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Alfredo da Rocha Vianna, flautista, saxofonista, compositor, cantor, arranjador e regente. Nasceu no dia 23/4/1897, Rio de Janeiro, RJ, e morreu no dia 17/2/1973 na mesma cidade.
Há uma controvérsia em torno de seu verdadeiro nome. Na certidão de batismo, consta apenas o nome de Alfredo. Já na certidão de nascimento, consta o mesmo nome de seu pai, Alfredo da Rocha Vianna. De acordo com o livro Filho de Ogum Bexiguento , “alguns documentos particulares (recibos, carteirinhas de clube, jornais) registram-no como Alfredo da Rocha Vianna Filho. Já a certidão de óbito, além de diversos jornais, falam de Alfredo da Rocha Vianna Júnior.” Mas ao que parece, pixinguinha não se importava muito com isso.
Uma outra controvérsia se deu por volta de seu septuagésimo aniversário, quando seu amigo Jacob do Bandolim lhe contou que obtivera na Igreja de Santana a certidão de batismo do compositor, que indicava a data correta de seu nascimento: 23 de abril de 1897, ou seja, um ano antes da data que pixinguinha pensava ter nascido: 23 de abril de 1898. Quando este soube do fato, pediu a Jacob que não comentasse com ninguém, porque seria frustrante para muita gente saber que todas aquelas comemorações (das quais participaram célebres políticos e alguns dos maiores nomes da MPB) não tinham razão de ser, uma vez que o 70º aniversário ocorrera um ano antes. pixinguinha detestava confusão”.
Filho de Raimunda Maria da Conceição e Alfredo da Rocha Vianna, pixinguinha tinha treze irmãos, sendo quatro do primeiro casamento de sua mãe. Sua infância se deu num casarão de oito quartos no bairro do Catumbi, onde morava toda a sua família, e ainda no porão, tinha espaço para hóspedes amigos da família como Sinhô, Bonfiglio de Oliveira, Irineu de Almeida, entre outros. Por isso, o casarão ficou conhecido como “Pensão Viana”.
Pixinguinha era conhecido como “Pizindin” (menino bom) apelido dado por sua avó Edwiges, que era africana. Três de suas irmãs afirmaram, certa vez, em um depoimento, que quem deu esse apelido a Pixinguinha foi uma prima, Eurídice, e que a família acabou transformando “Pizindin” em “Pizinguim” (que segundo Almirante significa pequeno bobo em dialeto africano). De acordo com o depoimento do próprio compositor para o MIS, o apelido “Pixinguinha” surgiu da fusão do apelido “Pizindin” com o de “Bexiguinha”, herdado ao contrair “Bexiga” (varíola) na época da epidemia, que deixou marcas em seu rosto.
Seus estudos curriculares começaram com o professor Bernardes, na base da palmatória. Passou depois para o Liceu Santa Teresa, onde teve Vicente Celestino como colega, e posteriormente para o Mosteiro de São Bento, onde futuramente também estudaria o compositor Noel Rosa. Mas o negócio de Pixinguinha era a música, e não a escola. Então, um tempo depois, ele largou o Mosteiro com apoio da família para se profissionalizar.
Quase todos na sua casa tocavam algum instrumento: Edith tocava piano e cavaquinho, Otávio (mais conhecido como China) tocava violão de 6 e 7 cordas e banjo, cantava e declamava. Henrique e Léo tocavam violão e cavaquinho. Hermengarda não se tornou cantora profissional diante da proibição do pai. pixinguinha começou seu aprendizado musical inicialmente com seus irmãos, que lhe ensinaram cavaquinho.
Seu pai tocava flauta e promovia muitas festas em casa, das quais participavam chorões famosos, como por exemplo Villa Lobos, Quincas Laranjeira, Bonfiglio de Oliveira, Irineu de Almeida, entre outros. Pixinguinha cresceu ouvindo essas reuniões musicais, e, no dia seguinte a cada noitada, tirava de ouvido os chorinhos aprendidos na noite anterior, numa flauta de folha. Mas seu grande sonho mesmo era aprender a tocar requinta (uma espécie de clarinete). Não tendo dinheiro para comprar o instrumento para o filho, Alfredo foi lhe ensinando a tocar flauta mesmo.
Como dissemos, o respeitado flautista Irineu de Almeida que morava na “Pensão Viana” nessa época, começou também a passar seus conhecimentos para Pixinguinha, que progredia assustadoramente. Entusiasmado com a rapidez de seu aprendizado, seu pai presenteou-lhe com uma flauta italiana da marca Balancina Billoro. Com essa flauta, além de tocar em bailes e quermesses, em 1911 Pixinguinha estreou em disco, como integrante do conjunto Pessoal do Bloco.
Seu primeiro emprego como flautista foi na Casa de Chope La Concha. Depois disso tocou em vários cassinos, cabarés, bares, tornando-se em pouco tempo conhecido nas noites da Lapa. Apresentava-se nos cinemas, com as orquestras que tocavam durante a projeção dos filmes mudos. Tocou também em peças do teatro Rio Branco, substituindo o flautista Antônio Maria Passos, que adoecera. Quando Passos voltou, surgiram reclamações de todos os lados, porque estavam todos acostumados com os shows de improviso que Pixinguinha fazia. Assim, um tempo depois, Passos perdeu seu lugar para o jovem flautista.
Sua primeira composição é de 1911, o choro Lata de leite. Segundo o livro Filho de Ogum Bexiguento, essa música “foi inspirada no costume dos chorões de beberem o leite que os leiteiros já haviam deixado nas portas das casas quando, de madrugada, retornavam das tocatas com seus instrumentos”.
No final da 1º guerra (1919), em decorrência à gripe espanhola, as salas de cinema ficavam vazias, pois todo mundo temia ficar em lugares fechados com medo de ficar doente. Então, para atrair o público, o Cinema Odeon contratou Ernesto Nazareth para tocar piano na sala de espera. Preocupado com a concorrência, Isaac Frankel, gerente do Cinema Palais que ficava quase em frente ao Odeon, convidou Pixinguinha a formar um conjunto para tocar na sala de espera. Assim surgiu o conjunto Oito Batutas. Os integrantes do grupo eram Pixinguinha(flauta), Donga (violão), China (violão e voz), Nelson Alves (cavaquinho), Raul Palmieri (violão), Luiz Pinto da Silva (bandola e reco-reco), Jacob Palmieri (pandeiro) e José Alves Lima (bandolim e ganzá), posteriormente substituído por João Pernambuco (violão).
O repertório do grupo variava entre modinhas, choros, canções regionais, desafios sertanejos, maxixes, lundus, corta-jacas, batuques, cateretês etc. Em várias apresentações os integrantes do grupo adotaram pseudônimos sertanejos. pixinguinha por várias vezes foi “Zé Vicente”.
