PUBLICIDADE
Nascimento: 12 de janeiro de 1914, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo.
Falecimento: 12 de dezembro de 2002, São Paulo, São Paulo.
Orlando Villas Bôas – Vida
Orlando Villas Bôas
Orlando Villas Boas, que morreu aos 88 anos, era o mais famoso sertanista do Brasil ou indianista, um pioneiro que não só ajudou a cortar pistas de pouso fora da floresta tropical no Brasil central, mas tentou defender as nações indígenas que viviam lá das consequências mortais de avanço do homem branco.
Nascido no estado de São Paulo, um dos nove filhos, sua família se mudou para a capital quando ele tinha 15 anos Villas Boas tornou-se um funcionário, mas ele não estava talhado para a vida da cidade.
Em 1941, ele e três de seus irmãos, Cláudio, Leonardo e Álvaro, participou de uma expedição do governo para abrir e traçar as montanhas pouco conhecidos e floresta densa do Brasil central. No horário do Rio de Janeiro foi a capital do Brasil, ea maior parte da população brasileira vivia em ou perto do litoral 4,000 km de extensão. Não havia estradas para o centro de Brasil e as densas florestas tropicais da região de Mato Grosso.
A expedição Roncador-Xingu durou 20 anos, abrindo 1.500 kms de trilhas, explorar 1.000 kms de rios, incluindo seis outras já não mapeados, esculpindo dezenas de pistas de pouso fora da floresta e fundação mais de três dezenas de cidades.
As 14 nações indígenas que viviam ao longo das margens do rio Xingu não teve contato anterior com a sociedade exterior e caiu nos irmãos Villas Boas, por agora os líderes, para negociar com os índios para permitir a expedição de passar.
Foi o primeiro contato de Villas Boas com um mundo diferente, um mundo que o fascinava para o resto de sua vida. Ele sempre se lembrava dos rostos dos índios na floresta, atirando flechas contra eles.
Desde o início, os irmãos adotou o código de comportamento legada pelo general que lançou as linhas telegráficas através da Amazônia na década de 1920, Marechal Candido Rondon: “Morrer, se for necessário matar, nunca mais.”.
Os irmãos Villas Boas percebeu que os índios não tinham qualquer proteção contra a sociedade que iria avançar ao longo das trilhas abertas pela expedição, a partir de então Orlando e Claudio, em particular, dedicaram-se à criação de uma área onde as nações indígenas do Xingu área seria seguro. Foram juntados pelo antropólogo Darcy Ribeiro e médico de saúde pública Noel Nutels, eo resultado foi o Parque Nacional do Xingu, uma área de 26.000 quilómetros quadrados, onde 15 tribos anteriormente em conflito diferentes aprenderam a viver juntos.
Eles pertenciam aos quatro principais grupos de línguas dos povos indígenas no Brasil: Aruwak, Karib, Gê e Tupi.
O parque foi o primeiro de seu tipo no mundo.
“A expedição Roncador-Xingu abriu um espaço para a nossa sociedade para avançar: felizmente para os índios, Orlando e seus irmãos estavam nela Se não fosse por sua presença, talvez não haveria mais nenhum índios na. região “, disse Carmen Junqueira, uma antropóloga que conhece o Xingu bem.
Orlando Villas Boas tornou-se o primeiro diretor do parque.
Em 1969 ele se casou com Marina, uma enfermeira que foi trabalhar lá, e seu primeiro filho nasceu e cresceu no Park. Para evitar as epidemias devastadoras ocasionais de influenza, ele arranjou com o Faculdade Paulista de Medicina com o Dr Roberto Baruzzi para visitas regulares de equipes e programas de vacinação de saúde. Hoje a população do Xingu está aumentando.
Por seu trabalho na criação do Parque do Xingu, os dois sobreviventes irmãos Villas Boas, Orlando e Claudio, foram nomeados para o Prémio Nobel em 1971 e 1975.
Orlando já havia recebido a Medalha da Royal Geographical Society, em 1967, por seu trabalho.
Ao longo dos anos o parque acolheu mais tribos ameaçadas pela invasão de suas terras, incluindo a Kreen-Akarore ou Panará, a quem Orlando mesmo tinha contactado em 1973, quando o regime militar decidiu construir uma estrada através de seu território.
