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Ao lado de Capitania de Pernambuco, as capitanias que ofereciam as melhores condições para a sua colonização eram a Bahia, Ilhéus e Porto Seguro, que se localizam na parte mais conhecida do litoral brasileiro, pois estas capitanias ficavam mais próximas de Portugal, onde os portugueses achava que aquela porção da costa fosse habitada apenas pelas tribos Tupiniquim e Tupinambas que até então se mantinham em paz com os europeus.
Porém este engano lhes custaria caro, pois varias enseadas da Costa do Pau-brasil eram ocupadas pelos Aimoré um aguerrido grupo Jê os quais os próprios Tupi não haviam conseguido expulsar para os rigores do agreste.
Este Vasto trecho do litoral brasileiro ia do Cabo de São Roque até Cabo frio, onde os portugueses já haviam instalado algumas feitorias e apesar de alguns entreposto terem sido desativados por volta da Segunda década do século XVI, os três lotes que ficavam na costa do Pau-brasil eram considerados territórios seguro e potencialmente rentáveis, pois além da profusão de Pau-brasil, a terra era propicia ao desenvolvimento da lavoura de Cana de açúcar.
A Capitania de Ilhéus se localizava entre a Capitania da Bahia ao norte e a Capitania de Porto Seguro ao sul, o lote tinha 50 léguas de largura e iniciava-se na foz do Rio Jaguaripe e ia até a barra do Rio Coxim e o seu donatário era Jorge de Figueiredo Correia que era Escrivão da Fazenda Real, era considerado um dos homens mais rico de Portugal na época, ele foi o primeiro a adotar o critério capitalista na exploração de seu lote que recebeu pelo foral de 1 de Abril de 1535, o senhor de Ilhéus foi um homem pratico e tinha uma grande visão de dinheiro, muito embora estivesse disposto a investir na colonização de sua capitania ele se manteve prudentemente distante do Brasil, pois jamais pensou em trocar seu cargo de escrivão e as comodidades da corte pelos azares e trabalhos do governo de sua remota capitania, por isto ele enviou Francisco Romero como seu Lugar-tenente um castelhano que vivia há vários anos em Lisboa que era um bom homem que não sabia administrar porém era muito experiente em guerra.
Francisco Romero partiu de Lisboa rumo ao sul da Bahia em Outubro de 1535 com alguns colonos em três naus que aportou na Baia de Todos os Santos e dali partiu para o sul para ocupar a capitania que iria governar, a principio decidiu-se instalar na Ilha de Tinharé na localidade do morro de São Paulo ao sul da Ilha de Itamaracá quase no limite norte da Capitania de Ilhéus, muito embora o local fosse bem protegido, Francisco Romero não permaneceu ali por muito tempo, pois enviou um destacamento para explorar as porções meridionais da capitania, após algumas semanas de exploração o grupo retornou com a noticia, de ter encontrado um sitio mais favorável para construir a sede da donatária, pois o lugar encontrado oferecia posição estrategicamente perfeita, pois ficava em uma península abrigada por quatro ilhéus em meio aos quais o Rio Cachoeira desaguava no Oceano Atlântico e era facilmente defensável pois era protegido pelo mar e pelo rio, com um excelente ancoradouro abrigado pelo vento sul por um promontório, juntando as conveniências militares o local oferecia excelentes condições comerciais devido as suas terras férteis que eram regadas por águas límpidas e recoberto por vegetação luxuriante, porém o sitio estava encravado no territorio tribal dos Aimoré.
Brasão Fernão Alves
A vila construída no novo sitio recebeu o nome de São Jorge de Ilhéus em homenagem prestada por Francisco Romeno ao seu rico patrão Jorge de Figueiredo Correia, onde no inicio tudo transcorria em perfeita harmonia e paz, tanto que no fins de 1536 Francisco Romero enviou para o reino uma naú repleta de pau-brasil com uma carta para o seu donatário relatando as noticias alvissareiras em que a vila estava instalada e fortificada, contando com uma pequena capela em devoção a São Jorge.
Engenho Açucareiro
O entusiasmo com o sucesso do empreendimento foi tal que, nos primeiros meses de 1537 o donatário Jorge de Figueiredo Correia distribuiu em Lisboa pelo menos três sesmarias em sua capitania; uma foi para o Desembargador Mem.
