tomé, enquanto o seu irmão tratava de negócios, Luís de Góis tornava-se o primeiro europeu a introduzir o uso de tabaco na Europa que chamada de erva-de-fumo, que no Brasil era muito usada pelos indígenas.

Quando de regresso para a Capitania de São Tomé os irmãos Gois encontraram toda a sua obra destruída, a capitania estava alevantada e devastada os colonos tinham se embrenhado nas matas e o lugar-tenente Jorge Martins que fora deixado no governo; simplesmente fugira.

Pero Góis pensou em desistir de tudo, porém como precisava pagar o financiamento que obtivera em Lisboa, pôs mãos à obra e deu inicio à dura tarefa de reconstruir o que os Goitacá haviam destruído, devido as incursões escravagistas que o lugar-tenente Jorge Martins havia liderado em sua ausência.

Pero de Góis refez os fundamentos da Vila da Rainha e decidiu explorar o litoral de sua capitania em busca de outro local para se instalar e após dois meses de exploração ele encontrou uma grande cachoeira onde instalou o seu primeiro engenho movido a água e nos dois anos seguintes outros quatros engenhos foram erguidos nas proximidades do rio Itabapoana e nas margens do Rio Paraíba do Sul, e em 18 de Agosto de 1545 escreveu uma carta para Martins Ferreira dando conta do empreendimento e solicitando o envio de alguns negros da Guiné para o plantio, corte e transporte da cana e para trabalharem nos engenhos de açúcar, e no momento em que tudo transcorria em pleno vapor, uma nova tragédia se abateu sobre a sua capitania devido a ação de piratas que haviam zarpados da Capitania do Espirito Santo liderados por Henrique Luís de Espina para escravizar os nativos de São Tomé e que entre eles capturaram um dos principais lideres dos Goitacá que era muito amigos dos cristãos, então Henrique Luís de Espina para liberar o chefe dos Goitacá pediu um resgate, que foi pago pelos indígenas, porém o corsário francês não só não devolveu o refém como o entregou para uma tribo inimiga dos Goitacá, que ficaram irados e se alavantaram, por este motivo devastaram a capitania, matando vários colonos e queimando os canaviais.

Ao retornar a Lisboa Pero de Gois foi feito Capitão-do-mar do Brasil, retornando para a colônia em companhia de Tomé de Souza porém jamais conseguiu se restabelecer em sua capitania.

A Capitania do Espirito Santo tinha como donatário Vasco Fernandes Coutinho que possuía uma extraordinária folha de serviços prestado à coroa no Oriente, que fora para a Índia em 1508 onde serviu sob as ordens de Afonso de Albuquerque e em 1511 participou da tomada de Malaca em uma batalha terrível, durante a qual Vasco Fernandes Coutinho se consagrou ao investir contra uma carga de elefantes, e como prêmio pela bravura em combate foi feito Alcaide-mor da Fortaleza de Ormuz que ficava situada na entrada do Golfo Pérsico e em 1524 lutou ao lado de Duarte Coelho na China e ao retornar a Portugal em 1528 Vasco Fernandes Coutinho tinha se tornado um homem rico o que se mantinha distante das intrigas palacianas na sua vida tranqüila de herói em repouso, porém acabou tendo o seu nome incluído na lista de donatários do brasil, e no dia 1 de Junho de 1534 o rei assinou a carta de doação e Vasco Fernandes Coutinho aceitou o desafio de instalar-se num sertão remoto e até então desconhecido de sua capitania – que de início sequer tinha nome e que começava ao sul do Rio Mucuri e terminava a 50 léguas mais ao sul em lugar não claramente definido pela carta de doação.

E assim que recebeu a mercê real, Vasco Fernandes Coutinho vendeu tudo que possuía em Portugal, e com o dinheiro arrecadado começou a armar a expedição com o qual iria tentar colonizar a Capitania do Espirito Santo.

Em Dezembro de 1534 Vasco Fernandes Coutinho antes de sua partida de Portugal recebeu de Dom João III `a incumbência de levar consigo sessenta degredados para a colônia, muito embora que nesta época o alvará que transformou o Brasil em territorio de couto e homizio não havia sido assinado, este alvará decretava que esses homens indo para o Brasil para morar e povoar a Capitania do Espirito Santo de Vasco Fernandes Coutinho, aonde não podiam ser presos, acusados nem demandados ou constrangidos, nem executados por nenhuma via nem modo, pelos casos que tivessem cometidos em Portugal e entre as dezenas de ladrões e desorelhados se encontravam dois degredados de origem nobre, e que logo se revelariam os mais insubmissos durante todos.

