Pequi

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Nome popular: pequiá-bravo
Nome científico: Caryocar brasiliense Camb
Família botânica: Caryocaceae
Nomes populares:
pequi, piqui, grão-de-cavalo, amêndoa-de-espinho, piquiá-bravo, pequiá, pequiá-pedra, pequerim, suari e piquiá.
Origem:
Brasil – Regiões de Cerrado
Partes usadas:
Toda

Pequi
Pequi

Características da planta

Árvore de até 10 m de altura com tronco tortuoso de casca áspera e rugosa.

As folhas pilosas são formadas por 3 folíolos com as bordas recortadas.

Flores grandes amarelas que surgem durante os meses de setembro a dezembro.

Piqui ou pequi origina-se do Tupi “pyqui”, onde py = casca, e qui = espinho ( Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, 1983), referindo-se aos espinhos do endocarpo do fruto (parte dura do caroço). Árvore que atinge 10 m de altura, o piquizeiro é uma das mais importantes plantas para a alimentação do homem do campo e que cada vez mais conquista destaque nos cardápios dos restaurantes de comidas típicas da região.

Ocorrendo em campo, cerrado, cerradão e em “murunduns”da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo, é considerado também ornamental, pelo formato da copa e pelo arranjo externo das suas alvas flores. Floresce de junho a outubro e frutifica de agosto a janeiro.

Suas folhas, ricas em tanino, fornecem substância tintorial, usadas pelas tecelãs (Barradas,1971). O caule, com madeira bastante resistente, é usado como fonte de carvão siderúrgico. As raízes prestam-se para a preparação de cavernames de pequenas embarcações.

A polpa dos frutos cozidos, usada na alimentação humana, tem grande aceitação com farinha, arroz, feijão e galinha. Tanto pode ser usada na fabricação de licores ou sabões caseiros como na alimentação de animais domésticos, ovinos e suínos. Serve também de alimento aos animais silvestres, como arara, cotia, tatu-peba e veados. Era comum a “espera”(caça) dos veados na época de floração do piqui. O gado também se alimenta desses frutos, porém torna-se problemática a ação mecânica, devido aos espinhos, não só no processo de deglutição como no de ruminação (HOEMO,1939).

É bastante disseminada na medicina popular regional a utilização do óleo do piqui adicionado ao mel de abelha contra gripes e bronquites. Na década de 40, o óleo de piqui era usado no preparo da “Emulsão de piqui”e o “piquióleo”, para tratamento das doenças do aparelho respiratório. Além do aspecto medicinal, esse óleo de piqui é usado na alimentação e na indústria de cosmético para fabricação de cremes e sabonetes.

Fruto

A polpa de coloração amarelo-intensa envolve um caroço duro formado por grande quantidade de pequenos espinhos. Frutifica de laneiro a abril.

Cultivo

O plantio por sementes ocorre na estação chuvosa. Prefere climas quentes sendo ideais as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Desenvolvimento das mudas é lento. Cada planta fornece em média 6 mil frutos ao ano.

Em janeiro, o ar da região e das cozinhas do Cerrado recende ao perfume desprendido por uma frutinha chamada pequi.

Primeiro, são os animais silvestres que se alvoroçam: abelhas e outros insetos; pássaros de todos os tamanhos; pequenos e médios roedores e os mamíferos do Cerrado; pacas, cotias, tatus, preás, veados…

Depois os homens: famílias inteiras se deslocam para iniciar a “apanha” do pequi, que se desprende facilmente dos ramos das árvores nativas, espalhan-do-se pelos cerrados e matas do Brasil Central.

Logo mais, a fruta já pode ser encontrada por todo lado, nas pequenas vilas ou nas ruas centrais de cidades grandes como Goiânia, Brasília e até Belo Horizonte, onde ambulantes vendem o pequi recém-colhido.

O fruto, do tamanho de uma pequena laranja, está maduro quando sua casca, que permanece sempre da mesma cor verde-amarelada, amolece.

Partida a casca, encontram-se, em cada fruto, uma, duas, três ou quatro amêndoas tenras envoltas por uma polpa amarela, branca ou rósea, o verdadeiro atrativo da planta. A única contra-indicação são os espinhos finos, minúsculos e penetrantes existentes bem no núcleo do caroço, sendo preciso muito cuidado ao mastigá-lo para chupar a polpa.

O pequi é muito apreciado nas regiões onde ocorre: o arroz, o frango e o feijão cozidos com pequi são pratos fortes da culinária regional; o licor de pequi tem fama nacional; e há, também, uma boa variedade de receitas de doces aromatiza-dos com seu sabor.

Apesar disso, não há unanimidade: existem pessoas que não podem nem mesmo sentir o penetrante cheiro do fruto maduro. Outras, no entanto, que o apreciam verdadeiramente, não conseguem passar pela safra do pequi sem consumi-lo aos montes, aproveitando o desejo contido durante o resto do ano.

Atualmente é possível encontrar a polpa do pequi ou a própria fruta inteira congelada, mas os seus amantes dizem que não há nada como o pequi apanhado e degustado na época da maturação.

Altamente calórico, além do sabor perfumado e único que faz com que seja usado como ingrediente e condimento no preparo de vários pratos, a polpa do pequi contém uma boa quantidade de óleo comestível (cerca de 60%) e é rico em vitamina A e proteínas Assim, transforma-se, também, em importante elemento na complementação alimentar e na nutrição de toda uma população.

A amêndoa do pequi, pela alta porcentagem de óleo que contém e por suas caracterís-ticas químicas, pode ser também utilizada com vantagem na indústria cosmética para a produção de sabonetes e cremes.

