Doenças da Cana-de-Açúcar

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Até hoje foram identificadas 216 doenças que atingem a cana-de-açúcar, sendo que cerca de 58 foram encontradas no Brasil.

Dentre estas 58 doenças, pelo menos dez podem ser consideradas de grande importância econômica para a cultura.

As doenças mais importantes são controladas com o uso de variedades resistentes.

Porém, o fato de o controle estar embutido nas características agronômicas da planta faz com que alguns produtores rurais desconheçam o valor da variedade.

Entretanto, como a maioria das resistências a doenças nessa cultura é de caráter quantitativo e não qualitativo, ou seja, a resistência não é absoluta, mas gradual, muitas variedades em cultivo podem apresentar certo nível de suscetibilidade a algumas doenças.

Como os causadores de doenças são seres vivos, eles podem produzir, também, novas raças ou variantes que vencem essa resistência e passam a causar novo surto de doença.

Em função disso e das mudanças climáticas, podem surgir surtos epidêmicos, havendo a necessidade de identificar novas doenças da cana e manter uma contínua vigilância dentro dos canaviais, nos níveis estadual e nacional.

Principais doenças da cana-de-açúcar

Escaldadura-das-folhas
Estria vermelha
Raquitismo-da-soqueira
Mosaico
Amarelinho
Ferrugem da cana
Carvão da cana
Mancha parda
Podridão abacaxi
Podridão de fusarium
Podridão vermelha

Alguns fatores ambientais podem causar sintomas parecidos com doenças nas planta, o que pode confundir o produtor ou o extensionista. Um exemplo é a semelhança entre os sintomas de podridão vermelha com os efeitos de um raio que atinge a lavoura (Figura 1).

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig. 1. Cana atingida por raio (esquerda) e
com sintoma de podridão vermelha (direita).
Foto: Liliane De Diana Teixeira.

Doenças bacterianas

Doenças causadas por bactérias

Dentre as doenças bacterianas que preocupam o setor canavieiro destacam-se a escaldadura das folhas, estrias vermelhas e raquitismo da soqueira, que estão descritas, detalhadamente, abaixo. Outras doenças também provocam prejuízos, dependendo da região e das condições ambientais.

Escaldadura das folhas – Bactéria Xanthomonas albilineans

A doença é causada pela bactéria Xanthomonas albilineans, capaz de colonizar os vasos das plantas e mover-se sistematicamente em seus tecidos vegetais. Ela se manifesta de forma distinta em localidades diferentes, isto é, os sintomas da doença variam de acordo com as condições do local.

A escaldadura das folhas apresenta grande potencial destrutivo, sobretudo em variedades suscetíveis. No Brasil, sua importância tem sido deixada de lado em função dos erros de identificação e da confusão de seus prejuízos com aqueles causados pelo raquitismo da soqueira. Quando a doença se manifesta em variedades extremamente suscetíveis, pode causar perdas de até 100%. Ela pode causar, ainda, má formação dos colmos, morte das touceiras, queda de produção e de riqueza em sacarose.

São conhecidos três tipos de sintomas da doença, considerados bastante complexos:

Em algumas situações, observa-se no interior dos colmos uma descoloração na região dos nós, assemelhando-se aos sintomas do raquitismo da soqueira

Surgimento de diversos sintomas externos, sendo que o mais característico são as estrias brancas na folha, podendo atingir até sua base

O sintoma agudo, observado nas variedades mais suscetíveis em condições favoráveis à bactéria, caracteriza-se pela queima total das folhas, como se a planta tivesse sido escaldada. Daí a origem do nome da doença, escaldadura das folhas (Figura 1).

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig. 1. Sintomas de escaldadura
das folhas. Foto: Hasime Tokeshi

A bactéria penetra pelos ferimentos dos colmos e permanece na planta durante toda sua vida. Dessa forma, a doença é facilmente disseminada na colheita por meio de ferramentas de corte como o facão ou mesmo as colhedoras. Com o aumento da colheita mecanizada, as preocupações com essa doença se intensificaram. Portanto, é importante manter o canavial sempre sadio.

Os ventos e as chuvas podem disseminar a doença por longas distâncias, quando espalham a bactéria presente em áreas mortas (necroses) das plantas afetadas.

Condições de estresse (frio, seca ou temperatura muito alta) induzem o aparecimento da fase aguda da doença.

A principal forma de controle da escaldadura das folhas é feita por meio de variedades resistentes e tolerantes.

O uso de variedades tolerantes requer alguns cuidados, como: evitar plantio de mudas provenientes de campos com a doença; preparar áreas de viveiros para eliminar bactérias do solo e restos de cultura; desinfectar equipamentos e ferramentas utilizadas no manejo da cultura. Não é conhecido até o momento qualquer produto, químico ou biológico, que controle satisfatoriamente a escaldadura das folhas.

Estria vermelha – Bactéria Acidovorax avenae

A bactéria causadora da doença é de origem asiática e está presente nas principais regiões canavieiras do mundo. No Brasil, sua presença é restrita, pois necessita de condições de clima e solo específicas, como alta fertilidade. A estria vermelha é considerada uma doença secundária, porém apresenta certo impacto econômico nos Estados de São Paulo e do Paraná.

A doença manifesta-se com o aparecimento de estrias finas e longas nas folhas e podridão do topo do colmo (Figuras 2 e 3) Nas folhas os sintomas evoluem para uma coloração vermelho-marrom. Com a evolução da doença, as estrias atingem o topo da planta. Posteriormente, essa região umidece e apodrece. Se as condições forem favoráveis, a podridão do topo estende-se pelo resto do colmo, causando rachaduras por onde escorre um líquido de odor desagradável.

A disseminação da bactéria se dá por respingos de chuva e pelo vento, sendo que o calor (temperaturas acima de 28º C) e a alta umidade (acima de 90%) favorecem seu desenvolvimento. As infecções são favorecidas, também, por ferimentos produzidos nas plantas, quando uma folha esbarra em outra. O uso de variedades resistentes é o método mais efetivo de controle da estria vermelha.

Raquitismo da soqueira – Bactéria Leifsonia xyli subsp. xyli

Pesquisadores consideram o raquitismo da soqueira a mais importante doença da cana-de-açúcar em todo o mundo. O raquitismo pode causar prejuízos de 5 a 30% da produtividade e infeccionar até 100% do canavial.

Não existe qualquer sintoma externo característico da doença que possa ser visualizado para o diagnóstico. Por isso, em alguns casos, o produtor pode não saber que seu campo está infectado. O produtor só tomará conhecimento do raquitismo quando observar o subdesenvolvimento dos colmos rebrotados da touceira depois da colheita.

