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As artes oferecem um vislumbre especial das experiências e crenças das culturas atuais e passadas.
As artes dos povos indígenas variam de obras funcionais, decoração de itens cerimoniais, ilustrações de tradição e história até as reviravoltas modernas de uma linguagem visual enraizada na cultura.
As artes indígenas são a arte criada pelo povo original para habitar uma terra: aborígenes australianos, povo maori da Nova Zelândia, povo da costa noroeste dos Estados Unidos, América Central e Meso, Amazônia, Ártico, Ásia e Ásia-Pacífico são todos exemplos de locais com tradições indígenas.
A arte do povo indígena é importante para os alunos vivenciarem por vários motivos. A arte é uma grande parte da identidade cultural e da história que pode expor os alunos a outras culturas além da sua. Fazer arte é fazer sentido. Compreender como os outros fazem sentido pode construir uma ponte de compreensão entre as pessoas à medida que apreciamos nossas semelhanças e diferenças.
Aprender sobre como as culturas se expressaram no passado e comparar isso com hoje pode fornecer um contexto para melhor compreender e valorizar a nós mesmos e aos outros.
O estudo das artes indígenas pode abrir uma porta para novas formas de ver e conversas sobre como interagimos com nossa cultura atual. Então, conversas sobre como queremos moldar o futuro usando nossas expressões visuais são possíveis. Isso cria um senso mais profundo de identidade e agência; dando a cada aluno o poder de se expressar em sua voz.
Os alunos de todas as origens precisam se ver representados na arte que vivenciam. Uma educação artística historicamente tradicional seria formada principalmente por artistas masculinos eurocêntricos, tornando o resto da população invisível. À medida que os alunos experimentam ver pessoas como eles trabalhando, criando mudanças em seu mundo, eles podem ter uma visão melhor de seu futuro e dos possíveis impactos.
À medida que tomamos conhecimento das artes indígenas, precisamos ter certeza de que nossa apreciação e admiração não se tornem apropriação. Todo estudo de arte é usado, com o tempo, para desenvolver uma voz pessoal; nunca copiar o de outra pessoa. Embora possamos amar as cores usadas nas tradições da costa noroeste, podemos não ter uma compreensão profunda de seu significado. Idealmente, um artista indígena faria uma apresentação para seus alunos sobre seu trabalho e o trabalho de sua cultura. Quando isso não é possível, essas lições se esforçaram para ser sensíveis e precisas.
Arte Indígena – O que é
Arte Indígena
A arte está presente em cada momento de vida dos povos indígenas no mundo todo. Em cada objeto, em cada ritual, em cada gesto, a arte surge, expressão de força e conexão com o mundo místico e espiritual.
A beleza está presente como atributo divino.
Cada povo tem sua habilidade e forma de materializar em objetos de arte as necessidades do dia a dia ou dos rituais. A arte plumária ainda é a mais conhecida e admirada por sua exuberância e riqueza.
A cerâmica, a cestaria, os instrumentos musicais, os pequenos adornos, a arquitetura, toda a cultura material dos povos nativos está carregada de princípios e objetivos, de valores estéticos e sociais.
O talento dos artistas está a serviço da manutenção da tradição do povo, da continuidade de sua identidade.
Todas as tribos têm em comum alguns costumes:
1 – PINTURA CORPORAL
A pintura corporal serve para distinguir as classes em que se subdivide a sociedade indígena.
Utilizam o vermelho, o azul e o preto.
Muitos índios pintam no rosto delicados desenhos geométricos (grafismo indígena).
2 – ARTE PLUMÁRIA
As penas são usadas pelo índio na ornamentação do corpo.
Podem servir para:
Desenhos corporais – penas coladas sobre uma camada de resina, cobrindo o corpo, do tronco até os joelhos.
Artefatos – confeccionados com penas: colares, cocares e também na decoração dos armamentos.
3 – ARTE EM MADEIRA
Os índios esculpem máscaras, animais e figuras humanas na madeira.
4 – CERÂMICA
Arte Indígena – Cerâmica
Os índios fazem do barro, cuias, vasos, chocalhos, etc.
Utilizam para isto a argila, dando-lhe polimento com a folha de uma árvore.
Os índios Carajás fabricam bonecas (licocós) para as crianças.
5 – TRANÇADOS E CESTARIAS
Os índios fazem cestos de palha, trançados em espiral ou teia.
Mistura palha clara e palha tingida.
As esteiras de palha são utilizadas como leito para recobrir as cabanas ou proteger os alimentos.
6 – MÚSICA
A música é parte do vasto universo cultural dos vários povos indígenas que habitaram e habitam o Brasil. Sendo uma das atividades culturais mais importantes na socialização das tribos.
