Clarice Lispector

Clarice Lispector – Vida

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Nascimento: 10 de dezembro de 1920, Chechelnyk, Ucrânia.

Falecimento: 9 de dezembro de 1977, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Clarice Lispector foi uma escritora brasileira e contista. Sua inovação na ficção trouxe renome internacional. As referências à sua obra literária permeiam a música e a literatura do Brasil e da América Latina.

Clarice Lispector nasceu em Chechelnyk, Podolio, Ucrânia no dia 10 de dezembro de 1920.

Ela era a filha mais nova de uma família judaica. Ela era a filha mais nova de uma família judaica. Eles foram alvejados durante perseguições que aconteceram durante a agitação política do início do século XX. Irmã mais velha de Clarice Lispector Elisa escreveria sobre essas experiências em seu romance Sem exílio.

Após a destruição e instabilidade da Ucrânia na sequência da I Guerra Mundial ea Guerra Civil Russa, a família fugiu para a Romênia.

Da Roménia, os Lispectors velejaram para o Brasil em 1922.

A mãe de Clarice Lispector tinha famíliares que moravam lá. Ela ainda era muito jovem quando sua família mudou-se para Maceió, Alagoas, no nordeste do Brasil.

Ao chegar em sua nova pátria, as crianças tinham a receber novos nomes.

O primeiro nome de Lispector tinha sido Chaya antes de ela foi renomeada Clarice. A saúde de sua mãe deteriorou-se levando a uma mudança para a maior comunidade de Recife, Pernambuco. A mãe de Lispector, finalmente, faleceu em 1930.

Em 1935, o restante da família de Clarice Lispector mudaram-se para o Rio de Janeiro.

Seu pai esperava que, se mudar para a capital, ele teria mais oportunidades de negócios. Ela iria entrar na Escola da Universidade do Brasil em 1937.

Durante este período de educação, Lispector iria publicar peças de jornalismo para Agência Nacional e A Noite. Ela também escreveu ficção curta. Sua primeira peça de ficção curta, “Triunfo”, foi publicado pela revista Pan em 1940.

Neste mesmo ano, o pai de Clarice Lispector iria morrer de complicações de um procedimento médico.

Clarice Lispector publicou seu Perto do Coração Selvagem em 1943, quando ela tinha apenas vinte e três anos de idade. Este romance narra a vida interior de Joana.

O estilo deste livro foi muito inovador.

No ano seguinte, ela foi premiada com o Prêmio Graça Aranha para a melhor primeira novela. Muitos sentiram que ela tinha dadopara literatura brasileira uma voz única no contexto mais amplo da literatura Portuguesa. O exame das vidas internas de seus personagens era uma reminiscência do estilo de Virginia Woolf e James Joyce.

Em 1944, casou-se com Maury Gurgel Valente, um jovem diplomata brasileiro. Para completar as obrigações legais para o casamento, Clarice Lispector foi necessário para se tornar nacionalizada. Valente mudou o casal para Belém no norte do Brasil. Ele trabalhou com os estrangeiros que estavam usando o Brasil como base de operações para as ações militares da II Guerra Mundial.

Em 1946, Clarice Lispector e seu marido mudaria para Berna, Suíça depois de uma curta viagem para o Brasil.

Clarice Lispector encontrou a vida na Suíça sufocante chato. Ao longo de sua residência na Suíça, seu tédio deteriorou em depressão. Apesar de sua melancolia, Clarice Lispector era capaz de compor seu terceiro romance A Cidade sitiada. Em 1948, Clarice Lispector deu à luz Pedro Gurgel Valente.

Em A Cidade sitiada ou A Cidade Sitiada Clarice Lispector conta a história de Lucrécia Neves como sua vida se relaciona com o crescimento de São Geraldo.

Clarice Lispector utiliza metáforas de visão como um tropo unificador. Em contraste com os comentários brilhantes normais, seu terceiro romance era desprezado.