A doença leva a um crescimento retardado das touceiras e colmos menores, tornando o canavial desuniforme. Nas touceiras doentes observa-se, então, colmos mais finos e internódios (região entre os nós) curtos, o que causa redução da produtividade. Se faltar água às plantas durante a manifestação do raquitismo da soqueira, seus efeitos serão mais intensos e ocorrerá enrolamento das folhas.

A intensidade dos sintomas e, também, as perdas são variáveis. Ambas dependem da cultivar, da idade da touceira e das condições climáticas, como a seca.

Além destes fatores, também podem estar associadas aos seguintes aspectos: intensidade de estresses causados por herbicidas; ocorrência de outras doenças simultaneamente; tratos culturais inapropriados, como excesso de competição por plantas daninhas, excesso ou falta de nutrientes e compactação do solo.

A doença manifesta-se de modo mais claro nas soqueiras de variedades mais suscetíveis, nas quais podemos observar outro sintoma, já interno à planta: o desenvolvimento de uma coloração alaranjada-claro a vermelha-escuro nos vasos que conduzem a água na planta (vasos xilema) na parte mais velha dos colmos maduros.

Existem registros de que a bactéria sobrevive no solo após a colheita para re-infectar plantas sadias. A principal forma de controle do raquitismo da soqueira é por meio de resistência varietal. No entanto, a maior dificuldade consiste na seleção de variedades resistentes em função da dificuldade no diagnóstico rápido e eficiente da doença. Outra forma eficaz de controle é o tratamento térmico de toletes ou gemas por duas horas a 50o C. Por ser facilmente transmitida mecanicamente, a desinfecção é um importante método para prevenção da doença. Todos os equipamentos usados para corte da cana devem ser desinfectados com produtos químicos ou pelo calor.

Doenças fúngicas

Doenças causadas por fungos

Dentre as doenças causadas por fungos e que podem prejudicar o canavial, destacam-se a ferrugem e o carvão.

Outras importantes doenças são: mancha parda, podridão abacaxi, podridão vermelhão e podridão de fusarium (fusariose), que serão descritas detalhadamente, abaixo.

Ferrugem – Fungo Puccinia melanocephala

A ferrugem está presente em todas as regiões produtoras do Brasil e é encontrada em, aproximadamente, 64 países produtores. Conhecida há mais de 100 anos, a doença causa perdas de 50% nas variedades mais suscetíveis. No Brasil, a ferrugem foi detectada pela primeira vez em 1986, quando afetou canaviais dos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Os sintomas característicos da ferrugem, descritos abaixo, podem ser observados na Figura 1.

Inicialmente, surgem pequenas pontuações cloróticas nas folhas, que evoluem para manchas alongadas de coloração amarelada, podendo ser observadas na superfície superior e inferior da folha. As manchas variam entre dois e dez centímetros de comprimento e um e três centímetros de largura e aumentam rapidamente de tamanho, mudando da coloração amarela para avermelhada, vermelho-parda e preta nos estágios finais de morte da folha.

Desenvolvimento de pústulas (elevações na superfície da folha, causadas pelo desenvolvimento do fungo) nos centros das manchas e na face inferior das folhas.

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig. 1. Sintomas de ferrugem.
Foto: Liliane De Diana Teixeira.

As pústulas encobrem parte da folha, reduzindo sua área fotossintética. Assim, a planta pode apresentar crescimento retardado, morte de perfilhos, colmos finos e encurtamento dos entrenós. Em variedades muito suscetíveis, as pústulas agrupam-se, formando placas de tecido morto. Plantas muito atacadas podem apresentar folhas queimadas e sem brilho.

Os sintomas da ferrugem são mais evidentes nas primeiras etapas de desenvolvimento da doença, sendo bem menos perceptíveis ao final da epidemia, quando as plantas atingem maior grau de maturação. De modo geral, a máxima suscetibilidade das plantas ocorre no estágio juvenil (três a seis meses). A maturidade é, normalmente, acompanhada da recuperação dos sintomas, caracterizando, em muitas variedades, o que se denomina resistência da planta adulta.

A disseminação da doença se dá, sobretudo, pelo vento, que transporta os esporos do fungo para outras plantas e regiões. A única prática de controle para a doença é o uso de variedades resistentes. O uso de fungicidas foliares não é uma opção economicamente viável.

Carvão – Fungo Ustilago scitaminea

O agente causador do carvão está presente em todas as regiões do Brasil, sendo que sua primeira constatação foi em 1946, no Estado de São Paulo. Após sua descoberta, várias medidas de controle foram adotadas, sendo que a que surtiu maior efeito foi a proibição do plantio comercial de variedades suscetíveis a essa moléstia.

O carvão pode causar diversos danos ao canavial e as perdas podem chegar a 100% em variedades suscetíveis. Algumas regiões canavieiras podem permanecer por muitos anos sem relatos de ocorrência de carvão e, no entanto, a doença pode reaparecer e devastar rapidamente áreas com variedades suscetíveis. Os danos causados pelo fungo incidem tanto na redução da produção como na perda de qualidade do caldo. O carvão é uma das doenças que atingem a cana-de-açúcar de mais fácil identificação. Seus sintomas, descritos a seguir, podem ser visualizados na Figura 2.

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig. 2. Sintomas de carvão. Foto: Hasime Tokeshi.

A doença caracteriza-se pelo surgimento de um chicote, que consiste em uma modificação da região de crescimento do colmo (ápice), induzida pelo fungo, com tamanho variável – de alguns centímetros a mais de um metro de comprimento. O chicote é composto por parte do tecido da planta e parte do tecido do fungo.

Inicialmente, esse chicote apresenta cor prateada, passando, posteriormente, à preta, devido à maturação dos esporos nele contidos. Antes de emitirem o chicote, as plantas doentes apresentam folhas estreitas e curtas, colmos mais finos que o normal e touceiras com superbrotamento. Os chicotes surgem em plantas com idade entre dois e quatro meses, sendo que o pico ocorre entre seis e sete meses de idade.

As condições ambientais são determinantes no surgimento de epidemias de carvão. Sob condições de estresse, mesmo variedades resistentes ao fungo podem apresentar sintomas da doença. Condições de estresse hídrico e calor favorecem a ocorrência do fungo. A transmissão da doença se dá de forma aérea, por disseminação a partir dos chicotes e por meio do plantio de mudas infectadas. A forma mais eficiente para controlar a doença é o uso de variedades resistentes. A doença pode, ainda, ser prevenida com o uso de mudas sadias obtidas a partir de tratamento térmico para curá-las da doença. Outra prática que deve ser utilizada, sobretudo quando são empregadas variedades de resistência intermediária, é o roguing (eliminação de plantas doentes).

Mancha Parda – Fungo Cercospora longipes

Doença presente em todas as regiões do País e que apresenta intensidade variável nos canaviais.

