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A compreensão do que se convencionou denominar pós-modernidade é facilitada se compreendermos, antes, o que foi a Modernidade, quais seus primados. Dentre as características que marcam e diferenciam o pensamento produzido na Modernidade dos períodos anteriores, cumpre citar: a valorização extrema da razão tomada como instrumento de esclarecimento e evolução social, a hiper valorização do conhecimento científico e a consequente autonomia do pensamento, agora desvinculado das instituições e dogmas religiosos ou tradição. Como bem sintetizou Lima (2019), o sujeito moderno é o resultado de uma síntese epistemológica produzida pela ciência e pela racionalidade moderna.
Nesse contexto, de extrema valorização do sujeito, da subjetividade e da razão, teremos diversos pensadores contemporâneos que irão apontar críticas à racionalidade moderna, formulando um arcabouço teórico que possibilitará, em seguida, a formulação do que se convencionou chamar de pós-modernidade. Dentre esses autores, cumpre citar Nietzsche, Freud, Adorno e Horkheimer e K. Marx, dentre outros, que, aos seus modos particulares irão denunciar a razão, bem como os efeitos destrutivos à sociedade humana que podem decorrer do uso meramente instrumental da razão. Uso esse, que ignora o caráter pluriperspectivo da verdade, a influência do inconsciente nas ações do sujeito, bem como o empobrecimento da cultura e alienação do proletariado.
É importante apontar que o que se convencionou chamar de “pós-modernidade” não tem significado unívoco para todos os pensadores que se propuseram a pensar sobre a constituição desse momento histórico surgido no pós Segunda Guerra Mundial, motivada pelas transformações sociais, culturais, políticas e ideológicas nascentes produzindo um desencantamento diante das narrativas totalizantes de outrora que previam um mundo harmônico, controlado pela razão.
Em síntese, como bem expôs Lopes: o sujeito epistêmico da modernidade, na pós-modernidade, torna-se “fragmentado, dissolvido, jogado no vazio, deslocado do social, perdido na esfera do imediatismo e do consumo, sem causas, desafeito às ideologias, desinteressado pelo que é coletivo”. Desse modo, a pós-modernidade é esse momento de conflito humano diante das narrativas totalizantes, pondo em xeque noções de verdade, progresso, desenvolvimento social.
CARACTERÍSTICAS
Ainda que seja difícil formular uma definição unívoca da Pós-Modernidade, é possível caracterizá-la por meio de algumas características frequentes nos textos dos diversos teóricos que a abordam, dentre elas as citadas por Lopes:
- crítica ao uso instrumental da razão: diverso do culto extremo à razão protagonizado durante a Modernidade, na pós-modernidade os pensadores colocam em xeque os limites e possibilidades da razão na leitura do real.
- valorização do aqui, do agora (lógica presentista): essa característica temos muito presente na atualidade em que temos dificuldades de planejar nosso futuro, investir em relacionamentos sexuais e afetivos duradouros, ouvir atentamente os sentimentos de nossos amigos e familiares.
- perda do valor dado à paixão pelo dever, honra e adequação moral: na pós-modernidade a palavra do indivíduo já não tem mais o valor que tinha outrora. As pessoas não mais se importam tanto se suas atitudes vão dar o que falar na boca dos fofoqueiros e zeladores da moral e bons costumes.
- a relativização do conhecimento e tradição: novas teorias confrontam teóricos já consagrados: essa é uma característica que já vem da modernidade em que o argumento de autoridade, muito forte na Medievalidade, já não mais é suficiente para afirmar que algo não possa ser contestado. O resultado disso é o surgimento de diversas novas teorias que legitimam ou negam princípios muitas vezes já consolidados na literatura teórica, científica mundial.
SUGESTÃO AUDIOVISUAL
Para complementar as informações aqui apresentadas, sugere-se que ouça atentamente à aula de Mateus Salvadori que apresenta o conceito de Pós-Modernidade a partir das perspectivas de Lyotard e Derrida. A videoaula é bem curta, mas extremamente esclarecedora.
Fábio Guimarães de Castro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, Natália. Pós-Modernidade. Quero Bolsa, 2019.
LIMA, João Francisco Lopes de. A pedagogia, a formação humana e o sujeito narcísico pós-moderno. Revista Educação em Questão, Natal, v.57, n.53, p. 1-19, jul./set. 2019.
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