Ésquilo

Ésquilo – Vida

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Nascimento: 525 a.C., Elêusis, Grécia.

Falecimento: Gela, Itália.

Poeta trágico grego, nascido na cidade de Eleusis (Grécia), perto de Atenas, em 525 ou 524 aC e morreu em Gela (Sicília) em 456 aC., em uma família de grande ascendência social.

O “Pai da tragédia”.

Ele participou heroicamente na vida militar grego, sendo protagonista nas batalhas de Maratona, Salamina e Platéia.

Depois de conseguir vários prêmio poético foi anunciado como um dos grandes poetas e dramaturgos trágicos da Grécia antiga com Sófocles e Eurípides.

Ele foi um inovador do gênero dramático, introduzindo o segundo ator e diálogo com a concessão de maior importância para o cenário.

Seus principais títulos, com temas heróicos e míticas narrados com movimentos enérgicos, são “Sete contra Tebas”, “Prometeu acorrentado”, “A Suplicante”, “Os persas” e, acima de tudo, a trilogia “O Oresteia” composto por ” Agamemnon “,” a libação “e Portadores As Eumênides”.

Ele viveu em Siracusa quando foi governada pelo tirano Hierión.

Ele morreu em Gela, na Sicília, em 456 aC Segundo a lenda, o autor morreu depois de cair uma tartaruga sobre sua cabeça para ser deixado cair do céu por uma águia.

Ésquilo – Dramaturgo

Um Dramaturgo nas Encruzilhadas

Ésquilo
Ésquilo

No ano de 525 a C.., Cambises invadiu o Egito e Ésquilo nasceu.

Cada gênio revela um padrão de comportamento.

O de Ésquilo foi de estar sempre colocado entre dois mundos ou princípios.

Dez anos antes que Ésquilo, fizesse sua estréia como dramaturgo encenando, em 490, estava na planície de Maratona com o grupo de atenienses que repeliu as hostes do maior império do seu tempo. Aos trinta e cinco anos era herói nacional.

Dez anos mais tarde a população de Atenas foi obrigada a abandonar a cidade que foi completamente destruída pelo invasor.

A civilização helênica foi salva pela momentosa batalha naval de Salamina.

Ésquilo celebrou a vitória sobre os persas escrevendo, oito anos depois, Os Persas.

O sopro épico de suas peças, seu diálogo exaltado, e suas situações, de titânica paixão, pertencem a uma idade heróica.

Há, em sua obra, um sentido de resoluto otimismo: o princípio certo sempre vence em seus conflitos filosóficos e éticos.

No entanto, tão logo os persas haviam sido derrotados, a Grécia começou a se encaminhar para uma nova crise. Sua cidade-Estado torna-se um império e a luta pela hegemonia começa a ocupar o poeta que escreve o seu primeiro drama preservado, As suplicantes.

Ésquilo, filho de uma antiga família estava ao lado da nobreza não deixou de externar sua oposição à nova ordem, sabemos que falou desdenhosamente de jovem poder e governantes adventícios em Prometeu Acorrentado, e acreditava-se que o fato de ter perdido o prêmio de um concurso para seu rival mais jovem, Sófocles, em 468, entrava na esfera de uma repercussão política.

A instauração da nova ordem atingiu até o Areópago (O supremo tribunal de Atenas) despojando-o de muitas das suas prerrogativas mais importantes. Ésquilo usou a tragédia de Orestes, em As Eumênides, para apoiar a instituição vacilante.

Mas é na sua abordagem à religião e à ética que mais afetou a qualidade e significado de suas tragédias. E novamente o encontramos postado entre dois mundos, pois Ésquilo é ao mesmo tempo um místico oriental ou profeta hebreu e um filósofo helênico.

Embora apresente marcadas semelhanças com os últimos profetas de Israel, sua concepção de divindade é composta pelo racionalismo helênico. Ésquilo dispensou o politeísmo de seu tempo em favor do monoteísmo.

Investigando o problema do sofrimento humano em sua última trilogia, Ésquilo chega à conclusão de que é o mal no homem e não a inveja dos deuses que destrói a felicidade. A razão correta e a boa vontade são os pilares do primeiro sistema moral que encontra expressão no teatro.

Foi na feição profundamente religiosa de seu pensamento que diferiu dos contemporâneos mais jovens. Uma ponte lançada entre a religião primitiva e a filosofia posterior.

Ésquilo e o Teatro Grego

Ésquilo sustentava corretamente que suas tragédias eram apenas fatias do banquete de Homero. Com efeito a maioria das tragédias possui as qualidades homéricas no ímpeto de suas passagens narrativas e na estatura heróica dos caracteres.

Mesmo com os processos introduzidos por Téspis, as peças ainda não eram mais que oratórios animados, fortemente influenciados pela poesia mélica que exigia acompanhamento instrumental e pela poesia coral suplementada por expressivos movimentos de dança.

O teatro físico também se apresentava rudimentar e o palco tal como o conhecemos era praticamente inexistente.

Novamente no ponto em que os caminhos se dividem Ésquilo precisava escolher entre o quase ritual e o teatro, entre o coro e o drama.

Mesmo tendo acentuada predileção pelo coro e pelas danças, Ésquilo trabalhou para aumentar as partes representadas: os “episódios” que, originariamente mereceram partes do drama mas simplesmente apêndices do mesmo. Um outro grande passo na evolução da tragédia foi a introdução do segundo ator.

É útil lembrar que as atores “multiplicavam-se” com o uso de máscaras além que efeitos de multidões podiam ser criados com o uso de participantes “mudos” ou do coro.

Ésquilo cuidava das danças, treinava os próprios coros, utilizava-se de recursos como as pausas demostrando se excelente diretor e encenador, fazendo amplo uso de efeitos que atingiram um nível extremamente elevado considerando-se os escassos recursos técnicos da época.

