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Ecossistemas Aquáticos – O que é
As comunidades de plantas e animais que vivem na água são conhecidas como ecossistemas aquáticos.
Eles são divididos em dois grupos principais.
Ecossistemas de água doce são encontrados em águas com baixas concentrações de sais, de lagoas a estuários.
Os ecossistemas marinhos são encontrados na água salgada dos mares e oceanos. A maioria de nós não está longe de algum tipo de ecossistema aquático, seja no oceano ou em uma lagoa local.
A natureza de um ecossistema aquático é moldada, como em terra, pela disponibilidade de alimentos, oxigênio e temperatura predominante. Soma-se a isso a salinidade, que é a concentração de sal da água.
Ecossistemas aquáticos em águas rasas, onde há muita luz solar, geralmente tendem a ser os mais produtivos. A poluição da água, geralmente proveniente de atividades humanas, é a que mais pressiona os ecossistemas aquáticos. Por exemplo, os peixes podem ser mortos pela chuva ácida em lagos ou pela falta de oxigênio onde os nutrientes em excesso foram despejados em um estuário.
Ecossistemas Aquáticos – História
Ecossistemas aquáticos são as comunidades de organismos, seu ambiente aquático circundante e a relação entre os dois. Os ambientes aquáticos, ou aquosos, são divididos em água doce e marinhos. A água doce tem menos de um grama por litro de sólidos dissolvidos, principalmente sais, dos quais o cloreto de sódio é o mais importante para os organismos vivos. Salinidade é o termo dado à concentração de sais em um corpo de água. A água salgada contém mais de um grama por litro de sólidos dissolvidos.
Ecossistemas de água doce são encontrados em lagoas, lagos, reservatórios, rios e córregos.
Ecossistemas marinhos ou de água salgada são encontrados nos mares e oceanos. Os estuários, que são lugares onde um rio encontra o mar, como a Baía de São Francisco, são parte de água doce e parte marinha em sua composição. A diversidade de um ecossistema aquático depende da temperatura, disponibilidade de luz, nutrientes, oxigênio e salinidade. Isso cria ecossistemas muito diferentes, por exemplo, em uma lagoa rasa em um clima temperado com muita luz em comparação com o oceano profundo, onde as condições são escuras e frias.
Uma grande variedade de plantas, animais e micróbios são encontrados em ecossistemas aquáticos, desde bactérias que toleram altas temperaturas em fontes hidrotermais no fundo do oceano até a baleia azul, que é o maior animal do mundo. Os menores são o fitoplâncton e o zooplâncton, os animais e plantas microscópicos que formam a camada inferior da cadeia alimentar aquática. Há também muitos invertebrados aquáticos, incluindo vermes, insetos e crustáceos. Entre os vertebrados aquáticos, os anfíbios, como os sapos, vivem na terra e na água, enquanto os peixes são animais puramente aquáticos. Muitos pássaros, como maçaricos, gaivotas e patos, vivem na água ou perto dela. As baleias são um dos poucos mamíferos que podem viver no ambiente marinho.
Rios e córregos são ambientes lóticos, ou fluindo, de água doce. Seus organismos tendem a ser pequenos, com corpos achatados, para que não sejam varridos. Folhas caídas, insetos e outros detritos são importantes fontes de alimento. Lagos e reservatórios são sistemas lênticos, ou em camadas, com água parada. A camada litorânea, próxima à beira de um lago, geralmente possui um grande ecossistema com organismos que podem usar tanto a terra quanto a água, como libélulas, sapos, patos e tartarugas.
Estuários são regiões onde o rio encontra o mar, ou oceano. Compreendem uma zona costeira semifechada, aberta ao meio marinho. Um estuário tem diferentes ecossistemas, como um sapal, que está mais distante do mar. Os lodaçais são de maré e, portanto, às vezes aquáticos e às vezes terrestres. A gama de espécies em lodaçais tende a ser estreita, mas pode haver muitos indivíduos dentro dessa faixa.
Os canais são as áreas de um estuário que se conectam ao oceano e geralmente são ricos em peixes e crustáceos como caranguejos. Em geral, um estuário é um ecossistema rico porque tende a ser raso e há uma boa mistura de nutrientes.
As principais diferenças entre ambientes de água doce e marinhos são a salinidade da água, a profundidade da água e a disponibilidade de luz solar para a fotossíntese. Os organismos de água doce precisam de mecanismos para evitar a perda de água, porque a água flui de regiões de alta concentração de sal para aquelas de baixa concentração de sal.
Os organismos marinhos em profundidade precisam lidar com a pressão da água em seus corpos e a falta de luz solar. Esses fatores significam que os ecossistemas de água doce e marinhos podem ser muito diferentes em sua diversidade.
Milhares de diferentes invertebrados são encontrados nos mares e oceanos. Existem esponjas, equinodermos (que incluem estrelas do mar, ouriços-do-mar e pepinos-do-mar) e cnidários, como águas-vivas, corais e anêmonas do mar. Os moluscos, que são encontrados em terra e no mar, incluem os gastrópodes (lamas, lesmas e caracóis), cefalópodes (polvo, lula e choco) e bivalves (amêijoas, mexilhões, berbigão, ostras e vieiras). A maioria dos crustáceos são animais marinhos e incluem caranguejos, lagostas, camarões, cracas e piolhos.
Existem também muitas espécies de vermes marinhos que vivem no fundo do mar ou na areia das zonas costeiras.
Cerca de metade das 25.000 espécies conhecidas de peixes vivem no ambiente marinho, principalmente em áreas mais rasas e mais quentes.
Ecossistemas Aquáticos – Meio Ambiente
Ecossistemas Aquáticos
Os ambientes aquáticos, marinhos e continentais abrigam grande diversidade de seres, incluindo algas, bactérias, macrófitas, artrópodes (crustáceos e insetos) e vertebrados.
Da fauna que habita os ambientes aquáticos, os peixes representam um pouco mais que a metade das espécies de vertebrados conhecidos no mundo, com 24.618 espécies, sendo que 9.966 espécies ocupam águas doces permanentemente. (Nelson, 1994).
A rede hidrográfica brasileira apresenta um grau de diversidade de grande riqueza e elevada complexidade.
Trata-se de um conjunto de bacias e regiões hidrográficas com características de ecossistemas bastante diferenciados, o que propicia o desenvolvimento de múltiplas espécies vivas da flora e da fauna aquática.
Esse conjunto de ecossistemas aquáticos comporta parte da rica biodiversidade brasileira.
