Franz Schubert

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Nascimento: 31 de janeiro de 1797, Alsergrund, Viena, Áustria.

Morte: 19 de novembro de 1828, Viena, Áustria.

Franz Schubert
Franz Schubert

Franz Schubert é considerado o último dos compositores clássicos e um dos primeiros românticos.

A música de Schubert é notável pela sua melodia e harmonia.

Nascido em 31 de janeiro de 1797, em Himmelpfortgrund, Áustria, Franz Peter Schubert, filho de um mestre-escola, recebeu uma educação musical completa e ganhou uma bolsa para um colégio interno.

Embora ele nunca foi rico, a obra do compositor ganhou reconhecimento e popularidade, notável para contrabalancear as composição clássica e romântica.

Ele morreu em 1828 em Viena, Áustria.

Escreveu pequenas missas, muito embora, por ser contemporâneo do idealismo alemão do século XVII, não pudesse ficar restrito ao espírito litúrgico: Missa em sol, Missa em mi bemol, (1828).A música folclórica, especificamente a vienense, está presente em quase todas as suas obras.Como uma canção folclórica é a mais simples das músicas vocais, nos séculos XVII e XVIII a canção era tida como uma forma popular, e muito raramente como música “artística”.

No ciclo canções temos: Die schöne Müllerin (A Bela Moleira- 1823); Die Winterreise(Jornada de Inverno-1827); Schwanengesang Canto do Cisne-1828).

Schubert tornou as canções novamente “respeitáveis” como nos séculos XV e XVI, época em que os compositores baseavam as suas missas em melodias folclóricas. Surge então um tipo um modo particularmente rico e elaborado de canção, com acompanhamento de piano, intitulado ” lied” , que em alemão significa “canção”.Apesar do significado na língua portuguesa, o estilo nada é do que se conhece como “música popular”. É na verdade um gênero de poesia lírica.

Nesse estilo temos: À Música(817); A Truta); A Morte e a Donzela; Tu és Paz).

Schubert encontrou nos movimentos lentos a energia musical para os “lieder”, tendo escrito certa de 634 deles, muitos com poemas de Goethe e já no fim da vida fez com versos de Heine. Bahms, Dvorak e Schumann sofreram grandes influências da músicas de câmara de Schubert.

Podendo ser citadas: Octeto(1824); Quinteto A Truta, para cordas e piano.

Compôs ainda músicas para piano: Sonata nº 18; Wandererfantäsie; Fantasia para dois pianos e quatro improvisos.

No estilo de músicas orquestrais compôs: Sinfonia nº 5, Sinfonia nº 8 (Inacabada) (1822);Sinfonianº 9 (Grande) (1828)e Rosamunde (1820).

São mundialmente famosa a sua música Ave Maria.

Franz Schubert – História

Franz Schubert
Franz Schubert

A história de Franz Schubert é um exemplo perfeito de um gênio ignorado que foi negligenciado durante sua vida e morreu na obscuridade.

Em sua curta vida, que durou apenas 31 anos, nunca alcançou o reconhecimento que merecia e até mesmo depois de sua morte, uma geração inteira teve que passar antes de suas realizações viu a luz. No entanto, sua curta carreira foi altamente proveitosa, durante o qual ele escreveu mais de seiscentos músicas, cinco missas, nove sinfonias, e várias composições para piano.

É bastante interessante, bem como uma triste verdade que a maioria dessas obras-primas de Schubert mentiu deserta nas prateleiras empoeiradas de sótãos.

No entanto, como nada pode esconder um verdadeiro gênio, em nenhum momento ele saiu dessas prateleiras lamacentas e encantou os amantes da música.

Mesmo depois de duzentos anos desde a morte de Schubert, a sua música continua a iluminar o mundo da música e exemplifica o talento desse gênio de outra forma esquecido.

Filho de mestre-escola, mostrou na infância extraordinária aptidão para a música, estudando piano, violino, órgão, canto e harmonia e, ao mesmo tempo em que era corista da capela da corte imperial, composição com Salieri (1808-13). Em 1814 já havia produzido peças para piano, músicas para poemas de Schiller e Metastasio, quartetos de cordas, sua primeira sinfonia e uma ópera em três atos. Embora, sob pressão familiar, ensinasse na escola do pai, continuou a compor prolificamente. Sua imensa produção de 1814-5 inclui Gretchen am Spinnrade e Erlkönig (ambos famosos por suas imagens musicais do texto) entre numerosos outros lieder, além de mais duas sinfonias, três missas e quatro obras cênicas. A partir dessa época, desfrutou de várias amizades, espacialmente com Josef von Spaun, o poeta Johann Mayrhofer e o estudante de direito Franz von Schober.

Esse grupo, reunindo-se freqüentemente em saraus sublinhados pela música de Schubert (mais tarde chamados de “Schubertíades”), fez mais do que representar o novo fenômeno de uma classe média culta e esclarecida: proporcionou a Schubert um público admirador e contatos influentes (em especial os Sonnleithner e o barítono J. M. Vogl), além de segurança, em 1818, para romper com o ensino na escola do pai. Continuou a produzir canções em abundância, incluindo Der Wanderer e Die Forelle, e as peças instrumentais – inventivas sonatas para piano, algumas aberturas melodiosas e rossinianas, a Quinta e a Sexta sinfonias – começavam a mostrar uma crescente sutileza harmônica. Trabalhou por um breve período como professor de música da família Esterházy, encontrando maior satisfação em escrever canções, música de câmara (especialmente o Quinteto A truta) e música dramática. Die Zwillingsbrüder (para Vogl) obteve sucesso limitado, mas valeu-lhe algum reconhecimento e o levou ao desafio maior de Die Zauberharfe. Em 1820-21, o mecenato aristocrático, novos contatos e novas amizades traziam bons augúrios.

