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Futebol de Cinco
História
Disputadas por atletas com deficiência visual, as partidas do futebol de 5 são certamente algumas das mais emocionantes dos Jogos Paralímpicos.
Cada equipe é composta de cinco atletas, que utilizam vendas nos olhos para evitar que aqueles que apresentam percepção luminosa levem vantagem.
A bola possui guizos em seu interior.
Os jogadores orientam-se pelo seu som, e também pelas orientações dos chamadores, que ficam posicionados atrás da meta adversária.
Técnicos e goleiros, os únicos jogadores que enxergam, também podem passar orientações.
Muitas regras são as mesmas do futebol convencional, mas existem diferenças, como a ausência da regra do impedimento e da saída lateral da bola, pois bandas laterais de aproximadamente 1,20m impedem a sua saída.
Cada partida dura 50 minutos.
O futebol de 5 fez sua estréia nos Jogos de Atenas, em 2004.
Versão
Existem duas versões do futebol de cinco, uma criada pela FIFA nos anos 80 para competir com o futebol de salão e outra que compreende uma modalidade de futebol praticada por atletas com deficiência visual (parcial ou total), em quadras de futsal adaptadas.
Na segunda versão, o esporte é organizado pela IBSA (International Blind Sports Federation). Cada equipe é composta por cinco jogadores, um goleiro e quatro jogadores de linha que utilizam vendas nos olhos para se igualaram quanto aos diferentes níveis de deficiência visual. Somente o goleiro enxerga perfeitamente.
As equipes usam também um chamador, que é um membro do time que fica atrás da meta adversária, orientando os jogadores de ataque. Para que a localização da bola seja viabilizada, essa possui guizos internos.
As partidas oficiais têm dois tempos de vinte e cinco minutos, com dez minutos de intervalo. As quadras a céu aberto são as preferidas para a disputa. Existem duas bandas de 1,20m de altura, para impedir que a bola saia do campo de competição.
Brasil
Existem relatos que no Brasil, na década de 50, cegos jogavam futebol com latas ou garrafas, mais tarde, com bolas envolvidas em sacolas plásticas, nas instituições de ensino e de apoio a estes indivíduos, como o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, Instituto Padre Chico, em São Paulo, Instituto São Rafael, em Belo Horizonte. Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em Natal, aconteceu o primeiro campeonato de futebol com jogadores deficientes visuais no Brasil.
A primeira Copa Brasil foi em 1984, na capital paulista. Contudo, o IPC – Comitê Paraolímpico Internacional reconhece como primeiro campeonato entre clubes, o acontecido na Espanha, em 1986.
Na América do Sul, apesar da realização de alguns torneios anteriores, o primeiro reconhecido e organizado pela IBSA foi a Copa América de Assunção, em 1997, onde o Brasil foi o grande campeão.
Participaram 4 seleções: Brasil, Argentina, Colômbia e Paraguai.
O primeiro mundial aconteceu no Brasil, em 1998, em Paulínia, São Paulo. O Brasil foi o primeiro campeão mundial, vencendo a Argentina na final.
A participação do futebol de 5 nos Jogos Paraolímpicos aconteceu, pela primeira vez, em Atenas, 2004. Também, neste evento, o Brasil foi o campeão, ao superar, nos penaltes, os argentinos por 3 a 2.
O futebol de cinco é exclusivo para cegos. As partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada com uma banda lateral (barreira feita de placas de madeira que se prolonga de uma linha de fundo a outra, com 1metro e meio de altura, em ambos os lados da quadra, evitando que a bola saia em lateral, a não ser que seja por cima desta), mas desde os Jogos Paraolímpicos de Atenas também vem sendo praticado em campos de grama sintética, com as mesmas medidas e regras do futebol de salão.
Cada time é formado por cinco jogadores: um goleiro, que tem visão total e quatro na linha, totalmente cegos e que usam uma venda nos olhos para deixá-los todos em iguais condições, já que alguns atletas possuem um resíduo visual (vulto) que dão, nesta modalidade, alguma vantagem a estes.
Há ainda um guia, o Chamador, que fica atrás do goal, orientando o ataque de seu time, dando a seus atletas a direção do goal, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis. É o chamador que bate nas traves, normalmente com uma base de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um penalte ou um tiro livre.
Contudo, o chamador não pode falar em qualquer ponto da quadra, e sim, quando seu atleta estiver no terço de ataque.
Este terço é determinado por uma fita que é colocada na banda lateral, dividindo a quadra em 3 partes: o terço da defesa, onde o goleiro tem a responsabilidade de orientar; o terço central, onde a responsabilidade é do técnico e o terço de ataque, onde a responsabilidade da orientação é do chamador.
