História dos Veleiros
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Por volta de 3400 aC, os primeiros navios a vela estavam em uso no rio Nilo, no Egito.
Os cascos dos primeiros navios eram feitos de papiros agrupadas.
Mais tarde, madeira proveniente de acácia ou Sicômoros foi usada, embora apenas comprimentos curtos poderiam ser cortados a partir destas madeiras. Eles tinham um único mastro com uma vela quadrada, que foi utilizado, além de remos quando o vento estava soprando em uma direção favorável.
A partir de 2900 aC, os comerciantes egípcios começaram a importar cedro, uma madeira a partir do qual pranchas muito mais longos poderia ser serrada.
Embarcações egípcias posteriores foram construídas com quilhas e uma estrutura com nervuras, copiando os desenhos de navios mercantes de Creta minóica.
Navios de guerra dessa construção navegou sob o comando do Faraó Ramsés III em cerca de 1400 aC.
Vela
Ao longo da história vela tem sido fundamental para o desenvolvimento da civilização, a humanidade proporcionando maior mobilidade do que viajar por terra, seja para o comércio, os transportes ou a guerra, e da capacidade de pesca.
A mais antiga representação de um navio sob a vela aparece no um vaso egípcio de cerca de 3500 aC.
Antiguidade
Na Antiguidade, a vela era utilizado como meio de transporte ou apenas uma atividade de lazer.
O termo “iatismo” foi criado na Holanda, derivado da palavra “jaght” ou “jaght schip”, que significa embarcação naval leve e rápida.
Como esporte, a vela foi introduzida na Inglaterra pelo rei Charles 2º na metade do século 17, logo após seu exílio na Holanda.
Entusiasmado com a modalidade, ele começou a organizar competições em 1610. Um ano mais tarde, organizou a primeira competição realizada em águas britânicas, contra seu irmão, o duque de York.
Os mais antigos clubes dedicados às regatas a vela foram também criados no Reino Unido. Em 1720, foi fundado o Cork Harbour Water Club (atual Royal Cork Yacht Club). Em 1775, foi a vez do Cumberland Fleet, depois rebatizado Royal Thames Yacht Club.
Em 1875, nasceu a Yacht Racing Association, criada com o objetivo de organizar e codificar os regulamentos para a realização de regatas no âmbito do Império Britânico. Seu primeiro presidente foi o príncipe de Gales, Eduardo 7º.
As regatas internacionais começaram em 1851, depois que um grupo do New York Yacht Club construiu uma embarcação de 30 metros batizada de “América”, que velejou até as Ilhas Britânicas para ganhar o troféu Coupe Hundred Guineas, disputado em um curso em volta da Ilha de Wigth, sob a organização do Royal Yacht Squadron.
Este troféu, depois rebatizado como Copa América – assim chamado não em homenagem ao primeiro vencedor, mas sim aos Estados Unidos -, é disputado anualmente e permaneceu em mãos dos norte-americanos até 1983, ano em que foi conquistado por uma embarcação australiana.
Em Olimpíadas, o esporte estava incluído no programa da primeira edição, em Atenas-1896. Porém, com as condições meteorológicas desfavoráveis da cidade grega, a vela teve sua estréia adiada.
O mau tempo e o calendário apertado impediram a realização das provas naqueles Jogos. A vela só entrou no programa olímpico em Paris-1900. No Pan, o esporte estreou em 1951, na Argentina.
Barcos e mais barcos
A origem do Iatismo se mistura com a história dos próprios barcos, que fenícios, gregos, romanos, chineses e tantos outros povos usavam para pescar, fazer comércio, combater e conquistar novas terras. A prática começou há milênios atrás!
Como esporte, acredita-se que o Iatismo tenha surgido na Holanda, no século XVII. A primeira regata aconteceu na Irlanda, em 1749.
E foi lá que surgiu o primeiro clube ligado ao esporte: o “Royal Cork Yacht Club” (algo como “Cortiça Real Iate Clube”!).