O sintoma típico da doença (Figura 3) é o surgimento de manchas de coloração marrom-avermelhada e marrom-amarelada na superfície superior e inferior de folhas adultas. Muitas vezes, as manchas apresentam halos cloróticos em seu contorno.

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig. 3. Sintomas de mancha parda. Foto: Hasime Tokeshi.

O tamanho da área afetada da folha depende do grau de resistência da variedade ao patógeno, sendo que a melhor maneira de controlar a doença nos canaviais é com o uso de variedades resistentes.

Podridão abacaxi – Fungo Ceratocystis paradoxa

Doença que afeta uma grande quantidade de outras culturas, a podridão abacaxi pode incidir também sobre as mudas (toletes) de cana-de-açúcar. Como o fungo causador da doença não possui mecanismos próprios de penetração, ele se utiliza de aberturas naturais ou ferimentos para entrar e colonizar uma planta. Se a cana for plantada em solo contaminado, a penetração do fungo ocorre pelo corte nos toletes de plantio.

Uma vez instalado na muda, o fungo provoca baixa germinação em canaviais recém implantados e, também, morte de brotos novos. Um diagnóstico mais preciso pode ser realizado ao se observar uma coloração vermelha dos tecidos internos e exalação de odor de abacaxi quando realizado um corte longitudinal no tolete.

Como a sobrevivência do fungo é favorecida pela alta umidade a doença ocorre, geralmente, em solos argilosos, encharcados e de difícil drenagem. Temperaturas baixas é outra condição favorável ao desenvolvimento do fungo, por isso o outono da Região Centro-Sul é a época mais comum de aparecimento da doença.

Para prevenir a podridão abacaxi são recomendáveis medidas como:

Tratar as mudas com fungicidas antes do plantio
Picar os toletes em tamanhos maiores, com seis gemas ou mais
Evitar replantio de mudas em solos contaminados recentemente

Podridão vermelha – Fungo Colletotrichum falcatum

A doença existe desde o início do cultivo da cana e ocorre no mundo todo. A podridão vermelha causa prejuízos importantes à cultura, sobretudo pela inversão de sacarose, o que diminui o rendimento no processamento da cana. São freqüentes os relatos de perdas de 50% a 70 % de sacarose em colmos atacados simultaneamente pelo fungo e pela broca-da-cana, pois ao perfurar o colmo ela abre caminho para a entrada do fungo.

A doença pode se manifestar na cana-de-açúcar sob diferentes formas, sendo que a principal característica é a degradação dos colmos. Como os danos são internos, a doença pode passar despercebida. Para reconhecer os sintomas, recomenda-se partir o colmo no sentido longitudinal e observar a presença de grandes manchas vermelhas separadas por faixas mais claras ou brancas – é o que permite fazer a diferença entre fusariose e podridão vermelha (Figura 4).

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig. 4. Sintomas de podridão vermelha.
Foto: Raffaella Rossetto.

O método de controle mais eficiente é o uso de variedades resistentes, mas algumas práticas como eliminação dos restos da cultura, controle da broca-da-cana e plantio de mudas de boa qualidade podem diminuir a incidência.

Podridão de fusarium (fusariose) – Fungo Fusarium moniliforme

A fusariose é uma doença presente em todas as regiões produtoras do mundo e pode contaminar a planta em qualquer fase de seu desenvolvimento. O fungo causador da doença pode ocasionar uma grande variedade de sintomas nas plantas, que dependem do estágio de desenvolvimento da cana, do seu nível de resistência e de condições ambientais.

Em plântulas de cana-de-açúcar os sintomas são:

Sistema radicular pouco desenvolvido
Baixo vigor
Podridão de raíz e de colo
Damping-off (morte de várias plântulas agrupadas, denominadas reboleira).

Em toletes de plantio, os sintomas são:

Baixa brotação das gemas
Podridão de raíz
Enfezamento (redução no tamanho) dos brotos.

Nos colmos os sintomas são muito parecidos com os da podridão vermelha e seu aparecimento está associado a ferimentos químicos ou físicos como aqueles causados por brocas (Figura 5). Outro dano causado é o chamado Pokkah-boeng, em que ocorre uma deformação do topo da cana-de-açúcar. Os melhores métodos de controle da fusariose são o uso de variedades tolerantes e o controle da broca da cana-de-açúcar.

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig. 5. Sintomas de fusariose.
Foto: Luiz Plínio Zavaglia – PMGCA/UFSCar

Doenças viróticas

Doenças causadas por vírus

Mosaico (Vírus do mosaico da cana-de-açúcar)

A doença conhecida como mosaico possui registros de ocorrência já no início do século XX. Os países produtores, nesta época, incluindo o Brasil, cultivavam variedades de cana conhecidas como nobres (Saccharum officinarum), que eram altamente suscetíveis ao mosaico, registrando grandes perdas. Com o avanço dos programas de melhoramento genético e a hibridação surgiram novas variedades, resistentes ao vírus.

O agente causador da doença é o vírus do mosaico da cana-de-açúcar. Existem descritas, até o momento, 14 linhagens diferentes deste vírus, definidas por letras de A a N, sendo que no Brasil a mais comum é a linhagem B. A intensidade da infecção, grau dos sintomas e perdas variam entre estas linhagens.

Os sintomas da infecção pelo vírus do mosaico apresentam-se nas folhas, na forma de áreas com intensidades contrastantes de verde (Figura1).

Doenças da Cana-de-Açúcar
Fig.1. Sintomas de mosaico nas folhas.
Foto: Hasime Tokeshi

Na maioria dos casos aparecem áreas de verde muito intenso cercadas por áreas de um verde mais claro, ou até mesmo cloróticas, sendo que estas são mais evidentes na base das folhas e nas lâminas foliares. Em um grau mais avançado a doença pode tornar as folhas avermelhadas e até provocar necrose.A transmissão natural do vírus se dá por meio de pulgões, sendo estes os vetores da doença. Pulgões que possuem o vírus no organismo transmitem-no para uma nova planta ao picarem sua folha. Outra forma importante de disseminação é a utilização de mudas de canas infectadas, seja para a formação de viveiros ou canaviais comerciais.

O método mais eficaz para controlar o mosaico é a utilização de variedades resistentes. Aplicação de inseticidas para controle de pulgão não apresenta nenhuma eficiência. Quando o nível de infecção no canavial é baixo a prática do roguing (retirada de plantas doentes) é muito utilizada.