Infelizmente, para seu próprio azar, a madeira da árvore do pequi produz, também, um excelente carvão vegetal, que tem sido largamente explorado. Nos últimos anos, o fogo das caieiras e das queimadas tem sido o maior responsável pela considerável diminuição dos exemplares nativos do pequizeiro no Cerrado. E, assim, a árvore de frutos tão apreciados e nutritivos já está correndo risco de extinção.

Na tentativa de salvar o pequizeiro e o pequi, os técnicos do Centro de Pesquisa Agropecuária do Cerrado da EMBRAPA do Distrito Federal, da mesma forma como vêm fazendo com outras plantas na-tivas da região, estão trabalhan-do na produção de mudas, que já estão sendo distribuidas.

Seu objetivo é iniciar uma campanha pela exploração ra-cional do pequizeiro, utilizando-o especialmente em áreas de reflorestamento.

Além dos cientistas preocupados com a preservação da espécie e de seus amantes nativos, o perfume do pequi sempre despertou paixões.

Patativa do Assaré, por exemplo, poeta popular cearense associou o pequi ao verdadeiro fruto proibido. Dizem até que o pequi teria propriedades afrodisíacas e que, durante sua safra, as mulheres teriam mais facilidade para engravidar.

As frutas têm essa virtude

Os sabores e os sentidos que provocam fazem criar e recriar histórias míticas.

O pequi, como é mais conhecido e como foi tratado até aqui, é identificado no dicionário de Pio Corrêa como piquiá-bravo.

Qualquer que seja o nome que se lhe atribua, trata-se do fruto que nasce em uma árvore de tamanho médio é que é própria do Cerrado brasileiro.

No mesmo livro de Pio Corrêa, aparece um outro fruto, bastante semelhante ao anterior, que é denominado piquiá-verdadeiro. A este, estamos simplesmente chamando de piquiá (Caryocar villosum)

Se o pequi floresce e frutifica no Cerrado, o piquiá é típico das matas amazônicas de terras firmes.

Assim como o pequizeiro, 0 piquiazeiro tem muita importância para as populações interioranas, que ainda preservam 0 hábito de cultivá- lo. E, no entanto, raramente cultivado nas grandes cidades amazônicas, embora alguns exemplares sejam encontrados ornamentando ruas e praças de Manaus.

Ambos os frutos, pequi e piquiá, têm as mesmas características: a polpa do fruto do piquiazeiro, cozida ou crua, é também comestível, constituindo-se em fonte de gordura e alimento.

A grande e notável diferença entre as duas espécies reside nas dimensões da planta como um todo. Em oposição à árvore que dá o pequi, o piquiazeiro é muito alto, alcançando até 40 metros de altura na mata fechada e apresentan-do, em sua base arredondada, um diâmetro que pode chegar aos 5 metros de extensão.

Reside ai um dos grandes segredos da natureza: a capacidade de adaptação das espécies aos ambientes em que se desenvolvem.

Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br

Pequi

No bioma Cerrado ocorrem mais de 10.000 espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas.

Dentre essas espécies pelo menos duas centenas possuem importância econômica reconhecida tanto pelas populações tradicionais quanto pela pesquisa.

Uma das principais espécies nativas do Cerrado, sob do ponto de vista econômico, ecológico e social, é o pequi.

Corpo:

O bioma Cerrado ocorre continuamente no Planalto Central do Brasil, ocupando cerca de 2.000.000 Km2 e é formado por um conjunto de fitofisionomias florestais, savânicas e campestres. As florestas representam áreas com predominância de espécies arbóreas, enquanto que as savanas referem-se às áreas com árvores e arbustos espalhados sobre um estrato graminoso. Já o termo campo designa áreas com predominância de espécies herbáceas e algumas arbustivas espalhadas.

No bioma Cerrado ocorrem mais de 10.000 espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas. Dentre essas espécies pelo menos duas centenas possuem importância econômica reconhecida tanto pelas populações tradicionais quanto pela pesquisa. Contudo, esse número tende a crescer, pois grande parte das plantas do Cerrado ainda não é bem estudada. Mas há enorme potencial medicinal, madeireiro e frutífero, da maioria das espécies presente nesse ecossistema.

Uma das principais espécies nativas do Cerrado, sob do ponto de vista econômico, ecológico e social, é o pequi. O nome científico do pequi é Caryocar brasiliense, da família das Cariocaráceas. O pequi ocorre amplamente no Cerrado, do sul do Pará até o Paraná.

A floração dos pequizeiros geralmente coincide com o início da estação chuvosa. Essa espécie possui flores grandes, posicionadas para fora da copa, característica essa que permite que morcegos e outros animais possam visitar as flores e polinizá-las. Já houve registro de veado-campeiro e paca comendo as flores do pequizeiro.

A produção dos frutos de pequi inicia-se em dezembro e prolonga-se até fevereiro. A dispersão dos frutos pode ser efetuada por animais como a ema, a gralha-de-topete, a cotia e a arara-canindé.

Comercializado em feiras livres de quase toda a região do Planalto Central, o pequi é apreciado pelo sabor, bem como pelo valor nutritivo dos frutos. O fruto pode conter vinte vezes mais teor de vitamina A se comparado com a cenoura. O pequi pode ser utilizado in natura, em conserva e em licores. O óleo extraído da polpa do pequi é usado na cozinha tradicional como substituto da banha, e o óleo extraído da amêndoa tem sido usado na fabricação de cosméticos. A quantidade de óleo e frutos comercializados numa cidade de porte médio pode representar cerca de 50% da renda anual de famílias que ali trabalham com pequi.

Como o pequi é muito procurado pelo homem sobram poucos frutos sadios para que a espécie possa perpetuar-se na natureza. As queimadas, a matança indiscriminada dos animais e o desmatamento do Cerrado podem levar o pequi à extinção. Tanto é que em alguns locais está tornando-se cada vez mais difícil obter pequis, pois a oferta vem caindo à medida em que o desmatamento avança.

