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“O mundo da publicidade constantemente pesquisa quais marcas o consumidor lembra de imediato, sem pestanejar. Entre marcas de refrigerantes, celulares, eletrodomésticos, pergunte a uma pessoa que marca de carro nacional vem à sua mente. Certamente vai se lembrar do nome Gurgel.
É certo que ainda roda pelas ruas das cidades brasileiras significativo número de veículos saídos da linha de montagem da Gurgel. Porém, o intrigante é que, embora seja um nome facilmente lembrado, há muito deixou-se de fabricar os utilitários inovadores e econômicos.
Desde 1994 não se produz mais um automóvel que leva essa marca.
E por que o brasileiro ainda se lembra fortemente deste nome?
Sem dúvida nenhuma porque João Augusto Conrado do Amaral Gurgel se inscreveu, com sua luta, determinação e garra no seleto grupo de brasileiros que temperaram o caráter não apenas na forja dos sonhos que sonharam, mas nas obras que concretizaram.
O irrequieto criador do Ipanema, BR-800, X-12, Carajás, Supermini, não apenas sonhou, mas empenhou palavra, honra, nome e toda sua garra em tornar realidade a obra concebida, em fazê-la nascer e frutificar.
Como na leitura de Dom Quixote, aqui também o leitor se coloca ao lado deste intrépido cavaleiro, tão logo inicia a leitura de sua saga. Infelizmente, não são de vento os moinhos que derrubaram os sonhos de Gurgel, mas de descasos governamentais e empresariais.
Essa história lírica e comovente, como comoventes e líricas são as vidas dos quixotes visionários, é contada às vezes com o tom bem humorado, às vezes com pinceladas de sonhos a serem concretizados, às vezes com o amargor da decepção em relação aos governantes e empresários que negaram apoio.” Luiz Puntel
Em 1958, João Augusto Conrado do Amaral Gurgel tinha dez mil dólares, um monte de ideias e um monte de gente desesperada para trabalhar com ele.
João Augusto Conrado do Amaral Gurgel
Reciclagem de plástico veicular… Fibra de vidro?
Adoramos falar sobre reciclagem de plástico veicular, então talvez seja um exemplo estranho usar veículos feitos de fibra de vidro, pois é difícil de reciclar. A razão para isso é que existem dois grandes tipos de plástico, termoplástico e termofixo. Um termoplástico pode ser moldado e moldado quando aquecido, um plástico termofixo não, e isso se deve a um tratamento realizado na fase de produção.
Você pode pensar que não é bom fazer plástico que não pode ser reciclado, mas considere as tomadas domésticas, elas usam plásticos termofixos para que não derretam quando superaquecidos, e isso é deliberado, para sua segurança. A fibra de vidro é um plástico termofixo. Até poucos anos atrás, a fibra de vidro não era reciclada, pois não pode ser quebrada e usada para suas peças plásticas. Felizmente, agora encontrou um lar na indústria do cimento, sendo moído e misturado com sacos de cimento em pó. reciclagem de plástico veicular Na época de Gurgel, a fibra de vidro definitivamente não era reciclada, embora no Brasil, nem muito mais. Isso é diferente hoje em dia; pelo menos na última década, o Brasil ostenta as maiores taxas de reciclagem de alumínio do mundo. Infelizmente, João Gurgel não está mais conosco, tendo morrido de Alzheimer em 2009. Mas seus carros continuam vivos.
Apenas 4.000 BR-800 já fabricados…
O primeiro carro de design nacional do Brasil, o BR-800 (veja à esquerda, equipado com motor VW) ainda está nas estradas do Brasil agora, mas não será para sempre, pois Gurgel faliu em 1995.
Sua dívida era tão astronômica que seus ativos só conseguiram pagar 3% de um acordo de US$ 1,2 bilhão. Não foi uma grande surpresa que Gurgel tenha falido, e isso se deveu em parte aos empréstimos sem garantia que ele conseguiu adquirir, recusando-se a aceitar um não como resposta quando um banco o rejeitava.
É um fato chocante que apenas um dos projetos de Gurgel tenha sido um sucesso comercial. Quando exportado para a Europa, o veículo recebeu o nome de ‘Xavante X’, mas na América do Sul era conhecido como ‘X12 TR’. Conseguimos localizar uma fotocópia do folheto publicitário do veículo bizarro estilo Jeep.
Dê uma olhada abaixo.
Gurgel X-12 – Xavante X
Além do sucesso do Xavante X, os motores de Gurgel eram extremamente impopulares, com detalhes de design estranhos, pinturas ruins, materiais de baixa qualidade e melhores alternativas a um preço mais baixo.
No entanto, eles estão se tornando um item de colecionador no Brasil, com muitas de suas peças sendo intercambiáveis com a Volkswagen. Isso significa que eles são mais fáceis de restaurar e, de certa forma, ainda são úteis para a reciclagem de plástico de veículos, embora permaneçam muito menos potentes, confortáveis e esteticamente agradáveis do que seus equivalentes alemães.