Em 1949, Clarice Lispector e sua família retornaram ao Brasil. Eles viveram no Rio de Janeiro por um ano antes de se mudar para Torquay, Devon. Seu marido foi nomeado um delegado para o Acordo Geral de Tarifas e Comércio. A família permaneceu na Inglaterra durante a maior parte de 1951. No entanto, enquanto em Londres, Clarice Lispector sofrera um aborto, levando a um retorno ao Brasil.

Alguns contos de Clarice Lispector foi publicado em 1952, quando ela tinha retornado para o Rio de Janeiro. O Ministério da Educação e Saúde foi o órgão através do qual este bolume magro foi publicado. Ela viria a usar muito deste material para sua novela Laços de Família publicado 1961. Lispector começou a escrever para um jornal comício. Para este jornal que ela escreveu sob o nome de Teresa Quadros.

Durante o outono de 1952, Clarice Lispector e sua família se mudaram mais uma vez. Desta vez, a família se mudou para a capital dos Estados Unidos, Washington.

A família permaneceria nesta cidade por sete anos. Durante esse tempo, ela se tornou amiga íntima com Erico Verissimo, outro escritor brasileiro. A revista Rio de Janeiro senhor publicou muitas das peças de ficção curta de Lispector durante este período.

A vida como esposa de um diplomata fez Clarice Lispector miserável. Os anos de distância de sua família fazia sentir-se cada vez mais solitária.

Em 1959, Lispector com seus filhos retornaram ao Brasil. Ela escreveu seus romances mais influentes, incluindo A Paixão segundo GH bem como dos laços de família (ou Laços de Família).

Depois de voltar ao Brasil, Clarice Lispector enfrentou dificuldades econômicas. Ela se esforçou para obter um editor interessado em Laços de Família. O livro incorporado grande parte da ficção curta que Clarice Lispector tinha escrito antes de 1960. Muitos consideram este trabalho como uma das excelência da ficção brasileira.

A paixão segundo GH ou A Paixão segundo GH tornou-se um dos livros mais famosos da carreira de Clarice Lispector. O livro é visto por muitos para representar seu trabalho melhor e mais inovador. Neste trabalho, Clarice Lispector conta a história de uma mulher rica que tem uma experiência transcendental depois de enfrentar uma barata.

Em 1966, Clarice Lispector feriu-se. Ela tinha tomado uma pílula para ajudá-la a dormir. Quando ela desmaiou, Lispector ainda estava segurando um cigarro aceso. A queimadura era tão grave que os médicos julgaram que precisaria fazer a amputação completa da mão. Para os próximos onze anos, Clarice Lispector escreveu, apesar de sua dor.

Em 1977, Clarice Lispector publicou A Hora da Estrela. Este romance examina a pobreza e as relações de poder no Brasil.

Este também foi o ano em que Clarice Lispector sucumbiu ao câncer de ovário.

Clarice Lispector – Escritora

Clarice Lispector
Clarice Lispector

Quem se atreve a definir esta mulher?

Enigmática, para Antônio Callado. Um mistério, para Carlos Drummond de Andrade. Insolúvel, para o jornalista Paulo Francis. Ela não fazia literatura, mas bruxaria, disse Otto Lara Resende.

Em maio de 1976, o jornalista José Castello, colaborador de O Globo, recebe a missão de entrevistar Clarice Lispector. Corre boato de que ela não quer mais saber de entrevistas, mas Castello consegue o encontro.

Dialogam:

J.C. – Por que você escreve?
C.L. – Vou lhe responder com outra pergunta: – Por que você bebe água?
J.C. – Por que bebo água? Porque tenho sede.
C.L. – Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva.

Investigada por pesquisadores apaixonados no mundo todo, Clarice é uma das mais cultuadas escritoras brasileiras. Para muitos, das mais importantes do século 20, no mundo.

Clarice nasceu na aldeia Tchetchelnik, Ucrânia, que de tão pequena nem figura no mapa, em 10 de dezembro de 1920, quando os pais Pedro e Marieta, junto das filhas Elisa e Tânia, estavam emigrando para o Brasil. Pararam naquele lugar apenas para Clarice nascer. Com dois meses de vida desembarcava com a família em Maceió, onde viveu por três ou quatro anos. Mudam depois para o Recife. Em 1929, aos nove anos, perdeu a mãe.

