Origem do tango
PUBLICIDADE
A origem do tango, assim como a de outros ritmos, é popular, sofrendo preconceito inicial por parte da camada mais favorecida da população. É uma dança sensual, trágica, elegante e performática, em que a emoção prevalece. O tango apareceu em Buenos Aires a partir do final do século passado derivando da habanera, da milonga e de certas melodias populares européias. Inicialmente, o tango era dançado nos bares, nos cafés e em locais de prostituição.
Nos salões, ele começou a ser dançado nas décadas de 30 e 40. A maneira de dançar o tango foi se modificando e evoluindo de acordo com a época. Á partir do fim de 1880 que surge o tango como música. A coreografia que se dançava era totalmente improvisada, com muitas paradas chamadas “cortes” (o dançarino parava de dançar para fazer poses com a sua parceira) e “quebradas” (movimentos de cintura imitados dos negros). Os pares dançavam muito unidos, o que era escândalo para a época.
Idioma
Castelhano é a língua utilizada no tango.
Castelhano (castellano) ou espanhol(español) são os nomes atribuídos a uma língua românica originária da Espanha e que hoje é a língua mais falada das Américas. O idioma castelhano tem essa denominação por ser originário da região de Castela. Junto com o inglês é a língua ocidental que possui mais falantes.
Vestimentos
É característico as mulheres usarem saias de todos os estilos, desde que permitam o movimento: desde saias longas e com racha até saias curtas. As blusas e vestidos tem quase sempre decotes acentuados e sensuais. Uma peça fundamental na indumentária da mulher são os sapatos, que devem ser sempre sapatos de tango.
Outros acessórios que podem ser usados em ocasiões especiais ou em espectáculos são as flores, de tecido ou penas, que se podem prender aos cabelos ou à perna, e também a meia de renda.
A roupa típica para o homem que dança tango é a camisa fina, normalmente de seda e calças afuniladas. Este traje para estar completo requer um bom par de sapatos de dança. Como complemento o homem pode ainda usar outros acessórios, como suspensórios, coletes, e chapéu, todos eles parte do imaginário do tango
Algumas dicas
Adentrem a pista de dança sempre no sentido em que os outros dançarinos estão dançando ( geralmente isto acontece no sentido anti-horário );
Respeitem quem já está na pista e ocupem um espaço disponível na mesma;
Tentem, ao adentrar a pista de dança, se adaptarem ao ritmo da música e a partir daí começarem a dançar; a dama deve deixar que o cavalheiro inicie os movimentos e acompanhá-lo;
Não repousem o corpo sobre o parceiro;
Não mexam excessivamente os ombros ;
Durante a dança, não executem movimentos em que as pernas se abram excessivamente;
Não deixem os braços muito abaixados nem acima dos ombros;
Alguns ritmos exigem uma ginga maior, no entanto os movimentos com um requebrado mais acentuado, na maioria das vezes, devem ser executados pela dama;
Não dancem com as mãos, esquerda ( o cavalheiro ) e direita (a dama) abertas, nem com os dedos entrelaçados;
Não olhem para os pés enquanto estiverem dançando.
Postura adequada do casal na dança
O cavalheiro deve deixar a sua face direita voltada para a face direita da dama;
Exceto em algumas variações em que o casal tem a sua lateral como referência os dois devem olhar para frente;
O espaço individual de dança deve ser dividido pela mão esquerda do cavalheiro e a mão direita da dama, estas devem estar dispostas exatamente no centro do espaço que separa um corpo e outro, não devendo nem um nem outro invadir o espaço de dança do parceiro. As mãos devem estar na altura média dos ombros do casal e devem estar seguras de palmas.
Os cotovelos devem estar dispostos formando um ângulo de 45 graus em relação ao corpo.
A mão direita do cavalheiro deve estar com os dedos abertos e repousar na altura média das costas da dama, lembrando que esta deve ter resistência para melhor conduzir a dama e dependendo do ritmo aumentará ou diminuirá a distância entre o casal; a mão esquerda da dama deve repousar sobre o ombro do cavalheiro;
Técnicas de condução
Diante dos diversos itens que constituem as técnicas de dança, com certeza a condução ocupa um lugar de destaque, pois é imprescindível que o cavalheiro conduza a dama de forma consistente e elegante, deve efetuar movimentos de mãos, pernas e deslocamento claros, para que a dama, que deve estar suscetível as vontades do parceiro, perceba com clareza os passos que devem ser executados. A condução clara com certeza levará o casal a ter um melhor sincronismo em suas coreografias.
Principais movimentos:
No núcleo da estrutura da dança do tango podemos definir e identificar quatro conjuntos de movimentos: la salida, la caminada, el giro e el cierre.Simplificando, há apenas três passos no tango: o passo ao lado (para a direita ou para a esquerda), o passo em frente (avançar) e o passo atrás (recuar).
Bibliografia
http://www.francanet.com.br/pessoal/rinaldo/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tango
http://www.pasiontango.net/pt/roupas-de-tango.asp
Fonte: crv.educacao.mg.gov.br
Dia do Tango
Festeja-se o dia do Tango em 11 de dezembro, em homenagem às datas de nascimento dos criadores de duas vertentes da dança: Carlos Gardel (11 de dezembro de 1890) e Júlio de Caro, diretor de orquestra (11 de dezembro de 1899).
Gardel foi o maior propagador do tango no mundo. Faleceu aos 45 anos em acidente de avião, junto com toda sua orquestra, mas deixou preparado o caminho para outros tangueiros.