O pequi é bastante indicado na revegetação de áreas, por ser espécie nativa e de uso econômico. Porém, as sementes do pequi apresentam forte dormência, o que significa que as sementes não germinam ou atrasam esse processo, mesmo em condições favoráveis. Diversas espécies possuem essa característica, que, na verdade, é uma adaptação da espécie às condições ambientais. A espécie entra em estado de “repouso” para germinar na estação mais propícia ao seu desenvolvimento, garantindo a perpetuação da espécie. Portanto, necessitamos conhecer bem a espécie para quebrar a dormência das sementes e conseguir produzir as mudas. Informações sobre produção de mudas de pequi podem ser obtidas na Embrapa Cerrados.

Para assegurar a conservação e uso planejado dessa importante espécie, bem como de toda a biodiversidade do Cerrado, é fundamental realizar ações e pesquisas, que:

Verifique o impacto do extrativismo na regeneração natural das populações de pequi;
Estimule ações de recuperação de áreas degradadas de Cerrado;
Utilize racionalmente as espécies nativas, com coleta de frutos programada, onde a perpetuação da espécie seja garantida;
Reconheça a importância em estudar os animais polinizadores e dispersores do pequi;
Proteja e garanta áreas para sobrevivência das espécies animais polinizadores e dispersores do pequi;
Determine a distribuição geográfica potencial da espécie e proteja locais de maior ocorrência;
Garanta a sobrevivência e a preservação de raças de pequizeiros com características comerciais importantes;
Amplie o conhecimento sobre os requerimentos do pequi quanto à germinação, ao crescimento e à sobrevivência e
Amplie o conhecimento sobre os patógenos e como combatê-los.

Com essas pesquisas vai ser muito mais fácil usar o pequi. Então, é só plantar e colher os frutos mais tarde, ajudando a preservar o Cerrado!

Fabiana de Gois Aquino

Ludmilla Moura de Souza Aguiar

Fonte: www.agrosoft.org.br

Pequi

Pequi – Caryocar brasiliense

Pequi
Pequi

Ocorrência: São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

Outros nomes: piqui, pequizeiro, piquiá bravo, amêndoa de espinho, grão de cavalo, pequiá, pequiá pedra, pequerim, suari, piquiá.

Características

Árvore semidecídua com 6 a 10 m de altura, com tronco tortuoso de 30 a 40 cm de diâmetro.

Folhas compostas trifolioladas, opostas, com folíolos pubescentes com até 20 cm de comprimento, com bordos irregulares, com o lado inferior mais claro, recobertos por densa pilosidade, assim como as extremidades dos ramos.

Ramos grossos normalmente tortuosos, casca cinzenta com fissuras longitudinais e cristas descontínuas.

Flores com até 8 cm de diâmetro, são hermafroditas, compostas por cinco pétalas esbranquiçadas, livres entre si, com numerosos e vistosos estames.

Os frutos são do tipo drupa com seus caroços envolvidos por uma polpa carnosa.

O caroço é lenhoso e formado por grande quantidade de pequenos espinhos, que podem ferir dolorosamente a mucosa bucal quando ingerido por incautos. Um Kg de caroços contém aproximadamente 145 unidades.

Habitat: cerrado.

Propagação: Sementes.

Madeira: moderadamente pesada, macia, resistente e de boa durabilidade natural.

Utilidade

Madeira é própria para xilografia, construção civil e naval.

Os frutos são comestíveis e apreciadíssimos pelas populações do Brasil Central.

O caroço com a polpa (mesocarpo) é cozido com arroz, usada para preparo de licor e para extração de manteiga e sebo.

Os frutos são também consumidos por várias espécies da fauna, que contribuem para a disseminação da espécie.

É adequado para o paisagismo tanto para grandes parques como para pequenos jardins residenciais, pois seu porte não é muito avantajado.

Florescimento: agosto a novembro.

Frutificação: setembro a fevereiro.

Ameaças: destruição do habitat.

Fonte: www.vivaterra.org.br

Pequi

Pequi
Pequi

Pertencente à família Caryocaraceae, o pequi é uma espécie vegetal de grande valor econômico para o sistema dos Cerrados.

Nesse ambiente, é registrada a ocorrência de duas espécies: Caryocar brasiliense e Caryocar glabrum.

A primeira espécie ocorre com mais freqüência do centro-sul de Goiás ao Mato Grosso do Sul, as plantas atingem até seis metros de altura, têm folhas largas e frutos arredondados de até dez centímetros de diâmetro. A segunda espécie é mais freqüente na bacia do médio Rio Tocantins e na vertente oeste do Rio São Francisco (oeste da Bahia, oeste e norte de Minas Gerais). A planta é maior que a primeira espécie e os frutos também.

Em ambas, a castanha é recoberta por um invólucro rico em espinhos pretos e finos. O invólucro é revestido por uma polpa amarelada (às vezes mais esbranquiçada), pastosa, farinácea, oleaginosa e rica em vitamina A e proteínas.

As populações indígenas e caboclas (neobrasileiras) têm utilizado o pequi de diversas maneiras: produção de óleo comestível, preparo de pratos e fabricação de licores e sabões. Confira no receituário sertanejo.

Pequi e o Pequizeiro

O pequizeiro é uma árvore do cerrado. Das chapadas nasce, cresce e frutifica, apesar da hostilidade da terra e dos homens.

É como as aves do céu, os peixes dos rios, como pastagens nativas como todos os frutos silvestres.

Não tem dono certo. Dono é quem os colheu, os caçou e pescou. ( “É tempo de pequi cada um cuida de si”- velho ditado sertanejo).

