Batalha de Itororó

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Batalha de Itororó – História

Batalha de Itororó foi uma batalha travada na Guerra do Paraguai.

Em 3 de dezembro, nova ordem de batalha foi dada ao Exército Imperial. 0 48° Corpo de Voluntários, ainda sob o comando do Major Secundino Filafiano de Melo Tamborim, passou da 9a para a 5a Brigada de Infantaria, do Coronel Fernando Machado de Souza.

Contava esta Grande Unidade com os 1° e 13° Batalhões de Infantaria e os 34° e 48° Corpos de Voluntários. A Brigada Fernando Machado, reunida à 2a do Coronel Domingos Rodrigues Seixas, formava a 2a Divisão de Infantaria, do Coronel Salustiano Jerônimo dos Reis, do 2° Corpo de Exército, do Marechal Argolo Ferrão, designado para fazer o serviço de vanguarda, assim que o Exército desembarcasse na Guarda de Santo Antonio, na barranco da margem esquerda.

Na noite de sexta-feira, 4 de dezembro, começou o embarque da Infantaria e Artilharia que estavam no Chaco; a Cavalaria, sob o comando do Brigadeiro José Luis Mena Barreto, seguiu por terra até Santa Helena, ponto fronteiro ao que fora escolhido pelo Marques para o desembarque na margem esquerda.

Cerca de 1 hora da tarde do dia 5, segundo afirma Bormann:

“O Marechal Caxias veio examinar a disposição do acampamento e ao seu encontro apresentou-se o General Argolo Ferrão que, interrogado se já havia mandado ocupar a ponte sobre o Arroio Itororó e suas imediações, lhe respondeu que não, visto não dispor da cavalaria suficiente, nem das mulas para tração da artilharia.

Mesmo assim o Marechal Caxias resolveu ocupar a posição corri os Esquadrões de Niederauer e dois Batalhões de Infantaria e aumentar essa força com mais Infantaria e algumas baterias de artilharia, apenas chegassem os animais para seu transporte.

Com efeito, o Marechal fez o bravo Niederauer seguir, mas apenas suas avançadas chegaram a tiro de canhão da ponte, descobriram o inimigo, cuja vanguarda ali acabava também de aparecer.

O caminho era um desfiladeiro estreito, bordado de espessos matos e desenvolvia-se por um cerro que a pouco mais de um quilômetro da ponte descia até ela e, por consequência, até a margem do arroio.

Era tarde. O sol já se escondia por trás das matas das serranias.

O bravo Niederauer mandou avisar ao General Argolo de que o inimigo ali estava e pedia ordene.

Imediatamente, o General comunicou ao Marechal Caxias essa novidade que vinha da frente; o Marechal, vendo que a noite se aproximava e, por consequência, era tarde demais para empenhar qualquer refrega, em terreno ainda pouco conhecido, ordenou que Niederauer contramarchasse imediatamente, assinalando ao General as posições em que deviam ficar as nossas avançadas nessa noite.

O aspecto do nosso bivaque era alegre e festivo. Os soldados de infantaria ao redor das fogueiras dançavam e cantavam, alguns batendo pandeiros, outros ao som de violas; a cavalaria, parte esperava o churrasco que se preparava no fogão; parte entoava, ao som da viola, as canções aprendidas na meninice ou versos improvisados, de caráter épico, em que os heróis eram os seus bravos generais.

A noite estava esplêndida e parecia correr rápida.”

BATALHA DA PONTE DO ARROIO ITORORÓ

“Já se distinguiam os primeiros arrebóis da madrugada de 6 de dezembro, quando o silêncio substituiu a alegria expansiva do nosso bivaque, e então, de longe em longe, uma ou outra gargalhada dos nossos soldados atestava que a insônia por ali existia, apesar da noite estar a despedir-se.

Não tardou que o toque de alvorada despertasse todo o nosso campo. O dia vinha com um esplendor imenso. O Exército estava pronto.