A origem do nome TANGO tem várias definições. Alguns atribuem à expressão tamgu , da Nigéria, que significa bailar ao som do tambor . Em Buenos Aires, acreditava-se que os negros designavam seu instrumento de “tangor” porque tinham dificuldade para pronunciar “tambor”.
Inicialmente o tango era interpretado ao som da flauta, violão ou violino. No início de 1900, foram chegando os imigrantes alemães e com eles, os acordeons. Começou aí, uma mistura de habaneras com polcas e ritmos já existentes, nascendo daí, segundo alguns historiadores, o TANGO. Hoje, sua interpretação é executada quase sempre por bandoneons.
Fonte: www2.portoalegre.rs.gov.br
Dia do Tango
OS REGISTROS OFICIAIS DO TANGO
Origem da palavra tango
Tangô, imitação da batida no tambor (africano). O nome designava a música e o local onde se dançava.
A primeira música
Surgiu no final de 1880.
Algumas ramificações do tango
a) Tango de salão;
b) Tango-dança (tango de espetáculo);
c) Tango-valsa (diferente de valsa vienense);
d) Milonga (além de ser um ritmo, é o local onde se dança tango, tango-valsa e milonga).
COMO FOI SURGINDO O TANGO
O tango apareceu em Buenos Aires a partir do final do século passado derivando da habanera, da milonga e de certas melodias populares européias. Nos salões, ele começou a ser dançado nas décadas de 30 e 40. A maneira de dançar o tango foi se modificando e evoluindo de acordo com a época. Entre 1870/1900, dançava-se uma coreografia sem música definida (podia ser valsa, polka ou habanera).
É a partir do fim de 1880 que surge o tango como música. A coreografia que se dançava era totalmente improvisada, com muitas paradas chamadas “cortes” (o dançarino parava de dançar para fazer poses com a sua parceira) e “quebradas” ( movimentos de cintura imitados dos negros). Os pares dançavam muito unidos, o que era escândalo para a época. É desta época a figura chamada de “parada”.
Nas duas décadas seguintes, o desenho realizado no chão com os pés é o que é valorizado na dança. É desta época os passos denominados “meia-lua” e “oito”. Nesta fase os pares se distanciam e os corpos formam um arco, provavelmente em função da criação do desenho no piso. Entre 1920 e 1940, a postura dos dançarinos se modifica mais uma vez, tornando-se mais elegante; é quando surge o tango de salão.
Já não interessa apenas o dançar e sim como dançar. É na década de 40 que se inicia a massificação do ritmo, pois foi quando mais se dançou o tango. Porém não houve um ganho na qualidade. Apenas nas décadas de 50 e 60 que os famosos “ganchos” e suas variações- tão popularizados no tango de apresentação- aparecem. Em 1970 a maior influência que o ritmo sofre é a do ballet clássico.
A paixão atual do mundo pelo tango se deve em grande parte pelo espetáculo “Tango Argentino” (de 1983) , produzido por Cláudio Segovia e Héctor Orezzoli, apresentado com sucesso na Europa e América. A partir deste espetáculo se revitalizou no mundo o interesse pelo aprendizado do ritmo. Segundo Segovia o espetáculo criou o tango-dança, que não existia antes (tango como espetáculo) e despertou o interesse e o desejo de aprender a dançar.
Diz também que o tango não é um ritmo que se aprende em poucas aulas. “A colocação do corpo, a cabeça, o olhar, os ombros, os braços, o tórax, as pernas, saber caminhar com passos largos e elegantes, é um processo que pode levar muito tempo. Depois de tudo isso, pode-se começar a aprender os passos.” , completa Segovia.
No Brasil, no início deste século, o que se chamava de tango brasileiro era em realidade o maxixe, pois foi a forma que os nossos compositores encontraram para burlarem o preconceito deste ritmo genuinamente nacional e precursor do samba.
Fonte: www.andreiudiloff.com.br
Dia do Tango
O Tango Brasileiro
Parece surpreendente a primeira vista, falar em tango brasileiro, pois a idéia que a grande maioria das pessoas têm, inclusive os brasileiros, é de que o tango só é coisa de argentinos e quando muito, de uruguaios. Mas, na verdade o tango também nasceu aqui no Brasil na mesma época de sua gênese na região rio-platense.
Talvez isso explique o porque de muitos brasileiros serem amantes do tango e apaixonados pela música e pela dança que cada vez mais cresce em nosso País, repetindo aqui o mesmo fenômeno que fez com que o tango argentino conquistasse boa parte do mundo compreendido por vários paises da Europa, América e a Ásia.
Na época da formação do tango, tanto na região do Rio da Prata, Uruguai e Argentina, e também aqui no Brasil, as influências que deram origem ao tango criollo , mais tarde denominado “tango argentino”, foram as mesmas que deram origem ao tango brasileiro.
As principais influências européias vieram da mazurca (polonesa), da polca e da valsa (Boêmia), da contradança (country dance inglesa), do chótis (schottisch escocês), do tango andaluz (espanhol), entre outras e, as principais influências africanas foram do candombe , para os uruguaios e argentinos e o candomblé para nós brasileiros. Já as influências latino-americanas, vieram das músicas campeiras, principalmente a milonga que era cantada pelos payadores ( gauchos, seresteiros do campo, gaúchos e sertanejos no Brasil). A habanera que era a música executada em Havana, Cuba e que havia se tornado o gênero musical criollo de Cuba, teve também grande influência na gênese do tango e tinha a mesma linha melódica do lundu brasileiro.
