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Índios Brasileiros – História do Brasil
A expressão descobrimento do Brasil; tornou-se comum nos livros de história. Ela se refere ao fato de os portugueses terem encontrado uma terra que era até então desconhecida dos europeus.
Mas o Brasil não era uma terra desconhecida e sem donos! Ela era habitada e sua posse distribuída entre diversos grupos indígenas que a ocupavam!
A ideia de posse e propriedade dos indígenas logicamente não é a mesma da dos portugueses, não tem o mesmo sentido o de propriedade privada.
A posse era coletiva, isto é, não havia um pedaço de terra para cada um ou para cada família, as vastas regiões do Brasil eram ocupadas por nações e tribos.
Havia limites mais ou menos estabelecidos, mas não definidos. As tribos mudavam de lugar de acordo com sua necessidade.
A presença portuguesa foi então uma ocupação, pois julgavam os povos não civilizados como desprovidos dos direitos que eles europeus tinham.
Os europeus se julgavam os donos da civilização e das leis, todos os outros povos deveriam portanto, reger-se pelas normas e leis vigentes na Europa (será que isso mudou hoje em dia ou respeitamos o modo de vida diferente de outras culturas?) Há cinco séculos, os portugueses chegaram ao litoral brasileiro, dando início ao processo de migração que se estenderia até o inicio do século XX, e pouco a pouco foram estabelecendo-se nas terras que eram ocupadas pelos povos indígenas.
Com os índios civilizados e amigos os portugueses formaram uma nova etnia: os mamelucos.
REAÇÕES DOS INDIOS NO BRASIL COLÔNIA
A confederação dos Tamoios Em 1555, os franceses tomaram a Baía de Guanabara, lá se instalara com seus comandados, o almirante Nicolau Durand de Villegaignon, que conseguiu uma aliança com os índios da região, os tamoios, inimigos tradicionais dos tupiniquins.
Não fora difícil aos franceses conquistar os tamoios, homens altivos, que há tempos lutavam contra portugueses, que pretendiam escraviza-los. No começo da década de 60 estremecia o planalto paulista diante das ameaças dos tamoios, quando algumas tribos tupiniquins nos arredores de São Paulo unem-se a eles.
As coisas ficaram difíceis a ponto de obrigar até a transferência dos jesuítas do seu colégio para São Vicente. São Paulo já era uma região cobiçada onde se assentavam muitas hortas, pomares, lavouras de mandioca milho trigo e alguma cana.
Os índios atacam a vila da São Paulo sem conseguir toma-la.
A presença dos francesas aliada aos saques que os colonos faziam as aldeias e tabas dos índios, acabou por estimular uma aliança entre as tribos de Bertioga a Cabo Frio, que reunia também tribos do interior do Vale do Paraíba: era a Confederação dos Tamoios. As investidas dos confederados se multiplicaram.
É quando intervém a experiência do padre Manuel da Nóbrega, que desde 1561 se encontrava em São Vicente, vindo da Bahia. Nóbrega, inimigo da escravização do índio, sente desde logo que há razões de justiça do lado da confederação das tribos e que só uma missão de paz poderá aplaca-la.
Decide, pois, ir em pessoa tentar a paz, para a missão convida o padre Anchieta. Anchieta e Nóbrega ouviram por dias e dias o chefe tamoio Caoquira contar os feitos dos bravos guerreiros de sua tribo, vivos e mortos como era costume entre os índios e fazer suas reclamações.
Caoquirra manda chamar todos os caciques da região. Nos sete meses passados com os índios os jesuítas conseguiram conquistar a paz.
A paz não é duradoura e os tamoios voltam a se confederar e vencem muitas batalhas contra os portugueses, que só conseguem subjuga-los em 1567, quando Estácio de Sá expulsa os franceses e funda um núcleo de povoamento bem fortificado: é São Sebastião do Rio de Janeiro que ali nasce.
CIVILIZAÇÃO E COSTUMES
Os espanhóis como os portugueses encontraram no continente americano, povos diversos, com costumes vários e em diferentes estágios de civilização. Os mais atrasados eram os que povoavam a região do Brasil.
Os índios, que foram os primeiros donos do Brasil, agora são só 344 mil, perdidos em reservas espalhadas pelo país.
As primeiras notícias sobre os índios brasileiros chegaram na Europa na primeira metade do século XVI.
Eram histórias de viajantes, náufragos e missionários que viveram nas aldeias indígenas do litoral, basicamente entre grupos do tronco linguístico tupi (tupiniquins, tupinambás, etc)
Os traços culturais destas tribos foram generalizados para todas as tribos do Brasil. Assim durante muito tempo os índios foram considerados como se fossem todos iguais.
