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O Luberon, também chamado de Lubéron , tem a altitude de 1.256 metros e uma área de aproximadamente 600 km². É composto por três cordilheiras: (de oeste para leste) Little Luberon, o Big Luberon e o Luberon Oriental, deitado no meio da Provence, no extremo sul de França.
Os vales ao norte e ao sul deles contêm um número de cidades e vilas, bem como terrenos agrícolas.
O número total de habitantes varia muito entre o inverno e o verão, devido a um afluxo maciço de turistas durante a estação quente.
Vista do vale Luberon
É o destino favorito para a alta sociedade francesa e visitantes britânicos e americanos por causa das cidades e aldeias agradáveis e pitorescas, maneira confortável de vida, riqueza agrícola, associações históricas e culturais (por exemplo, Samuel Beckett viveu em Cave Bonelly, um vinhedo perto Roussillon, durante a Segunda Guerra Mundial ), e trilhas para caminhadas.
Na década de 1970, as pessoas vinham de toda a França para “Le Luberon” em busca de um ideal comunitário.
A Força de frappe ou arsenal nuclear estratégico francês costumava ser nas proximidades, no subsolo, em “Le Plateau d’Albion” antes de ser desmontado no final de 1980. Agora, o local subterrâneo onde foram localizados os controles de mísseis é um laboratório público multidisciplinar da Universidade de Nice Sophia Antipolis, o baixo nível de ruído Underground Laboratory (LSBB) de Rustrel, Pays d’Apt.
Nas últimas duas décadas, o Luberon tornou-se conhecido no mundo de fala Inglês, especialmente através de uma série de livros de britânico autor Peter Mayle narrando sua vida como um expatriado se instalaram na aldeia Luberon de Ménerbes.
Estes são intitulado Um Ano na Provence, Toujours Provence e Encore Provence. Outro livro de Mayle, um romance ambientado no Luberon, foi transformado em um filme chamado A Good Year (2006), dirigido por Ridley Scott , estrelado por Russell Crowe e filmado na região.
O “Grand Luberon”, do norte-oeste, com no primeiro plano uma aldeia e vinhas da Calavon.
Flora e fauna
Topo da Grande Luberon (Mourre Nègre).
Luberon é particularmente rico em diversidade biológica. Entre as 1.500 espécies diferentes de plantas, existem 700 espécies e sub-espécies de plantas superiores e 200 espécies de líquenes.
Ricos fósseis depósitos também são preservados aqui, documentando por exemplo espécies antigas relacionadas com aves canoras, bem como um ancestral pelicano.
Referências
Low Noise Underground Laboratory (LSBB) de Rustrel, Pays d’Apt
Fonte: en.wikipedia.org
Luberon
O Luberon é só um bocadinho da Provença francesa. Mas é justamente aquele pedaço de tons dourados, onde ainda se cultiva o vinho e as azeitonas, onde o queijo e o mel ainda têm o sabor de antigamente.
PAISAGENS DO SUL
Primeiro pousamos as malas em Apt-en-Provence. Ficamos aqui, entre os montes de Vaucluse e do Luberon, e o nome na placa da cidade, Ate en Provenço, parece anunciar um país distinto.
Num mercado cheio de flores que transbordam para os tecidos estampados, aparecem os ramos secos da alfazema, os vinhos Côtes du Luberon, as azeitonas e os legumes produzidos localmente, sob um clima abençoado que dispensa estufas.
Estamos numa terra pródiga em milagres gastronômicos; quem não acreditar, que prove o queijo de Banon, as ervas aromáticas de Forcalquier, o mel de Valensole, as azeitonas e o azeite de Lurs, os espargos de Lauris, as frutas cristalizadas de Apt.
Aldeia de Roussilon, Provença
Do mercado matinal de sábado rumamos para Oeste, em direção a Roussillon. Cor de fogo, a aldeia guarda a memória de uma exploração que lhe deu riqueza, e que agora lhe dá uma beleza inesperada: o ocre.
Pigmento indispensável mas quase caído no esquecimento, revive-se em worshops no seu Conservatório. Mas mesmo os que não se interessam por pintura vão gostar de passear pela área de exploração, com carreiros assinalados para as visitas turísticas.