Os ecossistemas aquáticos são analisados de acordo com o bioma ao qual pertencem, como segue: Floresta Amazônica, Caatinga, Cerrado e Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos e, Zona Costeira e Marinha (MMA, 2002).
Floresta Amazônica
Existem três tipos de florestas: as florestas montanhosas Andinas, as florestas de terra firme e as florestas fluviais alagadas, as duas últimas na Amazônia brasileira.
A maioria dos sete milhões de km2 da Floresta Amazônica é constituída por floresta de terra firme.
A área de drenagem do Rio Amazonas, somada a do Rio Tocantins, totaliza mais de 6,8 milhões de Km², caracterizando-se como a maior do mundo. Para se ter idéia da sua dimensão, ela corresponde a cerca de 1/3 da área total da América do Sul. A descarga amazônica representa 20% de toda a água doce que alimenta os oceanos do planeta por todos os rios.
A dimensão da Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas e a sua grande heterogeneidade ambiental são razões de fundamental importância para a manutenção de sua alta diversidade.
O número de espécies de peixes encontradas na Bacia do Rio Amazonas, segundo estimativa de Roberts (1972) supera 1.300, quantidade superior à encontrada nas demais bacias do mundo.
Ambientes como as corredeiras e os pequenos igarapés dos Escudos Cristalinos das Guianas ou do Brasil; o canal principal dos rios e os diferentes tipos de áreas alagadas pelas cheias dos rios; florestas e savanas periodicamente alagadas pela chuva; e, áreas costeiras alagadas pelas marés, abrigam não somente espécies endêmicas, mas também sustentam grande biomassa de peixes, exploradas pela pesca artesanal ou de subsistência.
Não há informações seguras sobre ameaças, desaparecimento ou extinção de espécies de peixes na Amazônia Brasileira. Porém é constatado a diminuição, ou mesmo o desaparecimento local de algumas espécies, devido à pesca intensa ou a alguma alteração ambiental, como desmatamento da floresta marginal, mineração no canal do rio ou represamento.
O quadro, a seguir, apresenta as biotas aquáticas e seus correspondentes níveis de importância para a conservação da Biodiversidade Aquática da Floresta Amazônica.
Observa-se que a indicação de extrema ou a de muito alta importância biológica baseou-se na ocorrência de fenômenos biológicos especiais, tais como: a presença de peixes anuais e/ou cavernículas; e, a elevada diversidade filética e de endemismo.
Identificam-se como ações prioritárias para a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica do sistema aquático da Amazônia Brasileira a realização de estudos sobre a taxonomia, biogeografia, biologia e ecologia das espécies endêmicas a determinadas regiões e das espécies migradoras, e a identificação de ações para proteger e manejar os seguintes ambientes: áreas alagadas da Planície Amazônica (várzeas e igapós); áreas alagadas, corredeiras e cabeceiras do Escudo das Guianas (rio Negro, Trombetas, Jarí, Araguari e outros); áreas alagadas, corredeiras e cabeceiras do Escudo do Brasil (rio Tocantins, Xingu, Tapajós e afluentes do rio Madeira); e, encostas dos Andes (rio Amazonas, Madeira, Purus, Juruá e Japurá).
Caatinga
O clima semiárido da região e o predomínio de rios intermitentes poderiam evidenciar a baixa diversidade da biota aquática da Caatinga, dotada de poucas espécies endêmicas e com um predomínio de espécies generalistas amplamente distribuídas. Entretanto, estudos apontam que a Caatinga não é pobre em espécies aquáticas.
Esses estudos identificaram no Bioma da Caatinga 185 espécies de peixes, distribuídas em 100 gêneros, sendo que 57,3% das espécies registradas são endêmicas.
Destaque-se o grande número de espécies de peixes anuais (família Rivulidae) encontradas apenas ao longo do médio curso do Rio São Francisco.
Os aspectos relacionados á conservação dos peixes da caatinga ainda são precariamente conhecidos. Apenas quatro espécies que ocorrem no bioma foram identificadas como ameaçadas de extinção. Porém, deve-se considerar que grande parte da ictiofauna não foi ainda avaliada.
Ressalta-se, no entanto, que a ampliação de áreas de ocupação agropecuária e urbana contribuem para a redução e a degradação de habitats disponíveis para os peixes de água doce.
A poluição de cursos de água por esgotos urbanos, agrotóxicos e efluentes industriais causa sérios impactos ambientais, especialmente aos ecossistemas aquáticos da Caatinga.
Os projetos de grandes obras de engenharia, que incluem barramento e as interligações de rios são, também, fatores que afetam bastante a biota aquática.
A indicação de áreas prioritárias para peixes foi realizada a partir da identificação da distribuição da ictiofauna, resultando na divisão da Caatinga em quatro ecorregiões: Maranhão/Piauí; Nordeste Médio Oriental; Bacia do Rio São Francisco; e, Bacias do Leste. Em cada uma das ecorregiões foram selecionadas áreas prioritárias para a conservação da biota aquática, baseada especialmente no diagnóstico biológico, que inclui a riqueza e o endemismo de espécies; a presença de espécies ameaçadas; e, a ocorrência de fenômenos biológicos especiais.
Observa-se, entretanto, pelo número de bacias com informação insuficiente, que o conhecimento sobre a ictiofauna ainda é muito incipiente no bioma da Caatinga.
As ações prioritárias consistem em realizar um inventário biológico da biota alem de coibir a introdução de espécies exóticas em ambientes aquáticos naturais, sem o devido embasamento de estudos de impactos ambientais.
Cerrado e Pantanal
A diversidade de espécies no Cerrado e no Pantanal pode ser exemplificada pelos dados da ictiofauna. Estima-se que existam cerca de 780 espécies nesse bioma, no entanto este número pode ser maior devido às constantes descobertas de outras espécies.
Atualmente, apenas 0,44% do Cerrado e do Pantanal está contemplado por Unidades de Conservação genuinamente aquáticas, sendo, portanto, recomendável a criação de novas Unidades, que considerem as espécies migradoras, com a finalidade de conservar a riqueza existente.
Os sistemas mais ameaçados na região compreendem as cabeceiras das bacias de drenagem e as planícies de inundações dos grandes rios. Inserem-se ainda as veredas e os brejos de altitude, pois são habitados por várias espécies anuais de distribuição muito restrita.
Nesse bioma é também recomendável a proteção das áreas com conexões entre bacias hidrográficas, em especial a do rio Sapão (rio do Sono – rio Preto), localizada no Chapadão oeste do Estado da Bahia e a região do córrego Arrependido (rio Preto – rio São Marcos), nas proximidades do Distrito Federal.