A estrada que de Santo Antônio ia ter à ponte de Itororó era de mais de duas léguas e apresentava em muitos lugares desfiladeiros de difícil transito para a cavalaria e, normalmente, para a artilharia.

A Brigada do Coronel Fernando Machado (a 5a), composta de quatro Batalhões com 10 bocas-de-fogo, fazia a vanguarda do 2° Corpo de Exército e era precedida, em sua marcha, por um Esquadrão de Cavalaria pertencente à Brigada do Coronel Niederauer Sobrinho.

Cerca das 6 horas da manhã chegou a nossa vanguarda ao alto da colina situada em frente a Ponte de Itororó, que a dominava.

Daquela altura e além da ponte via-se distintamente a força do Coronel Serrano formada em batalha, pois ele a tinha passado naquela posição com a infantaria formada em colunas, com a cavalaria disposta por esquadrões, no flanco esquerdo, e a artilharia na frente. Toda a força, compreendida a infantaria e a cavalaria, não parecia exceder de 6.000 homens.

O Marechal Argolo Ferrão, que tinha acompanhado a marcha de sua Vanguarda desde que o Exército se pôs em marcha, subiu com ela até o alto da colina e, ao avistar o inimigo, ordenou o ataque.

Foi então que o Coronel Fernando Machado deu ordem ao Comandante do 1° Batalhão de Infantaria de seguir na vanguarda de sua Brigada, de destacar para a frente duas Companhias de exploradores, em proteção da cavalaria, e avançar o resto do Batalhão e duas bocas-de-fogo em direção à ponte.

O Coronel Serrano, sabendo que o grosso do Exército marchava em seguimento da sua Vanguarda, mas sabendo também que nas pontes e desfiladeiros o número de nada serve, porque o valor e a intrepidez das testas das colunas é que decidem tudo, tratou de defender o terreno que ocupava, reforçando os destacamentos que tinha na ponte com as tropas que se achavam mais próximas.

Tinha ele, com antecipação, postado uma boca-de-fogo além da ponte, que varria com seus tiros uma grande parte da estrada.

Nestas condições, o Tenente-Coronel Oliveira Valporto, em cumprimento das ordene que recebeu, avançou a marche-marche com cinco Companhias do 1° Batalhão de linha em direção à boca-de-fogo do inimigo, e tomou-a. Mas ao transpor a ponte, achou-se em frente a uma extensa linha de infantaria e quatro bocas-de-fogo vantajosamente colocadas, que o cobriram de metralha.

Atacadas com a maior impetuosidade pela infantaria paraguaia, as cinco Companhias do 1.° de linha vacilaram, começaram a perder terreno e retrocederam até a Ponte de Itororó, envoltas com o inimigo, em grande confusão.

Então, o brioso infante que era Fernando Machado, indignado com o movimento retrógrado de sua Vanguarda, passou em acelerado a ponte com os Corpos 34.° e 48° de Voluntários, deixando 0 13° de linha de proteção à sua artilharia, e arrojou-se sobre o inimigo com o sangue frio e a intrepidez que tanto o distinguiam; mas sendo acolhido por um vivíssimo fogo de fuzilaria e metralha, caiu morto logo aos primeiros tiros, e foi levado nos braços de seus soldados para a retaguarda da linha.

A esse tempo o valente Niederauer Sobrinho passou a Ponte com o 6° de lanceiros e, flanqueando os nossos Batalhões, carregou com tal fúria as tropas paraguaias, que as fez retroceder precipitadamente do terreno que ocupavam, tomando-lhes as quatro bocas-de-fogo que tantos estragos tinham feito nas nossas fileiras – Morto o denodado Coronel Fernando Machado de Souza, assumiu o comando da 5a Brigada de Infantaria o Tenente-Coronel Oliveira Valporto, que deu a seguinte parte de combate ao Comandante da 2a Divisão, Brigadeiro Salustiano Jerônimo dos Reis.