De 1919 a 1921 o grupo fez uma turnê no interior e capital de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco. De volta ao Rio, começaram a tocar no Cabaré Assírio, no subsolo do Teatro Municipal. Foi lá que conheceram Arnaldo Guinle, milionário e fã do grupo que patrocinou uma temporada para os Oito Batutas em Paris. Impossibilitados de sair da cidade, os irmão Palmieri e Luiz Pinto da Silva foram substituídos por Feniano, José Monteiro e J. Thomás, respectivamente, sendo que J. Thomás adoeceu, ficando o grupo reduzido a sete integrantes. Em 29/1/1922 eles embarcaram para a Europa, mas com o nome de Os Batutas (em francês “Les Batutas”). O sucesso foi imediato, mas a ida do grupo causou polêmica. Muita gente se sentiu honrado pela representação do Brasil lá fora, outras pessoas preconceituosas se sentiram envergonhadas, “taxavam a viagem de desmoralizadora do Brasil e pediram até providências por parte do Ministro do Exterior.”
A turnê estava programada para um mês, mas devido ao tremendo sucesso, acabaram ficando por lá 6 meses e só voltaram porque a saudade era grande. Os Oito Batutas voltaram com influência jazzística na bagagem. Pixinguinha ganhou um saxofone de Arnaldo Guinle que muitos anos depois iria substituir a flauta.
Donga substituiu o violão pelo banjo e eles também incorporaram instrumentos ainda desconhecidos na música popular, como pistão, trombone e clarineta. Continuaram tocando no Assírio, e em vários outros locais, até que surgiu uma outra viagem, desta vez para a Argentina onde embarcaram, não se sabe ao certo, entre dez/22 e abril/23. Novamente o grupo foi modificado: Pixinguinha(flauta e saxofone), J. Thomás (bateria), China (violão e voz), Donga (violão e banjo), Josué de Barros (violão), Nelson Alves (cavaquinho), J. Ribas (piano) e José Alves (bandolim e ganzá). O sucesso foi grande, mas as divergências foram maiores, e o grupo se dividiu, ficando metade sob a liderança de pixinguinha e China, e a outra metade com Donga e Nelson Alves. O grupo liderado por pixinguinha ficou na Argentina, enquanto que a outra parte liderada por Donga voltou ao Brasil. Os que na Argentina ficaram tiveram sérios problemas de sobrevivência.
Depois de levar um golpe de um empresário que fugiu com todo o dinheiro do grupo, a única saída era apelar. E foi o que eles fizeram. Josué de Barros (que alguns anos depois seria o descobridor de Carmen Miranda) resolveu dar uma de faquir, ficando enterrado vivo durante dez dias, para ver se arranjavam dinheiro para pelo menos voltar para o Brasil, mas no terceiro ou quarto dia teve que desistir da idéia, pois o calor era grande e a esposa do chefe de polícia, sensibilizada, pediu que ele desistisse. O retorno ao Brasil se deu com a ajuda do consulado brasileiro em Buenos Aires.
Além dos Oito Batutas, pixinguinha em sua carreira liderou várias formações musicais, tais como: Orquestra Típica Pixinguinha-Donga (1925), Orquestra Victor Brasileira, Orquestra Típica Victor (1930), Grupo da Guarda Velha (1931), Diabos do Céu (1933), Cinco Companheiros (1937), a dupla Benedito Lacerda & Pixinguinha(1946) e o grupo Velha-Guarda (1956). Conforme o pesquisador Tarik de Souza, através da indicação de Heitor Villa Lobos, pixinguinha liderou o grupo (com Cartola, Donga, Zé da Zilda, Jararaca, Luiz Americano) que gravou em 1940 com o maestro norte-americano Leopold Stokowski (o mesmo que regeu a trilha sonora do filme Fantasia de Walt Disney), à bordo do navio Uruguai, dentro do plano do presidente Roosevelt de fortalecimento dos laços culturais com vizinhos aliados durante a Segunda Guerra.
Quando pixinguinha trabalhou como regente na peça Tudo Preto, conheceu a atriz e cantora Jandira Aymoré, que chamava-se na verdade Albertina Pereira Nunes (Betí, para Pixinguinha). Casaram-se em 05 de janeiro de 1927. Oito anos depois, foi comprovada a existência de um problema de esterilidade no casal, que então resolveu adotar um filho, Alfredo da Rocha Vianna Neto.
Em agosto de 1928 faleceu seu irmão e melhor amigo, China, aos 37 anos, com aneurisma da aorta, enquanto esperava ser atendido na sala de espera de um consultório médico.
Pixinguinha levou o título de ser o primeiro orquestrador da Música Popular Brasileira. É dele a famosa introdução da música O teu cabelo não nega, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença e de Taí, de Joubert de Carvalho (sucesso lançado por Carmen Miranda). Ou seja, ele pode ser considerado co-autor de dezenas de músicas as quais lhe coube a “função” de escrever as introduções. Em 1929, quando foi contratado pela RCA Victor para ser orquestrador exclusivo da gravadora, inaugurou essa prática ainda não existente no Brasil.
Diante do conselho de vários de seus amigos, pixinguinha foi fazer um curso de música, para adquirir um pouco de teoria e recebeu o diploma em outubro de 1933. Foi quando recebeu um convite para assumir o cargo de fiscal da Limpeza Urbana Pública, mas não para cuidar da limpeza da cidade, e sim para que ele fundasse uma banda, a Banda Municipal. Mas como não combinava, o litro de pinga que ele tomava antes de cada ensaio, com a disciplina militar da banda, e ainda somando sua ojeriza em usar a farda com botas de cano longo, foi logo transferido para a carreira burocrática, que escalou, passo a passo, até se aposentar, em 1966 como Professor de Artes.
Em 1946, Pixinguinha, com as mãos trêmulas devido à bebida e sem embocadura, trocou a flauta pelo saxofone definitivamente. Unindo-se ao flautista Benedito Lacerda, formou uma dupla que gerou muitos comentários e dúvidas nos meios musicais, porque a fama de Benedito era de apossar-se de músicas alheias. Ao que parece, Benedito e Pixinguinhafizeram um acordo. Sem dinheiro para pagar a casa que havia comprado e que estava hipotecada, pixinguinha recorreu ao amigo que lhe conseguiu o dinheiro, em troca de parceria.
Pixinguinha também fez a trilha sonora de dois filmes: Sol sobre a lama de Alex Vianny e Um dia qualquer.
Em 1956 pixinguinha recebeu a homenagem do prefeito Negrão de Lima, através da inauguração da rua Pixinguinha, em Olaria, onde morava o compositor.
Foi na terceira complicação cardíaca, em 1964, que pixinguinha teve que ficar internado por mais de um mês, além de ter que abdicar à bebida, comida e parar de tocar saxofone, retornando a seus velhos hábitos dois anos depois. Quando o médico, algum tempo depois, lhe deu alta para tocar saxofone novamente, pixinguinha chorou. Enquanto esteve hospitalizado, pixinguinha compôs 20 músicas, e para cada uma dava um título relacionado com alguma coisa que acontecia no hospital. Uma delas, por exemplo, se chamou Manda brasa, expressão que ouviu da cozinheira, quando ia almoçar. Num momento que estava sozinho escreveu Solidão, e quando recebeu alta escreveu Vou pra casa.