A primeira regata olímpica aconteceu nos Jogos de 1900, em Paris. Em Londres, nos Jogos de 1908, o iatismo tornou-se um esporte oficial.
Nessa época, os iatistas ainda eram milionários excêntricos – afinal, para conseguir um barco para treinar você; precisa ter muito dinheiro! Foi só na década de 70 que surgiram os primeiros profissionais do esporte, pessoas dedicadas apenas ao Iatismo.
Existem várias modalidades do esporte: provas de oceano (offshore), iatismo rádio controlado, classe monotipo e windsurf são algumas delas. Nas Olimpíadas, são disputadas onze provas, dentre as quais o “470” (masculino e feminino), “Europa” (feminino),”Laser”, “Prancha e Vela Mistral” (masculino e feminino), “Tornado”, “Soling” e “Finn”.
Classes do Iatismo
Caminho para a imensidão azul
O iatismo é um esporte náutico, praticado com barcos à vela, que competem em regatas ou em cruzeiros. Além de ser excelente forma de lazer e contato com o oceano, ele também é disputado em competições nacionais e internacionais há alguns séculos.
Competições
As competições envolvem os mais diferentes tipos de embarcações, separadas em categorias, conhecidas como classes, podendo ter um ou dezenas de tripulantes. As provas são disputadas em percursos delimitados por bóias, ilhas ou continentes, variando em duração desde poucas horas até mesmo vários dias, no caso das travessias oceânicas.
A cada regata o barco soma determinado números de pontos, de acordo com sua posição de chegada. Vence a competição aquele que somar o menor número de pontos ao final da série de regatas. A Vela é um esporte nos olímpico desde 1900. E é a modalidade que mais rendeu medalhas olímpicas ao Brasil.
Existem três tipos comuns de regata, a competição convencional, onde todos os barcos competem entre si. Existe o match-race que é a forma de regata, barco contra barco; com uma contagem de pontos diferente da regata convencional; sendo o match-race mais famoso a America’s Cup, que também é a regata e competição esportiva mais antiga do mundo.
A terceira e menos comum, normalmente praticada em barcos de monotipo, é a regata em equipe, que consiste em um complexo sistema de pontuação onde as equipes (normalmente separada por Clubes) competem umas contra as outras.
No Brasil o iatismo foi introduzido pelos europeus ainda no século XIX e o primeiro clube foi fundado em 1906, o Iate Clube Brasileiro do Rio de Janeiro, seguindo-se posteriormente a fundação do Iate Clube do Rio de Janeiro e de Associações idênticas em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Em 1934 foi fundada a primeira entidade de direção do iatismo que se denominou Liga Carioca de Vela e, no mesmo ano, apareceu a Federação Brasileira de Vela e Motor. Adequando-se ao modelo do sistema esportivo pátrio, surgiu a Confederação Brasileira de Vela e Motor em 1941.
Regras das competições
As provas de iatismo são disputadas em séries, com os barcos passando pelas raias demarcadas por bóias. Devem obedecendo as normas estabelecidas, sob pena de serem punidos. A proposta é zerar o percurso. Assim, vence a prova a tripulação que tiver menor pontuação. Se dois barcos se cruzam junto, o que recebe vento de estibordo (vale dizer, do lado direito da embarcação) tem a preferência.
Uma prova pode ser disputada pelo sistema de bônus ou linear. O sistema bônus dá pontos extras aos barcos que chegam aos seis primeiros lugares. Levam em conta a dificuldade que um barco, correndo nessas posições, tem para ultrapassar o outro.
O sistema linear é bem mais simples. Os barcos recebem pontos pela ordem de chegada… Sabe-se a pontuação de um barco na prova, somando-se os pontos conseguidos em cada prova, descartando-se o pior resultado.
Categorias
Em cada classe, os barcos têm que ser exatamente iguais entre si e vence o melhor regatista, não o que tem o melhor equipamento.