O quadro a seguir apresenta as áreas prioritárias para a conservação da Biodiversidade Aquática do bioma do Cerrado e Pantanal.
Mata Atlântica e Campos Sulinos
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem uma ictiofauna rica e variada associada à floresta, que lhe proporciona proteção e alimento.
A característica marcante da sua ictiofauna é seu grau de endemismo, resultante do processo de evolução histórica das espécies em área geomorfologicamente isolada.
Os ecossistemas aquáticos dos Campos Sulinos fazem parte de grandes drenagens que atravessam variadas formações vegetais, inclusive a Mata Atlântica.
As principais biotas aquáticas dos Campos Sulinos são: parte da bacia do rio Paranapanema, em São Paulo; o rio Ribeira, no Paraná; o alto do rio Iguaçu, incluindo seus afluentes no Paraná e Santa Catarina; e, o alto do rio Uruguai, com seus afluentes formadores em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Com essa conformação torna-se evidente a heterogeneidade da ictiofauna dos ecossistemas aquáticos do bioma Campos Sulinos, pois compreendem elementos de drenagens distintas quanto a geomorfologia (alto Paraná, alto Iguaçu, alto Uruguai, por exemplo), que se mantiveram historicamente isolados de outras bacias hidrográficas.
Na biota da Mata Atlântica foram enquadradas vinte e três áreas em uma das categorias de importância biológica e seis áreas diagnosticadas como insuficientemente conhecidas.
A área que apresenta a taxa mais elevada de endemismo nesse bioma é a dos riachos litorâneos do Estado do Rio de Janeiro, que também apresenta maior número de espécies entre as demais, inclusive, algumas da família Rivulidae, em perigo de extinção.
A região de cabeceiras do rio Iguaçu nos Campos Sulinos possui elevados índices de diversidade e endemismo, além de um número bastante representativo de espécies raras e ameaçadas e de comunidades especiais, caracterizando-se como área de extrema importância biológica.
Um outro fator a ser ressaltado é que algumas dessas áreas são alvo de projetos de construção de reservatórios e de usinas hidrelétricas, de mineração, de atividades agrícolas e de outros tipos de ação que podem causar a degradação ambiental.
Os dados biológicos apresentados aliados à grande fragilidade do ecossistema e ao grau de ameaça existente, justificam que essa área seja caracterizada como de alta prioridade de conservação.
As cabeceiras do rio Paranapanema, parcialmente incluída nas biotas da Mata Atlântica e dos Campos Sulinos, foram identificadas como prioritárias para a realização do inventário da ictiofauna.
O quadro a seguir apresenta as biotas aquáticas e seus correspondentes níveis de importância para a conservação da Biodiversidade Aquática da Mata Atlântica e dos Campos Sulinos.
Zona Costeira e Zona Marinha
A extensão e a diversidade da Zona Costeira e da Zona Marinha brasileira, em termos de ecossistemas e espécies, configuram uma situação distintiva, em que à biodiversidade local e às inúmeras espécies endêmicas se sobrepõem rotas migratórias e sítios de condicionamento e desova para espécies migratórias de distribuição global. Assim, a preservação ou a degradação de determinados ecossistemas deixa de ter um efeito local. A perda de espécies endêmicas implica no empobrecimento da biodiversidade global, e a devastação ou a fragmentação de habitats pode gerar efeitos amplificados sobre diversas populações e suas rotas migratórias, interferindo na dinâmica de ecossistemas muitas vezes distantes das áreas afetadas.
Três ecorregiões costeiras e marinhas do Brasil têm a sua biodiversidade reconhecida em avaliações internacionais.
A primeira corresponde às regiões de manguezais e às áreas úmidas costeiras que se estendem da Venezuela ao norte do Brasil, suportando grandes populações de peixes e aves migratórias, alem de tartarugas e do peixe-boi-marinho. A segunda refere-se integralmente à costa brasileira, incorporando os ecossistemas costeiros e marinhos do Nordeste, formados por dunas, restingas, manguezais e recifes de corais. A terceira engloba os ecossistemas do Atlântico sudoeste, compartilhando áreas da Argentina, do Uruguai e do sul do Brasil, de extrema importância para populações de mamíferos marinhos e aves costeiras e marinhas.
A Zona Marinha, que se inicia na região costeira e se estende até 200 milhas, constitui a Zona Econômica Exclusiva. É ambientalmente menos vulnerável por oferecer grandes resistências às intervenções antrópicas, resistências que se ampliam na medida em que se afasta da linha da costa, representadas pelas grandes profundidades e correntes marítimas, tempestades e pela distância que guarda das áreas terrestres densamente ocupadas.
Além de fornecer parte substancial dos alimentos consumidos no Planeta a Zona Marinha responde por diversos recursos minerais, com destaque para o petróleo.
A biodiversidade dos oceanos é enorme e ainda pouco investigada. Contudo, é mundialmente reconhecida a ameaça que paira sobre as tartarugas marinhas e os mamíferos, com destaque para certas espécies de baleias, alem da sobrepesca que afeta grande parcela dos estoques pesqueiros. Os acidentes ambientais, principalmente com produtos químicos e petroquímicos embarcados, representam ameaças constantes tanto para os oceanos como para as áreas costeiras.
A Zona Costeira brasileira é uma unidade territorial, definida em legislação para efeitos de gestão ambiental, que se estende por 17 estados e abrange mais de 400 municípios distribuídos do norte equatorial ao sul temperado do País. Tem como aspectos distintivos sua extensão e a grande variedade de espécies e de ecossistemas. Se estende por 7.300 km, distância que se eleva para mais de 8.500 km, quando se considera o recorte litorâneo. A plataforma continental apresenta largura variável, com cerca de 80 milhas náuticas no Amapá, e 160 milhas náuticas na foz do rio Amazonas, reduzindo-se para 20 a 30 milhas náuticas na região Nordeste, onde é constituída, basicamente, por fundos irregulares com formação de algas calcárias.
A partir do Rio de Janeiro, na direção sul, a plataforma volta a se alargar, formando extensos fundos cobertos de areia e lama.
A Zona Costeira mantém forte contato com dois outros importantes biomas de elevada biodiversidade, o Amazônico e, com expressiva sobreposição, o da Mata Atlântica, este com o pouco que lhe resta praticamente concentrado junto ou sobre a Zona Costeira.