Hoje sabemos que os indígenas brasileiros não formam um grupo homogêneo.
Assim como a língua, também os costumes, as crenças, as formas de organização familiar e social, as técnicas artesanais, a cultura, enfim, variam muito de um grupo para outro.
Podemos encontrar um numero de características mais gerais que se aplicam a muitas tribos mas devemos ter em mente que mesmo tais características não podem ser generalizadas para todos os grupos indígenas do Brasil.
COMO VIVIAM
A organização social básica dos índios é a tribo. Trata-se de um grupo de indivíduos cujas aldeias ocupam uma área próxima, que falam a mesma língua, tem os mesmos costumes e estão ligados uns aos outros por um forte sentimento de unidade.
Tal sentimento é tão forte que se mantém unidos mesmo quando não existe nenhum chefe ou conselheiro cuja autoridade se estenda a toda a tribo. O formato das aldeias varia conforme a tribo.
Alguns grupos constroem aldeias em forma de círculo, alguns em forma de ferradura, alguns ainda cuja aldeia se compõe de uma única habitação coletiva.
Por necessidades básicas de sobrevivência os índios se deslocam periodicamente para locais onde podem encontrar recursos mais facilmente.
Os povos mais nômades não dispõem de agricultura, nem cerâmica, nem tecidos e não criam animais domésticos.
A economia dos índios era principalmente desenvolvida com instrumentos simples visando à prática da caça usando o arco e a flecha e seu cozimento, em artefatos de barro de barro.
A alimentação dos índios era principalmente constituída de peixes, tanto é que foram considerados ótimos nadadores e existem muitas lendas que se referem a lutas entre índios e peixes e muitos mitos que vem das águas. Mas os índios não comiam somente peixes, comiam também bichos e uma das lendas mais engraçadas é que eles não comiam bichos lerdos, pois achavam que estariam comendo a alma deles também e isso faria com que se tornassem lerdos também.
A agricultura também fazia em algumas tribos parte de dos costumes indígenas. Eles cultivavam a mandioca, milho, amendoim e o feijão.
Pensem: eles também conheciam as fibras como o algodão para produzir tecidos.
A organização social do índio se baseava principalmente nas tarefas relacionadas ao trabalho, divididas por idade e sexo. As mulheres cuidavam da casa, das crianças, da roça, fabricação de farinha, a fiação de telagens.
Os homens jovens eram responsáveis pela defesa da tribo e expedições guerreiras e pela coleta dos alimentos na caça e pesca, pela derrubada da mata e preparação da terra para o plantio, construção de canoas e armas, construção das casas enquanto que os idosos, tanto os homens quanto as mulheres, ficavam sentados dando conselhos e passando aos mais jovens a sabedoria das tradições da tribo.
Uma observação importante a se fazer é que os índios já usavam a queimada para abrir espaços na mata que seriam usados para o cultivo de alimentos. Esta pratica era denominada coivara.
Tal sistema é ainda muito utilizado no interior do Brasil.
Geralmente as roças pertencem a toda a tribo e o fruto do trabalho é distribuído entre todos, ou seja os índios faziam parte de um comunismo primitivo. Já os instrumentos de caça e pesca, machados, arcos, flechas, facões, enxadas, etc.. costumam ser propriedades individuais.
Em relação à religião dos índios podemos ressaltar que eles gostavam de rituais, por exemplo, comemoravam a passagem de um grupo ou indivíduo da vida para a morte. Era comemorada a gestação, o nascimento o casamento, a iniciação da vida adulta, etc.
A coisa mais interessante de religião dos índios é que eles não gostavam muito de acreditar em um deus supremo, eles preferiam acreditar em mitos heróis e forças da natureza.
Todas as crenças eram passadas de geração em geração.
Ligado com a religião era a medicina dos índios tanto que o pajé que era o mais sábio da tribo ele era o elo de ligação entre a religião e os homens. Praticamente ele era “sacerdote e através da magia era “medico”.
O principal remédio que ele usava era a auto- sugestão e o carisma dele que atuava através da auto sugestão como remédio para cura das principais doenças indígenas.
Claramente essa não era a único método usado pelo pajé enquanto os índios conheciam muito bem as plantas medicinais e os poderes medicinais delas e muitos medicamentos vegetais que apresentam resultados surpreendentes, como no caso de picadas de cobra, infecção, picadas de mosquito, feridas etc.