Entre 1850 e 1995, o tango se formava em sua gênese, sob essas influências, tanto na região rio-platense, quanto aqui no Brasil e por volta de 1870, já existiam no Brasil composições de tango que eram executadas basicamente, com os mesmos instrumentos que se executavam os tangos “porteños” e uruguaios, isto é, guitarra (violão), flauta transversa, pandeirinho, violino e piano. Nessa época os instrumentos de percussão de origem africana, os atabaques dos primeiros tangos originais, já não eram mais utilizados e poucos anos mais adiante, também os pandeirinhos foram retirados do tango.
Diversos tangos foram então, compostos no Brasil e na região rio-platense, até que em 1895 em Buenos Aires, surgia a primeira composição de um tango criollo para piano, segundo nos conta Horacio Ferrer, numa gravação histórica de seu CD, que é a trilha sonora de seu livro El Siglo de Oro del Tango – Manrique Zago Ediciones, Buenos Aires 1996. Ouvindo esse tango deparamos com a incrível semelhança musical com os nossos chorinhos para piano de então, executados aqui no Brasil na mesma ocasião, por Ernesto Nazaré, Chiquinha Gonzaga principalmente mas, também por outros maestros contemporâneos. Mais tarde, Nazaré resolveu mudar várias de suas 93 partituras conhecidas, de tango, para chorinho, atendendo aos interesses das gravadoras que queriam direcionar o tango brasileiro para o chorinho e para o samba.
Chiquinha Gonzaga, nessa mesma época, compôs e executou diversos tangos, tangos choros, valsas, mazurcas, gavotas, polcas e habaneras, todos de composições brasileiras, próprias e outros compositores.
Mais recentemente tivemos compositores de tangos brasileiros, tais como; Lina Pesce, David Nasser, José Fernandes, Nelson Gonçalves e vários outros. Sem falar da região sul do País, mais precisamente do Rio Grande do Sul, onde as influências rio-platenses e gaúchas se fazem notar nas diversas composições de milongas e tangos brasileiros.
Isto explica porque desde Francisco Canaro a Mariano Mores, grandes maestros argentinos, assim como o grupo musical Família Lima, no Brasil, executam chorinhos com andamento de tango e vice-versa, com é o caso do nosso Tico Tico no Fubá, um chorinho que é executado por eles como tango e como chorinho, demonstrando as semelhanças originais. Isso explica também porque os argentinos têm verdadeira admiração pelo chorinho que qualificam como sendo uma hermosura .
O tango criollo argentino foi aos poucos se identificando com as raízes porteñas e ganhando personalidade única, singular, descaracterizado-se com o passar dos anos, das semelhanças originais com o chorinho, principalmente a partir da introdução do bandoneon, como instrumento musical principal e característico, que se identificou e que casou definitiva e eternamente com o tango.
Como se verifica, esse é um tema bastante interessante e pode ser mais aprofundado com a leitura do livro: “Tango Uma Paixão Porteña no Brasil, especificamente no capítulo que trata sobre o tango brasileiro.
Fonte: www.bardetango.com.br
Dia do Tango
O TANGO NO BRASIL
O Brasil acompanha a evolução do tango, sob todas as suas formas, com o mesmo interesse e admiração de todos os países latino-americanos. Mesmo depois de 1960, com o advento do rock and roll, –e principalmente por isso– o arraigado interesse do brasileiro aumentou consideravelmente, notadamente para os que aprenderam a admirar a forma impecável de apresentação do ritmo portenho, sua melodia, sua poesia, sua dança e seus intérpretes.
Podemos afirmar, com absoluta convicção, que entre o anúncio de um espetáculo tangueiro e de uma banda de rock (até as consideravelmente famosas), em qualquer cidade de maior porte do Brasil, o primeiro terá seu efeito mais notável com seu seguidor fiel comparecendo, prestigiando a aplaudindo os que preservam as raízes plantadas por Villoldo, Arolas, Mendizábal e dezenas de outros precursores.
Evidentemente, com faixas etárias diferentes, mas o tango sempre atrairá mais platéia em quaisquer circunstâncias, além do que, para ouvir e se deliciar, e não para apenas assistir e bambolear . No dia seguinte, poucos comentam um espetáculo de rock, porém, todos aludem, positivamente e por semanas, um evento de tango.
O brasileiro, admirador de tango, prossegue descobrindo novidades que não assistia e nem ouvia nas décadas de 40 e 50 do recém passado século. Até mesmo no extremo sul brasileiro, onde a identidade com os países do Prata é mais íntima e forte, acostumamos, naquele período de vinte anos, também chamada de era de ouro do tango , a aplaudir Hugo Del Carril, Alberto Castillo, dentre os cantores. Já as orquestras mais em evidência, restringiam-se a Francisco Canaro (e Quinteto Pirincho) –que liderava com folga–, Aníbal Troilo, Trio Ciriaco Ortiz e muito pouco de Júlio de Caro, Osvaldo Fresedo, Rodolfo Biagi, Miguel Caló, Juan de Dios Filiberto e Alfredo de Angelis.
Não se difundiam outros tantos valores, já que, os citados, tinham estado por aqui, em excursões, ou seus discos em cera (78 rpm) eventualmente compunham as exíguas discotecas das pequenas rádios e serviços de alto-falantes da época.
Maestros e orquestras, cantores, poetas e arranjadores de valor admirável, jaziam longe do alcance dos tangueiros brasileiros. Somente recentemente –depois de 60– viemos a conhecer as belezas das execuções de Angel D’Agostino, Francisco Rotundo, Osvaldo Pugliese, Armando Pontier e outros da mesma linha e categoria.