Os admiradores de Schubert publicaram 20 de seus lieder, numa subscrição particular, e ele e Schober trabalharam de parceria em Alfonso und Estrella (considerada mais tarde sua ópera preferida). Apesar de sua excelente qualidade musical, foi mal recebida.

Tensões nas amizades, a pressão das necessidades financeiras e uma doença séria – é quase certo que Schubert tenha contraído sífilis no final de 1822 – fizeram desses anos um período sombrio, o que não impediu um trabalho criativo admirável: a épica Fantasia Wanderer para. piano, a apaixonada Oitava Sinfonia em dois. movimentos (Inacabada), o requintado ciclo de canções A bela moleira {Die Schöne Müllerin), o Singspiel Die Verschworenen e a ópera Fierabras (inebriante, ainda que dramaticamente ineficaz).

Em 1824 Schubert voltou-se para as formas instrumentais, produzindo os Quartetos de Cordas em lá menor e ré menor (A morte e a donzela) e o liricamente expansivo Octeto para sopros e cordas; por essa época já esboçara, provavelmente em Gmunden, no verão de 1825, a “Grande” Sinfonia em dó maior. Com sua fama em Viena em franca ascensão (seus concertos com Vogl eram concorridos, e em 1825 estava negociando com quatro editores), Schubert entrava agora numa fase mais confiante. Escreveu sonatas para piano maturadas, em especial a em lá maior, alguns magníficos lieder e seu último, e singularíssimo, Quarteto de Cordas em sol maior. Os anos 1827-8 viram não apenas a produção de Winterreise e de dois trios para piano, como também maior atenção da imprensa à sua música; e ele foi eleito para a Gesellschaft der Musikfreunde de Viena.

Mas, apesar de ter dado um grande concerto público em março de 1828 e de trabalhar diligentemente para atender aos editores – compondo algumas de suas obras-primas em seu último ano de vida, não obstante a saúde debilitada -, desfrutava de um círculo restrito de admiradores. Quando de sua morte, aos 31 anos, foi pranteado não apenas por suas realizações, mas por “esperanças ainda mais auspiciosas”.

A fama de Schubert limitou-se por muito tempo à de um autor de lieder, uma vez que o corpo de sua imensa produção não havia sequer sido publicado, e muitas obras sequer executadas até o final do séc.XIX. No entanto, começando com a Quinta Sinfonia e com o Quinteto A truta, ele produziu grandes obras-primas instrumentais. Estas são marcadas pelo intenso lirismo (geralmente sugerindo um estado de espírito próximo ao pathos); uma modulação cromática espontânea que surpreende, embora nitidamente intencional e muitas vezes ilusoriamente expressiva; e, não menos importante, uma imaginação capaz de criar suas próprias estruturas formais. Sua abordagem da forma sonata, seja na escolha pouco ortodoxa da tonalidade para material secundário (Sinfonia em si menor, Quinteto Á truta) ou de idéias subsidiárias para o desenvolvimento, deixa clara sua maturidade e singularidade. A virtuosística Fantasia Wanderer é igualmente notável, em sua estrutura e na utilização da forma cíclica, enquanto o Quarteto de Cordas em sol maior explora sonoridades novas surpreendentes e, por extensão, introduz emocionalmente uma agressividade inédita no gênero. A maior de todas as suas obras de câmara, no entanto, é sem dúvida o Quinteto de Cordas em dó maior, com suas sonoridades ricas, intensidade e lirismo e, no movimento lento, uma profundidade de sentimentos engendrada pela sustentação de seções periféricas (com suas figuras de acompanhamento insistentes, porém variadas e sugestivas, cingindo uma arrebatadora seção central em fá menor). Entre as sonatas para piano, as três últimas, particularmente a em sib maior, nobre e espaçosa, representam outro ápice de suas realizações. A maior obra-prima orquestral é a “Grande” Sinfonia em dó maior, de notável síntese formal, impressionante vitalidade rítmica, orquestração apropriada e pura beleza lírica.

Schubert nunca abandonou sua ambição de escrever uma ópera de sucesso. Grande parte dessa música é de alta qualidade (especialmente em Alfonso und Estrella, Fierabras e no atraente oratório de Páscoa, Lazarus, que mantém estreita relação com as óperas), demonstrando originalidade de estilo tanto no recitativo acompanhado quanto no colorido orquestral, malgrado a frágil continuidade dramática. Entre as obras corais, as canções corais e as missas apoiam-se na textura homofônica e em deslocamentos harmônicos audaciosos; as missas em láb maior e em mib maior são particularmente bem sucedidas.

Schubert efetivamente consolidou o lied alemão como uma nova forma de arte no séc.XIX. Foi ajudado pelo. recrudescimento da poesia lírica no final do séc.XVIII e pelas novas e atraentes possibilidades de acompanhamento oferecidas pelo piano, mas sua genialidade própria é, de longe, o fator mais importante.