Classe 470 (para homens e mulheres): Tripulação de duas pessoas. O barco é muito rápido e sensível aos movimentos do corpo. Tem 4,70m de comprimento, três velas e pesa 115 quilos.
Europa (só para mulheres): sta é uma categoria muito competitiva. Uma pessoa dirige o barco, que tem 3,35m de comprimento, pesa 63 quilos e tem uma vela.
Finn (só para homens): Tripulação também só de uma pessoa. O finn é maior, tem 4,50m, uma vela e pesa 145 quilos. É uma categoria para jovens que tenham muito boa forma física.
Laser (só para homens): Esta é uma das categorias mais conhecidas! O laser tem 6,05m de comprimento, pesa 57 quilos e tem só uma vela. Duas pessoas formam a tripulação.
Mistral (para homens e mulheres): Tripulação é de uma só pessoa. O barco mede 3,70m de comprimento.
Soling (Misto): Este é um barco largo e pesado, com 3,90m de comprimento, uma tonelada de peso e três velas. Para velejar com o soling são necessárias três pessoas.
Star (só para homens): É o barco com a maior área de vela. A tripulação é de duas pessoas, que têm que estar em muito boa forma e ter muito preparo. O star mede 6,92m de comprimento, pesa 672 quilos e tem duas velas.
Tornado (Misto): Este barco é muito rápido: tem 6m de comprimento, pesa 136 quilos e tem duas velas. A tripulação é de duas pessoas e pode ser mista.
Fonte: www.q-files.com/www.webnauticos.com.br/www.livresportes.com.br
História do Iatismo
No Brasil
Com a fundação do primeiro Iate Clube em 1906, o Iatismo brasileiro cresceu timidamente até a década de 40, quando graças ao incentivo de idealistas a nossa vela começou a tomar impulso.
Hoje temos importantes centros de vela espalhados ao longo do litoral e no interior, de onde tem saído vários campeões mundiais e olímpicos.
Os Primeiros Clubes
Pouco se sabe sobre a pré-história do nosso Iatismo, mas com certeza o berço do Iatismo como esporte organizado foi o antigo Yatch Club Brasileiro.
Fundado em 1906 e tendo como primeiro Comodoro o então Ministro da Marinha, almirante Alexandrino de Alencar, o clube funcionou inicialmente no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro, mudando-se em 1910 para a praia de Gragoatá em Niterói, no outro lado da baía de Guanabara.
O Iatismo, a vela naquele tempo, era praticado principalmente pelos sócios estrangeiros. Eram ingleses, dinamarqueses, suecos, alemães, austríacos e suíços que passavam os fins de semana velejando, enquanto os nossos patrícios eram mais chegados a vida social; davam preferência a festinhas e tardes dançantes. Em 1913 os velejadores ativos, nada satisfeitos com os rumos que o clube estava tomando, resolveram fundar o seu próprio clube, o Rio Sailing Club, num terreno situado no Saco de São Francisco, local onde se encontra até hoje.
Naquela época os barcos tinham de ser importados da Europa, pois aqui não havia estaleiros e carpinteiros navais familiarizados com a construção de barcos para esporte.
Com a I Guerra Mundial, a importação de barcos tornou-se mais difícil, o que levou os sócios do Clube a se reunirem para decidir sobre a criação de um tipo de barco nacional que atendesse às exigências dos velejadores: não muito grande e oneroso, mas suficientemente seguro para velejar pela Baía de Guanabara, e que qualquer carpinteiro ou mesmo sócio habilidoso pudesse construir no quintal de sua casa.
O desenho ficou a cargo de Harry Hagen, um dos sócios, razão pela qual passou a ser conhecido com “Hagen Sharpie”. O casco foi uma novidade para aquela época, pois tinha o fundo em “V”, o que facilitava a construção amadora. Em 1915 foram lançadas à água as primeiras unidades e o barco revelava-se bastante marinheiro para as condições locais de mar e vento. Era também ótimo para regatas e embora não tivesse cabine, era suficientemente confortável para pequenos cruzeiros pela Baía de Guanabara. Rapidamente a flotilha cresceu.