Cantores como Ángel Vargas, Enrique Campos, Nelly Vázquez, Alberto Marino, Alberto Podestá, Floreal Ruiz, até mesmo o grande Edmundo Rivero, etc., somente depois de 1960, quando a nostalgia tangueira levou os aficionados a procurar as remasterizações, graças às quais se recuperou a memória do tango em toda a sua plenitude, nos dias presentes.
Conhecia-se, isto sim, Libertad Lamarque, Império Argentino, em gravações individuais, além de Alberto Arenas, Enrique Lucero, Mário Alonso, Charlo, Ernesto Famá, Nelly Omar e Angel Ramos (todos passaram pela orquestra de Canaro, cujas visitas ao Brasil eram freqüentes), Gardel, Castillo e Carril, já citados. Os discos, em sua maioria, destacavam somente as orquestras e autores. O cantor (ou estribilhista), ficava esquecido, ou em segundo plano
Assim o historiador qualifica Canaro, em relação ao Brasil: Francisco Canaro formou e conduziu aquela que foi, e ainda é, na história do tango e dos demais ritmos platenses,a mais famosa e celebrada orquestra . Quanto à unanimidade atual, contrariamos o historiador, porém, quanto às décadas de 40 e 50, o apoiamos em gênero e grau.
Observe-se, também, que esses astros do tango freqüentemente participavam de filmes sonoros; daí, a admiração dos aficionados do tango (que tinham como principal diversão as telas dos cinemas). Os poetas mais comentados eram, disparado, Discépolo e Alfredo Le Pera.
A origem do tango no Brasil acontece paralelamente ao desenvolvimento do gênero no Prata. Grandes compositores de fins do século XIX compuseram tangos: Chiquingha Gonzaga, Zequinha de Abreu e mais próximo no tempo Ernesto Nazareth.
Na primeira década do século XX ya se fazem gravações de tangos criados e interpretados por artistas brasileiro. Já na década de 20, cantores de fama nacional aderiram ao tango, incluindo-o em seus repertórios. Um dos precursores foi Francisco Alves, cognominado o rei da voz , que possuía um apreciado programa na principal rádio brasileira da época, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, ocupando o mais nobre horário dominical: 12 horas. Surgia, então, Eladir Porto, cujas gravações são hoje raríssimas. Foi a preferida dos eventos do Palácio do Catete, na época do Presidente Getúlio Vargas (primeira fase, de 1930/45).
A ela seguiu-se Dalva de Oliveira que, depois de seu afastamento do Trio de Ouro, de Herivelto Martins (seu marido), de quem se separara, passou à carreira individual, alcançando lugares invejáveis nas pesquisas. Portadora de voz privilegiada, pois alcançava tons elevadíssimos, chegou a gravar com Francisco Canaro, no Rio de Janeiro, tangos famosos como, Tristeza marina , Madreselva e Uno .
Outro cantor que embora teve sua carreira mais voltada aos sucessos anuais de carnaval, mas que gravou muitos tangos, foi Albertinho Fortuna. Entre seus sucessos levados aos discos LP, constam: El dia que me quieras, Nostalgias, Y todavia te quiero, La cumparsita, Mentira, Costa Abaixo, Amargura, Trenzas, Canción desesperada, Garua e Sus ojos se cerraron, todos em versões portuguesas. Carlos José, mais afeito a músicas portuguesas, contribuiu com alguns tangos em versão. Os poetas que mais se dedicaram às versões de tangos argentinos e uruguaios, no Brasil, foram, David Nasser, Haroldo Barbosa, Juracy Camargo, Maestro Ghiarone e Adelino Moreira. Este último, compositor inspirado e parceiro do cantor Nelson Gonçalves, fez para este versões inesquecíveis e compôs tangos brasileiros. Das versões mais conhecidas, podemos citar, Nostalgias, Confissão (Confesión), Mi Buenos Aires querido, Inveja (Envídia), Voltou uma noite (Volvió uma noche), El dia que me quieras, Triste abandono (Cuesta abajo), Garras, Mano a mano, Sem palavras (Sín palabras) e Amarras.
Celebrizou o tango brasileiro Carlos Gardel , em cuja letra, de David Nasser, cantava, em sua última estrofe …por isso enquanto houver um tango triste, um otário, um cabaré e uma guitarra, tu viverás também, Carlos Gardel .
Vive ainda, na cidade de São Paulo, uma das marcas registradas do tango, no Brasil: Carlos Lombardi, cuja perfeição interpretativa já arrancou por várias vezes, na Argentina e Uruguai.
Lombardi se aprimorou na escolha de seleto repertório de tangos, de Sebastián Piana, Gardel a Canaro, a Hector Varela. Seus mais aplaudidos sucessos estão plantados em interpretações como, Sueño azul, Fueron tres años, A media luz, Envidia, Um tropezón, Milonga Sentimental (com excelente arranjo) Que tarde que has venido, Yira yira e Tomo y obligo. É um cantor completo, com jeito de galã, bossa muito próxima a Carril ou Castillo. Sua voz é forte, melodiosa e vibrante e seu poder interpretativo exemplar.
Carlos Lombardi dedicou alguns sucessos a versões brasileiras de canções e outros ritmos populares brasileiros, para o tango, em castelhano. Nessa linha vamos encontrar, La distancia (de Roberto e Erasmo Carlos, com versão de Buddy McCluskey) e Dime como estás (Como vai você, de Antônio Marcos, com versão de Maria Losov). Um maestro que merece especial citação aqui, já que, além de formar sua própria orquestra típica, ainda criou e manteve, enquanto viveu, duas casas de tango (em São Paulo e Rio de Janeiro) foi José Fernandes. Suas casas tinham ingressos disputados.