Guardo de Pernambuco até o sotaque. Quem vive ou viveu no Norte tem uma fortuna de ser brasileiro muito especial.

A menina já escrevia suas historietas, sempre recusadas pelo Diário de Pernambuco, que mantinha uma página infantil, porque elas não tinham enredo e fatos – apenas sensações. Adolescente, segue com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro. Termina o secundário. Dá aulas de português para contornar a crise financeira da família. Entra na Faculdade Nacional de Direito em 1939. No ano seguinte perde o pai. Trabalha como redatora no jornal A noite, onde publica contos. Em 1943, casa com o diplomata Maury Gurgel Valente.

Entre muitas leituras, lia Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Dostoievski “embora não o aprendesse em toda a sua grandeza” e descobriu por acaso Katherine Mansfield à qual foi equiparada posteriormente.

Perto do coração selvagem, o primeiro romance, escrito aos 19 anos é publicado apenas em 1944. A jovem revelação desnorteia a crítica. Há os que buscam influências, invocam certo temperamento feminino. Outros não a entendem.

Não sei o que quero e, quando descobrir, não preciso mais. Acho que quero entender. Quando escrevo, vou descobrindo, aprendendo. É um exercício de aprendizagem da vida.

Viveu em vários países, acompanhando o marido. Nápoles, Berna, Washington se revezam com passagens pelo Brasil.

A vida de mulher de diplomata não lhe agradava. De Paris, em janeiro de 1947, escreve às irmãs: Com a vida assim parece que sou “outra pessoa” em Paris. É uma embriaguez que não tem nada de agradável. Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil. Quem está se divertindo é uma mulher que eu detesto, uma mulher que não é a irmã de vocês. É qualquer uma.

No exterior lhe nascem os dois filhos, Pedro e Paulo. Mãe, Clarice divide-se entre as crianças e a literatura, escrevendo com a máquina apoiada nas pernas enquanto cuida de seus pequenos.

Separada do marido em 1959, volta ao Rio de Janeiro com os filhos. Mais um período de dificuldades afetivas e financeiras apesar de já ser escritora famosa com obras publicadas no exterior. Nesta época publica contos encomendados por Simeão Leal na revista Senhor. Em toda a década de 1960, colabora em vários jornais e revistas para sobreviver, faz traduções.

Em 1969, já era autora de obras importantes como O lustre (romance, 1946); Laços de família (contos, 1960); A maçã no escuro (romance, 1961); A paixão segundo G.H. (romance, 1964); Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (romance, 1969). Incomodava-se com sua mitificação: Muito elogio é como botar água demais na flor. Ela apodrece.

Clarice morreu de câncer em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de completar 57 anos. Meses antes concedeu célebre entrevista a Júlio Lerner, da TV Cultura. Ela acabava de terminar A hora da estrela. Escrever era vital para a misteriosa Clarice.

Na última entrevista confessava: “Quando não escrevo, estou morta”.

Em 1975, convidada a participar do Congresso Mundial de Bruxaria na Colômbia, limitou-se à leitura do conto O ovo e a galinha, um conto que não compreendia muito bem, declarou.

Na década de 1990, o escritor Otta Lara Resende advertiu José Castello, que escrevia biografia de Clarice: “Você deve tomar cuidado com Clarice. Não se trata de literatura, mas de bruxaria”.

Clarice Lispector – Biografia

Nome: Clarice Lispector

Nascimento: 10 de dezembro de 1920, Chechelnyk, Ucrânia.

Falecimento: 9 de dezembro de 1977, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Clarice Lispector
Clarice Lispector

Clarice nasce em Tchelchenik, na Ucrânia, em 1920.

Chega ao Brasil com os pais e as duas irmãs aos dois meses de idade, instalando-se em Recife. A infância é envolta em sérias dificuldades financeiras. A mãe morre quando ela conta 9 anos de idade. A família então se transfere para o Rio de Janeiro, onde Clarice começa a trabalhar como professora particular de português.