Por isso é que quando o pequi começa a soltar os frutos, os campos se povoam de mulheres, homens e crianças. O convite se espalha.

Os moradores próximos do pequizeiro levantam cedo. Três, quatro horas da madrugada. Os frutos sazonados caem durante a noite.

Um pequizeiro pode produzir até seis mil frutos, que vão amadurecendo paulatinamente e caindo… Quem chega primeiro pega maior número.

Há quem emprega certos ardis para afugentar os concorrentes. João Cocá por exemplo, morador dos Matinhos, que podia chamar Pequilândia, é mestre em imitar rastros de onça nas areias e conta mesmo que viu a gata rondando…

Algumas famílias, porque morando distante, mas bem integradas ao ciclo do pequi, mudam-se com armas e bagagens para dentro do pequizal, improvisando moradias de palhas de pindoba, e ali, permanecem toda a safra, de janeiro a março, realizando, toda a série artesanal do pequi-colheita, venda do fruto no mercado, produção do óleo de polpa, extração da castanha para paçoca e óleo branco, fabricação de sabão – três meses de atividade, alegria e fartura.

Lenda do Pequi

Tainá-racan tinha os olhos cor de noite estrelada. Seus cabelos desciam pelas espáduas com um tufo de seda negra e luzidia. O andar era elegante, cadenciado, macio como o de uma deusa passeando, flor entre flores, no seio da mata. Maluá botou os olhos em Tainá-racan e o coração saltou, louco e fogoso, no peito do jovem e formoso guerreiro. “Ela é mesmo linda como a estrela da manhã. Quero-a para minha esposa. Hei de amá-la enquanto durar a minha vida!”

Doce foi o encontro e, juntos e casados, a vida dos dois era bela e alegre com o ipê florido. De madrugada, Maulá saía para a caça e para a pesca, enquanto a esposa tecia os colares, as esteiras, moqueava o peixe, preparando o calugi para ofertar ao amado, quando ele chegasse com o cesto às costas, carregado de peixe e frutas, as mais viçosas, para oferecer-lhe.

O tempo foi passando, passando. No enlevo do amor, eles não perceberam quantas vezes a lua viajou pela arcada azul do céu, quantas vezes o sol veio e se escondeu na sua casa do horizonte. Floriram os ipês. Caíram as flores. Amareleceram as folhas, que o vento levava em loucas revoadas pelos campos. Os vermelhos cajus arcavam de fartura e beleza os galhos dos cajueiros. As castanhas escondiam-se no seio da terra boa. Rebentavam-se em brotos, e novos cajueiros despontavam. As cigarras enchiam as matas com sua forte sinfonia e sua vida evolava-se, aos poucos, em cada nota de seu canto. Nascimentos, mortes, transformações e os dias andando, andando.

Após três anos de casamento, numa noite bonita, em que o rio era um calmo dorso de prata à luz do luar e os bichos noturnos cantavam fundas tristezas e medos, Maluá encostou a cabeça no peito de Tainá-racan e apertou-a com ternura. No olhar de ambos, há muito, havia uma sombra. Nenhum deles tinha a coragem de falar. Uma palavra de mágoa, temiam, poderia quebrar o encanto de seu amor. A beleza da noite estremecia o coração sensível de Tainá-racan.

Ela ajuntou a alma dos lábios e perguntou com voz trêmula, em sussurro:

-Estás triste, amado meu? Nem é preciso que respondas. Há tempo vejo uma sombra nos teus olhos.

-Sim, respondeu o valente guerreiro. Tu sabes que eu estou triste e tu também estás. A dor é a mesma.

-Onde está nosso filho que Cananxiué não quer mandar?

-Sim, onde está nosso filho?…

Maluá alisou com carinho o ventre da formosa esposa. “E o nosso filho não vem”, murmurou. Dois pequeninos rios de lágrimas deslizaram pelas faces coradas de Tainá-racan. Um vento forte perpassou pela floresta. Uma nuvem escura cobriu a lua, que não mais tornava de prata as águas mansas do rio. Trovões reboaram ao longe. Maluá envolveu Tainá-racan nos braços e amou-a. “Nosso filho virá, sim. Cananxiué no-lo mandará”.

Quando os ipês voltaram a florir, no ano seguinte, numa madrugada alegre, nasceu Uadi, o Arco-Íris. Era lindo, gordinho, tinha os olhos cor de noite estrelada como os da mãe e era forte como o pai.

Mas, havia nele algo diferente, algo que espantou o pai, a mãe, a tribo inteira: Uadi tinha os cabelos dourados como as flores do ipê. Maluá recebeu o nascimento do filho como um presente de Cananxiué. Seu coração, contudo, estremeceu com a singularidade dele. Começou a espalhar pelo tribo a lenda de que o menino era filho de Cananxiué. O menino crescia cheio de encanto, alegria e de uma inteligência incomum. Fascinava a mãe, o pai, a aldeia, a tribo toda. Com rapidez incrível aprendeu o nome das coisas e dos bichos. Sabia cantar as baladas tristes e alegres que a mãe ensinava. Era a alegria e a festa da mãe, do pai, da tribo.

Um dia, Maluá, com outros guerreiros, foi chamado para a luta. Os olhos pretos de Tainá-racan encheram-se de lágrimas. O rostinho vivo de Uadi se ensombreceu.