Com novo e promissor impulso, trazido pela saudade de músicas efetivamente inspiradas, com história e tradição, os brasileiros aderem, cada vez em maior número, ao tango. Cidades como Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, possuem hoje ambientes eminentemente tangueiros. Além disso, suas casas de espetáculos e teatros sempre superlotam quando se anunciam Una Noche en Buenos Aires , com Podestá, Buono, Sandra Luna, Nora Rocca e outros; Antônio Magallanes, seu conjunto e bailarinos, ou o sempre presente Raúl Bordale (Borda-natural de Buenos Aires, P. Francia), que difundiu o tango, por muitos anos, na Europa, e hoje vive definitivamente em São Paulo, brilhando com o espetáculo Esta noche… TANGO!!! , acompanhado do bandoneonista César Cantero e seu Milongueros de 40, Roberto Abitante (piano), outro cantor, Carlos Esteves, além dos bailarinos Eduara e Corpo de Baile 4×2, já formado no Brasil.
Outra figura que atua frequentemente em programas de redes televisivas de São Paulo é um cantor argentino Alberto Cabañas.
Uma das excelentes intérpretes do tango e que participa sempre dos festivais de tango de Buenos Aires, é Mariana Avena, cantora e professora de dança (tango). É sobrinha do conhecido guitarrista Osvaldo Avena e seu pai foi bandoneonista também em Buenos Aires. Atualmente mora em Santos, onde tem uma academia de dança tangueira e está abrindo outra em São Paulo.
* Agilmar Machado é jornalista e escritor brasileiro, nascido em 28/07/34, na cidade de Araranguá, Estado de Santa Catarina. Historiador com várias obras publicadas, pertence à Academia Criciumense de Letras (Cadeira 21, da qual é patrono e ocupante). Presentemente desenvolve a obra Divagações Sobre o Tango , um relato minucioso da história do tango, em português. É assíduo freqüentador de TODOTANGO, onde colhe preciosos complementos para seu mais recente trabalho literário. Começou suas atividades rádio-jornalísticas em 1950, tornando-se jornalista profissional em 1969. Em 1972 já lançava seu primeiro livro. Pertence a uma prole numerosa, composta de jornalistas, escritores e advogados, daí sua vocação inegável nessas áreas.
Por Agilmar Machado
Fonte: www.todotango.com
Dia do Tango
Existe controvérsia a respeito da origem do tango. Uma das versões diz surgiu em meados de 1879 e tem origem africana, pois os negros escravos que vieram para a América trouxeram consigo seus costumes, e entre eles, uma dança denominada Tangano. Na região do Plata a dança se tornou popular entre as pessoas da zona portuária e por volta do final do século XIX, oTangano se desenvolveu e ficou conhecido como o Tango Argentino.
Outra versão diz que a origem da palavra é africana e, que significaria algo parecido a quilombo. Os escravos do litoral do Rio de la Plata eram imitados e caçoados em sua forma de dançar pelos imigrantes, gente do campo. À maneira de dançar acrescentaram uma música desconhecida, mistura da habanera, tango andaluz y milonga e por volta de 1880, já apresentava características argentinas; é dançada, nos subúrbios e cabarés do cais de Buenos Aires.
Uma outra versão afirma que o tango evoluiu a partir do ritmo do candombe africano (batuque dos negros do rio da Prata.), dos movimentos e passos da Milonga, e da linha melódica daHabanera. No início era “dançado” apenas por homens que “jogavam” tango para disputar uma mulher. A princípio, o tango foi discriminado pelos ricos e era dançado apenas por pessoas das classes mais pobres.
Independente da versão, a verdade é que o Tango surgiu no Rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina, no final do século XIX e desde então, vem sofrendo mudanças sucessivas até chegar ao que conhecemos, atualmente, dançado pelo casal abraçado.
No tango de salão é o cavalheiro que conduz a dama que o corresponde em harmonia. O tango de salão e não tem movimentos espalhafatosos e seqüências combinadas diferente do tango-show, mais conhecido e apreciado.
Fonte: www.amigosdadanca.com.br
Dia do Tango
Tango – A dança de salão
Do subúrbio a Paris
Dos prostíbulos aos salões da alta sociedade; do subúrbio de Buenos Aires a Paris. Com pouco mais de cem anos de vida, o tango percorreu um longo caminho, sofreu a ira dos defensores da moral e originou um gênero musical e um estilo de dança.
No final do século XIX, Buenos Aires era uma cidade de crescimento vertiginoso que recebia massas de imigrantes europeus, árabes e africanos. Quanto à dança, a sociedade estava dividida: a burguesia dedicava-se às polcas, mazurcas e valsas, enquanto as classes sociais inferiores dançavam o candombe uma dança na qual o casal não se enlaçava e o movimento estava mais ligado à percussão do que a melodia. Na segunda metade do século XIX, surgiram pequenos grupos. O violino, a flauta e o violão eram acompanhados de um pente unido a um papel de fumar, sem qualquer outra função a não ser a de ajudar a o ritmo.
Estas curiosas formações interpretavam melodias já existentes que os dançarinos acompanhavam com a sua fusão pessoal de candombe e habanera. Pouco, foram compostas músicas para estes grupos e, por volta de 1900, uniu-se a eles o bandônio. Com ele, o tango adquiriu sua característica mais valiosa.
Naqueles anos, os imigrantes eram principalmente homens que procuravam um lugar para suas famílias, 70% da população era masculino. Com estes homens dançavam com prostitutas, eram acompanhantes que impunham, sem encontrar resistência social, uma nova maneira de dançar, em que os corpos se aproximavam mais e desenvolviam um cortejo explícito e inaceitável para a burguesia. Embora os filhos dessa burguesia freqüentassem o subúrbio para se divertir, o tango não conseguiu aprovação social em Buenos Aires.