Vírus do amarelecimento foliar da cana-de-açúcar

O amarelecimento foliar da cana-de-açúcar, também conhecido por “amarelinho”, começou a prejudicar a cultura canavieira brasileira a partir do início da década de 90. A doença foi inicialmente relatada em 1989 e começou assumir caráter epidêmico em 1993, em plantações comerciais no Estado de São Paulo, com perdas de até 50% da lavoura. O vírus é transmitido pela espécie de afídeo (pulgão) Melanaphys sacchari.

As plantas afetadas apresentam amarelecimento da nervura central das folhas na face inferior, seguido do limbo foliar. Folhas mais velhas, sexta ou sétima a partir do ápice, apresentam uma coloração vermelha na face superior da nervura central. Posteriormente, uma perda de pigmentação distribui-se pelo limbo foliar, progredindo da ponta para a base, sendo eventualmente seguida pela necrose do tecido. As raízes e colmos mostram crescimento reduzido e, conseqüentemente, a produção é muito prejudicada. Como não apresenta sintomas específicos, pode ser confundida com deficiência nutricional, compactação do solo ou outros problemas. Os métodos de controle mais eficazes são o uso de variedades resistentes ou tolerantes e o rouguing.

Outras doenças

Mancha Amarela – Fungo Mycovellosiella koepkei

Esta doença já foi relatada em 37 países. Sua importância é maior nas regiões úmidas em que a cana floresce. No Brasil, a mancha amarela predomina na zona litorânea chuvosa do Nordeste e na região da Bacia Amazônica.

Embora a infecção ocorra nas folhas novas, os sintomas são visíveis somente nas folhas mais velhas e são evidenciados por manchas vermelho-amareladas, irregulares e de tamanho variado. As manchas localizam-se em uma das faces das folhas e na face oposta desenvolvem-se manchas cloróticas (brancas ou amareladas), visíveis contra a luz. Em ambientes favoráveis, as manchas podem cobrir quase toda a folha, que fica com aspecto aveludado e cinza.

Nas regiões tropicais úmidas, quentes e nubladas, onde a cana-de-açúcar floresce no período de chuvas, só o cultivo de variedades resistentes tem controlado a doença. Altas doses de nitrogênio favorecem o desenvolvimento da doença.

Mancha ocular – Fungo Bipolaris sacchari

A mancha ocular ocorre em pequena escala na maioria dos invernos chuvosos. No Brasil, a doença é mais freqüente no Estado de Santa Catarina, vale do Rio Itajaí, na região norte do Paraná e, apenas ocasionalmente, no Estado de São Paulo.

O sintoma mais típico da doença manifesta-se nas folhas, na forma de numerosas manchas redondas, o que evidencia morte do tecido vegetal. Essas manchas são, inicialmente, pardas e, mais tarde, tornam-se marrom-avermelhadas. O tamanho das lesões varia de 0,5 a três centímetros. Em variedades muito suscetíveis podem aparecer estrias de até 60 centímetros.

Quando as condições são favoráveis, a mancha ocular atinge as folhas novas do ponteiro, causando a morte dos tecidos jovens, do colmo imaturo e até da touceira jovem. O fungo também pode causar queda de germinação.

O método mais prático para controlar a doença é o uso de variedades resistentes. Deve-se evitar o excesso de nitrogênio na adubação e o plantio de variedades suscetíveis nas margens de lagos, rios e baixadas, onde o ar frio e a neblina acumulam-se durante o inverno.

Autores

Antonio Dias Santiago

Raffaella Rossetto

Fonte: www.agencia.cnptia.embrapa.br

Doenças da Cana-de-Açúcar

Pragas e Doenças

Combinando com longa diversidade de condições em que a cana é cultivada em todo o mundo, há amplo espectro de pragas e doenças que têm vindo a adquirir um lugar de prioridade para o controle em nível regional ou inter-regional, devido às condições de gestão agro-climáticas associadas com a área.

Além disso, a susceptibilidade de uma variedade de doenças e pragas de agravamento da situação e cria problemas adicionais.

Mosaicos

Trata-se de uma doença sistêmica, causada por vírus e que, no passado, acarretou seríssimos prejuízos à agroindústria mundial, inclusive à brasileira, chegando a dizimar certas variedades com extenso cultivo na época. A transmissão da doença ocorre através do plantio de tolete contaminado e pelos pulgões.

O principal sintoma surge nas folhas jovens do cartucho, sob a forma de pequenas estrias cloróticas no limbo foliar, causando uma alternância entre o verde normal da folha e o verde claro das estrias.

Dependendo da linhagem do vírus e da variedade atacada, os sintomas visuais são diferentes.

Em alguns casos o quadro é invertido, predominando o verde-claro, em conseqüência do grande número e coalescencia das estrias amareladas.

A baixa produtividade das lavouras enfermas é conseqüência do subdesenvolvimento das plantas e baixo perfilhamento das touceiras, sendo que os prejuízos estão em função da resistência varietal, grau de infecção e virulência do agente etiológico.

O controle é realizado pela adoção de variedades resistentes, plantio de mudas sadias e práticas de “roguig”.

Doenças da Cana-de-Açúcar
Mosaicos

Escaldadura

Estrias brancas nas folhas e brotação lateral dos colmos

Doença de ação sistêmica, causada pela bactéria Xantomonas albilineans, é transmitida pelo plantio de mudas doentes ou qualquer instrumento de corte contaminado.

Os sintomas são determinados por duas estrias clorótica e finas nas folhas e bainhas, podendo também aparecer manchas cloróticas no limbo foliar e brotações laterais de baixo para cima no colmo doente. As folhas tornam-se anormais, duras, subdesenvolvidas e eretas. Pontuações avermelhadas são observadas na região do nó, quando o colmo é seccionado longitudinalmente.

A escaldadura provoca baixa germinação das mudas, morte dos rebentos ou de toda a touceira, desenvolvimento subnormal das plantas doentes, entrenós curtos e baixo rendimento em sacarose. Com o avanço da doença, advêm a seca e a morte das plantas.

O controle é feito por meio de variedades resistentes, plantio de mudas sadias, “roguing” e pela desinfecção do podão ou outro instrumento utilizado na colheita e corte dos colmos.

Doenças da Cana-de-Açúcar
Escaldadura –
Estrias brancas nas folhas e brotação lateral dos colmos

Doenças da Cana-de-Açúcar
Escaldadura –
Sintomas internos na região nodal

Raquitismo-das-soqueiras

A alta transmissibilidade do agente causal, provavelmente uma bactéria, e a ausência de sintomas típicos que permitem o seu diagnóstico, fazem com que o raquitismo-das-soqueiras seja a doença mais traiçoeira da cana-de-açúcar.

A disseminação do raquitismo no campo ocorre pelo plantio de muda doente e pelo uso de instrumento cortante contaminado, principalmente o podão usado no corte da cana.

Algumas variedades enfermas, quando cortadas longitudinalmente, apresentam pontuações avermelhadas na região da inserção das folhas.