Seu filho Alfredo casou-se em janeiro de 1971. No ano seguinte, Betí ficou seriamente doente e foi internada no hospital. O coração de Pixinguinha, já fraco, não agüentou. Sofreu um enfarte, e foi parar no mesmo hospital que a esposa estava internada. Como o estado de Betí era mais grave do que o de Pixinguinha, pai e filho combinaram que todos os dias, no horário de visita, o compositor vestiria seu terno, seu chapéu, e levaria um buquê de flores para a esposa, que, alguns dias depois, mais precisamente em 07 de junho de 1972, aos 73 anos, morreu, sem saber do estado do marido.
Depois da morte de Betí, Alfredo Neto foi morar com sua esposa na casa do pai, para lhe fazer companhia. Em janeiro de 1973 nasceu o primeiro neto de Pixinguinha. Em 17 de fevereiro de 1973, Pixinguinh ateve outro enfarte, durante um batizado no qual seria padrinho. Apesar de ter sido socorrido às pressas, pixinguinha morreu ali mesmo, dentro da igreja, aos 74 anos.
Várias homenagens póstumas lhe foram prestadas, entre elas, a da Portela, que, no carnaval seguinte levou para a Avenida o samba-enredo O mundo melhor de Pixinguinha, com autoria de Jair Amorim, Evaldo Gouveia e Velha, que lhes rendeu o segundo lugar.
Pixinguinha escreveu, aproximadamente, duas mil músicas. Foi um dos mais férteis compositores da MPB.
Principais sucessos:
Ainda me recordo, pixinguinha e Benedito Lacerda (1946)
A vida é um buraco, Pixinguinha(1930)
Carinhoso, Pixinguinhae João de Barro (1917)
Carnavá tá aí, pixinguinha e Josué de Barros (1930)
Chorei, pixinguinha e Benedito Lacerda (1942)
Cochichando, pixinguinha e Benedito Lacerda (1944)
Fala baixinho, pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho (1964)
Gavião calçudo, pixinguinha e Cícero de Almeida (1929)
Ingênuo, Pixinguinha, B. Lacerda e Paulo César Pinheiro (1946)
Já te digo, pixinguinha e China (1919)
Lamento, Pixinguinha(1928)
Mundo melhor, pixinguinha e Vinícius de Moraes (1966)
Naquele tempo, pixinguinha e Benedito Lacerda (1934)
Os cinco companheiros, pixinguinha (1942)
Os Oito Batutas, pixinguinha (1919)
Página de dor, pixinguinha e Cândido das Neves (1930)
Patrão prenda o seu gado, Pixinguinha, Donga e João da Baiana (1931)
Proezas de Solon, pixinguinha e Benedito Lacerda (1946)
Rosa, pixinguinha e Otávio de Souza (1917)
Samba de fato, pixinguinha e Cícero de Almeida (1932)
Segure ele, pixinguinha e Benedito Lacerda (1929)
Seresteiro, pixinguinha e Benedito Lacerda (1946)
Sofres porque queres, pixinguinha e Benedito Lacerda (1917)
Um a zero, pixinguinha e Benedito Lacerda (1946)
Vou vivendo, pixinguinha e Benedito Lacerda (1946)
Yaô, pixinguinha e Gastão Viana (1938)
1. SILVA, Marília T. Barboza e FILHO, Arthur L. de Oliveira. Filho de Ogum Bexiguento. Rio de Janeiro, Funarte, 1979 – p.p. 25/26.
2. Texto escrito por Sérgio Cabral, contido no LP Pixinguinha, vida e obra – Rede Globo/Som Livre, 1978.
Fonte: www.geocities.com
Pixinguinha
1898 – 1973
Alfredo da Rocha Vianna Jr
Músico, instrumentista, cantor e compositor brasileiro nascido no bairro do Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro, famoso autor de chorinhos na história da música popular brasileira.
Aos 12 anos de idade fez sua estréia como músico profissional em uma casa de chopp da Lapa, denominada A Concha.
Pouco depois foi tocar na orquestra do Teatro Rio Branco, dirigida pelo célebre maestro Paulino Sacramento.
Apesar de um menino no meio daqueles profissionais saiu-se bem.
Sua estréia se deu na peça Chegou Neves onde ele ainda tocava de calças curtas.
Pixinguinha
Fez sua primeira gravação foi na Favorite Record (1911) com a música São João debaixo dágua.
Nesta gravadora ficou por três anos e passou a integrar o Grupo do Caxangá (1913), conjunto organizado por João Pernambuco, de inspiração nordestina, tanto no repertório, como na indumentária, onde cada integrante do conjunto adotava para si um codinome sertanejo.
O grupo se tornou o grande sucesso musical do carnaval (1914), com o tango Dominante (1914) teve sua primeira composição gravada, disco Odeon (1915), com interpretação do Bloco dos parafusos.
Neste ano começou a fazer suas primeiras orquestrações para cinemas, teatros, circos etc.
Começou a gravar na Odeon e o seu primeiro disco seria Morro da favela (1917), um maxixe, e Morro do Pinto, outro maxixe.
Registrou vários discos com músicas de sua autoria, e alguns em que atuou apenas como intérprete.
Destacaram-se neste início as gravações do tango Sofres porque queres (1917) e a valsa Rosa (1917).
Seu grande sucesso popular aconteceria com o samba Já te digo (1919), composto com China, lançado pelo Grupo de Caxangá.
Constituíu o conjunto Os Oito Batutas (1919) para sonorizar os cinemas.
O grupo tornou-se uma atração à parte, maior até que os próprios filmes e o povo aglomerava-se na calçada só para ouvi-los.
Conquistaram rapidamente a fama de melhor conjunto típico da música brasileira, empreendendo excursões por São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco.
Embarcaram para Paris, custeados por Arnaldo Guinle, por sugestão do dançarino Duque, divulgador do maxixe no exterior (1922), estreando em meados de fevereiro no Dancing Sherazade e a temporada prevista para apenas um mês, prolongou-se até o final do mês de julho, quando retornaram ao Brasil para participarem das comemorações do centenário da Independência do Brasil.
Gravou na Parlophon os choros Lamento e Carinhoso (1922) e no ano seguinte embarcaram para uma temporada na Argentina, onde gravaram treze músicas.
Porém divergências entre os integrantes do grupo durante a permanência em terras portenhas, levaram a dissolução do grupo brasileiro.
No Brasil o extraordinário músico brasileiro continuou fazendo sucesso e casou-se (1927) com Albertina da Rocha, a D.
Betty, então estrela da Companhia Negra de Revista.
Fundou o grupo Jazz-Band Os Batutas (1928).