A relação professor/aluno seria um dos temas preferidos e recorrentes em toda a sua obra – desde o primeiro romance: Perto do Coração Selvagem.

Ela estuda Direito, por contingência. Em seguida, começa a trabalhar na Agência Nacional, como redatora. No jornalismo, conhece e se aproxima de escritores e jornalistas como Antônio Callado, Hélio Pelegrino, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Alberto Dines e Rubem Braga. Os passos seguintes são o jornal A Noite e o início do livro Perto do Coração Selvagem – segundo ela, um processo cercado pela angústia. O romance a persegue. As idéias surgem a qualquer hora, em qualquer lugar. Nasce aí uma das características do seu método de escrita – anotar as idéias a qualquer hora, em qualquer pedaço de papel.

Em 43, conhece e casa-se com Maury Gurgel Valente, futuro diplomata. O casamento dura 15 anos. Dele nascem Pedro e Paulo. No ano seguinte, ela publica Perto do Coração Selvagem. Em plena Segunda Guerra Mundial, o casal vai para a Europa. Perto do Coração Selvagem desnorteia a crítica literaria. Há os que pretendem não compreender o romance, os que procuram influências – de Virgínia Wolf e James Joyce, quando ela nem os tinha lido – e ainda os que invocam o temperamento feminino. Influências?

Perto do Coração Selvagem recebe o prêmio da Fundação Graça Aranha. Nas palavras de Lauro Escorel, as características do romance revelam uma “personalidade de romancista verdadeiramente excepcional, pelos seus recursos técnicos e pela força da sua natureza inteligente e sensível”. Já no primeiro livro, identifica-se o estilo muito pessoal da escritora. Nas páginas, Clarice explora pela primeira vez a solidão e a incomunicabilidade humana, através de uma prosa inquieta, próxima da poesia em determinados momentos.

Rumo à Europa, os Gurgel Valente passam por Natal. De lá para Nápoles. Já na saída do Brasil, Clarice mostra-se dividida entre a obrigação de acompanhar o marido e ter de deixar a família e os amigos.

Quando chega à Itália, depois de um mês de viagem, escreve: “Na verdade não sei escrever cartas sobre viagens, na verdade nem mesmo sei viajar”.

Clarice permanece em Nápoles até 1946. Durante a II Guerra, presta ajuda num hospital de soldados brasileiros.

Uma dúvida: um serviço prestado como cidadã brasileira ou como mulher de um diplomata brasileiro? Como escritora, ela sente a presença do sucesso. Por telegrama, sabe do prêmio recebido pelo romance deixado no Brasil. Mantém uma correspondência constante com os amigos que deixara para trás. Em Nápoles, em 44, conclui O Lustre, livro iniciado no Brasil e que seria publicado em 1946. Virgínia, a personagem principal de O Lustre, tem a história narrada desde a infância e também aparece sob o signo do mal, tal como Joana, personagem do primeiro romance. Em O Lustre, Virgínia mantém um relacionamento incestuoso com o irmão, Daniel, com quem faz reuniões secretas em que experimentam verdades, na condição de iniciados especiais.

Nessa época, Clarice Lispector se corresponde com Lúcio Cardoso, que não gosta do título do livro: acha-o “mansfieldiano” e um pouco pobre para pessoa tão rica como Clarice.

No fim da guerra, Clarice é retratada por De Chirico. Em maio de 45, ela manda uma carta às irmãs Elisa e Tânia, contando o encontro com o artista e falando sobre o final da guerra na Europa.

Quando O Lustre é lançado, Clarice está no Brasil, onde passa um mês. De volta à Europa, transfere-se para a Suiça, “um cemitério de sensações”, segundo a escritora. Durante três anos, passa por dificuldades em relação à escrita e à vida pessoal. Em 46, tenta iniciar A Cidade Sitiada, livro que sairia em 49. Vendo-se impossibilitada de escrever, coleciona frases de Kafka, referentes a preguiça, impaciência e inspiração.