Adoraríamos dizer que a reciclagem de plástico veicular foi implementada no projeto dos motores de Gurgel, mas seria mentira. Uma das únicas coisas que é reutilizada são as palavras carinhosas ditas por João Gurgel.
Apesar de uma dívida enorme, muitos trabalhadores e fornecedores não pagos e uma frota de veículos mal projetada, Gurgel foi um herói nacional por projetar o primeiro carro brasileiro, e foi lisonjeado pela imprensa por mais de vinte anos. Seus apoiadores sugeriram que os políticos o forçaram à falência e ele enfrentou mais obstáculos do que portões, não recebendo o apoio que deveria ter.
Pensando em ‘O Futuro’…
Em 1974, Gurgel projetou e lançou um carro elétrico feito de plástico, chamado Itaipu. Esse tipo de pensamento progressista abriu caminho para muitos veículos modernos de baixa emissão.
A velocidade máxima era de pouco mais de 30 mph, tinha um alcance de 60 milhas e 70% do peso do carro era composto por baterias.
Gurgel convenceu o governo local a conceder estacionamento gratuito aos carros elétricos, em um movimento que foi replicado nos tempos modernos.
As ideias para instalar estações de carregamento e casas e locais de trabalho dos proprietários também são imitadas por esquemas governamentais modernos para proprietários de carros elétricos.
O Itaipu era o carro mais barato do mercado brasileiro, e eles disseram em um comunicado à imprensa que, à medida que o Itaipu se tornasse mais popular, eles baixariam o preço. Infelizmente, porém, apenas 20 foram feitos, já que o veículo falhou em muitos testes e nunca passou do estágio de protótipo.
Você compraria um?
Apesar de ser um péssimo homem de dinheiro, e não o designer de carros esteticamente mais agradável, Gurgel era um homem do povo, e lembrado com carinho.
Em 2014, os carros de João Augusto Conrado do Amaral Gurgel continuam vivos, em clubes de associados não só no Brasil, mas no mundo todo.
Gurgel Motores – História
“Posso ir a falência por incapacidade, erro de mercado,
mas me recuso a ir a falência por decreto” – João Augusto Gurgel
A cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, já sediou uma importante indústria nacional de automóveis, que em 25 anos produziu utilitários, carros urbanos e até elétricos. Foi fundada em 1º de setembro de 1969 pelo engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que sempre sonhou com o carro genuinamente brasileiro.
Devido às exportações que sua empresa passou a fazer com o sucesso dos produtos, ele sempre dizia que sua fábrica não era uma multinacional, e sim “muito nacional”. O capital era 100% brasileiro.
Este homem dinâmico e de grandes ideias formou-se na Escola Politécnica de São Paulo em 1949 e, em 1953, no General Motors Institute nos Estados Unidos.
Conta-se que, ao apresentar o projeto de um automóvel popular, o Tião, ao professor, teria ouvido: “Isto e coisa para multinacionais. Carro não se fabrica, Gurgel, se compra”.
Gurgel começou produzindo karts e minicarros para crianças. Em 1969 fundou a Gurgel Veículos, seu primeiro modelo foi um bugue com linhas muito modernas e interessantes. Chamava-se Ipanema e utilizava chassi, motor e suspensão Volkswagen. Gurgel sempre batizou seus carros com nomes bem brasileiros e homenageava nossas tribos de índios.
Em 1973 chegava o Xavante, que deu início ao sucesso da marca. Este foi seu principal produto durante toda a evolução e existência da fábrica. De início com a sigla X10, era um jipe que gostava de estradas ruins e não se importava com a meteorologia. Sobre o capô dianteiro era notável a presença do estepe. Sua distância do solo era grande, o para-brisa rebatia para melhor sentir o vento e a capota era de lona. Tinha linhas curvas, seguindo uma tendência dos burguês da época.
Um par de pás afixadas nas portas chamava a atenção e logo anunciava o propósito do veículo.
O jipe era equipado com a tradicional, simples e robusta mecânica Volkswagen refrigerada a ar, com motor e tração traseiros.
O acesso ao motor nunca foi dos mais favoráveis: era feito por uma tampa estreita e não muito comprida. O chassi era uma união de plástico e aço (projeto patenteado pela Gurgel desde o início de sua aplicação, denominado Plasteel), que aliava alta resistência a torção e difícil deformação. A carroceria era em plástico reforçado com fibra-de-vidro (FRP). Conta-se que, na fábrica, existia um taco de beisebol para que os visitantes batessem forte sobre a carroceria para testar a resistência. Não amassava, mas logicamente o teste pouco comum era feito antes de o carro receber pintura.