Destaque merece o fato de Ésquilo criar os figurinos estabelecendo, para eles, caracteres fundamentais. Fiz de seus atores figuras mais impressionantes utilizando máscaras expressivamente pintadas e aperfeiçoando o uso do sapato de altas solas o coturno.

Chegar a introdução, mesmo que rudimental, de uma cenografia foi um passo que um gênio tão versátil deu com facilidade. A decoração do palco, ou seja a construção cênica tornou-se permanente junto a utilização de máquinas que conseguiram obtendo bons efeitos cênicos.

O Festival de Teatro de Atenas e suas Convenções

Tudo começou quando Pisístrato transferiu o antigo e rústico festival dionisíaco dos frutos para Atenas criando as Dionisias Urbanas. Outro festival mais antigo (Lenianas) também começou a incluir tanto concursos trágicos quanto cômicos.

As Dionisias Urbanas Começavam com vários rituais religiosos (Procissões cultos ) até entrar na fase mais ligada propriamente ao teatro e ao concursos.

Dois dias eram reservados para as provas ditirâmbicas, um dia ás comédias, com cincos dramaturgos na competição; e três dias à tragédia . Seis dias eram devotados ao grande festival; cinco após 431 a.C. – com cincos apresentações diárias durante os últimos três dias – três tragédias e um “drama satírico” fálico pela manhã uma ou duas comédias à tarde. Três dramaturgos competiam pelo prêmio de tragédia, cada um com três tragédias e um drama satírico, sendo que as peças eram mais ou menos correlatas.

As peças eram cuidadosamente selecionadas por um funcionário público ou arconte que também escolhia o intérprete principal ou “protagonista”

Imediatamente antes do concurso, a ordem dos concorrentes era determinada por sorteio e ao seu término, os vencedores, julgados por uma comissão também escolhida por sorteio, eram coroados com guirlandas de hera.

Pesadamente paramentados, os movimentos dos atores trágicos, eram necessariamente lentos e seus gestos amplos.

Na verdade, devido as dimensões dos teatros, ao atores eram escolhidos por suas vozes. Os bons atores eram tão procurados que logo começaram exigir salários enormes e, quando o talento dramatúrgico se tornara escasso, a interpretação assumiu importância ainda maior que o próprio drama.

Tal como os atores, o coro apresentava-se com variados figurinos e usava máscaras apropriadas á idade, sexo e personalidade das personagens representadas. O coro também não cantava durante todo o tempo, pois algumas vezes usava a fala recitativa e até mesmo coloquial ao dirigir-se aos atores.

O uso do coro no teatro grego tinha por certo suas desvantagens, pois ralentava e interrompia as partes dramáticas da peça. Mas enriquecia as qualidades espetaculares do palco grego o que levou escritores a comparar a tragédia clássica com a ópera moderna.

As Primeiras Tragédias e a Arte Dramática de Ésquilo

As verdadeiras encenações do teatro ateniense estão irremediavelmente perdidas. Do trabalho de todos os dramaturgos que ganharam os prêmios anuais sobreviveram apenas as peças de Ésquilo, Sófocles, Éuripides e Aristófanes, e mesmo assim por apenas uma fração das suas obras.

Contudo, no caso de Ésquilo, as tragédias remanescentes estão bem distribuídas ao longo de toda a carreira e lançam luz suficiente sobre a evolução de seu estilo e pensamento.

Ésquilo é um mestre do pinturesco. Suas personagens são criaturas coloridas, muitas delas sobrenaturais, orientais ou bárbaras, e suas falas são abundantes em metáforas.

Sue progresso na arte deve Ter sido extraordinariamente gradual, uma vez que as primeiras peças revelam grande preponderância de intervenções corais e apenas os últimos trabalhos mostram-se bem aquinhoados em ação dramática.

Seu primeiro trabalho remanescente, As Suplicantes, provavelmente a primeira peça de uma trilogia, ainda o mostra lutando com o drama coral.

Há maior interesse quanto ao segundo drama remanescente: Os Persas, escrito em 472 a. C. trata de um fato prático contemporâneo, e foi obviamente cunhada para despertar o fervor patriótico.

Uma Divina Comédia: A Trilogia de Prometeu

O tema do Prometeu Acorrentado e das peças perdidas que o acompanhavam era Deus em pessoa. Trabalho inesquecível, transbordante de beleza e reflexão e transfigurado por essa personalidade supremamente inspiradora, Prometeu, rebelde contra Deus e amigo do homem. Sua tragédia é o protótipo de uma longa série de dramas sobre o liberalismo.

O tema da trilogia parece ser a evolução de Deus em cumprimento da lei da necessidade. De um tirano jovem e voluntarioso Zeus converte-se em governante maduro e clemente, tão diverso do Zeus da Ilíada quanto o Jeová de Isaías.

Tragédia Humana – Édipo e Agamemnon

Após estabelecer uma providência moral no universo, só restava a Ésquilo fazer com que a vontade desta prevalecesse entre os homens. Na primeira delas, uma tragédia de Édipo, Ésquilo recusou as explicações pré-fabricadas e foi além da convencional teoria grega da maldição familiar.

Nos Os Sete Contra Tebas deixa perfeitamente claro que a hereditariedade é pouco mais que uma predisposição. Os crimes cometidos pelos descendentes do corrupto Laio são resultado da ambição, rivalidade e insuficiente predomínio da lei moral durante a idade legendária.

Ésquilo estava galgando novas intensidades em Os Sete Contra Tebas ao voltar-se para a tragédia humana e individual. Chegou ao ápice desta escalada nove anos depois, em sua última e maior trilogia.