De Sá, outra para o Tesoureiro-mor Fernão Alvares de Andrade e uma outra para o rico banqueiro florentino Lucas Giraldes que a muito tempo se encontrava em Portugal com grandes investimentos, apesar de possuir grande fortuna Jorge de Figueiredo Correia com estas doação procurava buscar parceiros para investir na produção de açúcar em sua capitania e em vários outros lotes no Brasil; com a implantação da lavoura canavieira a convivência pacifica entre colonos e nativo em Ilhéus foi abalada com as catastróficas guerras entre portugueses e indígenas, apesar dos constantes resgados que eram anzóis, espelhos, facões, machados e outras especiais que o abastado Jorge de Figueiredo Correia enviava para Francisco Romero distribuir entre os nativos em troca de mantimentos e trabalhos que eram feita com os Tupiniquim que circulavam pela região, com isto a paz podia ser obtida por estes escambo, que acabou se revelando um expediente limitado, pois a saturação foi logo atingida, pois os nativos cedo dispunham de mais objetos do que precisavam ou podiam utilizar e logo passaram a exigir cada vez mais peças em troca de cada vez menos mantimentos ou trabalhos a isso somou-se a crescente necessidade de mão de obra fixa e organizada para o plantio e a colheita nos canaviais, a partir destas necessidades os portugueses passaram a escravizar os indígenas, repetindo em Ilhéus o que acontecia em outras capitanias, de inicio passaram a estimular as guerras intertribais e comprando os prisioneiros que eram chamados de índios de corda, de seus aliados, porém com o decorrer do tempo velhas alianças foram rompidas e os lusos começaram a escravizar os antigos aliados indígenas com os quais conviviam pacificamente há vários anos.
Com isto desencadeou-se uma guerra generalizada entre indígenas e portugueses, a crise reinante em Ilhéus a cada dia ia se agravando, pois sendo Francisco Romero castelhano e muito rude no convívio com os subordinados, é ignorava preceitos jurídicos mais rudimentares e governava baseado no arbítrio.
E no ano de 1540 em um certo dia ao entrar na pequena Igreja de São Jorge na Vila de Ilhéus, Francisco Romero aproximou-se do altar e disse odeio este crucifixo – o motivo da blasfêmia residia no fato de aquela cruz ter sido trazida de Portugal por um colono em que o Lugar-tenente estava com diferenças, por isto os colonos da vila o prenderam e o enviaram acorrentado para o reino, onde Francisco Romero foi encarcerado no presidio de Limoeiro, porém o donatário Jorge de Figueiredo Correia usando de sua influencia o libertou e numa atitude imprevidente e desafiadora o enviou de volta para Ilhéus.
Ao retornar para o sul da Bahia em 1541, Francisco Romero puniu aqueles que participaram da conspiração que o levará a prisão, embora o fato tenha contribuído para as desordens internas, ele foi capaz de implantar a industria acuraria na região, com a ajuda financeira que o banqueiro Lucas Giraldes decidira investir na capitania de Jorge de Figueiredo Correia, e no de 1546 em Ilhéus oito engenhos de açúcar já estavam produzindo, sendo que dois deles pertenciam a casa bancaria de Lucas Giraldes, porém para que tais estabelecimentos pudessem funcionar, era preciso arregimentar um grande número de escravos, foi então que os colonos começaram a penetrar no territorio dos Aimoré, que incandiaram de imediato uma reação com ataques constantes a Capitania de Ilhéus e a Porto Seguro, chegando até a Capitania da Bahia, e devido a estes constantes ataques dos Aimoré, vários colonos buscaram refugio nas Ilhas de Tinharé e Boipeva onde acabaram sitiados e devido aos ataques os Tupiniquim que eram grandes aliados dos portugueses fugiram da luta e refugiaram-se no sertão.
Em fins de 1550 quando a guerra entre portugueses e os Aimoré ainda estava em andamento, o donatário Jorge de Figueiredo Correia morria em Lisboa, então o seu filho vendeu os direitos sobre a capitania para o banqueiro Lucas Giraldes que de imediato substituiu o Lugar-tenente Francisco Romero pelo Feitor italiano Tomaso Alegre.