Pelo emprego destes materiais a corrosão estava completamente banida. A carroceria e o chassi formavam um só bloco. As rodas, as mesmas da Kombi, eram equipadas com pneus de uso misto. A suspensão, como no Fusca, era independente nas quatro rodas, em um conjunto muito robusto, mas na traseira a mola era helicoidal, em vez da tradicional barra de torção. Para subir ou descer morros não havia grande dificuldade.
A carroceria tinha ângulo de entrada de 63 graus e 41 graus de saída.
Além do Plasteel, outro recurso interessante do Xavante era o Selectraction. Tratava-se de um sistema movido por alavancas, ao lado do freio de estacionamento, para frear uma das rodas traseiras.
Era muito útil em atoleiros, pois freando uma das rodas que estivesse girando em falso – característica de todo diferencial – a força era transmitida à outra, facilitando a saída do barro.
Com este sistema o carro ficava mais leve e econômico do que se tivesse tração nas quatro rodas e a eficiência era quase tão boa quanto.
O Xavante logo agradou ao público, por sair da concepção tradicional dos bugues, e ao Exército brasileiro, que fez grande encomenda. Havia uma versão militar especialmente produzida para este fim, o que deu ótimo impulso à produção. Na primeira reestilização, em 1975, as linhas da carroceria ficaram mais retas. O estepe agora ficava sob o capô, mas o ressalto neste anunciava sua presença.
Sobre os para-lamas dianteiros ficavam as lanternas de direção, idênticas às do Fusca.
Além do X10, mais simples, existia o X12, versão civil do jipe das forças armadas. O motor era o mesmo 1,6-litro de um só carburador, que fornecia 49 cv e usava a relação de diferencial mais curta do Fusca 1300 (4,375:1 no lugar de 4,125:1). Atrás das portas havia uma pequena grade plástica para ventilação do motor.
A velocidade final não chegava a empolgar: fazia no máximo 108 km/h e de 0 a 100 km/h levava penosos 38 s. Mas seu objetivo era mostrar serviço e desempenho com relativo conforto em caminhos difíceis, pouco apropriados a carros de passeio.
Gurgel X12 TL
Sua estabilidade era crítica em ruas de asfalto ou paralelepípedo. Nas pistas, ruas e estradas era melhor não arriscar nas curvas. O jipe gostava mesmo de lama, terra, água, neve, praia, montanha e floresta, que eram seu hábitat natural. Era fácil de estacionar, de dirigir e de domar. Por causa de todo o conjunto muito robusto, era um veículo barulhento para o dia-a-dia.
Ipanema, o primeiro carro produzido pela Gurgel
Em 1974 a Gurgel apresentava um pioneiro projeto de carro elétrico.
O Itaipu, alusão à usina hidrelétrica, era bastante interessante: ótima área envidraçada, quatro faróis quadrados e um limpador sobre o enorme para-brisa, que tinha a mesma inclinação do capô traseiro. Visto de lado, era um trapézio sobre rodas.
Era um minicarro de uso exclusivamente urbano para duas pessoas, fácil de dirigir e manobrar, que usava baterias recarregáveis em qualquer tomada de luz, como um eletrodoméstico.
Ele teria tudo para dar certo se não fosse os problemas a com durabilidade, capacidade e peso das baterias, o que até hoje ainda é um desafio. Um dos modelos elétricos se chamaria CENA, carro elétrico nacional, nome que ressurgiria no projeto do BR-280/800, com o “E” representando econômico”.
Em 1976 chegava o X12 TR, de teto rígido. Suas linhas estavam mais retas e ainda transmitiam respeito; continuava um utilitário bastante rústico.
Os faróis redondos agora estavam embutidos na carroceria e protegidos por pequena grade. Na frente destacava-se o guincho manual com cabo de 25 metros de extensão, por sistema de catraca, para situações fora-de-estrada. Na traseira, sobre a pequena tampa do motor, havia um tanque de combustível sobressalente de 20 litros ou, como alguns gostavam de chamar, camburão.
Era um dispositivo útil e bem-vindo para as aventuras fora-de-estrada. Na frente, o pequeno porta-malas abrigava o estepe e o tanque de combustível de 40 litros. Para as malas havia quase nenhum espaço, e o painel, muito simples, continha o estritamente necessário.
O chassi Plasteel continuava como padrão, e a fábrica oferecia uma garantia inédita de 100.000 quilômetros.
Fato interessante é que todo Gurgel tinha carrocerias originais: o engenheiro nunca copiou nada em termos de estilo, coisa corriqueira hoje em dia entre fabricantes de veículos fora-de-estrada. Em 1979 toda a linha de produtos foi exposta no Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça. Neste evento a propaganda do jipe nacional e o volume de vendas foram muito bons.