A Oréstia, apresentada em 458 a C. , dois anos antes da morte do autor, é novamente a tragédia da uma casa real.. Trata mais uma vez de uma maldição hereditária, que teve início na vago mundo da lenda.

Esta trilogia é formada por: o Agamemnon que será vítima de Clitemnestra (Sua esposa) que assim vinga a morte arbitrária da própria filha.

Nas Coéforas, segunda tragédia da trilogia, o filho de Agamemnon, Orestes encontra-se em curioso dilema: em obediência à primitiva lei da vendeta deveria matar os assassinos de seu pai mas a conseqüência deste ato o tornaria um matricida. Depois do assassínio as Fúrias enlouquecem Orestes.

Em As Coéforas, Ésquilo reduz a lie da vendeta um absurdo, posto que, seguida logicamente, leva a um ato ainda mais intolerável do que o assassinato original.

Na parte final da trilogia, As Eumênides, a vendeta é finalmente anulada.

Após diversos anos, Orestes finalmente expiou seu feito através do sofrimento e agora está pronto para enfrentar as Fúrias em julgamento aberto, anta o Areópago. Embora a votação empate este é quebrado em favor de Orestes quando Atená lança o seu voto pela absolvição. Significativamente é a deusa da razão que põe fim à cega e autoperpetuadora lei da retribuição.

Dois anos após a promulgação desse credo, Ésquilo estava morto.

Ésquilo transformara o ritual em drama, trouxera a personalidade humana para o teatro e incluíra a visão espiritual no drama.

Ésquilo – Biografia

Ésquilo
Ésquilo

Poeta, teatrólogo, educador e militar ateniense nascido em Eleusis, uma pequena cidade a 27 quilômetros noroeste de Atenas, o mais velho dos escritores de tragédia e geralmente considerado o fundador da tragédia grega e que, juntamente com Sófocles e Eurípides, formou o trio de gigantes poetas dramáticos da Grécia antiga.

De uma família rica da Ática, era filho de Eufório, um nobre membro dos Eupatridas., e cresceu nas terras vinículas da família. Educado em Atenas, conheceu o mundo intelectual de sua época e logo começou a escrever tragédias (~ 499 a. C.) e a participar do festival de Dionísio.

Sua carreira foi interrompida pela guerra contra os persas e, como soldado, participou junto com seu irmão Cinegeiro, da histórica batalha de Maratona (490 a.C.) contra as forças do invasor Dario.

Seu irmão morreu em batalha e ele continuou a escrever e ainda participou das batalhas de Dionísia (484 a. C.) e de Salamina (480 a. C.), contra as tropas invasoras do persa Xerxes.

Muitos de seus trabalhos literários foram influenciados por esta passagem militar de sua vida.

Como autor defendia ser este um educador e acreditava que se os atores sofressem em cena, isso despertaria os sentimentos de terror e piedade dos espectadores proporcionando-lhes o alívio ou purgação desses sentimentos.

O mais antigo e o mais proeminente dos dramaturgos gregos, foi também pioneiro na introdução de um segundo ator nas representações, possibilitando o diálogo.

Estima-se que escreveu cerca de uma centena de obras dentre as quais destacaram-se: Os persas (472), Os sete contra Tebas (467), As suplicantes (463), Prometeu acorrentado (?) e a famosa triologia Oréstia (458) sobre Orestes, o filho de Agamenão, Agamenão, As coéforas e As eumênides, três tragédias articuladas de uma mesma lenda, seguidas de um drama satírico, formando uma tetralogia teatral e concluídas pouco antes de sua morte.

Esta triologia foi apresentada ao público ateniense, no teatro de Dioniso, a foi a única trilogia das peças do teatro grego que chegaram até nossos dias, uma trilogia que gira em torno do mesmo assunto: O mito dos Atridas.

A primeira tragédia é sobre a volta de Agamenão, chefe vitorioso de todos os gregos na guerra de Tróia, para Argos e, em seguida, a sua morte, assassinado traiçoeiramente pela mulher Clitemnestra e seu amante e cúmplice Egisto.

Na segunda, Coéforas, é sobre o retorno, alguns anos mais tarde, de Orestes, filho de Agamenão e de Clitemnestra, com o objetivo de vingar a morte do pai, matando a própria mãe. Na terceira peça, Eumênides, relata que Orestes, perseguido pelas Erínias, divindades vingadoras e perseguidoras dos que faziam correr o sangue familiar, chega a Atenas, onde seria julgado por seu crime em um tribunal.

O autor conheceu a Sicília (470), onde morou em seus últimos anos de vida (458-456 a. C.) na corte do tirano Hierão de Siracusa e, segundo a tradição, morreu nas proximidades da cidade de Gela, na Sicília, quando uma águia deixou cair acidentalmente uma tartaruga sobre sua cabeça.

Ésquilo – História

Ésquilo
Ésquilo

A Grécia Arcaica deu passagem à Época Clássica, num movimento rápido de luz e sombras, cheio de alegria e medo. Conforme os helênicos aniquilavam e absorviam os primitivos Aqueus, os valores outrora articulados nos Mistérios e, de alguma forma, cruamente aplicados à esfera social eram formulados com uma nova consciência intelectual e sensibilidade política.

As tiranias familiares foram reduzidas a oligarquias e, em Atenas, a democracias. As divisões sociais que haviam sido afastadas apenas para propósitos específicos e dramáticos – por exemplo, o resgate de Helena de Tróia, a busca do Velocino de Ouro na região de Colchis – foram deixadas de lado em novas e ousadas alianças, forjadas por interesses comerciais e políticos que se expandiam, pela colonização e por um certo sentido patriótico de “Grécia Maior”, assim como por repetidas incursões da Pérsia.