Foi em paris, cidade que em meados do século XX estava transformada em um formigueiro onde todo tipo de dança era praticado e onde os movimentos sexuais explícitos aviam conquistado todas as classes sociais, que o tango foi acolhido. Mas com fervosos detratores – o papa Pio X lhe proscreveu e o kaiser proibiu a dança ao seus oficiais-, o tango recebeu em Paris o vernis que o tornou adequado à sociedade: tudo que chegava à Europa, por excelência, não podia ser imoral. Os primeiros tangos eram alegres e, somente a partir dos anos 20 – quando do tango dançante surgiu o tango-canção -, a música e as letras passaram a adotar o seu característico tom melancólico e catastrófico. O passo também evoluiu desde a sua primeira exuberância à estilização com que chegou até aos nossos dias.
Por que o tango?
Na Espanha do século XIX, uma ramificação do flamenco recebia o nome de tango; na África, existem alguns lugares batizados com este nome; os cubanos-espanhóis utilizavam a palavra para referir-se ao lugar em que os escravos negros faziam suas festas. Essas ilustrações são umas possíveis explicações para a origem do nome da dança, mas nenhuma foi comprovada. O tango surgiu entre pessoas de pouca instrução e, portanto, é praticamente impossível descobrir a origem da palavra.
O tango canção
Carlos Gardel (1890-1935) foi o criador do tango-canção e continua sendo sua essência. Assim como o tango, Gardel era de origem humilde. O mestre teve três nacionalidades distintas e sua criação tornou-se mundialmente conhecida. Sua obra ficou conhecida como algo entre o austero e o desesperado. Morto em um acidente aéreo aos 45 anos de
idade, Gardel deixa uma herança para a humanidade de 1.500 discos.
O tango dançante
Sábado inglés, Un copetín, Armeronville são alguns dos títulos que os arrancadores atuais continuam escolhendo para divulgar o tango. Juan Maglio Pacho (1880-1934) foi um compositor tão famoso em sua época que, ao entrar em uma loja de discos as pessoas pediam: “um Pacho”. Deu à orquestra um som inconfundível com o bandônio nos joelhos, e proporcionou às suas orquestrações uma solidez que fez com que, no final do século XX, as casas discográficas reeditassem suas gravações. Assim como Gardel foi o rei do tango-canção, Juan Maglio foi um dos líderes do tango instrumental dançante. Oswaldo Fresedo (1897-1984), bandeonista e diretor de orquestra interessado nas big bands de jazz e autor de músicas célebres como El once, El espiante o Pimienta, foi seu sucessor. Entre os pioneiros da dança, um personagem imprescindível é El Cachafaz (1885-1942), que foi elevado à categoria de mito quando morreu de um ataque do coração, enquanto dançava um tango.
Referências:
Coleção: AS MELHORES DICAS DE DANÇA DE SALÃO Editora: DEL PRADO
Fonte: www.studiorenatomota.com.br
Dia do Tango
Etimologia da Palavra Tango
O Tango Argentino herdou influências de diferentes culturas. Através da história, pessoas de todo o mundo contribuiram para a criação do tango.
Existem várias teorias quanto às raizes da palavra tango.
Uma delas diz que a palavra tango é na realidade uma onomatopoeia: a palavra Tango representaria o som dos tambores que seriam usados no tango antigo. Há vários fatores que poem em causa esta teoria: o tambor nunca foi um instrumento de tango tipico, os primeiros instrumentos de tango foram o violino, a viola, a flauta, e mais tarde o bandoneon.
A segunda teoria diz-nos que a palavra Tango tem como origem a palavra portuguesa de origem latina tangere, que significa ‘palpável, tangível’. No entanto, se tivermos em consideração que o tango mais antigo não era caracterizado pela postura fechada, a palavra tangere não pode ser aceite como uma origem.
A teoria mais fiavel é a que afirma que Tango é uma palavra de raizes Africanas. Em várias línguas Africanas, tango significa dentro de casa o espaço fechado que muitas vezes era utilizado para dançar. Em Espanha, o Tango representava danças Africanas; ainda mais, algumas estilos de Habanera são conhecidos como Tango Andaluz. Assim, é obvio que a palavra tango era usada muito antes da dança Tango. Acredita-se que os primeiros passos de originaram da dança africana, onde eram dançados sem uma postura fechada, o que contraria de novo a teoria que suporta que palavra tango vem da palavra tangere.
Algumas pessoas acreditam que a origem da palavra tango vem da Africa do Sul, a partir da palavra tambo que significa festa ou celebração.
Conclui-se então o mais provável seja que a palavra tango tenha chegado à Argentina pelo Oceano Atlântico, pela mão dos escravos. Buenos Aires tinha um papel importante no tráfico de escravos, e este fato é normalmente pouco falado e até evitado, assim como as teorias que o usam como prova.
Os Africanos que atravessaram o oceano no século XIX century, para Rio de la Plata, em busca da sua liberdade, tiveram um papel fundamental no nascimento do tango.
Fonte: www.pasiontango.net
Dia do Tango
TANGO ARGENTINO
Em 1913, enquanto o mundo pegava fogo às vésperas da Primeira Guerra Mundial, o Arcebispo de Paris proibia os meneios e cruzamentos de pernas dos dançarinos de tango recém-chegados aos salões da moda.
Um Consistório – reunião de cardeais para tratar de assuntos urgentes da Igreja – foi convocado às pressas para deliberar sobre tão palpitante assunto.
