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João-de-barro – O que é
O João-de-barro é um dos pássaros mais populares do Brasil, famoso pelo tipo de construção de seu ninho em forma de forno (o nome científico Furnarius significaria “aquele que trabalha em fornos”- Jobling,1991), utilizando barro úmido, além de esterco misturado com palha.
Gosta de edificar em locais bem abertos, como árvores isoladas e postes, trabalhando o casal em conjunto, onde cada um assenta o material coletado por ele, não havendo qualquer transferência a outro parceiro; levam de duas a três semanas para o término do trabalho.
Os ninhos abandonados podem ser usados por outras espécies de aves, como: canários, andorinhas e até mesmo pelos pardais, sendo ocupados também por abelhas (Sick,1985).
O casal têm o hábito de cantar em dueto próximo ao ninho; se alimentam de insetos, minhocas, caramujos e algumas sementes (Höfling & Camargo,1993).
João-de-barro – História
O João-de-barro é muito conhecido por seu ninho singular e criativo, todo feito de barro misturado com capim.
É uma ave muito admirada pelo povo, que o considera bastante trabalhador, pelo ninho que faz e também por manter-se aos casais por toda a vida.
Há até uma lenda dizendo que o joão-de-barro aprisiona dentro do ninho a fêmea que o tenha traído.
Na verdade isto não acontece.
É que alguns ninhos são achados fechados porque uma abelhinha aproveita os ninhos abandonados fechando sua entrada com cera.
Alimenta-se catando grãos e insetos pelo chão, onde anda com grande elegância.
Cada ano faz um novo ninho e é comum ir construindo os novos ninhos em cima dos anteriores. Já forma vistos até 10 ninhos empilhados, formando um “arranha-céu”.
O joão-de-barro e sua esposa traidora
Há uma crença popular, inclusive mencionada em literatura ornitológica, de que o joão-de-barro, Furnarius rufus, empareda dentro do ninho a fêmea que o tenha traído. Pessoas adultas, mesmo com relativa experiência de vida, afirmam isto com a maior convicção. Esta estória imputa ao joão-de-barro duas pechas.
Primeiro, a de que suas esposas são capazes de trair. Segundo, a de que os maridos são capazes de cometer assassinatos passionais.
Na verdade tudo não passa de um mito. E este mito pode ter surgido de dois fatos. O primeiro é de que alguns ninhos abandonados do joão-de-barro são aproveitados por abelhas indígenas como a uruçú-mirim, para fazerem sua colméia. As abelhas fecham a entrada do ninho com uma cera, dando a impressão de ter sido fechado pela ave. Mas olhando-se mais atentamente nota-se o engano.
Outra possível explicação, a meu ver a verdadeira, é a seguinte. Hudson, em uma obra de 1920, cita um interessante episódio ocorrido em Buenos Aires. Uma das aves (não foi possível saber se o macho ou a fêmea, pelo fato de serem muito parecidos) foi acidentalmente pega em uma ratoeira que lhe quebrou ambos os pés. Após liberada com muita consternação por quem havia armado a ratoeira, voou para o ninho onde entrou e não foi mais vista, ali morrendo certamente. O outro membro do casal permaneceu por ali mais dois dias, chamando insistentemente pelo parceiro. Em seguida desapareceu retornando três dias após com um novo parceiro e imediatamente começaram a carregar barro para o ninho, fechando a sua entrada. Depois construíram outro ninho sobre o primeiro e ali procriaram. Hudson viu este fato como mais uma “qualidade” do joão-de-barro, por ter tido o cuidado de sepultar sua parceira.
É possível que esta história, publicada originalmente em um periódico científico, tenha sido divulgada muitas vezes em revistas e jornais, como acontece hoje com diversos assuntos, tornando-se logo de domínio público. Acontece que toda história contada e recontada repetidamente, vai incorporando um pouco do floreado ou mesmo da fantasia de cada um, acabando muitas vezes com seu real sentido totalmente desfigurado. Tudo indica que foi o que aconteceu neste caso.
Uma música popular, chamada “João-de-barro”, também deve ter contribuído para popularizar essa estória:
O João-de-barro, pra ser feliz como eu
Certo dia resolveu, arranjar uma companheira
No vai-e-vem, com o barro da biquinha
Ele fez sua casinha, lá no galho da paineira
Toda manhã, o pedreiro da floresta
Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava
Mas quando ele ia buscar o raminho
Pra construir seu ninho seu amor lhe enganava
Mas como sempre o mal feito é descoberto
João-de-barro viu de perto sua esperança perdida
Cego de dor, trancou a porta da morada
Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida
Que semelhança entre o nosso fadário
Só que eu fiz o contrario do que o João-de-barro fez
Nosso senhor, me deu força nessa hora
A ingrata eu pus pra fora por onde anda eu não sei
O joão-de-barro construindo o ninho
Às vezes tenho a impressão que desfazer mitos pode servir apenas para apagar uma parte do folclore ou até mesmo desmentir as estórias que, apesar de mentirosas, fazem parte do encantamento de nossas fantasias infantis.