Ao dia nove de junho de 1934, o então proprietário do veleiro esportivo Gaivota, Sr. Carlos Alberto Cuello e seu amigo Sr. Theobaldo Hannes, dono do veleiro Rheinland por ele mesmo construído, decidem organizar um clube de vela em Rio Grande. Os objetivos da dupla e do grupo de organizadores eram promover e incrementar o esporte da navegação a vela, remo, motor e natação ; estimular a construção de barcos nacionais; organizar regatas de cruzeiro e recreio. Já em 1936 foi construída a primeira sede própria frente à Santa Casa de Misericordia. Porém, em 1940 a área teve que ser desocupada para a construção de um entreposto de pesca. O clube foi então transferido para fundos da então usina elétrica e em 1951 foi reconhecido como Utilidade Pública Municipal. Finalmente, em 1963 a sociedade teve permissão para ocupar definitivamente o terreno que lhe foi reservado pelo Departamento Estadual de Portos Rios e Canais, junto ao cais de saneamento.
Em 1936, com a colaboração do então Comodoro Preben Schmidt, um dinamarquês radicado no Brasil, o desenho do “Hagen Sharpie” foi modernizado e os descendentes daqueles velejadores de 1915 continuaram ativos até os nossos dias disputando regatas e fazendo pequenos cruzeiros até o fundo da baía.
Preben Schmidt, o “velho Preben” como era conhecido, foi o patriarca de mais duas gerações de velejadores: Axel e Eric , tricampeões mundiais da Classe Snipe e Torben e Lars Scmidt Grael (netos de Preben) igualmente tricampeões mundiais de Snipe.
Enquanto isto o Yatch Club Brasileiro perdeu sua importância, já que os velejadores ativos haviam levado os seus barcos. A partir de 1916 o clube foi praticamente fundado de novo por um grupo de sócios antigos, como os brasileiros Sá Peixoto, Guilherme Souto, Armando Leite, Dias Amorim e os alemães Erns Wagner, Kurt Kosser, Simesesn Rombauer, Klpsch, Engelhard, Bachmann, dentre outros.
Este grupo saneou as dívidas, e em 1923 o Yatch Club Brasileiro mudou-se para o endereço atual no Saco de São Francisco ao lado do Rio Sailing Club, e a Vela recomeçou a crescer, estimulada pelo grande número de alemães e seus descendentes, que formavam a maioria do quadro social. No mesmo ano o clube adotou um monotipo, uma “jolle” alemã de casco trincado, com 15 m² de área vélica. Em 1931 foi lançado na Alemanha o “Sharpie” 12m² , e no ano seguinte o Yacht Club Brasileiro o adotou, formando a primeira flotilha no Brasil. Rapidamente a classe se espalhou por todo país.
Em 1935 Walter Heuer encomendou na Alemanha os desenhos de um barco de bolina retrátil, cabinado e com suficiente conforto para pernoites e cruzeiros pela baía de Guanabara, naqueles tempos de águas límpidas e cheia de ilhas ainda selvagens e desabitadas; a nova classe se chamaria “Guanabara”.
Durante a II Guerra Mundial o Clube passou por nova crise; o então interventor Doyat Fontenelle expulsou do Clube todos os sócios alemães, o que levou muitos sócios brasileiros a também se desligarem. Passada a guerra o clube agora chamado Iate Clube Brasileiro voltou a crescer.
Hoje, com boas instalações e uma bela sede, começa porém a pender novamente para as atividades predominantemente sociais, como infelizmente acontece com muitos dos nossos clubes náuticos. Enquanto isto o seu vizinho, que em 1940 por força da lei mudara o nome para Rio Yacht Club continua sendo um clube predominantemente de Vela e onde não são admitidas embarcações a motor.