Tinham conhecimento de algumas matérias primas como por exemplo na extração do sal, da borracha, do tecido e até de gases asfixiantes.
COMO OS INDIOS QUASE DESAPARECERAM
O processo de colonização levou á extinção de muitas sociedades indígenas que viviam no território dominado, seja pela ação das armas seja pelo contágio de doenças trazidas dos países europeus para as quais os índios não tinham anticorpos ou ainda, pela aplicação de políticas visando a “assimilação” dos índios ‘a nova sociedade implantada, com forte influencia europeia.
Embora não se saiba exatamente quantas sociedades indígenas existissem no Brasil ‘a época da chegada dos europeus, há estimativas sobre o número de habitantes nativos naquele tempo que variam de 1 a 10 milhões de indivíduos.
Estes números nos dão uma ideia da imensa quantidade de pessoas e sociedades indígenas inteiras exterminadas ao longo destes mais de 500 anos, como resultado de um processo de colonização baseado no uso da força, por meio das guerras e da política de assimilação.
Da mesma que os brancos procuraram a explicação para a origem dos índios estes também elaboraram explicação para a origem do homem branco.
O processo do colonizador do qual os índios brasileiros foram vítimas ocorreu assim: primeiro foram cativados para o trabalho de exploração do pau Brasil em troca de objetos que exerciam fascínio sobre eles; depois veio a escravização e a tentativa de faze-los trabalhar na lavoura da cana de açúcar; suas terras foram sendo tomadas e os que não se submeteram ao colonizador e não conseguiram fugir Brasil adentro, morreram após lutar corajosamente pela sua terra e pela liberdade.
Os índios que conseguiram sobreviver eram descaracterizados pela catequese feita pelos jesuítas e da própria convivência com o homem branco.
Com isso muitos foram perdendo sua identidade cultural substituindo suas crenças e costumes pelos valores dos colonizadores.
Transformaram-se assim em seres marginalizados e explorados dentro da sociedade branca.
Índios Brasileiros – Origem
Desde a época em que os primeiros europeus chegaram ao continente americano que a pergunta sobre a origem dos povos aqui encontrados vem desafiando os pesquisadores e muitas hipóteses já foram levantadas, mas ainda não há uma resposta satisfatória e definitiva.
Os Índios Brasileiros são considerados de origem asiática.
A hipótese mais aceita é que os primeiros habitantes da América tenham vindo da Ásia e atravessado a pé o Estreito de Bering, na glaciação de 62 mil anos atrás.
Pesquisas arqueológicas em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, registram indícios da presença humana, datados de 48 mil anos.
O primeiro inventário dos nativos brasileiros só é feito em 1884, pelo viajante alemão Karl von den Steinen, que registra a presença de quatro grupos ou nações indígenas: tupi-guarani, jê ou tapuia, nuaruaque ou maipuré e caraíba ou cariba.
Von den Steinen também assinala quatro grupos linguísticos: tupi, macro-jê, caribe e aruaque. Atualmente estima-se que sejam faladas 170 línguas indígenas no Brasil.
Jesuíta catequizando índios
Estima-se que, em 1500, existiam de 1 milhão a 3 milhões de indígenas no Brasil. Em cinco séculos, a população indígena reduz-se aos atuais 270 mil índios, o que representa 0,02% da população brasileira.
São encontrados em quase todo o país, mas a concentração maior é nas regiões Norte e Centro-Oeste.
A Funai registra a existência de 206 povos indígenas, alguns com apenas uma dúzia de indivíduos. Somente dez povos têm mais de 5 mil pessoas.
As 547 áreas indígenas cobrem 94.091.318 ha, ou 11% do país. Há indícios da existência de 54 grupos de índios isolados, ainda não contatados pelo homem branco.
Índios kaiapó defendem suas terras no Pará
No início da colonização, os índios são escravizados.
O aprisionamento é proibido em 1595, mas a escravização, a aculturação e o extermínio deliberado continuam e resultam no desaparecimento de vários grupos.
A primeira vez em que é feita alusão ao direito dos índios à posse da terra e ao respeito a seus costumes é em 1910, com a criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) pelo marechal Cândido Rondon. Em 1967, o SPI é substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Na década de 70, surgem Organizações Não-Governamentais (ONGs), que defendem os direitos indígenas.
Índios Brasileiros – Portugueses
Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, estima-se que havia por aqui cerca de 6 milhões de índios. Passados os tempos de matança, escravismo e catequização forçada. Nos anos 50, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, a população indígena brasileira estava entre 68.000 e 100.000 habitantes.