Orlando tornou-se desiludido, dizendo: “cada vez que entrar em contato com uma tribo, estamos a contribuir para a destruição do que é mais puro nele”.
O Parque do Xingu foi uma inovação para a época, quando não havia movimento indigenista no Brasil. Mas Villas Boas não escapou críticas de antropólogos posteriores, que o acusaram de ser paternalista e transformando o parque em uma vitrine. Na década de 1970 Orlando e Claudio finalmente deixou o Parque, e em 1984 o primeiro diretor indígena, Megaron, foi nomeado para executá-lo.
Orlando Villas Boas sobreviveu mais de 250 episódios de malária, finalmente sucumbir a uma infecção intestinal que levou a uma falência de múltiplos órgãos. Ele escreveu 14 livros.
Ele deixa sua esposa e dois filhos, Noel e Orlando Filho, e por sua criação única, o Parque Nacional do Xingu, hoje um oásis verde cercado por extensas áreas de floresta devastada.
Orlando Villas Boas, defensor dos direitos indígenas, nascido 12 de janeiro de 1914; morreu 12 de dezembro de 2002
Orlando Villas Bôas – Família
Orlando Villas Bôas
Nome de família dos irmãos brasileiros que se distinguiram, em meados do séc. XX, como indigenistas e sertanistas.
Nascido numa fazenda de café em Botucatu, interior de São Paulo, em 12 de janeiro de 1914, era filho de fazendeiros.
Trabalhou em escritório de advocacia e serviu ao Exército — onde só obedecia “às ordens que julgava certas”. Depois de um período na área de contabilidade da Esso, pediu demissão e foi com os irmãos para o Mato Grosso, atrás da Marcha para o Oeste, em 1943. Numa época de Brasil rural, quando consciência ecológica era algo impensável, os Villas Bôas optaram por manter o verde em vez de asfaltar.
Orlando enfrentou o desafio de fazer o que acreditava ser certo. Mudando a mentalidade de uma expedição desenhada para massacrar, os Villas Bôas reescreveram a história da colonização do Brasil central. No lugar do rifle, adotaram o abraço, o respeito e a palavra.
No contato com os índios, as lições aprendidas com o Marechal Rondon: “Morrer se for preciso; matar nunca”. Passaram por cima de interesses religiosos e comerciais e ainda formaram uma geração de líderes indígenas, como o cacique Aritana dos iaualapiti — verdadeiro estadista.
Além dele, também Cláudio, Leonardo e Álvaro defenderam os índios. Jovens da classe média paulista, abandonaram seus bons empregos em empresas da capital para se aventurar no Centro-Oeste.
Disfarçados de sertanejos, os primeiros empregos que conseguiram na Expedição Roncador-Xingu foram: Orlando, auxiliar de pedreiro; Cláudio e Leonardo, na enxada. Com Cláudio e Leonardo, fez o reconhecimento de numerosos acidentes geográficos do Brasil central. Em suas andanças, os irmãos abriram mais de 1.500 quilômetros de picadas na mata virgem, onde surgiram vilas e cidades.
Cláudio Villas Bôas
Nasceu em Botucatu–SP, em 1916. Chefe da vanguarda da Expedição Roncador-Xingu, que atravessou pela primeira vez o território xavante, voltou ao posto Diauarum em 1951, depois que a expedição se encerrou, e radicou-se ali. Entre 1957 e 1958 chefiou outra expedição, que, partindo da Serra do Cachimbo, no sudoeste do Pará, chegou aos rios Cururu e Creputiá. Com o irmão Orlando, pacificou as tribos juruna, caiabi, txucarramãe, suiá, txicão e crenacarore.
Orlando e Cláudio publicaram, além de um diário sobre a longa expedição inicial, trabalhos como Xingu: os índios, seus mitos (1971) e Índios do Xingu (1972).
Leonardo Villas Bôas
Nasceu em Botucatu–SP, em 1918. Membro, como os outros, da Expedição Roncador-Xingu, viveu depois, por vários anos, no posto Jacaré, no alto Xingu.
Em 1961, foi encarregado de fundar um posto no alto Kuluene, mas adoeceu e teve de ser retirado do sertão. Pacificou os índios xicrin, ramo caiapó, do sudoeste do Pará, e tomou parte na Operação Bananal (1960), organizada no governo de Juscelino Kubitschek. Foi também chefe da base xavantina.