Mas neste caso em particular, este mito deve ser realmente desfeito, pois faz parte da imagem distorcida que o ser humano faz da natureza, atribuindo aos bichos defeitos e imperfeições próprios apenas do ser humano.
João-de-barro – Ave
Não há dificuldade de se reconhecer um ninho do joão-de-barro (furnarius rufus). Na vizinhança imediata, nas árvores que as rodeiam ou nos paus dos currais, encontra-se uma casinha deste deste amigo do homem. Até nos postes elétricos e telefônicos, como se quisesse colocar-se em contato com a sociedade, vê-se uma bola de barro, que mais parece um diminuto forno antigo de padeiros.
Não alcança o tamanho de um sabiá, com aproximadamente 20 cm de comprimento.
É na cabeça e dorso, se não tirante ao roxo, de cor ferrugem acanelada e na parte inferior mais claro, tendo o peito quase branco. Na Argentina ele é conhecido como “HORNERO (forneiro devido ao formato do ninho, semelhante a um forno barro)”. Na Bahia e Pernambuco é conhecido por “AMASSA-BARRO”.
Tem esta ave um porte corajoso, nada tímido, chega-se com estranha confiança bem perto do homem, corre, pula e grita, como que dando risos e gargalhadas, como se soubesse que é bem vista e bem vinda.
O que todos mais admiram nele é vê-lo, ouvi-lo cantar com sua forte voz que pode-se comparar ao entoou do galo, batendo também como este as asas, imitando-lhe a toada que vai de alto a baixo, acompanhado quase sempre pela fêmea. Tem a mania de interromper as pessoas, que ao pé dele conversam e de cobrir com a sua estridente voz a humana, de sorte que não resta mais do que resignar-se ao silêncio até que emudeça.
A ousadia e atrevimento desta ave, que é estranha a todos que pela primeira vez a observam, têm uma razão no respeito que lhe devotam. Pois os olhos não só dos brasileiros mas também dos povos do Rio da Prata, passa por ave santa e cristã. O joão-de-barro não trabalha no domingo. E, se por acaso, for surpreendido neste dia santo na construção da sua casa o vulgo alucinado encontra uma razão que explique esta exceção, por exemplo, para que depois de uma seca deve aproveitar o aguaceiro com que prepara o barro necessário. Caso contrário, ficaria sem albergue para si e seus filhos. Como as Igrejas têm a porta para o oriente, assim também ele dá a abertura e rumo do seu ninho a mesma orientação. Há, entretanto, naturalistas que dizem que não é regra.
Reconhecem, todavia, que nosso pássaro produz uma obra arquitetônica que é capaz de excitar admiração. Primeiro lançam ambos, macho e fêmea, os alicerces ou formam de barro da estrada, o soalho da casa, trazendo-o em glóbulos do tamanho de uma bala de espingarda, que com o bico e os pés estendem. Sobre este plano de 22 cms de comprimento, começando ao mesmo tempo por dois lados opostos, levantam as paredes da casa, que, quando em certa altura, deixam secar. Recomeçam a obra, dando as paredes já uma inclinação para dentro e, depois de mais uma interrupção, dão-lhe a última mão, fechando a começada abóbada e deixando a mencionada abertura oval. Dividem a casa por uma parede interior em dois compartimentos, servindo o anterior como a ante-sala, de onde se pode alcançar por outra abertura para a câmara reservada para a própria cama dos filhotes. Assim estão seguros contra a importunação de certas aves rapinas.
A cama era revestida de feno, de penas de galinha ou flores de algodão. O casal, como em tudo, são inseparáveis, também revezando o difícil trabalho de incubação dos ovos e da alimentação dos filhotes.
Podiam-se se chamar símbolo da vida doméstica e é por isso que os brasileiros gostam de vê-lo e ouvi-lo pela vizinhança.
Quando o João-de-barro e a Maria-de-barro assumem compromisso, é para todo o sempre. Eles vivem sempre em casais que nunca se separam. Quando morre o companheiro passam o resto da vida só.
Muitas vezes encontram-se seus ninhos sobre as estacas dos currais e cercas dos caminhos ao alcance da mão, porém ninguém tiram-lhe os ovos.