As mudas portadoras do raquitismo exibem germinação lenta e desuniforme, e os maiores prejuízos ocorrem nas soqueiras com baixo perfilhamento, internódios curtos, com subdesenvolvimento geral e desuniforme no talhão.

O controle preconizado baseia-se no tratamento térmico das mudas a 50,5ºC durante duas horas e “descontaminação” dos instrumentos cortantes.

Carvão

É uma doença sistêmica causada pelo fungo Ustilago scitaminea, e que encontra boas condições de desenvolvimento nas regiões subtropicais com inverno frio e seco.

O sintoma característico é a presença de um apêndice na região apical do colmo, medindo de 20 a 50 cm de comprimento por 0,5 a 1,0 cm de diâmetro. Inicialmente, esse “chicote” apresenta cor prateada, passando posteriormente à preta, devido à maturação dos esporos nele contidos.

A transmissão ocorre pelo plantio de mudas doentes, pelo vento que dissemina os esporos e pelo solo contaminado.

A doença provoca um verdadeiro definhamento na cana-de-açúcar, gerando internódios finos e curtos, dando à planta uma semelhança de capim. Os rendimentos agrícola e industrial são severamente afetados.

O controle é feito por meio de variedades resistentes, tratamento térmico, “roguing”, plantio de mudas sadias e proteção química das mudas com fungicida à base de Triadimefon 25 g/100 litros de água do ingrediente ativo em banho de imersão durante 10 minutos, ou pulverização no fundo do sulco de plantio com 500 g do ingrediente ativo por hectare.

Doenças da Cana-de-Açúcar

Doenças da Cana-de-Açúcar
Sintomas do carvão da cana,apresentando chicotes em clone altamente suscetível

Podridão-abacaxi

Causada pelo fungo Thielaviopsis paradoxa, a podridão-abacaxi é uma doença típica dos toletes, podendo causar prejuízos à cana colhida e deixada no campo.

A penetração do patógeno ocorre pela extremidade seccionada ou por ferimentos na casca.

O tolete contaminado inicialmente apresenta uma coloração amarelo-pardacenta, passando à negra. Geralmente há destruição total do tecido parenquimatoso, permanecendo indestrutíveis os tecidos fibrovasculares. Os toletes atacados não germinam, provocando falhas na lavoura, podendo dar prejuízo total. Durante o ataque pode haver exalação de odor típico, semelhante ao de abacaxi maduro.

A doença ocorre em função do atraso na germinação dos toletes, que pode ser motivado por seca e, principalmente, baixa temperatura.

Plantio em época correta, bom preparo do solo e colocação do tolete à profundidade adequada aceleram a germinação e constituem o melhor controle da doença.

Também é recomendado o tratamento químico dos toletes com Benomil a 35-40 g/100 litros de água do ingrediente ativo ou Thiadimefon 25 g/100 litros de água do ingrediente ativo, em banho de imersão durante 3 minutos

Doenças da Cana-de-Açúcar
Podridão-abacaxi

Pragas da Cana de Açúcar

Cupins

Os cupins são insetos sociais, de hábitos subterrâneos, pertencentes à Ordem Isoptera. Existem cerca de 2500 espécies e vivem em colônias altamente organizadas, onde o princípio básico é a sobrevivência da colônia e não do indivíduo. A alimentação preferida é a matéria orgânica morta ou em decomposição, mas alimentam-se também de vegetais vivos.

Os principais prejuízos ocasionados pela infestação de cupins são causados aos toletes destinados aos novos plantios. Penetrando pelas extremidades, os cupins destroem o tecido parenquimatoso e as gemas, causando falhas na lavoura. Nas brotações, o ataque ocorre no sistema radicular, provocando debilidade da nova planta. Logo após o corte, e principalmente quando houve queima do talhão, o ataque ocorre na soqueira através da incisão dos tocos e conseqüente destruição das raízes e rizomas.

Nas canas adultas, a penetração ocorre através dos órgãos subterrâneos secos, atingindo até os primeiros internódios. Cana cortada e deixada por algum tempo no campo também é atacada pelos cupins. Havendo escassez de matéria orgânica decomposta, os cupins podem atacar folhas de brotações novas. A destruição dos ninhos e dos restos culturais, através de um profundo preparo do solo, constitui um método de controle.

Na cultura da cana-de-açúcar, os cupins podem causar danos de até 10 toneladas por hectare no ano, o que representa cerca de 60 toneladas por hectare durante o ciclo da cultura.

Já foram identificadas junto à cana-de-açúcar mais de 12 espécies de cupins e há outras em fase de identificação. Dentre as já enumeradas, as mais danosas pertencem às espécies Hetterotermes tenuis, Hetterotermes longiceps, Procornitermes triacifer, Neocapritermes opacus e Neocapritermes parcus. No Nordeste, os cupins mais importantes pertencem aos gêneros Amitermes, Cylindrotermes e Nasutitermes.

Doenças da Cana-de-Açúcar
H. tenuis

Doenças da Cana-de-Açúcar
P. triacifer

Doenças da Cana-de-Açúcar
N. opacus

Doenças da Cana-de-Açúcar
Nasutitermes sp

Doenças da Cana-de-Açúcar
Syntermes dirus

Doenças da Cana-de-Açúcar
C. bequaerti

Controle

No controle dos cupins subterrâneos, recomendam-se, normalmente, aplicações de inseticidas de longo poder residual, impedindo, assim, que esses insetos infestem as touceiras de cana. Na prática, o que parece ocorrer é uma ação de repelencia do produto, associada a uma desestruturação da colônia dos cupins.

A única oportunidade que os produtores possuem para conter os ataques dos cupins subterrâneos é no momento da instalação da lavoura, tanto nas áreas de expansão, como nas de reforma. Isso ocorre através da aplicação de inseticidas de solo no sulco de plantio da cana.

Nos últimos 20 anos, mesmo antes da proibição do uso de inseticidas organoclorados, em setembro de 1985, uma série de produtos vem sendo testada no controle dos cupins que atacam a cana-de-açúcar. Inseticidas do grupo dos fosforados, carbomatos, piretróides, além dos clorados, foram avaliados em diversas dosagens, formulações e época de aplicação.

Invariavelmente, os únicos produtos que mostravam um efeito protetor durante os 18 meses de cultivo da cana eram os clorados.

Determinados inseticidas assinalavam um controle de até 6 meses após o plantio, o que se mostrava insuficiente para evitar redução na produção final da cultura no momento da colheita.

Entretanto, a partir de 1993, foram instalados dois experimentos com o inseticida Regent 800 WG, pertencente ao grupo químico dos fenil-pirazóis, em canaviais naturalmente infestados por cupins dos gêneros Hetterotermes, Procornitermes e Cornitermes. Em todos os ensaios, o Regente 800 WG controlou os cupins até o momento da colheita, mostrando a mesma eficiência dos inseticidas usados como padrão.