À despedida, seus bracinhos agarram-se ao pescoço do pai e ele falou: “Papai, vou-me embora para a noite, depois, chegarei à casa de Tainá-racan, a mãe, lá no céu”. E seu dedinho róseo apontou o horizonte. O corpo de bronze do guerreiro se estremeceu. Seus lábios moveram-se, mas as palavras teimavam em não sair. Ele apertou, com força, o menino nos braços e, por fim, falou: “Que é isso, filhinho, tu não vais para lugar nenhum, nenhum deus te arrancará de mim. A tua casa é a casa de tua mãe, Tainá-racan, aqui na terra, e a de seu pai. Se for preciso, não partirei para a guerra. Ficarei contigo”.

Nesse momento, Cananxuié, o senhor de todas as matas, de todos os animais, de todos os montes, de todos os valores, de todas as águas e de todas as flores, desceu do céu sob a forma de Andrerura, a arara vermelha, e gritou um grito forte: “Vim buscar meu filho!” Agarrou-o e levou-o pelos ares. Tainá-racan e Maluá caíram de joelhos.

O guerreiro abriu os braços gritando: “O filho é nosso, sua casa é a de sua mãe, Tainá-racan, aqui na terra! Devolve meu filho, a Cananxiué! O grito de Maluá ecoou pela mata, ferindo de dor o silêncio. O peito do guerreiro palpitava de sofrimento como uma montanha ferida pelo terremoto.

O velho chefe guerreiro aproximou-se dele, bateu-lhe no ombro e bradou: “Teus companheiros já partem. Maior que tua dor é tua honra de guerreiro e a glória de nossa tribo!

Vai, meu filho, Cananxiué buscou o que é dele. Muitos outros filhos ele te dará. Tainá-racan é jovem. Tu és jovem. Vai, guerreiro, não deixa a dor matar sua coragem!”

Maluá partiu. Tainá-racan encostou a fronte na terra, onde pouco antes pisavam os pezinhos encantados de Uadi. Chorou. Chorou. Chorou três dias e três noites. Então, Cananxiué se apiedou dela.

Baixou à terra e disse: “Das tuas lágrimas nascerá uma planta que se transformará numa árvore copada. Ela dará flores cheirosas que os veados, as capivaras e os lobos virão comer nas noites de luar. Depois, nascerão frutos. Dentro da casca verde, os frutos serão dourados como os cabelos de Uadi. Mas a semente será cheia de espinhos, como os espinhos da dor de teu coração de mãe. Seu aroma será tão tentador e inesquecível que aquele que provar do fruto e gostar, amá-lo-á para jamais o esquecer. Como também amará a terra que o produziu. Todos os anos, encherei, generosamente, sua copa de frutos, que os galhos se curvarão com a fartura. Ele se espalhará pelos campos, irá para a mesa dos pobres e dos ricos Quem estiver longe e não puder comê-lo sentirá uma saudade doida de seu aroma. Nenhum sabor o substituirá. Ele há de dourar todos os alimentos com que se misturar e, na mesa em que estiver, seu odor predominará sobre todos. Ele há de dourar também os licores, para a alegria da alma”.

Tainá-racan ergue o olhar, aquele olhar onde brilhou a primeira estrela da consolação.

E perguntou ao deus:

-Como se chamará, Cananxiué, esse fruto, cujo coração são os espinhos de minha dor, cuja cor são os cabelos de ouro de Uadi e cujo aroma é inesquecível como o cheiro dessa mata, onde brinquei com meu filhinho?

-Chamar-se-á Tamauó, pequi, minha filha. Quero ver-te alegre de novo, pois te darei muitos filhos, fortes e sadios como Maluá. E teu marido voltará cheio de glória da batalha, pois muitos séculos se passarão até que nasça um guerreiro tão destemido e tão honrado! Ele comerá deste fruto e gostará dele por toda a vida!”

Tainá-racan sorriu. E o pequizeiro começou a brotar.

Fonte: www.altiplano.com.br

Pequi

Fruto do cerrado

Pequi
Pequi

O pequi, comida originalmente indígena, ganhou as mesas e o coração dos brasileiros

“Cuidado com os espinhos. Não morda, simplesmente roa a fruta.” Se você nasceu ou, por algum motivo, guarda recordações do centro-oeste brasileiro (ou mesmo do norte de Minas), certamente já ouviu essa frase. Aprender a comer pequi é algo que, por essas bandas, se aprende cedo, desde criança. Quando falamos de culinária goiana, impossível não vir à mente o pequi – fruta nativa do cerrado, encontrada em duas espécies.

Tem forma arredondada e cor verde, tornando-se amarelado ao amadurecer. Uma camada espessa protege os caroços de cor alaranjada e, às vezes, branco, dependendo da região. O fruto contém de um a quatro caroços – é essa a parte comestível. Seu sabor é indescritível e o cheiro, forte. Quanto mais amarelado, mais saboroso. É por isso que atrai muito os animais, ávidos consumidores.

No caroço existe uma polpa e, abaixo dessa polpa vêm os famosos espinhos que protegem a semente (daí o cuidado na hora de comê-lo!). Essa fruta aguça nosso paladar, levando-nos a degustá-la com pressa.

E é na pressa que acontecem os acidentes. Os espinhos são avermelhados, e se confundem com a cor da pele, principalmente da língua. Na maior parte dos frutos, os espinhos são externos, fazendo com que os animais se afastem de imediato. Uma proteção natural da planta.

No pequi, é diferente: eles ficam escondidos e pegam de surpresa os mais afoitos.

Acidentes à parte, o pequi é saboroso e também saudável. Segundo estudos do biólogo César Grisólia, da Universidade de Brasília, o pequi tem 60% de óleo insaturado, que não faz mal ao organismo. Apesar de tanta gordura, o fruto não representa risco ao colesterol. É rico em vitamina A, C e E, sais minerais (fósforo, potássio e magnésio) e em caroteno. Seu consumo evita a formação de radicais livres, ajuda na prevenção de tumores e no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Os estudos de Grisólia provaram que, mesmo cozido ou congelado, o pequi não perde as propriedades devido à grande concentração de gordura.