Seus lieder dividem-se em quatro grupos estruturais básicos – estrófico simples, estrófico modificado, em durchkomponiert (p.ex., Die junge Nonne) e o gênero “scena” (p.ex., Der Wanderer); as fontes poéticas abrangem de Goethe, Schiller e Heine aos amigos versejadores do próprio Schubert. Os motivos de sua imorredoura popularidade residem não apenas no apelo direto das melodias e em seu irresistível idioma musical, mas também em sua mestria para captar musicalmente tanto o espírito de um poema quanto a maior parte de seus detalhes perfunctórios. A harmonia é usada para representar transformações emocionais (passando de menor para maior, deslocando-se magicamente para a terça respectiva, resolvendo sutilmente uma 7a diminuta, modulando uma estrofe final para acelerar o clímax) e as figurações de acompanhamento para ilustrar imagens poéticas (água em movimento, estrelas brilhando, um sino de igreja). Com tais recursos, desbravou novos caminhos musicais para expressar um texto, desde a descrição do amanhecer com que se abre Ganymed até os arroubos de angústia em Der Doppelgänger.

Ao descobrir a lírica narrativa de Wilhelm Müller, Schubert pode consumar o desenvolvimento do lied por meio do ciclo de canções. Mais uma vez, suas duas obras-primas eram praticamente sem precedentes, jamais sendo superadas.

Ambas identificam a natureza com o sofrimento humano: Die schône Müllerin através de uma linguagem sonora pastoril evocando caminhadas, o fluir das águas e o desabrochar das flores, e Winterreise por uma qualidade mais intensamente romântica, universal, profundamente trágica.

Franz Schubert – Vida

Franz Schubert
Franz Schubert

Franz Peter Schubert nasceu em Viena a 31 de janeiro de 1797. Filho de um mestre-escola, ingressou como cantor na capela imperial de sua cidade natal em 1808, e freqüentou um internato ligado a esta, onde Salieri o encorajou quando de suas primeiras composições. Em 1810, compôs um de seus mais importantes trabalhos, a Fantasia a quatro mãos e doze movimentos. Possuidor de parcas posses, foi grandemente auxiliado, quando ainda menino, por um colega seu, que lhe fornecia todo o papel de música de que necessitava. Escapando do serviço militar, matriculou-se em uma Escola Normal, tendo ao mesmo tempo o lugar de professor na Escola Particular mantida por seu pai.

Trabalhando desde 1814 como professor primário, teve oportunidade de reger músicas em igrejas suburbanas de Viena. Foi professor das filhas do conde Esterházy durante breves temporadas (1810 e 1824). Desde 1815 chamou atenção dos conhecedores pelas suas composições, especialmente pelos seus lieder. A partir de 1816, dedicou-se inteiramente à música.

Mas sua posição na vida musical vienense sempre foi modesta. Contou sempre com numerosos amigos que o admiravam (Schober, von Spaun, Michael Vogl, Lachner). Teve sucesso principalmente em círculos boêmios, aliás de uma boêmia muito moderada, meio burguesa. O tenor Vogl popularizou as suas canções.

Em 1818, já havia composto seis sinfonias completas.

Apesar de Schubert estar atravessando um dos seus períodos mais fecundos no campo criativo, no aspecto pessoal, em 1823, surgiu um mal que poucos anos mais tarde levaria o compositor à morte. Embora seja impossível certificar com total veracidade qual era a enfermidade, depoimentos da época e a descrição dos sintomas que padecia permitem assegurar que contraiu uma doença venérea, concretamente a sífilis. Essa teoria seria corroborada pelo fato de que, no final desse ano, o músico tinha sido obrigado a utilizar uma peruca para ocultar uma repentina calvície, seqüela de um tratamento à base de mercúrio, característico da época.

Sem sombra de dúvidas, as conseqüências desse mal, do qual Schubert nunca se livraria, apesar de momentâneas melhoras, foram as que terminaram com sua existência, e desde o aparecimento dos primeiros transtornos, o músico pareceu-se conformar-se com o final que o aguardava.

Durante esse período, compôs relativamente pouco, pois sua saúde se encontrava debilitada, assim como o seu ânimo, tal como reflete uma carta que enviou à Leopold Kupelweiser em 31 de março de 1824: ‘ (…) Sinto-me o homem mais infeliz e desventurado deste mundo. Creio que nunca voltarei a estar bem novamente, e tudo o que faço para tentar melhorar minha situação, na realidade a torna pior (…)’.

Durante o verão de 1823, Schubert iniciou uma longa viagem, acompanhado por seu amigo Michael Vogl, incluindo Steyr e Linz, aonde o esperavam seus companheiros.

Nesse mesmo ano, foi nomeado membro da Musikverein der Steiemark, associação musical cuja sede se encontrava em Graz. Suas canções seguiam sendo publicadas com certa freqüência. No terreno da ópera, produziu-se uma nova tentativa por parte de Schubertde se impor nos cenários vienenses, nessa ocasião com a obra Rosamunda D 797, escrita por Wilhelmine von Chezi, e cuja música era obra do compositor austríaco. Rosamunda foi representada pela primeira vez em 20 de setembro de 1823 e, apesar do fracasso da obra teatral, a música que acompanhava o texto chegou a ser apreciada por boa parte do público.

A insistência de Schubert para triunfar nos teatros de ópera da sua cidade constitui um dos fatos que contribui para desmentir a fama de indolente atribuída ao compositor.

Alguns anos mais tarde, em uma carta ao seu amigo Bauernfeld, Schubert escreveria umas palavras que refletem o interesse que seguia mantendo pela ópera: ‘Vem o quanto antes para Viena. Dupont quer uma ópera minha, porém os libretos que li não me agradaram em absoluto.

Seria magnífico se o seu libreto de ópera fosse acolhido favoravelmente. Isso daria, ao menos, dinheiro e, talvez, honra. Te peço que venhas assim que puder por causa da ópera.’ Atualmente, a maioria dos musicólogos parece coincidir em que, longe de mostrar deprezo por esse terreno, o mais provável é que o músico de Viena era incapaz, em virtude de seu caráter tímido e retraído, de relacionar-se de forma cômoda com os membros dos sofisticados e mundanos ambientes teatrais. Por esse motivo, parecia confiar unicamente nos contatos que Vogl mantinha com os círculos operísticos, e se a sua inaptidão para a vida social era, provavelmente, muito acusada, também era falso o tão repetido desinteresse que os biógrafos perpetuam nos relatos referentes ao compositor.