Um pássaro tão social e tão habilidoso não devia carecer de alguma virtude extraordinária: “em casa com ninho de João-de-barro não cai raio”. Tão pouco se admira que tenha uma lenda que é mais uma prova de como as idéias dos antigos guaranis foram herdadas, posto que modificadas, por seus modernos descendentes.
Reza mais ou menos assim:
Um velho caçador vivia com seu filho único e com seus cães no mais apartado dos bosques. Dedicava a existência a ensinar seu filho todos os conhecimentos e práticas que constituem um bom caçador. Chegado a idade viril, o filho nada ignorava, quanto é necessário para sustentar uma família. Tinha feito expedições mais extensas a regiões habitadas. Em uma destas ocasiões ouviu a encantadora voz de uma donzela, que esperava um dia esposar. Pediu a seu pai para que visitasse com ele aquele acampamento, para ver se aprovava sua escolha. O velho pai não colocou impedimento ao desejo do seu filho, mas convidou-o para uma festa que de vez em quando celebrava o morubixaba de sua tribo nas margens do Uruguai.
Durante um mês, preparava-se o velho e o moço para a grande festa das “apresentações”, a qual tinha por fim apresentar os jovens fortes de mais valor e arrojo ao morubixaba, ao seu Conselho Patriarcal e a toda tribo. Seguiam-se grandes bailes e a escolha da mulher, ou aprovada ou disposta pelos maiores, sempre que o jovem tivesse passado as provas. Estas consistiam normalmente na veloz carreira, na prova da natação e num jejum rigoroso de nove dias, em que não podiam tomar senão o sumo da yatay ou de outra planta silvestre.
O jovem do nosso mito não foi tão lerdo de assistir ao grande torneio sem dar aviso à sua noiva, Ipona, que figurava também entre as outras donzelas que abrilhantavam a festa.
Depois de acomodarem as famílias da tribo numa altura escolhida, onde se senhoreava uma grande planície que se estendia de um lado e de outro do Uruguai, o morubixaba deu por prêmio da primeira prova, a carreira, a mais forte de suas couraças de guerra, feita de duros couros de anta, orlada de pelos de tucano e de vistosa plumagem de papagaio.
Dos cinqüenta jovens guerreiros que se sujeitaram à primeira prova foi Jaebé, era este o nome do filho do velho caçador, que em segunda corrida com um rival ganhou o prêmio. Vestido da esplendida couraça, foi festejado por todos.
Também na prova da natação, que consistia em chegar primeiro à outra margem do rio, saiu vitorioso, recebendo como prêmio um manto de peles de cisne, ornado ricamente de topetes de cardeal e de peitos amarelos de tucano.
A terceira, foi a mais difícil das provas, jejum de nove dias, sujeitaram-se oitos moços. Para não enganarem a vigilância dos juízes, foram envolvidos em peles. Já no terceiro dia, queixou-se Jaebé a seu pai, o velho caçador, e mais ainda no sexto dia, mas o pai animava-o, que pouco faltava e convenceu o jovem a encolher-se e ficar imóvel no seu couro. Os outros sete declaram-se vencidos neste dia.
Chegaram então o morubixaba e o velho caçador e abriram o couro em que estava Jaebé…..e qual não seria a surpresa que se apoderou de todos, quando viram que, ao contato do ar e da luz, se diminuía, convertendo-se em pássaro e vestindo-se de plumas encarnadas!
E pouco a pouco transforma-se em um “hogaraitay” ou o João-de-barro batendo asas, voava à próxima árvore, cantando: “Sou filho dos bosques e canto o hino ao trabalho”.
Diz a tradição que a noiva de Jaebé, Ipona, ao vê-lo, transforma-se, se converte em uma ave semelhante voando aos ramos daquela árvore para fazer-lhe companhia. Por isso é que João-de-barro fabrica sua casa, como o homem, de barro e vive acompanhando o pobre lavrador nas casas de campo, recordando-lhe nas harmoniosas cadências que exala em dueto com sua companheira, que o trabalho na vida simples dos campos tem um fundo de bem estar e de felicidade.
E todos os homens amam o joão-de-barro, porque ele nos lembra que a força do amor é maior do que a morte!
O joão-de-barro é uma ave alegre, que gosta de conviver perto do homem. Vive em casal e passa o dia cantando. Muita gente confunde seu canto com uma gargalhada. Seu pequeno corpo é de cor terra. O branco aparece na região do peito e, a cauda, ganha tom avermelhado.
Casa firme
Macho e fêmea trabalham duro para construir sua casinha. Eles misturam barro úmido, palha e cocô de vaca (esterco), fazem uma grande bola de barro e amassam com o bico e com os pés.