Para Clarice, a vida em Berna é de miséria existencial. A Cidade Sitiada acaba sendo escrito na Suíça. Na crônica “Lembrança de uma fonte, de uma cidade”, Clarice afirma que, em Berna, sua vida foi salva por causa do nascimento do filho Pedro e por ter escrito um dos livros “menos gostados”. Terminado o último capítulo, dá à luz. Nasce então um complemento ao método de trabalho. Ela escreve com a máquina no colo, para cuidar do filho.

O período na Suíça caracteriza-se pela saudade do Brasil, dos amigos e das irmãs. A correspondência que recebe não lhe parece suficiente. Até 52, escreveria contos, gênero em que Clarice Lispector talvez não tenha sido alcançada na literatura brasileira. Alguns Contos foi publicado em 52, quando ela já tinha deixado Berna, passado seis meses na Inglaterra e partido para os Estados Unidos, acompanhando o marido.

Em carta às irmãs, em janeiro de 47, de Paris, Clarice expõe seu estado de espírito… Em 95, o escritor Caio Fernando Abreu, então colunista do jornal O Estado de São Paulo, publicou uma carta que teria sido escrita por Clarice Lispector a uma amiga brasileira. Ele comenta, no artigo, que não há nada que comprove sua autenticidade, a não ser o estilo-não estilo de escrita de Clarice Lispector.

Ele dizia: “A beleza e o conteúdo de humanidade que a carta contém valem a pena a publicação…”

Em 1950, na Inglaterra, Clarice inicia o esboço do que viria a ser A Maçã no Escuro, livro publicado em 61. Antes de se fixar em Washington ela passa pelo Brasil. Trabalha novamente em jornais, entre maio e setembro de 52, assinando a página “Entre Mulheres”, no jornal O Comício, no Rio, sob o pseudônimo de Tereza Quadros. Em setembro vai para os Estados Unidos, grávida. Durante os oito anos de permanência no país, vem ao Brasil várias vezes. Em fevereiro de 53, nasce Paulo. Ela continua a escrever A Maçã no Escuro, em meio a conflitos domésticos e interiores. Mãe, Clarice Lispector divide seu tempo entre os filhos, A Maçã no Escuro, os contos de Laços de Família e a literatura infantil. O primeiro livro para crianças seria O Mistério do Coelhinho Pensante , uma exigência do filho Paulo. A obra ganharia o prêmio Calunga, em 67, da Campanha Nacional da Criança.

Ela ainda escreveria três livros infantis: A Mulher que Matou os Peixes, A Vida Íntima de Laura e Quase de Verdade. Nos Estados Unidos, Clarice Lispector conhece Érico e Mafalda Veríssimo, dos quais torna-se grande amiga.

Veríssimo e família retornam ao Brasil em 56. Entre os escritores, inicia-se uma vasta correspondência. No primeiro semestre de 59, o casal Gurgel Valente decide-se pela separação. Clarice volta a morar no Rio de Janeiro, com os filhos. Sobre o “conciliar” casamento/literatura, afirmava que escrevia de qualquer maneira, mas o fato de cumprir o seu papel como mulher de diplomata sempre a enjoou muito. Cumpria a obrigação. Nada além. Na volta ao país, mais um período de dificuldades afetivas e financeiras. Ela prefere a solidão ao círculo que tinha relação com o ex-marido. O dinheiro que recebia como pensão não era suficiente, nem os recursos arrecadados com direitos autorais. Clarice retorna ao jornalismo. Escreve contos para revista Senhor, torna-se colunista do Correio da Manhã, em 59, e, no ano seguinte, começa a assinar a coluna Só para Mulheres, como “ghost writer” da atriz Ilka Soares no Diário da Noite. A atividade jornalística seria exercida até 1975. No final dos anos 60, Clarice faz entrevistas para a revista Manchete. Entre 67 e 73 mantém uma crônica semanal no Jornal do Brasil, e, entre 75 e 77, realiza entrevistas para a Fatos & Fotos.

A década de 60 principia com a publicação do livro de contos Laços de Família. Seguiriam-se as publicações de A Maçã no Escuro, em 61, livro que recebeu o Prêmio Carmen Dolores Barbosa, A Legião Estrangeira, em 62, e A Paixão Segundo G.H., em 64.