Gurgel Carajás 1.6
Em 1980, depois de cinco anos de estudo, outro veículo de tração elétrica, o Itaipu E400, ia para os primeiros testes. Tratava-se de um furgão com desenho moderno e agradável. Sua frente era curva e aerodinâmica, com amplo para-brisa e para-choque largo com faróis embutidos. Nas laterais havia somente os vidros das portas e os quebra-ventos; o resto era fechado. O painel era equipado com velocímetro, voltímetro, amperímetro e uma luz-piloto que indicava quando a carga estava por acabar. As baterias eram muito grandes e pesadas, cada uma com 80 kg e 40 volts. O motor elétrico era um Villares de 8 kW (11 cv) e girava a 3.000 rpm máximas. Apesar da potência ínfima, os elétricos conseguem boa aceleração porque o torque é constante em toda a faixa útil de rotações.
Tinha câmbio de quatro marchas, embreagem e transmissão.
O consumo, se comparado a um carro a gasolina, seria de 90 km/l, mas a autonomia era pequena, de apenas 80 quilômetros. Para recarregar eram necessárias em média 7 horas numa tomada de 220 volts.
Devido a este fator, era um veículo estritamente urbano. A velocidade máxima estava por volta de 80 km/h em grande silêncio, uma das grandes vantagens de um carro elétrico é não poluir com gases nem com barulho.
Primeiramente ele foi vendido a empresas para testes. Depois da versão furgão viriam a picape de cabines simples e dupla e o E400 para passageiros. O E400 CD (cabine dupla) era um misto de veículo de carga e passageiros, lançado em 1983. Com a mesma carroceria foi lançado um modelo com motor Volkswagen “a ar” e dupla carburação, que tinha a denominação G800.
Ele trazia a mesma robustez e muito espaço interno para passageiros.
Na versão CD havia um detalhe curioso: três portas, duas na direita e a outra na esquerda para o motorista. Do mesmo lado, atrás, vinha um enorme vidro lateral.
Ganhava o passageiro que se sentasse deste lado, pois tinha ampla visibilidade. O G800 pesava 1.060 kg e podia carregar mais 1.100kg, sendo um utilitário valente e robusto.
Em 1980 a linha era composta de 10 modelos. Todos podiam ser fornecidos com motores a gasolina ou álcool, apesar de o engenheiro Gurgel combater muito o combustível vegetal.
O álcool era subsidiado pelo governo, o que tornava o preço final para o consumidor mais baixo que a gasolina. Esta era a única forma de estimular o uso de um combustível que, pelo menor poder calorífico, resulta em um consumo cerca de 30% maior. O engenheiro achava que seria mais coerente usar essas terras para plantar alimentos para a população do que para alimentar veículos. Mais tarde ele poria fim às versões a álcool na marca.
Faziam parte da linha o X12 TR (teto rígido), o jipe comum com capota de lona (que era a versão mais barata do X12), o simpático Caribe, a versão Bombeiro, o X12 RM (teto rígido e meia capota) e a versão X12 M, militar. Este ultimo, exclusivo para as Forças Armadas, já vinha na cor-padrão do Exército, com emblemas nas portas e acessórios específicos. Numa outra faixa de preço havia o monovolume X15 TR de quatro portas, a picape cabine-dupla CD, a versão cabine-simples (CS), o cabine-simples com capota de lona e o Bombeiro.
As versões Bombeiro de ambos modelos eram equipadas com luzes giratórias sobre o teto. Outros acessórios específicos também já saíam de fábrica para estas versões.
O X15, lançado em 1979, era um furgão com estilo bastante original. Parecia um veículo militar de assalto, um pequeno carro-forte. Logo teria versões picape de cabine simples e dupla.
O furgão podia transportar até sete pessoas, ou duas e mais 500 kg de carga. Como os demais, usava a mecânica VW “a ar”. Todos os vidros da carroceria, inclusive o para-brisa, eram planos, sem nenhuma curvatura.
Na frente muito inclinada, o para-brisa era dividido em dois vidros, sendo que um deles, em frente ao motorista, ocupava 3/4 de toda a área frontal na versão militar (na civil os vidros tinham a mesma largura).
Nesta versão também havia o guincho, faróis protegidos por grade, pequenas pás afixadas nas portas e capota de lona. Seu ângulo de entrada e saída para enfrentar rampas acentuadas era tão bom quanto o do X12.
Tinha um ar muito robusto, com 3,72 m de comprimento, 1,90 m de largura e a altura total de 1,88 m, era um tijolo sobre rodas. Os faróis eram embutidos no largo e ameaçador para-choque preto.
Gurgel X15
Em 1981, como novidade bem-vinda, os freios dianteiros no X12 passaram a ser a disco e a suspensão dianteira estava mais robusta. Novos detalhes de acabamento também o deixaram mais “luxuoso”. Para o X15, era lançada a versão Van-Guard. Atrás dos bancos dianteiros havia dois colchões com revestimento plástico estampado, que combinavam com pequenos armários embutidos.