Depois de modelada a casa, o que não falta é conforto! São dois cômodos e paredes grossas, de 3 a 4 centímetros (cm) de espessura. A entrada da casa é alta, permitindo que a família do joão-de-barro entre e saia do ninho sem se abaixar.
A parte do fundo é coberta com musgos e penas. É ali que as fêmeas depositam seus ovos na época da reprodução. A cada ninhada, põem de 3 a 4 ovos.
Distribuição geográfica
O joão-de-barro (Furnarius rufus) encontra-se desde Minas Gerais e Mato Grosso até a Argentina, onde é conhecido como Hornero. Um outra espécie habita o norte do Brasil e é conhecida como maria-de-barro, oleiro e amassa-barro. É admirável a habilidade com que esta ave constrói a sua casa nos postes, nas traves das porteiras ou nos galhos de árvores desnudas.
O ninho consiste em uma bola de barro, dividida em dois compartimentos. A porta, que permite ao pássaro entrar sem se abaixar, impede que o vento atinja o interior, pois é sempre voltada para o norte. Macho e fêmea ocupam-se ativamente da construção, transportando grandes bolas de barro que são amassadas com os bicos e com os pés. No compartimento maior, forrado com musgo, cabelos e penas, a fêmea deposita de 3 a 4 ovos brancos, três vezes ao ano.
O joão-de-barro é pouco menor que um sabiá, porém mais delgado.
Sua cor é cor de terra, com a garganta branca e a cauda avermelhada. É uma ave alegre que gosta de conviver com o homem. Vivem em casais e passam os dias a gritar em curiosos duetos.
Mito da floresta – O João-de-barro é tido como passarinho trabalhador e inteligente. Seu canto parece uma gargalhada (no Sul dizem que, quando ele canta, é sinal de bom tempo) e é amigo de todos, lutando para salvar seu ninho, sua casa. Um dia, conta-se, brigou com Tapera (andorinha), que chegou a dominá-lo e despejou-o do ninho ainda em construção. A fêmea, conhecida como “Joaninha-de-barro” ou “Maria-de-Barro”, ajuda na construção do ninho, mas parece não ser constante, abandonando o macho. O João-de-Barro é fiel até o fim e, por isso, quando percebe que a esposa mudou de amor, tampa a abertura da casa, fechando-a para sempre.
Habitat
Campos, pomares, jardins e parques urbanos.
Áreas abertas, campos, é abundante nas fazendas da região sul, parques, pomares e jardins nas áreas rurais e urbanas não se importando com a presença humana.
Hábitos
As fêmeas dormem sozinhas nos ninhos, quando estão com ovos ou filhotes. Constroem o ninho em formato de forno, um para cada ano, embora possam reformar algum velho.Os ninhos são construídos com barro, esterco e palha, com predominância do primeiro e em local aberto. O casal trabalha em conjunto e as irregularidades da superfície são corrigidas com reboco.O ninho é constituído de um vestíbulo e pela câmara incubadora. A entrada está sempre voltada em direção contrária à dos ventos predominantes. O casal pode trabalhar em diversos ninhos ao mesmo tempo. Em condições favoráveis demoram 18 dias para terminar o ninho e depois de 3 dias o casal começa a preparar e forrar a câmara incubadora. Ninho mede 30 cm de diâmetro na base. Paredes com espessura de até 5 cm. O casal solta seu canto, forte grito ou gargalhada, frequentemente em conjunto. O joão-de-barro é mais ativo nas horas mais quentes e claras ao contrário de outras espécies da família. Seu canto tem seqüências rítmicas mais prolongadas como que um canto festivo, crescente e decrescente. O casal sincroniza um dueto.
Alimentação: Insetos e suas larvas, aranhas, opiliões e outros artrópodes. Podem ocasionalmente ingerir sementes.
Reprodução: Põe de 3 a 4 ovos a partir de setembro três vezes ao ano.
Habitat: Campos, pomares, jardins e parques urbanos.
Características: Ninho medindo 30 cm de diâmetro na base. Paredes com espessura de até 5 cm.
Classificação científica
Nome Científico: Furnarius rufus (Gmelin, 1788)
Nome comum: João de barro ou forneiro.
Nome em Inglês: Rufous Hornero
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Subordem: Tyranni
Parvordem: Furnariida
Superfamilia: Furnarioidea Gray, 1840
Família: Furnariidae Gray, 1840
Subfamilia: Furnariinae Gray, 1840
Gênero: Furnarius
Espécie: F. rufus
João-de-barro – Fotos
Fonte: www.vivaterra.org.br/www.rosanevolpatto.trd.br/www.pbh.gov.br/neotropical.birds.cornell.edu/www.hbw.com
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