Comida típica indígena, o pequi entrou rapidamente nos hábitos alimentares dos bandeirantes, talvez devido à escassez de comida naquela época. A cidade de Goiás (antiga Goiás Velho) e Pirenópolis, ambas no interior goiano, já mostravam seu consumo abundante desde o século XIX. As receitas são várias – pequi com frango, com arroz, com carne-seca, licor de pequi e pequi simplesmente. Em Goiás, ao contrário de outras regiões do país, não se usa pequi para fazer sabão. Por aqui, entende-se que essa é uma iguaria preciosa demais para ser usada dessa maneira.

Hoje, o pequi ganhou as mesas de todo o Brasil. A facilidade de congelamento fez com que os chefs de cozinha o utilizassem com mais freqüência, criando pratos exóticos. A castanha do pequi, que fica abaixo dos espinhos, é torrada e consumida de várias maneiras. A farinha da castanha é base para condimentos em alguns pratos.

Pequi é fruta para comer lentamente. Quando criança, tínhamos o costume de contar os caroços para saber quanto havíamos comido. Lembro-me, particularmente, da época das queimadas no cerrado, em outubro, quando tudo é sequidão, e todos aguardam a chegada das chuvas. Mas o cerrado é como a terra prometida para os sertanejos. Com as primeiras chuvas, da terra árida brotam, com uma força inexplicável, flores e frutos. Uma infinidade de insetos faz a polinização no maior ecossistema do mundo. E da pequena árvore nascem as primeiras flores do pequizeiro. Isso, para os sertanejos, é motivo de alegria.

Outra coisa que todo sertanejo sabe é do apreço dos animais pelas flores do pequi. Debaixo de um pequizeiro, encontrava-se rastros de veados, pacas, tatus, raposas, que passavam por ali em busca das flores que caem. Sertanejo que é sertanejo ficava ansioso vigiando o crescimento dos frutos, anúncio de chegada do tempo de fartura à mesa. Não para todos, claro. Como costuma acontecer entre a população do interior, há muitas lendas sobre seu consumo. “Você não pode comer porque está amamentando e isso vai dar dor de barriga na criança”, diziam as avós.

Em época de colheita, o trabalho é feito de dois em dois dias – isso para dar tempo de os frutos caírem de maduros. Pequi bom é colhido no chão. Tem-se de esperar amadurecer no pé para não amargar. As trabalhadoras vestem uma calça comprida debaixo da saia, calçam botinas para evitar mordida de cobras e vão, ao nascer do sol, para o alto da serra para colher o pequi que caiu de noite. Vão conversando e colhendo as frutas pelo caminho.

E, para completar a lista de qualidades do pequi, não dá para esquecer que, segundo a cultura popular, essa fruta tem propriedades afrodisíacas.

A receita é simples: basta cozinhá-la no leite e tomar quente, pela manhã, como um achocolatado. Quem sabe, não é esse o chocolate do cerrado?

Curiosidades e peculiaridades

O pequi é também conhecido como piqui, piquiá, amêndoa-de-espinho, grão-pequiá, suari e pequerim, entre outros nomes.

Do tupi: “py” significa casca e “qui”, espinho.

O fruto alcança até 14 centímetros de comprimento por 20 centímetros de diâmetro, podendo pesar 300 gramas.

O sabor e o aroma são marcantes e peculiares. O cheiro do pequi é frutado, perfumado e ácido, lembrando o maracujá, e a polpa é cremosa e saborosa.

Seu caroço tem muitos espinhos – cuidado com eles!

O pequi é cultivado em todo o cerrado brasileiro, que inclui os Estados do Pará, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, como também nos Estados nordestinos, Piauí, Ceará e Maranhão. Sua safra ocorre entre os meses de novembro e fevereiro, mas encontram-se frutos fora desse período.

Estão sendo feitas pesquisas para a utilização de pequi como biocombustível. Para cada quilo do fruto, é possível obter pouco mais de 1 litro de biocombustível, que pode substituir o óleo diesel. O mais interessante das pesquisas é a demonstração de que o pequi pode reduzir a emissão de poluentes em até 30% e o motor não perde no rendimento.

Telma Lopes Machado

Fonte: prazeresdamesa.uol.com.br

Pequi

Pequi
Pequi

O Pequi ( Caryocar brasiliense ) é uma árvore de grande interesse econômico do cerrado brasileiro.

Frutífera nativa do cerrado, com propriedades medicinais.

Apresenta raízes profundas e desenvolve horizontalmente em solos rasos.

É uma angiosperma, dicotiledônea com altura de 6 a 8m e diâmetro copa de 6 a 8m.

Sua floração ocorre entre agosto a novembro.

Os frutos obtém uma maturação entre novembro a início de fevereiro.

A espécie tem grande valor nas regiões do Cerrado onde naturalmente ocorre, o que torna importante o levantamento desta espécie com informações sobre suas populações e seu potencial produtivo em fragmentos de Cerrado e áreas manejadas de pasto, com a hipótese de verificar se há importância significativa nos dois sítios comparando as variáveis.

O Pequi

Muito rico em vitamina A, o pequi encontra aplicações variadas na cozinha típica do interior de Goiás e Mato Grosso. Além de fornecer um óleo comestível e um licor de gosto bem singular, é o ingrediente básico do arroz de pequi, cozido e servido junto com seus caroços espinhentos.

Pequi é o fruto do pequizeiro (Caryocar brasiliensis), árvore de maior valor econômico e uma das mais altas dentre as nativas do cerrado. Pertence à família das cariocaráceas e pode atingir mais de dez metros de altura. O gênero Caryocar inclui cerca de 12 espécies, entre as quais o pequiá (C. villosum), disperso na Amazônia e que atinge porte bem maior, e o pequirana (C. blobrum), encontrado da Amazônia à Bahia.