No entanto, o sensato Papa Benedito XV (Cardeal Giacomo Della Chiesa, eleito em setembro de 1914) ao assistir uma exibição de tango por casal de profissionais considerou que se tratava apenas de uma novidade mais ousada e liberou sua execução.
ABALOU PARIS
Os oficiais e marujos franceses que aportavam em Buenos Aires na primeira década do século XX, tomavam conhecimento da dança sensual e erótica executada nos cabarés da zona portuária.
Deslumbrados, levavam nas bagagens partituras dos tangos mais populares. De porto em porto, a dança virou uma sensação.
Permanecendo em essência a paixão e a melancolia, o tango recebeu um tratamento coreográfico diferenciado na Europa, perdendo um pouco a sensualidade latina.
A dança se converteu em moda. A palavra “tango” virou adjetivo: batizou cocktails, tornou-se nuance de tecidos, sabor de chá e de bebidas. Tango virou sinônimo de transgressão.
TANGANO
Ritmo dos mais sensuais e envolventes, o tango é ensinado em todas as escolas de dança do mundo. Segundo alguns pesquisadores, sua origem está na África – a dança Tangano, que foi difundida primeiro na América Central pelos escravos ali chegados.
Outras fontes citam a palavra tangó que significava um lugar de reunião dos escravos, algo parecido com nossos quilombos. Nestes locais eram usados apenas instrumentos de percussão.
Os negros eram imitados (e ironizados) pelos “compadritos”, imigrantes e colonos com hábitos gaúchos.
RECEITA ECLÉTICA
Desta tentativa de imitação surgiu algo parecido – mas ainda distante – do que hoje chamamos tango. Foram acrescentados uns “toques” da habanera cubana, do candomblé africano, do flamenco andaluz, da canzone italiana e da milonga, vinda do folclore dos gaúchos argentinos. Assim, o tango virou um baile, evoluiu para gênero musical e, por fim, ganhou status de canção.
Ajudada pela improvisação dos dançarinos cristalizou-se a forma do tango argentino, que até hoje inspira poetas, músicos, atores e diretores de cinema e teatro.
CHEGA O BANDONEON
Dançado por pessoas das classes mais pobres e discriminado pelos ricos, a novidade recebeu um subsídio que a tornou popular entre toda a população: a orquestra típica com os primeiros grupos de “tocadores de tango”, onde se destacavam o sons da flauta e do violão. Depois entraram o piano, o violino, contrabaixo e, finalmente, o bandoneon – híbrido de acordeom e gaita gaúcha. Estava formada a orquestra típica. A música do subúrbio viajou até outros bairros de Buenos Aires, aos cafés da Zona Norte e ganhou o mundo.
CARLOS GARDEL
Gardel é sinônimo de tango
Charles Romuald Gardés, nascido em 11/12/1890 , em Toulouse, França, cantor, compositor, ator continua sendo um ícone para os apreciadores da música em particular e para todos os argentinos em geral. .
“Mi Noche Triste”, de sua autoria, está para o Tango como “O Barquinho” está para a nossa bossa nova: é o marco inicial do movimento.
Começou a carreira aos 17 anos, mas foi a formação de uma dupla com o uruguaio José Razzano e suas performances no cabaré Armenonville, em Buenos Aires, que o tornaram um fenômeno de vendas e de público.
Iniciou uma carreira solo em 1925, viajando constantemente pela América espanhola e Europa. Um contrato com a Paramount, em Hollywood rendeu atuações em vários filmes de sucesso.
Em 24 de junho de 1935 ,no esplendor da carreira, consagrado mundialmente, morreu em desastre aéreo em Medellin, Colômbia.
ASTOR PIAZZOLLA
Astor Piazzolla (1921-1992) nasceu em Mar del Plata e morou com a família nos Estados Unidos,onde estudou bandoneon com Bela Wilda e piano com Serge Rachmaninov.
No retornou à Argentina, a carreira deslanchou.
Sempre buscando a perfeição, continuou os estudos de piano e harmonia e, em 1946, formou sua primeira orquestra típica.
Aí começou a longa série de composições premiadas.O governo da França lhe concedeu uma bolsa de estudos para estudar com Nadia Boulanger.
Formou o famoso Octeto de Buenos Aires e sua Orquestra de Cordas, que revolucionaram a música argentina. Transformado em quinteto, o grupo correu o mundo.
Piazzolla musicou versos de Jorge Luis Borges e formulou os conceitos do movimento “nuevo tango” usando contrapontos revolucionários, novas harmonias, arranjos audaciosos e muita intuição. No Montreux Jazz Festival de 1986, recebeu encomenda de obras exclusivas para Pat Metheny, Keith Jarret e Chick Corea.
Em 1989 foi considerado um dos maiores instrumentistas do mundo pela Down Beat, famosa revista especializada em jazz.
Durante seus últimos anos compôs mais de 300 obras. e cerca de 50 trilhas musicais para filmes
Astor Piazzolla morreu em 4 de julho de 1992.
DIA DO TANGO – 11 DE DEZEMBRO
Em 1977, a prefeitura de Buenos Aires instituiu o Dia do Tango, que logo se tornou um evento nacional e agora faz parte do calendário cultural de diversos países.
A data foi escolhida para homenagear Carlos Gardel e o grande músico e compositor Julio De Caro, ambos nascidos neste dia.
Thereza Pires
Fonte: www.lunaeamigos.com.br
Dia do Tango
A Utopia do Tango
“Es (el tango) un pensamiento triste que se baila” – Enrique Santos Discépolo
Ao enlaçar sua parceira na pista de dança, não é a alegria que o move, nem a ele, nem a ela. Os passos felinos e o apuro duvidoso do par anunciam aos presentes um acontecimento quase que metafísico: bailarão um tango!
