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O que é Ideologia e Marxismo?
Pensar o marxismo é ainda hoje fundamental. Na atualidade, conforme aponta Boucher (2015, p. 11) pensar alternativas sociais ao Capitalismo tem sido visto, com frequência, com desdém. Parte-se do princípio do denominado “fracasso marxista” ainda que, muitos desses, não saibam exatamente o que, de fato, fracassou. Outros, um pouco mais informados, porém ainda numa leitura superficial e apressada, tomam como ponto de partida para pensar o marxismo episódios como “abusos dos direitos humanos e a repressão totalitária característicos dos chamados Estados socialistas da antiga União Soviética e da China contemporânea” (p. 11).
É bastante comum os adversários do marxismo alegarem que, conforme aponta Boucher, o marxismo resultou numa “ditadura totalitária”. Todavia, tais leituras são descontextualizadas e visam, quase sempre, manter o que Boucher (2015, p. 12) chama de “grande mentira de nossa época” que afirma ser o mercado “a maneira melhor e mais justa de trazer a prosperidade e a justiça para todos”. Outros, ainda, tentam anunciar o falecimento do marxismo no pensamento do século XXI. Todavia, como aponta o Boucher, tais anúncios são prematuros e desconsideram os ecos do marxismo em teorias sociais, nas literaturas, história e tantas outras ciências que teriam as suas explicações empobrecidas se desconsiderado a relevância histórico-social do marxismo enquanto corrente intelectual do século XX. No limite, tem-se a reprodução cega e impensada de frases e pensamentos prontos retidos na memória sem a prévia reflexão.
Exemplo dessa reprodução irrefletida, não pautada no pensamento marxista, tem-se a tradicional confusão que foi estabelecida com o termo “ditadura do proletariado”. Conforme ressalta Boucher (2015, p. 13), quando contextualizada a expressão passa a significar uma “nova forma radical de democracia participativa”. Desse modo, nada tem a ver com o que fez algumas leituras descontextualizadas e apressadas que a associaram ao Totalitarismo. Como assevera o autor, logo em seguida, “Os ‘Estado socialistas’ conduzidos por Stalin e Mao, por exemplo, não têm nenhuma semelhança com a descrição socialista de Marx”.
O marxismo é criação de dois teóricos Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). Conforme aponta Boucher (2015, p. 79) Engels popularizou e divulgou o marxismo como doutrina política. Nas palavras de Boucher, “O marxismo foi uma política científica que revolucionou a história, assim como Darwin tinha modificado radicalmente a natureza. Ele formulava as leis gerais da história que demonstravam um processo unilinear da evolução social, que ascendia através de uma sequência historicamente necessária de modos de produção, culminando numa sociedade comunista”.
Desse modo, analises marxista entendem que Marx profetizara, conforme aponta Boucher (2015, p. 16), que caberia ao proletariado partir duma revolução socialista e derrubar as estruturas fundantes do capitalismo para, assim, fundar “uma forma radicalmente nova de sociedade, o comunismo”. E aqui vale lembrar uma frase de Marx bastante significativa para pensar esse processo quando ele afirmara que, “os proletários nada têm a perder, a não ser suas correntes”. Isso encorajaria uma revolução comunista em que primeiro passaria pelo Socialismo onde, conforme aponta Boucher (2015, p. 22), haveria a “erradicação das desigualdades residuais” e, por fim, chegaria ao Comunismo onde haveria a “total abundância material e extinção do Estado”. E, como bem aponta Boucher (2015, p. 22), “sob a bandeira do comunismo” os homens tornar-se-iam “autores e agentes de seu próprio destino” bem como conquistariam a efetiva igualdade.
Dica de Aprofundamento
Caso tenha interesse em uma leitura sólida sobre o marxismo sugere-se a leitura e análise da obra Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels em 1848 e que permanece uma obra de uma atualidade incrível quando se pretende pensar as contradições do capitalismo bem como a possibilidade de se superar/substituir tal sistema em prol de um projeto de edificação de uma sociedade justa em que todos os homens seriam tratados em pé de igualdade. Outra obra indicada é a que tomamos como base para a escrita deste texto: Marxismo de Geoff Boucher. Nesta obra, o autor traz uma introdução bastante acessível ao denominado marxismo, o marxismo clássico, o renascimento do materialismo histórico nos marxistas ocidentais, as contribuições da Escola de Frankfurt, o marxismo estrutural, o pós-marxismo e tantos outros temas abordados satisfatoriamente na obra publicada pela editora Vozes e tradução de Noéli Correia de Melo Sobrinho.
Referências Bibliográficas
BOUCHER, Geoff. Marxismo. Trad. Noéli C. de M. Sobrinho. Petrópolis: Vozes, 2015.
IMAGEM: Disponível em: https://www.gestaoeducacional.com.br/marxismo-o-que-e/. Acesso em: 10 ago 2019.
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