Não faltaram questões e experimentos, que tanto revitalizavam os ideais antigos quanto geravam novas perspectivas, enquanto minavam as bases dos Mistérios.

Na excitação do processo de liberação e enfraquecimento da nova ordem, alguns pensadores sensíveis previram a perigosa possibilidade dos Mistérios se tornarem irrelevantes e a necessidade de contenção do crescimento do abismo entre o conhecimento das verdades eternas e suas aplicações seculares no âmbito público. Dentre os primeiros a reconhecer esta necessidade e a trabalhar por ela através de uma transformação ousada dos materiais existentes estava Ésquilo, “o pai da tragédia grega”.

A vida de Ésquilo é quase desconhecida, a não ser por um esboço geral encontrado num manuscrito do século XI sobre várias peças de teatro, hoje em dia preservado em Florença. Seu autor e sua fonte original estão perdidos para a história. Ésquilo nasceu em Elêusis em 525 AC., filho de Eufórion e descendente dos Eupátrides, a antiga nobreza ateniense. Sua família era, sem dúvida, altamente respeitada, acostumada à proeminência nas apresentações cívicas e, conforme a tradição, imersa nos Mistérios de Elêusis, consagrados a Deméter, deusa da terra e da ressurreição da vida. Todos os anos, uma elaborada procissão era cruzava as paisagens proibidas desde Atenas até Elêusis, onde as multidões esperavam para ver a celebração pública dos Mistérios Menores. Uns poucos estudantes da vida, dedicados e auto-testados, eram admitidos aos graus dos Mistérios Maiores, e neles Ésquilo juntou-se a seu pai. É mais que provável que Ésquilo tenha recebido uma educação excelente, o que, para uma pessoa de sua classe social, incluía o cultivo de um profundo senso de responsabilidade pelo estado ateniense.

Durante a prolongada guerra com a Pérsia, de 490 a 479 AC, Ésquilo lutou nas batalhas de Maratona, Artemísia, Salamis e Plataea. Em Maratona ele viu seu irmão Cinaegirus ser morto num ato de bravura. Os irmãos lutaram com tanta nobreza que mereceram ser imortalizados no quadro de Maratona no Pórtico Pintado (N.E. localizado no mercado público de Atenas, Grécia, inaugurado por volta do ano 300 AC.). Embora ninguém saiba quando Ésquilo tenha volvido seu intelecto penetrante à expressão poética, isto deve ter sido em sua juventude, pois ele primeiramente disputou o prêmio no festival de drama de Atenas em 499 AC, quando tinha vinte e seis anos. Sua primeira vitória registrada ocorreu em 484 AC, e entre aquela data e seu último ciclo de peças de teatro, apresentadas em 458 AC, ele ganhou o prêmio mais de doze vezes. De acordo com Suidas, Ésquilo escreveu noventa peças, das quais títulos e fragmentos de mais de oitenta delas ainda existem. Infelizmente, apenas sete peças completas permanecem como testemunho de seu gênio excepcional.

Ésquilo viveu a turbulência espiritual e psíquica que marcou a transição de um mundo familiar a Homero e outro no qual Sócrates passou sua juventude. Talvez desde o começo, e certamente pelos anos de sua maturidade afora, Ésquilo procurava expressar as verdades eternas num idioma forjado na consciência da época, mas apontando para além dela. Superou a compressão inevitável da história, transformando o ritual em drama, uma forma de arte capaz de descrever verdades universais em formas temporais acessíveis à contemplação e à observação. Ésquilo escolheu como sua expressão a tragoidia, ou tragédia, que significa literalmente uma “canção ao bode”. De acordo com os gregos antigos, esta forma de drama recebeu seu nome do sacrifício de um bode quando as canções eram entoadas, ou de um bode dado em prêmio pela melhor canção. Apresentado juntamente com o festival de Dionísio na primavera, o antigo teatro de mímicas de canções parecia celebrar o tema da ressurreição de Dionísio, o deus solar, senhor da fertilidade universal e patrono do êxtase – aquele que quebra os limites da forma.

Até mesmo antes de Ésquilo, algumas destas apresentações relacionavam-se diretamente com Dionísio. Thespis introduziu versos falados ao coro, e em 534 AC Atenas estabeleceu apresentações anuais desta nova arte. Peisistratus aprovou o acréscimo de um segundo ator e estabeleceu o coro em quinze elementos. O arcaico picadeiro – onde os grãos eram separados das cascas- deu lugar a um palco semicircular e um cenário de fundo padrão. Ao longo de um dia, um dramaturgo apresentaria quatro peças, três tragédias e uma sátira, que era uma peça leve apresentando os companheiros de Dionísio. As tragédias antigas deviam ter finais felizes e até mesmo gloriosos, mas nunca deixavam de citar os Mistérios através de suas investigações mais sérias sobre as relações dos homens com os deuses. O assunto de uma tragédia é a confusão neste relacionamento, e sua conclusão levava à aniquilação ou à reforma. Os mitos ganhavam vida nos dramas que enfrentavam o duplo reflexo de um caleidoscópio, ao mesmo tempo mostrando aos homens as idiosincrasias dos deuses, e refletindo de volta sobre os homens suas próprias naturezas não desenvolvidas.