Uma escultora de classe alta, que mora num apartamento de cobertura num edifício do Rio, resolve arrumar o quarto de empregada, cômodo que supõe, seja o mais sujo da casa, o que não é verdade. O quarto é claro e límpido.

Entre várias experiências desmistificatórias, a crucial: abre a porta do guarda-roupa e se vê diante de uma barata. Embora afirme que o livro não tem nada de experiência pessoal, admite que a obra fugira do seu controle…

Entre 65 e 67, Clarice dedica-se à educação dos filhos e com a saúde de Pedro, que apresenta um quadro de esquizofrenia, exigindo cuidados especiais. Apesar de traduzida para diversos idiomas e da republicação de diversos livros, a situação econômica de Clarice é muito difícil. Em setembro de 67, acontece o acidente que deixa marcas no corpo e na alma da escritora – um incêndio no quarto que ela tenta apagar com as mãos. Fica gravemente ferida, passa 3 dias entre a vida e a morte. Três dias definidos por ela como “estar no inferno.”

Em 69, publica o romance Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres. Em 71, a coletânea de contos Felicidade Clandestina, volume que inclui O Ovo e a Galinha, escrito sob o impacto da morte do bandido Mineirinho, assassinado pela polícia com treze tiros, no Rio de Janeiro.

Os últimos anos de vida são de intensa produção: A Imitação da Rosa (contos) e Água Viva (ficção), em 1973; A Via Crucis do Corpo (contos) e Onde Estivestes de Noite, também contos, em 74. Visão do Esplendor (crônicas), em 75. Nesse ano, é convidada a participar, em Bogotá, do Congresso Mundial de Bruxaria. Sua participação limita-se à leitura do conto O Ovo e a Galinha. No ano seguinte, Clarice Lispector recebe o 1° prêmio do X Concurso Literário Nacional, pelo conjunto da obra.

Em 77, concede entrevista à TV Cultura, com o compromisso de só ser transmitida após a sua morte. Ela antecipa a publicação de um novo livro, que viria a se chamar A Hora da Estrela, adaptado para o cinema nos anos 80 por Suzana Amaral.

Clarice morre, no Rio, no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes do seu 57° aniversário. Queria ser enterrada no Cemitério São João Batista, mas era judia.

O enterro aconteceu no Cemitério Israelita do Caju. Postumamente, foram publicados Um Sopro de Vida, Para Não Esquecer e A Bela e a Fera.