Pero do Campo Tourinho em 27 de Maio de 1534 recebeu a sua Capitania de Porto Seguro do Rei Dom João III cujo lote tinha 50 léguas de largura que iniciava na foz do Rio Coxim ao sul da Ilha de Comandatuba e se prolongava ate a foz do Rio Mucuri, Pero de Campo Tourinho vivia na sua terra natal em Viana do Castelo que era uma abastada vila ao norte de Portugal junto a foz do Rio Lima em um região progressista devido a pesca do bacalhau, e ao receber seu lote no Brasil vendeu as suas propriedades que possuía em Viana do Castelo e adquiriu duas naus e duas caravelas e arregimentou alguns parentes mais pobres e aos pescadores experientes e por volta de Dezembro de 1534 partiu para o Brasil, fazendo escala nas Ilhas das Canárias e chegando em Julho de 1535 ao Brasil, ancorando na foz do Rio Binharém onde encontrou um antigo povoador instalado, chamado João Tiba.
Pero do Campo Tourinho era muito prudente e atirado por isto decidiu instalar-se numa colina próxima a praia junto a foz do rio onde instalou a sua vila que constava de uma capela, forja e ferraria, construiu um estaleiro onde se manteve bastante ativo, pois em menos de três anos construiu sete vilas entre as quais a de Santa Cruz e Santo Amaro onde distribuiu alguns colonos que o acompanhavam, no período de 1536 a 1546 tudo transcorreu normalmente em Porto Seguro.
Suas terras eram fértil e os nativos Tupiniquim eram afável e solícito, e que com os mesmos eram efetuado trocas de ferramentas e bugigangas por mantimentos para alimentar os colonos.
Como a maior parte dos colonos instalados na colônia provinha de família de pescadores de Viana do Castelo eles logo transformaram a pesca da garoupa nos baixios de Abrolhos em uma industria florescente que se tornou na principal fonte de renda da capitania com a exportação do peixe salgado e seco
Não só para o reino como para varias capitanias vizinhas, e alem do pescado os colonos de Ilhéus extraiam da foz do Rio Caravelas uma concha miúda que era chamada de Búzios as quais eram enviadas para as colônias portuguesas na África onde eram usadas como dinheiro em Angola onde os traficantes lusos trocavam por escravos.
A região norte de Porto Seguro era repleta de matas de pau-brasil onde a extração da madeira que era usada na tinturaria, foi feita em larga escala com o auxilio dos índios Tupiniquim, porém Porto Seguro tinha um grave problema, e que devido aos afiados recifes dos Abrolhos as naus da chamada Carreira da Índia que faziam trafego entre Portugal e o Oriente, passavam ao largo da capitania de Pero do Campo Tourinho, sem fazer escala, assim como os navios que seguiam para a Costa do Ouro e da Prata, com isto ele tinha dificuldade em exportar seu peixe, os búzios e o pau-brasil.
No ano de 1546 o Duque de Aveiro começou a investir na Capitania de Porto Seguro, pois estava montando um engenho de açúcar e plantando cana de açúcar na Vila de Santa Cruz.
Pero do Campo Tourinho devido as dificuldades financeiras de sua capitania deixou de pagar os impostos que devia a coroa e enviou uma carta ao reino na qual se lastimava da situação reinante e solicitou o envio imediato de peças de artilharia, pólvora e munição de guerra devido a eclosão da guerra entre os Aimoré e os Tupiniquim que era uma grande ameaça para a sua capitania.