É uma região de transição ecológica que desempenha importante função de ligação e trocas genéticas entre os ecossistemas terrestres e marinhos, fato que a classifica como ambiente complexo, diversificado e de extrema importância para a sustentação da vida no mar. A elevada concentração de nutrientes e outras condições ambientais favoráveis, como os gradientes térmicos e a salinidade variável e, ainda, as excepcionais condições de abrigo e suporte à reprodução e à alimentação inicial da maioria das espécies que habitam os oceanos, transformaram os ambientes costeiros num dos principais focos de atenção no que diz respeito à conservação ambiental e à manutenção de sua biodiversidade.
A preocupação com a integridade e o equilíbrio ambiental das regiões costeiras decorre do fato de serem as mais ameaçadas do Planeta tanto por representarem elos de intensa troca das sociedades humanas (mercadorias), como pela exploração desordenada e muitas vezes predatória de seus recursos naturais (peixes e outros recursos vivos) e ainda por terem se tornado o principal local de lazer, turismo ou moradia de grandes massas de populações urbanas.
A Zona Costeira é responsável por ampla gama de “funções ecológicas”, tais como: a prevenção de inundações, da intrusão salina e da erosão costeira; a proteção contra tempestades; a reciclagem de nutrientes e de substâncias poluidoras; e a provisão de habitats e recursos para uma variedade de espécies exploradas, direta e indiretamente.
Os ecossistemas da Zona Costeira de maior relevância são os estuários, manguezais e lagoas costeiras, bem como os banhados e áreas úmidas costeiras que, em função do elevado grau de interferência com a gestão de recursos hídricos, são analisados a seguir.
Estuários, Manguezais e Lagoas Costeiras
Região Norte
Na região Norte estão incluídas, entre outras áreas, o setor atlântico da costa norte do Amapá; o golfão amazônico; a ilha de Marajó; as reentrâncias paraenses e maranhenses; o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o complexo estuarino formado pela baia de Tubarão; o golfão maranhense; a área dos pequenos lençóis e estuários do rio Preguiças; e, o delta do rio Parnaíba.
A fauna é representada por quelônios, mamíferos (peixe-boi-marinho), aves (ocorrência e reprodução de espécies ameaçadas de extinção, como o guará, e corredores de migração e invernada para outras espécies) e peixes diversos.
As principais ações antrópicas são: o desmatamento de manguezais, várzeas, de madeiras de lei para o carvão e a agricultura itinerante; o extrativismo vegetal (açaí e espécies lenhosas); o contrabando de animais silvestres; a biopirataria; a caça; a pesca predatória e a captura predatória de caranguejos; a criação de gado bovino e bubalinos nos campos, apicuns e marismas; a construção de estradas em áreas de preservação permanente; a drenagem de igarapés e cursos d’água; a extração de minerais de uso direto na construção civil; a expansão urbana desordenada; os resíduos sólidos e esgotos domésticos; efluentes industriais; especulação imobiliária; e, a ocupação desordenada nas sedes municipais, nos aterros e no garimpo.
Os principais efeitos naturais são: a erosão, assoreamento e o excesso pluvial; a progradação lamosa; os movimentos eólicos das areias, provocando mortalidade de árvores e assoreamento; o afogamento de manguezal (nas reentrâncias maranhenses); a migração de dunas; a combustão espontânea; e, a mortandade de peixes por marés vermelhas.
Recomendações
Realização de uma avaliação de processos e dinâmica oceanográfica e hidrológica da região deltaica do Amazonas, do Parque Nacional de Lençóis e do Golfão Maranhense; a realização de estudos de sustentabilidade dos recursos naturais e sua capacidade de suporte; a instituição e a implementação de planos de manejo das Unidades de Conservação; a aplicação de programas de educação ambiental; a espacialização de dados por sensoriamento remoto (orbital, aerotransportado); a realização de inventários biológicos; os Planos Diretores de Municípios Costeiros; a identificação da etnoecologia de comunidades tradicionais; e, o monitoramento sistemático das atividades portuárias.
Região Nordeste
A Zona Costeira do nordeste compreende a área que se estende do delta do Parnaíba até a divisa da Bahia com o Espírito Santo, englobando oito estados. Ali se encontram ecossistemas estuarinos, manguezais e lagoas costeiras, considerados de extrema importância biológica, com alta biodiversidade, riqueza de espécies e diversidade filética.
O delta do Parnaíba foi indicado como área de estrema importância, caracterizado por expressivo manguezal. O ambiente é rico em diversidade biológica filética e abriga o peixe-boi-marinho. Esse ecossistema tem sofrido grandes pressões antrópicas de salinas, carciniculturas, riziculturas com o uso inadequado de agrotóxicos, desmatamentos e sobrepesca de caranguejos e camarões.
No Ceará destacam-se os estuários do rio Jaguaribe e do Coco, além de áreas estuarinas de alta biodiversidade de Aracati, Camocim e Barroquinha. Essas áreas têm sido utilizadas para aqüicultura, sendo marcadas, também, pela pesca predatória, a sobrepesca, a expansão urbana, as indústrias e a falta de saneamento básico.
No Rio Grande do Norte, as áreas de Curimataú/Cunhaú, lagoa do Guaraíra e o Potengi são caracterizadas por estuários e manguezais ricos em biodiversidade filética, riqueza de espécies de importância socioeconômica, sob fortes pressões antrópicas, decorrentes das atividades de carcinocultura, indústria canavieira, esgotos domésticos e hospitalares, além do extrativismo.
O Estado da Paraíba e de Pernambuco apresenta, também, estuários e manguezais importantes, pela alta biodiversidade e pela riqueza de espécies de interesse econômico e sociocultural.
As ameaças mais importantes são a ocupação humana, os efluentes químicos, o desmatamento, a especulação imobiliária, as pressões antrópicas oriundas de agroindústrias, o excessivo uso de agrotóxicos em canaviais e os efluentes urbanos.
O litoral de Alagoas inclui o delta do rio São Francisco, compartilhado com Sergipe, e o complexo estuarino-lagunar Mundaú/Manguaba, apresentando grande piscosidade.
O primeiro é uma região que necessita de estudos faunisticos e florísticos, por se tratar de área pouco comprometida e com baixo grau de ameaça potencial.
Também o litoral de Sergipe corresponde a área com grande diversidade de espécies e importância comercial. Necessita, ainda, de inventários, estudos da biologia das verias espécies e avaliação da produção pesqueira.