Atualmente há cerca de 280.000 índios no Brasil. Contando os que vivem em centros urbanos, ultrapassam os 300.000.
No total, quase 12% do território nacional, pertence aos índios.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia em torno de 1.300 línguas indígenas. Atualmente existem apenas 170. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas diferentes têm menos de 200 pessoas.
Índio Brasileiro
Será o fim dos índios?
Apesar do “Dia do Índio”, que é comemorado no dia 19 de Abril, não tem nada para se comemorar. Algumas tribos indígenas foram quase executadas por inteiro na década de 70 em diante, enquanto estavam fora de seu habitat, quase chegaram a extinção, foram ameaçados por epidemias, diarreia e estradas.
Mas hoje, o que parecia impossível está acontecendo: o número de índios no Brasil e na Amazônia está aumentando cada vez mais. A taxa de crescimento da população indígena é de 3,5% ao ano, superando a média nacional, que é de 1,3%.
Em melhores condições de vida, alguns índios recuperaram a sua auto-estima, reintroduziram os antigos rituais e aprenderam novas técnicas, como pescar com anzol. Muitos já voltaram para a mata fechada, com uma grande quantidade de crianças indígenas.
“O fenômeno é semelhante ao baby boom do pós-guerra, em que as populações, depois da matança geral, tendem a recuperar as perdas reproduzindo-se mais rapidamente”, diz a antropóloga Marta Azevedo, responsável por uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos em População da Universidade de Campinas.
Com terras garantidas e população crescente, pode parecer que a situação dos índios se encontra agora sob controle. Mas não! O maior desafio da atualidade é manter viva sua riqueza cultural.
Organização e sobrevivência do grupo
Os índios brasileiros sobrevivem utilizando os recursos naturais oferecidos pelo meio ambiente com a ajuda de processos rudimentares. Eles caçam, plantam, pescam, coletam e produzem os instrumentos necessários a estas atividades.
A terra pertence a todos os membros do grupo e cada um tira dela seu próprio sustento.
Existe uma divisão de tarefa por idade e por sexo: em geral cabe a mulher o cuidado com a casa, das crianças e das roças; o homem é responsável pela defesa, pela caça (que pode ser individual ou coletiva), e pela colheita de alimentos na floresta.
Os mais velhos – homens e mulheres – adquirem grande respeito da parte de todos. A experiência conseguida pelos anos de vida transforma-os em símbolos de tradições da tribo.
O pajé é uma espécie de curandeiro e conselheiro espiritual.
Garimpeiros invadem as terras indígenas
Entre os povos ameaçados estão os Ianomâmis, que foram os últimos a ter contato com a civilização. Sua população atual chega a pouco mais de 8.000 pessoas.
O encontro com garimpeiros, que invadem suas terras, trazem doenças, violência e alcoolismo.
Entre os índios, os garimpeiros são conhecidos por outro nome: os “comedores de terras”. Calcula-se que 300.000 garimpeiros entraram ilegalmente em terras indígenas na Amazônia.
Mas o problema não é insolúvel. Na aldeia Nazaré, onde moram 78 Ianomâmis, foram expulsos pela Polícia Federal.
Permanece a questão de como ficará o índio num mundo globalizado, mas pelo menos já se sabe o que é preciso preservar.
O chefe da tribo
Os índios vivem em aldeias e, muitas vezes, são comandados por chefes, que são chamados de cacique, tuxánas ou morubixabas.
A transmissão da chefia pode ser hereditária (de pai para filho) ou não. Os chefes devem conduzir a aldeia nas mudanças, na guerra, devem manter a tradição, determinar as atividades diárias e responsabilizar-se pelo contato com outras aldeias ou com os civilizados.
Muitas vezes ele é assessorado por um conselho de homens que o auxiliam em suas decisões.
Alimento – pesca
Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas – um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair. A maioria dos índios no Brasil pratica agricultura.
Tribos Indígenas
ARARA
As mulheres dessa tribo usam, como roupa, apenas uma espécie de cinto chamado uluri, feito de entrecasca de árvore. Se esse cinto se romper (por acaso), a mulher se sente desprotegida e nua.
A presença deste cinto significa que a mulher não está sexualmente disponível, e a aproximação só acontece quando ela o retira.
Alguns desses povos já estão extintos. Sua língua é a tupi.
No ritual de transição entre a infância e a vida adulta, os meninos ficam reclusos na casa dos homens e têm que passar por sofrimentos físicos e dar provas de força.
