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Estética ou Filosofia da Arte é uma área da especulação filosófica acerca da arte e do belo. Nela, surgem questões como: será o juízo estético subjetivo ou objetivo? Existirá um padrão do gosto? O que é o belo? Será a arte superior ou inferior à natureza? Qual o papel do artista? Perguntas centrais para uma compreensão, ainda que breve, da Filosofia da Arte.
Ao longo da história do pensamento filosófico várias foram as concepções acerca do fazer artístico bem como os filósofos que se propuseram a pensar sobre a arte e o belo, a título de exemplo: Platão, Aristóteles, Cícero, Hume, Kant, Schelling, Hegel, dentre tantos outros que com pensamentos ora divergentes ora convergentes deram valiosíssimas contribuições para pensarmos a arte e a beleza quer seja para vermos uma obra de arte em um livro ou visitarmos a museus, exposições, mostras, galerias de arte. A seguir, faremos uma breve incursão no pensamento dois grandes filósofos gregos que pensaram o status filosófico da criação artística.
Filosofia da Arte em Platão
De acordo com Jimenez, para Platão a arte grega assume, na civilização ateniense, papel eminentemente político e pedagógico. Daí o filósofo grego olhar com desconfiança a arte e os artistas e elencar uma série de critérios rigorosos a serem obedecidos, pelos artistas, caso queiram permanecer na “cidade ideal” e não serem expulsos. Tal expulsão dos poetas é relatada no livro III de A República, a exemplo: os músicos que preferem o ouvido ao espírito. E isso se justifica haja vista a arte para Platão, dever refletir o real, não a imitação das paixões e emoções humanas que, a seu ver, deturpariam o real.
Para Platão, a pintura e a escultura eram as formas mais degradáveis da mimese (imitação): cópia da cópia de cópia, e assim sucessivamente, de onde nunca chegaríamos a conhecer a realidade primeira (essência) do real, mas cópias imperfeitas de cópias.
A representação desse conceito platônico que distingue essência e aparência no mundo das artes fica evidente na famosa obra do belga René Magritte (1898-1967) “Isso não é um cachimbo”(Ceci n’est pas une Pipe) em que o artista faz questão de relembrar a distinção entre a representação pictórica de um cachimbo e o próprio cachimbo. Indo além, o filósofo Platão distinguiria ainda um outro nível de veracidade que seria a ideia de cachimbo da qual surgiu o cachimbo instrumento para só depois dar origem à obra do pintor Magritte. Daí o filósofo entender a pintura como cópia da cópia de cópia, ou seja, uma simulacro da realidade presente no mundo inteligível.
No limite, O artista, para Platão, não faz nada mais do que duplicar a realidade sensível já duplicada. Todavia, cumpre ressaltar que o filósofo não quer negar a arte, pelo contrário, justamente por ver nessa a sua importantíssima função ele estabelece critérios rigorosos para que os artistas produzam suas artes a serem exibidas na Polis.
Ainda de acordo com Jimenez, em Hípias Maior Sócrates ao interrogar O que é o belo? Chega à conclusão que não sabe defini-lo em si mesmo, haja vista o belo em si não pode ser encontrado no mundo sensível, mas habitar o suprassensível. O belo imanente (sensível) é para Platão um simulacro, cópia debilitada da realidade. Isso, impõe-nos um problema: como detectar o belo se o que nos é apresentado é apenas fragmentos frágeis do denominado belo em si presente no mundo suprassensível? Uma pergunta certamente retórica, mas que pode conduzir a profundas reflexões sobre a relação do homem contemporâneo com a criação artística.
Filosofia da Arte em Aristóteles
Aristóteles, contrário ao seu mestre Platão, se coloca resolutamente a favor da imitação. Não concebe a arte como submissa à Filosofia, nem pretende “expulsar” os poetas da cidade. No limite, a concepção de arte que Aristóteles terá se dá, guardadas as devidas proporções, em oposição à de Platão. Todavia, ao contrário do que se possa pensar, Aristóteles não contribuiu para a autonomia da arte, mas antes empreendeu, como assinala Jimenez: “a desvalorização secular da criação artística e da minoração do papel social do artista” (p. 211).
Na Poética, Aristóteles, entende que imitar é legítimo, uma tendência natural a todos os homens que possibilita-nos construir uma gama muito diversa de significados a longo da existência. Pela imitação, nos distinguimos dos demais animais e ainda obtemos diversos conhecimentos desde a infância, a saber: linguagens, as línguas, os modos de comportamento,etc. Daí o filósofo não ver motivo para desprezar o papel da imitação no processo de criação artística.
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
JIMENEZ, Marc. O que é estética?Marc Jimenez; tradução Fulvia M. L. Moretto. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 1999.
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