Os acréscimos na produção obtidos na colheita para o tratamento com o inseticida Regent 800 WG foram de até 18 toneladas de cana por hectare, semelhantes aos encontrados com o Heptacloro 400 CE e Thiodan 350 CE.

Besouro Migdolus

Doenças da Cana-de-Açúcar

O Migdolus fryanus é um besouro da família Cerambycidae, que, em sua fase larval, ataca e destrói o sistema radicular de várias culturas, entre elas a cana-de-açúcar.

As perdas provocadas por esse inseto podem variar de algumas toneladas de cana por hectare até, na maioria dos casos, a completa destruição da lavoura, resultando na reforma antecipada mesmo de canaviais de primeiro corte.

Além das dificuldades normais de controle de qualquer praga de solo, o desconhecimento de várias fases do ciclo desse coleóptero complica ainda mais o seu combate. Entretanto, os esclarecimentos atuais, fruto dos avanços tecnológicos alcançados nos últimos 5 anos, tem possibilitado, de certa forma, obter resultados satisfatórios de controle dessa praga.

As condições de seca, bem como a redução ou mesmo a eliminação do uso de inseticidas organoclorados (Aldrin, Heptacloro, Thiodan), anotada em muitas usinas e destilarias, resultaram num aumento significativo das áreas atacadas pelo Migdolus fryanus, principalmente nos Estados de São Paulo e Paraná.

Controle

O controle do besouro Migdolus é difícil e trabalhoso. Isso se deve ao fato de, aliado ao desconhecimento do seu ciclo biológico, o que impossibilita antever com exatidão o seu aparecimento em uma determinada área, a larva e mesmo os adultos passarem uma etapa da vida em grandes profundidades no solo (2 a 5 metros), o que proporciona a esse inseto uma substancial proteção às medidas tradicionais de combate.

Apesar do modo de vida pouco peculiar desse inseto, o mesmo apresenta algumas características biológicas favoráveis ao agricultor, as quais devem ser exploradas no sentido de aumentar a eficiência do controle.

Entre essas características merecem destaque as seguintes:

A baixa capacidade reprodutiva (cerca de 30 ovos por fêmea)

A fragilidade das larvas no que se refere a qualquer interferência mecânica no seu habitat

O curto período de sobrevivência dos machos (1 a 4 dias)

A ausência de asas funcionais nas fêmeas, o que restringe, sobremaneira, a disseminação

O controle integrado do besouro Migdolus fryanus consiste no emprego concomitante de três métodos: mecânico, químico e cultural.

Controle Mecânico

O controle mecânico esta vinculado à destruição do canavial atacado e, nesse aspecto, dois pontos importantes devem ser considerados: a época de execução do trabalho e os implementos utilizados.

Estudos da flutuação populacional do Migdolus mostraram que a época do ano, na qual a maior porcentagem de larvas se concentra nos primeiros 20 a 30 cm do solo, coincide com os meses mais frios e secos, ou seja, de março a agosto. Desse modo, do ponto de vista do controle mecânico, a destruição das touceiras de cana, quando efetuada nessa época, mesmo que parcialmente, é muito mais efetiva.

Aliada à época de reforma, o tipo de destruição também tem influência na mortalidade das larvas. Experimentos conduzidos em áreas infestadas revelaram que o uso de diferentes implementos por ocasião da reforma do canavial apresentam efeitos variados no extermínio das larvas de Migdolus. A grade aradora, passada apenas uma vez, atinge níveis de mortalidade ao redor de 40%, enquanto o uso de eliminador de soqueira, modelo Copersucar, pode reduzir a população das larvas em mais de 80%.

Outros trabalhos executados em condições de plantio comercial de cana-de-açúcar confirmaram a eficiência do destruidor de soqueira no controle das larvas do Migdolus.

Os mesmos estudos assinalaram também bons resultados com o arado de aiveca, não só no aspecto relativo à mortandade de larvas, mas também na eficiente destruição dos canais usados pelas larvas na sua movimentação vertical durante o ano. Ainda no tocante ao método de reforma dos canaviais, alerta-se para a inconveniência do emprego do cultivo mínimo nas áreas infestadas com Migdolus.

Controle Químico

O método mais simples e pratico de controle é o químico aplicado no sulco de plantio. Essa forma de aplicação de inseticidas tem revelado resultados promissores no combate a essa praga.

Experimentos mostraram que o emprego de inseticidas organoclorados (Endosulfan 350 CE) apresentou reduções significativas na população e no peso das larvas de Migdolus, quando comparadas a uma testemunha não tratada. A aplicação desses produtos resultou na proteção das touceiras de cana durante o primeiro corte da cultura, com aumentos na produção da ordem de 19 toneladas de cana por hectare. Os números mais expressivos de controle foram alcançados nas soqueiras subseqüentes. Os acréscimos de produtividade registraram valores superiores a duas ou três vezes aos encontrados nas parcelas-testemunhas, como conseqüência do uso de inseticidas.

Estudos com o inseticida Endosulfan 350 CE, mostraram um retorno econômico altamente significativo, tanto em doses isoladas como quando associado ao nematicida Carbofuran 350SC. A produtividade média de três cortes, nas áreas tratadas com Endosulfan 350 CE, na dosagem de 12 litros/ha, foi de 105 t/ha, contra 46 t/ha obtidas nas parcelas testemunhas. O custo desse controle foi de US$ 78,00/ha, para um valor presente líquido de margem de contribuição da ordem de US$ 790,00/ha.

Uma outra forma de controle é a aplicação de inseticidas de longo poder residual no preparo do solo, através de bicos colocados atrás das bacias do arado de aiveca. Esse método, que implica no consumo de 300 a 1000 litros de solução por hectare, apresenta a vantagem de depositar o inseticida a aproximadamente 40 cm de profundidade, formando uma faixa protetora contínua.

Os resultados atuais de pesquisa recomendam o controle químico através do emprego do inseticida Endosulfan 350 CE, aplicado no arado de aiveca na dosagem de 12 litros/ha, mais uma complementação com o inseticida Regent 800 WG, utilizado na dosagem de 250 g/ha, colocado no sulco de plantio, no momento de cobertura da cana.

Broca-da-cana

Doenças da Cana-de-Açúcar
Adulto da broca da cana

Doenças da Cana-de-Açúcar
Ovo da broca da cana

Doenças da Cana-de-Açúcar
Broca da cana

Doenças da Cana-de-Açúcar
Danos causados pela broca

No Estado de São Paulo, a mais importante praga é a Diatraea saccharalis, cujo adulto é uma mariposa de hábitos noturnos, que realiza a postura na parte dorsal das folhas. Nascidas, as lagartinhas descem pela folha e penetram no colmo, perfurando-o na região nodal. Dentro do colmo cavam galerias, onde permanecem até o estádio adulto.