Embora não haja um espaço físico determinado, as meninas também têm que cumprir alguns rituais de passagem.
BORORO
O funeral é o que mais chama atenção pela complexidade, podendo durar até dois meses. A morte de alguém pode provocar mudanças ou reforçar as alianças.
Mas a tribo obedece a uma organização social rígida. São de língua tronco macro-jé, autodenominado boe.
A aldeia é dividida em duas partes – exare e tugaregue – que, por sua vez, se subdividem em clãs com deveres muito bem definidos.
Eles reconhecem a liderança de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade exare, conforme determinam seus mitos.
Os antigos Bororo destribuíam-se por extensa região, compreendida entre a Bolívia, a Oeste, o rio Araguaia, o rio das Mortes, ao Norte, e o rio Taquari, ao Sul.
GAVIÃO
Esse nome foi atribuído a diferentes grupos Timbira da região do médio Tocantins por viajantes do século XIX, que sempre falavam do caráter guerreiro desses índios.
A denominação vem das penas de gavião usadas em suas flechas. Esses índios foram muito reduzidos pelo contágio de doenças em seus primeiros contatos com os brancos.
Uma das maiores tradições é a corrida de toras: as equipes de revezamento (formada somente por homens), carregam troncos de buriti nos ombros. O mais importante não é quem chega primeiro, o que vale mais é o divertimento. A comemoração é maior quando as equipes chegam juntas ou quase juntas.
Cada indivíduo recebe dois nomes e um deles não pode ser divulgado. Mostrar ao outro este segredo, significa transferir poder.
Quando alguém recebe o nome de um parente que já morreu carrega a responsabilidade de manter as características do antepassado e quem o escolhe assume o papel de padrinho com a função de transmitir a cultura.
Depois do casamento, por um período determinado, entre genro e sogra, nora e sogro, ficam proibidos de chamar o outro pelo nome.
KATUKINA
Designa dois grupos indígenas, da família Katukina, que autodenominam-se Peda Djapá (“Gente da Onça”). Vivem em diversos grupos no rio Biá, afluente do Jataí e Amazonas. Existem aproximadamente 220 índios.
Os Katukina de língua da Família Pano, vivem no rio Envira, nas margens do rio Gregório, juntamente com os Yawanawá, na área indígena Rio Gregório, Acre, e na área indígena de Campinas.
Os Katukina já foram chamados, por muitos viajantes, como “índios barbados” por causa do costume de pintar a boca de preto.
A troca de cônjuges é bastante comum, mas os filhos sempre ficam com a mãe.
KAYAPÓ
Também chamados de Caiapó, é um povo de língua da família Jê. Distribui-se por 14 grupos: Gorotire, Xikrin do Cateté, Xikrin do Bacajá, A’Ukre, Kararaô, Kikretum, Metuktire (Txu-karramãe), Kokraimoro, Kubenkran-kén e Mekragnotí. Há indicações de pelo menos três outros grupos ainda sem contato com a sociedade nacional.
As aldeias, identificadas pelo nome do grupo a que pertencem, são grandes para os padrões da Amazônia: a dos Gorotire tem 920 pessoas, e há referências históricas de aldeias com 1500 índios.
Eles mantêm pouco contato entre as tribos e possuem uma estrutura cultural e social bastante homogenia, com poucas diferenças locais.
A forma tradicional da aldeia é um círculo de casas formando um pátio. No centro, fica uma casa que só é utilizada para a reunião dos homens.
KULINA
São também chamados de Kurína, Kolína, Curina ou Colina, e vivem em pequenos grupos.
Quando se casa, o homem vive na casa da família da esposa e tem que trabalhar para retribuir a mulher.
Cada casal tem a obrigação de gerar pelo menos três filhos, ganhando o direito de construir uma casa separada e continuando juntos se desejar.
Eles acreditam que a concepção acontece sem qualquer contribuição feminina, e para engravidar, a mulher tanto pode relacionar-se apenas com o marido ou ter vários parceiros.
Em qualquer dos casos, ela é a única responsável pelos cuidados com a criança.
MARUBO
Eles estão em contato com a sociedade nacional desde 1870 e foram incorporados ao trabalho de exploração da borracha.
O homem pode se casar com várias mulheres (poligamia), e cada uma delas ocupa um espaço bem definido na maloca.
Por influência dos missionários, hoje, os mortos são sepultados em cemitérios, mas a cremação fazia parte dos antigos costumes desses índios, eles comiam as cinzas com mingau para que o morto pudesse continuar entre eles.