Cortinas nas janelas e até um ventilador completavam o ambiente descontraído. O carro tinha um visual hippie. Na parte externa, faixas triplas e grossas nas laterais e o estepe fixado na traseira com cobertura nos mesmos tons da carroceria. Tinha só duas portas e, nas laterais, um vidro basculante retangular grande.
Ideal para quem curtia acampar e programas ecológicos. Nesta versão ele ficou menos sisudo.
Também foi lançado o G15 L, picape cabine-simples mais longa (3,92 m) derivado do X15, que podia transportar até uma tonelada de carga. O tanque de combustível era de 70 litros e podia receber outro de mesma capacidade para aumentar a autonomia (vigorava então o absurdo e ineficiente regime de postos fechados nos fins de semana). Além da versão padrão, havia a cabine-dupla de duas ou quatro portas e a furgão.
A valente empresa nacional crescia. A fábrica tinha uma área de 360 mil m2, dos quais 15 mil eram construídos. Contava com 272 empregados entre técnicos e engenheiros, que dispunham de assistência médica e transporte. Só era menor em número de funcionários do que a Puma, no que se referia a pequenos fabricantes.
Em 1977 e 1978, a Gurgel foi o primeiro exportador na categoria veículos especiais e o segundo em produção e faturamento. Cerca 25% da produção seguia para fora do Brasil. Eram fabricados 10 carros por dia, sendo o X12 o principal produto da linha de montagem. A unidade de negócios era o Gurgel Trade Center, numa importante avenida da capital paulista. Havia um escritório executivo e um grande salão de exposição, além de um centro de apoio técnico aos revendedores.
No final de 1981 era desenvolvido o modelo Xef. Com duas portas e três volumes bem definidos, era um carro urbano bastante interessante. Contava com três bancos dianteiros, recurso pouco comum já aplicado no francês Matra Baghera. Mas este ultimo era um esportivo. Três adultos de boa estatura acomodavam-se com dificuldade e o acesso era digno de contorcionistas.
O espaço para bagagem era mínimo.
Em 1982 o X12 normal seguia seu caminho na produção e nas estradas de terra, lama e areia do Brasil. Com a mesma carroceria mais reta da versão de teto rígido (TR), continuava com o para-brisa dobrável e a capota de lona presa com botões de pressão. Os retrovisores externos e internos eram fixados na estrutura do para-brisa. Tudo muito prático e simples.
A carroceria agora recebia uma faixa branca que contornava a porta e o para-lama. As portas eram de plástico reforçado. O pequeno e simpático jipe recebia opcionalmente rodas esportivas, brancas e bonitas, de 14 pol (pneus 7,00 x 14) no lugar das originais de 15 pol.
Na versão Caribe a capota e os bancos eram listrados com cores vivas e alegres, que combinavam com a carroceria no mesmo tom, e as rodas brancas eram de série.
Em 1983 a versão de teto rígido do X12 recebia uma claraboia no teto, bastante útil para refrigerar a cabine.
Um defeito na versão TR que jamais foi sanado era que sua porta era presa ao para-lama dianteiro por dobradiças. Qualquer um armado com uma chave Phillips podia desmontar a porta, entrar no jipe para roubar objetos ou mesmo dar uma voltinha com ele.
No modelo 1985 as novidades externas eram nova grade, para-choques e lanternas traseiras. Por dentro o painel e o volante também eram mais modernos.
A versão de luxo contava com bancos com encosto alto além da clarabóia. Na parte mecânica vinham como novidade ignição eletrônica, nova suspensão traseira e diferencial com outra relação, que o deixou mais veloz em rodovias, econômico e silencioso. No mesmo ano a VW introduziu no Fusca a relação 3,875:1 como parte do pacote que objetivava redução de 5% no consumo médio de combustível.
Como a Gurgel dependia do fornecimento da VW, a modificação foi estendida ao X12.
No ano anterior, a Gurgel lançava o jipe Carajás, outro nome indígena. As versões eram TL (teto de lona), TR (teto rígido) e MM (militar). Versões especiais ambulância e furgão também existiram.
Um detalhe que logo chamava a atenção era o grande estepe sobre o alto capô dianteiro, solução inspirada nos Land Rovers que prejudicava a visibilidade frontal.
De frente era notável a grade preta com quatro faróis retangulares, iguais aos do Passat. Opcionalmente podia vir com o guincho.
Carajas, o jipão
O Carajás era um jipão na melhor definição. Chamava a atenção por onde passasse. Tinha duas portas laterais e uma traseira com abertura meio a meio. Sobre o teto, uma claraboia para ventilar a cabine.
Dentro havia um forro duplo do teto, com cinco difusores de ar, dois para os passageiros da frente e três para os de trás – e funcionava bem. Sobre o teto, como opcional, era oferecido um enorme bagageiro.