A modalidade, ao contrário do futebol convencional, deve ser praticada em um ambiente silencioso.
A torcida, bastante desejada nesta modalidade, deve se manifestar somente quando a bola estiver fora do jogo: na hora do goal, em faltas, linha de fundo, lateral, tempo técnico ou qualquer outra paralização da partida.
A bola possui guizos, necessários para a orientação dos jogadores dentro de quadra. Daí a necessidade do silêncio durante o andamento da partida. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde ela está, de onde ela está vindo e podem conduzi-la.
As regras são, de modo geral, as mesmas utilizadas no futebol de salão convencional.
Algumas daquelas que diferem são: 2 tempos de 25 minutos, sendo os 2 últimos de cada tempo cronometrados e um intervalo de 10 minutos; uma pequena área de onde o goleiro não pode sair para realizar defesa nem pegar na bola de 5 por 2 metros; após a terceira falta, é cobrado um tiro livre da linha de 8 metros ou do local onde foi sofrida a falta.
Ao contrário do que se imagina, a modalidade tem muitas jogadas plásticas, com jogadas de efeito inclusive. Muitos toques e chutes a goal. Os jogadores são obrigados a falar a palavra espanhola Voy (vou em português), sempre que se deslocarem em direção a bola, na tentativa de se evitar choques. Quando o juiz não ouvir, ele marca falta contra a equipe cujo jogador não disse o Voy.
Modalidade
O primeiro registro de competição oficial realizada no Brasil data de 1978.
Durante as Olimpíadas das Apaes, em Natal, foi disputado o primeiro campeonato de futebol para cegos. A primeira Copa Brasil ocorreu em 1984, em São Paulo.
Das quatro edições da Copa América, os brasileiros venceram três (97, 2001 e 2003). Vale lembrar que a seleção argentina jamais derrotou a seleção nacional.
O Brasil já sediou inclusive o primeiro Campeonato Mundial de Futebol de 5, em 1998.
Podem competir atletas com diferentes graus de deficiência visual.
A modalidade é praticada em quadras abertas para que não ocorram ecos. Os jogos só podem ser realizados em ginásios se os mesmos tiverem aberturas laterais.
As dimensões são as mesmas da quadra de futsal: 40 m x 20 m, podendo medir até 42 m x 22 m. Entretanto, há uma área retangular própria do goleiro, além da grande área. Se este atleta sair de seu espaço ou tocar na bola fora deste, é marcado pênalti. Esta mudança serve para reduzir o espaço dos goleiros que são os únicos que podem enxergar no time. Cada time é composto por quatro jogadores de linha e um goleiro. As partidas têm dois tempos de 25 minutos, com um intervalo de 10 minutos.
A bola é idêntica à do futsal, mas possui um guizo em seu interior, que serve para orientar os jogadores por meio do som emitido. Os atletas jogam com uma venda nos olhos e tocar a venda é falta. Há uma pessoa encarregada de dizer onde o jogador de sua equipe deve chutar. Essa pessoa, também conhecida como chamador, deve ficar atrás do gol adversário.
Também é colocada uma banda lateral na quadra, que deve medir entre 1,1 m e 1,3 m de altura. A função desta é deixar as partidas mais dinâmicas, pois impede que a bola saia excessivamente pelas laterais.
A modalidade exige um grau de respeito muito grande por parte da torcida, pois os jogadores se orientam pelos sons da quadra. O silêncio só pode ser quebrado no momento entre gol e o reinício da partida.
Regras do Futebol de Cinco
SUBCOMITÊ DE FUTEBOL DE 5 ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE DESPORTOS PARA CEGOS ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE FEDERAÇÕES DE FUTEBOL (FIFA)
REGRAS DO FUTEBOL DE 5 ADAPTADAS PARA O FUTEBOL DE 5 PARA DEFICIENTES VISUAIS.
CATEGORIAS B2 E B3.
As regulamentações dessa categoria serão as mesmas da FIFA, com as seguintes adaptações da IBSA.
1. Deve ser fornecida proteção contra possíveis reflexos da luz solar ou de outras fontes luminosas que possam chegar ao local de competição e que possam alterar ou limitar o desenvolvimento do jogo e a movimentação dos jogadores.
2. Os goleiros podem ser visualmente deficientes (B2/B3) ou ter visão total. O goleiro não pode sair, jogar ou obstruir parte da partida estando fora de sua área de seis metros. Se fizer isso, será penalizado tanto com uma falta coletiva quanto com uma falta individual e com um chute livre direto do local onde ocorreu a infração quando a equipe ofensora não possuir cinco faltas coletivas (Lei XIV.3). Se a falta ultrapassar a quinta falta coletiva, nenhuma barreira defensiva será permitida (Lei XIV.4).
