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O que é o relativismo?
O relativismo é uma corrente de pensamento que postula o caráter multi-interpretativo que os fenômenos podem adquirir a depender da relação ou intencionalidade que se estabelece entre o sujeito cognoscente e o objeto a ser conhecido. Nesse sentido, o relativismo impõe um ver sempre perspectivo, distante de toda e qualquer verdade que se pretenda absoluta haja vista a impossibilidade de existir um “regime de verdade discursiva”que cristalize uma ou outra verdade como sendo absoluta, inquestionável.
Protágoras: Homo Mensura
É bastante conhecido o axioma homo mensura do filósofo grego Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”. Ao elaborar este pensamento, a carta magna do relativismo ocidental, o filósofo postula o caráter relativo da verdade que transcende a qualquer correspondência com o fato/acontecimento. Isso, no limite, retira da verdade qualquer estatuto ontológico necessário que lhe garanta legitimar algo eterno e imutável no que se refere ao campo do discurso, da verdade.
Estabelece unicamente o homem individual como critério para aferir a veracidade de algo.Essa veracidade constatada pelo homem individual, sem nenhuma pretensão universalista não passará, a ver do filósofo, de a sua verdade que poderá ou não coincidir com o ver do outro que não se resume a outro eu.
Objetivando compreender o filósofo podemos pensar nas sensações de calor ou frio que são, a priori, subjetivas, particulares ao indivíduo. Daí, numa mesma sala, sob mesma temperatura, diversos indivíduos terem percepções diferentes quanto à temperatura ambiente a ponto dese sentirem confortáveis ou incomodadas a depender das suas particulares sensações do que é sentir frio ou calor.
A obra do pintor e escultor mexicano Octavio Ocampo intitulada Amistaddel Quijote, que ilustra esse texto, demonstra a proposta do relativismo enquanto corrente a pensar a impossibilidade de exarar uma verdade comum a todos os indivíduos. Ao se deparar com esse quadro, pessoas diferentes percebem elementos diferentes que, em sua totalidade, formam a imagem de primeiro plano que é a figura de Dom Quixote constituída pela disposição harmônica de várias outras figuras de seres humanos, animais, instrumentos e objetos. O efeito de ilusão de ótica criado pelo artista é fundamental para potencializar a nossa compreensão do relativismo enquanto negação de toda e qualquer verdade que se pretenda a priori universal.
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni. História da Filosofia (vol. I). 8. ed. São Paulo: Paulus, 2007.
MELANI, Ricardo. Diálogo: primeiros estudos em filosofia. 2º ed. São Paulo: Moderna, 2016.
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