Numerosas biografias de Schubert incorrem no argumento de retratar um homem atormentado pela doença, cujos últimos anos foram um suplício para vencer o mal e redimir-se através de suas composições. O certo é que, depois dos primeiros sintomas da enfermidade que o afetaram seriamente durante aproximadamente um ano e meio, o estado geral do músico experimentou uma melhora que, inclusive, o levou a pensar que a sífilis cedia definitivamente.

A partir do final de 1824, Schubert se sentiu novamente com forças para prosseguir com sua carreira e levar uma vida praticamente normal.

No verão desse ano transferiu-se de novo para a residência do conde Esterházy, em Zseliz, onde se encarregou uma vez mais da educação musical das filhas do aristocrata. O salário que recebeu durante esses meses não impediu que durante sua volta a Viena reiniciasse seu trabalho como professor na escola de seu pai.

No entanto, depois de alguns meses de vida austera, conseguiu reunir dinheiro suficiente para abandonar, outra vez, o lar paterno e viver com seus amigos.

O ano de 1825 se apresentava com algumas perspectivas.

O estado de saúde de Schubert havia experimentado uma notável – embora passageira – melhora, e de novo o músico se entregou a sua tarefa compositiva com ardor. Dessa época datam os sete lieder que escreveu baseados em ‘A dama do lago’, de Walter Scott. Por outro lado, em meados de 1826, solicitou ocupar o posto vago de diretor da apela da côrte. Uma vez mais, seu pedido foi negado, em favor de um músico mais conhecido em sua época, o diretor da Ópera de Viena, Joseph Weigl.

No verão de 1828, Schubert permaneceu em Viena, ocupado com a conclusão de suas últimas obras-primas e suportando novos embates da doença que, já fazia cinco anos, o molestava. Seus amigos perceberam o fato e passaram-se a encarregar das necessidades básicas do músico. Schubert viveu algumas semanas com seu amigo Jenger e, posteriormente, se mudou para a casa de seu irmão Ferdinand, nos arredores de Viena.

Ao terminar o período estival, decidiu regressar à cidade para aprofundar seus conhecimentos de contraponto com Simon Sechter, professor de harmonia e de composição que lhe ministrou somente uma aula, em 4 de novembro. Poucos dias mais tarde caiu novamente doente, e lhe foi diagnosticado tifo, em razão do qual os médicos o proibiram de comer.

Em uma carta de 12 de novembro, dirigida à Schober, escrevia: ‘Levo onze dias sem comer e beber nada. Qualquer coisa que tento ingerir devolvo no instante…’.

Em pouco tempo seu estado de saúde foi se agravando e se viu obrigado a ficar em cama. Recebeu a visita de seus amigos e solicitou que fosse interpretado diante dele o ‘Quarteto n.º 14’ de Beethoven, desejo que cumpriu em 14 de novembro. Porém, os últimos dias passou só com seu irmão, pois o temor ao contágio acabou-lhe distanciando do seu círculo de amigos. Em 19 de novembro de 1828 exalava seu último suspiro.

Recentemente, o doutor Dieter Kerner escreveu uma interessante obra dedicada às doenças que afligiram os grandes músicos. Com base em suas teorias, o tifo não foi a causa de sua morte, em virtude da ausência de febre que apresentava Schubert. A sífilis foi a causa do óbito do compositor, como parecem demonstrar os resultados da autópsia, que indicava uma importante deterioração do córtex cerebral. Provavelmente, concluiu o doutor Kerner, a morte poupou o ainda jovem compositor do final que tiveram, por exemplo, Friederich Nietzsche e Hugo Wolf, condenados pela doença a viver seus últimos anos submergidos na loucura.

No dia 21 de novembro, o corpo de Schubert foi enterrado no cemitério de Währing.

Seu amigo Franz Grillparzer se encarregou de redigir o epitáfio que hoje adorna seu túmulo, e que diz o seguinte: ‘A música enterrou aqui um rico tesouro/ e esperanças todavia mais belas./ Aqui repousa Franz Peter Schubert/ nascido em 31 de janeiro de 1797/ morto em 19 de novembro de 1828/ com a idade de 31 anos’.

Em 1888, seu corpo foi transladado ao Zentralfriedhof – Cemitério Central – da capital austríaca, onde repousa junto ao de Beethoven, no chamado Panteão dos artistas.

As duas vertentes

Schubert vive na consciência de muitos, sobretudo de leigos, como compositor meio alegre e meio melancólico, algo leviano, enfim, tipicamente vienense. Não se pode negar que muitas obras de Schubert correspondem a essa definição. Mas também existe um outro Schubert, profundamente sério, compositor da mais alta categoria e sucessor digno de Beethoven. Não começou como músico ligeiro, evoluindo para a arte séria. Entre as suas primeiras obras já existem provas incontestáveis do gênio, ao passo que escreveu música ligeira até o fim da vida. A distinção das duas vertentes, serve, porém, como fio de orientação na obra de Schubert, muito volumosa e imensamente rica.

Música vienense

Grande parte das obras de Schubert é inspirada pelo folclore musical vienense (que é bastante diferente do folclore musical das regiões rurais da Áustria, base da inspiração musical de Haydn).