O pequizeiro típico do Centro-Oeste é tão comum na região que os pecuaristas o têm na conta de praga. Suas grandes flores amarelas desabrocham em novembro e dezembro, e a frutificação ocorre de janeiro a abril. Os frutos, de casca esverdeada e do tamanho de uma laranja, têm polpa amarelada, farinácea, oleosa e de cheiro ativo, que encerra de um a quatro caroços. A polpa do pequi, separada dos caroços mediante fervura, é diluída como condimento em óleo para frituras, ou consumida numa mistura quente com leite, cravo, canela e açúcar. O óleo extraído das amêndoas atende a diversos fins e é de uso consagrado na medicina popular como restaurador de energia.

Informações Nutricionais

100 g contêm, em média:

Macrocomponentes Glicídios (g) 21
Proteínas (g) 1
Lipídios (g) 0
Fibras alimentares (g)
Vitaminas Vitamina A1 (mg) 650
Vitamina B1 (mg) 10
Vitamina B2 (mg) 360
Vitamina B3 (mg) 0
Vitamina C (mg) 6
Minerais Sódio (mg)
Potássio (mg)
Cálcio (mg) 14
Fósforo (mg) 10
Ferro (mg) 1
Conteúdo energético (kcal) 89

Características Químicas da polpa do Pequi

Parâmetros Quantidade por porção de 100 g de polpa
Umidade (%) 50,61
Proteinas (%) 4,97
Gordura (%) 21,76
Cinza (%) 1,1
Fibra (%) 12,61
Carboidratos (%) 8,95
Calorias Kcal/100g 251,47
Cálcio (mg/100g) 0,1
Fósforo (mg/100g) 0,1
Sódio (mg/100g) 9,17
Vitamina C (mg/100g) 103,15

Pequi cru

TACO – Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

Tabela de valor Nutricional

Porção de 100 gramas

% VD*
Valor energético 205.0kcal = 861kj 10%
Carboidratos 13,0g 4%
Proteínas 2,3g 3%
Fibra alimentar 19,0g 76%
Fibras solúveis 0,1g
Cálcio 32,4mg 3%
Vitamina C 8,3mg 18%
Piridoxina B6 0,1mg 8%
Manganês 0,6mg 26%
Magnésio 29,8mg 11%
Lipídios 18,0g
Fósforo 33,8mg 5%
Ferro 0,3mg 2%
Potássio 297,8mg
Cobre 0,2ug 0%
Zinco 1,0mg 14%
Niacina 2,6mg 14%
Tiamina B1 0,2mg 14%
Riboflavina B2 0,5mg 38%

* % Valores diários com base em uma dieta de 2.000 Kcal ou 8.400kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades.

Como Comprar

Prefira os de tonalidade semelhante a gema do ovo, com consistência firme, superfície não muito lisa, sem manchas escuras.

Como Consumir

Pode ser consumido com arroz, carnes e na forma de licor

Fonte: www.ceasacampinas.com.br

Pequi

Pequi
Pequi

Fruta nativa do cerrado

O Pequi, árvore da família das cariocáceas (Caryocar brasiliense; Caryocaraceae) é o símbolo máximo da goianidade, embora seja encontrada também nos Estados de Rondônia (ao leste), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (no nordeste), Minas Gerais (norte e oeste), Pará (sudoeste), Tocantins, Maranhão (extremo sul), Piauí (extremo sul), Bahia (oeste) e Distrito de Federal.

Embora seja encontrado em todos esses lugares, é apenas em Goiás que existem todas as espécies, as quais frutificam, no seu conjunto, de setembro a fevereiro. Mas dada a sua extrema importância para a grande maioria dos goianos, ele é conservado tanto em essência quanto em conserva.

Sua história de amor com a culinária goiana começou a séculos, nas antigas vilas de Meia Ponte (hoje Pirenópolis), e Vila Boa (Cidade de Goiás), ainda no início do século XVIII. Entretanto, no rico sul goiano, mais especificamente na região que cerca a cidade industrial de Catalão, era este utilizado tão somente para a fabricação do lendário Sabão de Pequi, de reconhecidas propriedades terapêuticas, uma vez que a região era influenciada pelos triangulinos – povo de origem paulista-goiana cujo território foi anexado por Minas Gerais no século XIX, e que luta desde então pela sua independência deste Estado.

Atualmente é a fruta utilizada das mais variadas formas: cozido, no arroz, no frango, com macarrão, com peixe, com carnes das mais variadas, no leite, e na forma de um dos mais afamados liquores de Goiás, ao lado do saborosíssimo liquor de Jenipapo; seu grande atrativo, além do sabor, são os cristais que forma na garrafa, que dizem, são afrodisíacos. Dela é extraido um azeite denominado azeite de pequi. Seus frutos são também consumidos cozidos, puros ou juntamente com arroz e frango.

Comer pequi além de saudável e agradável, é uma ciência, quase uma arte: a polpa macia e saborosa deve ser comida com cuidado, uma vez que esta cobre uma camada de terríveis espinhos que, se mordidos, fincam-se sem piedade na língua e no céu da boca, provocando dores irritantes e levando o descuidado ao hospital. O sabor vale porém, o risco; além disso, com o tempo, qualquer um domina a técnica.

Seu caroço é dotado de muitos espinhos, e há necessidade de muito cuidado ao roer o fruto, evitando cravar nele os dentes, o que pode causar sérios ferimentos nas gengivas.