Os prejuízos decorrentes do ataque são a perda de peso devido ao mau desenvolvimento das plantas atacadas, morte de algumas plantas, quebra do colmo na região da galeria por agentes mecânicos e redução da quantidade de caldo. Além desses, o principal prejuízo é causado pela ação de agentes patológicos, como o Fusarium moniliforme e Colletotrichum falcatum, que penetram pelo orifício ou são arrastados juntamente com a lagartinha, ocasionando, respectivamente, a podridão-de-fusarium e a podridão-vermelha, responsáveis pela inversão e perda de sacarose no colmo.

Para nossas condições de clima quente, o controle químico não apresenta os efeitos desejados. O mais eficiente é o controle biológico através de inimigos naturais que, criados em laboratórios, são liberados no campo, em glebas previamente levantadas, para determinar a intensidade de infestação.

Os inimigos naturais que melhor se aclimataram na região e desempenham maior eficiência no controle da broca são o microhimenóptero Apanteles flavipes e os dípteros Metagonystilum minense e Paratheresia claripalpis.

Algumas medidas culturais auxiliares podem ser adotadas, com o uso de variedades resistentes, corte da cana o mais rente possível do solo; evitar o plantio de plantas hospedeiras (arroz, milho, sorgo e outras gramíneas) nas proximidades do canavial e queimadas desnecessárias, principalmente o “paliço”.

Elasmo

Doenças da Cana-de-Açúcar
Lagarta elasmo

Além da cana-de-açúcar, o Elasmopalpus lignosellus ataca também o milho, arroz, amendoim, trigo, sorgo, feijão, soja, algodão, etc…, durante o desenvolvimento inicial da cultura.

O adulto realiza a postura na parte aérea da cana. As larvas recém nascidas alimentam-se inicialmente de folhas, caminham em direção ao solo e, na altura do colo, perfuram o broto, abrindo galerias no seu interior. No orifício de entrada do túnel, as larvas constroem, com fios de seda, terra e detritos, um abrigo de forma tubular, onde permanecem a maior parte do dia, saindo à noite para atacar outras plantas jovens nas proximidades. A perfuração basal na planta nova provoca a morte da gema apical, seguida de amarelecimento e seca das folhas centrais, surgindo o conhecido coração-morto.

Em muitos casos a planta atacada morre, gerando falhas na lavoura; em outros casos, a planta recupera-se emitindo perfilhos. Os prejuízos são mais intensos na cana planta.

Em glebas infestadas, onde a praga constitui problemas, pode-se indicar o controle químico, por meio de pulverizações dirigidas ao colo das plantinhas e realizadas ao entardecer, com soluções inseticidas à base de Carbaril 125 g/100 litros de água ou Acefato 45 g/100 litros de água ou Deltametrina 1 cm3/100 litros de água.

Gorgulho-rajado ou besouro-da-cana

O Sphenophorus levis, conhecido como gorgulhao-rajado ou besouro-da-cana, é a mais recente praga da cana-de-açúcar. Semelhante ao bicudo do algodão, tem o dobro do tamanho, medindo cerca de 15 mm. Assemelha-se também ao Metamasius hemipterus, praga da parte aérea da cana. Desprovido de manchas nos élitros, o S. levis tem hábitos noturnos, apresenta pouca agilidade e simula-se de morto quando atacado.

A postura dos ovos é realizada ao nível do solo, ou mais abaixo, nos rizomas. As larvas nascidas são brancas, com cabeça e corpo volumosos, ápodas, de hábitos subterrâneos e elevada sensibilidade ao calor e à desidratação. Elas penetram nos rizomas, em busca de alimento e abrigo, construindo galerias irregulares onde permanecem até os primeiros dias do estádio adulto. Bloqueando a parte basal das plantas e rizomas, surge amarelecimento do canavial, morte das plantas e falhas nas soqueiras. A intensidade dos prejuízos esta em função da população da praga.

Até o momento, o controle recomendado é feito durante a reforma do talhão, através de uma aração nas linhas de plantio, procurando revolver os restos culturais e expor as larvas à ação dos raios solares e inimigos naturais. Cerca de 2 a 3 semanas após, complementa-se essa operação com enxada rotativa para triturar e acelerar a seca do material. Duas semanas depois, faz-se o preparo normal do solo.

O uso de iscas envenenadas constitui outro método de controle. As iscas constam de duas metades de um tolete de aproximadamente 30 cm, seccionado longitudinalmente, dispostas lado a lado. As iscas são previamente mergulhadas em solução inseticida por cerca de 12 horas; as faces seccionadas devem estar em contato com o solo e cobertas com capim.

Nematóides

Nas mais diferentes culturas do mundo, os nematóides parasitos de plantas têm sido responsáveis por uma parcela significativa de perdas provocadas pela destruição do sistema radicular.

Dentre as diversas plantas que os nematóides atacam, merece destaque a cana-de-açúcar.

Nessa cultura os prejuízos alcançaram a cifra anual de 16 milhões de dólares, com uma estimativa de perda da ordem de 15 a 20%.

Em estudos conduzidos em condições de viveiro telado, plantas sadias que foram comparadas com outras, atacadas por nematóides das galhas, Meloydogyne javanica, mostraram diminuição de 43% na produção de colmos.

Entre os métodos viáveis de controle a serem utilizados em cana-de-açúcar, podem ser citados o controle químico e o varietal.

O controle químico consiste na aplicação, no solo e no momento do plantio, de substâncias conhecidas como nematicidas. Em geral, esses produtos podem eliminar até 90% da população de nematóides de uma área e, quando empregados corretamente, têm proporcionado resultados altamente compensatórios.

Nas condições brasileiras, os melhores resultados tem sido obtidos com os nematicidas Counter 50 G, na dosagem de 60 kg/ha e com Furadan, na formulação 350 SC, aplicado a 8,5 litros/ha, ou na formulação 50 G, empregado na quantidade de 60 kg/ha. Os acréscimos na produtividade, obtidos com esses tratamentos, são da ordem de 20 a 30 toneladas de cana por hectare.

O controle varietal, através do uso de variedades resistentes ou tolerantes, é o método mais prático e econômico. Contudo, os fatores que conferem à cana-de-açúcar os caracteres de alta produtividade e riqueza em açúcar são, geralmente, antagônicos àqueles que propiciam rusticidade, tais como resistência às pragas e doenças, além da não-exigência em fertilidade de solo.