O dançarino por vezes nem tira o chapéu que lhe vai inclinado na cabeça. Um lenço qualquer lhe envolve o pescoço. Ela, bela, com os cabelos presos, rodopia numa saia justíssima, onde abre-se uma generosa fenda.
O ritmo sincopado e malevolente que escutam ao fundo é de um bandoléon soluçante, de um violino e de um piano. Executam então os dois o mais lascivo dos balés que se conhece.
Se a melodia é chorosa, as letras, antigamente cantadas em lunfardo – o latim dos marginais portenhos – são heterogêneas e devastadoras. É a lírica de vidas destroçadas por traições e falsidades, por desilusões e crimes. Mulheres pérfidas e amigos tramposos são o sal da dramaturgia tanguista: – “Mi china fue malvada, mi amigo era un sotreta”. É a estética de um mundo canalha e ressentido. E não é para menos.
Filho do lupanar e do boliche, da taverna da periferia de Buenos Aires, o tango nasceu em meio a duelos de garrucha e de punhais, travados nas sombras malditas do subúrbio, que lhe salpicaram os cueiros de pólvora e sangue. Teve como escola as então perigosas barrancas do Rio da Prata com seu intenso tráfico de carnes.
Dança bastarda de autômatos
Tango, a dança do subúrbio violento, da faca e da traição
Atribuem-lhe, como à maioria dos bastardos, muitos pais, todos ilegítimos. Resultou ele de um curioso sincretismo: a milonga nativa, argentina pura, misturou-se de malgrado com as cantorias italianas, sicilianas e napolitanas, trazidas pelos milhares de imigrantes peninsulares “invasores”, que chegaram a Buenos Aires há bem mais de um século atrás.
Não há entre os argentinos quem não palpite ou divague sobre o tango. Juan Pablo Echegüe por exemplo só viu sexo nele, um retorço de obscenos. E não está longe da verdade. Afinal os parceiros são uns fingidos. Ele, em trajes de rufião, aparenta protegê-la quando de fato a explora. A bailarina não lhe fica atrás. Simula entregar-se por amor e não por medo. Para E. Martinez Estrada, o grande ensaísta do Pampa, vê nele apenas automatismo, a robotização dos movimentos.
O tango, assegura ele, é um “baile sem expressão, monótono, com o ritmo estilizado de um ajuntamento. Não tem, diferente das demais danças, um significado que fale aos sentidos, com uma linguagem plástica, tão sugestiva, ou que suscite movimentos afins no espirito do espectador, pela alegria, ou entusiasmo. É um baile sem alma, para autômatos, para as pessoas que renunciaram às complicações da vida mental e se recolhem ao nirvana.
É deslizar-se. Baile de pessimismo, ….baile das grande planícies sempre iguais de uma raça esgotada, subjugada, que a percorre sem fim, sem um destino, na eternidade do seu presente que se repete. A melancolia provém dessa repetição, do contraste que resulta ver corpos dois corpos organizados para os movimentos livres submetidos a uma fatídica marcha mecânica de animal maior.” (Radiografia de la Pampa, 1933, pag.162)
Opiniões desencontradas
Já Ernesto Sábato sente profunda candura pelo tango. É uma sublimação, disse, uma busca desesperada pelo verdadeiro amor. Nauseados pelo sexo mercenário, pelo proxenetismo descarado que os cerca, homem e mulher encenam, ainda que com arabescos eróticos, o que lhes ocorre ser, na sua imaginação de desesperados, uma autentica e pura paixão.
Daí aquela seriedade ensimesmada dos bailarinos: “En mi vida tive muchas, muchas minas, pero nunca una mujer!”- eis ai a utopia do tango: encontrar um amor genuíno.
Carlos Gardel, o maior intérprete do tango
A mistura entre o criollismo e o gringuismo – entre seus inventores encontra-se um Poncio e um Zambonini -, fez com que uns intransigentes, uns xenófobos, negassem sua natureza argentina. Não tinha para eles o aroma saudável do pampa.
Ao contrário, o tango transpirava a perfume de mundana, a suor forte, carcerário, do compadrito mal encarado, gente estranha à verdadeira platinidade.
Não foi esta opinião de Jorge Luis Borges para quem a prova mais evidente e irrefutável do argentinismo do tango é que nenhum outro maestro, ou outro músico – em todos os cantos do planeta por onde escutou-se o lamento do seu acordeão – conseguiu despertar o mesmo sentimento que qualquer tanguero platino provoca.
A universalização do tango – imortalizado por Carlos Gardel nos anos vinte, seduzindo os bem-nascidos e chiques que tomaram-no como exemplo de elegância – assemelhou-se ao sucesso da valsa no século 19. Impressionante metamorfose. Como no conto de fadas, o sapo virou príncipe.
A opereta do bordel do arrabalde arrebatou o Teatro Colón. E não só isso! Perante a esta maré montante que faz anos que nos assola, a do roque anglo-saxão – tribal, autista, ensurdecedor -, o tango, tão bem lembrado por Carlos Saura em recente filme, passou a ser a última esperança de um dançar civilizado na cultura ocidental.
Referências
Ferrer, Horacio – El Tango, su historia y evolucion, B. Aires, Peña Lillo/ Ediciones Continente
Andrés M. Carretero – Tango, testigo social, B. Aires, Peña Lillo/ Ediciones Contintente
(sugestões de Mauro Dias, in “O Estado de São Paulo” Caderno 2/Cultura, 7.5.2000)
Fonte: www.educaterra.terra.com.br
Redes Sociais