A única exceção ocorre com as crianças de colo, que são enterradas geralmente entre as árvores.
É uma população de 600 pessoas, que falam a língua da família Pano e vivem ao longo dos rios Ituí e Curuçá, na Amazônia, junto à fronteira com o Peru.
SATERÉ-MAWÉ
Os Sateré-Mawé ou Sateré-Maué, vivem na região dos vales dos rios Marau e Andirá (Amazonas), distribuídos por aldeias, com uma população de 5.800 pessoas.
Eles são conhecidos como os introdutores do guaraná na região. Têm uma forte tradição agrícola e comemoram o fim da colheita com o tarubá, uma bebida fermentada tão forte que pode causar embriaguez por até um mês.
A formiga tem um significado especial e é muito respeitada por esses índios. Uma das espécies, a tocandira, é considerada como divindade e usada nos rituais de passagem.
A picada é extremamente dolorosa, mas para demonstrar coragem, os meninos tem que colocar a mão dentro de uma espécie de luva cheia dessas formigas e resistir à dor, para depois disso, serem considerados adultos.
TENHARIM
Povo indígena de língua Tupi-Guarani, que costumam enterrar os mortos debaixo dos pisos das casas. Acreditam que o espírito permanece morando no local e usando os utensílios que possuía quando era vivo.
Para pescar, eles colocam dentro d água um pedaço de madeira com desenho dos peixes que querem capturar. Fazem isso sempre debaixo de árvores frutíferas, mas acreditam que a fartura da pescaria é explicada unicamente pelos desenhos. Eles só não pescam o boto e o peixe-boi por serem considerados alimentos sagrados (tabu).
TIKUNA
Maior etnia da Amazônia brasileira, conta com uma população de 20.135 indivíduos, que ocupam cerca de 70 aldeias às margens do rio Solimões, no Estado do Amazonas. Outra parte do grupo vive no Peru.
As meninas, quando ficam menstruadas, são submetidas a um ritual de iniciação, que sempre acontece na lua cheia, representando a bondade, a beleza e a sabedoria. Nesta festa, os índios fabricam máscaras de macacos e monstros e enfeites para as virgens.
Um dos índios usa uma máscara com cara de serpente e incorpora o espírito do principal personagem do ritual, um monstro que vivia na água.
Durante os festejos, o monstro faz gestos obscenos que divertem a tribo. Ele também ronda o cubículo onde fica a menina, batendo com um bastão no chão.
Durante três dias e três noites, essa garota é protegida por duas tias que aproveitam o tempo dando conselhos de como ser uma boa mulher Tikuna: respeitar o marido, ser ativa e trabalhadeira.
TAKÂNO
São também chamados de Tucano, e a família lingüística Tukâno é dividida nos ramos ocidental, que compreende línguas faladas no Peru, Equador e Bolívia; e oriental, com as línguas Barasâna, Desâna, Karapanã, Kubéwa, Pirá-Tupúya, Suriâna, Tukâno e Wanâno, faladas desde a Colômbia até o Brasil, no Noroeste da bacia Amazônica.
São extremamente vaidosos, gastam dias e esforços para capturar aves de plumagens belas, coloridas e variadas para fazer adornos.
Eles também gostam de modificar as cores originais dando comidas especiais para as aves ou aquecendo as penas, processo conhecido como tapiragem.
Usam até duas dezenas de aves para um único adorno. Estes enfeites são usados em rituais e aqueles que usam as peças mais bonitas são muito prestigiados pela tribo.
WAI-WAI
Grupo de aproximadamente 1250 índios que vivem nas áreas indígenas Nhamundá-Mapuera, no oeste do Pará, e Wai-Wai em Roraima.
Fazia parte da cultura deles a troca de mulheres capturadas de outras aldeias, consideradas como troféus de guerra.
Com a chegada dos holandeses que colonizaram o Suriname, antiga colônia nas Guianas, os índios estabeleceram este mesmo tipo de relação, trocando mulheres por artigos europeus.
Os holandeses se utilizaram desta prática para conseguir com que os índios, ao invés de trazer mulheres, capturassem os escravos negros fugidos.
YANOMAMI
É o último povo indígena das Américas que conseguiu sobreviver mantendo seu patrimônio cultural e social. Seus membros, 7822 indivíduos, vivem dos dois lados da fronteira entre o Brasil e a Venezuela, próximo ao Pico da Neblina.
Os Yanomami abrem várias trilhas para ligar as diferentes aldeias com as áreas de caça, os acampamentos de verão e as roças recentes e antigas.