Pero do Campo Tourinho era um homem dono de um senso de humor ácido e de um temperamento instável com acessos de fúria que geralmente resultava em vociferações anticleriais e a sua principal indignação era a profusão de dias santos, durante os quais não se trabalhava na capitania e com o desentendimento entre ele e o vigário Bernard de Aureajac e com os outros quatros padres da capitania, o colono João Barbosa País viajou para Lisboa com o propósito de denunciar o donatário Pero do Campo Tourinho perante a inquisição no Tribunal do Santo Oficio e em 23 de Novembro de 1546 em reunião realizada na casa do Juiz Ordinário Pero Drumond na qual participaram o Juiz da Vara Cível Pero Vicente; os fidalgos da Casa do Rei Pedro Corrêa e Duarte de Sequeira; os Vereadores Belchior Alvares, Gomes Marques e Paulo Dinis; o Procurador do Conselho Diogo Luiz; o Alcaide de Porto Seguro Lopo Vaz; o Tabelião Gonçalo Fernandes; o Escrivão do Processo João Camelo Pereira e o castelhano Francisco de Espinosa e dos religiosos Bernard de Aurejac que era o vigário da igreja matriz de Porto Seguro, do Frei Franciscano Jorge Capuchimbo, do Capelão e Feitor do Duque de Aveiro Manoel Colaço e o beneficiado da igreja Pero Ryquo, do clérigo da missa João Bezerra que havia chegado a Porto Seguro vindo de Ilhéus em companhia de piratas, ficou decidido que Pero do Campo Tourinho seria preso na manhã seguinte e conduzido para a casa do Escrivão Gonçalo Fernandes onde permaneceria detido enquanto durasse seu julgamento, e no dia 27 de Novembro o Vigário Bernard de Aurejac improvisou um tribunal que ele próprio presidiu e que fora composto de um inquiridor, um escrivão e um juiz ordinário, sendo listado quatorze acusações contra Pero do Campo Tourinho e convocadas vinte e sete testemunhas de acusação, e nas audiências realizadas entre os dias 4 a 28 de Dezembro de 1546 na Matriz de Nossa Senhora da Penha no centro de Porto Seguro, depuseram contra ele o seu filho André de Campo, seu cunhado Antônio Pinto e o noivo de sua filha Pero Vicente e como estava impedido de comparecer à corte, o donatário foi defendido por um dos seus criados Clemente Annes, e em Fevereiro de 1547 Pero do Campo Tourinho foi enviado preso em um de seus navios para julgamento no Bispado de Funchal na Ilha da Madeira, sede da diocese a que pertencia o Brasil, porém Pero do Campo Tourinho chegou solto em Lisboa onde os juizes da inquisição decidiram que ele pagasse uma fiança e que poderia responder o processo em liberdade, sem poder se ausentar da capital antes do julgamento, do qual recebeu uma branda pena, porém Pero do Campo Tourinho se amargurou de tal forma que jamais retornou ao Brasil para reassumir sua capitania, que durante seis anos ficou sob o comando de seu filho André do Campo, e no dia 10 de Outubro de 1553 Pero de Campo Tourinho morria em Lisboa e Dona Inês Pinto sua herdeira legal, tornou-se a donatária de Porto Seguro da qual renunciou em favor de seu filho Fernão que partiu em 18 de Novembro de 1554 para Porto Seguro, onde sob seu domínio a capitania se abateu e em Dezembro de 1555 o novo donatário ceio a falecer, e como não tinha herdeiros direto, a Capitania de Porto Seguro passou a pertencer à sua irmã Dona Leonor do Campo que vendeu a capitania em 1559 para o Duque de Aveiro que deixou desfalecer em decadência a capitania que florescia no litoral da costa do Brasil, embora a Vila de Porto Seguro tenha se mantido habitada, assim como os outros povoados fundado por Pero de Campo Tourinho entre eles Santa Cruz, Santo Amaro e Comagi.
A Capitania da Bahia com 50 léguas de comprimento, o lote que começava ao sul da Capitania de Pernambuco na foz do Rio São Francisco e prolongava-se até a foz do Rio Jaguaripe na ponta sul da ilha de Itaparica, com terras férteis e relativamente próxima a Portugal e bem conhecida pelos lusos e já se encontrava habitadas por um grupo de náufragos e mamelucos que eram liderados pelo lendário Caramurú que por conta disso, era tida como a mais aprazível e facilmente colonizavel das doze capitanias.
Francisco Pereira Coutinho, o donatário da Bahia, era filho de Afonso Pereira, Alcaide-mor da cidade de Santarém, que partiu muito jovem para a Índia na frota sob o comando do Marechal Fernando Coutinho em 1509 na desastrosa tomada de Calicute, e sob o comando de Afonso de Albuquerque tomou parte da conquista de Goa.