De posse de todos estes elementos, Ésquilo explorava seus potenciais ao máximo, introduzindo uma mistura de diálogo, comentários em coro, ação dramática e efeitos brilhantes para trazer os mitos antigos à vida. Reconhecendo no tempo uma tocante imagem da eternidade, ele expunha ante o véu do proskenion (N.E. a parte frontal do palco) a imagem da sabedoria secreta por detrás, ora ocultando ora revelando-a. Compreendendo profundamente as possibilidades da tragédia, Ésquilo mereceu o título de “pai da tragédia grega”. Já que as vidas comuns são, na maioria das vezes, uma mistura de fraquezas, ambigüidades, boas intenções e tristes recordações, Ésquilo usou as vidas arquetípicas dos deuses e dos heróis antigos, cujas forças e erros são fortemente marcantes, para demonstrar como se desequilibra e se restaura a relação entre o humano e o divino, assim como as conseqüências de cada ato. Para tal, ele fez perguntas ousadas sobre as ações e o pensamento humanos e sobre a natureza e significado das respostas divinas. Já que seus personagens representam qualquer ser humano envolvido em circunstâncias familiares, as idiossincrasias se minimizavam, o destino e o caráter eram realçados e, dentro do período relativamente curto de uma peça, era essencial a atenção cuidadosa da audiência. O resultado era uma experiência arquetípica, intensa, que podia ser aplicada aos fatos obscuros da vida diária.

Gerações de estudiosos já ponderaram sobre a ordem na qual Ésquilo teria escrito suas peças e especularam sobre os fragmentos torturantes das peças que se perderam para a história. Dentro destas incertezas, parece que se pode vislumbrar uma cena geral. ‘Os Persas’ foi apresentada em 472 AC, e ‘Sete Contra Tebas’, em 467AC. A tetralogia (inclusive a sátira) da qual só ‘Os Suplicantes’ sobrevive, foi encenada provavelmente em 466 ou 463. A ‘Orestéia’, a única trilogia intacta, data de 458, e a ‘Prometéia’, conhecida desde Prometeu Acorrentado e alguns fragmentos, foi escrita nos dois últimos anos de vida do autor.

Embora seja impossível discernir de que forma o pensamento e a composição de Ésquilo evoluíram ao longo de uma vida imensamente produtiva, suas meditações mais amadurecidas são representadas.

Nas peças mais antigas ainda existentes, o arquiteto divino não é questionado. As regras de Zeus podem ser severas e até mesmo inflexíveis, mas o cosmos é tão confortável que pode ser previsível. As ações passadas têm conseqüências presentes e os descendentes podem colher os resultados dos erros dos ancestrais. O desequilíbrio não se acerta sozinho, mas se transmite pelas gerações, ajudado pelo conluio inconsciente dos envolvidos. Em ‘Os Persas’, o fantasma de Darius conta que um velho oráculo predisse a queda do exército persa por causa da arrogância, mas Xerxes se deixa levar pelo orgulho confirmando a previsão. Em ‘Sete Contra Tebas’, Eteocles, que vivia sob o domínio de uma maldição, enfrenta com nobreza o choque de descobrir que a cidade será atacada por seu irmão Polineices. A catástrofe se completa quando Eteocles decide lutar com a mesma paixão violenta que inflama Polineices.

E ele declara sua intenção: “De um Governante de bom grado arrebatar o trono, irmão com irmão igualados e inimigo com inimigo, é assim que enfrento a questão.

Para o paredão!” E o Líder do Coro entoa:

– Oh, Coração Sensível, Oh, Filho de Édipo! Não se entregue à ira também, como o homem cujo nome uma maldição murmura! Já basta que o clã de Cadmo lute com a hoste de Argos, pois lá só o sangue pode expiar aquela falta!
– Mas – irmão lutando contra irmão até a morte – não é somente o tempo que pode expiar o pecado!

Ésquilo mostra que os deuses, e especialmente Zeus, podem fixar as regras da vida com alternativas terríveis, mas o desequilíbrio catastrófico é desencadeado pelo homem, desejoso de se lançar num precipício.

Nas peças posteriores esta perspectiva é tomada como certa e elevada a outro nível. Os deuses deixam de formar o pano-de-fundo cósmico e de tecer comentários aos eventos; eles entram como seguidores de diferentes partidos. O conflito no peito humano é o reflexo da guerra nos céus. Se o homem é uma marionete dos deuses, ele também é o instrumento essencial através do qual se efetua a reconciliação das forças afetadas. Em ‘Os Suplicantes’ as cinqüenta filhas de Danaus fogem dos cinqüenta filhos de seu irmão, Aegiptus, que as desejam como esposas. Procurando refúgio em Argos, terra natal de sua ancestral Io, elas resistem ao casamento, mas na seqüência perdem a batalha e os cinqüenta filhos de Aegiptus as obrigam ao casamento, ignorando que Danaus ordenara que cada filha assassinasse seu marido indesejado. Quarenta e nove filhas obedecem, mas a qüinquagésima, Hipermnestra, se recusa a fazê-lo, por amor. Na terceira peça, também perdida, Afrodite, deusa do amor, defende Hipermnestra.

Ésquilo levantou muitos questionamentos acerca do casamento, amor, dever e obediência, e é impossível saber o quanto trabalhou com estas questões. Entretanto, um fragmento do discurso de Afrodite permanece como indicador de suas abordagens.

‘Neste momento, o Firmamento puro tenta alcançar a Terra. Agora é a Terra que é tomada de desejo pelo casamento. As chuvas caem do Céu companheiro, Enchem-na de vida, e ela dá à luz, pelo homem, Rebanhos de ovelhas e o trigo doador de vida. E daquele líquido jorra a alegria, perfeita, o tempo das árvores. Eu participo disso.’

Quando a ordem social está em conflito, não é suficiente nos apegarmos a expressões ritualísticas de valor. Homero não é mais válido como uma enciclopédia de etiqueta e muito menos de ética. Para se compreender os prós e os contras da ação, deve-se olhar para as origens universais. No caso de macho e fêmea, deve-se entender a natureza da polaridade cósmica (representada por Afrodite) e então escolher. Assim, Ésquilo criou uma nova profundidade de consciência ética em sua audiência.