Eles fazem um constante rodízio entre esses lugares e com isso, a floresta se recupera com rapidez.
Todos da tribo moram numa imensa casa coletiva e as crianças ocupam um lugar de destaque, suas necessidades são prontamente atendidas e seus pedidos sempre levados em conta.
Embora haja um intercâmbio frequente de mulheres e produtos, cada uma das aldeias tem completa autonomia política e administrativa.
Esses índios queimam os seus mortos e comem as cinzas. Eles acreditam que os espíritos, que podem ser bons ou maus, habitam as plantas e animais.
Os garimpeiros disputavam suas terras desde 1987, atraídos pelas grandes reservas de diamante, ouro, cassiterita e urânio, colocando em risco a sobrevivência do povo Yanomami.
Em 1990, o governo brasileiro adotou medidas de proteção às terras indígenas, iniciando a retirada dos garimpeiros.
Cultura indígena
O esforço das autoridades para manter a diversidade cultural entre os índios pode evitar o desaparecimento de muita coisa interessante.
Um quarto de todas as drogas prescritas pela medicina ocidental vem das plantas das florestas, e três quartos foram colhidos a partir de informações de povos indígenas.
Na área da educação, a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras, é comparada por lingüistas como a língua grega, por sua riqueza estrutural – possui, por exemplo, doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado.
Ritos e mitos
No Brasil, muitas tribos praticam ritos de passagem, que marcam a passagem de um grupo ou indivíduo de uma situação para outra.
Estes ritos se ligam a gestação e ao nascimento, à iniciação na vida adulta, ao casamento, à morte e a outras situações.
Poucos povos acreditam na existência de um ser superior (supremo), a maior parte acredita em heróis místicos, muitas vezes em dois gêmeos, responsáveis pela criação de animais, plantas e costumes.
Índios Brasileiros
Arte
A arte se mistura a vida cotidiana. A pintura corporal, por exemplo, é um meio de distinguir os grupos em que uma sociedade indígena se divide, como pode ser utilizada como enfeite.
A tinta vermelha é extraída do urucum e a azul, quase negro, do jenipapo. Para a cor branca, os índios utilizam o calcário.
Os trabalhos feitos com penas e plumas de pássaros constituem a arte plumária indígena.
Alguns índios realizam trabalhos em madeira. A pintura e o desenho indígena estão sempre ligados à cerâmica e à cestaria.
Os cestos são comuns em todas as tribos, variando a forma e o tipo de palha de que são feitos. Geralmente, os índios associam a música instrumental ao canto e à dança.
Indígenas Brasileiros
Não podemos ser coniventes com políticas contrárias aos interesses de nossos indios. É preciso que a sociedade brasileira se manifeste juntos às autoridades no sentido de que se demarque as terras indígenas, bem como na aprovação do Estatuto do Índio.
De uns tempos para cá iniciou-se uma preocupante mudança de postura dos adolescentes indígenas.
Muitos desses já não estão dispostos a manter seus costumes e tradições antigas que eram passados de geração em geração.
Atualmente os rapazes fazem de tudo para incorporar em sua cultura costumes e modismos dos brancos. Grandes chefes indígenas, como Raoni e tantos outros, têm demonstrado, em entrevistas televisivas, grande preocupação com esses sinais. Segundo esses, até as mulheres nas aldeias não querem mais dispensar os vestidos. A moçada quer saber mesmo é de tênis bonito e roupas dos brancos.
Estão até dançando o forró em algumas aldeias, numa clara demonstração desagregadora que poderá colocar em riscos suas danças e rituais sagrados.
Não bastasse isto, outro fator preocupante é o amiúde contato com a sociedade branca em consequência da expansão do agronegócio, cujos desmatamentos chegam cada vez mais próximos de suas aldeias diminuindo substancialmente a caça de animais que outrora era abundante em suas terras.
Além disso, os chefes indígenas estão preocupadíssimos também com a construção de hidroelétricas nos rios que banham suas terras e que, segundo eles, atrapalharão a desova dos peixes, diminuindo com isso, mais uma de suas bases de alimentação.
A sociedade brasileira como um todo, precisa se conscientizar de que os índios têm certamente alguma tipo de ligação umbilical com nosso país, alguma coisa de sagrado.