E no ano de 1511 retornou a Lisboa de onde partiu novamente para a Índia em 1514 na frota de Cristóvão de Brito e que no seu regresso a Portugal a bordo da naú Nossa Senhora da Ajuda trouxe um elefante e um rinoceronte como presente para o rei, e no dia 5 de Abril de 1534 se tornou o segundo agraciado com lotes no Brasil, pois pelos serviços prestado no Oriente recebeu do rei os lotes da Capitania da Bahia e uma certa quantia em dinheiro para comprar artilharia e armar os navios e logo após ter recebido as doações, Francisco Pereira Coutinho vendeu tudo que possuía em Santarém e armou uma frota de sete navios e partiu em companhia de Diogo de Góis que havia sido nomeado pelo Rei Dom João III como Feitor e almoxarife da Capitania da Bahia, Diogo Luiz Moço da Câmara Real, Afonso Torres fidalgo espanhol e Loureço de Figueiredo fidalgo espanhol que havia sido degredado para a Bahia, Jorge Figueiredo Mascarenhas, Vicente Dias fidalgo alentajano, Antao Gil Oficial da Câmara de Lisboa, Duarte de Lemos fidalgo da Casa de Trofa Lemos.
Quando Francisco Pereira Coutinho chegou a Bahia ele escolheu as encostas do Outeiro Grande para atracar pois era um local estratégico e bem guarnecido com fácil acesso a um ancoradouro natural e no topo de uma magnifica atalaia se desfrutava um amplo horizonte sobre o mar, onde vivia Caramurú e mais oito europeus que eram náufragos e desertores em numa aldeia junto com centenas de índios Tupinambá da tribo de Paraguaçu; Francisco Pereira Coutinho era sabedor dos freqüentes conflitos entre os indígenas do recôncavo baiano, por isto logo percebeu que a presença e os favores de Caramurú, seriam vitais para o sucesso de sua capitania, desta maneira o donatário Francisco Pereira Coutinho doou uma sesmaria com 400 varas de largo por 500 varas de comprimentos a Diogo Alvares, o Caramurú nas terras em que já eram ocupadas por Caramurú em sua aldeia, muito embora pudesse ajudar com mantimentos e intermediando sua relação com os nativos, Caramurú não era aliado de todos os Tupinambá que viviam em torno de recôncavo baiano.
E durante os primeiro dias na Bahia Francisco Pereira Coutinho e seus acompanhantes pernoitavam a bordo dos navios, ate que no final de Dezembro de 1536 os colonos começaram a construir o pequeno vilarejo com o auxilio dos Tupinambá aliados de Caramurú com cerca de quarenta casas de barro e pau-a-pique, e a sede da capitania foi erguida mais ao sul da ponta do padrão, já dentro da Baia de Todos os Santos, o povoado quando erguido ficou conhecido como Vila Velha ou Vila do Pereira; muito embora achasse a terra muito pacifica, o donatário, além de cercar a vila, mandou construir para sua defesa uma torre de dois andares e a guarneceu com quatro canhões, que no inicio permaneceram mudos, pois tudo corria bem na capitania, porém a paz e a prosperidade não permaneceu por muito tempo, devido aos choques de interesses dos habitantes da capitania especialmente o de Diogo Alvares e pela dificuldade de Francisco Pereira Coutinho em se adaptar as novas exigências de comedimento, boa vontade e espirito cordial e o fato dele Ter permitido que os colonos se instalassem em vários pontos da capitania ao invés de concentra-los em único lugar da costa, enfraqueceu a capacidade de resistência e a disciplina da colônia, e os atos de rapinagem e violência contra os silvícolas, contribuíram para que os Tupinambá perceberem que os portugueses eram diferentes dos franceses que vinha para a costas brasileira para negociar com eles, enquanto que os portugueses haviam chegado para ficar, e se apossarem de suas terras e estavam dispostos a lhe escravizar.
Em 1541 Francisco Pereira Coutinho doou duas sesmarias no recôncavo; sendo uma para o fidalgo João de Velosa no lugar chamado Esteiro de Pirajá e a outra para o castelhano Afonso de Torres que se localizava no Saco do Paripe, e que em associação com o donatário da capitania eles iniciaram a implantação da lavoura canavieira e instalaram seus engenhos.
Afonso da Torres era um poderoso armador em Lisboa e arrendatário do trafico de escravo da Ilha de São Tome para as Antilhas e necessitando de mão de obra para seu engenho, logo começou a incentivar as incursões escravagistas às aldeias Tupinambá espalhadas pelos recôncavo, com grandes violências extorsões e imoralidade.