As respectivas composições de Schubert são de melodismo fácil e insinuante, conhecidas e queridas no mundo inteiro: asmarchas militares, as danças germânicas, as valsas, sobretudo a famosa Valsa da saudade. No mesmo estilo escreveu obras de grande formato, como o Quinteto para piano em lá menor – A truta (1819), cujo apelido deve-se à um dos movimentos ser variações sobre o lied homônimo de Schubert. A obra já foi definida como “de frescor de uma manhã nos campos”. Música parecida é a do Trio para piano em si bemol maior (1827).

Música instrumental séria

Muitos incluem no grupo de música instrumental séria, a famosa Sinfonia n.º 8 em si menor – Inacabada (1822). A data mostra, aliás, que a obra não foi – como muitos acreditam – interrompida pela morte. O trabalho foi abandonado por motivos que se ignoram. A obra é hoje prejudicada pela imensa popularidade dos seus temas. Ouvida sem parti-pris, é obra séria, impressionante, de energia inesperada. Mas é muito mais importante a Sinfonia n.º 7 em dó maior (1828), a maior de todas as sinfonias entre Beethoven e Brahms, e que seria digna desses dois grandes mestres.

No entanto, as maiores obras instrumentais de Schubert foram realizadas no terreno da música de câmara. Os quartetos para cordas em lá menor (1824) e sol maior (1826) e o isolado movimento do Quarteto para cordas em dó menor (1820), fragmento de mais outra obra inacabada, são de grande categoria, mas superados pelo célebre Quarteto para cordas em ré menor – A morte e a donzela (1824), cujo apelido deve-se ao segundo movimento, onde constam variações sobre o lied homônimo do compositor. É obra digna de Beethoven, de intenso romantismo nostálgico. Mas mesmo a esse grande quarteto pode-se preferir o Quinteto para cordas em dó maior (1828), talvez a maior composição instrumental de Schubert.

Estilo – Schubert é clássico e romântico ao mesmo tempo.

É clássico quanto à forma e a estrutura das composições instrumentais, seguidor de Haydn, Mozart e Beethoven.

Às vezes intervêm mais outras influências, sobretudo a de Händel nas formas grandes da música sacra: os handelianos não acham, aliás, perfeita a Missa em mi bemol maior (1828), mas a Missa em lá bemol maior (1822), embora tão “profanamente alegre” como as missas de Haydn, é obra-prima.

O romantismo de Schubert revela-se, sobretudo, em seu uso da harmonia, que é no Quarteto – A morte e a donzela, por exemplo, audacioso e inovador. Romântico é também pelo uso de novas formas musicais, na música para piano solo. A Fantasia em dó maior – O caminhante (1822), denominada assim porque usa os ritmos do lied homônimo de Schubert, é – antes de Berlioz e Liszt – uma obra de música de programa. E os Improvisos Op. 142 (1827) antecipam de maneira surpreendente o estilo de Chopin.

Lieder – A obra instrumental de Schubert já bastaria para incluí-lo entre os maiores vultos da história da música.

Mas Schubert é, além disso e sobretudo, o primeiro grande mestre do lied, do canto de câmara. Criou mesmo essa forma, que antes era seca e pouco poética, imperfeita até nas respectivas composições de Beethoven. Vale a pena salientar que só a forma estrófica desses lieder é a da canção popular alemã.

Mas os lieder de Schubert não têm nada de folclórico: é a poesia lírica da música. E é principalmente nos lieder, na escolha dos textos e em sua ornamentação musical, que se revela o romantismo do compositor.

Entre os cerca de 600 lieder de Schubert, há muitos que pertencem ao gênero ligeiro, vienense, como A truta (1817), Para cantar na água (1823), O caminhante à lua (1826).

Mas já na mocidade escreveu o compositor algumas de suas melhores peças: a famosa balada Erlkönig (1815), o altamente romântico O caminhante (1816), aproveitado depois na homônima fantasia para piano, A morte e a donzela (1817) e o comovente hino À música (1817). Romanticamente inspirado é também o belíssimo No crepúsculo (1824) e o ciclo A bela moleira (1823), em que se alternam a alegria e a melancolia.

Os grandes ciclos

Obras-primas são os 24 lieder do ciclo A viagem de inverno (1827): sobre textos medíocres de Wilhelm Müller (1794-1827) escreveu o compositor um grupo de peças profundamente trágicas, como os admiráveis O poste e O homem do realejo.

É de 1828, publicação póstuma Canto de cisne.

Não é propriamente um ciclo, mas são os últimos lieder que o compositor escreveu, reunidos pelo editor sob aquele título.

Pouco antes de morrer, tinha Schubert lido poesias de Heine, que lhe inspiraram alguns do lieder mais profundos desse último ciclo: A cidade, No mar, Vendo-se a si próprio como espectro, da mais alta dramaticidade. O ciclo termina com Despedida, que é ambiguamente alegre e fúnebre.

Quando Schubert morreu, a maior parte de sua obra estava inédita, de modo que se falava de “grandes esperanças só prometidas”. Foi Schumann quem descobriu e publicou, anos depois, os originais das grandes obras instrumentais. Os lieder já tinham conquistado o mundo inteiro.

Qualquer apreciação da obra de Schubert deve levar em conta um dado crucial: seu prematuro desaparecimento que, em virtude da evolução que apresentavam suas últimas composições, provavelmente furtou ao mundo uma série de obras mestras.

Franz Schubert – Biografia

Franz Schubert
Franz Schubert

Em Lichtenthal, subúrbio de Viena, no dia 31 de janeiro de 1797, nascia Franz Peter Schubert. Décimo-segundo filho de Franz Theodor Schubert e Elizabeth Vietz, o pequeno Franz levou uma infância bem tranqüila.