A carroceria, em plástico reforçado com fibra-de-vidro, tinha sempre cor preto-fosco no teto. O detalhe podia mascarar sua altura, mas concorria para aquecer o interior. Os bancos dianteiros, com encosto para cabeça, corriam sobre trilhos e facilitavam a entrada de passageiros atrás. A posição de dirigir era boa só para as pessoas mais altas.
O chassi Plasteel também estava presente, junto com o sistema Selectraction. O motor dianteiro de 1,8 litro e 85 cv, refrigerado a água, era o mesmo do Santana e podia ser a álcool ou a gasolina.
Depois veio a versão com motor diesel de 1,6 litro e 50 cv, também refrigerado a água e usado na Kombi. Um detalhe mecânico interessante era o TTS. Para transmitir a força do motor para as rodas traseiras, era usado o Tork Tube System, um tubo de aço, com uma árvore de transmissão de aço em seu interior, que interligava o motor dianteiro ao conjunto traseiro de embreagem, câmbio, diferencial e semi-árvores.
Uma ótima solução, encontrada pelo fato de o Carajás usar quase todo o conjunto mecânico do Santana, que é de tração dianteira. A caixa de mudanças, entretanto, era de Volkswagen “a ar”.
O sistema era novidade no país, baseado num transeixo, ou transmissão e diferencial juntos, instalados na traseira de um veículo de motor dianteiro. Mas mostrou-se frágil, pois era muita potência do motor 1,8-litro transmitida para o conjunto traseiro previsto para motores 1,6 refrigerado a ar. A embreagem situava-se na dianteira do veiculo, junto ao volante motor, sendo um defeito relevante, pois a troca de marcha deveria ser feita com um tempo maior em relação a outros veículos, devido a inércia do conjunto TTS com o eixo primário da caixa de transmissão.
A suspensão do Carajás era independente nas quatro rodas. Na frente era utilizado o conjunto de eixo dianteiro da Kombi, enquanto na traseira a disposição era de braço semiarrastado com mola helicoidal.
Apesar das dimensões e do peso do carro, era confortável, ótimo de curva, de rodar macio e tranqüilo no asfalto ou em terrenos difíceis. Sua capacidade de carga era de 750 kg.
Em 1988 eram apresentadas as versões VIP e LE do Carajás. As mudanças eram na porta traseira, agora numa peça só; nas maçanetas, capô e grade frontal, que passava a fazer parte da carroceria.
Na VIP as rodas eram cromadas, os vidros fumê, a pintura metálica acrílica e os bancos tinham melhor revestimento.
Mas o Carajás era caro para o público e não alcançou o sucesso esperado.
Em 1986 o nome do X12 havia foi trocado por Tocantins, acompanhado de ligeira reforma estética. O veiculo passou a apresentar linhas mais modernas, mas ainda lembrando bem suas origens. Ele deixou de ser fabricado em 1989.
Devido às exportações para o Caribe, o X12 atrapalhou e encerrou a produção do VW 181, utilitário de conceito similar feito pela filial mexicana da Volkswagen. As relações com a fábrica alemã, que eram ótimas, foram abaladas, mas o próprio Gurgel não queria ficar atrelado à VW a vida toda. Ele queria voar mais alto, e quase conseguiu.
Os Minicarros 100% nacionais
Além dos utilitários, Gurgel sonhava com um minicarro econômico, barato e 100% brasileiro para os centros urbanos. Em 7 de setembro de 1987, segundo ele, dia da independência tecnológica brasileira, foi apresentado o projeto Cena, “Carro Econômico Nacional”, ou Gurgel 280. Este era o primeiro minicarro da empresa, projetado para ser o mais barato do país.
Os motores, de configuração única no mundo, eram como os VW 1.300 e 1.600 cortados ao meio: dois cilindros horizontais opostos, 650 ou 800 cm3, mas refrigerados a água. A potência seria de 26 ou 32 cv conforme a versão.
O carro seria lançado em opções 280 S, de sedã, e 280 M, de múltiplo, com capota removível – restariam, porém, as molduras das portas e vidros laterais, bem como uma barra estrutural do teto.
Solução interessante era o porta-luvas, uma maleta executiva que podia ser removida. Com a evolução do projeto, o motor menor foi abandonado e a cilindrada fixada em 0,8 litro, originando o nome BR-800.
O motor fundido em liga de alumínio-silício era batizado como Enertron e projetado pela própria empresa. Este motor foi inteiramente pesquisado e desenvolvido pela Gurgel no Brasil, e ainda contou com elogios de marcas consagradas, como a Porshe, Volvo, Citroën e vários especialistas em motores.
O avanço de ignição era controlado por um microprocessador (garantido durante cinco anos) e não havia necessidade de distribuidor, pois o disparo era simultâneo nos dois cilindros, idéia aproveitada dos motores Citroën de disposição semelhante. O sistema de ignição era outra patente da Gurgel.