Ao longo do litoral da Bahia ocorrem manguezais com alta riqueza de espécies e diversidade filética. Nos estuários, algumas espécies endêmicas de peixes, crustáceos e moluscos, bem como espécies migratórias de tartarugas e garças, já foram identificadas. Todas as suas áreas têm espécies de interesse econômico e sociocultural.
Recomendações
Objetivando conter os efeitos dos impactos gerados nos diversos ecossistemas da região em questão, recomenda-se: nas áreas de manguezais, de extrema importância biológica, devem ser incluídas em projetos integrados e interdisciplinares, que envolvam o estudo das bacias hidrográficas a elas relacionadas; realização sistemática de levantamentos da biodiversidade, das comunidades, particularmente a bentônica, em vista do seu pouco conhecimento na região Nordeste; a realização de estudos e pesquisas sobre a área de recuperação de estuários e manguezais; e o desenvolvimento de técnicas que indiquem a capacidade de carga e a assimilação dos sistemas, de modo que esses dados possam subsidiar decisões em prol da preservação dos ecossistemas de manguezais, em obediência à legislação em vigor.
Região Sudeste
Apesar do grande numero de instituições de pesquisas na região, algumas áreas podem ser consideradas como pouco estudadas ou com disponibilidade de informações desconhecida.
São elas: a baia de São Francisco do Sul, a baia de Guaratuba, a foz do rio Paraíba do Sul e a baia de Vitória. Alem disso, a informação disponível não se encontra padronizada ou sistematizada, fato que se reflete sobre o próprio grau de conhecimento da biodiversidade.
A pesca artesanal que ocorre nos estuários da região, aliada à sua característica de criadouro de moluscos, peixes e crustáceos em fase inicial de vida, confere à maior parte das espécies ocorrentes elevado interesse econômico e sociocultural. A atividade pesqueira artesanal compõe forte elemento intrínseco às comunidades litorâneas, consolidando a importância das espécies estuarinas como elemento sociocultural na região. Destaca-se ainda o valor da composição floristica dos manguezais, muito importante para a fauna associada, mas que, sendo de baixa diversidade, acarreta maior fragilidade do sistema, enfatizando a importância econômica de sua conservação.
O perfil de entorno dos estuários, das baias e das lagoas costeiras do Sudeste constitui-se de formações intrinsecamente frágeis. Devido ao seu complexo dinamismo e às suas conformações e dimensões, esses ambientes, quando alterados por distúrbios naturais ou antropogênicos, podem acarretar danos até irreversíveis para o sistema, comprometendo as importantes funções que realizam.
A região Sudeste é a de maior densidade demográfica e constitui o maior pólo econômico e industrial do País. Destaca-se o eixo Rio – São Paulo que, por sua localização na zona costeira, exerce influência direta como pressão desestabilizadora dos ecossistemas aquáticos. Associados a isso, destacam-se a urbanização descontrolada, os portos (fontes reais e potenciais de poluição química), os terminais petrolíferos, as atividades de cultivo aquático (incluindo a introdução de espécies exóticas) e o aporte de águas fluviais contendo fertilizantes e defensivos agrícolas.
Três compartimentos podem ser considerados como extremamente perturbados: a baias de Santos, a baia da Guanabara e a de Vitória. Outros se encontram em nível crescente de impacto.
Recomendações
A elaboração e a implementação de Plano de Ação para as áreas consideradas prioritárias, especialmente com a criação de Unidades de Conservação com base em pesquisas e estudos de representatividade; a realização de um levantamento completo das espécies endêmicas na região; o apoio à implementação do Plano Nacional de Meio Ambiente – 2, com a inclusão dos ecossistemas em questão; a definição de indicadores adequados para que se possa realizar o monitoramento das condições ecológicas e da qualidade ambiental desses ecossistemas.
Este tipo de ação permitirá um acompanhamento das tendências de médio e longo prazos sobre a sua dinâmica e eventuais alterações; e, a realização de estudos para conhecimento e conservação sustentada da biodiversidade costeira no litoral Sudeste.
Região Sul
Na região Sul registram-se, também, áreas pouco estudadas ou cuja disponibilidade de informações não é conhecida, tais como o arroio Chuí, a lagoa Mirim, o estuário do rio Mampituba-RS e do rio Araranguá e a foz do rio Tijucas-SC.
Apesar da existência de informações sobre a biodiversidade e a relação das espécies da flora e da fauna registradas para a região estuarina da lagoa dos Patos e para as demais regiões estuarinas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, essas informações não se encontram sistematizadas.
Existem diversas espécies endêmicas para a região de convergência do Atlântico sul ocidental, ressaltando-se as necessidades de programas conjuntos com o Uruguai e a Argentina para estudos e conservação da biodiversidade nos sistemas estuarino-lagunares dos três países.
As migrações de crustáceos decápodos (siris, camarões) e peixes que utilizam os estuários como área de berçário nas marismas no Rio Grande do Sul e manguezais de Santa Catarina, pradarias de espermatófitas submersas e enseadas rasas, constituem-se em fenômenos biológicos excepcionais nos estuários do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, funciona como importante área de repouso e alimentação de aves migratórias.
A maioria das espécies de peixes, crustáceos e moluscos nos ambiente estuarinos da região Sul apresenta grande importância econômica e sociocultural, sustentando elevado numero de pescadores artesanais que, há várias gerações, tem neste tipo de atividade sua sobrevivência. As pescarias de camarões, siris, caranguejos, mexilhões, ostras, tainhas, bagres, corvinas, entre outras espécies, fazem parte das tradições das comunidades de pescadores artesanais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, desde o século passado.
A grande importância ecológica e social dos estuários fundamenta-se, principalmente, nos habitats rasos, muitos deles vegetados, dominados por marismas, manguezais e fundos de gramíneas e microalgas submersas, que funcionam como áreas de criação. Estes habitats, geralmente localizados em enseadas e baías protegidas, são muito suscetíveis a efeitos antrópicos agudos que causam a erosão ou o assoreamento. Efeitos crônicos, decorrentes de alterações da circulação ou do lançamento de efluentes, que provoquem aumento dos teores da matéria orgânica e da demanda dos teores de oxigênio, também podem ser extremamente danosos em baías e enseadas. Deve ser considerado, ainda, que os distintos habitats estuarinos encontram-se interligados por meio de contínua retroalimentação dos processos de produção e consumo, sendo fundamental a preservação dessas áreas para a manutenção da importância ecológica e econômica das regiões estuarinas.