Eram eles os fidalgos Dom Simão de Castelo Branco e Dom Jorge de Meneses que partiram a bordo da naú Glória, que após uma breve escala na Bahia zarpou em direção aos seus inexplorados domínios; onde após examinar as embocaduras dos rios Doce e São Mateus em uma manhã de Domingo do dia 23 de Março de 1535 dia de Pentecosta, Vasco Fernandes Coutinho decidiu batizar seu lote com o nome de Capitania do Espirito Santo, quando ancorou a naú Glória na praia que os nativos chamavam de Piratinga ao sul do Monte Moreno e que ao desembarcar foram recibo sob uma chuva de flechas disparadas pelos indiginas entocaiados na praia, porém os tiros de arcabuz forçaram os nativos a bater em retirada e buscar refugio nas matas então Vasco Fernandes Coutinho decidiu erguer uma paliçada e instalar-se na praia de Piratinga onde fundou uma vila a qual os indígenas chamavam de Mboab – o lugar habitado pelos emboabas, e ali o donatário iniciou a doação de sesmarias, os quais tiveram como agraciados Dom Jorge de Meneses que recebeu a Ilha do Boi, Valentim Nunes tornou-se proprietário da Ilha do Frade, o fidalgo Duarte de Lemos ganhou a Ilha de Santo Antônio e enquanto seus colonos se instalavam nas suas ilhas, Vasco Fernandes Coutinho se estabelecia em Vila Farto onde a fertilidade da terra o havia encantado, por esta razão ele pretendia encontrar um sócio para investir na exploração das minas de ouro e prata

E em 1539 ele partiu para Portugal deixando em seu lugar o degredado Dom Jorge de Meneses que na ausência do donatário Vasco Fernandes Coutinho decidiu governar a ferro e a fogo a capitania, repetindo as cruéis proezas que realizara na Índia

E por este motivo os colonos partiram em incursões para o interior dispostos a escravizar os indiginas para o trabalho nas lavouras de cana, com isto os Goitacá deflagraram uma insurreição geral aonde Dom Jorge de Meneses foi morto a frechadas e para seu lugar foi designado Dom Simão de Castelo Branco cujo destino foi similar ao de Dom Jorge de Meneses que foi morto pelos Goitacá que invadiram, incendiaram e destruíram a Vila Farto e forçaram os colonos sobreviventes a se refugiarem na Ilha de Santo Antônio de Duarte de Lemos que convencido de que a capitania dificilmente iria se recuperar, simplesmente abandonou suas propriedades no Espirito Santo e se transferiu para Porto Seguro.

Em 1546 ao retornar de Portugal Vasco Fernandes Coutinho fez uma escala na Capitania de Porto Seguro onde encontrou um bando de degredado que haviam fugidos da cadeia de Ilhéus e que pesavam sobre eles gravíssimas acusações de terem capturado um navio ao largo da costa nordestina e de terem efetuado grandes atrocidades aos seus tripulantes.

Vasco Fernandes Coutinho julgando que as acusações que incriminavam aqueles piratas não eram suficientemente forte, ele lhes ofereceu refúgio em sua capitania e os levou para bordo de seu navio e ao desembarcar no Espirito Santo Vasco Fernandes Coutinho encontrou destruído tudo o que erguera, os canaviais arrasados e os corpos de Dom Jorge de Meneses e de Dom Simao de Castela Branco enterrado em covas rasas e com o auxilio dos colonos remanescentes e do bando de piratas que recolhera em Porto Seguro, o donatário Vasco Fernandes Coutinho conseguiu afugentar os indígenas rebelados e fundou na ilha que doara a Duarte Lemos um vilarejo que ficou conhecido como Vila Nova e no ano de 1551 após novo combate contra os nativos, a vila recebeu o nome de Vitória, mas a desordem e a falta de respeito ao donatário logo precipitaram a ruína de sua capitania.

O vicio da bebida e do tabaco levou Vasco Fernandes Coutinho a sofrer uma série de humilhações publica, infligidas pelo primeiro Bispo do Brasil Dom Pero Fernandes Sardinha e em 22 de Maio de 1558 foi novamente cercado pelos indígenas em sua ilha e nesta ocasião escreveu para o Governador Geral Mem. de Sá pedindo auxilio e relatando que estava velho, doente e aleijado. Mem. de Sá atendendo ao seu pedido mandou-lhes reforços para a sua capitania e uma carta ao rei de Portugal, na qual sugeria que as terras de Vasco Fernandes Coutinho deveriam ser tomadas e doadas aos homens ricos, que estivessem dispostos a vir para o Brasil.

Aquela altura, porém um novo Brasil estava nascendo noutras latitudes, sua fortuna se baseava na grande lavoura canavieira e no escravismo em larga escala

Fonte: www.geocities.com

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