O pequeno motor reunia alguns aspectos notáveis. Por exemplo, podia ser levado a praticamente 6.000 rpm sem flutuação de válvula (fechamento incompleto devido à velocidade excessiva), o que o motor VW não tolerava, mal passando de 5.000 rpm. A refrigeração a água com ventilador elétrico funcionava muito bem. A velocidade máxima era de 117 km/h.
Gurgel, sempre querendo incorporar avanços, idealizou o motor sem correia trapezoidal para acionar acessórios, como o alternador, visando facilidade de manutenção, preocupação nada desprezível. Para isso, o alternador era acoplado diretamente ao comando de válvulas. Só que devido à rotação do comando ser metade da do motor, o alternador não desenvolvia potência suficiente em várias condições de uso, como todos os acessórios ligados ao dirigir moderadamente. O resultado era a descarga da bateria, uma inconveniência e tanto para o motorista. Assim, a fábrica não demorou para voltar atrás e modificar a montagem do alternador, que passou a receber movimento do motor pela maneira tradicional de polias e correia trapezoidal, e com redução apropriada (cerca de 2:1), resolvendo definitivamente o problema.
O BR-800 podia transportar quatro passageiros com relativo conforto e 200 kg de carga. Pesava 650 kg, tinha duas portas e vidros corrediços, o que prejudicava a ventilação da cabine.
Para guardar objetos no pequeno porta-malas, abria-se o vidro traseiro basculante, que servia de porta; o acesso não era dos mais cômodos. Ainda assim era melhor do que a solução original de vidro traseiro fixo, em que era preciso acessar aquele compartimento por dentro do carro, como no Fusca. Por outro lado, o estepe tinha acesso muito prático por fora, em uma tampa traseira.
O Governo Federal, num louvável gesto de apoio à indústria nacional, concedeu ao carrinho o direito de pagar apenas 5% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), enquanto os demais carros pagavam 25% ou mais dependendo da cilindrada. O objetivo de projetar um carro com o preço final de US$ 3000 não se concretizou, o preço acabou ficando por volta de US$ 7000, mas graças ao incentivo fiscal, ainda era cerca de 30% mais barato que os compactos de outras montadoras, a exemplo da época poderíamos citar o FIAT Uno.
Lançado em 1988, foi produzido até 1991. De início, a única forma de compra era a aquisição de ações da Gurgel Motores S/A, que teve a adesão de 8.000 pessoas. Sob uma campanha convidativa – “Se Henry Ford o convidasse para ser seu sócio, você não aceitaria?” -, foram vendidos 10.000 lotes de ações. Cada comprador pagou os US$ 7.000 pelo carro e cerca de US$ 1.500 pelas ações, o que se constituiu um bom negócio para muitos – no final de 1989 havia ágio de 100% pelas mais de 1.000 unidades já produzidas.
Em 1990, quando o BR-800 começava a ser vendido sem o pacote compulsório de ações, quando parecia estar surgindo uma nova potência (tupiniquim) no mercado automobilístico, o Governo isenta todos os carros com motor menor que 1000cm³ do IPI (numa espécie de traição à Gurgel). Assim a Fiat, seguida por outras montadoras, lançou quase que instantaneamente o Uno Mille com o mesmo preço do BR-800, mas que oferecia mais espaço e desempenho.
Tentando reagir a Gurgel lança em 1992 uma evolução do BR-800, o Supermini. Tinha um estilo muito próprio e moderno. Media 3,19 m de comprimento, sendo ainda o menor carro fabricado aqui.
Estacionar era com ele mesmo, devido à pequena distância entre eixos (1,90 m) e uma direção leve. Tinha faróis quadrados, grade na mesma cor do carro, duas portas, dois volumes e boa área envidraçada. As linhas eram mais equilibradas que em seu antecessor.
A carroceria era em plástico FRP e tinha garantia de 100 mil quilômetros, alta resistência a impactos e, como tradição da fábrica, estava livre da corrosão.
Era montada sobre um chassi de aço muito bem projetado e seguro, bem resistente à torção. Os pára-choques dianteiro e traseiro, assim como a lateral inferior, vinham na cor prata.
O Supermíni usava o mesmo motor bicilíndrico, só que um pouco mais potente (3cv a mais). Todo o conjunto motriz tinha garantia de fábrica de 30 mil quilômetros.
Os vidros dianteiros não eram mais corrediços nem tinham quebra-ventos, e agora havia uma verdadeira tampa de porta-malas. O banco traseiro bipartido possibilitava o aumento da capacidade do porta-malas.
O consumo era baixo. Fazia 14 km/l na cidade e, a uma velocidade constante de 80 km/h, até 19 km/l em quarta marcha.