O pai, de origem camponesa, era professor primário, e seu filho homônimo estaria determinado a imitar-lhe a carreira se não fosse por um detalhe: sua bela voz.

Fez um teste e, aos onze anos, foi admitido no Stadtkonvikt de Viena como cantor. Um dos examinadores era o compositor italiano Antonio Salieri, famoso por sua suposta rivalidade com Mozart.

Franz ficou no internato de 1808 a 1813. Era um aluno taciturno, melancólico até, mas sempre ativo em termos musicais. Além de conhecer amigos que conservaria por toda a vida, Franz obteve uma cultura musical consideravelmente sólida – e compôs bastante, febrilmente.

Sua primeira obra acabada data de 1810: é uma fantasia para piano a quatro mãos, em doze movimentos.

Com a morte da mãe, em 1813, Franz finalmente cedeu à pressão paterna e inscreveu-se como aluno da escola normal. Em um ano já tinha seu magistério concluído e poderia, como o pai, ser professor primário.

Mas Franz tinha 17 anos, muitos sonhos na cabeça e, principalmente, muitas obras em seu catálogo: uma sinfonia, vários quartetos, muitas canções, uma missa e até uma ópera. Era inevitável seguir o coração e investir em sua carreira de músico.

Mesmo assim, Franz assumiu seu posto de professor primário, por dois anos, até abandoná-lo definitivamente em 1816.

Dava aulas mas não parava de compor: são 193 composições em dois anos, em todos os gêneros possíveis.

Quando decidiu subsistir apenas com sua música, Schubert tornou-se o primeiro compositor a fazer isso deliberadamente. Mozart, é certo, foi posto na rua a pontapés pelo seu empregador e viveu o resto de sua curta vida de maneira independente, mas sempre se valeu do fascínio que exercia como virtuose para obter seu público. E lembremos que o jovem e tempestuoso Beethoven recém-chegado a Viena era pianista dos mais solicitados. Schubert não. Ele ousou viver apenas como compositor, raramente apresentando-se em público.

Nem sempre foi bem-sucedido; aliás, em geral fracassava. Schubert teve uma vida recheada de preocupações financeiras, dívidas e constantes ajudas dos fiéis amigos, que lhe davam abrigo e muitas vezes alimento.

Talvez a culpa seja do próprio Schubert, que adotou a estratégia errada para construir sua carreira: obter sucesso compondo óperas. Escreveu mais de uma dúzia delas, todas destinadas ao insucesso.

Mas em um campo Schubert haveria de trinfar: o lied.

Aos poucos, foi conquistando o público, os editores e a crítica com suas canções. A primeira obra-prima, Margarida na roca, baseada em uma cena do Fausto de Goethe, foi composta em 1814. É considerado o primeiro grande lied da história. Em seguida vieram O rei dos elfos, A morte e a donzela, A truta e outras tantas maravilhas. O ano de 1815 foi coroado com 146 lieder, além de duas sinfonias (a quarta, dita Trágica, e a quinta), duas missas, quatro óperas, mais sonatas para piano e quartetos. A inspiração parecia nunca acabar!

Embora começando a ser notado como grande compositor de canções, Schubert tinha muitas dificuldades para se impor. Ainda insistia na ópera, sempre sem êxito.

A primeira publicação de uma obra sua, finalmente, só veio a acontecer em 1820: o Opus 1 seria o lied O rei dos elfos, composto cinco anos antes. O detalhe é que a edição foi feita através do sistema de assinaturas; a ajuda dos amigos aqui foi novamente providencial.

Justamente nessa época é que Schubert enfrenta sua primeira crise mais séria, tanto psicológica como física. Além de enfrentar uma humilhante, para a época, doença venérea (provavelmente contraída com uma criada dos Esterházy, família da qual foi professor em 1818), os eternos problemas sentimentais – noiva que se casa com outro, contínuos fracassos amorosos – e financeiros, Schubertcomeçou a ver a sua fonte de criação se esgotar. Começou a compor cada vez menos, inclusive menos canções.

Em 1822, em plena depressão, escreveu o revelador texto Meu sonho, que contrasta fortemente com a imagem do alegre e brincalhão animador das schubertíadas vienenses: Durante anos, senti-me dividido entre a maior das dores e o maior dos amores. Durante anos cantei lieder. Se queria cantar o amor, para mim ele se transformava em dor; se queria novamente só cantar a dor, para mim ela se transformava em amor.

Mas voltou a compor.

No mesmo ano terrível, Schubert escreveu a sua Oitava Sinfonia, obra tão angustiada que foi deixada incompleta. A crise aumentaria. Em fevereiro de 1823, muito doente, foi internado no Hospital Geral de Viena. Mas continuava criando. Ainda no hospital, compôs o ciclo de canções Mueller; pouco depois, uma das suas maiores realizações no campo dos lieder, o ciclo A bela moleira.

Schubert aos poucos iria melhorando seu estado mental, mas sua saúde física só deteriorava. Surgiam a todo instante os sintomas degenerativos da sífilis, na época uma doença incurável, que Franz havia contraído alguns anos antes. Além de lhe causar dores de cabeça e vertigens constantes, a doença fez com que seus cabelos caíssem e tivessem de ser substituídos por uma peruca.

Em 1824, a esperança de uma recuperação veio com a segunda estada que fez no castelo dos Esterházy, na Hungria, onde novamente daria aulas para as filhas do conde. Uma delas, Caroline, então com 17 anos, despertou-lhe intensa paixão.

Como seria natural, o tímido e melancólico Schubert não chegou a se declarar para a amada.