Organizou e integrou como flautista, arranjador e regente o Grupo da Velha Guarda (1932), conjunto que reuniu alguns dos maiores instrumentistas brasileiros da época e realizou inúmeras gravações na Victor, acompanhando também grandes cantores como Carmen Miranda, Sílvio Caldas, Mário Reis entre outros.
Organizou também na Victor a orquestra Diabos do Céu (1932).
Diplomou-se em teoria musical no Instituto Nacional de Música (1933).
Foi nomeado para o cargo de Fiscal de Limpeza Pública (1933), e adotou uma criança (1935), Alfredo da Rocha Vianna Neto, o Alfredinho.
Deu parceria a Benedito Lacerda para vários dos seus choros (1946) e gravaram juntos os seguintes discos nos anos seguintes.
Foi homenageado pelo prefeito Negrão de Lima com a inauguração da Rua Pixinguinha, no bairro de Olaria, onde morava (1956).
Recebeu o Prêmio da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (1958), diploma concedido ao melhor arranjador pelo Correio da Manhã e pela Biblioteca Nacional.
Durante sua vida, recebeu cerca de 40 troféus.
Sofreu uma segunda crise cardíaca (1958), contornada pelos médicos.
Seis anos depois sofreu um enfarte (1964), tendo sido internado no Instituto de Cardiologia.
Pelo período de dois anos, afastou-se das atividades artísticas.
Foi um dos primeiros a registrar depoimento para a posteridade no Museu da Imagem e do Som (1966).
Obteve grande repercussão na imprensa e que seria depois reproduzido no livro As vozes desassombradas do Museu (1969).
Recebeu a Ordem de Comendador do Clube de Jazz e Bossa (1967), o Diploma da Ordem do Mérito do Trabalho, conferido pelo Presidente da República e o 5º lugar no II Festival Internacional da Canção, onde concorreu com o choro Fala baixinho (1964), feito em parceria com Hermínio B.de Carvalho.D.Betty, sua companheira por mais de 40 anos, foi internada com problemas cardíacos no Hospital do IASERJ, hospital onde também ele seria internado horas depois.
D.Betty nunca soube que seu marido estava também doente.
Aos domingos, na hora da visita, ele trocava o pijama pelo terno e subia mais alguns andares para ver a esposa.
Ela morreu no dia 07 de junho, sem saber do que acontecia com o marido.
Faleceu vitimado por problemas cardíacos durante a cerimônia de batismo de Rodrigo Otávio, filho de seu amigo Euclides de Souza Lima, realizada na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.
Outros grandes sucessos seus foram
Os Oito Batutas (1919), Segure ele (1929), Gavião calçudo (1929), Página de dor (1930), A vida é um buraco (1930), Carnavá tá aí (1930), Patrão prenda o seu gado (1931), Samba de fato (1932), Naquele tempo (1934), Yaô (1938), Os cinco companheiros (1942), Chorei (1942), Cochichando (1944), Ingênuo (1946), Ainda me recordo (1946), Proezas de Solon (1946), Seresteiro (1946), Um a zero (1946), Vou vivendo (1946) e Mundo melhor (1966).
Fonte: www.dec.ufcg.edu.br
Pixinguinha
Músicos, musicólogos e amantes de nossa música podem discordar de uma coisa ou outia. Afinal, como diria a vizinha goida e patusca de Nélson Rodrigues, gosto não se discute. Mas, se há um nome acima das preferências individuais, este é Pixinguinha. O crítico e historiador Ari Vasconcelos sintetizou de forma admirável a importância desse fantástico instrumentista, compositor, orquestrador e maestro:Se você tem 15 volumes para falar de toda a música popular brasileira, fique certo de que é pouco. Mas se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido; escreva depressa: Pixinguinha.
Uma rápida passagem pela sua vida e sua obra sei-ia suficiente para verificar que ele é responsável por façanhas surpreendentes, como a de esti-ear no disco aos 13 anos de idade revolucionando a interpretação do choro. É que naquela época (1911) a gravação de disco ainda estava em sua primeira fase no Brasil e os instrumentistas, mesmo alguns ases do choro, pareciam intimidados com a novidade e tocavam como se tivessem pisando em ovos, com medo de errar. pixinguinha começou com seguiança total e improvisou na flauta com a mesma tranqüilidade com que tocava nas iodas de choro ao lado do pai e dos irmãos, também músicos, e dos muitos instrumentistas que formavam a elite musical do início do século XX.
Pixinguinha só não ei-a eficiente em certos aspectos da vida prática. Em 1968, por exemplo, a música popular brasileira, os jornalistas, os amigos e o próprio governo do então estado da Guanabai-a mobilizaram-se para uma série de eventos comemorativos pela passagem dos seus 70 anos no dia 23 de abril. Sabendo que a certidão de nascimento mais utilizada em fins do século XIX ei-a a certidão de batismo, o músico e pesquisador Jacob Bitencourt, o grande Jacob do Bandolim, compareceu à igi-eja de Santana, no Centro do Rio, para obter uma cópia da certidão de batismo de Pixinguinha, e descobriu que ele não fazia 70 anos, mas 71, pois não nascera em 1898 como sempre informou, mas em 1897.
O erro foi-a consagrado oficialmente em 1933, quando pixinguinha procurou o cartório para fazer a sua primeira certidão de nascimento. Mas não se enganou apenas no ano. Registrou-se com o mesmo nome do seu pai, Alfredo da Rocha Viana, esquecendo-se do Filho, que ei-a seu, e informou errado o nome completo da mãe: Raimunda Rocha Viana em vez de Raimunda Maria da Conceição. O que é certo é que tinha muitos irmãos: Eugênio, Mário, Oldemar e Alice, do primeiro casamento de Raimunda, e Otávio, Henrique, Léo, Cnstodolina, Hemengarda, Jandira, Hermínia e Edith, do casamento dela com Alfedo da Rocha Viana. Ele era o caçula.
A flauta e as rodas de choros não impediram que tivesse uma infância como as outras crianças, pois jogava bola de gude e soltava pipa nos primeiros bairros em que moi-ou, Piedade e Catumbi. O pai, flautista, não só deu a ele a primeira flauta como o encaminhou pai-a os primeiros professores de música, enti-e os quais o grande músico e compositor Irineu de Almeida, o Irineu Batina. Seu primeiro instrumento foi cavaquinho mas mudou logo pai-a a flauta.
Sua primeira composição, ainda bem menino, foi Lata de leite, um choro em três partes como era quase obrigatório na época. Também foi em 1911 que se incorporou à orquestra do rancho carnavalesco Filhas da Jardineira, onde conheceu os seus amigos de toda a vida, Donga e João da Baiana.