Como destaques tinha motor com suspensão pendular, com coxim em posição elevada. A suspensão dianteira já não era mais a Springshock do BR-800 – mola e amortecedor combinados, fabricados na própria Gurgel, que apresentavam enorme deficiência -, mas uma disposição convencional de braços transversais superpostos com mola helicoidal. A traseira era por segmento de feixe de molas longitudinal.
A versão SL trazia como equipamentos de série conta-giros, antena de teto, faróis com lâmpadas halógenas e rádio/toca-fitas. Até junho de 1992, 1.500 unidades do Supermini haviam sido vendidas.
Pouco depois a Gurgel mostrava o Motomachine, veículo bastante interessante. Acomodava dois passageiros e usava, entre outras peças, o mesmo motor do Supermíni. Tinha para-brisa rebatível, e tanto o teto de plástico quanto as portas em acrílico transparente eram removíveis. Era um carro de uso restrito, feito para a curtição ou o transporte básico nos grandes centros.
Poucas unidades circulam e são dignas de apreciação e curiosidade.
O próximo projeto, batizado de Delta, seria um novo carro popular que usaria o mesmo motor de 800cm3 e custaria entre US$ 4000 e US$ 6000, mas não chegou a ser fabricado.
Gurgel chegou a adquirir todas as máquinas-ferramenta que acabaram não sendo usadas.
Atolada em dívidas e enfraquecida no mercado pela concorrência das multinacionais, a Gurgel pediu concordata em junho de 1993. Houve uma última tentativa de salvar a fábrica em 1994, quando a Gurgel pediu ao governo federal um financiamento de US$ 20 milhões, mas este o foi negado, e a fábrica acabou fechando as portas no final do ano.
Sem dúvida o grande engenheiro João Gurgel deixou seu legado na indústria nacional. Foi um homem à frente do seu tempo, corajoso e patriota que infelizmente não conseguiu suportar sozinho a concorrência das grandes multinacionais.
João Augusto Conrado do Amaral Gurgel
João Amaral Gurgel era especialista na construção de jipes tendo como base a mecânica Volkswagen, seu sonho era desenvolver um carro popular urbano, de baixo custo e que fosse genuinamente brasileiro.
Dentro dessa proposta, em 1988, ele lançou o BR-800, que foi fabricado até 1991.
Gurgel até conseguiu o benefício de uma alíquota diferenciada (mais baixa) de IPI para seus minicarros, só que esbarrou em problemas como alto custo de produção e na concorrência dos modelos mil, como o Uno Mille, que surgiu em 1990 e era muito mais avançado e barato. Em seguida veio a falência e a empresa foi vendida em 1994. Em 25 anos de atividade, a Gurgel montou e vendeu cerca de 40 mil veículos de todos os tipos.
O BR-800 tinha motor de dois cilindros contrapostos na horizontal, como o do Fusca (dizem que foi inspirado no do modelo VW), com 800 cm³ de capacidade e 33 cv de potência, desenvolvido pela própria Gurgel.
O sistema de freio, câmbio, transmissão e o diferencial eram herdados do antigo Chevette. O carrinho tinha também muitos componentes aproveitados de outros modelos já fora de linha.
O chassi era de estrutura tubular metálica (uma espécie de gaiola), revestida com fibra de vidro.
Leve e com apenas 3,19 metros de comprimento, o BR-800 era fácil de manobrar e econômico na área urbana, mas tinha alguns problemas de projeto.
O carro era ruidoso e desconfortável, e os pedais e comandos não eram nada ergonômicos. Na tentativa de fazer um carro barato, a Gurgel adotou soluções simplistas demais, como componentes já existentes, suspensão traseira com feixes de molas, eixo-cardã com diferencial e tração traseira, que logo ficariam desatualizados. Algumas falhas de projeto, como as molas da suspensão dianteira banhadas em óleo, e o alternador, que não tinha rotação suficiente para carregar a bateria, foram corrigidas posteriormente.
Em 1990, a Gurgel apresentaria a nova geração do BR-800, chamada de Supermini, mais atraente e moderna que a anterior, que teve três versões (hatch, minivan e utilitário) exibidas no salão de São Paulo, na última participação da marca no evento, se não me engano.
Esses foram os últimos exemplares desenvolvidos por Gurgel. Nunca mais vi esses carros. Uma fábrica do interior de São Paulo arrematou os moldes do jipe Tocantins em um leilão da massa falida da empresa, que ficava em Rio Claro, no interior de São Paulo.
O engenheiro morreu em 30 de janeiro de 2009, mas deixa seu nome na história da indústria automotiva nacional.
Seus projetos (alguns deles bem sucedidos), como os jipes Tocantins e Carajás, entre outros, vão ficar para sempre na memória dos brasileiros.
Fonte: br.geocities.com/gurgelmotores/www.plasticexpert.co.uk
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