Mesmo assim, a viagem foi boa para os ânimos do compositor, então com 27 anos.

Quando retornou a Viena, as célebres festas realizadas pelos fiéis amigos, as schubertíadas, ganharam força total, assim como o próprio Schubert, que compôs algumas de suas maiores obras-primas neste período: o Octeto, o Quarteto A morte e a donzela, além de começar o trabalho na Nona Sinfonia, a Grande.

Foi uma época produtiva, mas nada isenta de preocupações materiais. Suas obras continuavam sendo recusadas pela maioria dos editores e sucesso de público era algo distante. Sem nenhum dinheiro ou propriedade – nem mesmo o próprio piano – Schubert vivia de eventuais publicações, todas pouco rentáveis, e de empregos mais eventuais ainda, que costumeiramente eram perdidos rápido por conta de seu temperamento.

Em 1827, Schubert chocou-se muito com a morte de Beethoven, por quem nutria um estranho sentimento misto de admiração e temor. Intimamente, o fato fez Schubert sentir próximo o próprio fim.

E, justamente nesse período triste, seus amigos, antes inseparáveis, começaram a se afastar: alguns se casavam, outros partiam para outras cidades. A solidão tornou-se a maior companheira do Schubert dos últimos meses.

A sua frágil saúde voltou a dar sinais de piora. No final de outubro de 1828, passou a recusar alimento.

No mês seguinte, os médicos detectaram o motivo da recaída: febre tifóide causada por infecções intestinais.

Não saía mais da cama. No dia 19 de novembro de 1828, às 3 horas da tarde, em meio a delírios, Franz Schubert fitou o médico que o acompanhava e pronunciou: “aqui, aqui é o meu fim”. Foram as suas últimas palavras.

SUA OBRA

Franz Schubert
Franz Schubert

Assim como Beethoven, Schubert é um compositor entre dois períodos, o Classicismo e o Romantismo. Enquanto as primeiras obras mostram de maneira inconfundível a influência dos grandes clássicos vienenses, Haydn e Mozart, as últimas podem, com grande justiça, ser consideradas as primeiras grandes realizações do Romantismo musical.

Mas Schubert não pretendia ser um grande revolucionário musical ao molde do ídolo Beethoven. Ao invés de deliberadamente alargar as fronteiras dos gêneros que recebeu dos antecessores, Schubert simplesmente as trabalhava com a mesma liberdade que tinha quando compunha canções.

No final das contas, acabou operando o grande passo a frente rumo ao Romantismo: o conteúdo, as idéias musicais, é que determinam suas próprias formas.

Certamente o gênero em que Schubert foi melhor sucedido – e onde mostra mais claramente todo a sua genialidade – é o lied. A canção artística alemã, reciprocamente, teve em Schubert ao mesmo tempo um grande iniciador e o seu expoente máximo.

Nos quase 600 lieder que compôs resumem-se todas as características de sua arte: a alternância entre tons maiores e menores, a espontaneidade da criação melódica, a predominância do elemento lírico em detrimento do dramático (e imaginar que Schubert ambicionava sucesso na ópera).

Além do lied, Schubert se destacou especialmente em outros três gêneros: música para piano, música de câmara e sinfonia. Em todos eles, principalmente nos dois primeiros, Schubert deixou sua marca indelével.

Canções

Gênero schubertiano por excelência, a canção também representa a parte mais numerosa de seu catálogo: aproximadamente 600 obras. É nos lieder que Schubert expressa a sua natureza essencialmente poética e todas as suas angústias. Não seria de se estranhar o fato de que inúmeras de suas obras-primas instrumentais sejam inspiradas – e isso inclui aproveitamento temático – em lieder.

As canções mais conhecidas e importantes de Schubert estão agrupadas em ciclos, que geralmente narram uma história ou mantêm uma atmosfera única entre todas as partes.

Três deles são considerados os maiores de Schubert: A bela moleira (Die schöne Mullerin), A viagem de inverno (Die Winterreise) e O canto do cisne (Schwanengesang). Os dois últimos foram compostos nos anos finais da vida do compositor e representam, respectivamente, o desespero e o adeus.

A viagem de inverno, ciclo baseado em poemas de Wilhelm Mueller, mostram a chegada do que Schubert chamou de “inverno de minha desesperança”.

Impregnadas pela idéia da morte, as canções são sombrias, angustiadas e até mesmo perturbadoras. O ciclo é talvez a maior realização de Schubert no campo do lied.

Inúmeras canções de Schubert têm vida independente de ciclos.

São jóias de poesia em estado puro: Margarida na roca, O rei dos elfos, A morte e a donzela, A truta, O anão, O viajante, Dafne no riacho, e claro, o mais popular lied schubertiano, Ave Maria, que a posteridade quase transformou em hino sacro.

Em termos de música sacra propriamente dita, não podemos nos esquecer das grandes missas que Schubert compôs, em especial a D.678, em lá bemol maior, e a monumental D.950, em mi bemol maior.

Música para Piano

Schubert era exímio pianista, mas nunca quis obter êxito como intérprete: seu único objetivo era compor. Mesmo assim, compunha muito para piano, especialmente para tocar com os amigos, em especial nas célebres schubertíadas. Dessa maneira, é natural que as miniaturas em forma livre, como improvisos e fantasias, tenham destaque em sua produção, muitas vezes na forma de peças para piano a quatro mãos.