Enfraquecido por doenças tropicais, morreu de miodicardite reumática em São Paulo, a 6 de dezembro de 1961.
Álvaro Villas Bôas
Nasceu em São Paulo–SP, em 1926. Trabalhou, como os irmãos, na área do Xingu (1961–1962), mas fixou-se em São Paulo, onde se dedicou a dar apoio logístico às missões realizadas no interior do País. Chega a assumir a presidência da Funai por um curto período de tempo, em 1985. Morreu na cidade paulista de Bauru, em 22 de agosto de 1995.
Orlando Villas Bôas
Foi o maior dos humanistas que conhecemos.
Defendeu a necessidade de instalação de um parque indígena, o que é atendido em 1961 com a criação do Parque Nacional do Xingu pelo presidente Jânio Quadros. Orlando dirige o parque de 1961 a 1967 e toma parte nas negociações para a convivência pacífica das dezoito nações indígenas lá instaladas. Participa ainda dos primeiros contatos com os txicãos (1964) e os crenacarores (1973). Aposenta-se em 1975, mas continua a trabalhar e a defender o direito dos índios de viverem em uma sociedade separada da dos brancos. Publica diversos livros, entre eles Marcha para o Oeste, com a história da Expedição Roncador-Xingu, ganhador do Prêmio Jabuti 1995 de melhor reportagem. Em 1997 lança o livro Almanaque do Sertão, em que narra seus 45 anos de andanças pelas matas brasileiras. A Fundação Nacional do Índio (Funai) o demite por fax no início de 2000 por acumular um salário com uma aposentadoria, o que não era permitido. Mesmo com convites para voltar, prefere continuar prestando assessoria à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde trabalhou por 34 anos.
A Escola de Medicina de São Paulo enviou carta à Real Academia Sueca, em Estocolmo, apoiando a candidatura de Cláudio e Orlando Villas Bôas ao Prêmio Nobel da Paz de 1971, lançada pela Sociedade dos Povos Primitivos, de Londres, por iniciativa do sertanista britânico Adrian Cowell. A informação foi dada no Rio de Janeiro pelo professor Noel Nutels, que manifestou seu propósito de deflagrar uma campanha pública para conseguir a adesão de novas instituições à candidatura dos dois sertanistas brasileiros.
No mesmo ano (1971), Madre Teresa de Calcutá também era candidata. “Quando eu soube, desisti de concorrer. Ela merecia muito mais do que eu.”
Já no fim da vida, Orlando começou a escrever uma autobiografia, que jamais chegou a ser lançada.
Morreu aos 88 anos (12/12/2002), no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, de falência múltipla dos órgãos.
Orlando Villas Bôas – Biografia
Orlando Villas Bôas
Orlando Villas Bôas nasceu no dia 12 de janeiro de 1914, em Botucatu, São Paulo. Aos 27 anos, decidiu ingressar na expedição Roncador – Xingu, promovida pelo governo Vargas e liderada pelo Marechal Cândido Rondon.
Para ser aceito na marcha para o oeste, Orlando Villas Bôas e seus irmãos, Cláudio e Leonardo, tiveram que se fingir de analfabetos. Neste momento, ele começou a se dedicar a causa indígena. Na expedição, Orlando trabalhou como ajudante de pedreiro até que descobriram que ele sabia ler. Então foi promovido a secretário e dentro de alguns anos se transformou em chefe da expedição. Sob seu comando, a marcha percorreu mais de mil quilômetros de rios e construiu cerca de 40 cidades e vilas. Além de quase 20 campos de pouso, que atuariam como bases militares a fim de servir como assistência à população indígena.
Sua maior façanha, entretanto, foi a criação do Parque Nacional Indígena do Xingu, em 1961. A reserva tem uma área maior que a de Sergipe e fica no estado do Mato Grosso. Em 1973, Orlando Villas Bôas retorna a São Paulo.
Com seu irmão Cláudio, escreveu diários sobre seu período na floresta e livros, como Índios do Xingu e Xingu: os índios e seus mitos. Na década de 70, concorreu duas vezes ao prêmio Nobel da Paz, mas não venceu nenhuma. No dia 12 de dezembro de 2002, Orlando Villas Bôas morreu por falência múltipla dos órgãos em São Paulo, aos 88 anos.