Algumas dicas de como se comer o pequi:

Ele deve ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres.
Ele deve ser levado a boca para então ser “raspado” cuidadosamente com os dentes, até que a parte amarela comece a ficar esbranquiçada, ou os espinhos possam ser vistos.
Nunca jogue os caroços no chão: eles secam rápido e os espinhos podem se soltar. A propósito, a castanha dentro do caroço é uma delícia; para comê-la, basta deixar os caroços secarem por uns dois dias e depois torrá-los.

Importantíssimo: jamais, sob quaisquer circunstâncias, morda o caroço.

Fonte: www.senado.gov.br

Pequi

Pequi
Pequi

O pequizeiro, assim como outras fruteiras nativas, é base alimentar de populações do cerrado brasileiro

Nome popular da fruta: Pequi (piqui, piquiá, piquiá-bravo, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, pequiá, pequiá-pedra, pequerim, suari)

Nome científico: Caryocar brasiliense Camb.

Origem: Brasil (cerrado)

Fruto

O pequi é uma fruta nativa do cerrado brasileiro, muito utilizado na cozinha regional. Os frutos são do tipo drupa, com quatro lóculos. Possuem de 6 a 14 cm de comprimento por 6 a 20 cm de diâmetro. O peso varia de 100 a 300 g. A planta produz de 500 a 2.000 frutos.

Pesquisas apontam teores de óleo entre 42,2% e 61,79% e teores de proteína de 6,71% a 24,6%, respectivamente, na amêndoa e na polpa de frutos do Cerrado. Destaca-se a riqueza destes frutos em relação a vários elementos minerais, quando comparados com diversas frutas economicamente cultivadas.

Apesar da grande variabilidade, estudos demonstram que cerca de um quarto da massa do fruto é constituída por caroços e frutilhos (caroços não desenvolvidos). Aproximadamente 40% do caroço é constituído de polpa fresca. O rendimento médio é de 8,5% de polpa em relação à massa total do fruto.

Planta

O pequizeiro é uma espécie arbórea nativa do Cerrado brasileiro, pertencente à família Caryocaraceae. Ultrapassa normalmente os 10 m de altura e o diâmetro da copa varia de 6 a 8 m. Ocorre geralmente em agrupamentos mais ou menos densos, tanto em formações primárias como secundárias e pioneiras. As folhas pilosas são formadas por 3 folíolos com as bordas recortadas. As flores são grandes e amarelas.

A espécie C. brasiliense Camb. é dividida em duas subespécies: C. brasiliense sp. brasiliense de porte arbóreo com ampla distribuição no Cerrado e C. brasiliense sp. intermedium, conhecido como pequi-anão, de porte arbustivo com ocorrência restrita a algumas partes deste ecossistema.

O pequizeiro floresce durante os meses de agosto a novembro, com os frutos iniciando a maturação em meados de novembro, podendo ser encontrados até início de fevereiro.

Cultivo

O plantio de fruteiras do cerrado reduz a pressão da coleta extrativa e predatória dos frutos. O pequizeiro pode ser utilizado na recomposição ambiental (recuperação de áreas desmatadas), em reflorestamento, para proteção de nascentes, margens de rios e lagos, no sombreamento de pastagens, etc.

Como não há disponibilidade de sementes selecionadas comerciais, o produtor deverá iniciar o plantio a partir da coleta de frutos no campo. As plantas fornecedoras (matrizes) deverão ser selecionadas criteriosamente, observando seu vigor, produtividade, qualidade dos frutos e ausência de pragas. Essas plantas devem ser identificadas e preservadas, para futuras coletas. O pequizeiro frutifica de outubro a março.

Os frutos do pequi caem normalmente quando maduros e são coletados no chão, eliminando-se os frutos estragados e malformados. Caso a colheita seja feita na árvore, deve-se observar se o fruto está completamente desenvolvido e maduro.

Extraída a polpa, as sementes são lavadas e postas para secar em local ventilado e seco. As sementes devem ser selecionadas, procurando-se uniformizar os lotes por tamanho, cor e forma, eliminando-se sementes deformadas, sem amêndoa ou com sintomas de ataque de pragas.

O viveiro de mudas deverá ser preparado para semeadura o mais breve possível após a coleta das sementes. Essa área deve ser isolada e protegida da entrada de animais e pessoas que possam comprometer as mudas. As mudas de pequi devem ser produzidas em sacos de polietileno colocando-se 3 a 4 sementes por saco, enterradas a profundidade de 2 cm. A percentagem de germinação alcança 60% e o período de germinação é de 60 a 300 dias. O plantio das mudas no campo pode ser feito com espaçamento de 8 x 8 metros.

Usos

Seus frutos têm uso na culinária, na extração de óleos para a fabricação de cosméticos e uso alimentar e fabricação de licores.

Sua madeira é de ótima qualidade e alta resistência, moderadamente pesada e de boa durabilidade, sendo utilizada como moirões e lenha; própria para xilografia, construção civil e naval, dormentes, fabricação de móveis e fonte de carvão para siderurgias.

Mercado

A exploração da fruta é baseada no extrativismo. Seu uso mais expressivo é o alimentício, com o aproveitamento da polpa do fruto. O caroço é normalmente descartado, apesar dos altos teores de óleo. Ainda não há iniciativas de grande escala para comercialização ou industrialização. Isto se deve à ausência de plantios comerciais, bem como da falta de pesquisas em melhoramento genético, silvicultura e demais aspectos direcionados à melhoria de sua produtividade.

Para exploração comercial das plantas do cerrado, o produtor deve realizar previamente uma pesquisa de demanda no mercado, identificando potenciais compradores e sua real necessidade de produto. Pode realizar algum beneficiamento ou a industrialização, desde que identifique claramente canais de distribuição para seus produtos.

Fonte: www.sebrae.com.br

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