O pai preocupava-se também com os estudos curriculares do menino, que, antes de freqüentar os bancos escolares , teve professores particulares. Ele, porém, queria mesmo era a música. Tanto que, matriculado no Colégio São Bento, famoso pelo seu rigor, matava aula para tocar no que seria o seu primeiro emprego, na casa de chope A Concha, na Lapa Boêmia. Às vezes, ia lá com a farda do São Bento , recordou pixinguinha em seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som. Tudo isso, antes de completar os 15 anos, quando inclusive trabalhou como músico na orquestra do Teati-o Rio Branco.
Em 1914, com 17 anos, editou pela primeira vez uma composiçâo de sua autoria, chamada Dominante. Na edição da Casa Editor-a Carlos Wehrs, seu apelido foi registrado como Pinzindim. Na verdade, o apelido do músico ainda não contava com uma grafia definitiva, pois fora criado pela sua avó africana, O significado de Pinzindim teve várias versões. Para o radialista e pesquisador Almirante, significava menino bom num dialeto africano, mas a melhor interpretação, sem dúvida, é a do pesquisador de cultura negra e grande compositor Nei Lopes, que encontrou a palavra psi-di numa língua de Moçambique, que significa comilão ou glutão.
Como pixinguinha já carregava também o apelido caseiro de Carne Assada, por ter sido surpreendido apropriando-se indevidamente um pedaço de carne assada antes do almoço que seiia oferecido pela família a vários convidados, é provável que a definição encontrada por Nei Lopes seja a mais correta.
Em 1917, gravou um disco do Grupo do Pechinguinha na Odeon com dois clássicos da sua obra de compositor, o choro Sofres porque queres e a valsa Rosa, sendo que esta última tornou-se mais conhecida em 1937, quando foi gi-avada por Orlando Silva. Naquela altura, ele já era um personagem famoso não só pelo seu talento de compositor e de flautista como por outras iniciativas, entre as quais sua participação no Grupo do Caxangá, que saía no carnaval desde 1914 e ei-a integado por músicos importantes como João Pernambuco, Donga e Jaime Ovale.
E era também uma das figuras principais das rodas de choro na famosa casa de Tia Ciata (Hilária Batista de Almeida), onde o choro ocorria na sala e o samba no quintal. Foi lá que nasceu o famoso Pelo telefone, de Donga e Mauro de Almeida, considerado o primeiro samba gravado.
Em 1918, Pixinguinhae Donga foram convocados por Isaac Frankel, proprietário do elegante cinema Palais, na Avenida Rio Branco para formar uma pequena orquesti-a que tocaria na sala de espera. E nasceu o grupo Oito Batutas, integrado por Pixinguinha(flauta), Donga (violão), China, irmão de Pixinguinha(violão e canto), Nélson Alves (cavaquinho), Raul Palmieri (violão), Jacob Palmieri (bandola e reco-reco) e José Alves de Lima, Zezé (bandolim e ganzã). A única orquestra que fala alto ao coração brasileiro, dizia o letreiro colocado na porta do cinema.
Foi um sucesso, apesar de algumas restrições de caráter racista na imprensa. Em 1919, pixinguinha gravou Um a zero, que compusera em homenagem à vitória da seleção brasileira de futebol sobre a uruguaia, dando ao país seu primeiro titulo internacional, o de campeo sul- americano. É impressionante a modernidade desse choro, mesmo quando comparado a tantas obras criadas mais de meio século depois.
Os Oito Batutas viajaram pelo Brasil e, em fins de 1921, receberam um convite irrecusável: uma temporada em Paris, financiada pelo milionário Arnaldo Guinle. E, no dia 29 de janeiro de 1922, embarcaram pai-a a Fiança, onde permaneceram até agosto tocando em casas diferentes, sendo a maior parte do tempo no etegante cabaré Sheherazade. Foi em Paris que pixinguinha ganhou de Arnaldo Guinle o saxofone que iria substituir a flauta no início da década de 1940, e Donga recebeu o banjo, com o qual faria muitas gravações.
Na volta da França, o grupo fez várias apresentações no Rio de Janeiro (inclusive na exposição comemorativa do centenário da independência) e, em novembro de 1922, novamente os Oito Batutas viajaram, dessa vez para a Argentina, percorrendo o país durante cerca de cinco meses e gravando vários discos para a gravadora Victor. Na volta ao Brasil, a palavra Pixinguinhajá ganhara sua grafia definitiva nos discos e na imprensa. Novas apresentações em teatros e em vários eventos e muitas gravações de disco, com seu grupo identificado com vários nomes: pixinguinha e Conjunto, Orquestra Típica Pixing um ha, Orquestra Típica Pixinguinha-Donga e Orquestra Típica Oito Batutas.
Os arranjos escritos para seus conjuntos chamaram a atenção das gravadoras, que sofriam na época com a quadradice dos maestros da época, quase todos estrangeiros e incapazes de escrever arranjos com a bossa exigida pelo samba e pela música de carnaval. Contratado pelo Victor, fez uma verdadeira revolução, vestindo a nossa música com a brasilidade que fazia tanta falta. So incontáveis os arranjos que escreveu durante os anos em que atuou como orquestrador das gravadoras brasileiras. Tudo isso nos leva a garantir que no estará cometendo qualquer exagero quem afirmar que pixinguinha foi o grande criador do arranjo musical braslieiro.
Na década de 1930, gravou também muitos discos como instrumentista e vánas músicas de sua autoria (entre as quais as fantásticas gravações de Oilando Silva de Rosa e Carinhoso), mas o mais expressivo daquela fase (incluindo mais da metade da década de 1940) foi a sua atuação como arranjador.
Em 1942, fez a última gravação como flautista num disco com dois choros de sua autoria: Chorei e Cinco companheiros. Ele nunca explicou direito a troca para o saxofone, embora se acredite que o consumo excessivo de bebida seja o motivo. Mas a música brasileira foi enriquecida pelos contrapontos que fazia no sax e com o lançamento de dezenas de disco em dupla com o flautista Benedito Lacerda, certamente um dos momentos mais altos do choro em matéria de gravações. Em fins de 1945, pixinguinha participou da estréia do programa O pessoal da Velha Guarda, dirigido e apresentado pelo radialista Almirante e que contava também com a participação de Benedito Lacei-da.
Em julho de 1950, uma iniciativa inédita de Pixinguinha: gravou cantando o lundu da sua autoria (letra de Gastão Viana) Yaô africano, que fora gravado em 1938. Em 1951, o prefeito do Rio, João Carlos Vital, nomeou-o professor de música e de canto orfeônico (ele era funcionário da prefeitura desde a década de 1930). Até aposentar-se deu aulas em várias escolas cariocas. A partir de 1953, passou a freqüenta,- o Bar Gouveia, no Centro da cidade, numa assiduidade interrompida apenas por problemas de doenças. Acabou contemplado com uma cadeira permanente, com o seu nome gavado, na qual apenas ele poderia sentar.