7 – DANÇA
A dança pode ser realizada por um único individuo ou por grupos. O estilo de dança varia de acordo com a tribo e com os deuses representados pelos fenômenos naturais.
A dança marca o ritual e é feita de passos fortes e bem marcados, feita em círculo, pois o círculo, não tem cima nem baixo, ou seja, todos são iguais na dança.
Cada dança tem um significado e uma intenção, entre eles: dança da chuva, dança pra chamar os bons espíritos e levar os ruins da aldeia, dança em homenagem aos seus ancestrais, etc.
ARQUITETURA INDÍGENA
Conhecendo uma Oca ou Maloca
Oca é uma habitação típica dos povos indígenas. As ocas são construídas coletivamente, com a participação de vários integrantes da tribo. São grandes, podendo chegar até 40 metros de comprimento.
Várias famílias de índios habitam a mesma oca. Este tipo de habitação não possui divisões, na parte interna da oca existem diversas redes, que os índios usam para dormir.
Elas são construídas com a utilização de taquaras e troncos de árvores. A cobertura é feita de folhas de palmeiras ou palha. Uma oca pode durar mais de 20 anos.
As ocas não possuem janelas, porém, a ventilação ocorre através das portas e dos frisos entra as taquaras da parede. Costumam apresentar de uma a três portas apenas.
Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias, geralmente entre 300 a 400 pessoas. No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais e têm lugar as grandes festas. Eles vivem de modo harmonioso.
ARTE PLUMÁRIA
A aldeia cabe no cocar
A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o passado. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função determinados.
OS HOMENS
A cor mais forte (vermelho) representa a casa dos homens, que fica bem no coração da aldeia. É a “prefeitura” Kayapó, presidida apenas por homens. Aí eles se reúnem diariamente para discutir caçadas, guerras, rituais e confeccionar adornos, como colares e pulseiras.
A FLORESTA
O verde representa as matas, que protegem as aldeias e ao mesmo tempo são a morada dos mortos e dos seres sobrenaturais. São consideradas um lugar perigoso, já que fogem ao controle dos Kayapó.
AS MULHERES
O amarelo refere-se às casas e às roças, áreas dominadas pelas mulheres. Nesses espaços, elas pintam os corpos dos maridos e dos filhos, plantam, colhem e preparam os alimentos.
Todas as choças têm a mesma distância em relação à casa dos homens.
ARTE DOS TRANÇADOS (CESTARIAS) E ARTE DAS CERÂMICAS
Trançados e cestarias
A cestaria é o conjunto de objetos feitos quando se trançam fibras vegetais. Com as fibras, os índios produzem cestos para transportar coisas e armazená-las, além de trançar pulseiras, cintos, colares, fazer armadilhas de pesca e muito mais.
Cada povo indígena tem um tipo de cestaria; e cada cesto tem um formato diverso, de acordo com sua função. Eles são comuns em todas as tribos.
Atualmente, as tribos indígenas que têm contato com os centros urbanos produzem seus trançados com a finalidade de comércio.
Cerâmicas
As cerâmicas têm características próprias em cada região aonde é realizada. Até hoje ela é realizada pelas varias tribos indígenas como utilitárias. As cerâmicas são utilizadas na fabricação de bonecas, panela, vasos e outros recipientes. Geralmente são confeccionadas pelas mulheres, sendo utilizada como matéria prima a argila (barro).
Cada povo tem sua habilidade e forma de materializar em objetos de arte as necessidades do dia a dia ou dos rituais.
Atualmente os índios já utilizam tintas e instrumentos industrializados para produzirem suas cerâmicas.
PINTURA CORPORAL
Arte Indígena – Pintura
Os índios pintam seus corpos no dia a dia e em ocasiões especiais (festa, luto, guerra, etc).
Eles pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defendê-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus.
As cores mais usadas pelos índios para pintar seus corpos são o vermelho muito vivo do urucum que representa a casa do homem, o negro esverdeado que representa a floresta, da tintura do suco do jenipapo e o branco da tabatinga. A escolha dessas cores é importante, porque o gosto pela pintura corporal está associado ao esforço de transmitir ao corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas.
Os desenhos dos são geométricos, complexos e revelam um equilíbrio e uma beleza que impressionam o observador. Além do corpo, que é o suporte próprio da pintura, os desenhos aparecem também em couros, esteiras e abanos, o que faz com que os objetos domésticos sejam inconfundíveis. Cada povo indígena tem a sua maneira de se pintar, por isso é complicado definir de forma totalmente geral a função da pintura corporal e o tipo de desenho.