“llustríssimo e Excelentíssimo Senhor:

Acampamento do Comando da 5a Brigada de Infantaria, junto ao Passo Itá, no Paraguai, 7 de dezembro de 1868.

Parte. Assumindo o comando desta Brigada ontem, ainda em combate, por ter sido morto por uma bala de metralha, o muito distinto e denodado Coronel Fernando Machado de Souza, cumpre-me por isto relatar as ocorrências havidas durante o mesmo combate.

Recebi instruções do dito Sr. Coronel, para marchar na Vanguarda da Brigada com o 1° Batalhão de Infantaria do meu comando, destacando para a frente duas Companhias de exploradores com a cavalaria, e, reconhecendo esta força que o inimigo achava-se na defensiva além da ponte do Passo Itá, imediatamente tive ordem para avançar com o Batalhão e duas bocas-de-fogo, colocando aquele à direita da estrada e coberto pela mata, seguindo mais uma Companhia de proteção às bocas-de-fogo.

O inimigo havia de antemão colocado um canhão além da ponte, enfiando seus tiros pela estrada. Nestas condições, recebi instruções do referido Sr. Coronel para carregar sobre a ponte com as cinco Companhias que me restavam e, dando cumprimento, avancei a passo de carga, fazendo deslocar as divisões direitas para a direita, e as esquerdas para a esquerda, deixando assim livre a estrada, e fazendo fogo cruzado sobre a guarnição da peça que varria a estrada com sua metralha; sendo logo abandonada a referida peça, transpus a ponte, achando-me em frente de uma linha inimiga, e recebendo tiros de quatro bocas-de-fogo, que se achavam colocadas em uma eminência na direção da ponte, posição esta muito vantajosa para o inimigo.

Ao transpor a ponte, tive necessidade de pedir força para suporte e sustentação da posição tomada, mas infelizmente foi nessa ocasião que foi morto o Comandante da Brigada, pelo que tomei a deliberação de exercer aquelas funções e dirigir os Batalhões 34° e 48°, que acabavam de chegar, em linha com o 1 ° Batalhão, ficando o 13° de Infantaria de proteção à Artilharia, até que se tornou preciso reforço.

Aqueles três Batalhões sustentaram um nutrido fogo contra o inimigo, que dispunha das três armas em campo, e, reforçando as suas linhas e reservas, carregou de frente e flanco esquerdo sobre as nossas linhas e sobre as forças que vinham da ponte, fazendo-nos recuar, apesar de termos também cavalaria apoiando o referido flanco.

Chegando à orla do mato e com novos reforços, carregou-se sobre o inimigo, fazendo-lhe muitos mortos,feridos e alguns prisioneiros, ficando em nosso poder armamento, as quatro bocas de fogo e um estandarte.

Desde que chegaram novos reforços, a direção do combate foi tomada pelo Exmo. Sr. Marechal-de-Campo Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, Comandante do 2° Corpo de Exército, que, presenciando tudo, poderá avaliar o comportamento dos Corpos de Brigada.

Recomendo os nomes dos distintos Major Secundino Filafiano de Melo Tamborim, Comandante do 48° Corpo de Voluntários da Pátria; Capitães José Lopes de Barros, Comandante do 13° Batalhão de Infantaria, e José de Almeida Barreto, Comandante do 34° de Voluntários, pela bravura e inteligência com que dirigiram seus Batalhões no combate; os Alferes Assistente do Deputado do Ajudante-General João Luis Alexandre Ribeiro e Ajudante-de-Ordens Adelino Rodrigues da Rocha, pela maneira como se portaram.

Esta Brigada teve fora de combate um total de 436 combatentes, sendo: mortos, 8 oficiais e 56 praças; feridos, 15 oficiais e 296 praças; contusos, 7 oficiais e 31 praças, e extraviadas, 23 praças, conforme se vê das inclusas relações, dadas pelos Comandantes de Corpos.