O contraste do verde-escuro dos pinheiros com o afogueado do chão, das falésias e dos pequenos vales que percorremos, é único na região.
Mas atenção: não convém ser apanhado pela chuva, que em minutos transforma o caminho em lamaçais alaranjados manchando irremediavelmente tudo o que tocam.
Em caso de mau tempo, refugiamo-nos nas encantadoras ruelas estreitas de cores quentes, com uma fabulosa concentração de cafezinhos e galerias de arte, em número mais que suficiente para nos ocupar durante horas, até o sol voltar.
GORDES, REINO DA PEDRA
Avançamos, depois, até Gordes. Aqui começa o reino da pedra. Se é natural, nestas colinas e montes calcários, que este seja o material eleito de todas as construções, por aqui as técnicas refinaram: empilhadas em socalcos e divididas por muros, as casas, palacetes e igrejas formam um presépio de aspecto rude, enfeitado pelos penachos verdes dos ciprestes.
O exemplo mais impressionante aparece em todos os postais, e fica ali próximo: a Abadia de Sénanques, aninhada num vale e enquadrada por campos de alfazema.
Foi construída no século XII pela Ordem de Cister, com as linhas sóbrias próprias da época, e é a encarnação da nobreza da pedra nua.
Pormenor de uma janela em Lourmarin, França
Nos arredores, escondidos por densos azinhais, casinhas minúsculas a que chamam bories, são ensaios básicos desta arte popular de empilhar a pedra. Algumas agrupam-se na pequena Aldeia dos Bories, reconstruída com fins turísticos e bilhete de entrada, mas há muitas outras espalhadas pela zona, recuperadas ou ao abandono, envolvidas pelo perfume do tomilho e das giestas.
Ao limpar os campos para as atividades agrícolas, a pedra era aproveitada para construir casas, currais ou redis. A técnica usada permite erguer paredes e telhados cónicos com uma textura de escamas, sem uma pinga de cimento ou uma viga de madeira que os ajude a manter-se de pé.
Já percorremos vinhas, campos de trigo e papoilas, olivais e pomares bem tratados que nos aguçaram o apetite por esta natureza meiga, sem sobressaltos. Mas escondem-se surpresas nestas paisagens do sul.
Saímos outra vez de Apt, agora em direção a Rustrel. A intenção é caminhar, correr montes, respirar os cheiros secos dos cistos e das giestas, conhecer pequenas aldeias de pedra quase desabitadas. Numa delas encontrámos uma placa, garatujada à mão: Não queremos carros na nossa aldeia. Por favor estacionem e venham a pé – que vontade de ficar…
O COLORADO PROVENÇAL
Estamos agora em Rustrel, a dois passos do Colorado Provençal, nome que predispõe a imaginação para o encontro com índios e cowboys, mas que não nos prepara para as fantásticas chaminés de fadas, torres e cones que saem do chão em caprichos erosivos, alternando com vales, ravinas, lâminas, circos e colinas, onde a vegetação cresce num solo amarelo-torrado e vermelho escuro.
São apenas alguns quilómetros de cores intensas e formas inesperadas, mas contrastam de forma espantosa com o bucolismo geral da paisagem. Só demos o passeio por terminado quando chegou o terrível mistral, um vento que apaga os cheiros e mergulha os horizontes numa poeira sem brilho.
Colorado Provençal, Luberon
Os olhos cheios de cor, procurámos abrigo bem fundo, nas gargantas de Oppedette. Tal como a aldeia do mesmo nome, o desfiladeiro tem uma escala humana, quase delicada. É um golpe inesperado na pedra, uma surpresa na paisagem levemente ondulada. Estreito e curto, mantém-se escondido por árvores baixas até estarmos próximos, demasiado próximos do precipício.
Um misterioso carreiro chama-nos para o fundo, onde corre um fio de água, e ferros estrategicamente cravados na rocha ajudam-nos a descer até o vento não nos encontrar. Sombra, água fresca, piares de pássaros. O lugar ideal para um piquenique, antes de subir pela parede oposta, furando chaminés de rocha com a ajuda de escadas metálicas e degraus escavados na rocha.