A Classe Guanabara
O Guanabara é um monotipo de 7,20m por 2,36m de boca, casco de fundo em “V” e seu velame original (vela grande e bujarrona ) com 20m². As primeiras unidades, batizadas “Itaicis” e “Itapacis” vieram da Alemanha, mas os demais fora m construídos no Brasil.
A flotilha cresceu rapidamente, ultrapassando as 100 unidades. A maioria navegava em águas da Baía de Guanabara, mas a classe difundiu-se também em outros centros de Vela, principalmente em Porto Alegre. Os “Guanabaras” revelaram-se também ótimos barcos para regatas de percurso dentro da baía que lhes dera o nome e foram pioneiros no Brasil na formação do espírito de equipe, tão importante nos barcos de Oceano, para os quais a classe foi um grande celeiro de tripulações.
Como no inicio da década de 40 ainda não havia muitos barcos de oceano, os “Guanabaras” eram usados para os pequenos cruzeiros em mar aberto até a Baia de Angra dos Reis, Ilha Grande e Parati. Jetro Padro, um entusiasta da classe chegou a velejar sozinho até Santos, num percurso de 200 milhas de mar. Os “Guanabaras” participavam também da regata anual ao rochedo de Pau a Pino na entrada da Baía da Ilha Grande, um percurso de ida e volta de 120 milhas.
Os barcos eram muito marinheiros e bastante competitivos, principalmente depois que seu plano vélico foi acrescido de uma genoa e um spinnaker. As tripulações orgulhavam-se de correr com “muita raça” e não se impressionavam com qualquer “ventinho” e mar grosso.
Um Clube de Renome Internacional
Em 1920 foi fundado no bairro da Urca no Rio de Janeiro, o Fluminense Yacht Club. Embora localizado na beira d’água, pouco tinha a ver com o Iatismo; a sua principal atividade era aviação esportiva. Veio a II Guerra Mundial, os combustíveis foram racionados e voar por esporte tornou-se mais difícil.
Depois de um sério acidente em que faleceu o esportista Darque de Matos a Prefeitura decidiu condenar o campo de pouso por achá-lo perigoso. Por iniciativa de um grupo de sócios, o Clube passou então a investir nos esportes náuticos. Em 1942 mudou o nome para Iate Clube do Rio de Janeiro e é atualmente o maior e mais importante Iate Clube do país. Bem equipado e organizado, com modernas instalações, é ele o grande anfitrião das regatas oceânicas, como a Santos-Rio, Buenos Aires-Rio, Capetown-Rio, Whitbread, BOC, dentre outras.
O Idealista que Veio do Remo
Não muito longe do Iate Clube do Rio de Janeiro encontra-se a sede de um dos mais antigos clubes de remo e natação, o Clube de Regatas Guanabara, e foi justamente dali que saiu um dos maiores nomes do nosso iatismo. José Candido Pimentel Duarte era diretor e mais tarde presidente do Clube, e como outros sócios, também cuidava de seu físico, remando todas as madrugadas.
Um dia Pimentel Duarte comprou um Star fora de classe, pois tinha uma pequena cabine, e passou a velejar com ele, fazendo pequenos cruzeiros pela baía, no que foi acompanhado pela esposa Nair e pelos filhos José Luiz e Fernando. O seu entusiasmo pelo novo esporte foi crescendo e um dia mandou construir no estaleiro do alemão Joachim Koster um barco maior e mais marinheiro, segundo um desenho alemão. O “Procelária”, um barco com quilha de barbatana, foi o embrião da nossa vela de oceano. Em 1944 importou os desenhos de Snipe e junto com Fernando Avelar fundou a primeira flotilha deste monotipo.
Não satisfeito, lançou em 1946 os primeiros onze Lightnings, enchendo, para desespero dos sócios remadores, a rampa do Clube de barcos a vela. Para incentivar o esporte, ele financiava os barcos para os sócios do Clube, que assim podiam adquiri-los em suaves prestações. Este fato, mais a primeira revista especializada, Yachting Brasileiro, fundada por ele em 1947, foram os grandes responsáveis pelo crescimento do Iatismo a Vela no Rio de Janeiro e no resto do país.