Um padrão semelhante é encontrado na ‘Orestéia’, uma trilogia de complexidade quase impenetrável. Os erros ancestrais infectam as vidas dos descendentes e os assassinatos levam à vingança, um ciclo aparentemente infinito até que a intervenção divina dissolva alquimicamente o padrão. Aqui, Zeus é retratado como um mistério que deseja que a humanidade se torne sábia.

‘Zeus – se, para o Desconhecido, aquele nome, de muitos nomes, parecer bom – É somente Zeus que mostra o caminho perfeito do conhecimento: Ele determinou que o homem aprenderá a sabedoria, ensinada pela aflição.’

Os irmãos Atreus e Thiestes se tornaram inimigos, e quando Thiestes ofendeu a esposa de Atreus, este revidou matando os filhos de seu irmão e os serviu num banquete assustador. Desta forma, a Casa de Atreus ficou amaldiçoada. Seus filhos Agamemnon e Menelaus se casaram com Clitemnestra e Helena, que foi raptada por Páris e levada para Tróia. Menelaus pediu a ajuda de Agamemnon para vingar este ultraje, e os irmãos decidiram ir resgatá-la. Ártemis enviou maus ventos, que impediram que a frota grega fosse lançada ao mar até que Agamemnon sacrificasse sua filha Efigênia. Depois do sacrifício, os gregos puderam iniciar a viagem a Tróia, onde lutaram por dez anos, enquanto Clitemnestra ficava abandonada em Argos. A perda de sua filha pela honra dúbia do resgate de Helena a afetara profundamente e, depois de algum tempo, ela tomou como amante Aegisthus, um filho de Thiestes, jurando se vingar de Agamemnon.

Agamemnon, a primeira peça de ‘Orestéia’, se baseia nesta vingança. Quando Agamemnon volta para Argos com a vidente Cassandra como sua concubina, Clitemnestra lhe dá as boas vindas, estendendo um tapete de vermelho real.

De início hesitante em pisar num tapete feito para os deuses, ele foi encorajado por Clitemnestra a deixar de lado o orgulho, e enquanto ele caminhava pelo palácio no tapete vermelho (símbolo de realeza), Cassandra previu qual seria o resultado:Agamemnon e Cassandra foram assassinados pela exultante Clitemnestra. Mesmo pedindo um fim para a violência, a peça termina com um certo presságio apocalíptico. O Choefori retoma a estória anos depois. Orestes estava segregado quando seu pai Agamemnon foi assassinado e sua irmã, Electra, permanecera no palácio. Eles se encontraram, aparentemente por coincidência, na tumba de Agamemnon, onde Electra convenceu Orestes a matar sua mãe para vingar a morte de seu pai. Disfarçado, Orestes entrou no palácio noticiando sua própria morte. Enquanto Clitemnestra se mostrava sinceramente angustiada, Orestes matou Aegisthus, e Clitemnestra adivinhou a verdade.

‘Alack, decifro seus enigmas com clareza – Quem com ferro fere, com ferro será ferido. É o que diz a maldição, e é como a enfrento aqui.’

Depois que Orestes matou sua mãe, viu-se perseguido pelas Fúrias vingativas. Nas Eumênides, Orestes, seguido pelas Fúrias, fugiu para Atenas. Lá, Atena deu às Fúrias o que mereciam pelas forças de retribuição num universo regido por leis, mas apaziguou-as estabelecendo o Areópago, uma Corte de Leis para julgar crimes. Substituindo o princípio cego de vingança pela lei, Atena persuadiu as Fúrias a ajudar a humanidade como as Eumênides, as boas graças.

A transformação alquímica das Fúrias em Eumênides é semelhante à transformação alquímica da vingança em recompensa. Ambas são desígnios de Zeus, mas como a percepção ética da humanidade é elevada a um reconhecimento de lei universal, as forças no cosmos são vistas sob uma nova luz. Se a humanidade deve ganhar sabedoria, suas instituições devem chegar a refletir a estrutura do cosmos vivente, que é o governo de Zeus. A responsabilidade humana pelo desequilíbrio, exibida nas peças antigas, aqui é transmutada na idéia de trabalhar com a lei divina, ao invés de apesar da mesma. O homem aprende através do sofrimento, que o torna un tanto mais divino. Na última trilogia, a ‘Prometéia’, o tema místico desta mudança é revelado. Das três peças, apenas Prometeu Acorrentado sobreviveu, mas há indícios da existência dos conteúdos de Prometeu Liberto e Prometheus Pyrforos ou ‘O que Traz o Fogo’. Utilizando-se da interpretação sétupla dos deuses, Helena P. Blavatsky afirmou que os deuses representam hierarquias divinas, forças inteligentes da Natureza, raças da humanidade e princípios da constituição humana. Segundo ela, o Zeus de Prometeu Acorrentado é kama manas (i.e. “desejo-mente”, N.E.), os limites necessários do Raio projetado, enquanto Prometeu é Manas (mente) aspirando a Buddhi (intuição), aquele que pode transcender, mesmo enquanto usa, sua projeção.