É preciso considerar também o fato de que é possível constatar, numa mesma área, altas populações de duas ou mais espécies de nematóides, e que, nem sempre, uma mesma variedade de cana se comporta como resistente ou tolerante em relação às diferentes espécies de nematóides. Assim, é importante a determinação correta dos nematóides presentes numa determinada área e o conhecimento do modo como as variedades de cana se comportam em relação à eles.

A coleta de material para análise nematológica deve considerar alguns cuidados importantes, tais como:

Retirar amostras de raízes e solo com umidade natural, sendo fundamental a presença de raízes vivas
Coletar a uma profundidade de 0 a 25 cm, caminhando em ziguezague pela área
Cada amostra deve ser feita separadamente quanto ao tipo de solo, variedade, idade da planta e uso de insumos agrícolas (matéria orgânica e nematicida)
Coletar de 5 a 10 subamostras por hectare. Misturá-las e tomar uma amostra composta com pelo menos 1 litro de solo e 50 g de raízes
Acondicionar as amostras em sacos plásticos resistentes e enviá-las o mais breve possível para o laboratório, sempre acompanhada de uma ficha de identificação.

Fonte: www.agrobyte.com.br

Doenças da Cana-de-Açúcar

Doenças fúngicas

Escleródios Banded (folha) doença Thanatephorus cucumeris
= Pellicularia sasakii
Rhizoctonia solani [anamorfo]
Preto podridão Ceratocystis adiposa
Chalara sp. [Anamorfo]
Listra preta Atrofiliformis Cercospora
Local Brown Longipes Cercospora
Listra marrom Stenospilus Cochliobolus
Bipolaris stenospila [anamorfo]
Míldio Peronosclerospora sacchari
= Sclerospora sacchari
Míldio, forma de folha de divisão Peronosclerospora miscanthi
= Sclerospora mischanthi
Striatiformans Mycosphaerella
Lugar dos olhos Bipolaris sacchari
= Helminthosporium sacchari
Sett Fusarium e caule podridão Gibberella fujikuroi
Fusarium moniliforme [anamorfo]
Subglutinans Gibberella
Iliau Clypeoporthe Iliau
= Gnomonia Iliau
Phaeocytostroma Iliau [anamorfo]
Explosão Folha Didymosphaeria taiwanensis
Queima das folhas Leptosphaeria taiwanensis
Stagonospora tainanensis [anamorfo]
Queima de folhas Stagonospora sacchari
Marasmius bainha e disparar praga Marasmiellus stenophyllus
= Marasmius stenophyllus
Vinculativo Myriogenospora folha (top emaranhado) Myriogenospora aciculispora
Mancha Phyllosticta Phyllosticta hawaiiensis
Phytophthora podridão de estacas Phytophthora spp.
Phytophthora megasperma
Doença Abacaxi Ceratocystis paradoxa
Chalara paradoxa
= Thielaviopsis paradoxa [anamorfo]
Pokkah Boeng (que podem ter sintomas faca de corte) Gibberella fujikuroi
Fusarium moniliforme [anamorfo]
Subglutinans Gibberella
Mancha vermelha (mancha roxa) Dimeriella sacchari
Podridão vermelha Glomerella tucumanensis
= Physalospora tucumanensis
Colletotrichum falcatum [anamorfo]
Podridão vermelha da bainha da folha e broto podridão Athelia rolfsii
= rolfsii Pellicularia
Sclerotium rolfsii [anamorfo]
Ponto vermelho da bainha da folha Mycovellosiella vaginae
= Cercospora vaginae
Bainha Rhizoctonia e disparar podridão Rhizoctonia solani
Doença Rind (podridão ácida) Phaeocytostroma sacchari
= Pleocyta sacchari
= Melanconium sacchari
Anel local Leptosphaeria sacchari
Phyllosticta sp. [Anamorfo]
Podridão da raiz Marasmius sacchari
Arrhenomanes Pythium
Pythium graminicola
Rhizoctonia sp.
Oomiceto Unidentified
Rust, comum Puccinia melanocephala
= Puccinia erianthi
Rust, laranja Puccinia kuehnii
Schizophyllum podridão Schizophyllum comuna
Doença Sclerophthora Sclerophthora macrospora
Morte de plântulas Alternaria alternata
Bipolaris sacchari
Hawaiiensis Cochliobolus
Bipolaris hawaiiensis [anamorfo]
Lunatus Cochliobolus
Curvularia lunata [anamorfo]
Curvularia senegalensis
Setosphaeria rostrata
Exserohilum rostratum [anamorfo]
= halodes Drechslera
Bainha podridão Cytospora sacchari
Smut, culmicolous Ustilago scitaminea
Mancha alvo Helminthosporium sp.
Veneer mancha Deightoniella papuana
Erupção Branco Elsinoe sacchari
Sphaceloma sacchari [anamorfo]
Murchar Fusarium sacchari
= Cephalosporium sacchari
Mancha amarela Mycovellosiella koepkei
= Cercospora koepkei
Mancha zonate Gloeocercospora sorghi

Diversos doenças e distúrbios

Proliferação Bud Indeterminado
Top Bunch Indeterminado
Banquinho Cluster Indeterminado
Necrose haste interna Indeterminado
Freckle Folha Indeterminado
Stipple Folha  
Vários botões Indeterminado

Nematóides, parasitárias

Lesão Pratylenchus spp.
Galhas Meloidogyne spp.
Espiral Helicotylenchus spp.
Rotylenchus spp.
Scutellonema spp.

Doenças virais

Raia Clorótico Virus (assumido)
Anão Vírus Canavieira anão
Doença Fiji O vírus da doença de cana Fiji
Mosaico Sugarcane mosaic virus
Sereh Virus (assumido)
Doença Streak Maize streak virus , tensão cana
Folha amarela Vírus Canavieira Folha amarela

 

Doenças fitoplasma

Fitoplasmas foram anteriormente conhecidos como “organismos mycoplasma-like” (OVMs).

Atire gramínea (SCGS),
Clorose foliar ,
Early Bud brotação,
A cana gramínea Atire Phytoplasma

Referências

Nasare, K., Yadav, Amit., Singh, AK, Shivasharanappa, KB, Nerkar, YS, e Reddy, VS Molecular e análise sintoma revelar a presença de novos fitoplasmas associados gramada cana doença filmagens na Índia. (2007). Planta de Doenças. 91:1413-1418. [1] .
Rao, GP e Ford, RE (2000) Vetores de vírus e doenças fitoplasma de cana: uma visão geral. In: Sugarcane Patologia, vol. III. As doenças virais e fitoplasma, GP Rao, RE Ford, M. Tosic e DS Teakle (Eds) Science Publishers, Hamshere, EUA, Pg: 265-314.

Fonte: en.wikipedia.org

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