O seu barco mais famoso foi o lendário “Vendaval”, um “Iole” de 63 pés, cujos desenhos ele encomendara a Sparkman & Stephen em 1940. Em 1947, junto com o iatista Hipolito Gil Elizalde idealizou a nossa mais importante Regata de Oceano, a Buenos Aires-Rio, um percurso de 1200 milhas.
Pimentel Duarte faleceu em 1950 e com ele o esporte da Vela perdeu um dos seus maiores incentivadores.
Os Gaúchos também Velejam
Em Porto Alegre, nas águas do rio Guaíba já havia uma meia dúzia de barcos velejando, mas não havia um clube e muito menos uma organização; os praticantes da Vela se reuniam toda quarta-feira para almoçar no restaurante Liliput.
Liderados por Leopoldo Geyer este pequeno grupo fundou em 1934 o primeiro Clube de Vela de Porto Alegre: o Veleiros do Sul. ( foi com um tio, um dos fundadores do clube, que este autor então com 10 anos, aprendeu a dar os seus primeiros bordejos pelo rio Guaíba, a bordo do Slupe Polux ).
Mais tarde, Geyer fundou o Clube Jangadeiros e o Iate Clube Guaíba, fazendo da capital gaúcha um dos nossos maiores centros de vela. Junto com Pimentel Duarte, fundou e ajudou a manter a revista Yachting Brasileiro e para estimular a juventude fundou a SAVEL – Sociedade de Amigos da Vela, com o propósito de construir e financiar barcos para os jovens.
Bom velejador e marinheiro, velejava no Guaíba e fazia cruzeiros na Lagoa dos Patos. Passava grande parte de seu tempo no Rio de Janeiro onde fazia cruzeiros na Baía de Guanabara com seu classe “Carioca” e cruzeiros e regatas de Oceano com o classe “Brasil Cairu”.
Em 1984, aos 95 anos, Leopoldo Geyer faleceu, olhando da varanda de sua casa para as águas do rio Guaíba.
Mr. SNIPE e Star Lopes
Quando os nossos primeiros Snipes foram para a água, um grande batalhador se entusiasmou e passou a se dedicar a organização da classe, fazendo-a crescer e mantendo-a ativa. Novas flotilhas começaram a se formar de norte a sul e o incansável Fernando Avellar mantinha intensa correspondência com todas elas e com as de outros países.
O seu trabalho foi tão perfeito e meticuloso que ele acabou sendo Secretário Geral da classe para a América do Sul. Dentro da SCIRA – Snipe Class International Racing Association, ele é conhecido como “Mr. Snipe”.
Muito importante foi também a atuação de Fernando Avellar na revista Yachting Brasileiro, que ele ajudou a fundar e dirigiu durante a maior parte dos 17 anos em que circulou.
Avellar já pendurou as escotas e a máquina de escrever, mas continua sendo respeitado como homem a quem o nosso Iatismo muito deve.
A flotilha de Star do Iate Club do Rio de Janeiro é uma das maiores e melhor organizada no mundo, graças a outro abnegado: Anchyses Lopes, o “Star Lopes” , como é conhecido na América e que durante muitos anos trabalhou para que chegasse ao nível em que agora se encontra.
A Vela de Oceano
Enquanto nos EUA e Europa a Vela de Oceano já era coisa normal a muitos anos, com eventos como a Fastnet, Bermudas e outras, no Brasil ela praticamente não existia.
Em 1946 foi lançado o nosso primeiro monotipo de Oceano, o classe “Rio de Janeiro”, um “Slupe” de 33,5 pés. Quem o desenhou foi Lindsey Lambert, um arquiteto naval inglês radicado no Brasil. Ele já desenhara entre outros, um “Seis metros RI” e o “Dingue” nacional de 12 pés.
