Thiago de Mello
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Não faço prefácio. Faço
um canto de louvação.
A multidão de habitantes
da tua noite cintilante
crava estrelada alegria
nas profundezas das águas
que guardam a nossa infância.
Teu verso, vida ao reverso,
já é prefácio, anteface,
da clara felicidade
que só da poesia nasce,
é flor de nunca fechar.
Tem o vôo vagaroso,
mas de repente veloz,
de um pássaro cheio de asas
que inaugura um coração
no peito da inteligência
e planta, chuva de fogo,
a alvorada da razão
na fronte do sentimento.
Não faço prefácio. Faço
esta serena invenção:
como de açucena o brilho
contente perante a luz
da manhã que se levanta
e impregnando vai a vida
de sonora claridão.
Feliz dança, banda-de-asa,
papagaio de famão,
assim te louvo cantando
Anibal, meu claro irmão.
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