Um grande acontecimento foi o Festval da Velha Guarda, que comemorava o quarto centenário da cidade de São Paulo, em 1954. pixinguinha reuniu o seu pessoal da Velha Guarda (mais uma vez sob o comando de Almirante) e realizaram várias apresentações no rádio, na televisão e em praça pública com a assistência de dezenas de milhares de paulistas. Antes da volta ao Rio, Almirante recebeu uma carta do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, dizendo, entre outras coisas, que, dentre todas as extraordinárias festividades em que se comemora o quarto centenário, nenhuma teve maior repercussão em São Paulo, nem conseguiu tocar mais profundamente o coração do seu povo . Em 1955, foi realizado o segundo Festival da Velha Guarda, mas sem a repercussão do primeiro.
O mais importante de 1955, para Pixinguinha, foi a gravação do seu primeiro long-play, com a participação dos seus músicos e de Almirante, O disco recebeu o nome de Velha Guarda . No mesmo ano, a turma toda participou do show O samba nasce no coração, na elegante casa noturna Casablanca. No ano seguinte, a rua em que ele morava, no bairro de Ramos, a Berlamino Barreto, ganhou o nome oficial de Pixinguinha, graças a um projeto do vereador Odilon Braga, sancionado pelo prefeito Negrão de Lima. A inauguração contou com a presença do prefeito e de vários músicos e foi comemorada com uma festa que durou dia e noite, com muita música e bastante álcool.
Em novembro de 1957, ele foi um dos convidados pelo presidente Juscelino Kubitschek para almoçar com o grande trompetista Louis Armstiong no Palácio do Catete. Em 1958, depois de um almoço no clube Manmbás e sofreu um mal súbito. No mesmo ano, seu conjunto da Velha Guarda foi o escolhido pela então poderosa revista O Cruzeiro para recepcionar os jogadores da seleção brasileira, que chegavam da Suécia com a Copa do Mundo conquistada. Em 1961, fez várias músicas com o poeta Vinícius de Morais para o filme Sol sobre a lama, de Alex Viany. Em junho de 1963, sofreu um enfarte que o levou a passar várias internado num casa de saúde.
Em 1968, seus 70 anos (que, na verdade, como vimos, eram 71) foram comemorados com um espetáculo no teatro Municipal que rendeu um disco, uma exposição no Museu da Imagem e do Som, uma sessão solene na Assembléia Legislativa carioca e um almoço que reuniu centenas de pessoas numa churrascaria da Tijuca. Em 1971, herminio Belo de Carvalho produziu um disco intitulado Som Pixinguinha, com orquestra e solos de Altamiro Carrilho na flauta.
Em 1971, um daqueles momentos que levavam seus amigos e considerá-lo santo:
sua mulher, dona Beti, passou mal e foi internada num hospital. Dias depois, foi ele acometido de mais um problema cardiaco, foi também internado no mesmo hospital, mas, para que ela não percebesse que também estava doente, colocava um terno nos dias de visita e ia visitá-la como se estivesse vindo de casa. Por essa e por outras é que Vinicius de Morais dizia que, se não fosse Vinícius, queria ser Pixinguinha. Dona Beti morreu no dia 7 de junho de 1972, aos 74 anos de idade.
No dia 17 de fevereiro de 1973, quando se preparava para ser o padrinho de uma criança na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, sofreu o último e definitivo enfarte. A Banda de Ipanema, que fazia naquele momento um dos seus mais animados desfiles, desfez-se imediatamente com a chegada da notícia. Ninguém queria saber de carnaval.
Fonte: www.sampa.art.br
Pixinguinha
Alfredo da Rocha Vianna Jr. (1897 – 1973), o Pixinguinha, é o pai da música brasileira. Normalmente reconhecido “apenas” por ser um flautista virtuoso e um compositor genial, costuma-se desprezar seu lado de maestro e arranjador. pixinguinha criou o que hoje são as bases da música brasileira.
Misturou a então incipiente música de Ernesto Nazareh , Chiquinha Gonzaga e dos primeiros chorões com ritmos africanos, estilos europeus e a música negra americana, fazendo surgir um estilo genuínamente brasileiro. Arrajou os principais sucessos da então chamada época de ouro da música popular brasileira, orquestrando de marchas de carnaval a choros.
Foi o primeiro maestro-arranjador contratado por uma gravadora no Brasil. Era um músico profissional quando boa parte dos mais importantes músicos eram amadores (os principais chorões eram funcionários públicos e faziam música nos horários de lazer). pixinguinha foi antes de tudo um pesquisador de música, sempre inovando e inserindo novos elementos na música brasileira. Foi muitas vezes incompreendido, e apenas anos mais tarde passavam a dar o devido valor a suas invenções.
Pixinguinha foi um menino prodígio, tocava cavaquinho com 12 anos. Aos 13 passava ao bombardino e a flauta. Até hoje é reconhecido como o melhor flautista da história da música brasileira. Mais velho trocaria a flauta pelo saxofone, pois não tinha mais a firmeza e embocadura necessárias.
Aos desessete anos grava suas primeiras instrumentações, vindo a no ano seguinte gravar suas primeiras composicoes, nada menos que as pérolas Rosa e Sofres Porque Queres.
Em 1922 têm uma experiência que transforma significativamente sua música. Um milionário patrocina a viagem de pixinguinha e de seu grupo Os 8 Batutas para uma turnê européia. A temporada em Paris que deveria ser de um mês dura seis, tendo que ser interrompida devido a compromissos já assumidos no Brasil. Na Europa pixinguinha trava contato com a moderna música européia e com o jazz americano, então moda em Paris.
Pixinguinha faria 100 anos no ano (1997). Estão sendo planejadas grandes comemorações pela cidade do Rio de Janeiro. Desde já têm sido realizadas diversas apresentações públicas de grupos tocando sua obra. Discos estão sendo lançados e relançados. A cidade vai ferver homenageando o Maestro Pixinguinha
Fonte: www.samba-choro.com.br
Pixinguinha
Alfredo da Rocha Vianna Filho, nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1897. O apelido de pixinguinha veio da junção de dois outros apelidos: Pizindim (pequeno bom) e bixiguinha (por ter tido a doença) .
Era o décimo-quarto filho de uma família musical. Seu pai era músico e vários de seus irmãos também. Ainda novo começou a acompanhar seu pai, flautista, em bailes e festas, tocando cavaquinho. Aos 12 anos fez a sua primeira obra, o choro Lata de Leite que foi inspirado nos chorões, músicos boêmios que depois de noitadas regadas a bebidas e música, tinham o hábito de tomar o leite alheio que ficava nas portas das casas…
Aos treze, passou a estudar o bombadino e a flauta. Aos 17 grava as suas primeiras composições: Rosa e Sofre Porque Quer . Em 1922, vai para o exterior com o grupo Os Oito Batutas e estende para seis mesues sua turnê, marcada para durar somente um mês. Conhece a fama internacional.