Orlando Villas Bôas – Índio
Orlando Villas Bôas
Gigante no conhecimento e na defesa dos índios e sua cultura, Orlando Villas-Bôas deixa uma fantástica história de vida. Nela combinou determinação, como na travessia de regiões deconhecidas; sábia paciência, no contato não-violento com os povos indígenas; humildade e mente aberta, na compreensão e aceitação dos hábitos e valores desses nativos; brilhantismo, na tradução de parte de sua experiência para nossa cultura, e na criação e consolidação do Parque Nacional do Xingu — uma dentre muitas ações decisivas para os índios preservarem seu mundo e o defenderem no mundo do homem branco.
Orlando, assim como seus irmãos Claudio e Leonardo, viveu décadas em selvas e campos amazônicos, entre os indígenas do Brasil Central, num convívio que se iniciou nos anos 40. Foi quando os três Villas-Bôas deixaram uma vida pequeno-burguesa, com empregos respeitáveis em São Paulo, para participar da Expedição Roncador-Xingu, que desbravou o Centro-Oeste e o Norte brasileiros. Seu interesse era tanto, que eles chegaram a se fingir de sertanejos analfabetos, os únicos tipos que estavam sendo contratados para o trabalho. O disfarce durou só o suficiente para integrarem o grupo expedicionário. Depois, não demorou para que nele assumissem posições de liderança.
Contato com o índio
A descoberta de que as terras a desbravar não eram vazias e sim repletas de tribos indígenas mudou a vida de Orlando e seus irmãos (além de Claudio e Leonardo, Álvaro trabalhou e conviveu com os índios). Com o providencial apoio do Marechal Cândido Rondon, respeitadíssimo já na década de 40, evitaram que o primeiro contato com aqueles povos se desse com violência. Extrema paciência e capacidade de observação foram os meios para conquistarem a confiança dos índios. Opção acertadíssima, que garantiu a entrada da “civilização brasileira” no Brasil Central sem grandes choques, sem a multidão de mortos que marcou muitos contatos entre colonizadores e nativos na História.
Os Villas-Bôas avançaram país adentro. Estabeleceram bases, postos de abastecimento, pistas de pouso, mas, principalmente, fizeram e aprofundaram contatos com os mais diversos povos. Em sua vida, Orlando conseguiu contatos bem-sucedidos com 19 tribos. Tornou-se, assim como os irmãos aventureiros, um especialista na compreensão dos índios da região do Xingu e na comunicação com eles. Aprendeu a falar 12 línguas indígenas e vários dialetos.
Culturas preservadas
Seu trabalho deu contribuição inestimável para o conhecimento dos povos autóctones do Brasil, e para que estes deixassem de ser vistos como gente primitiva.
Ao invés, mostrou um universo cultural riquíssimo, de saberes e valores sofisticados para nossos padrões. Orlando sempre fez questão de admirar o modo de viver indígena, exaltando seu convívio harmonioso com a natureza, o enorme respeito à criança e ao idoso, à vida solidária. Chegou a dizer que os índios “nos dão uma lição de comportamento social que já perdemos e não vamos conquistar mais”.
Por isso, lutou sempre para que o índio não perdesse a sua cultura. Seus esforços culminaram na criação, em 1961, do Parque Nacional do Xingu, na qual os Villas-Bôas tiveram grande influência. Seis anos mais tarde, foi a vez de participarem da criação da Funai. Sempre se opuseram à absorção dos índígenas pela cultura “branca”, mas cuidaram para que eles aprendessem a interagir com essa cultura para defenderem seus interesses. Orlando se orgulhava do que conseguiu, e citava como exemplo índios que conheciam política e falavam bem o Português mas que mantinham seus hábitos e sua língua no dia-a-dia.
O indianista faleceu em São Paulo na quinta-feira, 12 de dezembro, aos 88 anos, de falência múltipla dos órgãos. Como parte de sua vida fascinante, deixou as lembranças de um longo casamento com Marina, que conheceu como enfermeira e levou para trabalhar com ele no sertão. Tiveram dois filhos, Orlando e Noel.
Fonte: www.theguardian.com/www.construirnoticias.com.br
Redes Sociais