Em Prometeu Acorrentado, Prometeu como um Titã é mais velho que Zeus, mas ainda assim seu súdito. Ao levar o fogo – o símbolo universal da inteligência espiritual ou a verdadeira autoconsciência – para o homem, Prometeu viola conscientemente a vontade de Zeus. Ele foi acorrentado e pregado pelo peito a um rochedo em Scitia, onde a águia de Zeus diariamente rasgava seu abdome e devorava seu fígado. No simbolismo biológico grego, o fígado representava a base da vontade humana e esta era a forma pela qual Zeus tentava destruir a vontade de Prometeu. Mas o Titã tinha previsto tudo o que ocorreria depois de seu ato sacrificial, e embora sofresse dores excruciantes, recusava-se a se render a Zeus. Em Prometeu Liberto, Heracles (Hércules), um filho de Zeus, libertou Prometeu com a secreta permissão do pai e assim ganhou sua imortalidade. Embora o conteúdo do terceiro drama – provavelmente mais uma verdadeira peça dos mistérios – seja desconhecido, nesta Prometeu e Zeus se reconciliam. Diferentemente de todas as outras tragédias, a ‘Prometéia’ é a única que não envolve seres humanos, ignorando os conflitos da terra e enfocando somente os embates celestiais.

Ésquilo
Ésquilo

Ésquilo aqui mostrou que não existe dicotomia entre a lei celestial e a terrena vontade humana. Esta última pode refletir aquela porque as duas são uma só. Se Prometeu é a hierarquia de pais solares que catalisam a mente no homem ao entrar nas vestes humanas, o homem é a hoste celestial encarnada. O homem sofre não porque seja vítima dos deuses, mas porque ele é um deus. A ‘Prometéia’ é a estória da vida interna e, portanto, real, da humanidade. Zeus é derrubado do trono que nunca possuiu através da reconciliação de Zeus e Prometeu, dois aspectos da Necessidade que é, ao mesmo tempo, a dissolução da ignorância que parece separar deus e o homem, destino e livre arbítrio, lei e ação, céu e terra. A ‘Prometéia’ é a verdadeira estória da humanidade e, como tal, permanece fora dela.

Ésquilo uniu tão brilhantemente o abismo que ameaçava se abrir entre a sabedoria espiritual e a conveniência social que foi acusado de revelar os Mistérios. E tão grande era o respeito que tinham por ele que sua negativa em reconhecer que assim o fazia foi suficiente para que o inocentassem. No final de sua vida, retirou-se para Gela, aonde veio a falecer em 456 AC.

Sua tumba recebeu o epitáfio que ele escreveu para si próprio:

“Sob esta pedra descansa Ésquilo, filho de Eufórion, o Ateniense, que faleceu na terra de trigo de Gela; de sua nobre bravura o bosque de Maratona pode falar, ou o persa de cabelos compridos que bem o conhece.”

Não fez nenhuma referência aos seus escritos. Atenas o honrou com uma lei de que qualquer pessoa que quisesse poderia apresentar suas peças nos festivais de Dionísio, o que era uma exceção à tradição. Por séculos depois dele, Ésquilo foi conhecido menos por sua bravura em Maratona do que pela coragem de sua alma em contar ao homem o quê e quem ele é.

Talvez o epitáfio mais apropriado para ele seja o que escreveu em Prometeu Acorrentado:

‘Apresento com clareza tudo o que você deve aprender;
Não falo através de metáforas obscuras, mas com simplicidade,
Já que o diálogo é exercício entre amigos.
Veja, este que está à sua frente é Prometeu,
O que trouxe o fogo para a humanidade.’ Elton Hall

Ésquilo – Obra

Ésquilo
Ésquilo

“Aqui jaz Ésquilo, sob o solo fértil de Gela, hóspede da terra ateniense, a qual amou acima de todas as coisas. A valentia deste filho de Euforion pode ser narrada pelo persa de longos cabelos, que fugiu de Maratona”. Este é o epitáfio de Ésquilo, escrito pelo próprio guerreiro pouco antes de sua morte, em 456 a.C..

Filho de Euforion e de várias gerações de eupátridas (nobres proprietários de terras), ele lutou contra os persas, na Ásia Menor, para defender os interesses gregos ameaçados pelo império de Dario I. Participou da batalha de Maratona (490 a.C.) e, segundo se afirma, da batalha de Salamina, na qual os gregos conseguiram recuperar Mileto, até então sob o domínio da Pérsia.

Depois das Guerras Medicas, fez uma proclamação: “Durante muito tempo, sobre o solo da Ásia, não mais se obedecerá ás leis dos persas; não mais se pagará tributo sob a coação imperial; não mais se cairá de joelhos para receber ordens. O grande rei (Dario) não tem mais força”.

Se dependesse de Ésquilo, sua biografia ficaria só nos feitos militares, pois tudo o que escreveu sobre si trata apenas de seu envolvimento nas guerras contra os persas. Mas, para a história do teatro e das artes da antiguidade, ele é o primeiro entre os clássicos da tragédia grega.

Costuma-se atribuir-lhe a autoria de noventa peças, sendo conhecidos os títulos de 79, sete das quais sobreviveram integralmente até hoje: As Suplicantes, Prometeu Acorrentado, Os Persas, Os Sete contra Tebas, e a trilogia Oréstia, sobre a família dos Atridas, incluindo Agamenon, As Coéforas e As Eumênidas.

Anos antes do nascimento de Ésquilo (525 a.C.), a tragédia foi reconhecida pelo Estado ateniense. Pisistrato permitiu que Tespis convertesse o ditirambo (canto religioso interpretado por um coral) em drama coral, no qual se introduzia um primeiro ator (protagonista). Durante todo o desenvolvimento do drama anterior a Ésquilo, esse único ator dialogava apenas com o coro, ou com o corifeu, chefe do coro. Para acentuar a dramaticidade das peças, Ésquilo acrescentou um segundo ator (deutoragonista), ampliando a parte dialogada. Reduziu pouco a pouco o papel do coro, na medida em que centralizou o interesse das suas peças nos atores.

