Trajetória
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Todo mundo já conhece as tachas, os vestidos curtos, as calças com rasgos e aquele mooonte de brilho que a Balmain trouxe de volta à moda e fez algumas mulheres, principalmente celebridades, gastarem seus milhares de dólares em uma jaqueta. Mas acredito que pouca gente sabe que a Balmain é uma casa de moda criada nos anos 40, símbolo da feminilidade e elegância.
Foi pensando nisso que decidimos criar uma nova tag por aqui. Vamos mostrar a trajetória de algumas casas importantes, de onde tudo começou e qual a cara da marca nos dias de hoje.
Nossa intenção não é dar uma aula de história da moda, mas mostrar como e porque hoje em dia, por exemplo, uma jaqueta custa milhares de dólares e porque você quer tanto aquela bolsinha matêlassada.
É necessário saber o que foi feito na passado, para entender o que é feito hoje e o que virá no futuro! Além de ser uma delícia ver, rever e conhecer algumas criações do passado.
Como vocês já devem ter percebido, começaremos com uma das marcas mais cobiçadas (e copiadas!) da atualidade: Balmain.
Nascido em Saint-Jean-de-Maurienne (França, 1914), Pierre Balmain depois de ter estudado arquitetura, abre seu salão em 1945.
Na época, junto a Christian Dior e Cristobal Balenciaga, era um dos gigantes da moda, responsável por reenergizar e reformular a maneira que as mulheres se vestiam depois da Segunda Guerra Mundial. (Alguém aqui já ouviu falar do New Look?)
Com a série entitulada Jolie Madame (mulher bonita), lançada em 1952, Pierre começa a fazer sucesso. Ele é responsável pela imagem parisiense da mulher daquela época: porte elegante e estruturado, busto delineado, cintura fina e saia ampla, além de corte impecável e linhas requintadas.
Mantenha-se aos princípios básicos da moda e você sempre estará em harmonia com as últimas tendências sem ser escravo delas Pierre Balmain
Como outros costureiros de destaque, ele conseguiu uma clientela fiel, que era amante tanto do rigor e do luxo (Balmain era muito conhecido pelos seus vestidos de noite!) quanto do natural, tanto que, paralelamente ao seu trabalho com alta-costura, lançou sua primeira linha de prêt-à-porter, conhecida pela alfaiataria elegante, cheia de detalhes bem definidos e angulares.
Entre suas clientes, figuravam várias celebridades e figuras reais, como a rainha da Tailândia, Ava Gardner, Marlene Dietrich, Sophia Loren, Katherine Hepburn, entre outras. Além de ser figurinista de vários filmes, foi o vencedor de vários prêmios da área, como Tony Awards e Drama Desk Awards.
Todas vestindo Balmain
Vale lembrar que a casa de moda também investiu na área de perfumaria, lançando várias fragâncias famosas, entre elas o Vent Vert.
Depois de sua morte em 1982, quem continuou o legado de Pierre foi seu braço direito e assistente Erik Mortensen, mantendo a sofisticação e luxo de seu mentor.
Erik deixa a maison em 1990, sendo substituído por Hervé Pierre.
Hervé saiu em 1992, dando lugar a um dos grandes da moda, o designer dominicano, Oscar de La Renta (depois de ter trabalhado em casas como Balenciaga, Elizabeth Arden e Lanvin), encarregado do departamento de Haute Couture da marca.
A Balmain é tãão Balmain Será?
Assim que acabou o desfile da Balmain, começaram a pipocar no twitter comentários como Nossa, a Balmain que sono!, Ai, a Balmain é tão Balmain
Como estava no trabalho, não pude dar uma olhada na coleção recém desfilada, mas uma imagem já aparecia na minha cabeça: tachas, couro, calças super skinny e, ah, por favor, não se esqueça dos ombrinhos marcados!
Ao conferir com calma as peças da marca para o verão 2011, voilá: lá estava o meu pensamento materializado. Tirando os ombrinhos marcados! Haha.
E fica aquela sensação de déjà vu, a impressão de que já vimos aquilo em algum lugar. E que sim, já é demais.
Mas será?
Desde sua coleção de verão 2009 a Balmain ganhou uma certa identidade, uma certa cara.
Hoje em dia, conseguimos identificar facilmente uma peça Balmain e, se não Balmain, uma peça inspirada na marca.
Ou vão me dizer que um jeans tie-dye ultra colado no corpo e uma regatinha verde militar meio rasgadinha não são tããão Balmain?
Mas então: essa identidade Balmain, tão conhecida por nós, só surgiu com o jovem francês Christophe Decarnin, que assumiu a marca em 2005.
E, que coisa, essa nova cara da Balmain se encaixou com perfeição com a onda do momento: aqueles longas temporadas influenciadas pelos exageros dos anos 80.
A Balmain, marca que quase faliu no começo dos anos 2000, ressuscitou porque acompanhou o momento.
Ou será o contrário?
Ela transformou (ou transferiu?) os novos desejos de moda em seus desejos.
E, desculpem-me a informalidade, bombou.
Mas e agora?
E agora que a moda respira novos ares, ares que parecem tão distantes das tachas, brocados e aplicações da Balmain?
A moda desejável (isso é tão Constanza) de hoje é feminina, é romântica, é saia rodada e florzinha liberty. E é também anos 70.
Será por isso, então, que a coleção de verão 2011 foi classificada como tão Balmain?
Nicole Phelps, do Style.com, escreveu a seguinte frase em sua resenha da nova coleção: Is Balmainia still so strong that women will shell out the serious bucks that a crystal-and metal-studded jacket is going to cost, when the look is so DIY?
Ficam as perguntinhas: o quanto uma marca cria? O quanto deve acompanhar as novas-e-rápidas-furtivas tendências de moda?
Manter-se fiel aos seu estilo de criação deveria ser motivo de crítica?
Quando a moda deixa de ser também arte e passa a ser somente desejo-consumo?
Fonte: www.naosousofisticada.com.br
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