Até este ponto, pode-se pensar que é um caminho natural de um músico aplicado. Mas pinxinguinha não foi somente um músico capaz. É reconhecido até hoje como um exímio flautista, talvez o maior que o país já teve, foi maestro, arranjador e intérprete. O primeiro maestro-arranjador a ser contratado em uma época que a maioria dos músicos era amadora.
Misturou a sua formação erudita basicamente européia com os ritmos negros brasileiros e a música negra norte-americana. Deu uma guinada no som do Brasil!! Trouxe um tempero, um sotaque nacional, marcou com classe e com estilo a nossa música.
Sua história se mistura com a própria história do rádio e da música nacional. É o grande mestre entre todos os outros grandes mestres que o Brasil já teve. Não é possível pensar em música nacional sem se curvar diante deste músico maravilhoso que morreu em 1973. O consolo que resta é saber que existem várias composições ainda inéditas, ainda pedindo para serem mostradas. Que seja feita esta vontade…que se mostre Pixinguinha…porque Pixinguinha é atemporal….
Letras
Um a zero
(Pixinguinha, Benedito Lacerda e Nelson Ângelo)
Vai começar o futebol,pois é,
Com muita garra e emoção
São onze de cá, onze de lá
E o bate-bola do meu coraçãoÉ a bola, é a bola, é a bola,
É a bola e o gol!
Numa jogada emocionante
O nosso time venceu por um a zero
E a torcida vibrouVamos lembrar
A velha história desse esporte
Começou na Inglaterra
E foi parar no Japão
Habilidade, tiro cruzado,
Mete a cabeça, toca de lado,
Não vale é pegar com a mãoE o mundo inteiro
Se encantou com esta arte
Equilíbrio e malícia
Sorte e azar também
Deslocamento em profundidade
Pontaria
Na hora da conclusãoMeio-de-campo organizou
E vem a zaga rebater
Bate, rebate, é de primeira
Ninguém quer tomar um gol
É coisa séria, é brincadeira
Bola vai e volta
Vem brilhando no arE se o juiz apita errado
É que a coisa fica feia
Coitada da sua mãe
Mesmo sendo uma santa
Cai na boca do povãoPode ter até bolacha
Pontapé, empurrão
Só depois de uma ducha fria
É que se aperta a mão
Ou não!Vai começar…
Aos quarenta do segundo tempo
O jogo ainda é zero a zero
Todo time quer ser campeão
Tá lá um corpo estendido no chão
São os minutos finais
Vai ter descontoMas, numa jogada genial
Aproveitando o lateral
Um cruzamento que veio de trás
Foi quando alguém chegou
Meteu a bola na gaveta
E comemorou
Carinhoso
(Pixinguinha e João de Barro)
Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mimAh! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mimVem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz
Fala baixinho
(Pixinguinhae Hermínio Bello de Carvalho)
Fala baixinho só pra eu ouvir
Porque ninguém vai mesmo compreender
Que o nosso amor é bem maior
Que tudo aquilo que eles sentem
Eu acho até que eles nem sentem, não
Espalham coisas só pra disfarçar
Daí então porque se dar
Ouvidos a quem nem sabe gostarOlha só, meu bem, quando estamos sós
O mundo até parece que foi feito pra nós dois
Tanto amor assim que é melhor guardar
Pois que os invejosos vão querer roubar
A sinceridade é que vale mais
Pode a humanidade se roer de desamor
Vamos só nós dois
Sem olhar pra trás
Sem termos que ligar pra mais ninguém
Já te digo
(Pixinguinha)
Um sou eu, e o outro não sei quem é
Um sou eu, e o outro não sei quem é
Ele sofreu pra usar colarinho em pé
file sofreu pra usar colarinho em péVocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Vocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigoUm sou eu, e o outro não sei quem é
Um sou eu, e o outro não sei quem é
Ele sofreu pra usar colarinho em pé
Ele sofreu pra usar colarinho em péEle é alto, magro e feio
É desdentado
Ele é alto, magro e feio
É desdentado
Ele fala do mundo inteiro
E já está avacalhado no Rio de Janeiro
Ele fala do mundo inteiro
E já está avacalhado no Rio de Janeiro
Vocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Vocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigo
Lamento
(Pixinguinhae Vinícius de Moraes)
Morena
Tem pena
Ouve o meu lamento
Tentei em vãoTe esquecer
Mas olha
O meu tormento é tanto
Que eu vivo em pranto
Sou tão infeliz
Não tem coisa mais triste meu benzinho
Que este chorinho que eu te fizSozinha
Morena
Você nem tem mais pena
Ai, ai meu bem
Fiquei tão só
Tem dó
Tem dó de mim
Porque estou triste assim por amor de você
Não tem coisa mais linda nesse mundo
Que o meu carinho por vocêMeu amor tem dó
Meu amor tem dó
Página de dor
(Cândido das Neves e Pixinguinha)
Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amor
Infeliz de quem
Amando alguém
Em vão esconde
Uma paixãoLágrimas existem
Que rolam na face
Há outras porém
Que rolam no coração
São essas que ao rolar
Nos vem uma recordação
Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amorO amor que faz sofrer
Que envenena o coração
Para a gente esquecer
Padece tanto
E às vezes tudo em vão
Seja o teu amor o mais
profano delator
Bendigo porque vem do amor
Tendo o pranto amenidade
De aljofrar minha saudade
Glórias tem o pecador no amorLágrimas existem (…)
Yaô
(Pixinguinhae Gastão Viana)
Akicó no tereno
Pelú adiê
Faz inveja pra gente
Que não tem munhéNo jacutá de preto véio
Tem uma festa de Yaô…
Tem filha de Ogum, de Oxalá
de Yemanjá
Mucamba de Oxóssa caçador
Ora viva Nanam, Nanam
Burocô…
Yaô… Yaô
No tereno de preto véio
Yayá
Vamos saravá
A quem meu pai?
Xangô..
Fonte: www.mpbnet.com.br
Pixinguinha
Alfredo da Rocha Vianna Filho (23/4/1897-17/2/1973) nasce na cidade do Rio de Janeiro, neto de africanos, em Cidade Nova, bairro onde se concentrava a maior parte da população negra.
O nome Pixinguinha é resultado da união de dois apelidos: Pizin Dim (menino bom, no dialeto africano falado por sua avó) e Bexiguinha, apelido ganho na época que contraiu varíola. Compõe seu primeiro choro, Lata de Leite, aos 13 anos. No ano seguinte estréia como flautista profissional.
Compositor, instrumentista e arranjador fluminense (1897-1973). Autor do clássico choro Carinhoso, popularizou o uso de instrumentos afro-brasileiros, como o tamborim, o agogô e a cuíca.
Em 1915 faz as primeiras orquestrações para cinema, teatro e circo.
Em 1917 grava a primeira música de sua autoria, a valsa Rosa, e, em 1918, o choro Sofres Porque Queres.
Um ano depois cria o conjunto Os Oito Batutas, que em 1922 excursiona pela Europa.