As enseadas estuarinas localizadas no entorno das cidades de Rio Grande, Tramandaí e Torres, no Rio Grande do Sul, e de Itajaí, Laguna e parte dos manguezais em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, encontram-se sob forte pressão antrópica. No Rio Grande do Sul, o entorno das três regiões urbanas recebe forte contaminação por efluentes domésticos e industriais. Outro problema que afeta os estuários, em especial as regiões estuarinas da lagoa dos Patos, Tramandaí e Laguna, é a sobrepesca a que estão submetidos esses ecossistemas.
Recomendações
Evitar o lançamento de efluentes domésticos e industriais não tratados, diretamente nas regiões estuarinas; evitar a implementação de loteamentos, construções de pontes, estradas, obras portuárias, etc., sem os devidos estudos de impacto ambiental; efetuar o manejo dos recursos naturais renováveis, muitos dos quais encontram-se em sobreexplotação; implementar estudos com metodologias padronizadas para a obtenção de informações consistentes sobre a biodiversidade das regiões estuarinas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina; e, elaborar programas regionais conjuntos de estudos de diagnóstico e manejo com pesquisadores e instituições do Uruguai e da Argentina, que possuem ambientes e comunidades naturais semelhantes.
O intercâmbio deve ocorrer desde as fases iniciais de levantamentos, passando pelos diagnósticos até as etapas de monitoramento e manejo dos recursos e ecossistemas.
Banhados e Áreas Úmidas Costeiras
Esse ecossistema abrange os banhados, também conhecidos como brejos ou pântanos, lagoas de água doce, lagoas de água salobra ou salgada sem influência marinha direta, várzeas, savanas e florestas inundadas (periódicas ou temporariamente) e campos inundados, localizados na Zona Costeira.
São apontadas 25 áreas de importância para banhados e áreas úmidas costeiras, basicamente em função da sua fragilidade intrínseca, importância ecológica e funcional e da existência de fenômenos biológicos excepcionais.
O grau de comprometimento das áreas varia de pouco a muito comprometida, sendo que as principais formas de impacto mudam conforme a região estudada.
No extremo sul, a ação antrópica que mais contribui para a degradação dos banhados e das lagoas de água doce é o cultivo do arroz irrigado, com a drenagem das áreas, uso de agrotóxicos e fertilizantes para as lavouras e o retorno dessas águas com os resíduos para os sistemas naturais.
Ao norte da região Sul e nas regiões Sudeste e Nordeste, o maior impacto é provocado pela urbanização e pelo turismo, com a drenagem de áreas para expansão urbana, poluição domestica nas lagoas e banhados e retirada da água das lagoas para abastecimento da população. Na região Norte, o maior impacto é provocado pela falta de manejo adequado da pecuária bubalina, que degrada as áreas, formando canais nas áreas alagadas e mudando a hidrologia do sistema.
Chama a atenção a pouca importância dada aos banhados, que se reflete diretamente na falta de estudos desenvolvidos nessas áreas. Os estudos existentes tratam sobre aves limícolas, em especial sobre espécies migratórias do hemisfério norte. O maior número de estudos concentra-se nas lagoas e nas florestas periodicamente inundadas.
Recomendações
Incentivar pesquisas científicas nesses ecossistemas, abordando os seguintes aspectos (além de inventário de espécies nas regiões onde este trabalho não foi efetuado): dinâmica e funcionalidade; experimentos com uso sustentado de espécies nos diferentes tipos de banhados e áreas úmidas e segundo as potencialidades socioeconômicas regionais; avaliação do impacto do cultivo de arroz sobre a biodiversidade dos sistemas naturais, abordando os diferentes fatores negativos (adubos, agrotóxicos, drenagem, retirada de água, retorno da água servida da lavoura, entre outros); e, avaliação do impacto da bubalinocultura sobre a estrutura e a biodiversidade dos sistemas.
Ecossistemas Aquáticos – Brasil
Ecossistemas Aquáticos
O Brasil tem uma área de aproximadamente 8.500.000 km2, dos quais a faixa continental da zona costei ra ocupa cerca de 442.000 km2, isto é 5,2% das terras emersas do território nacional. São 7.408 km de extensão de linha de costa, sem levar em conta os recortes litorâneos ( baías, reentrâncias, golfões, etc.), que muito ampliam a mencionada extensão, elevando-a para mais de 8,5 mil km voltados para o Oceano Atlântico (Com issão Nacional Independente sobre os Oceanos, 1998).
A zona costeira do Nordeste se est ende desde a Baía de São Marcos até a Baía de Todos dos Santos. Segundo Silvei ra (1964) apud MMA (1997).
Esta zona esta subdividida em dois grandes comparti mentos: a Costa Semi-Árida, que se situa à noroeste do Cabo Calcanhar, e a Costa Nordeste Oriental, que vai do Cabo Calcanhar até a Baía de Todos os Santos.
A Costa Semi-Árida que se estende des de a Ponta de Itapagé (leste do Rio Acaraú) no Estado do Cear á, até o Cabo Calcanhar, no Estado do Rio Grande do Norte, apresenta direção noroeste-sudeste até as proximidades de Macau (RN). Neste ponto toma a direção oeste?les te até o Cabo Calcanhar, quando finalmente inflete para nor-nordeste ? su-sudeste (Silveira, 1964 apud MMA, 1997). Nesta região as planícies costeiras são quas e inexistentes, em função sobretudo da presença de tabuleiros e arenitos de prai a naturais.
Observa-se ainda nesta região grandes campos de dunas móveis e fixas.
Já a Costa Nordeste Oriental, que vai desde o Cabo Calc anhar (RN) até o Porto das Pedras (AL), abrange parte do litoral do Estado do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernam buco e Alagoas.
O clima predominante nesta zona costeira é mais úmido que na Cost a Semi-Árida. Segundo Perrin (1982) apud MMA (1997), para a costa norte as precip itações em períodos de seca são da ordem de 500 a 700 mm, enquanto que para o litoral sul, as precipitações são em torno de 1.400 e 1.600 mm.
Ao longo da história, as zonas costeira s ofereceram vant agens aos viajantes e colonizadores. Cerca de quarenta por c ento da população mundial vive num raio de 100km das linhas da costa.
Associada à ocupação desses terrenos, encontra- se uma crescente necessidade de infra- estrutura industrial e de facilidade recreacionais.
O efeito cumulativo do crescimento em nome do desenvolvimento tem acarretado aos espaços de convivência humana uma taxa cada vez maior de comprometimento e degradação ambiental.
Nas últimas década, nota-se claramente o progressivo interesse global pelo manejo de áreas costeiras.