Afirma-se isso com base num fato ocorrido em março de 1.998, quando houve um incêndio florestal no Estado de Roraima,que apesar dos esforços dos 130 homens do Exército, 169 policiais de Roraima, 180 bombeiros do DF, 127 bombeiros argentinos, 56 bombeiros de Minas Gerais, com um aparato de 1 helicóptero brasileiro, 4 helicópteros argentinos, 2 helicópteros venezuelanos e 1 avião venezuelano, não conseguiram debelar esse incêndio de grandes proporções que ameaçava alastrar-se por várias cidades, foi preciso então que a FUNAI conduzisse 2 pajés Caiapós para fazerem pajelança com a finalidade de se fazer chover em Roraima. Não deu outra, no dia 30 de março os pajés fizeram seus rituais e afirmaram categoricamente que no próximo dia choveria e a situação estaria resolvida.
Dito e feito, já na madrugada do dia 31 choveu como previra os pajés, acabando de vez com aquele incêndio que já durava 63 dias. Na época, a Rede Globo de Televisão mostrou no Jornal Nacional os 2 pajés sorrindo, com as palmas das mãos estendidas para cima e as gotas da chuva caindo nelas.
Se destruírem as nações indígenas, todos nós, brasileiros, que também temos o gene indígena, estaremos presenciando o fim de nossa ancestralidade.
A sociedade organizada precisa com urgência adotar medidas de apoio ao que sobrou das nações indígenas no sentido de se lhes respeitar seus direitos, principalmente a demarcação de suas terras e a aprovação do Estatuto do Índio.
Reservas indígenas
As reservas indígenas foram criadas, inclusive no Brasil, um pouco para compensar a apropriação indébita de tudo quanto eles possuíam neste país por parte do homem branco, que já não é tão homem branco assim.
As notícias relativas à Reserva Raposa Serra do Sol mostram que ainda subsiste por aqui o mesmo espírito infernal de outros séculos que propôs caçar e liquidar os gentios, tema de muita revolta entre os padres Jesuítas, inclusive o venerado Padre Antônio Vieira.
Embora demonstre o Governo estar disposto a defender a reserva indígena, fica difícil entender porque coisas como essas ainda acontecem.
Os milhões de quilômetros de terras de que dispomos deveriam permitir que as reservas fossem intocáveis. No entanto, no caso da Raposa Serra do Sol são visíveis os sinais de deformação cultural, posto que há índios estranhamente favoráveis à presença dos arrozeiros no território demarcado.
As reservas existem não apenas por questão de territorialidade. Os índios não são todos iguais. É incrível a variedade de culturas, modos de vida, costumes, línguas e rituais entre as tribos que restaram.
Também por isso eles precisam de espaço.
Como explica o estudioso francês Jacques Leclerc, em tradução da linguista Maria Cláudia Fitipaldi, antes da chegada dos europeus os índios no Brasil formavam uma população entre 5 e 6 milhões de habitantes.
Depois de massacrados, submetidos à escravidão e epidemias, em torno de 1950 essa população estava reduzida a pouco mais de 100 mil indivíduos. Um genocídio digno do holocausto judeu.
A presença econômica do homem branco nas reservas é o melhor caminho para a liquidação total do gênero indígena.
Estima-se que cerca de 12 tribos desapareceram por mês somente no decorrer do século XX. Foi, certamente, o alerta das organizações não governamentais e da comunidade internacional para esse fato, que fez o governo brasileiro oferecer melhores condições às suas populações autóctones. Diz Jacques Leclerc que foi preciso esperar mais de 5 séculos para que o Brasil reconhecesse nos índios a condição de seres humanos.
Hoje são muitas as leis no Brasil que protegem as populações indígenas. Seus direitos são reconhecidos até na Constituição Federal. Entretanto, o Brasil ainda não é signatário da Convenção Relativa aos Povos Indígenas e Tribais da Organização Internacional do Trabalho, já ratificada por numerosos países latino-americanos.
O exemplo de Raposa Serra do Sol indica que os brasileiros ainda não aprenderam que as leis precisam ser respeitadas. Não totalmente.
Já há notícias de manifestantes atacando posto da polícia em área de reserva e de confronto entre índios e a Polícia Federal em Roraima.
Para que se compreenda ainda menos a invasão de reservas no Brasil, é preciso dizer que este país tem 8 milhões e 500 mil km2 e que as 554 reservas existentes ocupam apenas 964.452 km2.
Se pensarmos nisso entendendo que eles eram os donos deste país, concluiremos que já tomamos demais deles.
Não custa nada permitir que os que escaparam ao genocídio sobrevivam com dignidade no que sobrou de suas terras.
Fonte: www.pimenet.org.br/Web Ciência/www.culturalsurvival.org
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