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Balaiada – O que foi
A Balaiada (1838-1841) constitui-se como uma das principais revoltas brasileiras ocorridas durante o Período Regencial (1831-1840). Entre seus motivos estavam presentes questões políticas, sociais e econômicas que afetavam o estado do Maranhão na primeira metade do século XIX.
Naquele momento, o Brasil passava por uma grave crise política após a abdicação do trono por D. Pedro I. Seu filho D. Pedro II, herdeiro do trono, ainda era menor de idade fato que o impedia de assumir o poder, que passou então a ser exercido provisoriamente por regentes até que D. Pedro II completasse 18 anos e atingisse assim a maioridade.
Enquanto isso, o país também passava por uma crise econômica muito forte, crise essa que se tornou mais grave nas províncias mais distantes do centro político e econômico brasileiro.
Na região especifica do Maranhão, o agravamento da tensão econômica ocorria devido à queda das exportações locais de algodão, seu principal produto, o que agravou ainda mais o estado de pobreza generalizado da região.
A grosso modo, a sociedade maranhense de então era dividida em dois polos: uma classe baixa, formada por escravos e sertanejos, e outra alta, na qual se encontravam grandes proprietários e comerciantes.
Populares confeccionando cestos ou “balaios”
Essa confusão social e econômica desaguaria para questões políticas quando os dois grandes blocos políticos maranhenses passaram a disputar com mais vigor o comando político do estado. Na situação, encontrava-se no poder o grupo dos conservadores (conhecidos também por Cabanos) enquanto os liberais (ou Bem-te-vis) tentavam enfraquecer os conservadores, chegando até mesmo a apoiar os revoltos em um primeiro momento. Todavia, ambos os grupos eram formados por membros da elite maranhense, apenas divididos por afinidades pessoais.
O evento que daria início a revolta seria a invasão da cadeia local no dia 13 de dezembro de 1838 pelo vaqueiro Raimundo Gomes e alguns amigos, que buscavam liberar o irmão de Raimundo que havia sido preso pelo subprefeito da vila. O sucesso da empreitada fez com que o grupo aumentasse, o que possibilitou a tomar à força do comando do vilarejo.
O revoltoso Raimundo Gomes se aliou então a figura de Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, conhecido como Balaio (daí o nome da revolta) devido ao seu ofício como fabricante de cestos de palha, algo muito comum naquela região. Unidos, esses dois insurgentes buscaram levar a revolta para além da região de origem, estendendo-a até o estado do Piauí.
Ao mesmo tempo, as tensões entre conservadores e liberais aumentavam. Os liberais enxergavam a revolta como uma forma de assumirem o poder devido à falta de preparo político das massas populares.
Entretanto, no ano de 1839, os cabanos conseguiram uma importante vitória ao tomarem de assalto a segunda cidade mais importante do estado do Maranhão: a Vila de Caxias.
A partir de então as elites de ambos os partidos perceberam que a revolta tomou proporções inesperadas e passando a se unir contra os insurrectos, buscando desmoralizá-los junto à população, bem como retirá-los do conflito através de práticas como suborno, por exemplo.
Representação das tropas imperiais se preparando para lutar contra os rebeldes.
Evidenciou-se que, para vencer os revoltosos, seria necessário apoio do governo federal. Naquele mesmo ano de 1839, seria enviado para a região o coronel Luís Alves de Lima e Silva, posteriormente conhecido como Duque de Caxias. Este assumiria a função de presidente da província bem como seria responsável por organizar os ataques contra os revoltosos.
Devido a sua expertise militar, o coronel Luís Alves conseguiu, de maneira violenta, diga-se de passagem, “pacificar” a região do maranhão, através de medidas como a adequação das tropas, o pagamento de honorários atrasados aos soldados, o isolamento e o cercados revoltos que ainda resistiam.
Parte da estratégia do governo também consistiu em anistiar aqueles revoltosos que se entregassem ao governo, o que surtiu um poderoso efeito na já combalida resistência cabana, praticamente pondo fim ao levante maranhense.
Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.
Em 1841, após anos de conflito, a revolta finalmente chegou ao fim.
Para a história, a Balaiada se caracterizaria como uma forte reação de caráter popular feita pelos maranhenses contra o descaso das elites locais e nacionais permissivas para com as injustiças e a miséria da população, dado ao fato de que se encontravam mais preocupadas com seus próprios interesses.
Balaiada – Revolta
Balaiada, uma revolta rural de 1838-1841 nas províncias brasileiras do Maranhão e Piauí.
Um campesinato relativamente numeroso havia se desenvolvido em conexão com as plantações de algodão no norte do Maranhão. Eles, junto com escravos e vaqueiros das áreas de gado do sul do Maranhão e Piauí, foram os principais apoiadores do movimento. Recrutamento militar arbitrário, queixas pessoais e ressentimento contra a elite portuguesa, que conseguiu manter-se influente após a independência, foram os principais motivos da revolta. Nas áreas de gado do sul do Maranhão e no Piauí, o movimento foi inicialmente apoiado por fazendeiros (pecuaristas) também. No Piauí, o alvo particular era a regra arbitrária do governador, o visconde de Parnaíba.
Os rebeldes adotaram as reivindicações do antigo Partido Patriota, agora Partido Liberal – expulsão dos portugueses e suspensão dos chefes de polícia responsáveis pelo recrutamento – e reivindicaram o reconhecimento de seus funcionários. A elite liberal recusou-se a aderir a um movimento popular liderado por vaqueiros como Raimundo Gomes Vieira, camponeses como Balaio (Manuel Francisco dos Anjos Ferreira) e quilombolas como Cosme Bentos das Chagas.
Durante a revolta, iniciada em dezembro de 1838, os rebeldes conseguiram controlar grandes extensões do interior e ocuparam duas vezes a cidade de Caixas.
As tropas governamentais se mostraram ineficientes por causa de numerosas deserções e falta de experiência em guerrilhas. O novo comandante-chefe, Luís Alves de Lima E Silva, futuro duque de Caixas, chegou com reforços do Rio de Janeiro em fevereiro de 1840. Dividiu os rebeldes ao conceder anistia aos que capturassem escravos fugitivos.
As deserções levaram à radicalização dos balaios remanescentes em torno de Gomes e a uma aliança com os escravos rebeldes liderados por Cosme, mas eles não puderam resistir por muito tempo às numerosas e agora bem organizadas tropas do governo.
Em janeiro de 1841, Maranhão e Piauí foram considerados pacificados. Muitos prisioneiros foram executados.
Fonte: Vinicius Carlos da Silva
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