Arte Indígena – Materiais
Arte Indígena
Cada povo indígena tem uma maneira própria de expressar suas obras, por isto dizemos que não existe arte indígena e sim artes indígenas.
As artes indígenas diferem-se muito das demais produzidas em diferentes localidades do globo, uma vez que manuseiam pigmentos, madeiras, fibras, plumas, vegetais e outros materiais de maneira muito singular.
Nos relacionamentos entre diferentes povos, inclusive com o branco os artefatos produzidos são objetos de troca, sendo até utilizados como uma alternativa de renda. Muitas tribos enfatizam a produção de cerâmica, outras esculturas em madeira, o que vale ressaltar é que estes aspectos variam de uma tribo para outra.
Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade indígena, como uma forma de indicar os grupos sociais nela existentes, embora exista tribos que utilizam a pintura corporal segundo suas preferencias.
Os materiais utilizados normalmente são tintas como o urucu que produz o vermelho, o jenipapo da qual se adquire uma coloração azul marinho quase preto, o pó de carvão que é utilizado no corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o calcário da qual se extrai a cor branca.
Arte Indígena – O Urucu
Seu nome popular tem origem na palavra tupi “uru-ku”, que significa “vermelho”.
O urucu é utilizado tradicionalmente pelos índios brasileiros como fonte de matéria prima para tinturas vermelhas, usadas para os mais diversos fins, entre eles, protetor da pele contra o sol, contra picadas de insetos e para fins estéticos; há também o simbolismo de agradecimento aos deuses pelas colheitas, pesca ou saúde do povo.
A tintura corporal vermelha acompanhava os índios nos momentos de guerra ou de forte vibração, por ocasião das comemorações coletivas.
No Brasil, a tintura de urucu em pó é conhecida como colorau, e usada na culinária para realçar a cor dos alimentos.
Esta espécie vegetal ainda é cultivada por suas belas flores e frutos atrativos.
Arte Indígena – O Jenipapo
Jenipapo, em tupi-guarani, significa “fruta que serve para pintar”. Os índios usavam o suco da fruta para pintar o corpo. A pintura permanecia vários dias e ainda protegia contra os insetos.
Quando o fruto ainda está verde, de cor cinzenta e pele áspera, fornece um suco de cor azulada muito utilizado como corante para tintura em tecidos, artefatos de cerâmica e tatuagem.
Para extrair o corante do jenipapo, corte o fruto ao meio, retire as sementes, esprema a polpa como se fosse um limão e coe. O líquido no princípio transparente, ao contato com o ar, oxida-se e ganha uma coloração entre azul-escura e preta. A tinta provém do sumo do fruto verde – a substância corante, chamada genipina, perde o efeito corante com o amadurecimento do fruto. Assim, quanto mais verde o jenipapo, mais forte a cor vai ficar.
Um fruto médio rende, em média, meio copo de corante que logo depois da extração é levemente esverdeado, mas reage em contato com o ar e se torna azul ou verde. Aplicada sobre o papel, a cor azul perde intensidade e adquire tons esverdeados ou marrons.
O corante do jenipapo tem a consistência do nanquim e, para ficar mais concentrado, coloque-o em um vidro sem tampa, o que facilita a evaporação.
No corpo, em contato com a pele, pode deixar manchas, mas não se desespere, a mancha some e desaparece depois de uma semana ou mais, espontaneamente.
O mito da lagarta Kurupêakê
“Havia um tempo em que Wayana não se pintava. Certo dia, uma jovem ao se banhar viu boiando n?água vários frutos de jenipapo recobertos de figuras.
– Ah! Para eu me pintar ? exclamou.
Nessa mesma noite, um rapaz procurou-a na aldeia até a encontrar. Tornaram-se amantes, dormindo juntos noite após noite. Entretanto, ao alvorecer, o jovem sempre desaparecia. Uma noite, contudo, o pai da moça rogou-lhe que permanecesse. E ele ficou. Quando clareou perceberam que seu corpo era inteiramente decorado com meandros negros. Como o acharam belo, pintou a todos, ensinando-lhes esta arte.
Um dia o jenipapo terminou. O jovem desconhecido chamou a amante e foram a sua procura. Próximo ao jenipapeiro, pediu-lhe que o aguardasse, enquanto colhia os frutos. Ela não obedeceu, foi vê-lo subir na árvore.
O que viu, entretanto, não foi o amante, mas uma imensa lagarta, toda pintada com os mesmos motivos.
Enfurecida, disse-lhe para nunca mais voltar a sua aldeia, pois seus irmãos iriam matá-lo. Arrecadou os frutos que estavam caídos no chão e regressou, sozinha.”
Fonte: docs.google.com/www.arara.fr/isfdn.org/www.recycledmats.com.au
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