(a) João Antônio de Oliveira Valporto, Tenente-Coronel Comandante.

Por seu turno o Comandante do 48° Corpo de Voluntários endereçou a seguinte Parte de Combate ao Comandante da 5a Brigada de Infantaria:

“Comando do 48.° Corpo de Voluntários da Pátria, Passo Itá, 7 de dezembro de 1868.

Ilustríssimo Senhor.

Em cumprimento à ordem recebida de V.Sa., passo a expor o que ocorreu com o Corpo de meu comando no combate de 6 do corrente.

Marchei incorporado à Brigada que fez a vanguarda do Exército, do lugar denominado Santo Antônio, e, ao chegarmos à ponte do Passo Itá, encontramos o inimigo que, confiado na posição estratégica daquele lugar, o tinha ocupado com uma força das três armas, avaliada em 8.000 homens, pouco mais ou menos; e logo que nos aproximamos principiou a hostilizar-nos com sua artilharia e infantaria, supondo embargar-nos o passo; sendo porém superado este obstáculo pelo Corpo da testa da coluna, tive ordem para, a passo de carga, transpor a ponte, sendo este Corpo o terceiro a desenvolver em linha de batalha para a direita e esquerda do 34° Corpo de Voluntários, o que foi imediatamente cumprido, carregando com o referido 34° e segundo, que formou à minha esquerda, sobre o inimigo, que imediatamente deu as costas: neste ínterim, uma coluna de infantaria inimiga, que vinha em apoio daquela, procurou flanquear-me pela esquerda. Observando este movimento do inimigo, mandei fazer alto e ordenei ao Capitão fiscal Joaquim Teixeira Peixoto de Abreu Lima que, com as duas Companhias da esquerda, formasse um angulo obtuso com as outras e que estas com fogos oblíquos e aquelas com fogos diretos repelissem a força; isto feito, tornou-se o fogo tão renhido que o inimigo, sofrendo grandes perdes, procurou reunir-se à outra força que tínhamos feito recuar; logo em seguida carregou a nossa cavalaria; porém, tendo a cavalaria inimiga carregado com uma forte coluna pela estrada à esquerda da ponte, e para a qual tínhamos a retaguarda, procurei imediatamente formar um circulo apoiado na orla da mata à direita da ponte, da qual estávamos a mais de 220 metros, repetindo ai a carga da cavalaria inimiga, a qual nos pôs alguns homens fora de combate, entre eles, o Capitão fiscal, que se achando a pé, não pôde logo abrigar-se; porém a repulsa foi tão viva que o referido fiscal foi ainda salvo da morte, recebendo ainda três ferimentos; em seguida mandei fazer fogo sobre o flanco esquerdo do inimigo que havia carregado sobre a ponte, continuando depois a repeli-lo com os outros Corpos, que fizeram as outras cargas até o final do combate.

V.Sa. foi testemunha do comportamento deste Corpo, e pode muito bem avaliar o quanto se empenhou em desbaratar o inimigo.

Os oficiais e praças cumpriram com seu dever, porém são dignos de especial menção o Capitão fiscal Joaquim Teixeira Peixoto de Abreu Lima pelo denodo com que se bateu a espada; os Alferes João Pereira Máciel Sobrinho e Columbiano Candido Rodrigues, que também brigaram a espada; e os Capitães José Constancio Galo, Raimundo Nonato da Silva, João da Mata dos Santos Filho, Carlos Frederico da Cunha, Domingos das Neves Azevedo e João Cancio da Silva; Tenentes Aureliano Viegas de Oliveira, Antônio Tenório de Melo Costa; Alferes Miguel dos Anjos de Almeida Vilarouca, Manoel Maria de Carvalho, Cláudio do Amaral Varela, pela presença de espírito com que combateram; e o Alferes-Ajudante Paulino Vieira de Melo e Silva que, apesar de se achar a pé, esforçou-se para bem cumprir seus deveres.