Em praticam ente todas as regiões do mundo existem exemplos de nações desenvolvidas ou emergentes que avaliaram ou que estão avaliando, em estudos de viabilidade, a implantação de programas de manejo costeiro. Esse interesse se deve, mu ito provavelmente, a uma tomada de consciência de que os sistemas costeiro s, são mais bem dotados em recursos naturais renováveis, em comparação com o ecossistema terrestres (Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos, 1998).
Tal região litorânea, como faixa de contato entre a terra e o mar, abriga atividades humanas características de sua si tuação privilegiada: as práticas de pesca comercial e recreativa, a maricult ura, o transporte marítimo, os esportes aquáticos, o uso dos terminais portuários, as indústrias de pesca e turismo, entre muitas outras. Por tudo isso, a zona co steira se caracteriza pela complexidade das atividades que abriga e pela sensibilidade dos seus ecossistemas.
Para os ecossistemas costeiros é difi cil definir seus limites e áreas de influência, uma vez que estes ecossistemas incluem tanto os organismos quanto o ambiente abiótico. Dessa forma, assim co mo os sistemas terrestres adjacentes são afetados pela ação do mar, o ambient e marinho recebe a influência terrestre. A magnitude dessas interações é variável, de acordo com a maior ou menor extensão das bacias hidrográficas, co letoras de sedimentos e de resíduos poluentes de vasta áreas interiores, e com as condições oceanográficas e climatológicas, que regulam a influência dos oceanos sobre a massa continental.
É possível, portanto, incluir na definiç ão de zona costeira, por um lado, todas as áreas contidas nas bacias hidrográficas que a afetam e, por outro, a extensão marinha até a quebra da plataforma conti nental ou até o limit e da ZEE (Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos, 1998).
Devido a sua riqueza biológica, os eco ssistemas costeiros são os grandes berçários naturais, tanto das espécies cara cterísticas desses ambientes, como das pelágicas, bem como de outros animais que migram para as áreas costeiras durante a fase reprodutiva.
Fauna e flora associadas a esses ecossi stemas constituem significativa fonte de alimentos para as populações humanas. Os estoques de peixes, moluscos, crustáceos e aves aquáticas formam expressiva biomassa.
Os recursos pesqueiros alcançam altos preços no mercado internacional, caracterizando-se como importante f onte de divisas para muitos países.
Além da pesca, o Brasil possui outros interesses econômicos na sua zona costeira, entre os quais incluem-se: a exploração do petróleo, uma vez que o petróleo, ou óleo mineral, corresponde a 40% da energia utiliz ada pelo homem e tende a crescer nas próximas décadas, os recursos minerais, onde pode-se afirmar que todos os elementos químico s naturais conhecidos apresentam-se na água do mar e grande parte dos depósitos minerais hoje em explotação nos continentes teve sua origem ligada aos oceanos direta ou indiretamente e a aqüicultura, ainda não explorada em todos o seu potencial pelo país, que possui cerca de 15% da água potável do planeta e grandes extensões de terras subaproveitadas.
Em relação aos ambientes da zona co steira, lagunas, estuários e baías, estão entre os ecossistemas mais produt ivos da biosfera. A zona costeira, em particular os estuários, pode ser defin ida como área de planejamento ou área problema, não só as suas característica s ecológicas e ao uso intensivo que dela se faz, como também pela potenciali dades para um rápido desenvolvimento de atividades humanas (Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos, 1998)
A zona costeira brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental. Ao longo do litoral alternam-se mangues, restingas, campos de dunas e falésias, baías e estuários, reci fes e corais, praias e costões, planícies intermarés e outros ambientes important es do ponto de vista ecológico.
Em tal zona se localizam as maiores manchas residuais da Mata Atlântica e manguezais de expressiva ocorrência na zona cost eira essenciais na reprodução biótica marinha e no equilíbrio das interações da terra com o mar. Enfim, os espaços litorâneos possuem uma significativa ri queza em termos de recursos naturais e ambientais, que vem sendo colocada em ri sco, em decorrência da intensidade do processo de ocupação desordenada.
Ecossistemas Aquáticos – Tipos
Um ecossistema aquático é qualquer ambiente baseado na água, no qual plantas e animais interagem química e fisicamente com o próprio ambiente. Ecossistemas aquáticos são, geralmente, divididos em dois tipos – marinho e de água doce. Ecossistemas marinhos cobrem cerca de 70% da superfície terrestre.
Oceanos, estuários, recifes de coral e costais, são alguns dos vários tipos de ecossistemas marinhos. Ecossistemas de água doce ocupam menos de 1% da superfície terrestre, e são subdivididos em lênticos, lóticos e pantanal.
Oceanos
A Terra possui 5 grandes oceanos: Pacífico, Índico, Ártico, Atlântico e Antártico.
Mesmo que os oceanos sejam conectados um ao outro, cada um possui espécies e características únicas. De acordo com Barbara A. Somerville (Biomas da Terra: Oceanos, Mares e Recifes), o Oceano Pacífico é o maior e mais profundo, e o Oceano Atlântico é o segundo maior. Oceanos são o habitat de diferentes formas de vida. As águas do Ártico e do Antártico são extremamente geladas, mesmo assim são cheias de vida. A maior população de Krill (pequenos animais semelhantes a camarões) habita sob o gelo do Oceano Antártico.
Estuários: Estuários são lugar onde os rios encontram o mar, e podem ser definidos como áreas onde a água salgada é diluída em água doce. Desembocaduras, baías costais, pântanos salgados e corpos d’água atrás de praias barreiras são alguns exemplos de estuários. Eles são biologicamente produtivos por terem uma circulação de água especial, que aprisiona plantas e nutrientes que estimulam produções primárias.
Recifes de Corais: De acordo com a Agência de Proteção Ambiental, recifes de corais são o segundo ecossistema mais rico do planeta, e possuem uma grande diversidade de plantas e animais. Devido a esse fato, recifes de corais são comumente chamados de florestas tropicais dos oceanos.
Costal: Terra e água se juntam para criar o ecossistema costal. Esse ecossistema possui uma distinta estrutura, diversidade e fluxo de energia. Plantas e algas são encontrados no fundo do ecossistema costal. A fauna é diversa e consiste de insetos, lesmas, peixes, caranguejos, camarões, lagostas, etc.
Lótico: Ecossistemas lóticos são sistemas onde a água flui rápida e unidirecionalmente, como rios e córregos. Nesses ambientes habitam numerosas espécies de insetos como libélulas e besouros que evoluíram para se adaptar as características desse ambiente para sobreviver. Muitas espécies de peixes, como enguias, trutas e vairões (peixes de isca) são encontrados aqui. Vários mamíferos como castores, lontras e golfinhos de água doce habitam o ecossistema lótico.