Suas obras curtas para piano são muito próximas em espírito aos lieder: muita expressão e suprema liberdade inventiva condensados em obras de pequena duração. Muitas vezes essas peças são danças, ländler, valsas, polonaises e até mesmo marchas militares. São bastante conhecidos os conjuntos das Valsas sentimentais D.779 e das Valsas nobres D.969, além das três Marchas militares Op. 51 e as Polonaises Op. 61 (as duas últimas séries são para piano a quatro mãos).

De outra espécie são os Improvisos dos Opus 90 e 142. Nessas peças, Schubert mostra o lado mais refinado de sua veia poética.

Também dignas de destaque são suas fantasias: a Fantasia Wanderer, para piano solo, baseada na canção O viajante, de clima um tanto amargo e tempestuoso mas de força impressionante; e a sublime Fantasia em fá menor D.940, para piano a quatro mãos, uma de suas mais belas criações.

Schubert enfrentou a sonata com muito menos liberdade e confiança em comparação com sua habilidade nas formas curtas. Tanto que, das 21 sonatas que compôs, inúmeras foram deixadas inacabadas.

De qualquer maneira, encontramos tesouros preciosos entre elas: as D.840, dita Relíquia, em dó maior, D.845, em lá menor, D.850, em ré maior, e D.894, em sol maior, são suas primeiras grandes obras no gênero.

Mas Schubert só alcançaria alturas ainda mais elevadas com suas últimas três sonatas, D.958, em dó menor, D. 959, em lá maior, e D.960, em si bemol maior.

Peças que revelam uma tristeza profunda, essas três sonatas foram compostas nos seus últimos dois meses de vida. São, talvez, as obras pianísticas mais emocionantes e sentidas que Schubert escreveu.

Música de Câmara

Um dos gêneros em que Schubert foi mestre consumado foi a música de câmara. Em formações como trios, quartetos, quintetos e octetos, Schubert escreveu grandes obras-primas. Em algumas delas, a influência – sempre presente no compositor – dos lieder se faz notar pelo uso de temas de canções.

Os casos mais célebres são o do Quarteto de cordas em ré menor D.810, A morte e a donzela e o do Quinteto para piano e cordas em Lá maior D.667, A truta.

Ambos são baseados em canções, cujos temas surgem em movimentos centrais na forma de tema e variações; mas as semelhanças terminam aí. Enquanto o quarteto é uma peça solene e um tanto sombria, o quinteto para piano é uma obra muito leve e jovial.

Schubert também escreveu dois trios. O segundo deles, em mi bemol maior, opus 100, D.929, é o mais conhecido e talvez o maior. Esse trio tem uma inquietação interior, uma qualidade patética raramente encontrada em Schubert. Uma obra-prima, composta um ano antes de morrer.

Mas a maior criação camerística de Schubert é, sem dúvida, o sublime Quinteto de cordas em Dó maior D.956. Instrumentado de maneira singular, para dois violinos, uma viola e dois violoncelos, o quinteto já foi chamado de “o diploma da música romântica”. De fato, o seu sabor fortemente nostálgico e melancólico fazem dessa obra monumental (cerca de uma hora de duração) um grande devaneio poético. O movimento lento é, seguramente, uma das mais emocionantes músicas compostas em todos tempos.

Sinfonias

Schubert mantinha um sentimento ambíguo com relação à sinfonia: alternam-se, em sua carreira, fases de grande empolgação com fases de rejeição pela forma. Mas foi no gênero sinfônico que Schubert compôs algumas de suas maiores e mais populares obras-primas.

As três primeiras sinfonias de Schubert foram escritas no início de carreira e mostram a influência muito forte dos mestres Mozart e Haydn. Têm importância apenas relativa. A primeira sinfonia schubertiana realmente de porte é a Quarta, dita Trágica. Escrita em tom menor, o clima é de drama e tensão.

A Quinta é o oposto da Quarta: em tom maior e detentora de um clima muito mais leve. A influência mozartiana novamente se faz sentir. A Sexta é ainda mais extrovertida e alegre.

A influência é clara: Rossini, que fazia muito sucesso em Viena na época de composição dessa sinfonia.

A Sétima… bem, a Sétima não existe.

O que existe é um mistério em torno da numeração das sinfonias schubertianas: da Sexta, passa-se à Oitava. O porquê desse salto é obscuro. Seria a Sétima o suposto primeiro esboço da Nona, começado em 1825 e citado em cartas como a “grande sinfonia”? Afinal, a Nona só surgiu definitivamente em 1828 e Schubert não costumava demorar-se tanto com uma obra. Ou seria a Sétima o esboço de uma sinfonia em mi maior, composto, sem orquestração, imediatamente antes da célebre Inacabada? Difícil saber.

De qualquer forma, a Sinfonia em si menor, a Inacabada, é tradicionalmente conhecida como a Oitava. É a sinfonia mais conhecida de Schubert. Tensa, dramática, patética, dessa sinfonia só temos os dois primeiros movimentos e um minúsculo fragmento do Scherzo. É uma obra-prima completa, mesmo inacabada.

A última sinfonia, a Nona, em dó maior, é também conhecida como a Grande. O apelido é justíssimo.

Certamente esta é a maior – e mais longa – obra sinfônica de Schubert. A

Grande tem clima diverso e mais complexo que o da Inacabada: não mais drama, mas movimento e potência.

Juntamente com a Júpiter de Mozart e com a Nona de Beethoven, a Nona de Schubert abre o caminho para as futuras sinfonias de Bruckner e Mahler.

A Grande é um fecho monumental para o impressionante legado de Schubert. Legado este que se torna mais impressionante ainda ao pensarmos na idade em que o compositor morreu: apenas 31 anos.

Fonte: www.biography.com/www.thefamouspeople.com/www.classicos.hpg.ig.com.br

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