O Corpo teve fora de combate: mortos, 3 oficiais e 16 praças de pré; feridos, 5 oficiais e 90 praças; contusos, 2 oficiais e uma praça; e extraviadas, 17 praças, das quais inclusa remeto a V.Sa. a competente relação.

Deus guarde a V.Sa.

llustrissímo Sr. Tenente-Coronel João Antônio de Oliveira Valporto, Comandante da 5a Brigada de Infantaria.

(a) Secundino Filafiano de Melo Tamborim, Major Comandante.

0 48o Corpo de Voluntários da Pátria, da Bahia, teve fora de combate 10 oficiais e 124 praças, conforme a parte de seu Comandante.

Entre os oficiais mortos estavam o Tenente Durval Candido Tourinho de Pinho e o Alferes José Sebastião Cardoso; os feridos foram os Capitães Joaquim Teixeira Peixoto de Abreu Lima, José Constantino Galo, Alferes Secretário João Pereira Maciel Sobrinho, Alferes Lela Francisco de Santiago, Columbiano Candido Rodrigues; contusos, os Tenentes Aureliano Viega de Oliveira e Tenório de Melo Costa.

E interessante salientar que no momento crucial do combate, vendo que o numero de baixas era muito grande e sem ter uma definição se o combate estava ganho ou não, o Comandante-em-chefe, vendo que Osorio não aparecia para o combate como fora determinado, aos 65 anos de idade desembainhou sua espada, deu vivas ao imperador e ao exercito aliado convocou seus comandados com a celebre frase [sigam-me os que forem brasileiros] e juntamente com seu piquete de cavalaria atravessou a ponte indo chocar-se com as tropas inimigas, numa verdadeira demonstração de bravura dando ele próprio o exemplo a ser seguido pelas tropas já fraquejastes.

Batalha de Itororó – Dezembro

Batalha de Itororó

O dia 06 de dezembro de 1868, em especial, marca um dos combates mais sangrentos da Guerra do Paraguai: a batalha de Itororó. Ocorrida no Arroio de Itororó, a ação contou com tropas da Tríplice Aliança (acordo assinado entre Brasil, Argentina e Uruguai) contra o exército paraguaio, comandado pelo então presidente do país, Fernando Solano López.

A estreita ponte do arroio Itororó com pouco mais de três metros de largura dificultava a ação militar da Tríplice Aliança. Sabendo disso, o Marechal Duque de Caxias, que comandava as tropas aliadas, elaborou uma estratégia para burlar as tropas paraguaias.

Ele determinou que o General Osório marchasse com uma parte do Exército pela parte esquerda do esquadrão aliada, a fim de surpreender a retaguarda do inimigo e realizar a segurança do flanco leste.

Enquanto o deslocamento era realizado, Duque de Caxias atacava os paraguaios pela ponte e dava início à batalha.

A posição inimiga proporcionava uma enorme vantagem aos seus quatro mil defensores. Foram rechaçadas três investidas brasileiras, somente no quarto ataque o inimigo foi vencido, retraindo para as posições no corte do rio Avaí. Durante a batalha, Osorio fora chamado às pressas, chegando na região do combate após o mesmo ter se encerrado. Coube ao Marques do Herval, com seu Terceiro Corpo de Exército a perseguição e a manutenção do contato com o inimigo.

Para se ter ideia da importância da batalha de Itororó, as tropas paraguaias perderam 1200 homens, munição e armamentos de toda a espécie. Com isso, as tropas aliadas iniciaram uma série de ações armadas, que enfraqueceram o poderio paraguaio e alavancaram o processo para finalização da guerra e vitória da Tríplice Aliança.

Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias

Leiamos as palavras do próprio herói:

“Quando resolvi o movimento que levou o exército a Santo Antônio, ordenei ao general Argolo, depois Visconde de Itaparica, logo que pusesse pé em terra, mandasse ocupar a ponte de Itororó. S Excia, seguiu, embarcado, às 2 horas da noite, com a sua vanguarda, do ponto em que nos achávamos no Chaco, em direção a Santo Antônio, e eu com o Sr General, perguntei-lhe imediatamente: “Já está ocupada a ponte de Itororó?”

Respondeu-me: “Não”. “Por quê?”. Repliquei. Soube então que não era possível ocupar a ponte sem se fazer um reconhecimento, mas que não se tinha desembarcado cavalaria suficiente para empreender essa operação. Mandei marchar a pouca cavalaria que havia em terra, adicionando-lhe dois batalhões de infantaria. Quando essa força chegou a seu destino, já achou a ponte ocupada pelo inimigo.

A posição era terrível, ninguém conhecia o terreno, eram 4 para 5 horas da tarde, por isso julguei conveniente não atacar logo. Tinha de atravessar espessa mata, onde o inimigo podia estar oculto, e ignorava-se até de que força dispunha além da mata. Mandei retroceder essa vanguarda e ordenei o ataque para o dia seguinte:”

Guardava a ponte o General Cabalero, com 6 Batalhões de Infantaria, 5 Regimentos de Cavalaria e 12 peças de Artilharia.

Alvoreceu o 6 de dezembro de 1868. O Exército iniciou o movimento para Sul.

“A estrada era estreita, bordada de capoeirões e pequenos campestres, e ligeiramente acidentada. Levava a uma ponte sobre Itororó”.

Este riacho:

“verdadeira torrente, deslizava por entre muros de rochedos e teria nesse passo de 3 a 4 metros de largura por 4 ½ de profundidade. A ponte tosca, de madeira forte, apresentava uma largura de três metros. Ao alcançarmos o alto, o inimigo, cuja artilharia dominava a ponte do arroio Itotoró, rompeu fogo sobre a vanguarda. Travou-se o combate”.

A violência revela-se extraordinária. Num corpo a corpo que durou horas, sucedem-se os ataques e os contra-ataques consecutivos, sem intervalos, um após outro, de lado a lado, num fluxo e refluxo de imprevisíveis consequências.

Morre o coronel Fernando Machado. As margens e a ponte estão cobertas de cadáveres.

O general Argolo, comandando um contra-ataque, cai gravemente ferido em plena ponte.

É quando os paraguaios lançam violento contra-ataque.

“Caxias vislumbra rapidamente a influência deste lance sobre o resultado final da jornada”

Comandando, pessoalmente, a Reserva, O Marechal desembainha a espada, galopa para a ponte, numa atitude que arrebata, e grita às suas tropas:

“- Sigam-me os que forem brasileiros!”

Conta Dionísio Cerqueira, que participou da ação:

“Passou pela nossa frente, animado, ereto no cavalo, o boné de capa branca com tapanuca, de pala levantada e presa ao queixo pelo jugular, a espada curva, desembainhada, empunhada com vigor e presa pelo fiador de ouro, o velho general em chefe, que parecia ter recuperado a energia e o fogo dos cinte anos.

Estava realmente belo. Perfilâmo-nos como se uma centelha elétrica tivesse passado por todos nós. Apertávamos o punho das espadas, ouvia-se um murmúrio de bravos ao grande marechal.

O batalhão mexia-se agitado e atraído pelo nobre figura, que abaixou a espada em ligeira saudação a seus soldados.

O comandante deu a voz firme. Daí há pouco, o maior dos nossos generais arrojava-se impávido sobre a ponte, acompanhado dos batalhões galvanizados pela irradiação da sua glória. Houve quem visse moribundos, quando ele passou, erguerem-se brandindo espadas ou carabinas, para caírem mortos adiante”

Passada a ponte, Caxias comanda pessoalmente a carga final e se apodera da posição.

Fonte: www.conhecimentosgerais.com.br/pnld.moderna.com.br/www.exercito.gov.br

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