Em 1937, o choro Carinhoso, que compusera em 1928, recebe letra de João de Barro e se transformanum grande sucesso, sendo gravado por vários cantores.
Em 1962 escreve a música para o filme Sol sobre a Lama, com letra de Vinicius de Moraes. Morre de infarto, no Rio de Janeiro.
Referências bibliográficas
Almanaque Abril. Quem é quem na história do Brasil. São Paulo, Abril Multimídia, 2000. (bibliografia completa)
Fonte: www.meusestudos.com
Pixinguinha
Considerado um dos maiores gênios da música popular brasileira e mundial, pixinguinha revolucionou a maneira de se fazer música no Brasil sob vários aspectos.
Como compositor, arranjador e instrumentista, sua atuação foi decisiva nos rumos que a música brasileira tomou.
O apelido “Pizindim” vem da infância, era como a avó africana o chamava, querendo dizer “menino bom”.
O pai era flautista amador, e foi pela flauta que pixinguinha começou sua ligação mais séria com a música, depois de ter aprendido um pouco de cavaquinho.
Pixinguinha
Logo começou a tocar em orquestras, choperias, peças musicais e a participar de gravações ao lado dos irmãos Henrique e Otávio (China), que tocavam violão.
Rapidamente criou fama como flautista graças aos improvisos e floreados que tirava do instrumento, que causavam grande impressão no público quando aliados à sua pouca idade.
Começou a compor os primeiro choros, polcas e valsas ainda na década de 10, formando seu próprio conjunto, o Grupo do Pixinguinha, que mais tarde se tornou o prestigiado Os Oito Batutas.
Com os Batutas fez uma célebre excursão pela Europa no início dos anos 20, com o propósito de divulgar a música brasileira.
Os conjuntos liderados por pixinguinha tiveram grande importância na história da indústria fonográfica brasileira.
A Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que organizou em 1928 junto com o compositor e sambista Donga, participou de várias gravações para a Parlophon, numa época em que o sistema elétrico de gravação era uma grande novidade.
Liderou também os Diabos do Céu, a Guarda Velha e a Orquestra Columbia de Pixinguinha.
Nos anos 30 e 40 gravou como flautista e saxofonista (em dueto com o flautista Benedito Lacerda) diversas peças que se tornaram a base do repertório de choro, para solista e acompanhamento.
Algumas delas são “Segura Ele”, “Ainda Me Recordo”, “1 x 0”, “Proezas de Solon”, “Naquele Tempo”, “Abraçando Jacaré”, “Os Oito Batutas”, “As Proezas do Nolasco”, “Sofres Porque Queres”, gravadas mais tarde por intérpretes de vários instrumentos.
Em 1940, indicado por Villa-Lobos, foi o responsável pela seleção dos músicos populares que participaram da célebre gravação para o maestro Leopold Stokowski, que divulgou a música brasileira nos Estados Unidos.
Como arranjador, atividade que começou a exercer na orquestra da gravadora Victor em 1929, incorporou elementos brasileiros a um meio bastante influenciado por técnicas estrangeiras, mudando a maneira de se fazer orquestração e arranjo.
Trocou de instrumento definitivamente pelo saxofone em 1946, o que, segundo alguns biógrafos, aconteceu porque pixinguinha teria perdido a embocadura para a flauta devido a problemas com bebida.
Mesmo assim não parou de compor nem mesmo quando teve o primeiro enfarte, em 1964, que o obrigou a permanecer 20 dias no hospital.
Daí surgiram músicas com títulos “de ocasião”, como “Fala Baixinho” Mais Quinze Dias”, “No Elevador”, “Mais Três Dias”, “Vou pra Casa”.
Depois de sua morte, em 1973, uma série de homenagens em discos e shows foi produzida.
A Prefeitura do Rio de Janeiro produziu também grandes eventos em 1988 e 1998, quando completaria 90 e 100 anos.
Algumas músicas de pixinguinha ganharam letra antes ou depois de sua morte, sendo a mais famosa “Carinhoso”, composta em 1917, gravada pela primeira vez em 1928, de forma instrumental, e cuja letra João de Barro escreveu em 1937, para gravação de Orlando Silva.
Outras que ganharam letras foram “Rosa” (Otávio de Souza), “Lamento” (Vinicius de Moraes) e “Isso É Que É Viver” (Hermínio Bello de Carvalho).
Fonte: cliquemusic.uol.com.br
Pixinguinha
Compositor, instrumentista e arranjador brasileiro
23-4-1897, Rio de Janeiro (RJ)
17-2-1973, Rio de Janeiro (RJ)
Alfredo da Rocha Vianna Filho ou Pixinguinha, nome que mistura o dialeto africano “Pizin Din” (menino bom), dado por uma prima, com “Bexiguinha”, por ter contraído bexiga, foi um dos músicos mais importantes da fase inicial da Música Popular Brasileira (MPB).
Pixinguinha
Com um domínio técnico e um dom de improvisação encontrados nos grandes músicos de jazz, é considerado o maior flautista brasileiro de todos os tempos, além de um irreverente arranjador e compositor.
Entre suas composições de maior sucesso estão Carinhoso (1923), Lamento e Rosa. Neto de africanos, começou a tocar, primeiro cavaquinho, depois uma flautinha de folha, acompanhando o pai que tocava flauta. Aos 12 anos, compôs sua primeira obra, o choro Lata de Leite. Aos 13, gravou seus primeiros discos como componente do conjunto Choro Carioca: São João Debaixo D’Água, Nhonhô em Sarilho e Salve (A Princesa de Cristal).
Aos 14, estreou como diretor de harmonia do rancho Paladinos Japoneses e passou a fazer parte do conjunto Trio Suburbano. Aos 15, já tocava profissionalmente em casas noturnas, cassinos, cabarés e teatros.
Em 1917, gravou a primeira música de sua autoria, a Valsa Rosa, e, em 1918, o choro Sofres Porque Queres. Nessa época, desenvolveu um estilo próprio, que mesclava seu conhecimento teórico com sua origem musical africana e com as polcas, os maxixes e os tanguinhos.
Aos 20 anos formou o conjunto Os Oito Batutas (flauta, viola, violão, piano, bandolim, cavaquinho, pandeiro e reco-reco). Além de ter sido pioneiro na divulgação da música brasileira no exterior, adaptando para a técnica dos instrumentos europeus a variedade rítmica produzida por frigideiras, tamborins, cuícas e gogôs, o grupo popularizou instrumentos afro-brasileiros, até então conhecidos apenas nos morros e terreiros de umbanda, e abriu novas possibilidades para os músicos populares.
Na década de 1940, sem a mesma embocadura para o uso da flauta e com as mãos trêmulas devido à sua devoção ao uísque, pixinguinha trocou a flauta pelo saxofone, formando uma dupla com o flautista Benedito Lacerda. Fez uma parceria famosa com Vinícius de Moraes, na trilha sonora do filme Sol sobre a Lama, em 1962.
Fonte: educacao.uol.com.br
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