PUBLICIDADE
O que é Bioética?
A bioética nasce como um campo de investigação pluridisciplinar abarcando conceitos das áreas das: ciências biológicas, da vida (medicina) e ciências humanas (filosofia, antropologia, direito, teologia) para juntos pensar os limites e possibilidades da pesquisa científica nos diversos campos de investigação das tecnociências biomédicas.
O que é Bioética?
A bioética pode ser definida como um campo pluridisciplinar de reflexão ética acerca dos conflitos morais suscitadas pelas práticas científicas no que diz respeito à preservação da vida humana, animal e ecológica. E é nisso que reside a sua tríplice função: descritiva (descrever minuciosamente as práticas científicas), normativa (regular comportamentos éticos e antiéticos) e protetora (defender a dignidade humana acima dos interesses comerciais).
Questões Clássicas
É bem provável que você já tenha se deparado com perguntas do tipo: Por que a dignidade humana deve prevalecer sobre os avanços biotecnológicos? Será ético congelar embriões humanos? Por que não clonar seres humanos? Por que não usar da engenharia genética para criar filhos perfeitos? De quem é o direito moral: do feto/embrião ou da mãe sobre o seu corpo? E congelar seres humanos que não podem mais ser mantidos vivos pela medicina contemporânea pressupondo futura cura de uma doença ou reanimação do corpo?Todas essas perguntas e várias outras poderiam ser resumidas, no campo da bioética, numa só questão: quais os limites e possibilidades do progresso científico?
Conservadorismo Científico?
E aqui faz-se necessário ressaltar que a bioética não pretende posicionar-se de forma conservadora quanto aos avanços científicos e tecnológicos, mas antes redirecionar esses avanços para que os indivíduos possam, acima de tudo, serem respeitados em sua dignidade humana e que brutalidades históricas, em nome do desenvolvimento científico, não venham a se repetir.
Em outras palavras, o progresso científico é maravilhoso e sem ele é bem da verdade que a nossa vida seria outra: certamente mais precária ou inviável em termos de sobrevivência e subsistência. Entretanto,para que a nossa humanidade não seja aniquilada, aliado ao desenvolvimento técnico e científico, precisa ocorrer o desenvolvimento humano. Isso inviabilizaria ressuscitarmos projetos científicos antiéticos, ainda que em nome do aclamado progresso da ciência.
Indústria Nazista da Morte
De nada adianta obter desenvolvimento científico ou tecnológico à custa de uma verdadeira “indústria da morte” como fora, por exemplo, a protagonizada pelos médicos alemães do Terceiro Reich que usaram de forma indiscriminada experimentosdesumanos, cruéis, com alto índice de morte aos prisioneiros dos campos de concentração e extermíniopara potencializar as investigaçõesna área médica e militar, como por exemplo: testar medicamentos, potenciais curas para os ferimentos e doenças incuráveis, além de ajudar o exército alemão a não só se manterem vivos por mais tempo, mas também concluir eficazmente a “solução final”.
Não é a nossa intenção, neste texto, aprofundar nas atrocidades cometidas pelo projeto nazista, mas caso tenha interesse sugiro a leitura do texto: Ciência Nazista: horror e progresso, presente em nossas referências. Esse texto deixa muito claro o quanto o projeto científico nazista, despreocupado com os valores éticos, morais e à custa de uma verdadeira indústria de morte legou descobertas científicas relevantes à humanidade, o que não lhes tira a responsabilidade moral de suas ações antiéticas.
São temas que integram o universo da Bioética:
Transgênicos: alimentos que sofrem modificação em seu código genético visando o aumento da produtividade, melhoria nutricional, maior resistência às variações climáticas e extensão da durabilidade nos estoques fabris. Todavia, o uso descontrolado da engenharia genética para esses fins pode suscitar algumas questões éticas: até onde o ser humano tem o direito de modificar o percurso natural da vida?; E as consequentes intoxicações de espécies animais e vegetais à sua volta o que, no limite, realizaria uma espécie de seleção natural forçada no ecossistema; O risco desses alimentos modificados diminuírem ou anularem a ação dos antibióticos no organismo humano entre tantos outros problemas suscitados pela modificação genética descontrolada dos alimentos.
Clonagem: Método científico de reprodução artificial a partir de células somáticas em substituição ao óvulo e espermatozoide. É uma prática comum no mundo animal. O primeiro caso foi o da ovelha Dolly que, embora bem-sucedida, apresentou envelhecimento precoce. Mas o que mais causa polêmica é a clonagem humana: ainda não alcançada inclusive pelas barreiras religiosas e éticas impostas à ciência no mundo. Os casos de clonagem já realizados em animais apontaram para problemas sérios de saúde nesses animais. Se pensados em relação à clonagem reprodutiva humana o que faríamos com os clones deficientes rejeitados por suas famílias e sociedade? Perceba que o problema é muito mais complexo do que se pode pensar.
Criopreservação de Humanos: Também conhecida como criônica, a criopreservação é um processo de preservação em nitrogênio líquido a -196ºC de seres humanos e animais mortos, que interromperia o processo natural de degradação celular pressupondo a futura a reanimação de entes queridos, mediante avanços das ciências médicas que possibilitem não só a ressuscitação, mas também a cura de doenças hoje consideradas terminais.Existem três empresas nos EUA e uma na Rússia que fazem esse processo, todas ressaltam a inexistência de garantia de sucesso quanto à possibilidade de futuramente ressuscitar o corpo. Vale ressaltar que o custo não é nada barato. O caso da jovem britânica de 14 anos, no ano de 2016, custou algo em torno de R$ 136 mil se convertidos em reais. A discussão de fundo da criopreservação é: quando definitivamente estamos mortos?
Além desses que expomos brevemente, a bioética se encarrega de uma infinidade de outros temas, todos ligados à dignidade humana, são eles:
– Pesquisas com Células-Tronco;
– Fecundação assistida;
– Esterilização Compulsiva;
– Ética médica;
– Transplante de órgãos;
– Uso de drogas ilícitas em tratamentos médicos;
– E uma infinidade de outros temas existentes e por existir.
Dica Cultural
O filme de ficção-científica Gattaca: experiência genética, contrapõe os “válidos” fruto da engenharia genética e da eugenia aos “não-válidos” concebidos biologicamente e, por consequência, sujeitos às imprecisões da natureza: doenças, deficiências e limitações.Todavia, sabendo do desprazer estético provocado pelos spoilers, paramos aqui apontando apenas que os problemas bioéticos suscitados pelo filme são diversos. Fica aqui como sugestão esse filme que considero maravilhoso para pensar a questão dos limites e possibilidades do avanço científico.
Trailer do Filme:
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
REZENDE, Rodrigo. Ciência Nazista: horror e progresso. Disponível em: <http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/ciencia-nazista-horror-e-progresso.phtml#.WfufcYhrzIU>. Acesso em: 03 nov. 2017.
RIBEIRO, Gabriel F. “Como a morte de britânica de 14 anos reascendeu polêmica sobre congelar corpos”. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/12/08/como-morte-de-britanica-de-14-anos-reacendeu-polemica-sobre-congelar-corpo.htm>. Acesso em: 03 nov. 2017.
SILVA. Cladiane. Bioética: principais temas bem explicados. Disponível em: <http://tudosobrebioetica.blogspot.com.br/2012/10/principais-temas-abordados-bem.html>. Acesso em: 03 nov. 2017.
Redes Sociais