2.1 O goleiro não deve jamais jogar fora de sua área.
2.2 Sob nenhuma circunstância o goleiro cobrará pênaltis.
3. A luz precisa ser uniforme e ter a mesma intensidade em todo o campo. Não são admitidas variações de intensidade de nenhuma espécie.
4. A bola usada nessa categoria será branca, verde ou laranja, ou de qualquer cor que possa facilitar sua localização.
5. Os árbitros devem pertencer às federações afiliadas à FIFA.
6. Todo jogador que cometer 5 faltas individuais durante a partida será desqualificado, terá de abandonar o campo e poderá ser substituído por um outro jogador.
Como é praticado
No Brasil, o futebol de cinco foi disseminado em virtude da forte representação cultural da modalidade, que é capaz de atrair pessoas de todas as idades.
No seu início, as adaptações adotadas para a participação das pessoas cegas no jogo permitiam o uso de qualquer recurso que pudesse produzir som na bola, ou mesmo a utilização de outros objetos no lugar da bola: tampas de latas, recipientes com pequenos objetos dentro, que resultavam no efeito chocalho.
Na atualidade, o futebol de cinco é uma modalidade oficial regulamentada pela IBSA e pela Confederação Brasileira de Desportos para Cegos.
Várias adaptações foram feitas, mas a emoção do jogo foi mantida. Cada time tem um chamador, pessoa que fica atrás do gol adversário, orientando o ataque.
Ao goleiro, cumpre também a tarefa de orientar a defesa. Cobrança de pênalti e tiro direto têm um ritual específico: o chamador bate uma pequena barra de ferro nas duas traves para dar ao atleta a dimensão do gol. As laterais da quadra são cercadas de bandas, proteções que impedem que a bola saia. Isso tornou as partidas mais dinâmicas. Só há cobrança do lateral, com os pés, se a bola ultrapassar essas bandas. Caso contrário, o jogo segue normalmente.
Hoje somos o país com maior número de equipes no mundo, com 40 times distribuídos por 21
Estados. Por isso, o Brasil é também a nação que mais realiza competições.
Iniciação
É de extrema importância, para a boa iniciação do futebol de cinco, tomar algumas precauções. O desenvolvimento do desporto deve ser iniciado com atividades de orientação e mobilidade e percepção auditiva, noções de lateralidade, noções de espaço temporal, trabalhando em diferentes ritmos e formas. O reconhecimento das dimensões do local, onde a atividade será desenvolvida, também se faz importante. O não-desenvolvimento desse complexo senso perceptivo motor acarretará ao aluno maior possibilidade de acidentes, o que poderá causar desmotivação na pessoa para a prática do exercício. Então, inicia-se o trabalho específico, desenvolvendo e dando ênfase aos fundamentos do futebol de cinco.
Percepção auditiva e deslocamento
Algumas atividades sugeridas para que se alcance o objetivo final:
1 – Dispor os alunos em círculo com apenas um deles ao centro. Um dos alunos bate palmas e o que está no centro deve deslocar-se em sua direção.
Aspectos importantes:
a) o professor comanda quem irá bater as palmas para evitar a emissão de mais de um estímulo auditivo;
b) o aluno que estiver na roda deverá posicionar-se com os braços estendidos à frente para a prevenção de um possível choque; c) o estímulo poderá ser por voz, palmas ou com uso de uma bola com guizo.2 – Fazendo uso das dimensões da quadra, posicionar a bola com guizos em um dos lados da quadra, em determinado ponto (escanteio, área de gol…), e posicionar os alunos em fila única no outro lado da quadra; ao comando do professor, um aluno de cada vez vai sair na direção da bola que estará sendo movimentada num determinado ponto prestabelecido.
3 – Deslocar-se ao comando auditivo, com variação de direção (direita, esquerda, atrás, frente) e de movimento corporal (com os dois pés juntos, de costas, de lado…).
Observação: o professor deverá comandar a corrida para um aluno de cada vez e dar um intervalo de segurança entre um e outro.
Condução de bola
A condução da bola pelo cego deve acontecer de maneira que o aluno não perca o contato da bola com os pés, podendo ser efetuada entre os jogadores, fazendo com que ela se desloque de um pé para o outro.
1 – Em duplas, um de frente para o outro, orientar um aluno para que se desloque até o outro com a bola entre os pés, arrastando-os para não perder o contato com a bola.