Clarice Lispector – Cronologia

Clarice Lispector
Clarice Lispector

1920: Nasce Clarice Lispector a 10 de dezembro em Tchetchelnik, aldeia da Ucrânia, filha de Marieta e Pedro Lispector.
1921:
Clarice Lispector chega ao Brasil com dois meses de idade, razão pela qual se considera muito mais brasileira do que russa, e vai residir em Maceió.
1924:
A família se transfere para Recife, onde Clarice passa a sua infância, em um prédio da Praça Maciel Pinheiro. Estuda no Grupo Escolar João Barbalho, passando daí para o Ginásio Pernambucano.
1930:
Falece sua mãe.
1933:
Pedro Lispector transfere-se com a família para o Rio de Janeiro, passando Clarice a estudar no Colégio Sílvio Leite. Nesse período lê bastante, não só a literatura romântica de Delly, como também as obras de escritores consagrados como Júlio Dinis, Eça de Queirós, José de Alencar e Dostoiewski.
1938:
Prepara-se, no Colégio Andrews, para ingressar na Faculdade de Direito. Nessa época, freqüenta uma pequena biblioteca de aluguel na Rua Rodrigo Silva, onde escolhe os livros pelo título. Descobre, ocasionalmente, a obra de Katherine Mansfield.
1940:
Entra para a Faculdade Nacional de Direito. Falece seu pai.
1941:
Redatora da Agência Nacional, trabalha ao lado de Lúcio Cardoso, que se tornaria um de seus melhores amigos.
1942:
Enquanto cursa a faculdade, começa a escrever seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem.
1943:
Trabalha em A Noite como redatora, indo depois para o Diário da Tarde, onde faz uma página feminina assinada por llka Soares. Naturaliza-se brasileira. Casa-se com o diplomata Mauri Gurgel Valente, em 23 janeiro.
1944:
Acompanha o marido a Nápoles. Nessa cidade presta ajuda a um hospital de soldados brasileiros. Começa a escrever O Lustre. Publica o primeiro livro, Perto do Coração Selvagem, pela editora A Noite. Neste mesmo ano o romance é laureado com o Prêmio Graça Aranha.
1946:
Publica, pela Agir, O Lustre. Nápoles, 1946
1946:
Reside em Berna, de onde viaja para a Espanha.
1949:
França e Itália. Conhece Ungaretti e De Chirico.
1949:
Em 10 de setembro nasce, em Berna, seu primeiro filho, Pedro.
1950:
Regressa ao Rio de Janeiro.
1951:
Passa seis meses em Torkway, na Inglaterra, onde faz as primeiras anotações para A Maçã no Escuro.
1952:
Publica Alguns Contos. Escreve a crônica “Entre Mulheres” para a revista Comício, sob o pseudônimo de Teresa Quadros.
1952-1959:
Reside em Washington.
1953:
Em 10 fevereiro, nasce o segundo filho, Paulo.
1958-1959:
Colabora para a revista Senhor.
1959:
Separa-se do marido e passa a residir definitivamente, com os filhos, no Rio de Janeiro.
1959-1960:
Assina, sob o pseudônimo de Helen Palmer, a coluna “Feira de Utilidades”, publicada no Correio da Manhã.
1962:
Recebe o Prêmio Carmem Dolores pelo romance A Maçã no Escuro.
1963:
Pronuncia, no Texas, a conferência “Literatura Atual no Brasil”.
1967
: Fica gravemente ferida por causa de um incêndio em seu apartamento.
1967-1973:
Escreve crônica semanal, aos sábados, para o Jornal do Brasil.
1968:
Passa a integrar a Ordem da Calunga, da Campanha Nacional da Criança.
1969:
Recebe o prêmio Golfinho de Ouro.
1975:
Participa do 1º Congresso Mundial de Bruxaria, em Bogotá, com o texto “Literature and Magic”.
1977:
Publica uma série de entrevistas em Fatos e Fotos, sob o título de “Diálogos Possíveis com Clarice Lispector”. Falece em 9 de dezembro.

Clarice Lispector – Obras

Clarice Lispector
Clarice Lispector

Clarice Lispector passou a infância em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito.

Estreou na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra.

Depois de uma longa estada na Suíça e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro.

Clarice Lispector
Clarice Lispector

Romances:

Perto do coração selvagem (1944)
O lustre (1946)
A cidade sitiada (1949)
A maçã no escuro (1961)
A paixão segundo G.H. (1964)
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969)
A hora da estrela (1977)

Contos e crônicas:

Alguns contos (1952)
Laços de família (1960)
A legião estrangeira (1964)
Felicidade clandestina (1971)
A imitação da rosa (1973)
A via crucis do corpo (1974)
Onde estivestes de noite? (1974)
A bela e a fera (1979)

Novela:

A hora da estrela (1977)

Correspondência:

Cartas perto do coração (2001) – Organização de Fernando Sabino
Correspondência – Clarice Lispector (2002) – Organização de Teresa Cristina M. Ferreira

Crônicas:

Visão do esplendor – Impressões leves (1975)
Para não esquecer (1978) – contos inicialmente publicados em Laços de família.
A descoberta do mundo (1984)

Entrevistas:

De corpo inteiro (1975)

Literatura infantil:

O mistério do coelho pensante (1967) – Escrito em inglês e traduzido por Clarice
A mulher que matou os peixes (1968)
A vida íntima de Laura (1974)
Quase de verdade (1978)
Como nasceram as estrelas (1987)

Fonte: www.egs.edu/www.geocities.com/ br.geocities.com/www.casaruibarbosa.gov.br

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