E o resultado de tais escândalos foi desastroso, pois os Tupinambas se uniram e, seus guerreiros atacaram e queimaram os engenhos e os canaviais, sitiaram e mataram muitos portugueses dentro da Vila do Pereira, estes conflitos duraram mais de cinco anos, e no auge da guerra com os Tupinamba os inimigos de Francisco Pereira Coutinho tramaram um engenhoso ardil para destitui-lo, com um golpe liderado pelo Padre de Missa João Bezerra, que anteriormente havia sido expulso da Vila Velha pelo donatário, ancorou em Vila Velha as bordo de uma caravela cujos tripulantes garantiram estarem chegando de Portugal com um alvará régio no qual haviam falsificado a assinatura de Dom João III no qual destituíam Francisco Pereira Coutinho de suas imunidade e do cargo de donatário, e condenando-o a prisão, porém com a ajuda de alguns aliados, Francisco Pereira Coutinho conseguiu escapar do cárcere e se refugiar na Capitania de Ilhéus, e com efeito do episódio os Tupinamba conseguiram devastar Vila Velha e destruir a Torre do Pereira, de Ilhéus Francisco Pereira Coutinho partiu para a Capitania de Porto Seguro onde foi acolhido por Pero do Campo Tourinho até receber a visita de Caramurú que lhe alertara do plano dos franceses em obter recursos e pessoal para povoar a Capitania da Bahia, que se encontrava abandonada, poucas semanas após o retorno de Caramurú para a Capitania da Bahia, o velho donatário Francisco Pereira Coutinho decidiu voltar para os seus domínios e enfrentar a grave situação reinante, porem ao se aproximar do vilarejo arruinado, o navio que o transportava chocou-se contra o recife das Pinaúnas na ponta sul da Ilha de Itaparica, o donatário e a maior parte de seus acompanhantes se salvaram, porem acabaram prisioneiros dos Tupinambas que ao perceber que entre os prisioneiros estava Francisco Pereira Coutinho, os Tupinamba decidiram mata-lo.
E no decorrer do tempo quase nada restava das capitanias estabelecidas na outrora pacifica Costa do Pau-brasil e não era menos precária, nem menos dramática a situação dos lotes que ficavam ao norte e ao sul daquela região, desde o fracasso da expedição de Aires da Cunha e da conquista do amazonas pelos espanhóis, os portugueses tinham virtualmente desistido de ocupar a Costa Leste-Oeste por outro lado na remota Costa do Ouro e da Prata, apenas São Vicente se mantinha relativamente ativa e dos doze Capitães do Brasil, apenas Duarte Coelho desfrutava de alguns sucesso em Pernambuco.
Em 1548, o Rei Dom João III escutou os apelos enviados do Brasil, o evidente fracasso das donatárias e o crescente ameaças francesa, levaram o rei e os seus principais assessores a modificar o regime de Capitanias Hereditárias e a optar pelo estabelecimento de um Governo Geral, a decisão de estabelecer o Governo Geral não foi uma tarefa fácil, devido a profunda crise econômica que se abatera sobre a Europa e pela conjuntura política na Europa que não era favorável a Portugal pois Francisco I da França e o Rei Carlos V da Espanha assinaram o tratado de Crépy-en-Lannois pondo fim à longa guerra entre os dois reinos, desta forma o reino francês passou a dispor de mais recursos para financiar grandes expedições para o Brasil, e o reino espanhol pode dedicar mais atenção a expansão de seu Império Ultramarino na América, e na costa mediterrânea e no litoral ocidental de Marrocos, onde as fortalezas lusas viviam sob crescentes assédios dos xarifos da dinastia Sus, paradoxalmente foi esta complexa situação que fez recender o interesse da coroa pelo Brasil e que devido as circunstancias valia mais a pena investir dinheiro do Tesouro Régio na colônia sul americana do que em outras praças. Por isto em 17 de Dezembro de 1548 com a corte instalada em Almerim, o Rei Dom João III decretou a criação do Governo Geral e para o cargo de primeiro Governador Geral do Brasil foi escolhido o fidalgo.
Tome de Souza que em 1 de Fevereiro de 1549 comandando uma frota de seis navios em companhia de seiscentos degredados e duzentos colonos zarpou de Lisboa rumo a Capitania da Bahia que havia sido adquirida dos herdeiros de Francisco Pereira Coutinho.
Fonte: www.geocities.com
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