Considerações importantes:
a) A bola deverá estar sempre à frente do corpo e não embaixo ou atrás;
b) é importante que o aluno experimente outros meios de deslocamento, como passar o pé por cima da bola ou jogá-la à frente e tentar alcançá-la e dominá-la.2 – Em duas filas, posicionadas cada uma numa lateral de quadra, ao comando do professor, o aluno conduzirá a bola até a outra linha de fundo, onde outros dois alunos estarão posicionados à frente de cada fila, auxiliando com palmas a direção correta; o aluno que estava de chamador, conduzirá a bola até a fila novamente e assim por diante.
Passe
Uma vez que o futebol de cinco é um esporte coletivo, deve ser dada ênfase aos trabalhos de passe. É importante orientar o aluno no sentido de que a bola deverá estar em seu completo domínio; ele deverá ter também uma boa noção da posição de seu companheiro, sendo de suma importância a comunicação verbal entre eles. O passe deve ser efetuado de maneira que a bola produza um bom som (bola rasteira ou bola quicada), oferecendo melhor condição de recepção.
1 – Com a turma dividida em duplas, os jogadores deverão posicionar-se um de frente para o outro, com uma bola, passando-a com o lado interno dos pés, um para o outro. Deve dar-se um afastamento de pelo menos cinco metros entre uma dupla e outra para evitar choques, caso a bola escape de uma das duplas; começar com uma distância pequena e depois aumentar, pois uma grande distância aumentará as chances de erro nos passes, podendo desanimar os alunos.
2 – Na mesma formação, pedir que passem a bola com partes diferentes do pé (de calcanhar, parte externa dos pés, com a direita, com a esquerda…).
Recepção
A recepção deve ser feita com as pernas ligeiramente afastadas, com os pés na seguinte posição:
calcanhares quase se tocando e as pontas dos pés afastadas formando um ângulo aproximado de 45° a uma distância não maior que o diâmetro de uma bola de futsal, para que haja eficiência na recepção.
1 – Orientar o aluno que, para pisar na bola, deve antes esperar que ela toque em suas pernas; para aumentar a área de recepção pode orientá-lo para afastar as pernas, com a ponta dos pés virada para a direita, flexionar as pernas lateralmente aproximando o joelho da perna esquerda do chão, com a perna direita semiflexionada. Repetir o exercício para o outro lado. Na formação de duplas, ficar um de frente para o outro, passando a bola e recepcionando a bola do companheiro.
2 – Colocar o grupo em uma lateral da quadra e, no meio dela, chamar um de cada vez para o centro, lançando uma bola, para que domine e passe de volta. Orientar para que o jogador sempre posicione sua cabeça com o nariz apontado na direção da bola.
3 – Na formação anterior, o aluno se deslocará de costas até o centro e, ao comando de um apito, ficará de frente para a bola que será lançada para que ele a domine.
Chute
O chute pode ser realizado com a bola parada ou em movimento. Este fundamento pode ser trabalhado de maneiras diferentes, utilizando a parte interna (de peito de pé ou de bico). No chute com bola parada, o aluno deve ter a perfeita noção do posicionamento da bola, bem como a percepção da localização do gol. No chute com a bola em movimento, o aluno também deverá ter o domínio e a localização da bola, mesmo na condução ou no chute realizado a um passe ou lançamento.
Outra característica do chute do futcinco: o chute geralmente é realizado sem o distanciamento do jogador em relação à bola.
1 – Colocar o grupo posicionado no centro da quadra, no primeiro apito do professor, o aluno conduzirá a bola e, no segundo apito, o aluno realizará o chute a gol. Fazer variação da posição da fila na quadra para trabalhar chute cruzado e, com a variação de pernas, realizar chutes com a direita e esquerda e chutes de bico e peito de pé.
2 – Posicionar os alunos na linha lateral, na altura do meio da quadra; um aluno tocará a bola para outro posicionado à frente da área que, sem dominar a bola, tentará o chute direto para o gol; quem fez o passe vai para a posição de chute.
Drible
No futebol de cinco, em geral, não há ginga. O drible é feito com o som da bola, quando um atleta a conduz e pára, fazendo com que o adversário se dirija àquele ponto onde a bola parou. Em seguida, o jogador com a posse da bola muda de direção repentinamente, deixando o seu adversário para trás. A mudança de direção e velocidade alternadas na condução dessa bola significa, para um cego, um bom drible.
1 – Alunos posicionados em fila na linha de fundo da quadra; um aluno de cada vez conduzirá a bola e, como se estivesse driblando um adversário, efetuará fintas, pisará em cima da bola toda vez que o professor apitar, mudará a direção e a velocidade da condução de bola a cada apito. Procure estimular diferentes formas de dribles e condução de bola.
Fonte: rio2016.org.br/informacao.srv.br/cbdv.org.br
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