Lêntico: O ecossistema lêntico inclui todos habitats de água parada, como lagos e lagoas. Esses ecossistemas são habitat natural de algas, plantas enraizadas e flutuantes, e invertebrados como caranguejos e camarões. Anfíbios como sapos e salamandras, répteis como jacarés e cobras d’água, todos também são encontrados nesse ambiente.
Pantanal: Pantanais são áreas pantanosas, que, algumas vezes, são cobertos por água e possuem uma grande diversidade de plantas e animais. Pântanos, brejos e charcos são alguns exemplos desse ecossistema. Plantas como píceas negras e lírios aquáticos são comumente achados nesse ambiente. A fauna consiste de libélulas, pássaros como a garça verde e peixes como o lúcio do norte.
Condicionantes biológicos dos ecossistemas aquáticos
A comunidade planctônica
O fitoplâncton é definido como o plâncton de natureza vegetal, ou seja, o plâncton capaz de sintetizar sua própria substância pelo processo de fotossíntese, a partir da água, do gás carbônico e da energia luminosa.
É constituído por algas microscópicas, células isoladas ou células reunidas em colônias, medindo de algumas micra a centenas de micra.
No meio estuarino, a temperatura e a salinidade, são os fatores que mais influenciam o crescimento tanto do zooplâncton como do fitoplâncton. Por outro lado, podemos considerar que com relação a temperatura, o crescimento do fitoplâncton se realiza com a mesma eficácia tanto para as espécies de altas latitudes e águas frias, como para os trópicos, onde a temperatura das águas se caracterizam por serem altas.
O fitoplâncton
Em análises realizadas na região costeira (Petrobrás, 1997), foram observadas grandes diversidade, onde predominaram diatomáceas, cianofíceas, dinoflagelados e crisofíceas.
Com relação aos grupos, a composição do fitoplâncton está representada pelos seguintes grupos: Diatomáceas; Cianofíceas; Dinoflagelados e Clorofíceas.
O zooplâncton
O zooplâncton se caracteriza por apresentar uma grande biomassa e uma pequena diversidade de organismos, onde o grupo dos Copepodas é o mais significativo, chegando a alcançar 80% ou mais do número total de indivíduos (ECOPLAN, 1990).
É interessante notar a freqüência de ocorrência e abundância de Appendicularia, possivelmente do gênero Oikopleura. Os Chaetognatha, representados por algumas espécies de Sagitta, também são bastantes freqüentes. Sendo organismos carnívoros, sua ocorrência e abundância em um local está mais ligada à qualidade e quantidade de presas do que às condições hidrológicas.
Outros organismos também podem ser observados no zooplâncton (larvas de Gastropoda, larvas de Polychaeta, larvas de Brachyura, ovos e larvas de peixes e de crustáceos), apresentando valores significativos.
A presença significativa de ovos e larvas de peixes e crustáceos no zooplâncton, confirma a importância das áreas estuarinas como área de desenvolvimento larval de espécies, tanto estuarinas como marinhas.
A fauna carcinológica
Considerando-se principalmente às espécies de valor comercial, os caranguejos-uça (Ucides cordatum), Guiamum (Cardisoma guanhumi), Sirí-azul (Callinectes sp.) e os camarões (Penaeus sp.) destacam-se como os mais intensamente exploradas pelas populações ribeirinhas. Estes últimos que representam o recursos mais importante economicamente, são capturados nos estuários ainda na fase juvenil.
Os indivíduos adultos são explorados na região costeira por uma frota que utiliza redes-de-arrasto.
É importante ressaltar que os camarões são habitantes temporários do estuário, onde passam parte de seu ciclo de vida (fases pós-larval à juvenil).
Deste modo o papel do estuário no ciclo de vida de camarões é extremamente importante, sendo sua conservação uma condição indispensável para a manutenção dos estoques costeiros, explorados comercialmente por uma frota artesanal direcionada a este recurso.
A fauna malacológica
Nos complexos estuarinos e região costeira, podem ser identificadas três espécies de moluscos de interesse econômico: Sururu (Mytela falcata), Sarnambi ou Unha-de-velho (Anomalocardia brasiliana) e a ostra-de-mangue (Crassostrea rhizophora), sendo esta última a espécie mais importante, tanto no aspecto comercial como no volume de coleta.
A extração de ostras (Crassostrea) é praticada principalmente em bancos-de-ostras existentes nas margens média e superior do estuário pelas populações ribeirinhas, que comercializam o produto nos mercados locais, sendo pois considerada mais como uma atividade complementar da renda familiar.
A fauna ictiológica
Podem ser identificados e catalogados 32 espécies de peixes, sendo 13 (treze) as espécies mais exploradas comercialmente, representadas principalmente pelas tainhas, carapebas, serras, camurins, meros, bagres, pescadas (Tabela 4), sendo as tainhas (Mugil curema e M. brasiliensis) as que apresentaram maior abundância.
Embora não existam estatísticas de desembarques oficiais para as capturas realizadas nas área estuarinas, observa-se que as espécies que mais se destacam nas capturas são por ordem crescente de importância: a tainha, a carapeba a pescada com 12%, o peixe-serra com 10% e outras espécies de pequenas dimensões, com 5%.
A fauna costeira
Muito embora possa-se ainda encontrar vestígios da fauna silvestre original, as áreas estuarinas do Rio Grande do Norte, não mais ostentam a diversidade e abundância do passado.
Algumas espécies de mamíferos e principalmente aves desapareceram completamente, enquanto outras estão ameaçadas.
Já na região costeira, em consequência sobretudo dos constantes desmatamentos para construção de empreendimentos urbanos e à caça ilegal, atualmente os animais de médio e grande porte são bastante raros.
Os mamíferos mais abundantes são os guaxinis, os gatos-do-mato, as jaguatiricas, as raposas e as preás (ECOPLAN, 1999).
Já na região costeira, onde predominam as paisagens abertas, sejam elas antrópicas ou naturais modificadas, propicia o aparecimento preponderante de espécies típicas desse tipo de ambiente. Desta forma, principalmente nas áreas estuarinas, de salinas e região de praias, pode-se observar a presença ainda bastante significativa de aves limícolas migratórias pertencentes a várias espécies de maçaricos, garças, gaivotas dentre outras.
Fonte: www.anp.gov.br/www.encyclopedia.com/www.mma.gov.br/www.ehow.com.br
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