Silepse

Silepse – O que é

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A palavra silepse vem do grego e significa “ato de compreender”, “compreensão”.

É uma figura de construção.

Trata-se da concordância que acontece não com o que está explícito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. É, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a idéia que o falante quer transmitir. É também chamada de concordância irregular.

Há três tipos de silepse:

1) Silepse de pessoa

Todos nesta sala somos gaúchos.

Nesta frase, o verbo somos não concorda com o sujeito claro Todos, que é da 3ª pessoa, portanto, a concordância “normal” seria Todos nesta sala são gaúchos.

O verbo concorda com a idéia nele implícita. O falante se inclui entre os gaúchos.

Para entender melhor este tipo de concordância, é preciso recordar uma regra que diz:

Quando o sujeito for composto de pessoas diferentes (eu, tu, ele), do qual faça parte o EU, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural.

Exemplo: Tu, ele e eu fomos ao cinema ontem.

Logo, no exemplo acima, a idéia subentendida é o EU, que representa a pessoa que fala.

2) Silepse de número

O gaúcho é bravo e forte. Não fogem da luta.

O verbo fugir – fogem – não concorda com o sujeito o gaúcho, e sim com o que ele representa: os gaúchos.

Observação: Estamos ciente. Nesta frase, o sujeito é da primeira pessoa do plural (nós) e o predicativo é usado no singular, porque se trata de uma pessoa. É o que se chama de “plural de modéstia”. Em vez de o verbo ser empregado na 1ª pessoa do singular, é usado na 1ª pessoa do plural. Muito empregado por escritores e oradores, principalmente políticos, para evitar o tom individualista no discurso, expressando uma fala coletiva.

3) Silepse de gênero

Porto Alegre é linda. Vista daqui parece um jardim.

Nesse caso, os adjetivos linda e vista não concordam com o substantivo Porto Alegre, mas com a palavra cidade.

Este tipo de silepse ocorre principalmente com:

Pronomes de tratamento

Vossa Senhoria foi taxativo em seu discrso.

Subentende-se neste exemplo que a pessoa representada pelo pronome Vossa Senhoria é do sexo masculino.

Com nomes de cidades

São Paulo está muito poluída.

O adjetivo poluída concorda com cidade, que está subentendida.

Com a expressão “a gente”

A gente é novo ainda.

O adjetivo novo não concorda com a gente, levando a entender que o falante é do sexo masculino.

A silepse é muito empregada na linguagem coloquial, mas grandes escritores também a utilizaram em suas obras.

Eis alguns exemplos:

“Sobre a tristeOuro Preto o ouro dos astros chove.” – Olavo Bilac
“Nuvens baixas e grossas ocultavam Ilhéus, vista dali em mar grande e livre.” – Adonias Filho.
“A certa altura, a gente tem que estar cansado.” – Fernando Pessoa
“Corria gente de todos os lados, e gritavam.” – Mário Barreto
“O casal de patos nada disse, pois a voz das ipecas é só um sopro. Mas espadanaram, ruflaram e voaram embora.” – Guimarães Rosa.
“Aliás todos os sertanejossomos assim.” – Raquel de Queirós
“Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” – Carlos Drummond de Andrade
“Dizem que os cariocassomos pouco dados aos jardins públicos” – Macahdo de Assis
“Esta gente já terá vindo? Parece que não. Saíram há um bom pedaço” – Machado de Assis
“E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro.” – Paulo Setubal

Silepse – Tipos

É uma figura de sintaxe e ocorre quando a concordância é feita pelo sentido e não pela forma gramatical, como a própria etimologia da palavra explica.

Podemos ter silepse de número, de gênero e de pessoa.

a) Silepse de número: O caso mais comum ocorre quando o sujeito é um coletivo ou uma palavra que, apesar de estar no singular, indica mais de um ser.

Exemplos:

“O povo lhe pediram que se chamasse Regedor.” (Fernão Lopes)
povo = singular
pediram = plural

“…e o casal esqueceram que havia mundo.” (Mário de Andrade)
casal = singular
esqueceram = plural

O quarteto cantaram velhos sucessos.
quarteto = singular
cantaram = plural

b) Silepse de gênero: Os casos mais comuns são os de predicativos que concordam com a idéia que está implícita, e não com a forma gramatical.

Exemplos:

São Paulo é muito fria. (fria concorda com a palavra cidade)

Fulano é um criança.
Fulano = masculino
criança = feminino

Vossa Alteza é muito bondoso.
Vossa Alteza = feminino
bondoso = masculino

c) Silepse de pessoa: Ocorre principalmente quando o sujeito expresso aparece na terceira pessoa e o verbo na primeira pessoa do plural; a idéia é que o narrador integra o sujeito.

Exemplos:

Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins público.
cariocas = 3ª pessoa
somos = 1ª pessoa

Os jogadores somos incompetentes
jogadores = 3ª pessoa
somos = 1ª pessoa

Silepse de gênero

Uma pessoa de minhas relações, que vivia exilada em Londres, disse-me…”
Uma pessoa de minhas relações, que vivia exilado em Londres, disse-me…”

As duas concordâncias acima são possíveis.

Na primeira, faz-se a concordância de gênero: pessoa (fem.) exilada (fem.).

No segundo caso, ocorre a chamada concordância ideológica ou silepse.

Trata-se de um recurso estilístico: está-se referindo a uma pessoa do sexo masculino, e a frase que utiliza o masculino (exilado) é elaborada de forma a ressaltar isso.

Silepse – Figura de Linguagem

Silepse é uma figura de linguagem em que ocorre concordância com a idéia e nao com a palavra em si.

Existem três tipos de silepse:

Silepse de gênero

Exemplo: “São Paulo está muito poluída” o adjetivo poluida aparece no feminino porque concorda com a idéia de cidade, palavra feminina, mesmo São Paulo sendo um termo masculino.

Silepse de número de número

Exemplo: “Os Lusíadas glorificou nossa literatura”, ocorre cordância com o termo oculto o livro e não com Os Lusíadas por isso uso do singular.

Silepse de pessoa

Exemplo: ” Agente somos inúteis . . . ” ou “Os brasileiros estamos chocados pela tragédia” o autor da frase inclui o próprio falante e os que o ouvem, formando um “nós” subentendido.

Fonte: www.colegiosaofrancisco.com.br/br.geocities.com

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