Anos antes do nascimento de Ésquilo (525 a.C.), a tragédia foi reconhecida pelo Estado ateniense. Pisistrato permitiu que Tespis convertesse o ditirambo (canto religioso interpretado por um coral) em drama coral, no qual se introduzia um primeiro ator (protagonista). Durante todo o desenvolvimento do drama anterior a Ésquilo, esse único ator dialogava apenas com o coro, ou com o corifeu, chefe do coro. Para acentuar a dramaticidade das peças, Ésquilo acrescentou um segundo ator (deutoragonista), ampliando a parte dialogada. Reduziu pouco a pouco o papel do coro, na medida em que centralizou o interesse das suas peças nos atores.

Das obras de Ésquilo, Oréstia é considerada a mais importante. As três tragédias que a compõem, embora cada qual forme uma unidade, interligam-se como se fossem atos diferentes de uma única peça. Trata-se de uma tragédia familiar, na qual Egisto seduz Clitemnestra, mulher de Agamenon. durante a ausência do marido que está lutando em Tróia. Antes de partir, o rei de Micenas havia sacrificado sua filha Ifigênia, para que os deuses protegessem seus exércitos.

Sentindo-se injuriada, Clitemnestra decide vingar-se do marido, a quem espera acompanhada pelo amante. A primeira parte, Agamenon, conclui com o assassínio do rei pelo casal adúltero.

Na segunda parte, As Coéforas, aparece Orestes, filho de Agamenon e Clitemnestra, herói da tragédia, que é designado pelo deus Apolo para vingar o assassínio do pai. Incitado pela irmã Electra, mata a mãe e seu amante. Conclui com a fuga de Orestes quase enlouquecido pelas Fúrias, deusas da vingança que perseguem o matricida. Na terceira parte, As Eumènidas, Orestes é julgado pelos deuses, pois Atena o acusa de matricídio e de quebra da cadeia ancestral.

Defendido por Apolo, o herói é finalmente absolvido. A peça tem um final feliz. Absolvido, Orestes sente-se liberto das Fúrias (Erínias), transformadas agora em Eumènidas, espíritos benfazejos. A ordem e a lei voltam a reinar após a superação do conflito que ameaçava o espírito universal.

Em Os Persas, apresenta-se a vitória dos gregos nas Guerras Médicas. Ésquilo mostra a derrota da Pérsia a partir do ponto de vista dos vencidos, dos valentes persas que se deixaram dominar pela hibris (soberba). “A grande culpada foi essa soberba, que obrigou Dario e Xerxes a ambicionarem mais poder do que os limites do homem permitiam”. No final, em lamentações selvagens, o coro adverte sobre a fragilidade da existência humana diante dos deuses, apontando o sofrimento como o caminho que leva o homem ao conhecimento das coisas.

Nem sempre Ésquilo permitiu que seus heróis se submetessem inteiramente aos deuses.

Exemplo disso é Prometeu Acorrentado, condenado porque desafiara a cólera de Zeus entregando ao homem um precioso tesouro: o fogo. Por força de sua religião, Ésquilo talvez devesse também condenar o rebelde orgulhoso, mas as suas simpatias ficaram com ele, a quem transformou num símbolo eterno da condição humana.

Ésquilo era muito cuidadoso na escolha dos seus temas. O poeta cômico Aristófanes conta que preferentemente ele escolhia os de significado moral, religioso e político; o direito de asilo, a punição, a soberba, o sacrilégio, a violência e a justiça. Não era difícil incluir religião, política, moral e família numa mesma tragédia, pois no tempo de Ésquilo, elas eram coisas que se confundiam. Para ele, o Estado era uma federação de famílias de origem comum, ligadas ao culto dos mesmos deuses. O homem estava profundamente integrado na ordem divina, que abrangia tanto a família quanto a política. Da mesma forma, o tratamento que dá aos seus temas não reflete a sorte de apenas um indivíduo, mas o destino de toda a coletividade da qual fazia parte.

Ésquilo morreu em 456 a.C., quando estava em Gela, na Sicília.

Conta a lenda que sua morte se deu em condições trágicas: uma tartaruga teria sido lançada por uma águia na cabeça calva do poeta.

Ésquilo – Educador

Ésquilo, o primeiro grande autor trágico, nasceu em Elêusis no ano de 525 a.C., participou da batalha de Maratona no ano de 490 a.C. e, por muitas vezes, esteve na Sicília, onde morreu no ano de 456 a.C. Ésquilo acreditava que o Autor era, antes de tudo um educador.

Ele acreditava que se os atores sofressem em cena, isso despertaria os sentimentos de terror e piedade dos espectadores proporcionando-lhes o alívio ou purgação desses sentimentos. Ocorreria assim a purificação das paixões – Catarse.

Ésquilo foi o primeiro autor a introduzir um segundo ator nas representações, escreveu mais de oitenta obras dentre as quais destacam-se: “Os Persas” (472), “Os Sete Contra Tebas”(467), “As suplicantes” (acredita-se que seja de 463), “Prometeu Acorrentado” (de data desconhecida e autenticidade duvidosa) e as três peças da “Oréstia” (458): “Agamenon”, “As Coéoras” e “As Eumênides”.

Durante muito tempo acreditou-se que as trilogias ou tetralogias articuladas, ou seja, três tragédias de uma mesma lenda seguidas de um drama satírico, existiram desde a origem do teatro. Essa teoria começou a ser questionada a partir do momento em que “As Suplicantes” não foram mais consideradas como a mais antiga obra de Ésquilo. Por isso, alguns estudiosos acreditam que foi Ésquilo quem instituiu as trilogias ou tetralogias articuladas.

A única trilogia completa de Ésquilo que conhecemos é a Oréstia. Por meio dela pode-se tentar compreender um pouco o pensamento desse autor, sobretudo porque ela foi escrita pouco antes de sua morte.

Fonte: www.alohacriticon.com/liriah.teatro.vilabol.uol.com.br

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