Mas Pimentel Duarte sentindo a necessidade de um barco de oceano adequado para cruzeiros e regatas mais longas em nosso litoral, entre elas a Buenos Aires-Rio , encomendou à firma Sparkman & Stephens o projeto do Classe Brasil, um “Slupe” de 42 pés. Em 1949 foi para a água o primeiro de uma série de 10 barcos o “Ondina” de Joaquim Belem que seria vencedor das duas primeiras Regatas Santos-Rio. Em 1953 o Classe Brasil Cairu II de Jorge Frank Geyer (filho de Leopoldo Geyer) venceria a III Buenos Aires-Rio.
Na década de 50 a nossa Vela ainda engatinhava e só funcionava graças à teimosia de homens como Günter Schaefer, Joaquim Belem, Joaquim Padua Soares, Ragner Janer, José Luis e Femando Pimentel, Domicio Barreto, Alcides Lopes, Leon Joulié, Jorge Geyer, Paulo Ferraz e outros.
Os últimos dois “Brasis” foram construídos em Salvador. Depois dos anos 60 a nossa Vela de Oceano começou a crescer e se modernizar com o aparecimento dos cascos de plástico reforçado e as velas de fibras sintéticas.
Dos calendários constam importantes eventos, de Norte a Sul do Brasil: Circuito Ilhabela, que concentra a Vela de Oceano paulista; as Regatas e Circuitos em Angra dos Reis, sede da Vela de Oceano Carioca; os Circuitos de Salvador e Florianópolis, para citarmos os mais importantes.
Embora a Vela não seja um esporte de grande difusão no Brasil, desde sua implantação no país nossas representações em campeonatos internacionais, olimpíadas e jogos pan-americanos tem sido de um alto nível técnico.
Um grande número dessas competições foram vencidas por velejadores brasileiros. Após a década de 60, nossos velejadores conseguiram os melhores resultados olímpicos e pan-americanos, ganhando medalhas e enorme respeito de nações historicamente de maior tradição.
Essa modalidade é uma das mais tradicionais. Em Sydney, a vela vai estar completando 100 anos de participação em Jogos Olímpicos. Sua estréia só não aconteceu antes, durante as competições de Atenas em 1896, devido às condições climáticas desfavoráveis, fazendo com que os organizadores cancelassem as provas.
Entre outros fatos que marcaram a história do iatismo como modalidade olímpica, um aconteceu nos Jogos de Londres em 1908, quando até barcos motorizados participaram da disputa. No entanto, com o tempo, a competição passou a privilegiar mais a qualidade do velejador que a potência das embarcações.
Esse esporte teve origem na Holanda, por volta do século 17 e foi introduzido na Inglaterra pelo rei Carlos II, em 1860. Alguns historiadores afirmam que essa modalidade é fruto de uma aposta feita entre Carlos II e seu irmão, o duque de York, para determinar qual de seus barcos seria o mais veloz.
A vela é a modalidade que mais trouxe medalhas ao Brasil chegando a um total de dez premiações, sendo que quatro de ouro, uma de prata e cinco de bronze.
As competições acontecem em raias triangulares, delimitadas por bóias e vence quem chegar primeiro. As regras especificam que um velejador não pode atrapalhar a largada ou a navegação dos adversários. Durante as regatas, os barcos precisam passar pelas marcas, que são bóias especificadas nas instruções particulares de cada regata e o barco deve contorná-las por um lado obrigatório.
As disputas dividem-se em duas categorias: Fleet race, em que os barcos correm simultaneamente e o Match race, dois barcos correm por vez, um contra o outro.
Uma regata tem cinco fases: largada, contravento (etapa na qual os barcos rumam em direção à bóia de marcação), través (manobra de mudança de direção contornando a bóia), popa (parte do percurso em que os barcos buscam o local de chegada da regata) e chegada.
Participam das competições as categorias: Star; Soling; Tornado; Laser, Classe 49 para homens e mulheres; Classe 470, Finn e Mistral (Windsurf), exclusivo para homens e Classe 470, Europe e Mistral, para as mulheres.
Fonte: www.terra.com.br
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