Atravessando o desfiladeiro que separa o Pequeno e o Grande Luberon, os montes que dão nome à região, encontramos uma magnífica floresta de cedros, espécie deslocada neste solo despenteado pelo mistral. Do outro lado, Pertuis substitui Apt como cidade mais importante.
AS MAIS BELAS ALDEIAS DE FRANÇA
Apesar do título ter um indisfarçável cheiro a promoção turística, só na Provença ficam dezassete das cento e quarenta e uma povoações classificadas, a nível nacional, como As mais belas Aldeias de França; destas dezassete, à pequena área do Luberon cabem quatro, tão próximas umas das outras que facilmente as podemos visitar num dia: Roussillon, Gordes, Lourmarin e Ménerbes.
Ansouis, Provença
As duas primeiras ficam a Norte dos montes Luberon, do lado de Apt, as duas últimas a Sul, do lado de Pertuis. Mas há muitas outras que, sem títulos para exibir, nos conquistam com o seu charme antigo.
Ainda assim, Lourmarin tem as mais belas ruas e fontanários, e os seus habitantes gostam de, passada a hora da sesta, abrir as portadas para mostrar os vasos floridos pendurados no interior. Já fora da aldeia, depois dos cerejais, aparece um pequeno castelo da Renascença, ajardinado e redondo, que abriga exposições e conferências.
Mais adiante fica Cucuron, com o seu lago fresquíssimo ensombrado por fileiras de velhos plátanos junto às muralhas, seguras em pontas opostas por duas torres de pedra com vistas magníficas sobre o remoinho de ruas estreitas.
Ansuis exibe orgulhosamente o seu castelo ducal e possui, espalhada pelas ruelas de pedra, uma coleção de batentes, puxadores de porta, sinetas e outros objetos de ferro forjado pouco habituais, que complementam o seu ar de aldeia-museu.
Fazemos um desvio até ao Étang de la Bonde, pequeno espelho de água entre colinas, antes de chegar a La Tour D’Aigues, onde um palácio medieval acolhe o Museu da Faiança local, assim como exposições e espectáculos culturais.
A unir as aldeias sobram os pomares e as vinhas, os ciprestes e os choupos, embalados pela cegarrega entorpecente das cigarras. Região original, que desafia as leis do equilíbrio entre natureza e influência humana, o Luberon é mais que um lugar onde apetece voltar – o que queremos mesmo é ficar, embalados pelo calor e pelos sons e sabores primordiais das cigarras, do queijo e do mel.
OURO DE PROVENÇA
Ao contrário das rochas da zona, depósitos sedimentares acumulados, o ocre resulta de uma alteração de uma rocha marinha que ocorre localmente sendo, por isso, raro. Juntamente com o azeite, já foi uma das indústrias mais produtivas da região, mas agora encontra-se quase reduzido ao seu interesse artístico, com um Conservatório dos Ocres e Pigmentos Aplicados a oferecer visitas guiadas ao antigo centro de transformação, cursos de Verão e workshops sobre o seu uso.
Destronado por produtos sintéticos, este pigmento natural já foi indispensável na pintura e na indústria têxtil. Neste momento, a sua exploração continua apenas com carácter pontual, uma vez que o seu interesse comercial está agora apenas ligado às artes.
Basicamente, o processo de exploração consiste em lavar a terra para separar a areia, mais pesada, do ocre, que fica na água. Esta água de ocre é colocada em tanques a céu aberto. Após uma decantação de 24 horas, retira-se a água limpa e junta-se mais água de ocre – e assim sucessivamente, até o depósito de ocre no fundo atingir os quarenta centímetros.
Só aí se abandona o processo e deixa-se o sol atuar, secando completamente o depósito. No fim de Maio corta-se o ocre em tijolos. Uma parte é levada ao forno, para obter nuances mais escuras e avermelhadas do amarelo dourado que lhe é natural. E está pronto a usar.
Fonte: www.almadeviajante.com
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